As Artes Marciais, Lutas e Modalidades Esportivas de Combate Através Dos Tempos

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30/05/2023, 13:20 As artes marciais, lutas e modalidades esportivas de combate através dos tempos
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As artes marciais, lutas e
modalidades esportivas de
combate através dos tempos
Marcelo Moreira Antunes
Descrição
A evolução do conceito de artes marciais ao longo do tempo.
Propósito
O conhecimento do processo histórico de construção do que atualmente denominamos como artes
marciais é de suma importância para compreender como as lutas, que em seu cerne eram norteadas pela
sobrevivência, transformaram-se em esporte e entretenimento, o que faz parte do cotidiano do profissional
de Educação Física.
Objetivos
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Módulo 1
Transição nômade-sedentário
Identificar como a transição nômade-sedentário influenciou no conceito de autodefesa.
Módulo 2
Origens do esporte espetáculo
Contrastar as denominações midiáticas contemporâneas às origens do esporte espetáculo.
Módulo 3
Contribuições das cruzadas cavaleirescas nas características da
guerra
Identificar as contribuições das cruzadas cavaleirescas nas características da guerra.
Módulo 4
Características das artes marciais
Comparar as características das artes marciais em suas origens com as dos dias atuais.
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Introdução
A presença das artes marciais em nosso cotidiano pode ser vista nos jornais, revistas, videogames,
seriados, cinema e em diferentes tipos de mídia. Para além da evolução e construção dos sistemas
combativos que, atualmente, denominamos como artes marciais, eles influenciaram e foram influenciados
por diferentes momentos históricos da humanidade.
Ao longo deste conteúdo, veremos como a transição da cultura nômade para a sedentária se fez importante
na construção dos primeiros sistemas de artes marciais. Veremos ainda que o processo de
espetacularização das artes marciais, que, atualmente, vemos por meio de eventos em pay-per-view, data de
muito antes da criação da própria mídia televisiva e que seus jargões e comparações com guerreiros de
outras épocas, mesmo no contexto do espetáculo, são ingênuas.
Compreenderemos como as ditas cruzadas, famosas na história europeia, foram influenciadas por
diferentes continentes, assim como as mudanças advindas com a introdução da montaria e as novas
necessidades geradas no contexto de guerra. Por último, veremos um panorama geral sobre as artes
marciais atualmente e compreenderemos o processo pelo qual a luta pela vida se transformou em esporte e
qualidade de vida.
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1 - Transição nômade-sedentário
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car como a transição nômade-sedentário
in�uenciou no conceito de autodefesa.
De nômades a sedentários
Agora, conheceremos os primórdios das artes marciais, os diferentes momentos nos quais, mesmo sem o
intuito da criação de sistemas para o combate, nossos antepassados fizeram jus ao instinto de
sobrevivência e autodefesa. Vamos entender o conceito de arte marcial para além da luta, conhecendo os
atributos culturais e sociais atrelados a essa construção. As artes marciais serão apresentadas com uma
composição de necessidades históricas de defesa e ataque, as quais, mediante sistematização, buscaram o
aumento da eficácia do que antes se apresentava apenas como instinto.
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Para além do questionamento de um ponto zero no surgimento do que atualmente entendemos por artes
marciais, faz-se necessário compreender que não apenas a origem, mas também a evolução desses
sistemas combativos são parte integrante de um processo histórico que transpassa nacionalidades,
instituindo-se como patrimônio da humanidade. Estudar academicamente artes marciais é compreender a
evolução da própria raça humana e seus costumes, visto que grande parte da história mundial se baseou
em conflitos bélicos e na luta pela própria sobrevivência.
Há cerca de 30 a 40 mil anos, o homem já se encontrava estabelecido nas regiões da Ásia,
África e Europa. Esses homens eram basicamente nômades, ou seja, sem moradia fixa
estabelecida, mantinham sua sobrevivência por meio de atividades de caça, pesca e coleta
(RIDLEY, 2006; DAWKINS, 2009).
Ao longo dos anos, de forma lenta e gradual, as atividades de agricultura foram sendo
desenvolvidas pelos diferentes povos que até então apenas transitavam por essas regiões. A
cultura agrícola fez com que os grupos humanos, até então nômades, permanecessem em
locais fixos. Grande parte desses estabelecimentos iniciais foram alocados próximos a rios,
fato de grande necessidade diante das atividades agrícolas. Esse processo de migração e
estabelecimento ocorreu por volta de 10 mil anos a.C., nas terras próximas ao rio Tigres, que
corta a região da Turquia e Iraque, localizando-se mais a leste do rio Eufrates, com o qual
formam a região conhecida como Mesopotâmia.
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Processo similar ao citado acima aconteceu nas margens do rio Nilo (Egito) e do rio Amarelo (China).
Apesar de essas informações darem a entender que houve um momento único do processo de
transformação nômade para o sedentarismo, a revolução agrícola aconteceu de maneira independente em
diferentes regiões do planeta.
A partir do estabelecimento do homem, agora como agricultor, o conceito de território começa a ser
delineado. Dessa forma, surge a necessidade de proteção não apenas das famílias que ali habitavam, mas
de todo o suprimento e moradia os quais proporcionavam condições de vida àquela população. Como visto,
diferentes civilizações detiveram evoluções em distintos momentos e em diferentes níveis, portanto:
Muitos povos ainda se encontravam prioritariamente caçadores.
Outros povos ainda estavam em transição ao estilo de vida sedentário.
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Enquanto outros povos encontravam-se completamente estabelecidos.
Este talvez seja um dos pontos mais relevantes a se considerar ao falar de defesa do território, visto que não
era um conceito partilhado por todos os povos (o de território), o que proporcionava o perigo de invasão e
tomada dos bens.
Homem primitivo e o uso da lança.
O ambiente hostil, não apenas em relação a outros homens, mas também a animais ferozes que habitavam
as regiões, fez com que os já estabelecidos agricultores voltassem a manusear armas de caça, mas com
fins guerreiros, utilizando muitas das ferramentas de colheita e plantio como armas para sua proteção. Na
figura a seguir, você pode observar uma ferramenta utilizada para pesca e para a proteção.
De acordo com Antunes (2016), o treinamento voltado à defesa, promovido em momentos específicos do
dia entre as atividades de agricultura, deu origem às primeiras formas, ainda rudimentares, de artes
marciais, sendo nas regiões do Egito, da China e da Índia as primeiras manifestações de sistematização das
artes marciais (GREEN, 2001).
Nesses países, quase simultaneamente, houve o processo de desenvolvimento da agricultura e da pecuária,
o que mudou a forma como as populações se organizavam socialmente. Esse contexto permitiu que parte
do tempo fosse dedicado ao treinamento dealgumas pessoas para defenderem os produtos armazenados
e os animais criados. A plantação de trigo e arroz nesses países se tornou uma das molas motrizes para o
seu desenvolvimento e o estabelecimento de comércio entre as diferentes regiões.
Esse fato oportunizou a troca cultural e de experiências de diferentes setores sociais, inclusive o
intercâmbio sobre métodos de treinamento para defesa pessoal.
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A construção de armas: otimizando a autodefesa
A criação de armas para a defesa antecede os sistemas combativos e o próprio combate corpo a corpo.
