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EMPRESARIAL N1.2 AULA 05.2 - OUTROS TÍTULOS DE CRÉDITO Títulos Representativos São aqueles que exercem paralelamente à função documental a de título de crédito, na medida em que possibilitam ao proprietário da mercadoria custodiar a negociação com o valor que ela tem, sem prejuízo da custódia. -Conhecimento de Depósito; -Warrant; -Conhecimento de frete (ou de transporte). Este último representa a existência de um contrato de mercadoria transportada que pode ser via aérea, marítima ou terrestre e em razão da natureza, será atribuído o nome do título. Conhecimento De Depósito E Warrant Armazém-geral: é o estabelecimento comercial explorado pelo empresário individual ou sociedade empresária e tem como objetivo a guarda e conservação de coisas alheias, por um determinado período, que será estipulado pelo proprietário desses bens. Regras para evitar concorrência desleal - vedações: 1) Estabelecer preferência entre os depositantes*; 2) Recusar depósito previsto em seu regulamento interno; Se houver especialização em produtos agropecuários deverá ostentar o certificado do Ministério da Agricultura e Abastecimento. Salvo pela falta de espaço ou se for danificar as demais mercadorias. 3) Exercer comércio de mercadorias idênticas àquelas que se propôs a receber em depósito*; 4) Adquirir mercadorias expostas em seus estabelecimentos, ainda que a pretexto de consumo particular; 5) Emprestar ou negociar títulos de sua emissão. Para atuar neste mercado é imprescindível estar devidamente matriculado, nos termos da Lei de Registro de Empresa (Lei nº 8.934/94). Atores: trapicheiros e administradores dos armazéns-gerais – armazéns que abrigam mercadorias destinadas à importação e exportação. * Salvo quando se tratar de produto agropecuário Lei nº9973/00). O Conhecimento de Depósito e Warrant podem ser: •Gerais - Regulamentação: Decreto 1.102 de 1903. •Agropecuários – regulamentação: Lei nº 9973/00 e 11076/04. Os títulos serão emitidos pelos armazéns-gerais a pedido do depositante e substitui o recibo de depósito. O Conhecimento de Depósito e Warrant são criados juntos e podem circular de forma separada. Como regra, para retirar a mercadoria é necessária a apresentação de ambos pelo legítimo portador. Quais os direitos atribuídos ao detentor do Conhecimento de Depósito e do Warrant? Características: Conhecimento De Depósito: Representa o contrato de depósito, e o depositante pode negociar o título em vez da mercadoria por ele representada. Warrant Representa O Valor Das Mercadorias, é Uma Promessa De Pagamento Garantia Pela Mercadoria Depositada. Direitos E Deveres Dos Contratantes I. Do Armazém-Geral. Tem o dever de conservar e entregar de pronto e de forma fiel as mercadorias recebidas em depósito e responde por culpa, dolo ou fraude de seus empregados e prepostos por subtração ocorrida dentro do estabelecimento. Força maior, avarias e vícios proveniente do acondicionamento de mercadorias – isenção de responsabilidade, exceto se for expressamente pactuado e pagamento de taxa complementar. Prazo prescricional - 3 meses contados da data que a mercadoria deveria ser entregue. Direitos do armazém-geral: 1) Recebimento da contraprestação pelos serviços realizados: tarifa remuneratória de depósito e por outros serviços que disponibilizar. 2) Direito de retenção para garantir o pagamento dos serviços em caso de inadimplemento. Pode ser afastado em caso de falência. 3) Direito de indenização pelos prejuízos causados por culpa ou dolo do depositante. 4) Direito de preferência em relação às despesas com a conservação e com as operações, benefícios prestados às mercadorias, a pedido do dono, dos adiantamentos feitos com fretes e seguros, comissões e juros das mercadorias remetidas em consignação. Momento do exercício do direito de preferência: venda da mercadoria pelo credor detentor do warrant. Efetuado o leilão, pagas as comissões do leiloeiro, dos tributos e efetuado o reembolso das despesas, o saldo será dado ao detentor do warrant. Se o depositante falir? Habilitação de crédito. Crédito com direito especial de garantia (classe privilegiada tributária). II) DEPOSITANTE. - Deverá pagar o preço e indenizar pelos prejuízos que causar de forma culposa ou dolosa. - Direito de ação contra o armazém-geral contra os prejuízos decorrentes de furto, fraude ou má-conservação. Prazo prescricional: 3 meses da data que a mercadoria deveria ter sido devolvida. - Terá o direito ainda de examinar e verificar as mercadorias depositadas, conferir amostras, nos termos do regulamento do armazém-geral. É possível a devolução de mercadoria do mesmo gênero? É possível sim. Efeitos da emissão dos títulos de crédito. A mercadoria não poderá ser penhorada, embargada ou sofrer qualquer outro embaraço que prejudique a sua livre e plena disposição. Os títulos, por outro lado, poderão sofrer constrição por dívidas de seu portador. O Conhecimento de depósito e o warrant são emitidos unidos e podem ser separados pois possuem funções econômicas distintas. Conhecimento De Depósito - Meio De Circulação De Mercadorias. - Titularidade Sobre A Mercadoria - Tem O Direito Limitado A Entrega Da Mercadoria, Onerada Com Penhor. Warrant - Instrumento De Crédito Sobre As Mercadorias. - Recebe A Coisa Depositada Em Garantia Real De Seu Direito De Crédito. - Tem O Direito De Penhor Sobre A Coisa Depositada. Direito do portador com os títulos unidos: 1) Pedir a divisão do produto em lotes e exigir a emissão de títulos correspondentes a cada um destes lotes. 2) Retirar as mercadorias depositadas no armazém depositante. A limitação do direito de propriedade no Conhecimento de Depósito deixa de existir se seu detentor efetuar a quitação do valor do warrant, através de consignação no armazém do valor, juros e despesas do armazém. Exceções à exigência de apresentação do Conhecimento de Depósito e Warrant para retirada da mercadoria: 1) liberação em favor do titular do conhecimento de depósito endossado em separado, antes do vencimento da obrigação garantida pelo endosso do warrant, desde que deposite, junto ao armazém-geral, o valor desta obrigação; 2) execução da garantia pignoratícia, após o protesto do warrant, mediante leilão realizado no próprio armazém. Natureza jurídica do conhecimento de depósito: é um título representativo, que tem como fundamento a existência de um contrato de depósito em armazém-geral e importa na entrada de mercadoria determinada, especificada na cártula. Natureza jurídica do warrant: é um título causal que incorpora um direito real de penhor sobre a mercadoria. Observe-se que a representação e causalidade valem apenas em relação à sua origem, pois quando separado do conhecimento de depósito, circula de forma independente, como uma promessa de pagamento. Requisitos legais para emissão (D. 1102 de 2903, art. 15 §1º): 1) À ordem: circulam obrigatoriamente por endosso, não basta a simples tradição. 2) Designação do título: deve constar qual é o conhecimento de depósito e qual é o warrant. 3) Denominação da empresa do armazém-geral e sede: O emitente tem que constar dos títulos, na medida em que ele é responsável civil e criminal pelo cumprimento da legislação e pela emissão dos títulos. 4) Identificação do depositante ou terceiro por este indicado: são títulos nominativos, à ordem. Beneficiário original. 5) Local e prazo do depósito: confere ciência ao portador dos títulos para poder efetuar a retirada das mercadorias e também fiscalização das mesmas. Prazo: 6 meses podendo ser prorrogado de acordo com as partes. Se não houver prorrogação, será considerada coisa abandonada e o armazém irá notificar o depositante via postal para efetuar a retirada em até 8 dias sob pena de ser vendida em leilão público. 6) Discriminação da mercadoria: encontra justificativa para poder precificar a mercadoria. Deve constar o nome usual no mercado do produto, peso, estado do envoltório, marcas e indicações próprias que definem sua identidade, ressalvada a mercadoria a granel. 7) Identificação do Segurador: é obrigatóriaa contratação de seguro, devendo constar nos títulos a seguradora e o preço do seguro. Se se tratar de bens misturáveis, o beneficiário será o armazém. 8) Declaração fiscal e encargos: encargos e tributos preferem o direito de crédito do warrant pelo produto da venda da mercadoria e servem para dar transparência aos futuros endossatários. 9) Data de emissão: Serve para computar o tempo de armazenamento, bem como averiguar eventuais fraudes contra credores ou ineficácia e revogação de atos na falência, seja do depositante, seja do armazém. 