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Aspectos Psiciológicos do Envelhecimento Aula 3

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Aspectos Psiciológicos do Envelhecimento – Aula 3 
 
 
DEFINIÇÃO 
Apresentação de um histórico conciso da relação entre Psicologia, desenvolvimento e envelhecimento e 
introdução a noções básicas sobre Psicologia e envelhecimento humano, com foco nos aspectos psicológicos e 
nos principais paradigmas e teorias que ajudam a compreender esse processo. 
PROPÓSITO 
Reconhecer a trajetória histórica, os conceitos e as principais contribuições da Psicologia do Envelhecimento 
para compreender as suas implicações nos sujeitos. 
OBJETIVOS 
MÓDULO 1 
Reconhecer os conceitos que propiciaram o surgimento da Psicologia do Envelhecimento 
MÓDULO 2 
Identificar os aspectos psicológicos fundamentais ligados ao processo de envelhecimento 
MÓDULO 3 
Identificar as principais contribuições dos paradigmas e das teorias psicológicas para a compreensão do 
envelhecimento humano 
Reconhecer os conceitos que propiciaram o surgimento da Psicologia do Envelhecimento 
 
A TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA PSICOLOGIA DO ENVELHECIMENTO 
A Psicologia é uma ciência que tem como ponto de partida a compreensão do ser humano em suas múltiplas 
facetas. O processo de desenvolvimento humano envolve a relação das variáveis biológicas, afetivas, 
cognitivas e sociais em todo curso da vida, realizando conexão com diferentes áreas do conhecimento, como: 
a Medicina, a Sociologia, a Biologia, a Educação, entre outras. Para a compreensão deste ser complexo, uma 
subárea deriva da Psicologia, chamada Psicologia do Desenvolvimento. 
Apenas no século XX, o envelhecimento humano começa ganhar visibilidade. Alguns teóricos do campo da 
Psicologia tinham a convicção de que os fatores psíquicos só se desenvolviam até a adolescência, ou seja, 
todas as experiências da infância seriam suficientes para a formação da personalidade e do arcabouço 
psicológico do sujeito durante toda a sua vida. 
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO 
Como o próprio nome já descreve, esta área do conhecimento da Psicologia tem como objetivo investigar as 
mudanças que ocorrem nos aspectos: físico, cognitivo, afetivo e social ao longo da vida do ser humano, do 
nascimento até velhice. 
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Fonte: ShutterstockFonte: Shutterstock. 
Por volta dos anos 1950, a Europa e os Estados Unidos registraram o aumento progressivo da população 
idosa e a diminuição da taxa de natalidade. Atrelada a este cenário, a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) 
colaborou para o envelhecimento demográfico registrado nesses locais. Estes fatores contribuíram para atrair 
o interesse de psicólogos, que passaram a estender os conceitos da idade adulta para a fase da velhice, já que 
as pessoas estavam vivendo mais, era necessário estudá-las. 
AUMENTO PROGRESSIVO DA POPULAÇÃO IDOSA 
Avanços científicos e melhoria das condições socioambientais, sanitárias e de saúde nos países desenvolvidos 
proporcionaram à população a diminuição de doenças, elevando a expectativa de vida, o que podemos 
chamar também de longevidade. 
OS ESTUDOS SOBRE O ENVELHECIMENTO HUMANO 
Um marco sobre os estudos do envelhecimento humano é a contribuição do psicólogo norte-
americano Stanley Hall, que, em 1922, apresentou uma significante contribuição para esta área ainda pouco 
explorada na época, por meio da publicação do livro Senescence: the Last Half of Life. 
Apesar de ser um grande precursor nos estudos sobre a infância e a adolescência, Stanley Hall defendia a ideia 
de que pessoas mais velhas poderiam apresentar diferenças na expressão dos seus sentimentos e no curso do 
pensamento, havendo, ainda, diferenças entre sujeitos da mesma faixa etária. 
STANLEY HALL 
Stanley Hall (1846-1924) foi um estudioso do desenvolvimento humano. Psicólogo e educador, ganhou 
notoriedade por suas pesquisas sobre a adolescência, mas foram seus estudos sobre o envelhecimento que 
mostraram a necessidade de se discutir esse assunto. 
Fonte: Tryphon. 
SAIBA MAIS 
Apesar do esforço científico, a veiculação e a popularidade da publicação de Hall (1922) não geraram grande 
interesse da sociedade e de pesquisadores, tendo em vista o panorama social e cultural em que estavam 
inseridos. Como evidenciar a temática do envelhecimento diante de uma baixa expectativa de vida e de um 
acesso restrito às condições de saúde? Com a expectativa de vida que não ultrapassava os 48 anos, e 
condições insalubres de trabalho, era difícil encontrar estudos otimistas sobre a velhice. 
A Psicologia buscava esforços para a produção de conhecimento sobre o envelhecimento humano, 
inspirando-se inicialmente na teoria da evolução das espécies de Darwin, compreendendo a vida em seu viés 
biológico, explicada por processos sequenciais de desenvolvimento, crescimento e maturação, por meio do 
ciclo da vida – nascimento, crescimento, reprodução, envelhecimento e morte. 
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O envelhecimento humano começa a ganhar espaço no cenário científico, acadêmico e social, sendo alvo de 
interesse não só da Psicologia, como também de outras áreas do conhecimento diante da complexidade das 
mudanças inerentes ao ciclo vital. Assume, assim, uma característica interdisciplinar. Com sua expansão para 
outros campos do conhecimento, a Gerontologia se torna uma ciência interdisciplinar em meados do século 
XX no Brasil. 
Para conceituar a Psicologia do Envelhecimento, utilizaremos os apontamentos de uma pesquisadora 
exponencial nesse campo, a psicóloga Anita Liberalesso Neri, que vem há décadas contribuindo para o avanço 
das pesquisas na área. 
ANITA LIBERALESSO NERI 
 
Fonte: Shutterstock 
 Anita Liberalesso Neri. Fonte: ASLE. 
Anita Liberalesso Neri é professora colaboradora no Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da 
Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. 
Fonte: Lattes 
 
A PSICOLOGIA DO ENVELHECIMENTO TEM COMO OBJETIVO ACOMPANHAR AS MUDANÇAS E O 
DESEMPENHO DOS ASPECTOS COGNITIVOS, AFETIVOS E SOCIAIS, BEM COMO AS ALTERAÇÕES NA 
MOTIVAÇÃO, NOS VALORES E NAS ATITUDES DOS ANOS MAIS AVANÇADOS DA VIDA ADULTA ATÉ A 
VELHICE. 
(NERI, 2004, p. 72) 
A autora complementa que, além de acompanhar os padrões de mudança comportamental associados ao 
avanço da idade, a Psicologia do Envelhecimento distingue alterações típicas da velhice das que são 
vivenciadas em outras idades. 
DESENVOLVIMENTO E ENVELHECIMENTO 
VOCÊ SABE QUAL É A RELAÇÃO ENTRE DESENVOLVIMENTO E ENVELHECIMENTO? 
Durante muito tempo, não havia um consenso entre os pesquisadores e a sociedade, de uma forma geral, 
sobre o processo de desenvolvimento humano. Com os avanços dos estudos sobre os aspectos do 
envelhecimento, ocorreram mudanças nas perspectivas sobre o desenvolvimento humano, incluindo novos 
enfoques e enfatizando todo o ciclo de vida. 
 
 
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CICLO DE VIDA 
Ciclo de vida é o entendimento de que, desde a fecundação até o momento da morte, o homem passa por 
diferentes fases com desenvolvimentos físicos distintos, que podem ser estudados para atingir, em cada 
etapa, o melhor desenvolvimento. 
QUANTAS MUDANÇAS JÁ OCORRERAM COM VOCÊ ATÉ HOJE? 
 
ALTERAÇÕES FÍSICAS 
 textura da pele 
 unhas 
 cabelos 
 aumento ou perda de peso corporal 
 
ALTERAÇÕES PSICOLÓGICAS 
 melhora ou piora na capacidade de 
armazenamento da memória 
 esquecimentos 
 mudanças no comportamento 
 
ALTERAÇÕES SOCIAIS 
 mudança de emprego 
 casamento 
 nascimento dos filhos 
 entre outros 
 
À medida que envelhecemos, torna-se natural a ocorrência de mudanças em todas as fases de nossa vida; isso 
é desenvolvimento e envelhecimento. 
EVENTOS NORMATIVOS E NÃO NORMATIVOS 
Durante o nosso processo de desenvolvimento e envelhecimento, diversos acontecimentos marcam nossa 
história pessoal, refletindo na nossa forma de vivenciar e encarar a velhice. As diferenças individuais dos seres 
humanos se dão pelos diferentes percursos ao longo de suas vidas. Podemos dividi-los em: 
EVENTOS NORMATIVOS 
São aqueles que seguem uma norma, como se casar,ter filhos, aposentar, entrar na menopausa etc. Esses 
acontecimentos ocorrem de maneira semelhante para a maioria das pessoas pertencentes a um grupo etário 
e são influenciados por eventos biológicos, ambientais, históricos e culturais. 
EVENTOS NÃO NORMATIVOS 
Acontecem de maneira inesperada, alterando o ciclo natural da vida, como a ocorrência de um acidente, 
ganhar na loteria, a morte inesperada de um filho, entre outros eventos. 
Ambos os eventos interferem no processo de envelhecimento em todos os seus aspectos, tanto positiva como 
negativamente. Portanto, o modo como nos adaptamos a esses acontecimentos servirá como ponto 
importante para que alcancemos um melhor envelhecimento. 
RESUMINDO 
Não existe um só caminho para o envelhecimento do ser humano. Cada sujeito acumula suas experiências de 
vida, seus fatos mais marcantes e suas escolhas. O cruzamento das variáveis biológicas do organismo com os 
fatores sociais e culturais resulta no processo de envelhecimento como um evento singular e heterogêneo. 
A DIVISÃO DO CICLO DE VIDA EM PERÍODOS OU FASES CRONOLÓGICAS 
Período Faixa Etária 
Pré-Natal Da concepção até o nascimento 
Primeira Infância Do nascimento até os 3 anos 
Segunda Infância De 3 aos 6 anos 
Terceira Infância Dos 6 aos 11 anos 
Adolescência Dos 11 até aproximadamente 20 anos 
Jovem Adulto De 20 aos 40 anos 
Meia-idade De 40 anos 65 anos 
Velhice De 65 anos em diante 
SAIBA MAIS 
A divisão do ciclo de vida em períodos ou fases cronológicas é uma construção social. Trata-se de uma 
criação cultural para responder a alguma necessidade de determinada época. Atualmente, são considerados 
oito períodos correspondentes ao ciclo da vida, empregados nas sociedades ocidentais e descritos por Papalia 
e Feldman (2013). 
ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO 
A compreensão do desenvolvimento humano é baseada pela integração de quatro aspectos básicos que se 
relacionam e se manifestam de forma indissociável ao longo da vida, sendo objeto de estudo deste campo. 
São eles: 
 