Utensílios feitos de pedra, ossos e chifres, datando do período Paleolítico (anterior a 10.000 a.C.), foram
encontrados em escavações no território chinês, sinalizando que, muito antes do processo de forja e das
armas provindas da agricultura, outros utensílios já eram fabricados para a proteção contra outros humanos
e animais ferozes (ACEVEDO; GUTIERREZ; CHEUNG, 2011). Na imagem, um punhal confeccionado com seu
cabo em osso e sua ponta de pedra, datado do período paleolítico.
O homem primitivo e uma lança pré-histórica.
Uma das armas mais antigas de que se tem notícia é a lança. Esta que, em diferentes formatos, nas
diferentes regiões e em momentos históricos, basicamente compunha-se por um bastão de madeira com
uma ponta afiada constituída por ossos, pedra ou metal, de acordo com o contexto histórico, local de
construção e intencionalidade, como caça e pesca ou combate. Aponta-se ainda a lança como uma das
primeiras armas de arremesso (utilização em longa distância) de que se tem notícia. Na imagem, vê-se a
reprodução de uma lança pré-histórica, a qual poderia ainda ser utilizada como machado, confeccionada
com cabo de madeira e ponta de pedra.
No período Neolítico (7.500-2.100 a.C.), as técnicas de elaboração de armas foram aperfeiçoadas, técnicas
que condiziam com a habilidade de polir a pedra, tornando os objetos mais afiados e letais. Com a evolução
dessas armas, as próprias técnicas de caça e, consecutivamente as de combate, também foram
aperfeiçoadas. Datam-se também mudanças profundas a partir da habilidade de manipular metais, com a
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forja do ferro, encontrada no continente africano. Como aconteceu na transição nômade para o
sedentarismo, diferentes grupos no continente africano apresentaram diferentes momentos de evolução,
incluindo a manipulação de metais, fazendo com que determinados grupos por vezes subjugassem outros
menos evoluídos. No entanto, há certa congruência da evolução marcial dos povos em todo o mundo, que
floresceu a partir das mesmas bases (transição caça-coleta-agricultura), seja para as civilizações ocidentais
ou orientais.
A aplicação de armas, fosse para a caça, ou mais especificamente para o confronto
com outros grupos, é um marco na evolução das artes marciais.
Como visto, até então houve um processo de evolução constante na construção de armas, o que influenciou
nas técnicas de batalha. Como novas demandas no sistema combativo contra outros grupos surgiram,
muitas das armas baseadas na atividade agrícola não mais se mostravam eficazes, sendo necessárias
armas e técnicas que abarcassem as diferentes situações do combate contra outros grupos.
Em territórios como o da China, surgiram armas de arremesso, como as bolas de
pedra, e uma das mais emblemáticas e antigas dos sistemas militares chineses
neste contexto, o arco e flecha. Utensílios destinados à defesa, como escudos e
armaduras, foram criados após as armas de ataque, o que pode significar que sua
inserção se deu devido a novas necessidades táticas do combate.
Nos primórdios das artes marciais, para além da evolução armada e tática, é possível encontrar traços
culturais muito peculiares atrelados a mitologias e crenças dos respectivos povos. Apesar de diferentes
povos africanos dominarem a arte da forja, muitas de suas táticas combativas eram baseadas em seus
supostos poderes mágicos, o que atribuía força e confiança aos combatentes.
Curiosidade
Na China antiga, a lenda de manipulação de elementos da natureza, como fogo e metal, com o uso das
próprias mãos, por meio de práticas físicas e meditativas, transformava os seres humanos detentores
dessas técnicas em verdadeiros deuses, tendo suas habilidades temidas e creditadas por seus seguidores
no campo de batalha.
As artes marciais surgiram com o próprio homem. A partir do momento em que este se viu em perigo de
fome ou extinção, recorreu a bastões e pedras. Muito antes de se pensar em sistematizações, iniciou-se um
grande processo evolutivo até as artes marcais como aquelas que conhecemos atualmente.

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A evolução do homem e a in�uência no conceito de
autodefesa
O especialista Luiz Felipe Machado Pinto apontará as principais contribuições de diferentes momentos
históricos na construção das lutas, artes marciais e esportes de combate até os dias atuais.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Nos primórdios das civilizações, a necessidade pela busca de alimento agregava à sociedade
características nômades. Com o desenvolvimento da agricultura, diferentes povos assentaram moradia
transformando-se assim em sedentários. A necessidade de proteção do território tornava-se uma
realidade, e as armas de caça e pesca tornaram-se armas de combate.
Baseando-se no texto acima e nas informações dispostas no módulo 1, é possível afirmar que:
A
todas as civilizações mundiais transformaram-se simultaneamente de nômades para
sedentárias. Assim, as atividades de caça e pesca foram deixadas de lado, sendo suas
armas exclusivamente para combate e a subsistência provida pela agricultura.
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Parabéns! A alternativa B está correta.
O conceito de lar modificou a maneira como os grupos sedentários enxergavam seus territórios,
criando a necessidade de defendê-los. Nesse contexto, as primeiras sistematizações de artes marciais
foram criadas visando otimizar sua aplicação.
Questão 2
As necessidades de combate se expressam na evolução de armas para a defesa e ataque. Referentes
ao período Neolítico, encontraram-se indícios da fabricação de armas para além das atividades de caça,
mas para atividades guerreiras, sendo a construção de armas um marco nas artes marciais. Assim, é
possível afirmar que:
B
as diferentes civilizações detiveram momentos distintos de transição do nomadismo
para o sedentarismo. Isso favoreceu o embate entre grupos que não tinham o conceito
de território e os sedentários. Nesse período, os sedentários iniciaram as primeiras
sistematizações de combate, utilizando intervalos de colheita para a prática.
C
a criação das armas de caça foram uma evolução bélica das armas de agricultura, visto
que, com o processo do sedentarismo, a necessidade de combater se tornava mais
importante do que a construção de novos utensílios agrícolas.
D
sendo agora a agricultura o principal meio de subsistência, havia tempo de sobra para a
prática de artes marciais como esporte, visto que nesse período a prática desportiva de
lutas era comum entre os povos.
E
a invasão de terras era um costume entre os povos antigos. O objetivo dos ainda
nômades era o de destruir as terras dos povos sedentários e usurpar sua cultura e
costumes agrícolas.
A
as primeiras sistematizações de combate podem ser atreladas ao combate armado,
visto que a utilizaçãode armas se mostrava mais eficaz e mais óbvia devido à expertise
adquirida com os utensílios já utilizados para outros fins.
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Parabéns! A alternativa A está correta.
A atividade agrícola e o sedentarismo levaram às primeiras formas de combate para a defesa do
território. Utilizavam-se como armas os instrumentos já empregados nas atividades de caça e
agrícolas. A necessidade de combate levou à elaboração de instrumentos e técnicas mais eficazes.
Assim, os sedentários utilizavam seu tempo livre para otimizar suas técnicas, havendo as primeiras
sistematizações para as artes marciais.
B
a construção de armas foi uma necessidade enfrentada pelos povos caçadores a fim de
se proteger dos constantes ataques dos grupos sedentários em busca de novos
territórios.
