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CONTRATOS EMPRESARIAIS

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EMPRESARIAL N1.2
AULA 05.2 - OUTROS TÍTULOS DE CRÉDITO
Títulos Representativos
São aqueles que exercem paralelamente à função documental a de título de crédito, na
medida em que possibilitam ao proprietário da mercadoria custodiar a negociação com o valor que
ela tem, sem prejuízo da custódia.
-Conhecimento de Depósito;
-Warrant;
-Conhecimento de frete (ou de transporte).
Este último representa a existência de um contrato de mercadoria transportada que pode ser via
aérea, marítima ou terrestre e em razão da natureza, será atribuído o nome do título.
Conhecimento De Depósito E Warrant
Armazém-geral: é o estabelecimento comercial explorado pelo empresário individual ou sociedade
empresária e tem como objetivo a guarda e conservação de coisas alheias, por um determinado
período, que será estipulado pelo proprietário desses bens. Regras para evitar concorrência desleal
- vedações:
1) Estabelecer preferência entre os depositantes*;
2) Recusar depósito previsto em seu regulamento interno; Se houver especialização em produtos
agropecuários deverá ostentar o certificado do Ministério da Agricultura e Abastecimento. Salvo pela
falta de espaço ou se for danificar as demais mercadorias.
3) Exercer comércio de mercadorias idênticas àquelas que se propôs a receber em depósito*;
4) Adquirir mercadorias expostas em seus estabelecimentos, ainda que a pretexto de consumo
particular;
5) Emprestar ou negociar títulos de sua emissão.
Para atuar neste mercado é imprescindível estar devidamente matriculado, nos termos da Lei de
Registro de Empresa (Lei nº 8.934/94).
Atores: trapicheiros e administradores dos armazéns-gerais – armazéns que abrigam mercadorias
destinadas à importação e exportação.
* Salvo quando se tratar de produto agropecuário Lei nº9973/00).
O Conhecimento de Depósito e Warrant podem ser:
•Gerais - Regulamentação: Decreto 1.102 de 1903.
•Agropecuários – regulamentação: Lei nº 9973/00 e 11076/04.
Os títulos serão emitidos pelos armazéns-gerais a pedido do depositante e substitui o recibo de
depósito. O Conhecimento de Depósito e Warrant são criados juntos e podem circular de forma
separada. Como regra, para retirar a mercadoria é necessária a apresentação de ambos pelo
legítimo portador.
Quais os direitos atribuídos ao detentor do Conhecimento de Depósito e do Warrant?
Características:
Conhecimento De Depósito:
Representa o contrato de depósito, e o depositante pode negociar o título em vez da mercadoria
por ele representada.
Warrant
Representa O Valor Das Mercadorias, é Uma Promessa De Pagamento Garantia Pela Mercadoria
Depositada.
Direitos E Deveres Dos Contratantes
I. Do Armazém-Geral.
Tem o dever de conservar e entregar de pronto e de forma fiel as mercadorias recebidas em
depósito e responde por culpa, dolo ou fraude de seus empregados e prepostos por subtração
ocorrida dentro do estabelecimento. Força maior, avarias e vícios proveniente do acondicionamento
de mercadorias – isenção de responsabilidade, exceto se for expressamente pactuado e pagamento
de taxa complementar.
Prazo prescricional - 3 meses contados da data que a mercadoria deveria ser entregue.
Direitos do armazém-geral:
1) Recebimento da contraprestação pelos serviços realizados: tarifa remuneratória de depósito e por
outros serviços que disponibilizar.
2) Direito de retenção para garantir o pagamento dos serviços em caso de inadimplemento. Pode ser
afastado em caso de falência.
3) Direito de indenização pelos prejuízos causados por culpa ou dolo do depositante.
4) Direito de preferência em relação às despesas com a conservação e com as operações,
benefícios prestados às mercadorias, a pedido do dono, dos adiantamentos feitos com fretes e
seguros, comissões e juros das mercadorias remetidas em consignação.
