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SISTEMA DE ENSINO
CÓDIGO DE DEFESA 
DO CONSUMIDOR
CDC – Arts. 4º ao 6º
Livro Eletrônico
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CDC – Arts. 4º ao 6º
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
Cristiano SObral
Sumário
Código de Defesa do Consumidor – Artigos 4º ao 6º .............................................................. 3
Introdução ........................................................................................................................................ 3
Artigo 4º ............................................................................................................................................ 3
Princípio da Vulnerabilidade ......................................................................................................... 5
Dever Governamental .................................................................................................................... 6
Harmonização e Compatibilização da Proteção ao Consumidor .......................................... 6
Educação e Informação dos Consumidores ............................................................................ 25
Controle de Qualidade e Mecanismos de Atendimento pelas Próprias Empresas ......... 26
Racionalização e Melhoria dos Serviços Públicos ................................................................. 26
Coibição e Repressão de Abusos no Mercado ........................................................................ 30
Estudo das Modificações do Mercado ...................................................................................... 30
Da Garantia do Crédito Responsável ........................................................................................ 33
Acesso à Justiça .............................................................................................................................34
Artigo 5º .......................................................................................................................................... 35
Artigo 6º .......................................................................................................................................... 36
A Proteção da Vida, Saúde e Segurança ................................................................................... 37
Educação, Informação e Liberdade de Escolha ......................................................................38
Informação Adequada e Clara sobre os Diferentes Produtos e Serviços .........................38
Proteção contra a Publicidade Enganosa e Abusiva ............................................................. 39
Modificação e Revisão das Cláusulas Contratuais ................................................................ 39
Prevenção e Reparação Integral de Danos .............................................................................. 41
Facilitação do Acesso à Justiça e à Administração ................................................................ 45
Facilitação da Defesa e Inversão do Ônus da Prova ............................................................. 45
Adequada e Eficaz Prestação dos Serviços Públicos em Geral...........................................49
Garantia do Crédito Responsável e do Mínimo Existencial ................................................. 50
Questões de Concurso ................................................................................................................. 58
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CDC – Arts. 4º ao 6º
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
Cristiano SObral
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR – ARTIGOS 4º AO 6º
Introdução
Na primeira aula sobre o Código de Defesa do Consumidor, do artigo 1º ao 3º, abordamos 
como foi a criação deste código, os dispositivos constitucionais que fundamentam seu direito, 
de que se tratava de um microssistema jurídico multidisciplinar, entre diversas outras coisas.
Os já artigos tratados são bem introdutórios e conceituais, trazendo o significado de con-
sumidor, fornecedor, produto e serviço, além de elementos essenciais para caracterizar a rela-
ção de consumo.
Os artigos tratados nesta aula trazem, em suma, os princípios norteadores da política na-
cional de relações de consumo e os direitos básicos do consumidor.
Estes artigos são essenciais para entender a intenção do legislador para a criação deste 
código e para toda a regulação da defesa do consumidor aplicada no Brasil.
Dito isso, passemos a analisar a lei e os artigos desta aula.
ArtIgo 4º
O Capítulo II do CDC trata da Política Nacional de Relações de Consumo, apresentando os 
princípios que devem ser priorizados e respeitados nas ligações de cunho consumerista reali-
zadas à luz do direito brasileiro.
A aplicação do CDC deve ser analisada cuidado, pois ele não tem aplicabilidade a todas 
as relações econômicas. Ele se restringe às atividades econômicas nas quais estejam o con-
sumidor e o fornecedor, e entre eles uma transação envolvendo produto e/ou serviço.1 Estes 
conceitos vimos na aula anterior.
A redação legal dispõe:
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessi-
dades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus inte-
resses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das 
relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:
I – reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
II – ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:
a) por iniciativa direta;
b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas;
c) pela presença do Estado no mercado de consumo;
d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabi-
lidade e desempenho.
1 Manual de direito do consumidor; Leonardo Roscoe Bessa e Walter José Faiad de Moura; coordenação de Juliana Pereira 
da Silva. – 4. ed. Brasília: Escola Nacional de Defesa do Consumidor, 2014.
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CDC – Arts. 4º ao 6º
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
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III – harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização 
da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de 
modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição 
Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores;
IV – educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, 
com vistas à melhoria do mercado de consumo;
V – incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade e segu-
rança de produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução de conflitos de 
consumo;
VI – coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consumo, in-
clusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais das marcas e 
nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar prejuízos aos consumidores;
VII – racionalização e melhoria dos serviços públicos;
VIII – estudo constante das modificações do mercado de consumo.
IX – fomento de ações direcionadas à educação financeira e ambiental dos consumidores;
X – prevenção e tratamento do superendividamentocomo forma de evitar a exclusão social do 
consumidor.
O texto do artigo foi visivelmente inspirado na Lei da Política Nacional do Meio Ambiente 
(Lei n. 6.938/1981) que, em seu artigo 2º, enumera as diretrizes e princípios almejados e que 
devam ser aplicados no sistema de proteção ambiental. Os diplomas normativos que disci-
plinam as matérias de direitos difusos a partir da década de 80, como visto na primeira aula, 
criam microssistemas jurídicos, e possuem enunciados semelhantes, descrevendo uma políti-
ca nacional, com princípios e objetivos próprios.
Estes microssistemas buscam fins próprios a serem perseguidos, possuindo autonomia 
através de uma principiologia própria. Eles não devem ser interpretados com uma visão tradi-
cional, mas com uma ótica particular, através de seu sistema próprio. A visão sistêmica é im-
portante para se manter a coerência naquilo que foi intencionado pelo legislador. Interpretar o 
CDC utilizando os parâmetros do Código Civil é um erro, podendo causar equívocos, pois o CC 
pressupõe a relação entre iguais, enquanto o CDC deve ser aplicado na relação entre desiguais, 
em uma das partes se encontra em situação de vulnerabilidade (consumidor). Embora o Códi-
go de Defesa contenha vários temas também disciplinados no CC, a interpretação na relação 
de consumo deverá ser feita sob um olhar inspirado pelos objetivos e princípios do artigo 4º, e 
não através da aplicação tradicional do sistema civilista.2
De acordo com Eros Roberto Grau, as normas do artigo 4º são consideradas “normas objeti-
vos”: possuindo um papel fundamental, uma vez que subordinam a interpretação. Os objetivos 
do artigo devem ser perseguidos, seja através de políticas públicas, seja através da atuação do 
fornecedor e do próprio consumidor, e princípios a serem aplicados aspirando a busca destes 
objetivos (resultados), sendo que as demais normas devem ser interpretadas finalisticamen-
2 Código de Defesa do Consumidor Comentado: artigo por artigo. Leonardo de Medeiros Garcia – 13. ed. rev. ampl. e atuaL- 
Salvador: JusPODIVM, 2016.
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te. Assim, “o intérprete deve repudiar qualquer solução interpretativa que não seja adequada 
à realização daqueles fins inscritos na norma objetivo do art. 4º” concluindo que “a tarefa de 
interpretação encontra balizas claras traçadas pelo legislador de 1990. O Intérprete que delas 
se aproximar estará aplicando o CDC. Aquele que delas se afastar estará descumprindo a lei.”3
Analisaremos cada princípio dispostos nos incisos do artigo 4º, que devem ser perse-
guidos através de políticas públicas e pelos fornecedores. Lembrando que o caput do artigo 
afirma que:
“tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, 
saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, 
bem como a transparência e harmonia das relações de consumo”.
PrIncíPIo dA VulnerAbIlIdAde
“I – reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;”
Como já mencionamos na aula anterior, o consumidor sempre é considerado vulnerável 
para haver a aplicação do CDC. Tanto que se assim não o for, não estaremos diante de uma 
relação de consumo.
Todos os princípios do art. 4º e os demais presentes no código somente farão sentido 
quando, primeiramente, for reconhecida a vulnerabilidade do consumidor. Sem esta premissa 
reconhecida, é ilógica qualquer norma de proteção e princípio a ser aplicado. O CDC tem por 
finalidade estabelecer o equilíbrio contratual, com justiça e harmonia.
Reproduzirei o que foi dito na aula anterior sobre as quatro formas de vulnerabilidade4:
Segundo Cláudia Lima Marques, para a exata descrição de consumidor e delimitação de 
abrangência de aplicação do CDC nas relações contratuais, é preciso fazer uma interpretação 
teleológica da regra do artigo 2º com o sistema tutelar consumerista, buscando a ratio princi-
pal da norma, ou seja, a intenção, razão essencial que o legislador quis atribuir a norma.