C
apesar de as primeiras construções de armas utilizarem madeiras e até ossos
humanos, a utilização de armas de bronze e ferro fundido eram extremamente comuns
nesse período.
D
os povos utilizavam armas no combate apenas como último recurso, visto que eles
eram versados em diferentes técnicas de combate corpo a corpo, desenvolvidas na luta
contra animais ferozes.
E
as técnicas de combate corpo a corpo foram uma evolução dos jogos de luta, assim
como as armas foram uma evolução dos instrumentos de agricultura. As artes marciais
tiveram assim suas armas oriundas exclusivamente dos instrumentos agrícolas.
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2 - Origens do esporte espetáculo
Ao �nal deste módulo, você será capaz de contrastar as denominações midiáticas
contemporâneas às origens do esporte espetáculo.
A construção do gladiador
Vamos estudar a construção do esporte espetáculo e a contribuição das arenas romanas, como o Coliseu e
seus gladiadores. Muitos dos termos utilizados para se referir aos atletas dos desportos de combate atuais
são alusões aos que lutavam no Coliseu. Os gladiadores, talvez os combatentes mais emblemáticos desse
período, ainda são lembrados, não por suas lutas sanguinárias em busca de glória e sobrevivência, mas por
sua habilidade em combate. Seu legado chega aos dias atuais por meio de construções como as artes
marciais mistas (MMA. na sigla em inglês Mixed Martial Arts), as quais são criadas com o objetivo de
entreter.
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A palavra gladiador provém do latim e significa, de modo mais literal, “espadachim”. Esses escravos, em sua maioria, enfrentavam-se em arenas,
sendo a mais famosa de todas o Coliseu romano.
Anterior às lutas no pay-per-view, a espetacularização dos combates entre homens, por vezes entre homens
e animais, já acontecia há séculos em Roma. A comparação contemporânea, de fato, muito midiática, entre
os atletas profissionais que atualmente adentram os locais de competição e os gladiadores que batalhavam
no Coliseu romano por suas vidas, não é apenas simplória, mas ausente de significados mais profundos.
Isso porque, antes, lutavam por suas vidas e liberdade e, atualmente, por dinheiro.
Apesar de não haver um registro oficial, os primeiros relatos em relação aos gladiadores datam do século 3
a.C., sendo os jogos e as apresentações no Coliseu uma das mais famosas manifestações políticas, por
meio do entretenimento, ao longo da história.
A política denominada de “pão e circo” destinava-se a prover entretenimento ao povo, o qual sofria diversos
problemas em relação a saúde, educação, finanças e até mesmo alimentação. No entanto, encontravam nos
espetáculos de vida e morte um momento para fora de sua realidade. Durante esses espetáculos, membros
do governo atiravam pães, em sua maioria, como alimento aos espectadores, os quais se divertiam aos
sons dos gritos de dor e morte que ali ocorriam.
A política do pão e circo, termo do latim panem et circenses, atribui-se à sátira do poeta romano Juvenal, o
qual viveu por volta de 100 d.C. O poeta criticava a passividade e desinteresse político do povo romano,
principalmente por viverem em uma cidade com características cosmopolitas muito modernas e cercada de
cultura até mesmo para época. Enxergava-se no povo romano a satisfação por meio de apenas duas
necessidades que, aos olhos do poeta, pareciam-lhe básicas: o divertimento e a alimentação. Assim, para
acalmar os ânimos, os governantes romanos promoviam verdadeiros banquetes e distribuíam comida
durante espetáculos públicos, enquanto suas políticas de favorecimento próprio eram manutenidas.
Comentário
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A expressão tornou-se tão famosa que ainda é utilizada como forma de aludir a passividade popular frente a
distrações como a Copa do Mundo e as Olimpíadas.
O nível de brutalidade no Coliseu era extremamente alto até mesmo para os padrões de guerra da época. Há
relatos de que essas “lutas” vieram como herança de seus antecessores no território, os Etruscos, povo que
habitava ao sul do rio Arno e ao norte do Tibre, equivalente à área atualmente conhecida como Toscana, na
Itália. Não há uma data específica para o surgimento desses jogos. No entanto, o formato denominado circo
e seu conceito perpassam por diferentes civilizações, como os gregos, chineses, egípcios, indianos e pelos
próprios romanos.
A herança circense dos esportes de combate
Atualmente, é impensável uma competição de artes marciais profissional, ou olímpica, sem transmissão ou
cobertura da mídia, visto que o próprio ato de existir está atrelado a sua veiculação por meio dos jornais, da
televisão e da internet. O mundo do entretenimento, por intermédio das lutas, vende roupas, calçados,
serviços, produtos, ideias e sentimentos. O enquadramento do embate entre dois lutadores dá ao
espectador a sensação de pertencimento, mesmo sem nunca ter praticado qualquer tipo de arte marcial. O
mito do herói é ressaltado em seus funcionários, seus artistas, os lutadores. Esses também são
influenciados por uma microestrutura social, a qual não apenas lhes prepara para lutar, mas para vender.
Afinal, o lutador não vale o quanto luta, mas sim o quanto arrecada.
Patrocínio, veiculação, bolsas de apostas são os novos nomes que permeiam o que antes
era apenas um espetáculo ao vivo, com �ns políticos, e agora é pro�ssão e
empreendimento.
A estrutura circense das artes marciais esportivas tem um importante marco, quando, na ocasião da
promoção de sua arte marcial, o “Gracie Jiu Jitsu”, depois denominado “Brazilian Jiu Jitsu”, fez nascer com
todos os elementos necessários a um show o Ultimate Fight Championship (UFC). Em sua estrutura original,
as lutas aconteciam em formato de torneio, no qual o lutador que obtivesse o maior número de vitórias se
sagraria vencedor. Essa competição detinha, já em sua origem, diversos elementos do show business: o
produto (Brazilian Jiu Jitsu), o espaço físico em formato de arena (octógono), os artistas (lutadores, árbitros
e juízes), o meio de veiculação (televisão) e os espectadores como público consumidor.
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Claramente, ao observar torneios de boxe e caratê nos Estados Unidos, é possível compreender que o UFC
não foi o primeiro produto de mídia voltado aos esportes de combate, tampouco o último, a ser criado. No
entanto, ele sagrou-se como o maior promotor do esporte de combate que, diferente de outras artes
marciais, nasceu no formato de espetáculo,o MMA (em sua tradução literal “mistura de artes marciais”).
A palavra circo provém do latim circus, que nada mais eram que arenas em formato circular onde ocorriam
demonstrações esportivas e apresentações com fins de entretenimento. Dentre essas arenas, o Circus
Maximus, anterior ao Coliseu, foi o local mais famoso voltado ao entretenimento em Roma. Inaugurado no
século VI a.C., servia basicamente para a promoção de corridas de bigas. Sua proporção era tal que relatos
indicam lotações de até 250 mil espectadores durante as corridas. Em 36 a.C. o Circus Maximus foi
destruído por um incêndio de grandes proporções, sendo substituído 4 anos após pelo Coliseu.
A grande herança circense de Roma data de muito antes do Coliseu, no entanto, foi neste espaço de
entretenimento que sua relação com as artes marciais mais floresceu. Como dito, os gladiadores eram, em
sua maioria, escravos. No entanto, com o aumento da popularidade dos jogos, muitos homens livres
adotaram a vida de gladiador como profissão, em busca de glória e reconhecimento.