ASPECTO FÍSICO-MOTOR 
Compreende o crescimento orgânico do corpo e a maturação do cérebro, 
incluindo as capacidades motoras e sensoriais 
 
ASPECTO COGNITIVO-INTELECTUAL 
Envolve o raciocínio, a memória, o pensamento, a linguagem e a 
criatividade. Em geral, é a nossa capacidade de aprendizagem 
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ASPECTO AFETIVO-EMOCIONAL 
É a forma particular de lidarmos com as experiências vividas. É a capacidade 
de sentir. Envolve nossos sentimentos, nossas emoções e nossa 
personalidade 
 
ASPECTO SOCIAL 
É o modo como nos relacionamos com os outros, com o meio que nos cerca 
e como instauramos nossas relações sociais 
Esses aspectos estão inter-relacionados, ou seja, cada um afeta o 
desenvolvimento do outro. 
EXEMPLO 
Se uma pessoa possuir alguma alteração na audição (aspecto físico), poderá haver prejuízo no seu 
aprendizado (aspecto cognitivo) e, ainda, influenciar o aspecto afetivo (apresentando timidez e retraimento) e 
social (podendo isolar-se). 
Entretanto, pode-se dizer que todos os aspectos mencionados acima sofrem influências de fatores ao longo 
do desenvolvimento, os quais podemos nomear de variáveis. Por meio delas, nós nos diferenciamos uns dos 
outros, nos tornando seres únicos, fazendo do nosso processo de desenvolvimento e envelhecimento um 
evento não universal. 
MAS O QUE NOS DIFERENCIA UNS DOS OUTROS? 
HEREDITARIEDADE 
É a carga genética que herdamos dos nossos pais biológicos. São nossas características inatas. 
 
MATURAÇÃO 
É o sequenciamento natural de alterações físicas, envolvendo o desenvolvimento do corpo e do cérebro. 
 
MEIO 
É o meio exterior ao indivíduo. É a totalidade de experiências vivenciadas nos mais variados ambientes 
durante nosso desenvolvimento. 
 
DEFINIÇÃO DE ENVELHECIMENTO 
O conceito de envelhecimento teve vários contornos e inspirou pesquisadores ao longo do tempo. No vídeo a 
seguir, descobrimos um pouco mais sobre as percepções do envelhecimento! Vamos assistir! 
 
Os conceitos sobre envelhecimento humano abordam os diferentes aspectos do desenvolvimento. Em 
alguns, prevalece o campo biológico; em outros, o campo social ou, ainda, o psicológico. Neste sentido, Veras 
(1994) enfatiza que a imprecisão do termo tem forte relação com conotações ideológicas e políticas. 
 
Fonte: ShutterstockFonte: Shutterstock. 
ATENÇÃO 
O envelhecimento é um fenômeno universal, marcado por alterações biopsicossociais associadas à passagem 
do tempo. A velocidade e o tempo do processo de envelhecimento terão ritmo retardado ou acelerado a 
depender dos fatores ambientais (meio), genéticos (hereditários), hábitos, costumes, classe social, cultura etc. 
PADRÕES DE ENVELHECIMENTO 
Com o avanço dos estudos sobre o envelhecimento, muitos acometimentos relacionados puramente ao fato 
de envelhecer, atualmente, podem estar relacionados a outros fatores, como hábitos, estilos de vida e 
doenças, por exemplo. 
Podemos dividir o envelhecimento em dois processos: o primário e o secundário. 
ENVELHECIMENTO PRIMÁRIO OU NORMAL 
É um processo de deterioração natural do organismo, geneticamente programada. Pode-se dizer que é um 
somatório de alterações que impactam os aspectos funcionais, psicológicos e sociais. Sendo assim, como 
consequência desse processo, temos a condição natural de envelhecer, chamada de senescência. 
Consideram-se normais e esperados os declínios gradativos de habilidades individuais com o envelhecimento, 
portanto, alguns fatores, como o sistema motor, podem apresentar tempo maior de resposta. Todavia, essas 
alterações naturais não comprometem a vida pessoal, acarretando prejuízo nos fatores independência e 
autonomia do sujeito que envelhece. 
ENVELHECIMENTO SECUNDÁRIO OU PATOLÓGICO 
É caracterizado por fatores que, em grande parte, podem ser controlados e têm grande interferência da idade 
cronológica. Resulta na aquisição de doenças relacionadas a hábitos de vida, abusos e influências ambientais. 
Fatores como alimentação, sedentarismo, tabagismo e alcoolismo influenciam o envelhecimento secundário, 
também nomeado de senilidade. 
No envelhecimento secundário, é comum observar o avanço de doenças crônicas, como hipertensão e 
diabetes, em muitos casos, relacionadas aos hábitos e ao estilo de vida do sujeito durante a vida. A instalação 
de doenças na velhice expõe a fragilidade do idoso frente às condições de vulnerabilidade e dependência, 
provocadas pelo agravo do estado de saúde e podendo variar diante da situação socioeconômica do sujeito. 
SENESCÊNCIA 
Caráter do que é senescente, do que está envelhecendo; velhice. 
Fonte: Dicionário Online de Português. 
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ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO OU ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL 
 
COMO ENVELHECER DE FORMA SAUDÁVEL E BEM-SUCEDIDA? 
As transformações ocorridas na sociedade nos últimos anos – especialmente nas últimas décadas do século XX 
– somaram esforços para o aumento da consciência sobre as diferentes formas de se envelhecer, 
principalmente no campo da Gerontologia. 
SAIBA MAIS 
Neri e Freire (2000, p. 22) pontuam o aumento da consciência de que “[...] os idosos podem sentir-se felizes e 
realizados; quanto mais forem atuantes e estiverem integrados em seu meio social, menos ônus trarão para a 
família e para os serviços de saúde.” 
A literatura científica tem apontado a prevalência de um novo olhar para os estudos sobre os aspectos 
subjetivos do indivíduo, como a satisfação com a vida, a qualidade de vida, o bem-estar e a autoestima, 
colaborando para as discussões sobre o envelhecimento bem-sucedido. 
Essa definição de envelhecimento bem-sucedido propiciou um movimento no campo científico, surgindo 
críticas a esse modelo. 
A CRÍTICA CENTRAL PAIRAVA SOBRE A RESPONSABILIZAÇÃO UNICAMENTE DO SUJEITO ENVELHECIDO 
SOBRE O CURSO DE SEU ENVELHECIMENTO. 
As críticas proporcionaram o surgimento de novos estudos e de novas teorias no campo do envelhecimento. 
ENVELHECIMENTO 
É entendido como um processosingular, universal e multifatorial relacionado às influências de toda a 
trajetória de vida, começando com a concepção e finalizando com a morte. Também chamado de 
envelhecimento normal, pode ser considerado como senescência. 
Papaléo Netto e Pontes (1996) definem envelhecimento como um processo progressivo marcado por 
alterações morfológicas, psicológicas, bioquímicas e funcionais, colaborando para dificuldade de adaptação do 
indivíduo ao meio e proporcionando maior vulnerabilidade a ele e maior prevalência de patologias que podem 
levá-lo até a morte. 
VELHICE 
Relembrando, a velhice pode ser entendida como um estado resultante do processo de envelhecimento, 
sendo a última fase do ciclo da vida. É uma tarefa complexa determinar o início da velhice devido à sua 
singularidade, tornando-se difícil a sua generalização. Podemos, assim, dizer que existem diversos modos de 
velhice, uma fase resultante de todo o percurso percorrido durante a vida. 
IDOSO 
Como vimos no vídeo, há diferentes formas de definição da velhice no Brasil. O Estatuto do Idoso – Lei nº 
10.741, de outubro de 2003 – baseado na idade cronológica, considera idosos todos os sujeitos que compõem 
a população com idade de 60 anos ou mais. Outra definição, levando em consideração a idade cronológica, é a 
da Organização Mundial da Saúde (2002) que estabelece como idosos os sujeitos com 60 anos ou mais nos 
países em desenvolvimento e 65 anos nos países desenvolvidos. 
Passaremos agora para o próximo módulo, no qual pontuaremos os aspectos psicológicos fundamentais 
ligados ao processo de envelhecimento. Mas, antes, teste os conhecimentos construídos até aqui por meio 
das atividades a seguir. 
VERIFICANDO O APRENDIZADO 
1. DURANTE MUITOS ANOS, OS ESTUDOS SOBRE DESENVOLVIMENTO HUMANO CENTRALIZARAM OS 
ASPECTOS DA INFÂNCIA E DA ADOLESCÊNCIA. SOBRE ESSE FATO PODEMOS AFIRMAR QUE: 
I – Acreditava-se que o processo de desenvolvimento humano era gradativo e se estendia por todas as fases 
da vida. 
II – Alguns teóricos enfatizavam que o desenvolvimento psíquico mantinha um progresso até a 
adolescência. 
III – O período da velhice era considerado uma fase marcada por ganhos e progressos, assim como a 
infância e a adolescência. 
A) I e II são falsas. 
B) Somente III é falsa. 
C) I e III são verdadeiras. 
D) Somente II é verdadeira. 
2. A COMPREENSÃO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO É BASEADA NA INTEGRAÇÃO DE QUATRO ASPECTOS 
BÁSICOS. SOBRE ESSES ASPECTOS, É CORRETO AFIRMAR QUE: 
A) Ao longo do desenvolvimento humano, estes aspectos se manifestam de forma indissociável. 
B) O aspecto cognitivo-intelectual, em geral, é a nossa capacidade de aprendizagem. 
C) Esses aspectos apresentam relação entre si. 
D) O aspecto social está associado com a forma de nos relacionarmos com os outros e com o meio que nos 
cerca. 
GABARITO 
1. Durante muitos anos, os estudos sobre desenvolvimento humano centralizaram os aspectos da infância e 
da adolescência. Sobre esse fato podemos afirmar que: 
A alternativa "D " está correta. 
Os estudos sobre o desenvolvimento humano mantiveram a atenção centrada por muitos anos na infância e 
na adolescência, fase na qual, segundo acreditavam, haveria uma pausa no desenvolvimento, que não 
ocorreria mais na vida adulta nem na velhice. Além disso, consideravam a velhice uma fase marcada apenas 
por perdas e declínios. 
2. A compreensão do desenvolvimento humano é baseada na integração de quatro aspectos básicos. Sobre 
esses aspectos, é correto afirmar que: 
A alternativa "A " está correta. 
Ao longo do processo de desenvolvimento humano os quatro aspectos: físico-motor, cognitivo-intelectual, 
afetivo-emocional e social se manifestam de forma indissociável, ou seja, sem possibilidade de 
distanciamento. 
 