Desta maneira, a autora expõe que destinatário final seria somente aquele que, segundo 
o artigo 4º, fosse discernido como “vulnerável” numa relação contratual, visto que somente 
estes merecem receber a tutela especial do CDC. Havendo três tipos de vulnerabilidades são 
identificáveis: a técnica, a jurídica (ou científica) e a fática (ou socioeconômica).
Sumamente, a vulnerabilidade técnica é aquela na qual o comprador não possui conheci-
mentos específicos sobre o produto ou o serviço, podendo facilmente ser enganado no mo-
mento da contratação.
A vulnerabilidade jurídica seria a própria falta de conhecimentos jurídicos, ou de outros 
pertinentes à relação, como conhecimentos técnicos de contabilidade, matemática e eco-
nomia, etc.
3 Interpretando o Código de Defesa do Consumidor. Eros Roberto Grau. Revista de Direito do Consumidor, vol. 5, RT, pg. 166.
4 Código de Defesa do Consumidor Comentado: artigo por artigo. Leonardo de Medeiros Garcia – 13. ed. rev. ampl. e atuaL- 
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Por fim, a vulnerabilidade fática é a vulnerabilidade real ante ao parceiro contratual, seja 
proveniente de grande poder econômico, seja por este ter o monopólio, ou em virtude da es-
sencialidade do serviço que presta, decretando uma posição de superioridade na relação.
Cláudia Lima Marques ainda aponta outro tipo de vulnerabilidade: a informacional. Tam-
bém citada na ementa como uma nova modalidade apresentada pela doutrina. Embora possa 
ser reconhecida como tipo de vulnerabilidade técnica, a autora dá destaque à imprescindibili-
dade da informação na sociedade atual.
Para ela, as informações estão crescentemente mais valorizadas e cruciais e, em compen-
sação, a carência informacional dos consumidores está cada vez maior. Dessarte, de modo a 
compensar este desequilíbrio, deve o fornecedor viabilizar o máximo de informações ao con-
sumidor sobre a relação contratual, seja acompanhando o produto nas embalagens, seja sen-
do prestada de forma clara e precisa diretamente entre fornecedor e cliente.
Lembre-se que vulnerabilidade é diferente de hipossuficiência.
deVer goVernAmentAl
“II – ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:
a) por iniciativa direta;
b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas;
c) pela presença do Estado no mercado de consumo;
d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabi-
lidade e desempenho.”
Por reconhecer o consumidor como vulnerável, é preciso promover a proteção do elo mais 
fraco pelos meios legislativos e administrativos, objetivando assegurar o equilíbrio e a harmo-
nia nas relações de consumo.
A atuação do Estado (ação governamental) como verdadeiro poder/dever é realizada atra-
vés da instituição de órgãos públicos de defesa do consumidor (ex.: Procons), como também 
por meio de incentivo à criação de associações destinadas a tais interesses.
O Estado deve proteger efetivamente o consumidor, influindo no mercado para evitar detur-
pações, vigiar a garantia dos produtos e serviços verificando se apresentam padrões satisfató-
rios de qualidade,segurança, durabilidade e desempenho.
HArmonIzAção e comPAtIbIlIzAção dA Proteção Ao consumIdor
“III – harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização 
da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de 
modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170 da Constituição 
Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores;”
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A harmonização entre os interesses dos consumidores e dos fornecedores, compatibilizan-
do a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico com a defesa do consumidor 
deve ser o objetivo da política nacional das relações de consumo. Desta forma, produtos com 
tecnologias inovadoras serão aceitos no mercado de consumo somente se não oferecerem 
riscos à saúde e à segurança dos consumidores, além de serem eficientes.
Já a compatibilização determina que o fornecedor deverá ser o responsável pela efetiva-
ção da adequação dos produtos e serviços, correspondendo às necessidades dos consumi-
dores em segurança e qualidade, e respeitando a saúde, segurança, dignidade e interesses 
econômicos.
Equilíbrio nas Relações de Consumo
Ao final do inciso III consta que deve ser realizado “sempre com base na boa-fé e equilíbrio 
nas relações entre consumidores e fornecedores”. A busca pela relação equilibrada deve sem-
pre conduzir o juiz em seu julgamento.
Deste modo, obrigações iníquas (injustas, contrárias à equidade), abusivas (que desrespei-
tam valores da sociedade) ou que ofendem o princípio da boa-fé objetiva (como a falta de coo-
peração, de lealdade, quando frustra a legitima confiança criada no consumidor) e a equidade 
(justiça do caso concreto) são vedadas.5
JURISPRUDÊNCIA
“Civil. Recurso especial. Contrato de compra e venda de imóvel regido pelo Código de 
Defesa do Consumidor. Referência à área do imóvel.
Diferença entre a área referida e a área real do bem inferior a um vigésimo (5%) da exten-
são total enunciada. Caracterização como venda por corpo certo. Isenção da responsa-
bilidade do vendedor.
Impossibilidade. Interpretação favorável ao consumidor. Venda por medida. Má-fé. Abuso 
do poder econômico. Equilíbrio contratual. Boa-fé objetiva.
- A referência à área do imóvel nos contratos de compra e venda de imóvel adquiridos na 
planta regidos pelo CDC não pode ser considerada simplesmente enunciativa, ainda que 
a diferença encontrada entre a área mencionada no contrato e a área real não exceda um 
vigésimo (5%) da extensão total anunciada, devendo a venda, nessa hipótese, ser carac-
terizada sempre como por medida, de modo a possibilitar ao consumidor o complemento 
da área, o abatimento proporcional do preço ou a rescisão do contrato.
- A disparidade entre a descrição do imóvel objeto de contrato de compra e venda e o 
que fisicamente existe sob titularidade do vendedor provoca instabilidade na relação 
contratual.
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- O Estado deve, na coordenação da ordem econômica, exercer a repressão do abuso do 
poder econômico, com o objetivo de compatibilizar os objetivos das empresas com a 
necessidade coletiva.
- Basta, assim, a ameaça do desequilíbrio para ensejar a correção das cláusulas do con-
trato, devendo sempre vigorar a interpretação mais favorável ao consumidor, que não par-
ticipou da elaboração do contrato, consideradas a imperatividade e a indisponibilidade 
das normas do CDC.
- O juiz da equidade deve buscar a Justiça comutativa, analisando a qualidade do 
consentimento.
- Quando evidenciada a desvantagem do consumidor, ocasionada pelo desequilíbrio con-
tratual gerado pelo abuso do poder econômico, restando, assim, ferido o princípio da 
equidade contratual, deve ele receber uma proteção compensatória.
- Uma disposição legal não pode ser utilizada para eximir de responsabilidade o contra-
tante que age com notória má-fé em detrimento da coletividade, pois a ninguém é per-
mitido valer-se da lei ou de exceção prevista em lei para obtenção de benefício próprio 
quando este vier em prejuízo de outrem.
- Somente a preponderância da boa-fé objetiva é capaz de materializar o equilíbrio ou jus-
tiça contratual.
Recurso especial conhecido e provido.”
(REsp 436.853/DF, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 
04/05/2006, DJ 27/11/2006, p. 273)
(Grifos nossos.)
Equidade
A equidade também é um dos princípios do CDC, estando presente em seu art. 51, inciso VI:
“Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento 
de produtos e serviços que:
IV – estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em des-
vantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade.”
A cláusula ou o contrato terá a sua invalidade reconhecida quando a equidade for descum-
prida, pois estará presente a falta de justiça ao caso concreto.
Boa-fé Objetiva
Também presente no final do inciso III do artigo 4º, este princípio indica um dever de con-
duta entre os parceiros contratuais, baseado na confiança e na lealdade.
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A
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BOA-FÉ OBJETIVA
A boa-fé objetiva não está relacionada às intenções íntimas dos sujeitos, e sim à lisura, 
transparência, correção e proteção em todas as fases da formação do contrato, por isso para 
que ocorra o preenchimento de tal princípio, as partes devem cumprir com os deveres princi-
pais e anexos, pois a violação provoca inadimplemento contratual.
A violação dos deveres anexos é chamada pela doutrina de “violação positiva do contrato” 
ou também de “adimplemento ruim”.