A demanda por locais de treinamento voltados aos jogos cresceu, bem como a oferta de verdadeiras
escolas de gladiadores, onde se ensinava desde o combate corpo a corpo até o manuseio das mais
diferentes armas, como lanças, espadas curtas, correntes com bolas de ferro em uma de suas
extremidades, escudos, facas, entre outras.
Curiosidade
Para aqueles que ainda detêm a imagem dos gladiadores como lutadores que apenas utilizavam a
selvageria como ferramenta de combate, saiba que a tradução do termo gladiador, espadachim, pode ser
muito bem aplicada, devido a toda a ciência envolta aos sistemas de combate utilizados pelos gladiadores.
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Diferente dos eventos esportivos a que atualmente assistimos, a derrota de um gladiador na arena lhe
custaria muito além de dinheiro, mas sua vida. Assim, escolas de gladiadores também se promoviam dessa
forma, pois a derrota transmitia insegurança aos que ali treinavam e confiavam suas vidas às técnicas
ensinadas.
Gladiadores X soldados
Os soldados romanos, devido a todo o aparato de guerra e do grande número de membros em batalha,
poderiam ficar anos sem entrar em um combate real. No entanto, nesse campo, os gladiadores possuíam
grande expertise e eram extremamente conceituados nesse quesito. Em diferentes situações históricas,
gladiadores compunham parte do exército romano a fim de combater inimigos de perícia técnica superior.
Apesar de os gladiadores serem peritos em diferentes armas e técnicas de combate, não é atribuída a
constituição de nenhuma arte marcial à Roma. Boa parte de sua herança combativa provém de técnicas
gregas, como o denominado pankration, uma espécie de vale tudo, em que não havia técnicas proibidas,
e o wrestling, que ainda sobrevive em uma versão mais desportiva, voltada aos jogos olímpicos e
universitários.
Boa parte da falta de continuidade combativa seria que, diferente dos gregos, os romanos não apreciavam a
utilização de técnicas de combate, especialmente, corpo a corpo, em situações que não envolvesse a
aplicação militar. Ao contrário do visto no Coliseu, a violência pela violência não fazia parte, ao menos até
então, da cultura romana.
A herança espetacular, como entretenimento, dos esportes de combate nos dias atuais pode ser creditada
em boa parte aos jogos romanos, considerados como esporte antigo na classificação de esportes proposta
pelo professor e pesquisador americano Allen Guttmann (2004). Para esse autor, o esporte divide-se em:

Esporte moderno

Esporte medieval

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Esporte antigo

Esporte primitivo
A diferença entre o esporte moderno e os que o antecederam reside na presença ou não de um dos sete
elementos listados a seguir:
Popularização
Igualdade de condições de disputa
Especialização das regras
Racionalização
Burocratização
Quantificação
Busca pelo recorde
A partir das percepções sobre o esporte, como dito inicialmente, a equiparação entre os atletas das
modalidades de combate como o MMA da atualidade, e os gladiadores romanos não é adequada, pois
existem diferenças significativas entre as épocas e as condições em que se realizam as disputas. No
entanto, a forma de promoção dos combates e até mesmo a violência aceitável exibida e absorvida dentro
de uma proposta de show e de esporte alude e muito ao Coliseu e suas premissas.
Gladiadores versus lutadores de MMA
O especialista Luiz Felipe Machado Pinto apontará o contraste entre os gladiadores e membros do exército
romano e os lutadores da atualidade.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
No Coliseu de Roma, aconteciam as famosas batalhas entre gladiadores. Durante o entretenimento do
povo, seus governantes atiravam pães aos espectadores, prática que ficou conhecida como “pão e
circo”. Os presentes se deleitavam aos sons de dor e imagens de morte vindas da arena. Acerca desse
espetáculo político e marcial, podemos afirmar que:
A
a violência era uma constante do povo de Roma, que detinha diferentes espetáculos de
selvageria amplamente aceitos por toda sociedade, a qual acreditava que a barbárie era
comum aos seres humanos.
B
a política de Roma foi uma necessidade do povo que passava fome, e seus governantes
viam nesse entretenimento uma forma de amenizar o sofrimento de seus governados.
C
a violência fora do contexto militar não era bem aceita pelo povo romano. Os jogos no
Coliseu eram de fato uma exceção, a qual provinha de seus antepassados naquela terra,
os Etruscos.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
O povo romano era inclinado a jogos e torneios, no entanto a violência não estava entre os apreços
romanos. A política de pão e circo trouxe o povo ao Coliseu, sob a perspectiva de uma violência
aceitável e provinda não deles, mas dos povos bárbaros que os precederam.
Questão 2
A herança circense de Roma vem de antes da construção do Coliseu. A construção de um local para
abrigar espetáculos e a ideia do espetáculo em si influenciaram as artes marciais até os dias atuais. O
que antes era o pão e circo atualmente são as cotações do pay-per-view. Sobre o esporte espetáculo
presente ainda nas artes marciais, entende-se que:
D
os gladiadores eram, na verdade, atores que encenavam cenas de guerra dos outrora
Etruscos contra diferentes povos bárbaros nas terras que agora correspondiam à Roma.
E
a marcialidade romana foi construída a partir dos gladiadores, os quais sistematizaram
diferentes modalidades de artes marcais, entre elas o pankration.
A
a influência do circo romano e do Coliseu continua até os dias atuais. Apesar de Roma
não ter criado nenhum sistema combativo, existem atualmente sistemas de combate
baseados nas artes marciais, os quais nasceram com fins de entretenimento, como o
que chamamos de MMA.
B
os lutadores são a evolução dos gladiadores, tendo em vista a maior quantidade de
artes marciais em sua expertise e todo o aparato de preparação física relacionado aos
lutadores.
C
ser lutador atualmente significa atuar como faziam os gladiadores romanos. A única
diferença é que em Roma eles lutavam por suas vidas e no contexto desportivo eles
lutam por bolsas de dinheiro.
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Parabéns! A alternativa A está correta.
Apesar de não haver registro de artes marciais romanas, seu legado como espetáculo pode ser visto
nas vendas de ingressos para lutas de MMA.
3 - Contribuições das cruzadas cavaleirescas nas
características da guerra
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car as contribuições das cruzadas
cavaleirescas nas características da guerra.
D
o Coliseu era, na verdade, um circo voltado às artes marciais, que foram criadas pelos
romanos e apresentadas pelos gladiadores durante os combates.
E
nada mudou em relação aos esportes de combate como entretenimento desde Roma,
visto que ainda se utilizam lutadores dentro de arenas, octógonos, ringues ou tatames
em busca de dinheiro e glória.
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Os cavaleiros
Os cavaleiros, amplamente representados nos romances de época sobre suas montarias e com suas fardas
impecáveis denotando nobreza, detêm muitas de suas construções em combate como legado de seus
antecessores, que eram tidos como bárbaros.
Apesar do conturbado período denominado Idade Média, para as artes marciais, as quais mais se
desenvolvem em períodos combativos, houve mudanças importantes quanto à velocidade dos combates e
ao aprimoramento de armas condizentes, as quais permanecem presentes ainda no contexto esportivo,
como a esgrima e o arco e flecha.