10) Assinatura do emitente: ao assinar o depósito certifica que as mercadorias encontram-se em depósito, sua quantidade e qualidade, peso e estado de conservação. Circulação Dos Títulos Endosso: em branco ou em preto. Como calcular o valor para ser colocado no warrant para o primeiro endosso, já que não é requisito essencial da criação a discriminação da importância? Será formado pela importância do crédito garantido, pelo penhor da mercadoria, a taxa de juros e o vencimento e, deve ainda ser colocado no conhecimento de depósito. O endossatário, por sua vez, ao receber o warrant, assina o conhecimento de depósito. Se o warrant vencer e não for pago pelos devedores (endossantes e avalistas) ou pela consignação de pagamento comunicada pelo armazém-geral ao primeiro endossante do warrant, o portador deve protestar (seguirá pelas mesmas normas da Letra de Câmbio). Após o protesto o credor poderá em até dez dias iniciar a venda das mercadorias em leilão extrajudicial. Se inobservar o prazo de protesto e o início do leilão, o detentor perde o direito de acionar os devedores de regresso, mantendo-se apenas o primeiro endossante do warrant e todos os endossantes do conhecimento de depósito. Responsabilidade dos endossantes do conhecimento de depósito - Responsabilidade entre endossantes do CD. Existe a limitação do direito outorgado, ou seja a responsabilidade pela existência das mercadorias uma vez que seu título é o titular da mercadoria depositada. Não há protesto, pois não há regresso contra endossantes anteriores. - Responsabilidade para com o portador do warrant. O endossatário que adquire a propriedade das mercadorias sabe da limitação do direito de disposição em virtude do penhor. Assim, o portador do warrant pode acionar os endossantes do conhecimento de depósito. Obrigação do detentor do warrant para acionar os endossantes: tirar o protesto por falta de pagamento no prazo legal e dentro de dez dias e promover o início da venda das mercadorias. Cumprindo estas etapas poderá haver: 1) A satisfação integral do crédito pelo produto da venda, ou; 2) Satisfação parcial do crédito e direito ao portador do warrant acionar os endossantes anteriores do warrant (não do conhecimento de depósito). Aquele que efetuar o pagamento poderá exercer o direito de regresso contra o primeiro endossante do warrant. Todavia se não protestou ou promoveu a venda extrajudicial, o detentor do warrant poderá acionar judicialmente o primeiro endossante do warrant e todos os demais do conhecimento de depósito e a obrigação se firma no limite do valor das mercadorias e não da totalidade da dívida. A ação do detentor do warrant não é de entrega de mercadorias, mas tão somente de execução de crédito que onera as mercadorias. O endossante do conhecimento de depósito que pagar a dívida tem direito de regresso contra o devedor principal, ou seja o primeiro endossante do warrant. AULA 06 - CONTRATOS DE VENDA E COMPRA EMPRESARIAIS Conceito de venda e compra: É o contrato bilateral pelo qual uma das partes (vendedor) se obriga a transferir o domínio de uma coisa à outra (comprador), mediante a contraprestação de certo preço em dinheiro (vide art. 481 C.C.). De Plácido e Silva dispõe: “compreende ou designa a expressão o contrato pelo qual a pessoa, dona da coisa, acorda em transferir a sua propriedade a outra, mediante pagamento, por parte desta, do preço estipulado” (1993, p. 476, v. 1). Quando um contrato de venda e compra passa a ser empresarial? Será empresarial quando as partes forem empresárias ou sociedades empresárias e o objeto se destinar a atividade empresarial. Assim, o contrato empresarial trata de relações entre empresários e de coisas destinadas à organização econômica, ou seja, a produção de bens ou serviços. Características É um contrato consensual (consentimento), bilateral (direitos e obrigações recíprocas) e oneroso (preço). Pode ainda cumular com outros requisitos, no que diz respeito à forma, como ocorre nos casos em que o ato demanda escritura pública (venda e compra de bem imóvel). De forma geral é comutativo na medida que refere-se a coisas certas e determinadas, mas poderá ser aleatório também. Elementos formadores do contrato de venda e compra: o bem, o preço e o consentimento. A partir do momento que as partes definam sobre o bem e o preço, torna obrigatória e perfeita a venda e compra. 1) O bem (a coisa): é todo bem móvel, semovente ou imóvel utilizado pelo empresário ou sociedade empresária no exercício de sua atividade, seja para revenda ou para compor os atos empresariais. Requisitos do bem: a) Existência corpórea ou incorpórea, que pode ser potencial no momento da celebração, mas deve ser efetiva no momento da entrega. b) Individualidade, caracterizada pelo objeto determinado ou determinável. c) Disponibilidade no comércio; d) Possibilidade de ser transferida ao comprador. 2) O preço. As partes devem estipular um preço em dinheiro, distinguindo-se assim do contrato de permuta (troca). Fixação do preço. Pode ocorrer em tratativas individuais entre empresários ou fixadas em contrato anterior ou convenção (comissão mercantil). Moeda nacional? DL. nº 857/69 e Lei nº 10.192/01 admitem a formação de contratos em moeda estrangeira nos casos: I - aos contratos e títulos referentes a importação ou exportação de mercadorias; II - aos contratos de financiamento ou de prestação de garantias relativos às operações de exportação de bens e serviços vendidos a crédito para o exterior; III - aos contratos de compra e venda de câmbio em geral; IV - aos empréstimos e quaisquer outras obrigações cujo credor ou devedor seja pessoa residente e domiciliada no exterior, excetuados os contratos de locação de imóveis situados no território nacional; V - aos contratos que tenham por objeto a cessão,transferência, delegação, assunção ou modificação das obrigações referidas no item anterior, ainda que ambas as partes contratantes sejam pessoas residentes ou domiciliadas no país. No momento do vencimento será pago em moeda nacional ou estrangeira? Deverá ser convertido o valor em moeda nacional. Existe a possibilidade de não determinar o preço na formação do contrato? Sim, mas desde que seja determinável. Pode ser efetuado através de critérios: Objetivos: Cláusula arbitral, bolsa de valores, índices ou parâmetros objetivos. Subjetivos (fixados pelo legislador): tabelamento ou preço concorrente. Critérios para determinação de preço: arbitral, futuro e convencional Critério arbitral para determinação de preço. As partes designam ou se comprometem a designar terceiro para arbitrar a fixação do preço. Se o terceiro se recusar e se não houver acordo de substituir o árbitro a venda será declarada sem efeito. Critério futuro para determinação de preço. As partes estipulam data futura que prevê a fixação pela taxa de mercado ou bolsa, em dia e locais certos e determinados ou, ainda, índices ou parâmetros suscetíveis de objetiva determinação (art. 487 C.C.). Critério convencional para determinação de preço. Não optando as partes pelas formas anteriores aplicar-se-á a regra de que as partes sujeitam o preço concorrente de suas vendas habituais do vendedor. Forma E Prova Do Contrato Como regra, não exige forma especial, mas deverá ser verificado cada caso. Ex. imóveis, imóveis que compõem capital social, valores mobiliários nominativos, quotas sociais, títulos e licenças de propriedade industrial, etc. Prova testemunhal exclusiva? Registro contábil e escrituração fiscal.Quem pode servir de testemunha? Corretores, representantes autônomos, procuradores negociais, comissários e todas as demais pessoas que elucidem as condições em que o contrato foi formado. Execução Do Contrato De Venda E Compra Ultrapassada a fase de conclusão do contrato (consenso entre o bem e o preço), passa-se à fase de execução do mesmo, onde deverá haver a entrega do bem e o pagamento do preço. Todavia, as partes podem estipular prazo para pagamento ou prazo para a entrega, operação esta denominada venda a termo. A venda complexa é uma espécie de venda a termo, que se caracteriza pelo desdobramento do contrato inicial em vários outros que são dependentes daquele. Ex. Contrato de fornecimento. Direitos Dos Contratantes Fixado o preço, as partes poderão ajustar a forma em que se dará o pagamento: adiantado, à vista ou a prazo. Implicação: Se foi fixado pelas partes o pagamento adiantado ou à vista, o vendedor não será obrigado a cumprir sua obrigação de entregar o bem antes de receber o preço. Por outro lado, se a venda for a prazo, o vendedor deverá efetuar a entrega do bem antes do comprador pagar o preço. Este último caso possui uma exceção: na hipótese do comprador cair em insolvência. No âmbito empresarial, se for decretada a falência também poderá obstar a entrega. Este fenômeno é conhecido como right of stoppage in transitu, mas deverá seguir a regra do artigo 119, I da LF: “Nas relações contratuais a seguir mencionadas prevalecerão as seguintes regras: I – o vendedor não pode obstar a entrega das coisas expedidas ao devedor e ainda em trânsito, se o comprador, antes do requerimento da falência, as tiver revendido, sem fraude, à vista das faturas e conhecimentos de transporte, entregues ou remetidos pelo vendedor; ...”. Assim, o vendedor somente terá direito à restituição: “Art. 86. Proceder-se-á à restituição em dinheiro: I – se a coisa não mais existir ao tempo do pedido de restituição, hipótese em que o requerente receberá o valor da avaliação do bem, ou, no caso de ter ocorrido sua venda, o respectivo preço, em ambos os casos no valor atualizado; ...”. Obrigações Do Vendedor - Entrega da coisa e transferência do domínio; - Garantir o uso e gozo pleno da coisa vendida, obrigando-se pelos vícios ocultos; - Responder pela evicção. - Entrega do bem. - Lugar. - Despesas com tradição. - Débitos sobre o bem. Liberdade dos contratantes em decidir. Na omissão do contrato: Lugar da entrega: deve ocorrer onde a coisa se encontrava ao tempo da venda. Despesas da tradição:são devidas pelo vendedor. Se for exigida escritura e registro, as despesas são atribuídas ao comprador. Débitos que gravam o bem: são devidos pelo vendedor até o momento da tradição. Bens imóveis -> transcrição imobiliária. Bens móveis e semoventes - > tradição Tradição: real ou ficta (alegórica ou simbólica) – art. 1267 C.C. Ex. A posse no constituto possessório. A tradição pode ser substituída? Sim, na venda sobre documentos, conforme previsto no artigo 529 do CC: “Art. 529. Na venda sobre documentos, a tradição da coisa é substituída pela entrega do seu título representativo e dos outros documentos exigidos pelo contrato ou, no silêncio deste, pelos usos”. Ex.: Nota de conhecimento de depósito. Assim, além da tradição real e simbólica, a transferência do bem pode ocorrer através dos títulos que representam a coisa vendida e também pelos usos, no silêncio do contrato que versar acerca da venda de documentos. Qual a importância em saber como será efetuada a entrega? Para que seja determinado quem irá sobrar a assunção do risco – “perigo a que está sujeita a coisa, de perecer ou se deteriorar por caso fortuito ou força maior”(Clóvis Bevilacqua). Assim, o risco, até o momento da entrega, corre por conta do vendedor, enquanto que o risco do preço será do comprador. Após a entrega o risco que incide sobre a coisa e preço se invertem em relação ao comprador e ao vendedor. A entrega é, portanto, o marco legal que separa os ônus do risco sobre a coisa e sobre o preço. A lei prevê três hipóteses em que a tradição simbólica operou-se no momento em que o bem foi colocado à disposição do comprador: 1) Colocado à conferência para determinação de quantidade, peso e características (art. 492, § 1º, C.C.); 2) Mora do comprador em receber quando houver a entrega no local combinado (art. 492, § 1º, C.C.); 3) Expedição para lugar diverso a pedido do comprador (art. 494 C.C.). Vícios (do bem): falhas ou defeitos ocultos e graves a ponto de tornar a coisa imprópria ao uso que é destinada ou ainda diminuir-lhe o valor. Destes defeitos decorrem duas possibilidades ao comprador: 1) Rejeitar o bem – ação redibitória (art. 441, C.C.). 