O Princípio da boa-fé objetiva será o critério empregado para verificar os limites do 
abuso do direito (função de controle). Quando não houver lealdade no exercício do direito 
subjetivo, de forma a frustrar a confiança criada em outrem, o ato será abusivo e conside-
rado ilícito.6
A Súmula 302 do STJ foi editada sob esta perspectiva, seu enunciado diz: “é abusiva 
a cláusula contratual de plano de saúde que limita no tempo a internação hospitalar do 
segurado”.
O plano de saúde, ao impor tal cláusula, comete abuso do direito, desrespeitando o 
dever anexo de lealdade e, com isso, ofende a boa-fé objetiva que se aguarda nas relações 
negociais.
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Figuras Correlatas
• Venire contra factum proprium
O venire contra factum proprium é uma vedação decorrente do princípio da confiança. Tra-
ta-se de um tipo de ato abusivo de direito.
Conforme o Enunciado n. 362 da IV Jornada de Direito Civil:
“Art. 422. A vedação do comportamento contraditório (venire contra factum proprium) funda-se na 
proteção da confiança, tal como se extrai dos arts. 187 e 422 do Código Civil.”
Esta vedação assegura a continuidade da situação de confiança que foi legitimamente 
criada nas relações jurídicas contratuais, não se admitindo a aplicação de condutas contradi-
tórias. É uma regra de coerência, que veda que se aja em determinado momento de uma certa 
maneira e, posteriormente, adote um comportamento que frustra, vai de encontro com aquela 
conduta tomada em primeiro lugar.7 Portanto, o venire contra factum proprium significa a proi-
bição de ir contra fatos próprios já praticados.
Segundo a doutrina8, para a aplicação do instituto é necessária a presença de quatro 
requisitos:
• um comportamento;
• a geração de uma expectativa;
• o investimento na expectativa gerada ou causada; e
• o comportamento contraditório ao inicial, que gere um dano, ou, no mínimo, um poten-
cial de dano a partir da contradição.
Salienta-se a orientação dada pelo Enunciado n. 170 da III Jornada do Conselho da Justi-
ça Federal:
”Art. 422. A boa-fé objetiva deve ser observada pelas partes na fase de negociações preliminares e 
após a execução do contrato, quando tal exigência decorrer da natureza do contrato.”
Há julgados dos Tribunais baseados no venire contra factum proprium:
JURISPRUDÊNCIA
“Direito civil. Contrato de locação de veículos por prazo determinado. Notificação, pela 
locatária, de que não terá interesse na renovação do contrato, meses antes do término do 
prazo contratual. Devolução apenas parcial dos veículos após o final do prazo, sem opo-
sição expressa da locadora. Continuidade da emissão de faturas, pela credora, no preço 
contratualmente estabelecido.
7 Questões Controvertidas no Novo Código Civil. Ronnie Preuss Duarte. São Paulo: Método, 2004, v. 2.
8 A proibição do comportamento contraditório. Anderson Schereiber. 3. ed. São Paulo: Saraiva.
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Pretensão da locadora de receber as diferenças entre a tarifa contratada e a tarifa de 
balcão para a locação dos automóveis que permaneceram na posse da locatária. Impos-
sibilidade. Aplicação do princípio da boa-fé objetiva.
Honorários advocatícios. Julgamento de improcedência do pedido.
Aplicação da regra do art. 20, § 4º, do CPC. Inaplicabilidade do § 3º desse mesmo dispo-
sitivo legal. Precedentes.
– A notificação a que se refere o art. 1.196 do CC/2002 (art. 575 do CC/2002) não tem 
a função de constituir o locatário em mora, tendo em vista o que dispõe o art. 1.194 do 
CC/1916 (art. 573 do CC/2002). Ela objetiva, em vez disso, a: (i) que não há a intenção do 
locador de permitir a prorrogação tácita do contrato por prazo indeterminado (art. 1.195 
do CC/1916 – art. 574 do CC/2002; (ii) fixar a sanção patrimonial decorrente da retenção 
do bem locado. Na hipótese em que o próprio locatário notifica o locador de que não será 
renovado o contrato, a primeira função já se encontra preenchida: não é necessário ao 
locador repetir sua intenção de não prorrogar o contrato se o próprio locatário já o fez. 
A segunda função, por sua vez, pode se considerar também preenchida pelo fato de que 
é presumível a ciência, por parte do locatário, do valor das diárias dos automóveis pela 
tarifa de balcão. Haveria, portanto, em princípio, direito em favor da locadora à cobrança 
de tarifa adicional.
– Se o acórdão recorrido estabelece, contudo, que não houve qualquer manifestação do 
credor no sentido da sua intenção de exercer tal direito e, mais que isso, o credor compor-
ta-se de maneira contraditória, emitindo faturas no valor original, cria-se, para o devedor, 
a expectativa da manutenção do preço contratualmente estabelecido.
– O princípio da boa-fé objetiva exerce três funções: (i) a de regra de interpretação; (ii) 
a de fonte de direitos e de deveres jurídicos; e (iii) a de limite ao exercício de direitos 
subjetivos.
– Pertencem a este terceiro grupo a teoria do adimplemento substancial das obrigações 
e a teoria dos atos próprios (tu quoque; vedação ao comportamento contraditório; sur-
rectio; suppressio).
– O instituto da supressio indica a possibilidade de se considerar suprimida uma obriga-
ção contratual, na hipótese em que o não exercício do direito correspondente, pelo credor, 
gere no devedor a justa expectativa de que esse não exercício se prorrogará no tempo.
– Nas hipóteses de improcedência do pedido, os honorários advocatícios devem ser fixa-
dos com fundamento no art. 20, § 4º, do CPC, sendo inaplicável o respectivo § 3º. Apli-
cando-se essa norma à hipótese dos autos, constata-se a necessidade de redução dos 
honorários estabelecidos pelo Tribunal.
Recurso especial parcialmente provido”
(REsp 953.389/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 23-2-2010, DJe 
de 15-3-2010, ver Informativo n. 424).
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“Direito civil e processual civil. Possibilidade de penhora de bem de família por má-fé do 
devedor.
Não se deve desconstituir a penhora de imóvel sob o argumento de se tratar de bem de 
família na hipótese em que, mediante acordo homologado judicialmente, o executado 
tenha pactuado com o exequente a prorrogação do prazo para pagamento e a redução 
do valor de dívida que contraíra em benefício da família, oferecendo o imóvel em garantia 
e renunciando expressamente ao oferecimento de qualquer defesa, de modo que, des-
cumprido o acordo, a execução prosseguiria com a avaliação e praça do imóvel. De fato, 
a jurisprudência do STJ inclinou-se no sentido de que o bem de família é impenhorável, 
mesmo quando indicado à constrição pelo devedor. No entanto, o caso em exame apre-
senta certas peculiaridades que torna válida a renúncia. Com efeito, no caso em análise, 
o executado agiu em descompasso com o princípio nemo venire contra factum proprium, 
adotando comportamento contraditório, num momento ofertando o bem à penhora e, 
no instante seguinte, arguindo a impenhorabilidade do mesmo bem, o que evidencia a 
ausência de boa-fé. Essa conduta antiética deve ser coibida, sob pena de desprestígio do 
próprio Poder Judiciário, que validou o acordo celebrado. Se, por um lado, é verdade que 
a Lei n. 8.009/1990 veio para proteger o núcleo familiar, resguardando-lhe a moradia, não 
é menos correto afirmar que aquele diploma legal não pretendeu estimular o comporta-
mento dissimulado. Como se trata de acordo judicial celebrado nos próprios autos da 
execução, a garantia somente podia ser constituída mediante formalização de penhora 
incidente sobre o bem. Nada impedia, no entanto, que houvesse a celebração dopacto 
por escritura pública, com a constituição de hipoteca sobre o imóvel e posterior juntada 
aos autos com vistas à homologação judicial. Se tivesse ocorrido dessa forma, seria 
plenamente válida a penhora sobre o bem em razão da exceção à impenhorabilidade 
prevista no inciso V do art. 3º da Lei n. 8.009/1990, não existindo, portanto, nenhuma 
diferença substancial entre um ato e outro no que interessa às partes. Acrescente-se, 
finalmente, que a decisão homologatória do acordo tornou preclusa a discussão da maté-
ria, de forma que o mero inconformismo do devedor contra uma das cláusulas pactu-
adas, manifestado tempos depois, quando já novamente inadimplentes, não tem força 
suficiente para tornar ineficaz a avença. Dessa forma, não se pode permitir, em razão da 
boa-fé que deve reger as relações jurídicas, a desconstituição da penhora, sob pena de 
desprestígio do próprio Poder Judiciário.” REsp 1.461.301-MT, Rel. Min. João Otávio de 
Noronha, julgado em 5-3-2015, DJe 23-3-2015. (ver Informativo n. 558)
“Recurso especial. Contrato de alienação fiduciária. Violação ao art. 535 do CPC. Não 
ocorrência. Tradição do veículo. Contrato de natureza real. Requisito de validade do 
negócio jurídico. Escada ponteana. Elementos essenciais do contrato. Negligência da 
parte autora. Má-fé da empresa alienante. Matérias que demandam reexame de provas. 