Identificar os aspectos psicológicos fundamentais ligados ao processo de envelhecimento 
ASPECTOS PSICOLÓGICOS LIGADOS AO ENVELHECIMENTO 
O QUE SE ALTERA, DO PONTO DE VISTA PSICOLÓGICO, QUANDO ENVELHECEMOS? 
QUE ASPECTOS PSICOLÓGICOS PERMANECEM 
E QUAIS APRESENTAM MAIORES MUDANÇAS NA VELHICE? 
QUAL A IMPORTÂNCIA DE SE COMPREENDER O 
ENVELHECIMENTO DIANTE DA PERSPECTIVA PSICOLÓGICA? 
O desenvolvimento dos aspectos psicológicos envolve uma série de ajustamentos individuais frente às 
mudanças ocorridas no processo de envelhecimento e provenientes das alterações físicas, estéticas, 
cognitivas e afetivas. Uma grande variedade de transições ocorre com o passar dos anos e cada indivíduo 
apresenta uma maneira de lidar com essas transformações. Alguns buscam se adaptar às novas exigências da 
vida, outros tendem a negar e a negligenciar as necessidades apresentadas com o avançar da idade. 
 
As diferenças individuais no processo de adaptação frente ao envelhecimento constituem um dos principais 
componentes no desenvolvimento psicológico na velhice. Somada às nossas diferenças individuais, ou seja, à 
nossa capacidade de nos adaptar às mudanças, há a relação entre nossos fatores biológicos, patológicos ou 
não, com o meio externo e o contexto sociocultural. 
ASPECTOS COGNITIVOS 
O desempenho cognitivo está relacionado à nossa capacidade para lidar e interagir adequadamente com o 
ambiente diante dos estímulos apresentados, envolvendo as possibilidades de aprendizado. É a nossa 
habilidade de pensar, refletir, processar as informações e transmitir ideias através da linguagem. 
No vídeo a seguir, vamos conhecer um pouco mais sobre os aspectos cognitivos do envelhecimento. Vamos 
assistir! 
 
Durante o processo de desenvolvimento, é esperado o envelhecimento biológico do cérebro, algo que, ao 
contrário do que se pensa, não acontece de modo repentino. O declínio dos aspectos cognitivos não está 
relacionado apenas aos fatores cronológicos ligados ao envelhecimento, mas também aos hábitos, aos estilos 
de vida e à prevalência de doenças do sujeito. 
ATENÇÃO 
É importante compreender que muitas vezes o fator idade não é um determinante para as possíveis 
modificações nos aspectos cognitivos, contudo há evidências científicas que pontuam um real declínio de 
algumas funções cerebrais com o envelhecimento. 
Os estudos sobre os aspectos cerebrais no envelhecimento chegaram à conclusão que as alterações ocorridas 
no cérebro de pessoas com boas condições de saúde fazem pouca diferença no seu funcionamento. Todavia, 
na maioria das vezes, algumas alterações apresentam relação com as características individuais, a região 
cerebral e a complexidade da tarefa envolvida. 
 
Fonte: ShutterstockFonte: Shutterstock. 
Uma grande descoberta da neurociência é a capacidade de plasticidade cerebral, presente inclusive na 
velhice. Pode-se dizer que a neuroplasticidade, assim também nomeada, é a capacidade do cérebro de 
refazer ou reorganizar os circuitos para responder aos desafios do envelhecimento (PARK; GUTCHESS, 2006). 
DECLÍNIOS E GANHOS 
É importante destacar que nem todas as alterações ocorridas nos processos cognitivos durante o 
envelhecimento são declinantes ou destrutivas. Há evidências científicas mostrando que, apesar dos declínios 
que a cognição humana pode apresentar, o cérebro utiliza vias compensatórias para diminuir os prejuízos. 
Há um consenso entre os estudos e pesquisadores sobre os declínios cognitivos advindos com o 
envelhecimento natural do ser humano. A Medicina, a Neurociência e a própria Psicologia contribuíram para o 
avanço dos estudos sobre o cérebro de uma forma geral e os exames de imagens e testes psicométricos têm 
observado ganhos e manutenção de muitos outros aspectos da cognição. 
Entre os aspectos que apresentam declínio, ganhos e manutenção com o processo de envelhecimento, pode-
se destacar: 
 
Processamento das 
informações 
 
Declínio da inteligência 
fluida sobre a inteligência 
cristalizada 
 
Aspectos das 
Funções Executivas 
 
 
Memória 
 
 
Controle Inibitório 
 
 
 
PROCESSAMENTO DAS INFORMAÇÕES 
Com o envelhecimento cerebral, há uma diminuição dos receptores de dopamina, responsáveis pela atenção, 
influenciando nodirecionamento do foco atencional. Assim, o processamento das informações naturalmente 
torna-se mais lento. Contudo, o potencial de aprendizagem se mantém constante durante toda vida. É 
possível aprender com qualquer idade. 
VOCÊ CONHECE ALGUMA PESSOA QUE TENHA 
INICIADO UM CURSO DE GRADUAÇÃO APÓS OS 60 ANOS? 
DICA 
Merece destaque o fato de, com o envelhecimento, ser comum pessoas idosas apresentarem um 
engajamento mais construtivo para resolução de conflitos do que adultos mais jovens. Isso se deve pelo fato 
da amígdala (estrutura cerebral), local sede das nossas emoções, apresentar uma redução das respostas 
negativas a eventos com o envelhecimento. Ou seja, na velhice é possível haver uma autorregulação das 
emoções. 
DECLÍNIO DA INTELIGÊNCIA FLUIDA SOBRE A INTELIGÊNCIA CRISTALIZADA 
A inteligência cristalizada refere-se aos aprendizados adquiridos ao longo da vida, enquanto a inteligência 
fluida refere-se à capacidade de adquirir novos aprendizados mais complexos, sem conhecimento prévio. 
Por volta dos 60 anos, a inteligência fluida tem propensão a declinar, ao passo que a cristalizada permanece 
em manutenção. Esse fato pode explicar a dificuldade encontrada pela maioria das pessoas idosas em lidar 
com aprendizados novos mais complexos, como o manejo com as tecnologias. 
ATENÇÃO 
É importante destacar que a inteligência cristalizada difere do que chamamos de sabedoria. Embora muitos 
autores já tenham utilizado esses dois termos como sinônimos, ainda não há um consenso sobre o uso, 
principalmente pela dificuldade em mensurar a sabedoria. 
Entende-se como sabedoria a capacidade do sujeito em resolver os problemas da sua vida real, 
relacionando-se com a sagacidade, com os aspectos da personalidade e com a própria inteligência, a qual 
tende a aumentar com o passar dos anos. É o aprendizado da vida. É o somatório de vivências que colaboram 
para que, em determinada idade, a pessoa possa desfrutar do conhecimento acumulado. 
ASPECTOS DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS 
As funções executivas são processos cognitivos que estruturalmente localizam-se no córtex pré-frontal e 
possuem múltiplas funções, como o foco da atenção para informações relevantes e a inibição de ações 
irrelevantes, envolvendo o controle atencional da memória de trabalho e a atenção motora dirigida para a 
execução de um objetivo. 
Com o envelhecimento humano, o cérebro apresenta uma diminuição do seu peso e volume anatômico, 
especialmente no córtex pré-frontal, área responsável pelo controle das funções executivas. Com a 
diminuição progressiva cerebral, é provável que os declínios sejam cada vez mais evidentes. 
MEMÓRIA 
É muito comum associar o envelhecimento com os típicos esquecimentos. Geralmente, dizemos que uma 
pessoa está ficando velha quando ela manifesta algum tipo de esquecimento. Esse pensamento do senso 
comum é justificado. 
A capacidade de armazenamento da memória apresenta uma diminuição com a velhice, porém algumas áreas 
podem continuar preservadas. Esse declínio pode estar associado a uma diminuição do número e da eficiência 
dos neurônios envolvidos nessa área. 
 
 
 
 
ATENÇÃO 
Apesar do fator cronológico colaborar para o declínio, os estudos indicam que outros fatores podem colaborar 
para a diminuição da memória, como o nível socioeconômico, a escolaridade, os aspectos emocionais e a 
inatividade cognitiva, ou seja, a falta de estímulo cognitivo. 
Há uma relação estreita entre a memória, a inteligência e o aprendizado. Vimos que a inteligência fluida 
apresenta um declínio com o envelhecimento e está relacionada à memória de trabalho ou funcional, que 
naturalmente apresenta ruídos e declínios com o passar da idade. 
As tarefas rotineiras que envolvem a memória de trabalho ou funcional geralmente englobam a capacidade 
de se lembrar de algum fato, instrução ou comando em um curto período, associando com outras atividades 
cognitivas. É como se, em um tempo curto, os aspectos cognitivos precisassem dar respostas rápidas e 
assertivas. 
 
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Assim, pode se tornar uma tarefa complexa assistir a uma palestra e ao mesmo tempo escrever o que mais 
chamou atenção, sem que o foco atencional seja dispersado. Até porque, para que a pessoa possa 
compreender o que está sendo dito em determinado momento, é importante saber o que foi falado antes. 
Para tanto, outros aspectos da memória apresentam-se estáveis com o envelhecimento por fazer ligação com 
a inteligência cristalizada, como a lembrança de procedimentos aprendidos, o conhecimento de fatos etc. 
 
CONTROLE INIBITÓRIO 
O controle inibitório também apresenta alterações na velhice. Como principal alteração, pode-se notar 
uma dificuldade da pessoa em inibir atitudes e pensamentos inadequados ou que não possuem relação com 
o contexto apresentado. Geralmente a pessoa idosa que inicia ou apresenta alteração nesse aspecto pode 
falar assuntos sem relação com o tema abordado, ou mesmo gerar constrangimentos com comentários e 
atitudes desnecessários. 
De forma figurativa, o controle inibitório funciona como uma espécie de filtro, que nos impede de agir ou falar 
tudo o que vem ao pensamento. É muito comum a queixa de parentes ou de pessoas próximas do idoso em 
relação a esse aspecto. Essas alterações podem causar conflitos no meio familiar em que a pessoa idosa está 
inserida, de modo que muitas vezes a família reconhece esse “comportamento impulsivo” como parte de 
possíveis alterações cognitivas. 
É comum a atribuição deste comportamento como um fator pessoal da personalidade do idoso. A prevalência 
da disfunção executiva pode acarretar prejuízos nas atividades diárias, na rotina familiar e nas relações 
pessoais dos sujeitos idosos acometidos, assim como comorbidades, como a depressão geriátrica. É de suma 
importância que os familiares estejam atentos às mudanças observadas nos idosos próximos para que 
intervenções de cunho interdisciplinar possibilitem maior qualidade de vida para todos os envolvidos. Em 
grande parte dos casos, os idosos acometidos por disfunções cognitivas não possuem consciência delas. 
 