A história das artes marciais durante a Idade Média foi significativamente marcada pelos denominados
cavaleiros. Comumente representados sobre suas montarias e empunhando suas pesadas espadas com
ambas as mãos, eram lutadores habilidosos e soldados disciplinados com seus treinamentos técnico e
tático.
Na história das civilizações, é comum a atribuição de um período de transição, seja ele marcado por guerras,
epidemias, desastres naturais ou até mesmo um acelerado e marcante processo de modernização.
No período compreendido entre os séculos V e XV, pode-se dizer que todos esses
acontecimentos se sucederam e, apesar de a história relacionada à Idade Média centrar-se na
região europeia, houve repercussões em todo o mundo.
O período medieval, ou medievalismo, como também é denominado, foi marcado pela
desagregação do Império Romano e pela união mais evidente entre Igreja (cristianismo) e
Estado. A utilização da escrita e da montaria elevaram o nível e a velocidade das informações,
fl ti id l t ã id d l ã t í ti
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Durante a Idade Média, diferentes tipos de praga, sendo a mais emblemática a peste bubônica, assolaram
boa parte da Europa e Ásia. A peste, transmitida basicamente por pulgas que tiveram contato com ratos e
gatos infectados, alastrou-se rapidamente, promovida devido às próprias noções de higiene da época,
dentre elas a falta de banho frequente. Os cadáveres infectados também se tornaram uma forma de
transmissão da doença, os quais foram utilizados por vezes como arma biológica (anteriormente ao
conceito desta), sendo arremessados (catapultados) ou simplesmente deixados em estado de putrefação
nas cidades a serem invadidas.
Esquema de transmissão da peste bubônica.
O combate ao dito paganismo pelos cristãos se tornou ainda um constante motivo de embate. Os povos
que não possuíam a cultura religiosa cristã adoravam deuses diversos e promoviam cerimônias e rituais que
iam de encontro aos ritos promovidos pela Igreja Católica. Muitos desses rituais envolviam sacrifícios
humanos como forma de adoração aos deuses em troca de proteção. Diferentes povos nesse período
intensificavam seus processos de expansão territorial, muito atribuídos aos instrumentos marítimos que
permitiam que eles cruzassem os oceanos em direção a outros continentes. Nesse período, os objetivos de
saquear os territórios misturavam-se à busca de novas terras para assentamentos agrícolas.
Em relação às práticas de combate, essas estavam circunscritas à nobreza, como forma de demonstração
de domínio das artes bélicas e de posição social, e aos militares, subordinados à Igreja e ao rei, que
praticavam técnicas de combate a fim de se preparar para a guerra e defesa do Estado. Os nobres podiam
praticar as artes bélicas como forma de preparação física, mas também com fins de lazer e esportivo.
Nesse último aspecto, estavam as Justas, que eram eventos esportivos medievais de combate, tendo os
nobres como exclusivos participantes das disputas. Nesse período histórico, ao povo não eram permitidas
as práticas corporais e, muito menos, as atividades de combate corporal.
o que refletiu consideravelmente não apenas na vida da população, mas nas características
da guerra.
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Luta de Justas na Idade Média.
As contribuições asiáticas à Idade Média europeia
Apesar de os acontecimentos atribuídos à Idade Média serem centrados no território europeu, não há como
deixar de lado a influência asiática nesse processo, principalmente quando falamos de artes combativas.
Uma das empreitadas mais famosas e de maiores proporções em todo o mundo está atrelada à figura mais
emblemática da dinastia mongol, Gengis Khan. O descrito como sanguinário realizou suas cruzadas da
China à Europa oriental, passando pela Pérsia e pelo Oriente Médio por volta do século XIII, e marcou suas
empreitadas pela utilização do cavalo como principal veículo de combate.
Apesar de apenas no século XX apresentar-se uma visão mais favorável, agora como conquistador, suas
táticas e equipamentos de combate deixaram legados importantes em todos os territórios por ele
conquistados quando falamos de artes de guerra. Com a utilização da montaria, as informações, um
conceito extremamente moderno para a época, tornaram-se mais rápidas, o que possibilitava a Gengis Khan
transmitir a suas tropas em diferentes localidades seus comandos, proporcionando uma unidade de guerra.
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Estribo de um cavaleiro medieval.
O estribo, outra criação atribuída ao exército de Gengis Khan (ao menos o desenvolvimento dele), tornou
capaz a utilização de armas durante a montaria, dando ainda mais velocidade ao combate, pois armas
como o arco e flecha eram utilizadas no combate a longa distância, tornando-se imbatíveis quando
somadas à velocidade proporcionada pela montaria.
Gengis Khan foi idealizador dos postos de abastecimento, um conceito extremamente inovador para a
época. Esses verdadeiros postos de apoio eram alocados estrategicamente ao longo de seus locais de
domínio, de forma que seus mensageiros tivessem ao longo do caminho locais para se alimentar e dar de
beber a seus cavalos (por vezes trocando de montaria). Essa estratégia permitia que a informação
chegasse não apenas mais rápido, mas com maior segurança a seu destino. Se o mensageiro fosse
apanhado ou morresse ao longo do caminho, a informação não seria perdida, visto sua parada no posto de
abastecimento anterior, sendo levada por outro mensageiro designado.
A herança cavaleiresca asiática, mas também celta, germânica e romana, refletiu-se nas técnicas bélicas
europeias, tornando as sociedades que ali estavam extremamente marciais. Mais de mil anos de culturas
guerreiras influenciaram o modo de lutar na Idade Média europeia. Apesar da esgrima ser muito exaltada
nesse período, armas como lanças, machados e facas longas também eram amplamente utilizadas.
Apesar da valorização da montaria, as técnicas atribuídas à infantaria permaneciam onde não havia uma
hierarquia precisa entre os combatentesmontados e os de solo, apenas questões táticas e técnicas. O
destaque às técnicas com espada se deu principalmente por elas atribuírem a mecânica corporal como
instrumento na utilização dessas armas, as quais mudaram seu formato juntamente às necessidades
combativas ao longo dos anos.
As técnicas não eram estéticas como atualmente se vê na esgrima desportiva, visto que o próprio peso das
espadas necessitava de ambas as mãos para empunhá-las, utilizando força e ferocidade na aplicação das
técnicas. Em uma representação genérica, as espadas medievais possuíam uma lâmina pontiaguda e larga,
com cerca de 38 polegadas de comprimento (96,52cm), lâmina em ambas as bordas e punho em formato
de cruz.
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As cruzadas: as artes marciais a serviço de Deus
Como visto na história das guerras e da evolução das técnicas de combate, estas se modernizavam e se
aperfeiçoavam durante os combates propriamente ditos. Assim, períodos nos quais a constância dos
combates era maior proporcionavam o acúmulo de prática e experiências na evolução das técnicas.
Famosas no Ocidente, as cruzadas resultaram em um grande número de batalhas, mas, de acordo com seus
promotores, com fins religiosos em paralelo com o cristianismo.
Os soldados envolvidos nas cruzadas eram chamados de cruzados e eram compostos por diferentes
origens europeias. Havia soldados espanhóis, italianos, franceses, alemães, entre outros.