Súmula 7/STJ. Vedação ao comportamento contraditório. Validade do contrato. Regis-
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tro em cartório. Anotação no certificado de registro do veículo. Necessidade apenas 
para preservar direitos de terceiro. Súmula 83/STJ. Mora do devedor. Notificação pes-
soal. Desnecessidade. Alegação de vulnerabilidade e cabimento de inversão do ônus da 
prova. Súmula 7/STJ. Recurso não provido. 1. Não há falar em violação ao art. 535 do 
CPC quando o acórdão recorrido resolve todas as questões pertinentes ao litígio, torna-
do-se dispensável que venha a examinar todos os argumentos trazidos pelas partes. 2. 
Em negócio de alienação fiduciária em garantia, por se tratar de contrato de natureza 
real, a tradição constitui requisito de validade do negócio jurídico. 3. A análise da pre-
tensão recursal sobre a alegada ausência dos elementos essenciais do contrato, negli-
gência da parte autora e má-fé da empresa alienante demandaria a alteração das pre-
missas fático-probatórias estabelecidas pelo acórdão recorrido, com o revolvimento das 
provas carreadas aos autos, o que é vedado em sede de recurso especial, nos termos do 
enunciado da Súmula 7/STJ. 4. Impõe-se, no caso, a aplicação da máxima venire contra 
factum proprium, tendo em vista que parte recorrente primeiro anuiu ao prosseguimento 
do contrato e, em seguida, de modo oposto ao primeiro comportamento, questionou 
sua validade e existência. 5. A exigência de registro do contrato de alienação fiduciária 
em garantia no cartório de título e documentos e a respectiva anotação do gravame 
no órgão de trânsito não constitui requisitos de validade do negócio, tendo apenas o 
condão de torna-lo eficaz perante terceiros. 6. Nos casos envolvendo contrato de alie-
nação fiduciária, a mora deve ser comprovada por meio de notificação extrajudicial rea-
lizada por intermédio do cartório de títulos e documentos, a ser entregue no domicílio 
do devedor, sendo dispensada sua notificação pessoal. 7. A alegação de vulnerabilidade 
e da presença dos requisitos necessários ao deferimento da inversão do ônus da prova 
encontram óbice na Súmula 7/STJ. 8. Recurso especial não provido. (REsp 1190372/DF, 
Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em 15-10-2015, DJe 27-10-2015) 
Intimação. Devedores. Purgação. Mora. Danos morais. Inexiste o dever do Banco Itaú 
S/A de indenizar casal pela ausência de intimação pessoal acerca de leilão extrajudicial 
do imóvel no qual residem. Para os ministros da Terceira Turma do Superior Tribunal de 
Justiça (STJ), somente a perda de uma oportunidade real, plausível e séria justifica a 
compensação por danos morais. [...]
Em seu voto, a relatora, ministra Nancy Andrighi, destacou que a sentença e os demais 
elementos dos autos permitem concluir que o casal jamais demonstrou a real intenção 
de purgar a mora. Por esta razão, concluiu a relatora, não são plausíveis as alegações 
de que os danos morais que sofreram foram provocados “pelo ato ilícito do banco em 
adjudicar-se indevidamente de imóvel em leilão por ele mesmo realizado sem a observân-
cia das devidas precauções legais, promovendo atos ilícitos que geraram, e continuam 
criando, desconforto e sofrimento aos autores”.
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Segundo a ministra Nancy Andrighi, tudo indica que a ausência de comunicação pessoal 
não foi a causa preponderante para que o casal deixasse de purgar a mora, até porque 
eles próprios, em sua inicial, confessam a suspensão dos pagamentos das prestações 
devidas ao Banco Itaú em razão das dificuldades financeiras que vêm enfrentando. “Qual-
quer conclusão em sentido contrário caracterizaria verdadeiro exercício de futurologia. 
De fato, é injustificável admitir que o recorrente (Itaú) possa ser responsabilizado por um 
dano hipotético que advenha do simples exercício de seu legítimo direito de realizar o 
leilão extrajudicial do bem que financiou, conforme a faculdade conferida pelo Decreto-
-Lei n. 70/1966”, afirmou a relatora (REsp 1.115.687/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira 
Turma, julgado em 8-11-2010, ver Informativo n. 456). (grifos nossos)
DICA!
O venire contra factum proprium possui diferença para o 
nemo auditur turpidutinem allegans, segundo o qual ninguém 
pode alegar a própria torpeza. Pois o primeiro objetiva tutelar 
a confiança e as devidas expectativas, o segundo visa reprimir 
a malícia.
• Supressio
A supressio consiste na diminuição da obrigação pela inércia da outra parte em exercer di-
reitos, gerando legítima expectativa. A pessoa nunca exigiu o cumprimento de uma obrigação, 
o que fez a outra acreditar que não precisava mais efetuá-la.
Para configuração da supressio, é necessário comprovar: o decurso de prazo sem exercí-
cio do direito com indícios objetivos de que o direito não mais será exercido; e o desequilíbrio, 
pela ação do tempo, entre o benefício do credor e o prejuízo do devedor.
Observa-se na jurisprudência do STJ a aplicação:
JURISPRUDÊNCIA
“REsp 214.680/SP. Condomínio. Área comum. Prescrição. Boa-fé. Área destinada a cor-
redor, que perdeu sua finalidade com a alteração do projeto e veio a ser ocupada com 
exclusividade por alguns condôminos, com a concordância dos demais. Consolidada a 
situação há mais de vinte anos sobre a área não dispensável à existência do condomí-
nio, é de ser mantido o status quo. Aplicação do princípio da boa-fé (supressio). Recurso 
conhecido e provido” (RSTJ 130:366).
Vale enfatizar o julgado que aplica a teoria do adimplemento substancial das obrigações e 
a teoria dos atos próprios como meio de revisar a abrangência e o alcance dos deveres contra-
tuais, donde deriva o instituto da supressio:
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JURISPRUDÊNCIA
“DIREITO EMPRESARIAL. INCIDÊNCIA DA BOA-FÉ OBJETIVA NO CONTRATO DE REPRE-
SENTAÇÃO COMERCIAL.
Não é possível ao representante comercial exigir, após o término do contrato de repre-
sentação comercial, a diferença entre o valor da comissão estipulado no contrato e o 
efetivamente recebido, caso não tenha havido, durante toda a vigência contratual, qual-
quer resistência ao recebimento dos valores em patamar inferior ao previsto no contrato. 