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Essas alterações nos processos cognitivos apresentam-se como um circuito ou uma sequência. Cada aspecto 
vai interferindo no outro e assim por diante. Tanto quando falamos de declínios como quando falamos de 
ganhos. 
DESAFIOS MAIS QUE NECESSÁRIOS 
Apesar de ter ficado evidente que, com o envelhecimento, alguns aspectos da cognição apresentem uma 
diminuição das suas funções, as pesquisas e os estudos sobre o cérebro humano mostram um promissor 
caminho para a longevidade cerebral. 
 
Infelizmente, em nossa cultura ocidental, as pessoas estão mais preocupadas com o vigor do corpo físico 
externo, ou seja, com a aparência, do que com a saúde de um modo geral. Novos hábitos estão sendo 
provados, uma vez que a ciência mais do que já comprovou a necessidade da manutenção ativa do cérebro. 
Muitos desgastes cognitivos estão associados ao desuso e podem ser prevenidos com o engajamento em 
atividades que promovam desafios e treinamento cognitivo quanto mais cedo possível. Não é preciso esperar 
os 60 anos para envolver-se em atividades desafiantes, ou seja, em experiências novas que provoquem novas 
cognições. 
Treinamentos cognitivos, como aprender uma nova língua ou uma nova habilidade, apresentam-se 
promissores para a manutenção e a expansão dos potenciais cognitivos. A palavra de ordem é: desafio. 
 
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O QUE VOCÊ TEM FEITO PARA DESAFIAR SEU CÉREBRO? 
ASPECTOS EMOCIONAIS / AFETIVOS 
Abordaremos agora os principais aspectos emocionais e afetivos envolvidos no processo de envelhecimento e 
na velhice. Não existe nada mais subjetivo, heterogêneo e peculiar do que emoção e afeto. Falar de aspectos 
emocionais e afetivos no envelhecimento significa falar também de bem-estar psicológico. 
O QUE MUDA QUANDO ENVELHECEMOS? 
 
Muitos aspectos emocionais podem se modificar, enquanto outros podemmanter a estabilidade com o 
envelhecimento, contudo não existe uma padronização ou uma generalização sobre os fatores emocionais e 
afetivos no envelhecimento. 
Com o envelhecimento natural, ocorrem mudanças que afetam nosso aparato psicológico. Todavia, a forma 
como as encaramos é o que nos difere uns dos outros. 
 
Quantos idosos encaram o envelhecimento com vitalidade, mesmo com patologias? 
 
Já outros temem envelhecer, associando a velhice a uma fase de declínios e luto. 
Certamente cada um experimentará emoções e sentimentos diferentes para cada interpretação da vida. 
Entendemos como emoções um conjunto de expressões afetivas intensas e de curta duração dirigidas a 
alguém ou a algum fato. Acompanham reações fisiológicas na maioria das vezes, como choro, riso, 
tremedeiras, entre outros. Daniel Goleman (2001) descreve que as emoções sofrem influência das 
experiências vivenciadas, do meio e da cultura, sendo os impulsos que nos movem para agir e lidar com 
situações da vida de uma forma geral. 
Durante o processo de envelhecimento ocorrem modificações de ordem biopsicossocial, as quais impactam 
diretamente no aspecto psicológico. Podemos citar a dificuldade de ajustamento aos novos papéis, as perdas 
de pessoas próximas, a necessidade da busca por novas ocupações, a viuvez, a aposentadoria, o afastamento 
de vínculos sociais, a dificuldade de pensar no futuro, a aceitação da autoimagem, entre outros. 
 
EXEMPLO 
Se pararmos para analisar de que forma a sociedade ocidental, mais especificamente o Brasil, vem 
construindo a imagem da velhice na mídia, compreenderemos por que muitas pessoas temem envelhecer. A 
construção social e cultural da velhice reforça muito mais os aspectos negativos do envelhecer do que as suas 
potencialidades. Infelizmente ainda há um estigma em associar essa fase da vida com sentimentos negativos, 
tais como temor, frustação, perda e solidão. 
 
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Diferentemente do aspecto cognitivo, as emoções não se deterioram com o processo de envelhecimento. 
Existe apenas mudança na intensidade e na duração das emoções, como também na motivação do sujeito 
idoso. 
As pesquisas sobre envelhecimento psicológico sugerem que grande parte das pessoas idosas costuma 
apresentar estabilidade psíquica com alto nível de bem-estar e satisfação vital em comparação a adultos 
mais jovens. 
 
COMO IDOSOS PODEM APRESENTAR BEM-ESTAR QUANDO ACOMETIDOS DE ALGUM PROBLEMA DE 
SAÚDE? 
 
A mensuração do bem-estar é completamente subjetiva. Os fatores que mais comprometem o bem-estar e a 
qualidade de vida na velhice, mesmo que sejam acometidos por doenças crônicas, são: 
CAPACIDADE FUNCIONAL 
AUTONOMIA 
INDEPENDÊNCIA 
Uma boa saúde emocional na velhice engloba a necessidade de equilibrar as perdas inerentes e os ganhos 
potenciais em um processo contínuo de adaptação e de constante aprendizagem. Ou seja, idosos que 
possuem melhores condições de se adaptar aos fatos surgidos com a velhice possivelmente manifestariam 
melhores condições emocionais. 
Sobre essa capacidade adaptativa, pode-se dizer que possui grande relação com as características pessoais, 
fatores da personalidade do sujeito. 
Aprender a se adaptar, cultivar bons sentimentos e apresentar bom humor diante da vida, em grande parte, 
são características expressas pelo sujeito em outras fases da vida, e não apenas na velhice. 
 
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ATENÇÃO 
Muitas vezes, a baixa autoestima no processo de envelhecimento é decorrente do sentimento de 
dependência e perda da autonomia. É importante ressaltar que as emoções em si não são um problema no 
envelhecimento, o agravo é quando as emoções são reprimidas, não encontrando maneiras de serem 
expressas. 
ASPECTOS DA PERSONALIDADE E COMPORTAMENTAIS 
SERÁ QUE AS ALTERAÇÕES INERENTES AO ENVELHECIMENTO NOS INFLUENCIAM A PONTO DE MUDARMOS 
A NOSSA PERSONALIDADE? 
 
Esse questionamento é um grande impasse entre os pesquisadores, os quais, de um modo geral, 
compreendem que os níveis emocionais vão se tornando mais estáveis com o envelhecimento natural, 
podendo haver modificações positivas na personalidade durante a velhice. 
Pode-se dizer que os fatores relacionados à personalidade são promissores no envelhecimento, interferindo 
na saúde e na expectativa de vida, como também podem influenciar na potencialização de sintomas 
depressivos. Tal constatação pode ser observada em um estudo realizado por Irigaray e Schneider em 2007, 
cujos resultados permitiram compreender que: 
 
Idosos com características de personalidade mais voltadas para si, em comparação àquelas que são mais 
voltadas para o outro, apresentavam menos sintomas depressivos. 
Apesar de não chegarem a um consenso, pesquisadores encarregados de investigar o envelhecimento 
humano e seus desdobramentos apontam a possibilidade de haver modificações em alguns traços da 
personalidade na velhice. Pessoas idosas podem aprimorar e modificar padrões da personalidade para 
adquirir um melhor nível de bem-estar na velhice. 
 
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Há de se evidenciar que tanto o ambiente quanto os fatores genéticos influenciam a formação da 
personalidade. Seus pais, sua família, os seus círculos de amizade, seus relacionamentos amorosos, suas 
frustrações e dificuldades, além do ambiente onde cresceu, estudou, trabalhou, todos esses fatores e muitos 
outros interferiram na sua forma de ver, ser e agir no mundo. 
Fatores externos somados à genética, características inatas herdadas de seus pais biológicos, formam o que 
podemos chamar de personalidade. Tudo isso é o que faz de você um ser único! 
RESUMINDO 
Podemos dizer, então, que não existe um tipo de personalidade específica na velhice e nem em outras fases 
da vida, até porque os fatores genéticos e ambientais se diferem de pessoa para pessoa. Contudo, há alguns 
tipos de personalidade que permitem um melhor ajustamento do sujeito às demandas do envelhecimento do 
que outras. 
DEFINIÇÃO DE PERSONALIDADE 
Não há uma definição consensual sobre personalidade. O estudo sobre esse fator do desenvolvimento 
psicológico é influenciado pelas teorias adotadas por cada pesquisador. 
PERSONALIDADE COMO UM CONJUNTO DE CARACTERÍSTICAS INDIVIDUAIS COMPOSTAS POR 
COMPORTAMENTO, ATITUDES E PENSAMENTOS QUE SÃO RESPONSÁVEIS PELO AJUSTAMENTO DO 
INDIVÍDUO A SEU AMBIENTE. 
(ATKINSON, 1979) 
Autores como Hall, Lindzey e Campbell (2000) definiram que a personalidade engloba todos os 
acontecimentos ao longo da vida do sujeito, variando entre fatores recorrentes, estáveis e novos, 
harmonizando, por sua vez, o comportamento. 
SAIBA MAIS 
Quer saber mais sobre as teorias da personalidade? 
Clique aqui e conheça um pouco mais sobre o assunto. 
Passaremos agora para o último módulo, no qual pontuaremos as principais teorias elaboradas no campo da 
Psicologia com o intuito de compreender o envelhecimento humano e a velhice. Mas, antes, verifique os 
conhecimentos construídos até aqui por meio das atividades a seguir. 
 
 
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VERIFICANDO O APRENDIZADO 
1. QUANDO REFLETIMOS SOBRE A QUESTÃO DO ENVELHECIMENTO, TENDEMOS A PENSAR NA QUESTÃO DA 
SAÚDE – EM ESPECIAL NAS FRAGILIDADES – E NA SUSTENTABILIDADE, DIANTE DO FATO DE NÃO SER FORÇA 
PRODUTIVA E DO AUMENTO DE GASTOS. NO ENTANTO, OS ESTUDOS PSICOLÓGICOS SOBRE A VELHICE E A 
MANEIRA COMO OS SUJEITOS SE RELACIONAM COM ELA TÊM SE MODIFICADO. APESAR DISSO, AINDA 
EXISTEM DEMANDAS VITAIS PARA SE LIDAR EM VIRTUDE DAS MODIFICAÇÕES COMUMENTE 
EXPERIMENTADAS. SÃO ASPECTOS ANALISADOS PELA PSICOLOGIA NO QUE TANGE AO 
ENVELHECIMENTO, EXCETO: 
A) Os aspectos cognitivos, emocionais/afetivos e da personalidade/comportamentais configuram tais 
aspectos. 
B) Os aspectos cognitivos não apresentam relação com os aspectos emocionais e afetivos. 
C) Dentre os mecanismos envolvidos no aspecto cognitivo, podemos citar: atenção, percepção e inteligência. 
D) O envelhecimento biológico do cérebro não acontece de forma repentina.2. DANIEL GOLEMAN (2001) DESCREVE QUE AS EMOÇÕES SOFREM INFLUÊNCIA DAS EXPERIÊNCIAS 
VIVENCIADAS NO MEIO E NA CULTURA, SENDO OS IMPULSOS QUE NOS DIRECIONAM A AGIR E A LIDAR COM 
AS SITUAÇÕES DA VIDA. SOBRE AS EMOÇÕES, PODEMOS AFIRMAR: 
 
I – SÃO UM CONJUNTO DE EXPRESSÕES AFETIVAS BRANDAS E DE LONGA DURAÇÃO. 
II – SÃO GERALMENTE ACOMPANHADAS POR REAÇÕES FISIOLÓGICAS. 
III – GERALMENTE AS EMOÇÕES NÃO APRESENTAM DIRECIONALIDADE, MANIFESTAM-SE DE FORMA 
INDISCRIMINADA. 
 