2) Pleitear um abatimento no preço – ação estimatória, quanti minoris (art. 442, C.C.). Prazo – 30 dias bens móveis e 1 ano bens imóveis. Obs.: se o objeto já estiver na posse do comprador os prazos são reduzidos pela metade. A obrigação de garantir o bem contra defeitos tem razão de ser nos contratos comutativos (prestações equivalentes e insustentáveis de variação). Ao contrário do que ocorre no Código de Defesa do Consumidor, o comprador deverá demonstrar em juízo: 1) Prejuízo – torna impróprio o uso da coisa ou lhe diminui o valor. 2) Preexistência – o vício é anterior à venda e compra e não tinha como o comprador saber através dos meios ordinários. 3) Elemento subjetivo – está ligado ao comportamento do vendedor. Se de boa-fé deverá restituir acrescido das despesas do contrato. Se de má-fé, além da restituição e despesas do contrato também terá que arcar com as perdas e danos. O defeito de um bem relativo a operação de venda e compra de bens em conjunto autoriza somente a devolução daquela que apresentou tal defeito, não as demais. Evicção É a perda total ou parcial da propriedade do bem em virtude de decisão judicial (e também a apreensão policial). É também uma garantia de todos os contratos onerosos, ou seja, ainda que haja convenção entre as partes sobre o afastamento da evicção, ela subsistirá se o evicto desconhecia o risco da evicção. Em caso de evicção, qual a responsabilidade do vendedor? Restituir o preço, salvo estipulação em contrário, indenizar pelos frutos entregues ao reivindicante, despesas do contrato, prejuízos da evicção, custas processuais e honorários advocatícios. Procedimento: na ação do terceiro reclamante, o comprador deve denunciar da lide o vendedor (art. 70, I, C.P.C.). Obrigações Do Comprador Pagar o preço. Objeto do contrato: se o bem for imóvel, deverá arcar com os custos de escritura e registro, mas é possível dispor livremente do contrato de forma contrária. Deverá o comprador, ainda, suportar os riscos do preço (art. 492, C.C.) e também pelo exame da entrega do bem (art. 492 e 494, C.C.). Modalidades Especiais De Venda E Compra Bens móveis: à vista de amostra. Bens imóveis: ad corpus e ad mensuram. AULA 08.1 - COMISSÃO EMPRESARIAL Conceito de comissão: “Derivado do latim commissio, de commitere, significa não somente a ação de unir, concurso, como também a ação de confiar, de entregar” (De Plácido e Silva, Vocabulário Jurídico, 12 ed., Rio de Janeiro: Forense, 1993). Assim, a ideia de comissão é cooperação para execução de determinado mister. Atores: Comissário e Comitente. Previsão legal – art. 693 do C.C.: “O contrato de comissão tem por objeto a aquisição ou a venda de bens pelo comissário, em seu próprio nome, à conta do comitente”. Esta hipótese legal traz a comissão em operação de venda de bens por determinação do comitente, que pode permanecer oculto perante terceiros. Comissão ≠ Mandato nos seguintes aspectos: 1) Quanto à extensão: o mandato abrange a prática de quaisquer atos jurídicos lícitos e não apenas a venda e aquisição de bens; 2) Quanto ao vínculo obrigacional: no mandato, os atos são praticados em nome de quem confere poderes para a sua prática (mandante) e na comissão, em nome daquele que o realiza (comissário); 3) Quanto a representação: no mandato, a procuração é o instrumento enquanto que na comissão, não há instrumentode representação, pois o comissário não representa o comitente. COMISSÃO EMPRESARIAL – será empresarial se uma das partes exercer a atividade empresarial. Origem: Idade Média. Surgiu devido a falta de agilidade que o mandato tinha frente às relações comerciais (dispensa da exigibilidade de apresentação de um documento formal). Mas além da possibilidade de dispensar a apresentação do instrumento, traz ainda as seguintes vantagens sobre o mandato: 1) Afasta o risco pelo excesso de poderes do mandatário. 2) Mantém o segredo das operações do mandante para evitar que os concorrentes conheçam o fluxo de seus negócios; 3) Possibilidade de utilização do crédito e do capital do comissário, na praça onde se encontra estabelecido; 4) Facilidade de informações, das remessas e da guarda de mercadorias, em praças distantes. Características gerais: Contrato bilateral, oneroso e não solene. Características específicas (elementos): objeto, vínculo e função do contrato: 1) Objeto: “aquisição ou venda de bens pelo comissário”. Diz respeito àquilo que o comissário deve fazer. Aplica-se a bens móveis e imóveis, corpóreos e incorpóreos; 2) Vínculo obrigacional: “em seu próprio nome”, ou seja, não há vínculo entre o terceiro e o comitente, mas apenas entre o comissário e o terceiro. 3) Função do contrato: “à conta do comitente”. Ainda que ausente o vínculo do comitente com terceiro, não há de se falar em bem negociado pelo comissário que não pertença ao comitente. Direitos E Obrigações Dos Contratantes 1) Do comissário com terceiro: Uma vez que a relação do terceiro é com o comissário não há de se falar em legitimidade do comitente. Todavia, este poderá ser acionado em virtude de cessão de direitos do comissário, conforme previsão do artigo 694 do C.C.: “O comissário fica diretamente obrigado para com as pessoas com quem contratar, sem que estas tenham ação contra o comitente, nem este contra elas, salvo se o comissário ceder seus direitos a qualquer das partes”. 2) Do comissário com o comitente: Uma vez que o comissário age por conta do comitente, este pode alterar as instruções anteriormente transmitidas, a qualquer tempo, desde que não haja estipulação contratual em contrário. Assim, o comissário deverá aplicar as novas ordens em relação aos contratos ainda pendentes. Se no contrato não houver a especificação dos detalhes do negócios, a lei fixa normas a serem fielmente seguidas: havendo tempo para consulta, deve pedir instruções ao comitente e, em caso contrário, proceder segundo os usos em casos semelhantes (art. 695, C.C.). O Código Civil adotou algumas medidas para solucionar conflitos entre comissário e comitente que digam respeito a: diligência; prejuízos, forma de pagamento, cobrança de juros e o direito de retenção. 2.1) Diligência do comissário: deve agir com especial cautela, não apenas para evitar o prejuízo, mas para proporcionar o lucro que razoavelmente podia se esperar do negócio (art. 696, C.C.). Entre os cuidados necessários, estão o de “boa guarda e conservação dos efeitos de seus comitentes” e avisar os comitentes sobre danos, na primeira oportunidade que tiver. 2.2) Prejuízos causados pelo comissário: é responsável pela higidez do negócio realizado e deverá responder se agir com dolo ou culpa. Ainda que não seja responsável pela solvabilidade do terceiro deve agir com prudência se houver indícios de insolvência e deixar de solicitar as certidões necessárias. 2.3) Forma de pagamento: se não houver estipulação expressa, presume-se que o comissário tenha uma dilação no prazo para pagamento, de acordo com os usos do lugar onde se realizar o negócio (art. 699, C.C.). Todavia, o contrário, ou seja, o comissário que dilatar a terceiro sem autorização do comitente, responderá pessoalmente pelos prejuízos advindos, das hipóteses legais do artigo 700, C.C.: - Se houver instruções do comitente proibindo prorrogação de prazos para pagamento; - Se esta não for conforme os usos locais, poderá o comitente exigir que o comissário pague incontinenti; - Responda pelas consequências da dilação concedida, procedendo-se de igual modo se o comissário não der ciência ao comitente dos prazos concedidos e de quem é seu beneficiário. 2.4) Quanto à cobrança de juros: receberá juros pelos valores adiantados para cumprimento das ordens do comitente e este os receberá pela mora na entrega de fundos que lhe pertençam, retidos pelo comissário (art. 706, C.C.). 2.5) Quanto ao direito de retenção: “guarda de coisa alheia em garantia enquanto não for satisfeita, a favor daquele que retém, obrigação lícita prevista na lei ou contrato”. O comissário tem o direito de retenção assegurado em relação às despesas que realizar e das comissões a que faz jus. Da remuneração do comissário: é um contrato oneroso e, se não houver previsão, o arbitramento se dará conforme os usos. Se o comissário falecer ou for dispensado com motivação, deverá ser remunerado pelos serviços prestados que forem úteis ao comitente. Se a dispensa foi imotivada cabe ao comissário as perdas e danos. Efeitos da falência: Se o falido figurar como comissário: cessa o contrato que verse sobre matéria empresarial. Se o falido é comitente: cessa efeitos do contrato desde a data do decreto judicial, devendo o comissário prestar contas de sua gestão e habilitar o crédito no quadro geral, como credor quirografário. Cláusula del credere: é um pacto acessório no qual o comissário assume o ônus de responder solidariamente com as pessoas com quem tratar em nome do comitente. Salvo disposição em contrário, o comissário que assume este ônus terá remuneração mais elevada, denominada de compensação pecuniária particular. AULA 08.2 - MANDATO EMPRESARIAL Opera-se o mandato, diz o art. 653 do Código Civil, quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses. Para Roberto de Ruggiero, “encarregar outrem de praticar um ou mais atos por nossa conta e no nosso nome, de modo que todos os efeitos