Inicialmente, cumpre salientar que a Lei n. 4.886/1965 dispõe serem vedadas, na repre-
sentação comercial, alterações que impliquem, direta ou indiretamente, a diminuição da 
média dos resultados auferidos pelo representante nos últimos seis meses de vigência 
do contrato. De fato, essa e outras previsões legais introduzidas pela Lei n. 8.420/1992 
tiveram caráter social e protetivo em relação ao representante comercial autônomo que, 
em grande parte das vezes, ficava à mercê do representado, que alterava livre e unilate-
ralmente o contrato de acordo com os seus interesses e, normalmente, em prejuízo do 
representante, pois economicamente dependente daquele. Essa restrição foi introduzida 
para compensar o desequilíbrio entre o representado e o representante, este reconheci-
damente mais fraco do ponto de vista jurídico e econômico. Nesse sentido, nem mesmo 
as alterações consensuais e bilaterais são admitidas quando resultarem em prejuízos 
diretos ou indiretos para o representante. Todavia, no caso em que a comissão tenha 
sido paga ao representante em valor inferior ao que celebrado no contrato, durante toda 
a sua vigência, sem resistência ou impugnação por parte do representante, pode-se con-
cluir que a este interessava a manutenção do contrato, mesmo que em termos remu-
neratórios inferiores, tendo em vista sua anuência tácita para tanto. Verifica-se, nessa 
hipótese, que não houve uma redução da comissão do representante em relação à média 
dos resultados auferidos nos últimos seis meses de vigência do contrato, o que, de fato, 
seria proibido nos termos do art. 32, § 7º, da Lei n. 4.886/1965. Desde o início da rela-
ção contratual, tendo sido a comissão paga em valor inferior ao que pactuado, conclui-
-se que a cláusula que estipula pagamento de comissão em outro valor nunca chegou a 
viger. Ainda, observa-se que, nessa situação, não houve qualquer redução da remunera-
ção do representante que lhe pudesse causar prejuízos, de forma a contrariar o caráter 
eminentemente protetivo e social da lei. Se o representante permanece silente durante 
todo o contrato em relação ao valor da comissão, pode-se considerar que tenha anuído 
tacitamente com essa condição de pagamento, não sendo razoável que, somente após 
o término do contrato, venha a reclamar a diferença. Com efeito, a boa-fé objetiva, prin-
cípio geral de direito recepcionado pelos arts. 113 e 422 do CC/2002 como instrumento 
de interpretação do negócio jurídico e norma de conduta a ser observada pelas partes 
contratantes, exige de todos um comportamento condizente com um padrão ético de 
confiança e lealdade, induz deveres acessórios de conduta, impondo às partes compor-
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tamentos obrigatórios implicitamente contidos em todos os contratos, a serem obser-
vados para que se concretizem as justas expectativas oriundas da própria celebração e 
execução da avença, mantendo-se o equilíbrio da relação. Essas regras de conduta não 
se orientam exclusivamente ao cumprimento da obrigação, permeando toda a relação 
contratual, de modo a viabilizar a satisfação dos interesses globais envolvidos no negó-
cio, sempre tendo em vista a plena realização da sua finalidade social. Além disso, o refe-
rido princípio tem a função de limitar o exercício dos direitos subjetivos. A esta função, 
aplica-se a teoria do adimplemento substancial das obrigações e a teoria dos atos pró-
prios como meio de rever a amplitude e o alcance dos deveres contratuais, daí derivando 
o instituto da supressio, que indica a possibilidade de considerar suprimida determinada 
obrigação contratual na hipótese em que o não exercício do direito correspondente, pelo 
credor, gerar ao devedor a legítima expectativa de que esse não exercício se prorrogará 
no tempo. Em outras palavras, haverá redução do conteúdo obrigacional pela inércia qua-
lificada de uma das partes em exercer direito ou faculdade ao longo da execução do con-
trato, criando para a outra a sensação válida e plausível – a ser apurada casuisticamente 
– de ter havido a renúncia àquela prerrogativa. Assim, o princípio da boa-fé objetiva torna 
inviável a pretensão do representante comercial de exigir retroativamente valores que 
foram por ele dispensados, de forma a preservar uma expectativa legítima, construída e 
mantida ao longo de toda a relação contratual pelo representado.” (REsp 1.162.985/RS, 
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 18-6-2013, ver Informativo n. 523). (Grifos nossos.)
• Surrectio
A surrectio pode ser verificada nos casos em que, com o transcorrer do tempo, permite 
concluir o surgimento de uma posição jurídica, pela regra da boa-fé. Normalmente, é figura cor-
relata à supressio. Contudo, a surrectio apresenta uma ampliação do conteúdo obrigacional. A 
atitude de uma das partes provoca na outra a expectativa de direito ou faculdade não pactuada.
Conforme julgado do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, que, ao apreciar a alteração táci-
ta de cláusula de preço, decidiu:
JURISPRUDÊNCIA
“Direito civil. Locação residencial. Situação jurídica continuada ao arrepio do contrato. 
Cláusula de preço. Fenômeno da surrectio a garantir seja mantido o ajuste tacitamente 
convencionado. Situação criada ao arrepio de cláusula contratual livremente convencio-
nada pela qual a locadora aceita, por certo lapso temporal, aluguel a preço inferior àquele 
expressamente ajustado, cria, à luz do Direito Civil moderno, novo direito subjetivo, a esta-
bilizar a situação de fato já consolidada, em prestígio ao princípio da boa-fé contratual”
(TJMG, ACI 1.0024.03.163299-5/001, Rel. Des. Mauro Soares de Freitas, 16ª Câmara 
Cível, julgado em 7-3-2007).
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O próprio Código Civil respalda tal entendimento, em seu art. 330: “O pagamento reiteradamente 
feito em outro local faz presumir a renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato”.
Enquanto a supressio é uma limitação – que pode até gerar uma supressão total – do di-
reito subjetivo; a surrectio é a outra face desse fenômeno, isto é, o surgimento ou a aquisição 
de um direito subjetivo em decorrência de uma situação de reiterada violação contratual ou 
legal, de modo a presumir uma nova conformação jurídica, dadas as circunstâncias objetivas. 
Na doutrina afirma-se que a supressio e a surrectio são verso e reverso da mesma moeda, ou 
seja,constituem figuras concomitantes.9
• Tu quoque
Literalmente, significa “e tu também”, em referência à frase de Júlio César dita a Brutus. O 
tu quoque é verificado nas situações em que existe um determinado comportamento dentro 
do contrato que viola seu conteúdo, o qual, apesar disso,10 ocasiona que a parte exija um com-
portamento em circunstâncias iguais as quais ele mesmo deixou de cumprir.
Resumindo, a parte não pode exigir da outra um comportamento que ela própria não obser-
vou. O art. 180 do Código Civil é exemplo típico deste instituto:
“Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, 
invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de 
obrigar-se, declarou-se maior.”
Deste modo, aquele que viola as suas obrigações contratuais não pode se aproveitar da 
sua própria falta para se favorecer. A exceção do contrato não cumprido, disposta no artigo 
476 do CC: “Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obri-
gação, pode exigir o implemento da do outro.” representa bem o tu quoque.
A pretensão ao cumprimento, nos contratos bilaterais, só é plenamente eficaz se houver 
o desempenho da prestação a ela vinculada. Não se pode exigir o cumprimento enquanto o 
débito não for quitado.
O Enunciado n. 412 da V Jornada de Direito Civil prevê:
“Art. 187. As diversas hipóteses de exercício inadmissível de uma situação jurídica subjetiva, tais 
como supressio, tu quoque, surrectio e venire contra factum proprium, são concreções da boa-fé 
objetiva.”
O Enunciado n. 413 da V Jornada versou:
“Art. 187. Os bons costumes previstos no art. 187 do CC possuem natureza subjetiva, destinada ao 
controle da moralidade social de determinada época, e objetiva, para permitir a sindicância da viola-
ção dos negócios jurídicos em questões não abrangidas pela função social e pela boa-fé objetiva.”
9 Direito civil. Introdução e teoria geral. Fabio Azevedo. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009.
10 Figuras parcelares da boa-fé objetiva e venire contra factum proprium. Luciano Camargo Penteado. Disponível em: <https://
edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5663730/mod_resource/content/1/Luciano%20de%20Camargo%20Penteado%20-%20
figuras%20parcelares%20da%20boa-f%C3%A9%20ºbjetiva.pdf>.
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E ainda, o Enunciado n. 414:
“Art. 187. A cláusula geral do art. 187, Código Civil tem fundamento constitucional nos princípios 
da solidariedade, devido processo legal e proteção da confiança e aplica-se a todos os ramos do 
direito.”
Assim, observa-se a aplicação na jurisprudência:
JURISPRUDÊNCIA
“Direito civil. Recurso especial. Pactuação, por acordo de vontades, de distrato. Recalci-
trância da devedora em assinar o instrumento contratual. Arguição de vício de forma pela 
parte que deu causa ao vício. Impossibilidade. Auferimento de vantagem ignorando a 
extinção do contrato. Descabimento. 1. É incontroverso que o imóvel não estava na posse 
da locatária e as partes pactuaram distrato, tendo sido redigido o instrumento, todavia a 
ré locadora se recusou a assiná-lo, não podendo suscitar depois a inobservância ao para-
lelismo das formas para a extinção contratual. É que os institutos ligados à boa-fé obje-
tiva, notadamente a proibição do venire contra factum proprium, a supressio, a surrectio 
e o tu quoque, repelem atos que atentem contra a boa-fé objetiva. 2. Destarte, não pode 
a locadora alegar nulidade da avença (distrato), buscando manter o contrato rompido, e 
ainda obstar a devolução dos valores desembolsados pela locatária, ao argumento de 
que a lei exige forma para conferir validade à avença. 3. Recurso especial não provido” 
(REsp 1040606/ES, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em 24-4-2012, 
DJe 16-5-2012).
“Recurso ordinário em mandado de segurança. Administrativo. Titular de serventia judi-
cial suspenso preventivamente. Legalidade. Autotutela da moralidade e legalidade. 