DAS AFIRMAÇÕES ACIMA: 
A) Somente I e II são verdadeiras. 
B) Somente II e III são falsas. 
C) Somente I é falsa. 
D) Somente II é verdadeira. 
GABARITO 
1. Quando refletimos sobre a questão do envelhecimento, tendemos a pensar na questão da saúde – em 
especial nas fragilidades – e na sustentabilidade, diante do fato de não ser força produtiva e do aumento de 
gastos. No entanto, os estudos psicológicos sobre a velhice e a maneira como os sujeitos se relacionam com 
ela têm se modificado. Apesar disso, ainda existem demandas vitais para se lidar em virtude das 
modificações comumente experimentadas. São aspectos analisados pela Psicologia no que tange ao 
envelhecimento, exceto: 
A alternativa "B " está correta. 
Há a discussão de que o envelhecimento tiraria a condição de executar novas operações, tendendo a 
reproduzir o aprendido e ofertando dificuldades com o novo. A cognição é o traço diferencial - estamos 
falando de seus impactos, e não de seus aspectos neurológicos -, pois impacta um conjunto de relações 
sociais, de trabalho etc. A cognição é chave para o elo entre a relação física e seus impactos de inserção no 
tecido social. 
 
2. Daniel Goleman (2001) descreve que as emoções sofrem influência das experiências vivenciadas no meio 
e na cultura, sendo os impulsos que nos direcionam a agir e a lidar com as situações da vida. Sobre as 
emoções, podemos afirmar: 
 
I – São um conjunto de expressões afetivas brandas e de longa duração. 
II – São geralmente acompanhadas por reações fisiológicas. 
III – Geralmente as emoções não apresentam direcionalidade, manifestam-se de forma indiscriminada. 
 
Das afirmações acima: 
A alternativa "D " está correta. 
As emoções são manifestadas por um conjunto de expressões afetivas intensas e de curta duração dirigidas a 
alguém ou a algum fato. Acompanham, na maioria das vezes, reações fisiológicas, como choro, riso, 
tremedeira, entre outros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Identificar as principais contribuições dos paradigmas e das teorias psicológicas para a compreensão do 
envelhecimento humano 
TEORIAS E PARADIGMAS PSICOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO 
Agora que já conhecemos conceitos e aspectos psicológicos relativos ao processo de envelhecimento, vamos 
identificar paradigmas e teorias psicológicas para a compreensão do envelhecimento humano. 
No vídeo a seguir, a professora Priscila Maciel fará uma breve introdução aos paradigmas e às teorias da 
Psicologia do Envelhecimento. Vamos assistir! 
 
As teorias e os paradigmas psicológicos do envelhecimento, bem como os modelos teóricos, apresentavam 
um esforço em tentar descrever as mudanças comportamentais observadas ao longo da velhice e diferenciar 
o que era relacionado ao envelhecimento e peculiar à própria velhice do que era influenciado pelo contexto 
social e cultural. Buscavam, ainda, explicar as alterações entre indivíduos e grupos diante do envelhecimento, 
e se os processos psicológicos apresentavam estabilidade ou se modificavam com o passar do tempo em 
função de acontecimentos biológicos, psicológicos e sociais. 
Nos últimos 70 anos, as principais teorias e paradigmas deram novos contornos ao processo de 
envelhecimento. De acordo com Neri (2016), teorias e paradigmas diferem em relação aos seus objetivos. 
PARADIGMAS 
Embora não sejam considerados teorias, oferecem uma base para construções teóricas relevantes, e são, em 
grande parte, influenciados pelos fatos sócio-históricos. 
TEORIA 
É um conjunto de arcabouço de definições e leis gerais sobre um objeto, cuja finalidade é a construção do 
conhecimento crítico e científico sobre uma dada realidade. 
Para melhor organização deste módulo, dividiremos os paradigmas e as teorias, acompanhando uma ordem 
cronológica em relação ao tempo, espaço e contexto histórico. 
 
PRINCIPAIS PARADIGMAS 
A Psicologia de Desenvolvimento e Envelhecimento teve influência de importantes paradigmas, como o 
mecanicista, o organicista, o dialético, o de curso da vida e o de desenvolvimento ao longo de toda a vida, o 
último criado a partir da relação com a Sociologia. 
 
Paradigma 
mecanicista 
 
Paradigma 
organicista ou ciclos 
da vida 
 
Paradigma dialético 
 
Paradigma de curso 
da vida 
 
Paradigma de 
desenvolvimento ao 
longo de toda vida 
(Life-Span) 
PARADIGMA MECANICISTA 
A Psicologia estava em busca de ganhar a liberdade, ou seja, precisava se tornar uma Ciência, e para isso ela 
precisaria adotar métodos empíricos para provar suas teorias. 
Sendo assim, os experimentos adotados por esse paradigma exigiam a aplicação de testes sobre 
aprendizagem e o tempo de reação, concluindo que o fator cronológico implicava o declínio das habilidades. 
Ou seja, quanto mais idade o sujeito tinha, pior era seu rendimento devido ao rebaixamento e ao decréscimo 
de suas habilidades cognitivas. 
ATENÇÃO 
É importante ressaltar que nesta época a expectativa de vida era baixa; as condições de saúde, precárias; as 
condições de trabalho, insalubres. Ou seja, envelhecer com boa capacidade cognitiva era realmente um 
desafio. Todos esses fatores externos não eram levados em consideração. 
Ocorria assim uma padronização do desenvolvimento humano, negando a sua possibilidade após a 
adolescência. Essas ideias culminaram em críticas, principalmente por não considerarem os fatores externos 
como variáveis que poderiam influenciar o desenvolvimento e o resultado dos testes e das pesquisas. 
SAIBA MAIS 
Este paradigma teve grande repercussão no final do século XIX e se estendeu até o início dos anos 1960. 
Como o próprio nome já sugere, o paradigma mecanicista relacionava o desenvolvimento humano ao 
funcionamento de uma máquina, que apresentava interação com o meio e fornecia resposta, sem 
intervenção subjetiva do sujeito. 
 
PARADIGMA ORGANICISTA OU CICLOS DA VIDA 
Este paradigma compreendia o desenvolvimento humano baseado em estágios, em etapas, conhecido 
também como paradigma biológico do ciclo da vida. Foi postulado seguindo a ideia de sequência, 
irreversibilidade e universalidade, apontando um padrão de mudanças no desenvolvimento de forma 
ordenada. 
O cenário deste paradigma foi o período histórico europeu da década de 1930, tendo como grande inspiração 
a teoria de estágios de Darwin. 
De acordo com a visão organicista, o desenvolvimento humano era composto por etapas e orientado por 
princípios em direção à mudança, aceitando como variável a manifestação de determinantes históricos e 
socioculturais, que não eram considerados na visão mecanicista. 
O paradigma organicista colaborou para a elaboração de teorias que consideravam os princípios 
evolucionistas do desenvolvimento humano, as quais veremos posteriormente. 
 
PARADIGMA DIALÉTICO 
Como o próprio nome já nos sugere, o paradigma dialético se propõe a um diálogo entre as potenciais 
mudanças e a contradição, havendo uma interação recíproca entre os determinantes biológicos e inatos do 
sujeito com as influências psicossociais e culturais. Tem como objetivo afastar-se da perspectiva organicista, 
rejeitando a ideia de estágios orientados apenas por realizações e a compreensão do desenvolvimento como 
um percurso linear. 
Neste paradigma há o início de uma tentativa de compreender o desenvolvimento como um processo que 
permeia toda a vida. Durante o desenvolvimento humano, pode haver pontos de tensão ou crises referentes 
às etapas da vida. Influenciando tanto negativa como positivamente o ser humano, podem apresentar 
natureza: 
BIOLÓGICAExemplo: 
A menarca na adolescência 
PSICOSSOCIAL 
Exemplo: 
Aposentadoria 
HISTÓRICA 
Exemplo: 
Uma guerra 
ECOLÓGICA 
Exemplo: 
Um desastre ambiental 
Esses acontecimentos geram novas experiências no desenvolvimento do sujeito, marcado pelo enfrentamento 
dos desafios apresentados. Existe, então, a importância de adaptação do sujeito frente aos acontecimentos 
que podem ocorrer durante o desenvolvimento e o envelhecimento. 
PARADIGMA DE CURSO DA VIDA 
O meio social e o processo de socialização apresentam-se como conceitos centrais deste paradigma. O ser 
humano e o ambiente social relacionam-se mutuamente diante das necessidades de adaptação. O processo 
de desenvolvimento é um caminho contínuo que contempla toda a vida. 
Como pano de fundo contextual, destaca-se o pleno processo de industrialização, marcado pela urgência do 
capitalismo e a necessidade de produção das sociedades. Este paradigma teve forte relação com o aumento 
da população idosa e da expectativa de vida nos Estados Unidos e na Europa na metade do século XX. Assim, o 
contexto social estava sendo delineado pela ascensão de temas, como trabalho, escolarização, aposentadoria, 
entre outros. 
Para o paradigma do curso da vida, a sociedade apresenta trajetórias esperadas para cada etapa da vida e 
comportamentos apropriados para cada idade, levando os indivíduos a compreender como alguns percursos 
são normativos e naturais ao desenvolvimento. 
O processo de desenvolvimento deixa de ser regido pela idade cronológica e pelas crises, passando a 
contemplar a influência da família, da educação, do mundo do trabalho, do desenvolvimento físico e da 
saúde, aspectos moldados pelas instituições sociais. Este paradigma tem como fator principal a ênfase no 
processo de construção social e de desenvolvimento do sujeito adulto frente aos eventos normativos e não 
normativos. 
O paradigma de curso da vida contribuiu de maneira significativa para o delineamento dos conceitos e 
premissas do paradigma de desenvolvimento ao longo de toda a vida. 
PARADIGMA DE DESENVOLVIMENTO AO LONGO DE TODA VIDA (LIFE-SPAN) 
Trata-se de um paradigma que lança um novo fato aos pesquisadores interessados no envelhecimento 
humano. Entende que as pessoas, de um modo geral, podem envelhecer de forma saudável e bem-sucedida, 
ativa, com os aspectos cognitivos em pleno funcionamento e com considerada participação social. Contudo, 
este fato gerou inquietações e a necessidade de investigar os fatores contribuintes para essa possível forma 
de envelhecimento. 
ENVELHECIMENTO 
Paul Baltes (1939-2006) direciona a este paradigma a ideia de que estamos a nos desenvolver desde que 
nascemos até o dia em que morremos. Envelhecer de forma saudável é possível. 
SAIBA MAIS 
Traduzindo para a língua portuguesa, “Life-span” significa “vida útil”, apresentando como substantivo o termo 
“duração da vida”. O paradigma de desenvolvimento ao longo de toda a vida é atualmente o mais utilizado no 
campo científico e influente dentro da Psicologia do Envelhecimento e da Gerontologia. 
MAS, ENTÃO, QUAL É A FÓRMULA? SERIA APENAS UM ESFORÇO INDIVIDUAL DO SUJEITO? 
 