dos atos praticados se liguem diretamente à nossa pessoa como se nós próprios os tivéssemos praticado, é o que tecnicamente se chama conferir ou dar mandato”. A denominação deriva de manu datum, porque as partes se davam as mãos, simbolizando a aceitação do encargo e a promessa de fidelidade no cumprimento da incumbência. O vocábulo Mandato designa: a)O poder conferido pelo mandante, b)Mas também, o contrato celebrado, c)Ou, o título deste contrato, de que é sinônimo de procuração. A pessoa que confere os poderes chama-se mandante e é o representado; a que os aceita diz-se mandatário e é representante daquela. Mandato não se confunde com mandado, que é uma ordem judicial. A principal característica do mandato, que ressalta da expressão “em seu nome”, constante do retrotranscrito art. 653 do Código Civil, é a ideia de representação, que o distingue da locação de serviços e da comissão mercantil. Por essa razão, os atos do Mandatário vinculam o mandante, se dentro dos poderes outorgados (art. 679). Os praticados além dos poderes conferidos no mandato só o vinculam se forem por ele ratificados (art. 665). O mandato e a prestação de serviços têm pontos comuns. Enquanto os profissionais liberais são, em geral, apenas prestadores de serviços, o advogado é, ao mesmo tempo, mandatário e prestador de serviço. Mas deve-se atentar ao seguinte: a) a ideia de representação, fundamental no primeiro e que não existe no segundo. O mandatário representar o mandante, enquanto o prestador de serviços não tem essa representação; b) o objeto do contrato, que, no mandato, é a autorização para realizar qualquer ato ou negócio jurídico e na prestação é a realização de um fato ou determinado trabalho, material ou imaterial; c) faculdade que tem o mandatário de deliberar e de querer, enquanto o prestador se limita a executar o ato exigido de suas aptidões ou habilidade. É também a representação que distingue o mandato da preposição exercida nas relações diárias e cotidianas pelos criados, operários, porteiros, motoristas particulares etc. Igualmenteo contrato de mandato não se confunde com o de comissão empresarial, que é contrato em que o comissário trata de negócios por conta do comitente. Basta mencionar que o comissário contrata em seu próprio nome, ficando diretamente obrigado com as pessoas com quem contrata, enquanto o mandatário age em nome do mandante, não se vinculando às pessoas com quem negocia. A doutrina em geral entende que o que caracteriza o mandato é a ideia de representação. Não resta dúvida de que esta se encontra presente na grande maioria dos casos, mas não é essencial à configuração do mandato, havendo hipóteses em que este subsiste sem aquela; e outras ainda em que a mesma ideia existe, porém em contratos de natureza diversa, como se verá adiante. Os representantes podem ser: a) Legais - quando a lei lhes confere mandato para administrar bens e interesses alheios, como os pais, tutores, curadores, etc. b) Judiciais - quando nomeados pelo juiz, como, por exemplo, o inventariante e o administrador na falência. c) convencionais - quando recebem procuração para agir em nome do mandante. Em regra, todos os atos podem ser realizados por meio de procurador. Constitui requisito inafastável que o ato ou negócio colimado seja lícito e conforme aos bons costumes e à moral. O objeto do mandato não se limita, porém, aos atos patrimoniais. A adoção e o reconhecimento do filho natural, por exemplo, podem ser efetuados por meio de mandato. Até mesmo o casamento, que é um dos atos mais solenes do Código Civil e de reconhecida importância para a vida das pessoas, pode ser celebrado “mediante procuração, por instrumento público, com poderes especiais” (CC, art. 1.542). Alguns poucos, todavia, como o testamento, a prestação de concurso público, o serviço militar, o mandato eletivo, o exercício do poder familiar e outros, por serem personalíssimos, não podem ser praticados por representante. Características: é contrato personalíssimo, consensual, não solene, em regra gratuito e unilateral. É Contrato porque resulta de um acordo de vontades: a do mandante, que outorga a procuração, e a do mandatário, que a aceita. A aceitação pode ser expressa ou tácita. Esta se configura pelo começo de execução (CC, art. 659). Vejamos as características supra mencionadas: a) É contrato personalíssimo ou intuitu personae porque se baseia na confiança, na presunção de lealdade e probidade do mandatário, podendo ser revogado ou renunciado quando aquela cessar e extinguindo-se pela morte de qualquer das partes. Celebra-se o contrato em consideração à pessoa do mandatário, sendo, destarte, a fidúcia o seu pressuposto fundamental. Como consequência, é essencialmente revogável, salvo as hipóteses previstas nos arts. 683 a 686, parágrafo único, do Código Civil. Cessada a confiança, qualquer das partes pode promover a resilição unilateral (ad nutum), pondo termo ao contrato. b) É consensual porque se aperfeiçoa com o consenso das partes, em oposição aos contratos reais, que se aperfeiçoam somente com a entrega do objeto. c) É igualmente não solene, por ser admitido o mandato tácito e o verbal (CC, art. 656), malgrado a afirmação constante do art. 653, segunda parte, de que “a procuração é o instrumento do mandato”. d) É também, em regra, contrato gratuito, porque o art. 658 do Código Civil diz presumir-se a gratuidade: “quando não houver sido estipulada retribuição, exceto se o seu objeto corresponder ao daqueles que o mandatário trata por ofício ou profissão lucrativa”. O mandato confiado a advogado, corretor ou despachante, por exemplo, presume-se oneroso. Nesses casos, inexistindo acordo sobre a remuneração a ser paga, “será ela determinada pelos usos do lugar, ou, na falta destes, por arbitramento” pelo juiz, que naturalmente levará em conta a natureza, a complexidade e a duração do serviço (CC, art. 658, parágrafo único, 2ª. parte). O fato de ser gratuito ou remunerado não altera a sua essência. A ideia da gratuidade, que provém do direito romano (Mandatum nisi gratuitum nullun est), não se amolda perfeitamente à realidade atual, em que, no mais das vezes, o mandato é remunerado. e) O mandato é ainda, em regra, unilateral, porque gera obrigações somente para o mandatário, podendo classificar-se como bilateral imperfeito devido à possibilidade de acarretar para o mandante, posteriormente, a obrigação de reparar as perdas e danos sofridas pelo mandatário e de reembolsar as despesas por ele feitas. Obs: Toda vez que se convenciona remuneração, o contrato será bilateral e oneroso. Outras características (para Cunha Gonçalves): a) o mandato “é um dos raros contratos em que a aceitação da outra parte, neste caso, a do mandatário, não tem de figurar no título em que pelo mandante foram conferidos os poderes, nem tem de ser expressa, pois basta a aceitação tácita”. b) é contrato que só pode ter por objeto atos jurídicos e não simples atos materiais, fatos ou serviços; (pois ninguém confere mandato para cozinhar, fazer um vestuário ou calçado, chamar um automóvel, ou para qualquer compra insignificante: maço de cigarros, caixa de fósforos, caixa de papel, etc.). Para Caio Mário: a) O contrato de mandato é preparatório, pois habilita o mandatário para a prática de atos subsequentes que nele não estão compreendidos. Realmente, o contrato não se esgota em si mesmo. b) O seu objeto é a prática de atos que poderão ser característicos de outro contrato típico (a procuração outorgada para a compra e venda de um imóvel, p. ex.) ou atípico. c) No mandato para representar o herdeiro ou para pleitear em juízo, por exemplo, os atos do inventário ou da demanda não estão contidos no mandato, sendo-lhe externos. Mandato e representação 1) A doutrina em geral entende que o que caracteriza o mandato é a ideia de representação. Esta seria elemento essencial à sua configuração. Nesse sentido, os pronunciamentos de Clóvis Beviláqua, Washington de Barros Monteiro, Caio Mário, Silvio Rodrigues e outros. 2) Orlando Gomes, diversamente, entende que o legislador labora em equívoco quando dispõe que somente se opera o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses alheios Aduz que se impõe a distinção, pois mostra-se evidente a confusão entre procuração e representação, que não se superpõem necessariamente. 3) Não somente foi excluída possibilidade de mandato sem representação, visto que o mandatário há de praticar atos ou administrar interesses sempre em nome do mandante, mas também não distinguiu, no próprio mandato com representação, as duas faces da relação jurídica. 