Momento do exercício do direito de preferência: venda da mercadoria pelo credor detentor do
warrant. Efetuado o leilão, pagas as comissões do leiloeiro, dos tributos e efetuado o reembolso das
despesas, o saldo será dado ao detentor do warrant.
Se o depositante falir?
Habilitação de crédito. Crédito com direito especial de garantia (classe privilegiada tributária).
II) DEPOSITANTE.
- Deverá pagar o preço e indenizar pelos prejuízos que causar de forma culposa ou dolosa.
- Direito de ação contra o armazém-geral contra os prejuízos decorrentes de furto, fraude ou
má-conservação.
Prazo prescricional: 3 meses da data que a mercadoria deveria ter sido devolvida.
- Terá o direito ainda de examinar e verificar as mercadorias depositadas, conferir amostras,
nos termos do regulamento do armazém-geral.
É possível a devolução de mercadoria do mesmo gênero? É possível sim.
Efeitos da emissão dos títulos de crédito.
A mercadoria não poderá ser penhorada, embargada ou sofrer qualquer outro embaraço que
prejudique a sua livre e plena disposição. Os títulos, por outro lado, poderão sofrer constrição por
dívidas de seu portador.
O Conhecimento de depósito e o warrant são emitidos unidos e podem ser separados pois possuem
funções econômicas distintas.
Conhecimento De Depósito
- Meio De Circulação De Mercadorias.
- Titularidade Sobre A Mercadoria
- Tem O Direito Limitado A Entrega Da Mercadoria, Onerada Com Penhor.
Warrant
- Instrumento De Crédito Sobre As Mercadorias.
- Recebe A Coisa Depositada Em Garantia Real De Seu Direito De Crédito.
- Tem O Direito De Penhor Sobre A Coisa Depositada.
Direito do portador com os títulos unidos:
1) Pedir a divisão do produto em lotes e exigir a emissão de títulos correspondentes a cada um
destes lotes.
2) Retirar as mercadorias depositadas no armazém depositante.
A limitação do direito de propriedade no Conhecimento de Depósito deixa de existir se seu detentor
efetuar a quitação do valor do warrant, através de consignação no armazém do valor, juros e
despesas do armazém. Exceções à exigência de apresentação do Conhecimento de Depósito e
Warrant para retirada da mercadoria:
1) liberação em favor do titular do conhecimento de depósito endossado em separado, antes do
vencimento da obrigação garantida pelo endosso do warrant, desde que deposite, junto ao
armazém-geral, o valor desta obrigação;
2) execução da garantia pignoratícia, após o protesto do warrant, mediante leilão realizado no
próprio armazém.
Natureza jurídica do conhecimento de depósito: é um título representativo, que tem como
fundamento a existência de um contrato de depósito em armazém-geral e importa na entrada de
mercadoria determinada, especificada na cártula.
Natureza jurídica do warrant: é um título causal que incorpora um direito real de penhor sobre a
mercadoria. Observe-se que a representação e causalidade valem apenas em relação à sua origem,
pois quando separado do conhecimento de depósito, circula de forma independente,
como uma promessa de pagamento.
Requisitos legais para emissão (D. 1102 de 2903, art. 15 §1º):
1) À ordem: circulam obrigatoriamente por endosso, não basta a simples tradição.
2) Designação do título: deve constar qual é o conhecimento de depósito e qual é o warrant.
3) Denominação da empresa do armazém-geral e sede: O emitente tem que constar dos títulos,
na medida em que ele é responsável civil e criminal pelo cumprimento da legislação e pela emissão
dos títulos.
4) Identificação do depositante ou terceiro por este indicado: são títulos nominativos, à ordem.
Beneficiário original.
5) Local e prazo do depósito: confere ciência ao portador dos títulos para poder efetuar a retirada
das mercadorias e também fiscalização das mesmas.
Prazo: 6 meses podendo ser prorrogado de acordo com as partes. Se não houver prorrogação, será
considerada coisa abandonada e o armazém irá notificar o depositante via postal para efetuar a
retirada em até 8 dias sob pena de ser vendida em leilão público.