A perspectiva Life-Span compreende que o sujeito, ao longo do seu processo de desenvolvimento, preserva 
um potencial de desenvolvimento psicológico por toda a vida, havendo a possibilidade de equilibrar os ganhos 
e as perdas com processos de otimização. 
É um paradigma que contempla o desenvolvimento em variadas dimensões, entendido como um processo 
dinâmico e com interações constantes. Entende que existe um potencial de crescimento latente no sujeito 
durante toda sua vida, não limitado até a idade adulta, como antes pensado. O desenvolvimento humano é 
marcado por intensa confluência dos aspectos biológicos, psicológicos e culturais, apresentando modificações 
ao longo da vida. 
Durante a vida existem acontecimentos que intervêm no curso do nosso desenvolvimento, tanto negativa 
como positivamente. Paul Baltes categoriza essas influências em três classes chamadas de: influências 
graduadas pela idade, influências graduadas pela história e influências não normativas. Já vimos a relação 
dessas três influências sobre o desenvolvimento, colaborando para a construção das diferenças individuais e 
das trajetórias de vida, mediadas pelas relações sociais, pelo suporte social, pelas instituições e pela 
subjetividade. 
Influências graduadas pela idade 
Influências graduadas pela história 
Influências não normativas 
EXEMPLO 
De que maneira o evento não normativo da pandemia de Covid-19 impacta o grupo de pessoas idosas? 
Considere que esse grupo é o mais vulnerável para o acometimento do vírus, além do alto risco de 
mortalidade e do surgimento de comorbidades. 
Quanto aos principais aspectos sintetizados por Baltes (1987) sobre o paradigma Life-Span, destacaremos os 
seus principais apontamentos: 
 
 
 
 
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RECURSOS SOCIAIS E CULTURAIS 
Durante o percurso de desenvolvimento humano, somos atravessados por influências genético-biológicas, 
psicológicas e socioculturais. Assim, para que em idades mais avançadas o desenvolvimento continue a 
ocorrer, é fundamental oferecer a oportunidade de recursos sociais e culturais. 
Como exemplo, podemos citar a formulação de políticas públicas que ofereçam o acesso dos idosos a 
programas de saúde e educação, grupos de atividade física, entre outros. 
 
ASPECTO MULTIDIRECIONAL 
O aspecto multidirecional do envelhecimento nos permite entender a equilibração entre o crescimento e o 
declínio. Algumas habilidades parecem promissoras na velhice, enquanto outras apresentam-se como 
desafios. Podemos citar como crescimento a capacidade de autorregulação emocional mais bem desenvolvida 
na velhice, em detrimento da lentificação do processamento das informações como um real declínio no 
envelhecimento. Há uma balança existente no processo de desenvolvimento entre desafios e possibilidades. 
 
NÃO LINEARIDADE 
Baltes enfatiza a não linearidade do desenvolvimento, ou seja, que não existe uma única direção quando o 
assunto é desenvolvimento, defendendo, assim, a ideia de multidirecionalidade. 
 
RELAÇÃO ENTRE CRESCIMENTO (GANHOS) E DECLÍNIO (PERDAS) 
Estaremos em um processo de intensa relação entre crescimento (ganhos) e declínio (perdas) enquanto nos 
desenvolvemos. Esse movimento ocorre com todos nós, porém de forma singular e heterogênea. Com alguns 
sujeitos, as perdas se sobrepõem aos ganhos, já em outros os declínios são dificilmente notados. 
 
PLASTICIDADE COMPORTAMENTAL 
Sobre o potencial de plasticidade comportamental, pode-se dizer que, ao passar dos anos, nossas 
capacidades adaptativas diminuem. Isso ocorre porque na velhice as pessoas apresentam-se mais 
dependentes dos recursos ambientais. Essa capacidade diz respeito ainda à flexibilidade para lidar com novas 
situações, ou seja, às capacidades de reserva do sujeito. Vale notar o apego que grande parte das pessoas 
idosas tem a seus lares; seus espaços dentro de casa tornam-se mais selecionados, como a cadeira preferida, 
ou o lado do sofá, ou mesmo o espaço demarcado por anos na mesa durante as refeições. Todavia, esse 
aspecto pode ser modificado. 
 
REGULAÇÃO EMOCIONAL 
A regulação emocional (autorregulação da personalidade) apresenta níveis mais estáveis durante o processo 
de envelhecimento, de modo que, na velhice, é possível a continuidade de fatores, como o bem-estar, mesmo 
com a ocorrência de declínios e de problemas de saúde. É por esse motivo que muitos idosos apresentam um 
julgamento subjetivo de si mesmo, como felizes ou com boa qualidade de vida, mesmo com a presença, por 
exemplo, de doenças crônicas. 
O paradigma Life-Span abriu espaço para a discussão de novas teorias e de novos conceitos sobre o 
envelhecimento humano, ampliando e refinando os pressupostos encontrados por Baltes para explicar as 
possibilidades e os desafios da velhice. 
 
TEORIAS 
Como vimos, os paradigmas abriram espaço conceitual e reflexivo para o surgimento de teorias que 
pudessem amparara busca por explicações sobre o processo de desenvolvimento humano e a compreensão 
da velhice. Muito mais que compreender, o esforço dos pesquisadores centrava-se na busca por fatores que 
poderiam ou não influenciar o desenvolvimento no envelhecimento. 
Apresentaremos a seguir as principais teorias, seguindo uma organização proposta por Neri (2013), dividindo-
as em três categorias. A autora divide as teorias psicológicas voltadas para a compreensão do envelhecimento 
entre: clássicas, de transição e contemporâneas. Veja mais no quadro a seguir: 
 
TEORIA DO CURSO DA VIDA HUMANA 
Essa teoria também é conhecida como teoria de estágios ou fases do desenvolvimento. 
CLÁSSICAS TRANSIÇÃO CONTEMPORÂNEAS 
Teoria do curso 
da vida humana 
Bühler 
(1935) 
Kuhlen 
(1964) 
Teoria do 
desenvolvimento 
psicossocial da 
personalidade 
Erikson 
(1950,1953) 
Teoria da 
seletividade 
socioemocional 
Carstensen 
(1991) 
Teoria junguiana 
do 
desenvolvimento 
psicológico ao 
longo da vida 
Jung 
(1930) 
Teoria 
sociointeracionista 
da personalidade 
na velhice 
Neugarten 
et al. (1965) 
Teoria da 
dependência 
aprendida 
Baltes 
(1996) 
Teoria da 
atividade 
Havighurst 
(1953) 
 
Teoria do 
desengajamento 
ou afastamento 
Cummings 
e Henry 
(1961) 
 
 Teoria das tarefas evolutivas 
TEORIAS CLÁSSICAS 
As teorias clássicas tiveram forte influência do paradigma organicista, adotando referências das teorias 
psicológicas de estágio ou de ciclos do desenvolvimento na vida adulta e na velhice. São elas: 
 
TEORIA DO CURSO DA VIDA HUMANA 
 
TEORIA JUNGUIANA DO DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO AO LONGO DA VIDA 
 
TEORIA DA ATIVIDADE (teorias das tarefas evolutivas) 
 
TEORIA DO DESENGAJAMENTO OU AFASTAMENTO (teorias das tarefas evolutivas) 
 
 
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TEORIA DO CURSO DE VIDA HUMANA (1935) 
Essa teoria é fundamentada na ideia de que o desenvolvimento biológico (o que é esperado para idade) 
realizava um paralelo entre os processos de crescimento, estabilidade e declínio do organismo com os 
processos psicossociais em um movimento de progressão ordenado por fases. 
Essa teoria compreende que o nosso desenvolvimento é impulsionado pelo estabelecimento de metas a 
serem realizadas em cada etapa da vida, podendo ser dividido em 5 estágios. Abordaremos os estágios que 
remetem à vida adulta e à velhice a seguir: 
TEORIA 
Autora da teoria, Charlotte Bühler (1893-1974) foi uma psicóloga alemã interessada nos estudos sobre 
desenvolvimento humano e, especificamente, sobre o envelhecimento. Fonte: Wikipedia 
IDADE PROCESSO 
25 a 45 anos 
Processo de culminância do desenvolvimento: as metas são definidas para a atuação 
criativa por meio de atividade física e mental. É uma fase de autorrealização. 
45 a 65 anos 
Processo de conflito entre a expansão e a contração: momento de revisão da vida e de 
reelaboração das metas, as quais são orientadas para a preservação de uma ordem 
interna. É uma fase de autoavaliação. 
65 anos ou 
mais 
Processo de contração: há a predominância de um senso de realização e de fracasso em 
relação às metas. As metas geralmente são de curto prazo, e surge a necessidade de 
realização de metas passadas, voltando a atenção para a satisfação imediata. 
Todos esses processos apresentam como meta final o autodesenvolvimento, contudo há uma tendência em 
buscarmos a estabilidade e o afastamento a partir da segunda metade da vida. Os estudos de Bühler 
concluíram que, muito mais do que os declínios biológicos inerentes ao envelhecimento, a sensação de não 
realização das metas interfere de forma mais significativa no mau ajustamento psíquico na velhice. 
SAIBA MAIS 
Trinta anos após os apontamentos de Bühler, em 1964, Raymond Kühlen (1913-1967) replicou a mesma 
pesquisa da autora, apresentando uma reformulação mais recente desta teoria. O pesquisador identificou as 
mesmas tendências, porém observou que, com o passar da idade, adultos e idosos possuem novos estilos 
para realizarem suas metas. 
 
TEORIA JUNGUIANA DO DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO AO LONGO DA VIDA (1930) 
Carl Gustav Jung (1930), um dos grandes teóricos da Psicanálise, fomentou sua teoria da personalidade com 
base no seu trabalho clínico e observação de seus pacientes. Esta teoria é embasada pela compreensão do 
desenvolvimento humano em fases e em etapas. Jung acreditava que o desenvolvimento da personalidade 
ocorria à medida em que se atravessa os estágios anteriores. 
 