A princípio, as cruzadas tinham o objetivo de levar a palavra de Deus aos pagãos, expandir o domínio
cristão, entretanto, a conquista de Jerusalém, além de ser um objetivo religioso, estabelecia um ponto
estratégico para o comércio entre o Ocidente e o Oriente. Regiões como Síria e Palestina, entre os séculos
XI e XIII, e a Península Ibérica vivem os reflexos desses conflitos até os dias atuais.
Devido a essas e a tantas outras, não tanto quanto famosas ou duradouras, na Idade Média percebe-se um
grande desenvolvimento das práticas cavaleirescas, especificamente na Europa. Apesar da grande
quantidade de armas de domínio desses cavaleiros, as técnicas de esgrima e armas de perfuração, corte ou
esmagamento tiveram grande destaque nas diversas representações desses guerreiros, em especial da
nobreza.
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Interessante notar que, apesar de ser possível identificar técnicas de combate, as quais detinham desarme e
subjugação de oponentes, praticadas pela nobreza medieval, não há relatos na literatura de uma
sistematização ou de uma arte marcial própria dela. No entanto, essas práticas se difundiram pela Europa e
influenciaram posteriormente as práticas desenvolvidas nessa região.
A herança da esgrima
Apesar do grande desenvolvimento da prática de esgrima durante o período medieval europeu, a prática
como atualmente a conhecemos data do século XIV, inclusive a do uso de espadas longas, quando por
vezes era necessária a utilização de ambas as mãos em seu manejo. Atribui-se ainda a esse período a
aplicação desportiva dessas técnicas, fundando-se clubes para a prática na Europa.
Durante o período da Renascença, a esgrima se desenvolveu amplamente em diferentes
países, no entanto, como a história por vezes demonstra, esse desenvolvimento não se deu
de forma linear, tampouco de forma paralela nos diferentes países e territórios, ficando a
cargo do próprio desenvolvimento cultural e até mesmo intelectual dessas regiões, adaptando
por vezes as técnicas às suas necessidades particulares.
Com a aplicação desportiva, as espadas ganharam novos formatos, tornaram-se mais leves,
sendo usadas nas ruas e em locais privados. Escolas para a prática de esgrima ganharam
ares de nobreza e elitização. As adaptações realizadas com fins de esportivização acabaram
por aumentar o número de adeptos não soldados à prática, consolidando-se a partir do ano
de 1700.
Nos anos de 1800, etiquetas, regras, vestimentas, a até mesmo códigos de ética e
comportamento foram criados para a prática, ponto de profundo interesse ao
desenvolvimento das artes marciais com a espada como instrumento, visto que houve o
i t d dif t l d i i fl i d í d í
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Ao inserir cavalos como meio de transporte, os combates e todo seu entorno tornaram-se mais ágeis,
demandando armas condizentes com as novas distâncias e velocidade. Assim, não mais deve ser possível
ler os ditos “romances de cavalaria” sem aludir às sangrentas lutas por território, sejam na Europa ou Ásia,
sejam em nome do poder ou em nome de Deus.
A in�uência das cruzadas na guerra
O especialista Luiz Felipe Machado Pinto abordará sobre a influência das cruzadas cavaleirescas na guerra.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
surgimento de diferentes escolas de esgrima influenciadas por esse período que possuíam
técnicas e regras próprias.
Atualmente, é possível verificar traços da influência cavaleiresca nos desportos olímpicos,
como a esgrima ou arco e flecha. Apesar de esse período não ser relacionado com a criação
de nenhuma sistematização específica de artes marciais, suas contribuições, não apenas
esportivas, mas das táticas guerreiras, são inegáveis.
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Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
No período denominado como Idade Média, a Europa experimentou uma sucessão de acontecimentos,
dentre eles: epidemias, forte intervenção religiosa e guerras. Quanto às denominadas cruzadas, foram
de suma importância para a evolução das táticas de combate e técnicas de artes marciais que ali eram
empregadas. No entanto, não ocorreram apenas na Europa. Assim, acerca da contribuição asiática às
cruzadas, é correto afirmar que:
A
as cruzadas foram essencialmente europeias, não havendo contribuição marcial ou
cultural de povos asiáticos, salvo as incursões de povos bárbaros às terras
anteriormente conquistadas durante os combates desse período histórico.
B
a China tornou-se o principal aliado durante a expansão Europeia por busca de
territórios, quando armas, cavalos e munição foram fornecidos pelo representante
asiático, influenciando de forma direta as artes marciais europeias.
C
a principal contribuição asiática veio mediante a utilização de armas de fogo. Estas,
criadas após a invenção da pólvora, mérito dos povos asiáticos, modificaram a forma de
guerrear e conquistar territórios durante as cruzadas.
D
Gengis Khan foi o principal personagem durante as cruzadas, sendo ele também
responsável pelas cruzadas em território asiático. Gengis Khan introduziu as artes
marciais praticadas pelo seu exército no território europeu, constituindo novas artes
marciais no continente.
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Parabéns! A alternativa E está correta.
Apesar de o termo “cruzadas” ser associado às incursões europeias, Gengis Khan utilizou o mesmo
processo em suas conquistas. Seu legado modificou a forma de guerrear, entre eles alvejar com flechas
e lanças durante a montaria.
Questão 2
Os cavaleiros eram versados em diferentes armas. No entanto, a mais representada nos romances de
cavalaria é sem dúvida a espada. Símbolo de nobreza e status, a arte da esgrima começou a ser
praticada em diferentes locais da Europa por meio de clubes e escolas de prática. Quanto à prática do
combate com espadas, dos cavaleiros aos nobres e não cavaleiros,é possível afirmar que:
E
as táticas de combate desenvolvidas por Gengis Khan, baseadas no poder das
comunicações e no combate a cavalo, tornaram a guerra mais ágil, surgindo a
necessidade de se utilizar armas e técnicas condizentes. Assim, armas como o arco e
flecha e a lança de arremesso foram amplamente utilizadas nas cruzadas asiáticas e
europeias.
A
a prática atualmente conhecida como esgrima foi criada pelos cavaleiros europeus da
Idade Média, sendo desenvolvida por meio de escolas voltadas à prática em todo o
mundo.
B
a esgrima que provém dos povos asiáticos foi aperfeiçoada pelos cavaleiros durante as
cruzadas e passada aos nobres em forma de defesa pessoal armada.
C
a criação das artes marciais europeias teve início com as cruzadas promovidas pelos
cavaleiros e sua habilidade com a espada. Esse fato influenciou decisivamente a prática
como desporto nos dias atuais.
D
foram criados clubes de prática e escolas da modalidade esgrima por volta do ano de
1700 que se expandiram por toda a Europa e influenciaram-na significativamente como
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Parabéns! A alternativa D está correta.
A criação de clubes para a prática de esgrima oportunizou aos nobres, não soldados, aprender técnicas
e duelar esportivamente. Assim, mais pessoas puderam conhecer a modalidade.
4 - Características das artes marciais
Ao �nal deste módulo, você será capaz de comparar as características das artes marciais em
suas origens com as dos dias atuais.
Surgimento das armas de fogo: artes marciais em risco?
esporte.
E
a esgrima é uma arte marcial voltada essencialmente à elite, mas, no ano de 1700, sua
promoção como esporte fez dela um esporte popular, podendo ser praticada por
qualquer cidadão comum.