6) Discriminação da mercadoria: encontra justificativa para poder precificar a mercadoria. Deve
constar o nome usual no
mercado do produto, peso, estado do envoltório, marcas e indicações próprias que definem sua
identidade, ressalvada a
mercadoria a granel.
7) Identificação do Segurador: é obrigatóriaa contratação de seguro, devendo constar nos títulos
a seguradora e o preço do seguro. Se se tratar de bens misturáveis, o beneficiário será o armazém.
8) Declaração fiscal e encargos: encargos e tributos preferem o direito de crédito do warrant pelo
produto da venda da mercadoria e servem para dar transparência aos futuros endossatários.
9) Data de emissão: Serve para computar o tempo de armazenamento, bem como averiguar
eventuais fraudes contra credores ou ineficácia e revogação de atos na falência, seja do
depositante, seja do armazém.
10) Assinatura do emitente: ao assinar o depósito certifica que as mercadorias encontram-se em
depósito, sua quantidade e qualidade, peso e estado de conservação.
Circulação Dos Títulos
Endosso: em branco ou em preto.
Como calcular o valor para ser colocado no warrant para o primeiro endosso, já que não é
requisito essencial da criação a discriminação da importância?
Será formado pela importância do crédito garantido, pelo penhor da mercadoria, a taxa de juros e o
vencimento e, deve ainda ser colocado no conhecimento de depósito. O endossatário, por sua vez,
ao receber o warrant, assina o conhecimento de depósito.
Se o warrant vencer e não for pago pelos devedores (endossantes e avalistas) ou pela consignação
de pagamento comunicada pelo armazém-geral ao primeiro endossante do warrant, o portador deve
protestar (seguirá pelas mesmas normas da Letra de Câmbio). Após o protesto o credor poderá em
até dez dias iniciar a venda das mercadorias em leilão extrajudicial.
Se inobservar o prazo de protesto e o início do leilão, o detentor perde o direito de acionar os
devedores de regresso, mantendo-se apenas o primeiro endossante do warrant e todos os
endossantes do conhecimento de depósito.
Responsabilidade dos endossantes do conhecimento de depósito
- Responsabilidade entre endossantes do CD. Existe a limitação do direito outorgado, ou seja a
responsabilidade pela existência das mercadorias uma vez que seu título é o
titular da mercadoria depositada. Não há protesto, pois não há regresso contra endossantes
anteriores.
- Responsabilidade para com o portador do warrant. O endossatário que adquire a propriedade das
mercadorias sabe da limitação do direito de disposição em virtude do penhor. Assim, o portador do
warrant pode acionar os endossantes do conhecimento de depósito.
Obrigação do detentor do warrant para acionar os endossantes: tirar o protesto por falta de
pagamento no prazo legal e dentro de dez dias e promover o início da venda das mercadorias.
Cumprindo estas etapas poderá haver:
1) A satisfação integral do crédito pelo produto da venda, ou;
2) Satisfação parcial do crédito e direito ao portador do warrant acionar os endossantes anteriores
do warrant (não do conhecimento de depósito). Aquele que efetuar o pagamento poderá exercer o
direito de regresso contra o primeiro endossante do warrant.
Todavia se não protestou ou promoveu a venda extrajudicial, o detentor do warrant poderá acionar
judicialmente o primeiro endossante do warrant e todos os demais do conhecimento de depósito e a
obrigação se firma no limite do valor das mercadorias e não da totalidade da dívida. A ação do
detentor do warrant não é de entrega de mercadorias, mas tão somente de execução de crédito que
onera as mercadorias. O endossante do conhecimento de depósito que pagar a dívida tem direito de
regresso contra o devedor principal, ou seja o primeiro endossante do warrant.
AULA 06 - CONTRATOS DE VENDA E COMPRA EMPRESARIAIS
Conceito de venda e compra: É o contrato bilateral pelo qual uma das partes (vendedor) se obriga
a transferir o domínio de uma coisa à outra (comprador), mediante a contraprestação de certo preço
em dinheiro (vide art. 481 C.C.). De Plácido e Silva dispõe: “compreende ou designa a expressão o
contrato pelo qual a pessoa, dona da coisa, acorda em transferir a sua propriedade a outra,
mediante pagamento, por parte desta, do preço estipulado” (1993, p. 476, v. 1).