Aplicação da teoria dos atos próprios (tu quoque). Ausência de direito líquido e certo. 
1. No caso dos autos, alega o recorrente violação de seu direito líquido e certo, em face 
do afastamento de suas funções – oficial de registro de imóveis –, pelo Juiz de Direito, 
com a finalidade de apurar denúncias de diversos crimes que o recorrente suposta-
mente teria cometido contra a Administração Pública, em razão da sua função. 2. Obser-
vância do devido processo legal para o afastamento do indiciado. Indícios veementes 
de perpetração de vários crimes contra a Administração Pública e atos de improbidade 
pelo oficial de registro. 3. Alegar o recorrente que o afastamento de suas funções, bem 
como a devida apuração dos fatos em face de fortes indícios de cometimento de crimes 
contra a administração, inclusive já com a quebra do sigilo bancária decretada, fere 
direito líquido e certo, é contrariar a lógica jurídica e a razoabilidade. A bem da verdade, 
essa postura do recorrente equivale ao comportamento contraditório – expressão parti-
cular da teoria dos atos próprios –, sintetizado no anexim tu quoque, reconhecido nesta 
Corte nas relações privadas, mas incidente, também, nos vínculos processuais, seja no 
âmbito do processo administrativo ou judicial. 4. Ausência do direito líquido e certo. 
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A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é firme no entendimento de que nada 
obsta o afastamento preventivo do titular de serviço notarial e de registro, por prazo 
indeterminado, a teor do disposto nos arts. 35 e 36 da Lei n. 8.935/1994. A suspensão 
preventiva não tem caráter punitivo, mas sim cautelar. Precedentes. Recurso ordinário 
improvido” (RMS 14.908/BA, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 
6-3-2007, DJ de 20-3-2007, p. 256).
• Duty to mitigate the loss
O Enunciado n. 169 da III Jornada de Direito Civil apresenta que: “O princípio da boa-fé ob-
jetiva deve levar o credor a evitar o agravamento do próprio prejuízo.”
Este enunciado é embasado pelo art. 77 da Convenção de Viena de 1980, que trata sobre 
venda internacional de mercadorias:
“A parte que invocar o inadimplemento do contrato deverá tomar as medidas que forem razoáveis, 
de acordo com as circunstâncias, para diminuir os prejuízos resultantes do descumprimento, in-
cluídos os lucros cessantes. Caso não adote estas medidas, a outra parte poderá pedir redução na 
indenização das perdas e danos, no montante da perda que deveria ter sido mitigada.”
A jurisprudência também expressa:
JURISPRUDÊNCIA
Direito civil. Contratos. Boa-fé objetiva. Standard ético-jurídico. Observância pelas partes 
contratantes. Deveres anexos. Duty to mitigate the loss. Dever de mitigar o próprio preju-
ízo. Inércia do credor. Agravamento do dano. Inadimplemento contratual. Recurso impro-
vido. 1. Boa-fé objetiva. Standard ético-jurídico. Observância pelos contratantes em todas 
as fases. Condutas pautadas pela probidade, cooperação e lealdade. 2. Relações obriga-
cionais. Atuação das partes. Preservação dos direitos dos contratantes na consecução 
dos fins. Impossibilidade de violação aos preceitos éticos insertos no ordenamento jurí-
dico. 3. Preceito decorrenteda boa-fé objetiva. Duty to mitigate the loss: o dever de miti-
gar o próprio prejuízo. Os contratantes devem tomar as medidas necessárias e possíveis 
para que o dano não seja agravado. A parte a que a perda aproveita não pode permanecer 
deliberadamente inerte diante do dano. Agravamento do prejuízo, em razão da inércia do 
credor. Infringência aos deveres de cooperação e lealdade. 4. Lição da doutrinadora Vera 
Maria Jacob de Fradera. Descuido com o dever de mitigar o prejuízo sofrido. O fato de ter 
deixado o devedor na posse do imóvel por quase 7 (sete) anos, sem que este cumprisse 
com o seu dever contratual (pagamento das prestações relativas ao contrato de compra e 
venda), evidencia a ausência de zelo com o patrimônio do credor, com o consequente agra-
vamento significativo das perdas, uma vez que a realização mais célere dos atos de defesa 
possessória diminuiriam a extensão do dano. 5. Violação ao princípio da boa-fé objetiva. 
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Caracterização de inadimplemento contratual a justificar a penalidade imposta pela Corte 
originária (exclusão de um ano de ressarcimento). 6. Recurso improvido” (REsp 758.518/
PR, Rel. Min. Vasco Della Giustina [Desembargador convocado do TJRS], Terceira Turma, 
julgado em 17-6-2010, DJe de 28-6-2010, REPDJe, 1º-7-2010, ver Informativo n. 439).
“Direito do consumidor. Instituição financeira. Devolução do bem. Boa-fé objetiva. Dever 
de informação. Duty to mitigate the loss. Verifica-se dos autos que o autor adquiriu um 
trator agrícola através de financiamento pela ré. Após o pagamento de algumas parce-
las, em razão de dificuldades financeiras, solicitou a devolução amigável do bem. Ocorre 
que o réu não entrou em contato com o autor, não fornecendo qualquer tipo de informa-
ção. O CC/2002, inspirado em valores éticos nas relações jurídicas, erigiu como princípio 
vetor de suas normas a boa-fé objetiva. A cláusula geral de boa-fé, tanto pelo CDC como 
pelo CC/2002, traz deveres anexos aos negócios jurídicos, impondo aos contratantes a 
observância de comportamentos leais, probos, exigindo a correta e abrangente informa-
ção sobre todo o conteúdo do contrato. O autor agiu com lealdade e, logo que verificou a 
impossibilidade de manutenção do contrato, devolveu imediatamente o bem, sendo certo 
que deve merecer tratamento diferenciado daqueles devedores que simplesmente deixam 
de pagar a dívida, permanecendo com o bem indistintamente. O réu, por sua vez, além de 
não informar adequadamente ao autor sobre o processo de devolução amigável do bem, 
demorou o equivalente a dois anos e três meses para notificar o autor da venda do bem. 
Desta forma, tendo em vista que o art. 39, XII, do CPDC impede que o réu deixe de estipular 
prazo para o cumprimento de sua obrigação, impõe-se o provimento parcial do recurso. 
Inegavelmente, as instituições financeiras colaboram com o endividamento exacerbado 
dos consumidores, infringindo o dever anexo de cooperação, relacionado diretamente 
com o princípio da boa-fé objetiva. Nesse contexto, pertinente in specie a construção “duty 
to mitigate the loss”, ou mitigação do prejuízo pelo próprio credor que encontra amparo 
no Enunciado n. 169 na III Jornada de Direito Civil: “princípio da boa-fé objetiva deve levar 
o credor a evitar o agravamento do próprio prejuízo”. Nesse diapasão, a partir da efetiva 
devolução do bem (16-11-2006), o autor só arcará com o saldo devedor reajustável pelo 
índice INPC, havendo a devida amortização do valor da venda do bem naquela data, consi-
derando que o réu é quem deve sofrer o ônus de sua desídia, uma vez que o autor entregou 
o bem imediatamente e não foi informado prévia e adequadamente sobre a soma total a 
pagar após a devolução do bem, sendo esta uma exigência legal, nos termos do art. 52 do 
CPDC. Provimento parcial do recurso” (TJRJ, Apelação Cível 0010623-64.2009.8.19.0209, 
Rel. Des. Roberto de Abreu e Silva, 9ª Câmara Cível, julgado em 2-8-2011).
“Direito Civil. Termo inicial da taxa de ocupação de imóvel alienado fiduciariamente no 
âmbito do SFH. Na hipótese em que frustrados os públicos leilões promovidos pelo fiduci-
ário para a alienação do imóvel objeto de alienação fiduciária no âmbito do Sistema Finan-
ceiro da Habitação (SFH), a taxa de ocupação será exigível do fiduciante em mora a partir 
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da data na qual se considera extinta a dívida (art. 27, § 5º, da Lei n. 9.514/1997), e não 
desde a data da consolidação da propriedade em nome do fiduciário (art. 27, caput, da Lei 
n. 9.514/1997). Nos termos da literalidade do art. 37-A da Lei n. 9.514/1997, “o “fiduciante 
pagará ao fiduciário, ou a quem vier a sucedê-lo, a título de taxa de ocupação do imóvel, 
por mês ou fração, valor correspondente a um por cento do valor a que se refere o inciso 
VI do art. 24, computado e exigível desde a data da alienação em leilão até a data em que 
o fiduciário, ou seus sucessores, vier a ser imitido na posse do imóvel”. O fundamento 
para que essa taxa não incida no período anterior à alienação é que a propriedade fiduci-
ária não se equipara à propriedade plena, por estar vinculada ao propósito de garantia da 
dívida, conforme expressamente dispõe o art. 1.367 do CC: “A propriedade fiduciária em 
garantia de bens móveis ou imóveis sujeita-se às disposições do Capítulo I do Título X do 
Livro III da Parte Especial deste Código e, no que for específico, à legislação especial per-
tinente, não se equiparando, para quaisquer efeitos, à propriedade plena de que trata o art. 