 
 
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CARL GUSTAV JUNG 
Carl Gustav Jung (1875-1961) foi um psiquiatra e psicoterapeuta suíço que fundou a Psicologia Analítica. Seu 
trabalho tem sido influente na Psiquiatria, Psicologia, Ciência da Religião, Literatura e áreas afins. 
Fonte: Wikipédia 
Ao contrário de Sigmund Freud (1856-1939), que enfatizava a primeira metade da vida, Jung se interessava 
pela segunda metade, englobando a meia-idade e a velhice. Boa parte de seus pacientes eram idosos, cujas 
queixas o fizeram compreender que a forma com que cada um lidava com as etapas anteriores influenciava a 
etapa vigente. 
SIGMUND FREUD 
Sigmund Freud foi um médico neurologista e psiquiatra, criador da Psicanálise. Suas teorias e seus 
tratamentos foram controversos no século XIX, e continuam a ser muito debatidos hoje, sendo de grande 
influência na Psicologia atual. Desde sua época, inspirou psicanalistas a criarem suas próprias teorias, sempre 
baseados nos pressupostos intrínsecos colocados por Freud, como a noção de inconsciente e transferência. 
Fonte: Wikipedia 
 
SIGMUND FREUD 
Primeira metade da vida 
 
CARL JUNG 
Segunda metade da vida 
Ao chegar à velhice, era esperado para Jung o sujeito apresentar uma diminuição da consciência, assim como 
o declínio da vitalidade. Porém, para esta teoria, o ponto central estava no estabelecimento de novas metas 
em função das novas demandas apresentadas na velhice. Muitos idosos buscavam vivenciar na velhice o 
mesmo vigor experimentado na juventude, implicando desajustes e frustrações. Era preciso compreender 
que, com o passar do tempo, novos contornos precisavam ser feitos e novos objetivos estabelecidos para 
que a autorrealização fosse um ponto a ser alcançado. 
SAIBA MAIS 
 
 
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Jung define o desenvolvimento humano em 4 etapas e 2 metades, descritas no quadro a seguir: 
PRIMEIRA METADE DA VIDA SEGUNDA METADE DE VIDA 
Infância Juventude Meia-idade Velhice 
TEORIAS DAS TAREFAS EVOLUTIVAS 
Essas teorias possuem seus embasamentos nos conhecimentos sociológicos relacionados ao paradigma de 
curso da vida. Somados ao aumento populacional do número de idosos, os gastos sociais tornaram-se 
eminentes e onerosos, assim a sociedade precisava se reformular. Portanto, novas teorias foram criadas para 
sanar os desafios que se apresentavam: muitas pessoas envelhecidas e os gastos com os serviços públicos. 
Uma das primeiras teorias evolutivas foi a teoria da atividade (1951). 
 
TEORIA DA ATIVIDADE (1951) 
A teoria da atividade foi desenvolvida por Havighurst (1951) e enfatizava as tarefas evolutivas como desafios 
normais associados à idade cronológica, influenciados pela maturação física, superação e valores e as 
expectativas da sociedade. As tarefas surgiam na vida dos sujeitos em determinados períodos e a forma de 
realização delas acarretava as tarefas posteriores. 
HAVIGHURST 
Robert James Havighurst (1900-1991) era químico, físico, educador e especialista em desenvolvimento 
humano e envelhecimento. 
Fonte: Wikipédia 
SUCESSO 
Quando as tarefas eram realizadas com êxito, havia um senso de ajustamento, sucesso e enfrentamento do 
que poderia vir à frente. 
FRACASSO 
A não realização ou o fracasso conduziria o sujeito a um sentimento de insatisfação pessoal, desaprovação 
social e a dificuldade em realizar as tarefas posteriores. 
A ideia central desta teoria baseia-se na afirmação de que, para envelhecer bem, é necessário manter-seativo. Enfatiza também a importância da substituição de papéis e da manutenção de um conceito positivo 
sobre si. A perda de papéis e a diminuição de atividades resultam em fatores de risco para a saúde na velhice. 
A palavra de ordem por sua vez era: atividade. 
Essa teoria culminou tanto no alargamento de propostas educativas e de programas de ocupação do 
tempo para idosos quanto na criação de universidades para esse público. 
 
TEORIA DO AFASTAMENTO (1961) 
Esta teoria leva em consideração os apontamentos anteriores de Bühler (1935) e de Jung (1971) sobre a 
tendência do afastamento como uma característica típica de pessoas a partir da meia-idade. 
Os pesquisadores Cummings e Henry (1961) acreditavam que o afastamento mútuo entre idosos e sociedade 
poderia gerar possibilidade de um envelhecimento satisfatório. Deste modo, defendiam a ideia de que, com 
os fatores biológicos em decadência, a proximidade com a morte era algo previsível e esperado, por isso, de 
forma progressiva e por vontade própria, os idosos abandonavam seus papéis como um fator protetivo do seu 
próprio envelhecimento. 
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ELAINE CUMMINGS 
Elaine Cummings foi diretora do Centro de pesquisa da mente da Universidade de Nova York. Estudou 
aspectos sociais de desvio e controle por um viés social, em parceria com centros de Psiquiatria e 
Psicologia. Foi autora de Ego and Milieu: Theory and Practice of Environmental Therapy and Growing Old: The 
Process of Disengagement 
Fonte: Ego and Milieu: Theory and Practice of Environmental Therapy and Growing Old: The Process of 
Disengagement 
WILLIAM E. HENRY 
William E. Henry (1918-1994) foi um psicólogo americano que trabalhou na avaliação da personalidade 
projetiva, particularmente em relação à liderança executiva. 
Fonte: Wikipédia 
MAS COMO ASSIM? MANTER-SE AFASTADO SOCIALMENTE, ESPERANDO A MORTE, SERIA UMA FORMA DE 
CRESCIMENTO? 
Precisamos recorrer ao contexto social. Nos anos 1960, essa teoria, aparentemente espantosa, fazia sentido. 
Era um período caracterizado pelo início precoce de declínios e de incapacidade em decorrência da idade. 
Com uma carga elevada e condições insalubres de trabalho, era necessário ter saúde física e funcional para 
manter o ritmo de trabalho, apoiando a ideia de desengajamento dos idosos do meio social. 
Esta teoria não se sustentou no meio científico. As evidências empíricas, ou seja, as evidências testadas, não 
explicavam por que os idosos se afastavam socialmente de forma voluntária, ou se os que não se afastavam 
enfrentavam algum tipo de problema. Daí a grande importância e relevância dos estudos longitudinais 
envolvendo cortes específicos para a comprovação de uma ideia. 
TEORIAS DE TRANSIÇÃO 
As teorias de transição, assim nomeadas e organizadas por Neri (2013), remetem à ideia de pertencerem a um 
grupo de teorias que aproximam seus conceitos do renomado e contemporâneo paradigma Life-Span. 
 
1 - TEORIA DOS ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL DA PERSONALIDADE 
2 - TEORIA SOCIOINTERACIONISTA DA PERSONALIDADE NA VELHICE 
1 - TEORIA DOS ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL DA PERSONALIDADE (1959) 
Apesar da teoria de Erik Erikson (1959) ser fundamentada no paradigma organicista baseado no ciclo da vida, 
Neri (2013) considera essa teoria pertencente à categoria de transição por considerar que esta substitui a 
ideia do desenvolvimento como um padrão linear, adotando, assim, uma visão dialética. 
A perspectiva psicossocial de Erik Erikson, também conhecida como as oito fases do ser humano, propõe que 
o desenvolvimento humano, assim como o da personalidade, é atravessado por oito fases, estágios ou idades. 
Esses estágios eram caracterizados por crises necessárias para o crescimento. 
 
 
 
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ERIK ERIKSON 
Erik Erikson (1902-1994) foi um psicanalista responsável pelo desenvolvimento da teoria do desenvolvimento 
psicossocial na Psicologia e um dos teóricos da Psicologia do Desenvolvimento. 
Erikson era psicanalista e ancorou suas ideias na Teoria psicossexual de Freud. Contudo, diferentemente de 
Freud, Erikson ampliou seus estudos para além da adolescência, contemplando o desenvolvimento por toda a 
vida, integrando os conhecimentos das ciências sociais. Centralizou a teoria na capacidade adaptativa do ego 
ao meio sociocultural por considerar o sujeito um ser puramente social. 
As crises, reconhecidas como ponto central do desenvolvimento humano nesta teoria, aparecem ao longo da 
vida de forma sequenciada. Cada estágio é regido por uma crise entre uma vertente positiva e negativa. A 
vivência das crises impulsiona pontos de tensão, os quais proporcionam o florescimento do ego e o 
crescimento pessoal. Ou seja, para que ocorresse o desenvolvimento, era necessário passar por desafios 
necessários, específicos para cada fase da vida. 
ATENÇÃO 
Observem que a cada fase há a crise psicossocial, caracterizada por uma dualidade e por suas tarefas 
evolutivas. Cada crise é vinculada a outra anterior, e o desenvolvimento humano “apropriado” dependerá do 
atravessamento de cada crise. Para Erikson (1959, 1968), deixar que o sujeito vivencie o desdobramento 
dessas crises de forma sequencial permitirá a manutenção da humanidade. 
2 - TEORIA SOCIOINTERACIONISTA DA PERSONALIDADE NA VELHICE (1965) 
Esta teoria foi descrita por uma psicóloga americana, chamada Bernice L. Neugarten, em 1965. Influenciada 
pelos conceitos da Sociologia, Neugarten não ancora sua teoria na ideia do desenvolvimento humano por 
estágios, e sim enfatiza o processo de socialização e a interação como elementos fundamentais. 
De acordo com esta teoria, a personalidade é um produto de intensa interação com o meio externo, com as 
relações sociais e com as experiências pessoais de cada um. O desenvolvimento do adulto até a velhice é 
organizado por processos e eventos sociais. 
BERNICE L. NEUGARTEN 
Bernice L. Neugarten (1916-2001) foi uma psicóloga americana especializada no desenvolvimento de adultos e 
na Psicologia do Envelhecimento. 
Fonte: Wikipédia 
A autora faz uma metáfora ao relacionar os acontecimentos sociais esperados, que nos organizam no tocante 
a nossa vida e nos fornecem um senso de normalidade, com o funcionamento de um relógio social. 
Isso quer dizer que o relógio social se apresenta como uma ideia de agenda social, a qual fornece ao sujeito 
um senso de ajustamento e de pertencimento a um grupo, demonstrando se você está em dia, adiantado ou 
atrasado em relação ao que é esperado para sua idade ou grupo. 
 