4) Contraditoriamente o Código edita regra que admite a atuação do mandatário sem representação. Preceitua, de fato, que, se o mandatário cobrar em seu próprio nome, não terá o mandante ação contra os que com ele contrataram, nem estes contra o mandante. Nesta hipótese, não age em nome do mandante, deixando de configurar-se logicamente, em face da definição legal, a relação de mandato, que, entretanto, é admitida. A teoria da separação consagra o entendimento de que o poder de representação nasce não do mandato, mas de um negócio jurídico unilateral, autônomo e abstrato, a que a doutrina tem dado o nome de “procuração” (Não adotada pelo CC atual). “Art. 663. Sempre que o mandatário estipular negócios expressamente em nome do mandante, será este o único responsável; ficará, porém, o mandatário pessoalmente obrigado, se agir no seu próprio nome, ainda que o negócio seja de conta do mandante”. Pessoas que podem outorgar procuração. Dispõe o art. 654 do C.C, que: “Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração mediante instrumento particular, que valerá desde que tenha a assinatura do outorgante”. Não podem fazê-lo, destarte, os absoluta e relativamente incapazes. Como os primeiros não assinam a procuração, que é outorgada pelo seu representante legal, pode ser dada por instrumento particular. Os menores são assistidos pelos seus representantes legais e firmam a procuração junto com estes, devendo outorgá-la por instrumento público,se for ad negotia, por força do mencionado art. 654 CC. A procuração judicial, todavia, não é regulada por esse dispositivo e sim pela lei processual (art. 692, C.C.; art. 105,C.P.C.). Como esta não faz distinção entre parte capaz ou relativamente incapaz, o menor púbere pode outorgar procuração ad judicia por instrumento particular, assistido por seu representante legal, não sendo exigido o instrumento público. SUBSTABELECIMENTO. Para VENOSA substabelecimento, “[..] é o ato unilateral pelo qual o mandatário, como substabelecente, transfere os poderes recebidos a outrem, o substabelecido”. Mesmo que a procuração tenha sido realizada por instrumento público, o substabelecimento poderá ser de instrumento particular, é o que se extrai do art. 655 CC: “Ainda quando se outorgue mandato por instrumento público, pode substabelecer-se mediante instrumento particular”. Lembra Pontes de Miranda, “Se a parte constitui procurador judicial e nessa procuração haja poderes para substabelecer, morrendo o procurador, a procuração do substabelecido acaba por ser ineficaz.” O mandatário irá passar total ou parcialmente seus poderes para outrem. Assim sendo, o substabelecimento poderá ser com ou sem reserva de poderes. Assim, no substabelecimento com reserva de poderes, o que antes era mandatário outorga seus poderes para um terceiro, podendo atuar junto com ele, ou com a prerrogativa de reassumir a conduta de mandatário. Já o sem reserva de poderes, pode ser conceituado como renúncia do poder de representação, uma vez que o ora outorgante, se desvincula de vez do contrato, passando definitivamente todos os seus poderes ao novo mandatário. Extinção do mandato. Para o art. 682 CC, mandato cessa: I - pela revogação ou pela renúncia; II - pela morte ou interdição de uma das partes; III - pela mudança de estado que inabilite o mandante a conferir os poderes, ou o mandatário para os exercer; IV - pelo término do prazo ou pela conclusão do negócio. Quanto a extinção do mandato: a) a revogação parte do mandante, enquanto que a renúncia é por parte do mandatário. Isso significa que pode haver possibilidade de extinção do mandato por vontade unilateral. Para Rodrigues, “A revogação pode ser expressa ou tácita". No primeiro caso ela se faz por declaração do mandante; no segundo, por atos que revelem tal propósito”. b) Pela morte ou interdição de uma das partes. Sendo intuitu personae, o falecimento de uma das partes extingue o contrato de mandato. c) Mudança de Estado. Hoje, este dispositivo não se refere à mulher casada, mas pode incidir em casos de incapacidade absoluta por debilidade do mandante, por exemplo. d) A terminação do prazo ou a conclusão do negócio. É a extinção em razão da data certa de vigência, constante no próprio instrumento de mandato. Algumas procurações são dadas para negócios certos, que quando concluídos, extinguem o contrato. Ex.: É o caso de nomear mandatário para outorgar escritura. AULA 09 - CONTRATOS DE DISTRIBUIÇÃO - REPRESENTAÇÃO COMERCIAL Pode ser entendido o contrato de distribuição em sentido amplo como sendo um gênero a que pertencem diversos negócios jurídicos com o objetivo de alcançar e ampliar a clientela. Para se chegar ao conceito de distribuição em sentido estrito é essencial a distinção entre aproximação e intermediação: Aproximação: Alguém promove os negócios para outrem, com ou sem a obrigação de concluí-los (São por conta do proponente). Intermediação: haverá revenda de produtos por conta própria. Coelho classifica os contratos da seguinte forma: 1) Distribuição-aproximação – arts. 710-721 C.C. 2) Distribuição-intermediação – atípicos. Negrão, por sua vez, adota esta classificação com a seguinte ressalva: a representação empresarial faz parte do contrato de aproximação, mas é regulamentada pela Lei nº 4.886/65. Outra ressalva feita pelo Prof. Negrão é em relação a concessão ou revenda de automóveis, que apesar de ser feita através de intermediação, tem regramento próprio: Lei nº 6.729/79. APROXIMAÇÃO – Por conta do proponente 1) AGÊNCIA: o agente não tem a o bem. Art. 710-721 C.C. 2) AGÊNCIA-REPRESENTAÇÃO EMPRESARIAL: L. 4886/65. 3) AGÊNCIA-DISTRIBUIÇÃO: O agente tem o bem negociado. Art. 710 final e seguintes. INTERMEDIAÇÃO – Por conta própria CONTRATOS DE REVENDA OU CONCESSÃO: atípicos. Obs. Revenda de automóveis não é atípica, pois está prevista na Lei 6.729/79. REPRESENTAÇÃO EMPRESARIAL AUTÔNOMA É o contrato que versa sobre negócios empresariais destinado ao agenciamento de propostas. O representante empresarial autônomo é o agente contratado para promover a realização de certos negócios empresariais, devendo agenciar pedidos ou propostas para transmiti-los ao proponente. A atividade do representante, ainda que seja de agência, não se amolda perfeitamente ao que dispõe os artigos 710-712, razão pela qual se lhe aplica a Lei nº 4.886/65 (alterada pela Lei nº 8.420/92). Aqui, as partes necessariamente serão empresárias. Características do Contrato de Agência. É um contrato oneroso, bilateral e intransferível. Características específicas: 1) Aproximação inter alios. O agente age em nome de outrem. 2) Autonomia, uma vez que não possui qualquer subordinação ou vínculo de dependência com o agenciado. 3) Estabilidade contratual, uma vez que a intenção das partes é que o mesmo tenha caráter duradouro (não eventual). Forma contratual: escrito ou verbal. Qualidades dos contratantes: deverão ser sempre empresários? Quem poderá figurar nos contratos? Quanto ao agente (que exerce a representação comercial autônoma): pessoa física ou jurídica. E os agentes-distribuidores de negócios não empresariais, sujeitos ao Código Civil (art. 710-721)? Problema art. 719, C.C. Para os agentes-distribuidores, ainda que desempenhem atividades econômicas, ela nem sempre será empresarial. Os agentes-representantes, por sua vez, nesta modalidade de contrato podem ou não ser empresários, mas o proponente deve ser considerado empresário por definição legal (art. 1º, Lei nº 4.886/65 e art. 966 C.C.): “Art. 1º Exerce a representação comercial autônoma a pessoa jurídica ou a pessoa física, sem relação de emprego, que desempenha, em caráter não eventual por conta de uma ou mais pessoas, a mediação para a realização de negócios mercantis, agenciando propostas ou pedidos, para, transmití-los aos representados, praticando ou não atos relacionados com a execução dos negócios”. O agente, em qualquer hipótese, pode ou não ser empresário. O proponente somente deverá ser empresário no contrato de agência-representação. Elementos do contrato de agência e distribuição. 1) Definição do objeto contratual. O C.C. exige a determinação tanto do alcance dos negócios bem como da indicação do que será negociado (bem ou serviço). A L.R.C.A., exige a “indicação genérica ou específica dos produtos ou artigos objeto da representação”. 2) Profissionalidade do agente. A lei exige que seja em caráter não eventual, de natureza duradoura. Precisa de registro no órgão de Classe: C.R.R.C. 3) Determinação de uma zona de atividade. A zona de atuação pode ter exclusividade ou não. Em ambas as legislações há a exigência de delimitar a área de atuação do agente. E em caso de omissão contratual? Ambas legislações trazem soluções similares: C.C.: “Art. 711. Salvo ajuste, o proponente não pode constituir, ao mesmo tempo, mais de um agente, na mesma zona, com idêntica incumbência; nem pode o agente assumir o encargo de nela tratar de negócios do mesmo gênero, à conta de outros proponentes”. LRCA: “Art. 27. Do contrato de representação comercial, além dos elementos comuns e outros a juízo dos interessados, constarão obrigatoriamente: … e) garantia ou não, parcial ou total, ou por certo prazo, da exclusividade de zona ou setor de zona; ...”. “Art. 31. Prevendo o contrato de representação a exclusividade de zona ou zonas, ou quando este for omisso, fará jus o representante à comissão pelos negócios aí realizados, ainda que diretamente pelo representado ou por intermédio de terceiros”. 4) Retribuição dosserviços prestados. As partes habitualmente contratam remuneração do agente em relação aos negócios que ocorrerem em sua zona, mas podem limitar a zona ou propor condições diversas. A regra geral é que seja fixado um percentual sobre o valor do produto ou serviço, mas as partes podem dispor forma. Na representação empresarial devem ser aplicadas as regras específicas previstas na LRCA contidas nos artigos 32 e 33, que determinam que o recebimento do pagamento deverá ser efetuado até, no máximo, no dia 15 subsequente ao da liquidação da fatura. Se assim não o fizer, incidirá correção monetária. Os artigos citados ainda trazem a forma de cobrança, autorizando a emissão de títulos de crédito e o método para obtenção do valor devido: cálculo sobre o valor total das mercadorias. Elementos Acessórios dos contratos. 1) Prazo: livre estipulação. Em se tratando de contrato por prazo indeterminado, como resolve-se o mesmo? C.C.: aviso prévio de 90 dias (art. 920) LRCA: poderá ser com ou sem justa causa. a) se sem justa causa, o contrato tiver vigorado por mais de seis meses, obriga o denunciante, salvo outra garantia prevista no contrato, à concessão de pré-aviso, com antecedência mínima de trinta dias, ou ao pagamento de importância igual a um terço (1/3) das comissões auferidas pelo representante, nos três meses anteriores. b) Com justa causa. Não há prazo definido. Motivos para rescisão por justa causa do Representante: a) redução de esfera de atividade do representante em desacordo com as cláusulas do contrato; b) a quebra, direta ou indireta, da exclusividade, se prevista no contrato; c) a fixação abusiva de preços em relação à zona do representante, com o exclusivo escopo de impossibilitar-lhe ação regular; d) o não-pagamento de sua retribuição na época devida; e) força maior. Motivos para rescisão por justa causa do Representado: a) a desídia do representante no cumprimento das obrigações decorrentes do contrato; b) a prática de atos que importem em descrédito comercial do representado; c) a falta de cumprimento de quaisquer obrigações inerentes ao contrato de representação comercial; d) a condenação definitiva por crime considerado infamante; e) força maior. 