1.231”. Efetivamente, não se reconhece ao proprietário fiduciário os direitos de usar (jus 
utendi) e de fruir (jus fruendi) da coisa, restando-lhe apenas os direitos de dispor da coisa 
(jus abutendi) e de reavê-la de quem injustamente a possua (rei vindicatio). Essa limitação 
de poderes se mantém após a consolidação da propriedade em favor do credor fiduciário, 
pois essa consolidação se dá exclusivamente com o propósito de satisfazer a dívida. É o 
que dispõe o art. 1.364 do CC, litteris: “Vencida a dívida, e não paga, fica o credor obrigado 
a vender, judicial ou extrajudicialmente, a coisa a terceiros, a aplicar o preço no pagamento 
de seu crédito e das despesas de cobrança, e a entregar o saldo, se houver, ao devedor”. 
No mesmo sentido, o art. 27, caput, da Lei n. 9.514/1997, litteris: “Uma vez consolidada 
a propriedade em seu nome, o fiduciário, no prazo de trinta dias, contados da data do 
registro de que trata o § 7º do artigo anterior, promoverá público leilão para a alienação 
do imóvel”. Com efeito, o direito do credor se limita ao crédito, sendo a garantia (ainda 
que por meio de alienação fiduciária) um mero acessório, não podendo o credor se apro-
priar, simultaneamente, do crédito e da coisa dada em garantia, sob pena de bis in idem 
e enriquecimento sem causa. A taxa de ocupação do imóvel, pela sua própria definição, 
tem natureza de fruto do imóvel objeto da alienação fiduciária. Ora, se o credor fiduciário 
não dispõe do jus fruendi, não pode exigir do devedor o pagamento de taxa de ocupação. 
Efetivamente, os únicos frutos que podem ser exigidos pelo credor são os juros, frutos do 
capital mutuado. Entendimento diversogeraria bis in idem e enriquecimento sem causa 
do banco credor, pois, em razão do mútuo de certa quantia em dinheiro, o banco receberia 
dois frutos, os juros e a taxa de ocupação. Nessa esteira, observa-se que a redação do art. 
37-A da Lei n. 9.514/1997 foi precisa ao dispor que a taxa de ocupação somente é devida 
após a “data da alienação em leilão”, pois, antes da alienação, a propriedade não é plena, 
mas afetada à satisfação da dívida, não produzindo frutos em favor do credor fiduciário. 
Do mesmo modo, a redação do art. 38 da Lei n. 10.150/2000 também foi precisa ao insti-
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tuir o arrendamento especial com opção de compra apenas para os imóveis que a institui-
ção financeira tenha “arrematado, adjudicado ou recebido em dação em pagamento”, não 
para os imóveis adquiridos por consolidação da propriedade fiduciária. Sob outro ângulo, 
cabe destacar que a Lei impõe um rito célere à alienação extrajudicial, de modo que o pri-
meiro leilão deva ser realizado no prazo de trinta dias após o registro da consolidação da 
propriedade, conforme previsto no art. 27 da Lei n. 9.514/1997, independentemente da 
desocupação do imóvel. A fixação desse prazo exíguo tem o objetivo de evitar que a ins-
tituição financeira permaneça inerte após a consolidação da propriedade, deixando que 
a dívida se eleve aceleradamente, por força dos encargos da mora. Há, portanto, no refe-
rido art. 27, um fundamento de boa-fé objetiva, especificamente concretizada no preceito 
duty to mitigate the loss, explicado em precedente da Terceira Turma (REsp 758.518-PR, 
DJe 28-6-2010). Durante esse curto período de 30 dias, as perdas experimentadas pela 
instituição financeira já são adequadamente compensadas pela multa contratual. Aliás, 
a incidência de taxa de ocupação geraria o efeito deletério de estimular a inércia da insti-
tuição financeira, tendo em vista a incidência de mais um fator de incremento da dívida. 
Noutro norte, é certo que a boa-fé também impõe deveres ao mutuário, como o de desocu-
par o imóvel, caso não tenha purgado tempestivamente a mora. Porém, a violação desse 
dever impõe perdas potenciais ao próprio mutuário, não à instituição financeira, que já é 
remunerada pelos encargos contratuais, tendo em vista que o mutuário tem direito à resti-
tuição do saldo que restar das parcelas pagas após a quitação da dívida e dos encargos. 
Destaque-se, ainda, que a Lei n. 9.514/1997 confere ao mutuário o prazo de 60 dias para 
desocupar o imóvel (art. 30), mas prevê o prazo de apenas 30 dias para a realização do 
leilão, evidenciando que a lei deu mais relevância à liquidação da dívida do que à questão 
possessória. Mas, o que fazer na hipótese de leilão frustrado, em que não há alienação? 
Nessa hipótese, o art. 27 da Lei n. 9.514/1997 prevê a realização de um segundo leilão 
no prazo de 15 dias, após o qual a dívida será extinta compulsoriamente, exonerando-se 
ambas as partes de suas obrigações. Ora, havendo extinção da dívida, o imóvel deixa de 
estar afetado ao propósito de garantia, passando a integrar o patrimônio do credor de 
forma plena, o que se assemelha a uma adjudicação. A partir de então, o credor passa a 
titularizar todos os poderes inerentes ao domínio, fazendo jus aos frutos do imóvel, inclu-
sive na forma da taxa de ocupação (REsp 1.328.656-GO, Quarta Turma, DJe 18-9-2012). 
Esclareça-se que, no âmbito da Terceira Turma do STJ, há um julgado em que se admitiu a 
cobrança de taxa de ocupação desde a consolidação da propriedade, antes, portanto, da 
data do leilão (REsp 1.155.716-DF, Terceira Turma, DJe 22-3-2012). Esse julgado, contudo, 
diz respeito a uma situação específica, em que o leilão foi adiado por muito tempo, em 
razão de decisões judiciais precárias obtidas pelo mutuário; a taxa de ocupação, portanto, 
foi deferida como forma de compensar as perdas e danos acrescidas em razão dessa 
demora não imputável ao credor fiduciário.” (REsp 1.401.233-RS, Rel. Min. Paulo de Tarso 
Sanseverino, julgado em 17-11-2015, DJe 26-11-2015.) (Grifos nossos.)
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São exemplos no Código Civil:
“Art. 769. O segurado é obrigado a comunicar ao segurador, logo que saiba, todo incidente suscetível 
de agravar consideravelmente o risco coberto, sob pena de perder o direito à garantia, se provar que 
silenciou de má-fé.
§ 1º O segurador, desde que o faça nos quinze dias seguintes ao recebimento do aviso da agravação do 
risco sem culpa do segurado, poderá dar-lhe ciência, por escrito, de sua decisão de resolver o contrato.
§ 2º A resolução só será eficaz trinta dias após a notificação, devendo ser restituída pelo segurador 
a diferença do prêmio.”
“Art. 771. Sob pena de perder o direito à indenização, o segurado participará o sinistro ao segurador, 
logo que o saiba, e tomará as providências imediatas para minorar-lhe as consequências.
Parágrafo único. Correm à conta do segurador, até o limite fixado no contrato, as despesas de sal-
vamento consequente ao sinistro.”
• Adimplemento substancial
É quando um adimplemento é tão próximo do resultado final que, tendo em vista a conduta 
das partes, exclui-se o direito de resolução, permitindo somente o pedido de indenização. É in-
justo invalidar o contrato em razão de um inadimplemento mínimo, pois seria uma violação da 
função social e da boa-fé objetiva. Em resumo: não pode haver a resolução do vínculo obriga-
cional sempre que a desconformidade entre a conduta do devedor e a prestação estabelecida 
seja pouco relevante.11
Conforme as Jornadas de Direito Civil:
“Arts. 421, 422 e 475. O adimplemento substancial decorre dos princípios gerais contratuais, de 
modo a fazer preponderar a função social do contrato e o princípio da boa-fé objetiva, balizando a 
aplicação do art. 475.” (Enunciado n. 361 da IV Jornada de Direito Civil).