Quando um contrato de venda e compra passa a ser empresarial?
Será empresarial quando as partes forem empresárias ou sociedades empresárias e o objeto se
destinar a atividade empresarial. Assim, o contrato empresarial trata de relações entre empresários e
de coisas destinadas à organização econômica, ou seja, a produção de bens ou serviços.
Características
É um contrato consensual (consentimento), bilateral (direitos e obrigações recíprocas) e oneroso
(preço). Pode ainda cumular com outros requisitos, no que diz respeito à forma, como ocorre nos
casos em que o ato demanda escritura pública (venda e compra de bem imóvel). De forma geral é
comutativo na medida que refere-se a coisas certas e determinadas, mas poderá ser aleatório
também.
Elementos formadores do contrato de venda e compra: o bem, o preço e o consentimento.
A partir do momento que as partes definam sobre o bem e o preço, torna obrigatória e perfeita a
venda e compra.
1) O bem (a coisa): é todo bem móvel, semovente ou imóvel utilizado pelo empresário ou sociedade
empresária no exercício de sua atividade, seja para revenda ou para compor os atos empresariais.
Requisitos do bem:
a) Existência corpórea ou incorpórea, que pode ser potencial no momento da celebração, mas deve
ser efetiva no momento da entrega.
b) Individualidade, caracterizada pelo objeto determinado ou determinável.
c) Disponibilidade no comércio;
d) Possibilidade de ser transferida ao comprador.
2) O preço. As partes devem estipular um preço em dinheiro, distinguindo-se assim do contrato de
permuta (troca).
Fixação do preço. Pode ocorrer em tratativas individuais entre empresários ou fixadas em contrato
anterior ou convenção (comissão mercantil).
Moeda nacional?
DL. nº 857/69 e Lei nº 10.192/01 admitem a formação de contratos em moeda estrangeira nos
casos:
I - aos contratos e títulos referentes a importação ou exportação de mercadorias;
II - aos contratos de financiamento ou de prestação de garantias relativos às operações de
exportação de bens e serviços vendidos a crédito para o exterior;
III - aos contratos de compra e venda de câmbio em geral;
IV - aos empréstimos e quaisquer outras obrigações cujo credor ou devedor seja pessoa residente e
domiciliada no exterior, excetuados os contratos de locação de imóveis situados no território
nacional;
V - aos contratos que tenham por objeto a cessão,transferência, delegação, assunção ou
modificação das obrigações referidas no item anterior, ainda que ambas as partes contratantes
sejam pessoas residentes ou domiciliadas no país.
No momento do vencimento será pago em moeda nacional ou estrangeira?
Deverá ser convertido o valor em moeda nacional.
Existe a possibilidade de não determinar o preço na formação do contrato?
Sim, mas desde que seja determinável. Pode ser efetuado através de critérios:
Objetivos: Cláusula arbitral, bolsa de valores, índices ou parâmetros objetivos.
Subjetivos (fixados pelo legislador): tabelamento ou preço concorrente.
Critérios para determinação de preço: arbitral, futuro e convencional
Critério arbitral para determinação de preço.
As partes designam ou se comprometem a designar terceiro para arbitrar a fixação do preço. Se o
terceiro se recusar e se não houver acordo de substituir o árbitro a venda será declarada sem efeito.
Critério futuro para determinação de preço.
As partes estipulam data futura que prevê a fixação pela taxa de mercado ou bolsa, em dia e locais
certos e determinados ou, ainda, índices ou parâmetros suscetíveis de objetiva determinação (art.
487 C.C.).
Critério convencional para determinação de preço.
Não optando as partes pelas formas anteriores aplicar-se-á a regra de que as partes sujeitam o
preço concorrente de suas vendas habituais do vendedor.
Forma E Prova Do Contrato
Como regra, não exige forma especial, mas deverá ser verificado cada caso. Ex. imóveis, imóveis
que compõem capital social, valores mobiliários nominativos, quotas sociais, títulos e licenças de
propriedade industrial, etc.