2) Cláusulas facultativas: as partes podem dispor de modo distinto: Ex. Assunção de despesas a cargo do agente; modificação da dúplice exclusividade recíproca. Denominação jurídica da representação empresarial: é um contrato agência-distribuição, onde o agente realiza negócios empresariais de forma específica, mediante a concretização de propostas ou pedidos que são encaminhados ao proponente. Em suma: - Agência: promoção de negócios à conta de outrem, sem dispor do bem. - Distribuição: promoção de negócios à conta de outrem com a disposição do bem. - Revenda: os atos negociais são em nome e por conta do revendedor. Distinção com contrato de mandato e comissão. Mandato – o mandatário recebe poderes para praticar atos em nome do mandante. Este não tem caráter duradouro e os atos são definidos no instrumento. Mas e o disposto no parágrafo único do art. 710 do C.C.? “O proponente pode conferir poderes ao agente para que este o represente na conclusão dos contratos”. Comissão empresarial – o comissário não atua em nome do comitente, mas por conta deste e aquele não responde pela sua solvência, salvo nos casos previstos em lei. CONTRATOS DE DISTRIBUIÇÃO Retribuição - Além da remuneração dos negócios que efetivamente concluir, o agente tem direito a receber valores oriundos dos negócios: 1) concluídos dentro de sua zona, ainda que sem sua interferência (art. 714, C.C. e art. 32 § 5º, LRCA); 2) que não foram realizados por fato imputável ao proponente (Art. 716, C.C.); 3) pendentes, na hipótese de dispensa sem culpa (art. 718, C.C. e art. 32 § 5º, LRCA). Extinção do contrato - Além das causas anteriormente demonstradas de dispensa com e sem justa causa na LRCA, temos previsão no Código Civil nas seguintes hipóteses: 1) Justa causa alegada pelo representado: - Agente: tem direito aos serviços úteis. - Proponente: poderá exigir as perdas e danos. 2) Justa causa alegada pelo agente: - Agente: tem direito à indenização. 3) Sem justa causa: - Agente: terá direito a remuneração, pelos negócios pendentes e indenizações de lei especial (não inferior a 1/12 do total da retribuição do tempo total que exerceu a representação. Todavia, se o contrato for por prazo determinado, a indenização deverá equivaler a média mensal da retribuição auferida até a data da rescisão, multiplicada pela metade dos meses resultantes do prazo contratual. Força maior do agente. Seus herdeiros terão direito a percepção do correspondente aos serviços realizados. AULA 10 - CONTRATO DE FRANQUIA Contrato de Franquia ou Franchising é modalidade de contrato de distribuição em que figuram o franqueador e o franqueado e o primeiro concede a utilização de uso de marca ou patente e direito de distribuição exclusiva ou semi-exclusiva, mediante remuneração do franqueado que receber os recursos para expansão de sua empresa. Atores: Franqueador e Franqueado. Regulamentação: Lei nº 13.996/19 (entrou em vigor dia 27/03/2020). Substituiu a Lei nº 8.955/94. Lei da Franquia Empresarial - L.F.E. Origem: E.U.A. Por volta de 1892: Singer Sewing Machine Company Definição legal de franquia: art. 2º L.F.E. (Revogada) “Art. 2º Franquia empresarial é o sistema pelo qual um franqueador cede ao franqueado o direito de uso de marca ou patente, associado ao direito de distribuição exclusiva ou semiexclusiva de produtos ou serviços e, eventualmente, também ao direito de uso de tecnologia de implantação e administração de negócio ou sistema operacional desenvolvidos ou detidos pelo franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem que, no entanto, fique caracterizado vínculo empregatício”. Definição legal de franquia: art. 1º L.F.E. da Lei em vigor: “Esta Lei disciplina o sistema de franquia empresarial, pelo qual um franqueador autoriza por meio de contrato um franqueado a usar marcas e outros objetos de propriedade intelectual, sempre associados ao direito de produção ou distribuição exclusiva ou não exclusiva de produtos ou serviços e também ao direito de uso de métodos e sistemas de implantação e administração de negócio ou sistema operacional desenvolvido ou detido pelo franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem caracterizar relação de consumo ou vínculo empregatício em relação ao franqueado ou a seus empregados, ainda que durante o período de treinamento”. Problemas da Lei anterior supridos na atual: 1) Fica claro que não existe relação de consumo; 2) Fica explicitado a inexistência de vínculo empregatício em qualquer fase da relação contratual de franquia; 3) Foi autorizada a sublocação do franqueador ao franqueado por valor superior ao aluguel pago (criando exceção na Lei de Locações, não sendo mais considerado contravenção penal); 4) Foi expressamente autorizada a solução de conflitos através da arbitragem; 5) Ampliação do rol de informações na Circular de Oferta de Franquia – C.O.F. 6) Expressa autorização de utilização do sistema de franquia não apenas para o setor privado, mas também para as empresas estatais ou entidades sem fins lucrativos, independentemente de segmento de suas atividades. Ideias principais desta modalidade de contrato: 1)Detentor de Marca de prestígio. 2)Pessoas em busca de oportunidade de negócios sem experiência empresarial. Benefícios e problemas desta modalidade: 1)O consumidor é beneficiado quando coloca à sua disposição inúmeros pontos de venda. 2)O êxito está ligado à possibilidade de publicidade em relação às marcas ou estilo de vida; à mobilidade dos consumidores que facilita a oferta uniforme de bens e, com isso, o aumento dos rendimentos. 3) Violação da imagem da Marca => atenção constante do franqueador. FUNÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DO CONTRATO DE FRANQUIA Pode ser classificado como um contrato de colaboração. Os contratos de colaboração são subdividido em dois: 1) Distribuição–intermediação:operação de compra de mercadorias por parte de um empresário em condições especiais de outro, denominado distribuidor (FRANQUIA); 2) Distribuição–aproximação: os empresários contratantes têm a tarefa de buscar outros empresários no produtos distribuídos pelo fornecedor. Função econômica – distribuição de produtos e serviços, através de conhecimentos técnicos e treinamento. Oferecer de forma continuada e sucessiva: 1) Licença de uso de direitos de propriedade industrial; 2) Distribuição exclusiva ou semiexclusiva de produtos e serviços. Cumulativamente ou não, com serviços de: 1) Tecnologia na implantação; 2) Tecnologia na administração da empresa; 3) Sistema operacional adequado à organização da atividade empresarial. Direitos do Franqueador: Receber a remuneração do franqueado – Royalties e receber aluguel em valor superior ao valor pago na sublocação para franqueado (art. 3º parágrafo único). OBRIGAÇÕES GERAIS DO FRANQUEADO: 1) Pagar a remuneração do franqueador – Royalties; 2) Obriga-se a respeitar as regras impostas pelo franqueador, durante o período de franquia. Direito do Franqueado: Receber os recursos do Franqueador para implementação e expansão de sua empresa. Outras Classificações: 1) Tribunal das Comunidades Europeias: a) franquia de serviços; b) franquia de produção; c) franquia de distribuição. 2) IFA – International Franchise Association: a) produtos(licença da propriedade industrial) ; b) formato negocial. 3) Paulo Sérgio Restiffe: a) Franquia de marca: os produtos do fabricante apenas são encontrados nas franqueadas; b) Franquia de produto: instrumento de distribuição e outras revendas. c) Franquia de conversão: transformação de negócios já existentes em franquia de determinada marca. d) Franquia de negócio: formato negocial (IFA). Natureza Jurídica: É um contrato bilateral, oneroso, de execução continuada, atípico e, para que tenha efeito perante terceiros tem que ter a forma escrita (e na presença de duas testemunhas) e registro especial (I.N.P.I). Formação Do Contrato De Franquia: 1)Quanto às partes: Franqueador (ou concedente) – empresário que detém a fabricação, distribuição ou o licenciamento do produto, know-how, tecnologia, serviço ou marca. Franqueado – empresário que se dispõe a pagar pelo direito de usar estes recursos. 2) Quanto à forma: escrito na presença de duas testemunhas. Ainda que não tenha previsão expressa, é importante colocar no contrato como obrigações do franqueador: - Licença de uso da marca e de sinais distintivos; - Know-how; - Assistência técnica; - Limitação territorial (evita concorrência entre franqueados); - Tecnologia na administração do negócio nas áreas de administração, contábil, financeira, recursos humanos, recursos patrimoniais e materiais, dentre outros; - Reaquisição de estoque, quando a distribuição envolver produtos do franqueador; -Treinamento de funcionários do franqueado; - Assessoria na instalação do estabelecimento empresarial do franqueado; - Assistência na logística e na distribuição; - Divulgação publicitária da rede e marcas. Por outro lado, para o franqueado, além do pagamento dos royalties, e, se houver sublocação o pagamento de valor a maior do aluguel, são impostas as seguintes obrigações ao mesmo: - A obrigação de usar a marca, os sinais distintivos e o conhecimento técnico transmitido pelo franqueador; - Permitir a fiscalização do andamento das atividades pelo franqueador; -Limitação territorial; - Uso de determinados padrões arquitetônicos; - Utilização de uniforme pelos funcionários com a marca; - Fixação de estoques mínimos; - Cláusula de sigilo sobre métodos e segredos do negócio; - Participação nas despesas publicitárias; - Tabelamento de preços dos produtos e serviços; - Cláusula de não concorrência; - Cláusula de eleição de foro; - Restrição à atividade no período subsequente à extinção do contrato. - Adesão ao estatuto do Franqueador no que tange a ética negocial, higienização do ambiente, relacionamento com a clientela, etc. 3) Quanto ao dever de informação: O Franqueador tem o dever de fornecer uma Circular de Oferta de Franquia àquele que demonstrar interesse em tornar-se um franqueado, por escrito e em linguagem clara e acessível, dez dias antes da assinatura do contrato ou pré-contrato, ou de qualquer taxa que deverá conter informações para que o candidato possa valorar os riscos envolvidos no negócios a curto, médio e longo prazo, desde investimentos até possíveis prejuízos. 