“Art. 475. Para a caracterização do adimplemento substancial (tal qual reconhecido pelo Enunciado 
361 da IV Jornada de Direito Civil – CJF), levam-se em conta tanto aspectos quantitativos quanto 
qualitativos.” (Enunciado n. 586 da VII Jornada de Direito Civil)
Segundo o STJ:
JURISPRUDÊNCIA
“Recurso especial. Direito civil. Responsabilidade civil. Ação de indenização por danos 
morais e materiais. Transtornos resultantes da busca e apreensão de automóvel. Finan-
ciamento. Alienação fiduciária em garantia. Inadimplemento parcial. Ausência de quitação 
de apenas uma das parcelas contratadas. Inaplicabilidade, no caso, da teoria do adimple-
mento substancial do contrato. Busca e apreensão. Autorização expressa do Decreto-lei 
n. 911/1969. Exercício regular de direito. Dever de indenizar. Inexistência. Pedido de desis-
tência recursal. Indeferimento. Termo final para apresentação. Início da sessão de julga-
mento. 1. Ação indenizatória promovida por devedor fiduciante com o propósito de ser 
reparado por supostos prejuízos, de ordem moral e material, decorrentes do cumprimento 
11 A boa-fé objetiva e o adimplemento substancial. Direito contratual. Temas atuais. Anderson Schereiber. São Paulo: Método, 2008
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de medida liminar deferida pelo juízo competente nos autos de ação de busca e apreensão 
de automóvel objeto de contrato de financiamento com cláusula de alienação fiduciária 
em garantia. 2. Recurso especial que veicula pretensão da instituição financeira ré de (i) 
ver excluída sua responsabilidade pelos apontados danos morais, reconhecida no acórdão 
recorrido, por ter agido, ao propor a ação de busca e apreensão do veículo, em exercício 
regular de direito e (ii) ver reconhecida a inaplicabilidade, no caso, da “teoria do adimple-
mento substancial do contrato”. 3. A prerrogativa conferida ao recorrente pelo art. 501 do 
Código de Processo Civil – de desistir de seu recurso a qualquer tempo e sem a anuência 
do recorrido ou eventuais litisconsortes – encontra termo final lógico no momento em que 
iniciado o julgamento da irresignação recursal. Não merece homologação, no caso, pedido 
de desistência recursal apresentado após já ter sido proferido o voto do relator e enquanto 
pendia de conclusão seu julgamento em virtude de pedido de vista. Precedentes. 4. A teor 
do que expressamente dispõem os arts. 2º e 3º do Decreto-Lei n. 911/1969, é assegurado 
ao credor fiduciário, em virtude da comprovação da mora ou do inadimplemento das obri-
gações assumidas pelo devedor fiduciante, pretender, em juízo, a busca e apreensão do 
bem alienado fiduciariamente. O ajuizamento de ação de busca e apreensão, nesse cená-
rio, constitui exercício regular de direito do credor, o que afasta sua responsabilidade pela 
reparação de danos morais resultantes do constrangimento alegadamente suportado pelo 
devedor quando do cumprimento da medida ali liminarmente deferida. 5. O fato de ter sido 
ajuizada a ação de busca e apreensão pelo inadimplemento de apenas 1 (uma) das 24 
(vinte e quatro) parcelas avençadas pelos contratantes não é capaz de, por si só, tornar 
ilícita a conduta do credor fiduciário, pois não há na legislação de regência nenhuma restri-
ção à utilização da referida medida judicial em hipóteses de inadimplemento meramente 
parcial da obrigação. 6. Segundo a teoria do adimplemento substancial, que atualmente 
tem sua aplicação admitida doutrinária e jurisprudencialmente, não se deve acolher a pre-
tensão do credor de extinguir o negócio em razão de inadimplemento que se refira a parcela 
de menos importância do conjunto de obrigações assumidas e já adimplidas pelo devedor. 
7. A aplicação do referido instituto, porém, não tem o condão de fazer desaparecer a dívida 
não paga, pelo que permanece possibilitado o credor fiduciário de perseguir seu crédito 
remanescente (ainda que considerado de menor importância quando comparado à tota-
lidade da obrigação contratual pelo devedor assumida) pelos meios em direito admitidos, 
dentre os quais se encontra a própria ação de busca e apreensão de que trata o Decre-
to-lei n. 911/1969, que não se confunde com a ação de rescisão contratual – esta, sim, 
potencialmente indevida em virtude do adimplemento substancial da obrigação. 8. Recurso 
especial provido para, restabelecendo a sentença de primeiro grau, julgar improcedente o 
pedido indenizatório autoral.” (REsp 1255179/RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Ter-
ceira Turma, julgado em 25-8-2015, DJe 18-11-2015).
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“Leasing. Adimplemento substancial. Trata-se de REsp oriundo de ação de reintegração 
de posse ajuizada pela ora recorrente em desfavor do ora recorrido por inadimplemento 
de contrato de arrendamento mercantil (leasing). A Turma, ao prosseguir o julgamento, 
por maioria, entendeu, entre outras questões, que, diante do substancial adimplemento 
do contrato, ou seja, foram pagas 31 das 36 prestações, mostra--se desproporcional a 
pretendida reintegração de posse e contraria princípios basilares do Direito Civil, como 
a função social do contrato e a boa-fé objetiva. Consignou-se que a regra que permite 
tal reintegração em caso de mora do devedor e, consequentemente, a resolução do con-
trato, no caso, deve sucumbir diante dos aludidos princípios. Observou-se que o meio de 
realização do crédito pelo qual optou a instituição financeira recorrente não se mostra 
consentâneo com a extensão do inadimplemento nem com o CC/2002. Ressaltou-se, 
ainda, que o recorrido pode, certamente, valer-se de meios menos gravosos e proporcio-
nalmente mais adequados à persecução do crédito remanescente, por exemplo, a execu-
ção do título” (Precedentes citados: REsp 272.739/MG, DJ de 2-4-2001; REsp 469.577/SC, 
DJ de 5-5-2003, e REsp 914.087/RJ, DJ de 29-10-2007. REsp 1.051.270/RS, Rel. Min. Luis 
Felipe Salomão, julgado em 4-8-2011)
educAção e InformAção dos consumIdores
“IV – educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, 
com vistas à melhoria do mercado de consumo;”
Este princípio estabelece que é dever de todos, Estado, entidades privadas de defesa do 
consumidor, empresas etc., informar e educar o consumidor acerca de seus direitos e deveres, 
para que possa atuar de maneira mais consciente no mercado de consumo, acarretando, con-
sequentemente, uma sociedade mais justa e equilibrada.
Este inciso apresenta paralelamente a educação e informação de fornecedores e consumi-
dores, manifestando a sua complementaridade. Assim, quanto mais informações, menor se-
rão os conflitos nas relações de consumo, justificando a preocupação com a conscientização 
das partes.
A Lei n. 12.291/2010, que obriga os locais comerciais e de prestação de serviços a ter em 
seus estabelecimentos um exemplar do CDC é um grande exemplo da aplicação deste princí-
pio. Destaca-se ainda o art. 6º, inciso II do CDC:
“Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
II – a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a 
liberdade de escolha e a igualdade nas contratações.”
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A educação, nessa perspectiva, deve ser pensada sob dois enfoques: a) educação formal, 
que é a ministrada no primeiro grau das escolas públicas e privadas, tratando o tema em disci-
plinas que apresentem os aspectos legais e institucionais, e ciências que cuidarão da qualida-
de da água e dos alimentos, etc.; b) educação informal, de responsabilidade dos próprios for-
necedores, procurando informar apropriadamente o consumidor em relação às características 
dos produtos e serviços colocados no mercado.12
Ademais, os órgãos públicos de proteção e defesa do consumidor têm um importante papel e 
têm desempenhado, e algumas entidades privadas também, a elaboração de cartilhas, realizado de-
bates e pesquisas de mercado, procurado informar e conscientizar os consumidores de seus direitos.
controle de QuAlIdAde e mecAnIsmos de AtendImento PelAs PróPrIAs 
emPresAs
“V – incentivo à criação, pelos fornecedores, de meios eficientes de controle de qualidade e segurança 
de produtos e serviços, assim como de mecanismos

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