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As contribuições das artes marciais para a humanidade são inegáveis. Assim, neste módulo, conheceremos
como as artes marciais, seja por meio do contexto cultural, filosófico, desportivo ou combativo, são
inseridas e passam a fazer parte de nossa sociedade. Compreender o que levou ao desenvolvimento de
diferentes sistemas combativos, ao desaparecimento de artes marciais altamente eficazes e ao processo
de reestruturação das que permaneceram é de suma importância na transmissão da essência das artes
marciais e de sua continuação.
Ao longo da história, diferentes civilizações buscaram meios de sobreviver. Seja lutando contra animais ou
contra outros homens, a necessidade de defesa sempre esteve presente na construção das civilizações. No
entanto, a modernização do combate impactou profundamente as práticas denominadas artes marciais
que, em um primeiro momento, faziam-se fundamentais para a sobrevivência, mas se viram diante do
desuso e até mesmo extinção, devendo buscar novos significados para suas práticas.
Em relação à necessidade de ressignificação, um dos momentos mais marcantes na história das artes
marciais foi o advento das armas de fogo. De acordo com Holmes (2010), o desenvolvimento dessas novas
armas, assim como o próprio desenvolvimento marcial, ocorreu de maneira lenta e distinta em diferentes
regiões. No entanto, é possível observar o grande avanço a partir do século XVI nos territórios da Alemanha,
Inglaterra, Escócia e Espanha, com criações como a pistola Wheellock (imagem ao lado) na Alemanha em
1590 e da espingarda de caça Scottish Snaphaunce na Escócia em 1614 (HOLMES, 2010).
As armas de fogo modificaram as estratégias de combate, principalmente em relação à distância em que
este ocorria. Então, a habilidade no combate corpo a corpo dava lugar à pontaria e velocidade de recarregar.
Muitas outras armas de fogo com diferentes tamanhos, formatos e poder lesivo foram desenvolvidas,
fazendo com que armas como lanças e espadas caíssem cada vez mais em desuso.
O manejo de armas brancas, as quais sempre foram imperativas no combate, que até então delegavam um
local secundário ao combate corpo a corpo, nesse período experimentam a mesma situação perante as
armas de fogo. No entanto, não há que se dizer que a utilização dessas técnicas com armas brancas,
tampouco desarmadas, tenham sido extintas da guerra e defesa pessoal modernas, apenas que agora
ocupam um local secundário e terciário, consecutivamente, perante a efetividade das armas de fogo.
Exemplo
Como um bom exemplo da importância do deslocamento e da ênfase das técnicas de combate corpo a
corpo no treinamento militar, podemos verificar as ações do exército de Napoleão Bonaparte. Os soldados
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do exército de Bonaparte treinavam luta greco-romana como forma de se preparar fisicamente para o
combate no campo de batalha. Assim, as atividades de combate corpo a corpo passam a ser utilizadas
como forma de condicionamento físico, além de ser um bom entretenimento para os soldados entre os
momentos de treinamento com as armas de fogo, que já faziam parte do cotidiano militar.
Diferentes civilizações buscaram novos formatos e significados às suas práticas marciais, muitas delas
atribuindo esse valor por meio da manutenção cultural do país.
Por volta de 1951, durante o governo de Mao Tse Tung, as práticas de artes marciais chinesas sofreram
profunda transformação. No processo incentivado pelo governo, surge o denominado “wushu moderno”, o
qual suprimia características combativas e de defesa pessoal das práticas marciais e lhe atribuía um
caráter higienista e esportivista.
A partir de 1957, com a criação do Departamento Nacional de Esportes (DNE), sua prática passa a ser
encarada como educação física em suas dimensões de saúde, lazer, educação e esporte de alto
rendimento.
Ainda existem na China centros de formação no formato de escolas técnicas, as quais são voltadas à
formação de dublês, policiais, seguranças, atletas e técnicos. A importância nacional dessas instituições é
tamanha que estudar em uma boa escola de wushu pode lhe somar pontos para ser aceito em uma boa
universidade, situação muito semelhante aos processos de aceite mediante bolsas de esporte, tradicionais
em países como os Estados Unidos por meio de esportes como o wrestling e o futebol americano.
Exemplo
Outro exemplo de ressignificação dessas atividades de combate pode ser visto nas práticas de artes
marciais japonesas por meio da reconstituição dos míticos samurais, numa estreita relação com o
feudalismo japonês e a consequente necessidade de proteção de suas terras contra outros que dela
buscavam se apossar.
Samurais ou bushis, cuja tradução literal é guarda ou acompanhante, foram os defensores de territórios e de
seus mestres, e a grande habilidade no manejo da espada e da arte de cavalaria lhes deu a fama de grandes
guerreiros. Esses guerreiros, que inicialmente atuavam com status de servos de seu mestre, aproximaram-
se da nobreza mediante reconhecimento em situações de batalha, casamentos e alianças junto à nobreza,
chegando a ocupar cargos e funções de respeito perante a aristocracia japonesa.
Apesar de diversas histórias, muitas delas míticas e fictícias, que tinham por objetivo enaltecer o caráter e a
moral desses guerreiros, os samurais na cultura japonesa representam os valores de honra e hombridade
que se esperam não apenas de um praticante de artes marcais, mas de um cidadão com boa conduta. Uma
alusão à fidelidade que eles detinham para com seu mestre e senhor até sua morte e depois dela.
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Apesar de os samurais não possuíremuma arte marcial específica, mas sim, como visto ao longo da
história, uma construção de saberes para o combate, a arte da espada dominada por eles tornou-se uma
marca. Assim, deixando sua marcialidade em segundo plano, enfatiza-se atualmente, no mundo das armas
de fogo, os benefícios à saúde promovidos pelos movimentos e conceitos teóricos de suas práticas,
representadas nas artes marciais japonesas como: kendô, caratê e judô. Promove-se então o código de
conduta samurai, o bushidô, para fins de formação do caráter e ética entre seus adeptos.
Diferentes artes marciais que resistiram ao processo de mudança e não se adaptaram aos novos tempos,
após não encontrar utilidade fora do contexto bélico, simplesmente desapareceram.
De artes marciais a esportes de combate
Dentre várias modalidades de combate, o processo de esportivização foi o responsável pela manutenção,
ao menos de algumas, de suas técnicas e tradições. Apesar de ainda possuírem o caráter lesivo, o qual era
o principal atributo para o campo de batalha, suas práticas agora se destinavam a objetivos competitivos,
atribuindo-se pontuações aos diferentes ataques, tempo de combate, juízes e regras, algo que modificava
toda a estrutura tática. O combate em forma de jogo atraiu novos públicos para a prática, e o que antes era
de domínio de guerreiros e soldados pôde então ser praticado por crianças, idosos e pessoas com
deficiência.
Em um novo contexto das artes marciais como esporte e exercício físico, diferentes iniciativas de pesquisa
relacionadas à docência, treinamento, alto rendimento e benefícios à saúde têm sido abordadas.
No estudo de Antunes (2013), o autor propôs a criação de métodos de ensino do wushu para pessoas com
diferentes tipos de deficiência.