4) Modalidades: nacional e internacional: A) Nacional – deve ser redigido em língua portuguesa. B) Internacional – deve estar redigido em língua portuguesa ou, se redigido em língua estrangeira, deverá contar com tradução juramentada, cujo custo será do franqueador. Será considerado internacional o contrato que está sujeito a legislações distintas e que contenha : -Atos concernentes à conclusão ou execução; -A situação das partes quanto à nacionalidade e domicílio; -Localização do objeto. Se definido o foro de eleição, as partes deverão constituir e manter representante legal ou procurador, com poderes para receber citação. Circular de Oferta de Franquia (COF) É um documento que tem que ser entregue pelo franqueador ao candidato a franqueado com 10 dias de antecedência da assinatura do contrato ou pré-contrato e deverá estar acompanhado do modelo de contrato padrão (e, se houver, o pré-contrato padrão). Não demonstrando o franqueador que entregou este documento no prazo, ou inobservou uma das condições da C.O.F., o franqueado poderá requerer a nulidade ou anulabilidade do contrato e, ainda, a devolução das quantias pagas a título de taxa de filiação, bem como dos royalties, atualizados, sem prejuízo da indenização pelos danos sofridos. Aspectos da Circular de Oferta de Franquia: 1) Dever de informação sobre o franqueador e sua rede; 2) Dever de identificação integral do objeto contratado; 3) Dever de informação da qualificação exigida do franqueado: características e comportamentos esperados do franqueado; 4) Dever de informação sobre encargos contratuais; 5) Dever de explicitar a extensão territorial e o regime de exclusividade. Informações obrigatórias na Circular de Oferta de Franquia: I - histórico resumido do negócio franqueado; II - qualificação completa do franqueador e das empresas a que esteja ligado, identificando-as com os respectivos números de inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ); III - balanços e demonstrações financeiras da empresa franqueadora, relativos aos 2 (dois) últimos exercícios; IV - indicação das ações judiciais relativas à franquia que questionem o sistema ou que possam comprometer a operação da franquia no País, nas quais sejam parte o franqueador, as empresas controladoras, o subfranqueador e os titulares de marcas e demais direitos de propriedade intelectual; V - descrição detalhada da franquia e descrição geral do negócio e das atividades que serão desempenhadas pelo franqueado; VI - perfil do franqueado ideal no que se refere a experiência anterior, escolaridade e outras características que deve ter, obrigatória ou preferencialmente; VII - requisitos quanto ao envolvimento direto do franqueado na operação e na administração do negócio; VIII - especificações quanto ao: a) total estimado do investimento inicial necessário à aquisição, à implantação e à entrada em operação da franquia; b) valor da taxa inicial de filiação ou taxa de franquia; c) valor estimado das instalações, dos equipamentos e do estoque inicial e suas condições de pagamento; IX - informações claras quanto a taxas periódicas e outros valores a serem pagos pelo franqueado ao franqueador ou a terceiros por este indicados, detalhando as respectivas bases de cálculo e o que elas remuneram ou o fim a que se destinam, indicando, especificamente, o seguinte: a) remuneração periódica pelo uso do sistema, da marca, de outros objetos de propriedade intelectual do franqueador ou sobre os quais este detém direitos ou, ainda, pelos serviços prestados pelo franqueadorao franqueado; b) aluguel de equipamentos ou ponto comercial; c) taxa de publicidade ou semelhante; d) seguro mínimo; X - relação completa de todos os franqueados, sub franqueados ou sub franqueadores da rede e, também, dos que se desligaram nos últimos 24 (vinte quatro) meses, com os respectivos nomes, endereços e telefones; XI - informações relativas à política de atuação territorial, devendo ser especificado: a) se é garantida ao franqueado a exclusividade ou a preferência sobre determinado território de atuação e, neste caso, sob que condições; b) se há possibilidade de o franqueado realizar vendas ou prestar serviços fora de seu território ou realizar exportações; c) se há e quais são as regras de concorrência territorial entre unidades próprias e franqueadas; XII - informações claras e detalhadas quanto à obrigação do franqueado de adquirir quaisquer bens, serviços ou insumos necessários à implantação, operação ou administração de sua franquia apenas de fornecedores indicados e aprovados pelo franqueador, incluindo relação completa desses fornecedores; XIII - indicação do que é oferecido ao franqueado pelo franqueador e em quais condições, no que se refere a: a) suporte; b) supervisão de rede; c) serviços; d) incorporação de inovações tecnológicas às franquias; e) treinamento do franqueado e de seus funcionários, especificando duração, conteúdo e custos; f) manuais de franquia; g) auxílio na análise e na escolha do ponto onde será instalada a franquia; e h) leiaute e padrões arquitetônicos das instalações do franqueado, incluindo arranjo físico de equipamentos e instrumentos, memorial descritivo, composição e croqui; XIV - informações sobre a situação da marca franqueada e outros direitos de propriedade intelectual relacionados à franquia, cujo uso será autorizado em contrato pelo franqueador, incluindo a caracterização completa, com o número do registro ou do pedido protocolizado, com a classe e subclasse, nos órgãos competentes, e, no caso de cultivares, informações sobre a situação perante o Serviço Nacional de Proteção de Cultivares (SNPC); XV - situação do franqueado, após a expiração do contrato de franquia, em relação a: a) know-how da tecnologia de produto, de processo ou de gestão, informações confidenciais e segredos de indústria, comércio, finanças e negócios a que venha a ter acesso em função da franquia; b) implantação de atividade concorrente à da franquia; XVI - modelo do contrato-padrão e, se for o caso, também do pré-contrato-padrão de franquia adotado pelo franqueador, com texto completo, inclusive dos respectivos anexos, condições e prazos de validade; XVII - indicação da existência ou não de regras de transferência ou sucessão e, caso positivo, quais são elas; XVIII - indicação das situações em que são aplicadas penalidades, multas ou indenizações e dos respectivos valores, estabelecidos no contrato de franquia; XIX - informações sobre a existência de cotas mínimas de compra pelo franqueado junto ao franqueador, ou a terceiros por este designados, e sobre a possibilidade e as condições para a recusa dos produtos ou serviços exigidos pelo franqueador; XX - indicação de existência de conselho ou associação de franqueados, com as atribuições, os poderes e os mecanismos de representação perante o franqueador, e detalhamento das competências para gestão e fiscalização da aplicação dos recursos de fundos existentes; XXI - indicação das regras de limitação à concorrência entre o franqueador e os franqueados, e entre os franqueados, durante a vigência do contrato de franquia, e detalhamento da abrangência territorial, do prazo de vigência da restrição e das penalidades em caso de descumprimento; XXII - especificação precisa do prazo contratual e das condições de renovação, se houver; XXIII - local, dia e hora para recebimento da documentação proposta, bem como para início da abertura dos envelopes, quando se tratar de órgão ou entidade pública. Pré-contrato e contrato de pilotage. Pré-contrato: acordo entre o franqueador e o interessado onde fica estabelecido um prazo de experiência. Neste prazo o interessado poderá exercer de forma plena ou não o negócio e deverá pagar determinada prestação pecuniária e ao final optará por firmar ou não o contrato. Na última hipótese, assumirá o compromisso de sigilo do negócio e não utilização da tecnologia para sua atividade empresarial. Pilotage: modalidade na qual o candidato a franqueado confia a um terceiro a experimentação do projeto de franquia, onde este terceiro receberá uma remuneração para servir de “laboratório de ensaio”. Extinção Do Contrato: 1) Decurso do prazo, quando for por prazo determinado; 2) Distrato, onde as partes acordam em extinguir o contrato e se eximir podendo assumir ou se eximir reciprocamente de encargos e obrigações adicionais; 3) Com justa causa, alegada por um dos contratantes que assumirá o ônus de efetuar a prova sob pena de sofrer as consequências contratuais. 