Fonte: ShutterstockFonte: Shutterstock. 
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Levando em consideração o período histórico de desenvolvimento desta teoria, aos 30 anos, uma mulher que 
não tivesse filhos poderia considerar-se atrasada em relação ao relógio social. 
O curso da vida apresenta-se por meio de crenças sociais sobre como devem ser nossas histórias individuais, 
com a institucionalização de papéis etários e de gênero, bem como por eventos subjetivos, como a idade 
subjetiva e a noção de normalidade em relação ao próprio desenvolvimento. O desenvolvimento é 
caracterizado e demarcado por eventos de transição biológica (menopausa) e sociológica (aposentadoria). 
ATUALMENTE, OS EVENTOS DE TRANSIÇÃO QUE PERPASSAM NOSSO DESENVOLVIMENTO SÃO 
GRADUADOS NO MESMO TEMPO? 
AS MULHERES TÊM SEUS FILHOS NAS MESMAS FASES OU IDADES? 
A APOSENTADORIA APRESENTA AINDA AS MESMAS QUESTÕES SOCIAIS QUE APRESENTAVA HÁ ANOS? 
TEORIAS CONTEMPORÂNEAS 
Enfim, chegamos às teorias atuais, chamadas de contemporâneas. Essas teorias centram seus conceitos em 
contrariedade às teorias clássicas, entendendo que o envelhecimento e o desenvolvimento são processos 
evolutivos e adaptativos. Consideram o processo de desenvolvimento como um caminho multilinear que, 
portanto, não possui um aspecto unilateral. Essas teorias vinculam-se ao paradigma Life-Span. 
1 - TEORIA DA SELETIVIDADE EMOCIONAL 
2 - TEORIA DA DEPENDÊNCIAAPRENDIDA 
1 - TEORIA DA SELETIVIDADE EMOCIONAL (1991) 
A teoria da seletividade socioemocional foi proposta por Laura L. Carstensen (1991) para oferecer respostas 
tanto para o declínio das interações sociais na velhice quanto para as modificações emocionais observadas 
nos comportamentos dos idosos. Sabe-se que a manutenção dos relacionamentos ao longo da vida configura 
um fator importante e protetivo ao idoso, porém, com a velhice, estes tornam-se mais selecionados. 
LAURA L. CARSTENSEN 
Laura L. Carstensen é professora de Psicologia na Universidade de Stanford, onde é diretora fundadora do 
Stanford Center on Longevity e pesquisadora principal do Laboratório de Desenvolvimento de Vida Útil de 
Stanford. 
Fonte: Wikipédia 
QUER DIZER, ENTÃO, QUE NA VELHICE NOS TORNAMOS MAIS SELETIVOS EM RELAÇÃO AOS NOSSOS 
CONTATOS SOCIAIS? 
Esta teoria nos mostra que sim! 
Como o próprio nome já descreve, ao avançar da idade, nos tornamos mais seletivos em relação às nossas 
companhias. Buscamos escolher estar ao lado de pessoas que nos façam bem emocionalmente. 
 
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A crença básica desta teoria é que a redução da busca por conexões sociais e interpessoais na velhice tem 
total relação com as novas necessidades emocionais e com a busca pela otimização. Idosos passam, portanto, 
a selecionar seus parceiros, seus círculos de amizade e seus objetivos. As relações sociais mantidas são 
aquelas que apresentam conforto emocional, geralmente de pessoas próximas e que possuem um grau de 
importância na vida do idoso. 
Os idosos tendem a moldar seus espaços sociais e suas relações na tentativa de potencializar os afetos 
agradáveis e minimizar os negativos, colaborando para a regulação dos seus aspectos socioemocionais. 
Traduzindo, escolhemos estar com quem efetivamente nos faz bem! 
2 - TEORIA DA DEPENDÊNCIA APRENDIDA (1996) 
Formulada por Margareth M. Baltes na década de 1990, esta teoria traz à cena o conceito de dependência 
como recurso multidimensional, e não como uma ideia expressa na literatura gerontológica, ligada apenas à 
baixa funcionalidade e à incapacidade. 
MARGARETH M. BALTES 
Margareth M. Baltes (1939-1999) foi uma psicóloga e gerontóloga alemã. Ela era casada com o psicólogo e 
pesquisador etário Paul B. Baltes. Juntos, eles receberam o Prêmio de Longevidade da Fundação IPSEN em 
2000. 
Fonte: Wikipédia 
Baltes (1996) entende que, nas mais variadas fases da vida, a dependência pode ser uma condição, tendo em 
vista os possíveis acometimentos que podem forçá-la. Sendo, portanto, a dependência um fenômeno 
presente em todo curso de vida. 
Esta teoria qualifica a dependência como um fator comportamental, podendo ser aprendido à medida que os 
comportamentos envolvidos são reforçados socialmente. A dependência na velhice é caracterizada por uma 
interação entre múltiplas variáveis, como a incapacidade, o senso de desamparo, a aposentadoria 
compulsória, a discriminação, a desestruturação do ambiente físico e social e os tratamentos 
medicamentosos. 
Para a pesquisadora, a dependência na velhice pode significar perdas quando não permite o engajamento do 
idoso em atividades necessárias para o desenvolvimento de suas funcionalidades físicas, psicológicas e sociais. 
Pode, ainda, ser direcionada para ganhos quando a colaboração do outro reflete em pleno funcionamento de 
suas funções adaptativas. 
RESUMINDO 
Neri (2013) enfatiza que, ao buscar compreender esta teoria, precisamos ter em mente que ganhos, perdas, 
dependência, adaptação, envelhecimento e contingência são condições que se permeiam intrinsicamente. 
VERIFICANDO O APRENDIZADO 
1. COMO O PRÓPRIO NOME JÁ SUGERE, O PARADIGMA DIALÉTICO SE PROPÕE A UM DIÁLOGO ENTRE AS 
MUDANÇAS E A ADAPTAÇÃO, HAVENDO UMA INTERAÇÃO RECÍPROCA ENTRE OS DETERMINANTES 
BIOLÓGICOS E INATOS DO SUJEITO COM AS INFLUÊNCIAS PSICOSSOCIAIS E CULTURAIS. A SEGUIR, LISTAMOS 
ALGUMAS AFIRMAÇÕES QUE PERMEIAM ESSE PARADIGMA. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE APRESENTA UMA 
AFIRMAÇÃO NÃO CORRESPONDENTE COM O PARADIGMA DIALÉTICO. 
A) Apresenta como objetivo o distanciamento do paradigma organicista. 
B) Neste paradigma, há uma tentativa em compreender o desenvolvimento como um processo não linear. 
C) Durante o processo de desenvolvimento humano, podem ocorrer pontos de tensão ou crises referentes às 
etapas da vida. 
D) O desenvolvimento humano deve ser compreendido como um processo que permeia toda a vida. 
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2. PARA ESTA TEORIA, O DESENVOLVIMENTO HUMANO SE ORGANIZA EM OITO ESTÁGIOS, QUE VÃO DO 
NASCIMENTO ATÉ A VELHICE. ESSES ESTÁGIOS CONTRIBUEM PARA A FORMAÇÃO DA PERSONALIDADE E, AO 
PASSAR POR CADA CRISE, O SUJEITO INFLUENCIARÁ SUA CAPACIDADE ADAPTATIVA DO EGO. QUAL DAS 
TEORIAS ESTUDADAS PROPÔS ESSA CONCEPÇÃO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO? 
A) Teoria das tarefas evolutivas. 
B) Teoria sociointeracionista da personalidade. 
C) Teoria junguiana de desenvolvimento psicológico ao longo da vida. 
D) Teoria do desenvolvimento psicossocial da personalidade. 
GABARITO 
1. Como o próprio nome já sugere, o paradigma dialético se propõe a um diálogo entre as mudanças e a 
adaptação, havendo uma interação recíproca entre os determinantes biológicos e inatos do sujeito com as 
influências psicossociais e culturais. A seguir, listamos algumas afirmações que permeiam esse paradigma. 
Assinale a alternativa que apresenta uma afirmação não correspondente com o paradigma dialético. 
A alternativa "B " está correta. 
No paradigma dialético, há um esforço em distanciar-se da ideia do desenvolvimento como um percurso 
composto por estágios e metas, compreendendo o desenvolvimento como um processo linear. 
 
2. Para esta teoria, o desenvolvimento humano se organiza em oito estágios, que vão do nascimento até a 
velhice. Esses estágios contribuem para a formação da personalidade e, ao passar por cada crise, o sujeito 
influenciará sua capacidade adaptativa do ego. Qual das teorias estudadas propôs essa concepção de 
desenvolvimento humano? 
A alternativa "D " está correta. 
A teoria do desenvolvimento psicossocial da personalidade, proposta por Erik Erikson, em 1950, apresenta-se 
como a única teoria do desenvolvimento humano organizada em oito estágios. 
 
CONCLUSÃO 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Neste tema, vimos que a Psicologia e o envelhecimento primeiro se aproximaram a partir da percepção de um 
problema: a sociedade mudou e, assim, surgiu a necessidade de se discutir o envelhecimento. Depois do 
interesse, o processo evoluiu para a urgência de se entender as dinâmicas do desenvolvimento, tentando 
compreender em quais condições de envelhecimento a Psicologia poderia se debruçar. 
Os amplos estudos que vieram a seguir permitiram o desenvolvimento de paradigmas e de teorias sobre o 
envelhecimento, mostrando como a Psicologia lida com esse campo singular de prática. 
 
	Aspectos Psiciológicos do Envelhecimento – Aula 3
	OBJETIVOS
	MÓDULO 1 Reconhecer os conceitos que propiciaram o surgimento da Psicologia do Envelhecimento
	MÓDULO 2 Identificar os aspectos psicológicos fundamentais ligados ao processo de envelhecimento
	MÓDULO 3 Identificar as principais contribuições dos paradigmas e das teorias psicológicas para a compreensão do envelhecimento humano
	OS ESTUDOS SOBRE O ENVELHECIMENTO HUMANO
	STANLEY HALL
	SAIBA MAIS
	ANITA LIBERALESSO NERI
	A PSICOLOGIA DO ENVELHECIMENTO TEM COMO OBJETIVO ACOMPANHAR AS MUDANÇAS E O DESEMPENHO DOS ASPECTOS COGNITIVOS, AFETIVOS E SOCIAIS, BEM COMO AS ALTERAÇÕES NA MOTIVAÇÃO, NOS VALORES E NAS ATITUDES DOS ANOS MAIS AVANÇADOS DA VIDA ADULTA ATÉ A VELHICE.
	DESENVOLVIMENTO E ENVELHECIMENTO VOCÊ SABE QUAL É A RELAÇÃO ENTRE DESENVOLVIMENTO E ENVELHECIMENTO?
	CICLO DE VIDA
	QUANTAS MUDANÇAS JÁ OCORRERAM COM VOCÊ ATÉ HOJE?
	EVENTOS NORMATIVOS E NÃO NORMATIVOS
	RESUMINDO
	A DIVISÃO DO CICLO DE VIDA EM PERÍODOS OU FASES CRONOLÓGICAS
	SAIBA MAIS
	ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
	HEREDITARIEDADE É a carga genética que herdamos dos nossos pais

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