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FACULDADE DE DESENVOLVIMENTO DO RIO GRANDE DO SUL – FADERGS BACHARELADO EM DIREITO DISCIPLINA CONTRATOS E RESPONSABILIDADE CONTRATUAL TRABALHO QUESTÕES N2 ANANDA DE OLIVEIRA BELLAGAMBA GESSICA HELENA BARBOSA WILLIAN BERNARDES DA SILVA SOUZA PORTO ALEGRE 2022 QUESTÕES: 1) Com cerimônia de casamento marcada para ocorrer nas Ilhas Maldivas, Karine entra em contato com Vera Beatriz, famosíssima estilista, referência na confecção de vestidos de noivas rendados, para adquirir seu vestido de noiva. Para tanto, elas assinam contrato no qual fica estipulado que (i) o vestido possuirá design único e tom de branco neve, ou seja, a peça seria confeccionada e fabricada exclusivamente para Karine, além de que ficaria proibida a reprodução e comercialização do vestido para outras clientes; e (ii) o contrato se aperfeiçoaria no momento em que Karine provasse o vestido e estivesse de acordo com o mesmo. Ocorre que, quatro meses antes do casamento de Karine, Vera Beatriz recebeu em seu atelier a cantora Anitta, que procurava o seu vestido de noiva para o seu casamento que seria realizado dentro de um mês. Nessa oportunidade, Vera Beatriz mostra para Anitta o vestido de Karine, o que faz com que Anitta se apaixone pelo design da peça. Considerando que Anitta estava disposta a pagar o triplo do preço que foi pago por Karine e fazer propaganda de Vera Beatriz em suas mídias sociais, sem qualquer custo, Vera Beatriz resolveu vender o vestido de Karine para Anitta. Tão logo Anitta deixa a loja de Vera Beatriz com o vestido em mãos, esta ordena a fabricação de um novo vestido para Karine, com algumas pequenas alterações no design, dentre as quais se destacava que o novo vestido de Karine seria na cor banco off white. Ao retirar o seu vestido de noiva, Karine fica em completo choque: o vestido não possuía o design que tinha sido elaborado em conjunto com Vera Beatriz ao longo de meses, tampouco possuía o tom de branco de vestidos de noivas, de modo que a peça seria inútil para o seu casamento. Diante dos fatos acima narrados: a) Identifique a espécie de contrato firmado entre Karine e Vera Beatriz, apontando seus elementos e as principais características: Trata-se de um contrato de compra e venda com as cláusulas especiais do contrato sujeito a prova, o qual, está regido pelo artigo 510 do Código Civil. b) Karine poderia considerar o contrato desfeito? Por qual motivo? Explique. Sim, pois o produto não era idôneo ao fim que se destinava e não possuía as características acordadas no contrato (cor do vestido e design). 2) Lisete, chefe do departamento jurídico da Google, é transferida para trabalhar na sede da empresa, que fica na Califórnia, Estados Unidos. Por conta disso, celebra contrato de compra e venda de seu apartamento com Carlos, prevendo que ela, Lisete, poderia resolver o contrato no prazo de um ano, desde que pagasse o preço recebido pelo imóvel e reembolsasse as despesas que Carlos tivesse com ele. O referido contrato de compra e venda, com todas as cláusulas pactuadas, foi devidamente levado ao registro de imóveis com atribuição para tal. Ocorre que, nesse período, Carlos vendeu o apartamento para Mara. Contudo, Lisete retorna ao Brasil antes do período estipulado no contrato e, ao ter ciência de que o novo proprietário do apartamento é Eraldo, notifica-o de que deseja retomar o imóvel, com o pagamento do valor do imóvel mais as despesas realizadas. Eraldo, porém, se recusa a receber as quantias, afirmando que o contrato sujeito à cláusula resolutiva foi pactuado com Carlos e, por isso, ela não tem qualquer direito a exigir perante ele. Diante dos fatos acima narrados, na condição de advogado consultado por Lisete, formule um parecer respondendo os questionamentos abaixo, citando o devido fundamento legal: a) Eraldo está correto? Lisete não conseguirá retomar o imóvel? Eraldo não está correto, uma vez que, foi pactuado a cláusula de retrovenda, a mesma consta no registro do imóvel, desta forma havendo a ciência do atual proprietário. Visto que, Lisete solicitou a devolução dentro do prazo estipulado e se dispôs a realizar os devidos pagamentos, podendo a mesma reaver o imóvel, devido ao art. 505, do CC. b) O que Lisete deverá fazer a partir da recusa de Eraldo em receber as quantias por ela oferecidas? Devido a recusa de Eraldo, como previsto no art. 506, do CC, para Lisete exercer seu direito de resgate, deverá depositar a quantia devida judicialmente, dando abertura a ação de consignação em pagamento, art. 539, do CPC. 3) Bruno e Aline são casados pelo regime de comunhão universal de bens e possuem três filhos: André, Bárbara e Carlos. Sendo o primeiro formando em Medicina Veterinária e os demais em Ciências Contábeis. Bruno necessita de dinheiro para o conserto de seu barco de pesca, porém grande parte de sua renda é destinada às despesas que tem o Sítio que possui em Águas Claras, pois o mesmo conta com um canil com 13 cachorros e a manutenção do mesmo lhe é muito onerosa. Sabendo que André adoraria viver no local e cuidar dos cães que lá estão, Bruno decide vender o Sítio pelo valor de mercado do mesmo, ou seja, R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais. Para tanto, fazem um simples contrato de compra e venda “de boca”, sem qualquer formalidade, até porque o pagamento seria feito em três parcelas, sendo uma entrada de R$ 10.000,00 e mais duas parcelas de R$ 7.500,00. Contudo, ao saberem que o Sítio não é mais de seu pai, Bárbara e Carlos ficam indignados, pois almejavam ficam com o imóvel quando seu pai morresse. Não obstante, ao descobrir que foi André quem comprou o sítio, ficam ainda mais indignados, pois nunca tiveram uma boa relação com o irmão. Diante dos fatos acima narrados: a) Sob qual fundamento e em qual prazo Bruna e Carlos podem invocar a invalidade do contrato? A venda pode ser anulável, pois os outros descendentes não foram consultados para a realização do negócio, art. 496, CC. Quanto ao prazo, se a lei não dispuser prazo para a anulação, entende-se que será 2 anos da data de conclusão da venda, art. 179, CC. b) O fato de o contrato não ter sido feito mediante escritura pública invalida o mesmo? Não, pois, de acordo com o art. 108, do CC, não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País, o que não é o caso em questão (imóvel no valor de 25 mil reais).