No estudo de Pinto (2017), o autor analisou diferentes abordagens da modalidade tai chi chuan a fim de
verificar as respostas no consumo de oxigênio e gasto calórico sobre diferentes intensidades.
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Iwanaga e Maranhão Neto (2013) destacaram os diferentes benefícios da prática de artes marciais como
exercício físico em populações com diabetes, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), no combate à
obesidade e a diferentes doenças crônico-degenerativas relacionadas ao sedentarismo.
Na promoção do esporte saúde, o esporte espetáculo encontra-se dentre seus maiores divulgadores, em
especial nos Jogos Olímpicos.
Há artes marciais nos videogames, na televisão, no cinema, nos livros e no pay-per-view, por meio da difusão
de esportes de combate, compostos pelas diferentes artes marciais, com o principal intuito do
entretenimento e consumo. Portanto, há diferentes formas de se praticar artes marciais na atualidade, o que
permite que diferentes pessoas possam participar de suas atividades, tanto como esporte competitivo de
alto rendimento como lazer, para a educação formal e não formal, ou ainda como meio de manutenção e
promoção da saúde. Assim, as artes marciais se tornaram um fenômeno social importante a partir de suas
novas possibilidades de prática, oportunizando o acesso de diferentes pessoas com particulares objetivos,
popularizando-se como nunca havia ocorrido na civilização.
Com a inclusão de artes marciais como a esgrima e o wrestling nas Olimpíadas de 1896, as
artes marciais e seu processo de esportivização ganharam proporções globais.
Anos mais tarde, outras modalidades sem a utilização de armas, como o judô, boxe,
taekwondo e caratê foram inseridas nos Jogos Olímpicos.
Atualmente, as artes marciais fazem parte de nosso dia a dia, umas resistindo sob a bandeira
da defesa pessoal, como krav maga e kombato, outras se posicionando com ênfase na
promoção da cultura e saúde, como capoeira e tai chi chuan, bem como despontando como
modalidades educacionais, olímpicas ou de alto rendimento, como o judô.
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As artes marciais da origem à atualidade
O especialista Luiz Felipe Machado Pinto abordará a evolução das artes marciais, desde suas origens até os
dias atuais.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
As artes marciais ao longo dos anos sofreram diferentes processos de ressignificação, sem os quais
muitas dessas modalidades teriam sido extintas. Diferentes marcos históricos foram responsáveis pela
necessidade de mudança nas artes marciais. No entanto, o de maior destaque foi

A
o surgimento das lanças de arremesso. Essas armas modificaram o combate, visto que
o inimigo poderia ser atingido a metros de distância sem a necessidade do embate
corporal.
B
o combate de cavalaria. A partir do desenvolvimento de técnicas de combate a cavalo, o
combate corpo a corpo torna-se desnecessário, visto que a velocidade promovida pelos
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Parabéns! A alternativa C está correta.
Com a inserção das armas de fogo, as artes marciais foram postas em dúvida quanto à sua utilidade,
pois o inimigo poderia ser atingido a uma distância muito superior a lanças e flechas. Muitas artes
marciais encontraram ressignificação por meio da prática como esporte, exercício e práticas de
conduta moral.
Questão 2
Uma das formas de ressignificação encontradas por diferentes artes marciais foi o processo de
esportivização. Transformar uma arte marcial em esporte requer uma série de adaptações, pois são
técnicas que outrora serviam exclusivamente à luta pela sobrevivência. Dentre essas adaptações, pode-
se destacar:
cavalos aumentava o poder lesivo de facas longas e espadas.
C
as armas de fogo. Elas possuíam um poder lesivo sem precedentes na história,
requerendo de seu portador apenas a pontaria e velocidade no municiar. Seu
surgimento modificou as estratégias de combate, assim como colocou em segundo
plano as armas brancas.
D
a prática desportiva. Ao tornarem-se esporte, as artes marciais passam a ser chamadas
de “esportes de combate” e não mais assumem o papel de defesa pessoal, visto que
este era seu intuito original.
E
a luta como instrumento educacional. A artes marciais agora seriam usadas para
educar os nobres quanto à cultura corporal, fazendo com que as artes marciais
adquirissem um caráter higienista.
A
a inserção de regras, tempo de combate e de juízes, visto que, apesar de ser praticada
como esporte, ainda detém caraterísticas de defesa pessoal e técnicas lesivas aos
praticantes.
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Parabéns! A alternativa A está correta.
Diferente dos campos de batalha, a inserção de limites é necessária ao contexto desportivo a fim de
proteger a todos no processo, tornando-o mais atrativo ao público e aos praticantes.
Considerações �nais
Como visto ao longo do conteúdo, as artes marciais estiveram presentes em diferentes momentos e
civilizações ao longo da história. Sua presença pode ser vista ainda nos dias atuais, não apenas por meio de
sua prática desportiva, mas como defesa pessoal, ferramenta educacional, entretenimento, dentre outras.
Praticar artes marciais tornou-se muito mais que o aprendizado de técnicas combativas voltadas à defesa
pessoal e de território.
Apesar da constante alusão midiática a tempos antigos, como o período das cruzadas ou as lutas de vida e
morte entre gladiadores no Coliseu romano, com fins de consumo e venda de pay-per-view, as artes marciais
se transformaram em algo mais. Crianças, idosos e pessoas com deficiência são beneficiados atualmente
B o uso de técnicas meditativas, derivadasde artes marciais como o wushu chinês, que
conduzam o atleta a um estado mais desportivo e menos marcial durante a competição.
C
a não utilização de armas. Sendo agora um contexto desportivo, não mais há a
necessidade do combate armado, o que poderia aumentar o perigo de lesão dos atletas.
D
o uso de uniformes e a criação de equipes. A representação do grupo reduz o caráter
combativo das modalidades, pois, a partir do treinamento em grupo, é possível associar
características cooperativas em detrimento das competitivas.
E
o uso de equipamentos de proteção. Visando agora apenas ao combate por pontos, é de
suma importância que os atletas se sintam seguros durante a prática de seu esporte.
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por práticas de condicionamento físico e mental que outrora foram destinados exclusivamente aos
guerreiros e à nobreza.
Utilizadas como exercício físico, as artes marciais protagonizam diferentes experimentos científicos, sejam
na área sociocultural ou fisiológica, a fim de explorar ainda mais os benefícios sabidos de sua prática e as
melhores formas de conduzi-las didaticamente. Se outrora as artes marciais experimentaram a era dos
cavaleiros, guerreiros e gladiadores, atualmente comtemplam a era dos treinadores, professores e
educadores.
Podcast
Agora, o especialista Luiz Felipe Machado Pinto fará uma reflexão sobre a história das artes marciais e o
seu papel nos dias atuais.
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Referências
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RIDLEY, M. Evolução. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.
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Para saber mais sobre este conteúdo, faça a leitura em conjunto dos livros de Tausk (2001) e Magnoli
(2010). O primeiro, como se dispõe, é uma verdadeira enciclopédia sobre a história das artes marciais,
porém, como visto ao longo dos textos, a evolução das artes marciais possui íntima relação com períodos
combativos, de guerra, assim, é importante a contextualização histórica das artes marciais com o amparo
do livro organizado por Magnoli que aborda de forma objetiva diferentes combates bélicos ao longo da
história.
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