4) Sem justa causa, de forma unilateral, quando o contrato permitir (sem ônus para a parte, bastando a simples notificação da parte contrária e antecedência de 30 dias. 5) Declaração judicial de anulabilidade, na hipótese de não demonstração da entrega da C.O.F. e de constatação de falsidade nas declarações nela contidas ou ainda de nulidade. CONTRATO DE FOMENTO MERCANTIL Também conhecido como contrato de faturização ou de factoring. É uma modalidade de contrato onde uma das partes cede a terceiro (o factor) créditos provenientes de vendas mercantis, assumindo o cessionário o risco de não recebê-los contra o pagamento de determinada comissão a que o cedente se obriga. Coelho define: “é o contrato pelo qual uma instituição financeira (faturizadora) se obriga a cobrar os devedores de um empresário (faturizado), prestando a este os serviços de administração de crédito. Conceito Legal: Lei nº 9249/95, art. 15 § 1º, III, “d”: “prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção de riscos, administração de contas a pagar e a receber, compra de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring)”. Objetivos do contrato: 1) Dar assessoria de crédito e mercadológica; 2) Administrar (créditos, riscos e carteiras de contas); 3) Comprar direitos creditórios. Coelho destaca como obrigações da instituição financeira faturizadora: 1) Gerir os créditos do faturizado, procedendo ao controle dos vencimentos, providenciando os avisos e protestos assecuratórios do direito creditício, bem como cobrando os devedores das faturas; 2) Assumir os riscos do inadimplemento dos devedores do faturizado; 3) Garantir o pagamento das faturas, objeto da faturização. Serve apenas para operações de venda e compra? Não, segundo Negrão é possível utilizar desta modalidade na prestação de serviços e outras atividades econômicas como negócios imobiliários e negócios oriundos do agronegócio. Com base no objeto desta modalidade de contrato, fica o consumidor comum excluído da utilização, na medida que a operação deve destinar-se ao fomento (incremento da atividade econômica). Todavia, não é exigida a condição de empresário, bastando que a pessoa exerça atividade econômica. Assim, o Prof. Negrão conceitua da seguinte forma: “é um contrato não privativo de instituição financeira pelo qual aquele que exerce atividade econômica de forma organizada cede, em todo ou em parte, a título oneroso, os direitos creditícios decorrentes de sua atividade a empresa regularmente registrada no Conselho Regional de Administração, apta a lhe prestar, de forma cumulativa e contínua, serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção de riscos e administração de contas a pagar e a receber”. Não é um contrato exclusivo das atividades bancárias, mas nada impede que um banco preste este tipo de serviço através de empresas coligadas. Atores envolvidos na relação contratual. Trata-se de uma operação triangular: 1) Devedor – queé o comprador de um produto ou adquirente de um serviço oriundo da relação subjacente que dá origem ao saque ou emissão do crédito cedido no contrato de faturização. 2) Faturizado – que é o vendedor ou prestador de serviços na relação subjacente. 3) Faturizador - é a empresa especializada que adquire créditos do faturizado e lhe presta serviços administrativos especializados. Modalidades comuns de factoring: 1)Conventional factoring (old line factoring) – antecipação sobre o valor dos títulos contratados, no momento da cessão; 2)Maturity Factoring – não há antecipação, o pagamento ao faturizado se dá no vencimento dos títulos faturados ou posteriormente. Cláusulas Essenciais: 1) Exclusividade da totalidade das contas do faturizado. A exclusividade decorre da essência do contrato, pois além da compra de créditos envolve a assessoria profissional no campo mercadológico, no acompanhamento de contas e na seleção e avaliação dos riscos. 2) Duração do contrato; Pode ser por prazo indeterminado ou determinado, podendo as partes estipular, neste último caso, cláusula de prorrogação. Nos contratos com prazo indeterminado, basta a simples notificação para que as operações iniciadas sejam liquidadas e então seja rompido o vínculo. 3) Faculdade do faturizador escolher as contas que deseja garantir; Esta cláusula existe pois ao assumir o crédito daquele que emitiu o título, assume o risco pela solvência, já que a faturizada está desobrigada (não há direito de regresso). Esta faculdade tem como princípio a necessidade de manter o equilíbrio contratual. Além disso, serve também para para a segurança da operação. 4) Liquidação dos créditos; A cláusula deve dispor como se dará a liquidação dos créditos, liberação de valores, prestação de contas, etc. O Conteúdo dependerá da modalidade contratada: conventional factoring e maturity factoring. Em razão desta cláusula há a necessidade de liquidação das operações já iniciadas, de forma que a resilição unilateral não põe fim imediatamente ao no contrato, devendo as partes arcarem com as obrigações assumidas pelas operações iniciadas. 5) Cessão de créditos; A compra dos créditos se dá através da cessão de créditos e por endosso dos títulos a favor do fomentador. Não se trata de uma cessão pura e simples, devendo-se-lhe aplicar as normas contidas nos artigos 286-298 C.C. Forma: instrumento público ou particular; notificação do devedor. A cessão se dá com a tradição do documento, difere da cessão pura e simples pois é um contrato aleatório, complexo e atípico e é sempre onerosa. Endosso sem efeito cambial. O faturizado responde pela validade e existência do título, mas não pela sua solvência (do sacado). O devedor pode opor exceções que tenha contra o cedente, para o cessionário. Regresso contra o cedente? Nos casos de inexigibilidade do título. 6) Assunção de riscos pelo faturizador; O Risco faz parte da natureza do contrato. Assim, não cabe a cessão com a cláusula pro solvendo. 7) Remuneração do contrato. No conventional, pode incidir juros, observados os limites impostos pelo C.C. Mas esta taxa poderá ser aumentada até o dobro (Decreto nº 22.626/33 – art. 1º). O sobrevalor cobrado pela instituição financeira levará sempre em consideração o risco. Direito de Regresso. Ainda que o faturizado não responde pela solvência, deverá responder pela existência do título (exigibilidade) e somente estará obrigado ao regresso nas hipóteses: 1) Simular a criação de um crédito, como, por exemplo, emitir duplicata sem causa; 2) Receber o pagamento, total ou parcial, diretamente do devedor depois de efetuada sua cessão ao faturizador; 3) Der justa causa a recusa do pagamento (relacionada ao cumprimento da obrigação subjacente). Garantias. Nulidade de cláusula. CONTRATO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL Também conhecido como contrato de leasing. É uma modalidade de contrato de natureza complexa, pois se assemelha ao contrato de locação de bens móveis e em determinado momento do contrato o contratante tem a possibilidade de adquirir o bem, ou renovar o contrato de arrendamento ou extinguir o contrato sem a aquisição do bem utilizado, devolvendo-o ao arrendante. É um contrato previsto na Lei nº 6.099/74 com as modificações da Lei nº 7.132/83, Lei nº 11.882/08 e Lei nº12.973/14 (que trata sobre o tratamento tributário sobre operações de leasing) e também na Resolução nº 2.309/96. Fases do contrato de arrendamento mercantil (Bulgarelli): 1) Proposta do arrendatário à arrendadora ou vice-versa; 2) O acordo de vontades; 3) A aquisição, pela arrendatária, do bem ajustado com o arrendatário; 4) A entrega do bem pela arrendadora ao arrendatário. 5) Opção do arrendatário em: devolver o bem; renovar o contrato; adquirir o bem compensando as parcelas pagas a título de arrendamento e feita a depreciação. A propriedade do bem (e posse indireta) é do arrendador e o possuidor direto do bem é o arrendatário. Modalidades De Arrendamento Mercantil. 1) LEASING FINANCEIRO (Financial Lease, Arrendamento Financeiro, Leasing Bancário): o arrendador adquire o bem do fabricante e o entrega ao arrendatário a fim de que este pague parcelas previamente ajustadas e dentro de um prazo e, ao final do contrato poderá exercer o direito da tríplice escolha. Todavia se o arrendatário rescindir antecipadamente, deverá arcar com as prestações vincendas. A Resolução nº 2.309/96 do Banco Central define esta modalidade da seguinte forma em seu artigo 5º: “Art. 5º Considera-se arrendamento mercantil financeiro a modalidade em que: I - as contraprestações e demais pagamentos previstos no contrato, devidos pela arrendatária, sejam normalmente suficientes para que a arrendadora recupere o custo do bem arrendado durante o prazo contratual da operação e, adicionalmente, obtenha um retorno sobre os recursos investidos; II - as despesas de manutenção, assistência técnica e serviços correlatos a operacionalidade do bem arrendado sejam de responsabilidade da arrendatária; III - o preço para o exercício da opção de compra seja livremente pactuado, podendo ser, inclusive, o valor de mercado do bem arrendado”. Quanto ao prazo do arrendamento nesta modalidade, o artigo 8º da mesma Resolução assim determina: “Art. 8º Os contratos devem estabelecer os seguintes prazos mínimos de arrendamento: I - para o arrendamento mercantil financeiro: a) 2 (dois) anos, compreendidos entre a data de entrega dos bens a arrendatária, consubstanciada em termo de aceitação e recebimento dos bens, e a data de vencimento da última contraprestação, quando se tratar de arrendamento de bens com vida útil igual ou inferior a 5 (cinco) anos; b) 3 (três) anos, observada a definição do prazo constante da alínea anterior, para o arrendamento de outros bens; ...”. 2) ARRENDAMENTO OPERACIONAL: definido pelo artigo 6º da mesma Resolução, que assim determina: “Art. 6º Considera-se arrendamento mercantil operacional a modalidade em que: I - as contraprestações a serem pagas pela arrendatária contemplem o custo de arrendamento do bem e os serviços inerentes a sua colocação à disposição da arrendatária, não podendo o valor presente dos pagamentos ultrapassar 90% (noventa por cento) do custo do bem; II - o prazo contratual seja inferior a 75% (setenta e cinco por cento) do prazo de vida útil econômica do bem; III - o preço para o exercício da opção de compra seja o valor de mercado do bem arrendado; IV - não haja previsão de pagamento de valor residual garantido. Parágrafo 1º - As operações de que trata este artigo são privativas dos bancos múltiplos com carteira de arrendamento mercantil e das sociedades de arrendamento mercantil. Parágrafo 2º - No cálculo do valor presente dos pagamentos deverá ser utilizada taxa equivalente aos encargos financeiros constantes do contrato. Parágrafo 3º - A manutenção, a assistência técnica e os serviços correlatos a operacionalidade do bem arrendado podem ser de responsabilidade da arrendadora ou da arrendatária. (artigo alterado pela Resolução nº 2.465, de 19.2.98)”. Prazo do Arrendamento Operacional:
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