Prova testemunhal exclusiva?
Registro contábil e escrituração fiscal.Quem pode servir de testemunha?
Corretores, representantes autônomos, procuradores negociais, comissários e todas as demais
pessoas que elucidem as condições em que o contrato foi formado.
Execução Do Contrato De Venda E Compra
Ultrapassada a fase de conclusão do contrato (consenso entre o bem e o preço), passa-se à fase de
execução do mesmo, onde deverá haver a entrega do bem e o pagamento do preço. Todavia, as
partes podem estipular prazo para pagamento ou prazo para a entrega, operação esta denominada
venda a termo. A venda complexa é uma espécie de venda a termo, que se caracteriza pelo
desdobramento do contrato inicial em vários outros que são dependentes daquele. Ex. Contrato de
fornecimento.
Direitos Dos Contratantes
Fixado o preço, as partes poderão ajustar a forma em que se dará o pagamento: adiantado, à vista
ou a prazo.
Implicação: Se foi fixado pelas partes o pagamento adiantado ou à vista, o vendedor não será
obrigado a cumprir sua obrigação de entregar o bem antes de receber o preço. Por outro lado, se a
venda for a prazo, o vendedor deverá efetuar a entrega do bem antes do comprador pagar o preço.
Este último caso possui uma exceção: na hipótese do comprador cair em insolvência. No âmbito
empresarial, se for decretada a falência também poderá obstar a entrega. Este fenômeno é
conhecido como right of stoppage in transitu, mas deverá seguir a regra do artigo 119, I da LF:
“Nas relações contratuais a seguir mencionadas prevalecerão as seguintes regras:
I – o vendedor não pode obstar a entrega das coisas expedidas ao devedor e ainda em trânsito, se o
comprador, antes do requerimento da falência, as tiver revendido, sem fraude, à vista das faturas e
conhecimentos de transporte, entregues ou remetidos pelo vendedor; ...”.
Assim, o vendedor somente terá direito à restituição: “Art. 86. Proceder-se-á à restituição em
dinheiro:
I – se a coisa não mais existir ao tempo do pedido de restituição, hipótese em que o requerente receberá o
valor da avaliação do bem, ou, no caso de ter ocorrido sua venda, o respectivo preço, em ambos os casos no
valor atualizado; ...”.
Obrigações Do Vendedor
- Entrega da coisa e transferência do domínio;
- Garantir o uso e gozo pleno da coisa vendida, obrigando-se pelos vícios ocultos;
- Responder pela evicção.
- Entrega do bem.
- Lugar.
- Despesas com tradição.
- Débitos sobre o bem.
Liberdade dos contratantes em decidir. Na omissão do contrato:
Lugar da entrega: deve ocorrer onde a coisa se encontrava ao tempo da venda.
Despesas da tradição:são devidas pelo vendedor. Se for exigida escritura e registro, as despesas
são atribuídas ao comprador.
Débitos que gravam o bem: são devidos pelo vendedor até o momento da tradição.
Bens imóveis -> transcrição imobiliária.
Bens móveis e semoventes - > tradição
Tradição: real ou ficta (alegórica ou simbólica) – art. 1267 C.C. Ex. A posse no constituto
possessório.
A tradição pode ser substituída?
Sim, na venda sobre documentos, conforme previsto no artigo 529 do CC:
“Art. 529. Na venda sobre documentos, a tradição da coisa é substituída pela entrega do seu título
representativo e dos outros documentos exigidos pelo contrato ou, no silêncio deste, pelos usos”.
Ex.: Nota de conhecimento de depósito.
Assim, além da tradição real e simbólica, a transferência do bem pode ocorrer através dos títulos
que representam a coisa vendida e também pelos usos, no silêncio do contrato que versar acerca da
venda de documentos.
Qual a importância em saber como será efetuada a entrega?
Para que seja determinado quem irá sobrar a assunção do risco – “perigo a que está sujeita a coisa,
de perecer ou se deteriorar por caso fortuito ou força maior”(Clóvis Bevilacqua).
Assim, o risco, até o momento da entrega, corre por conta do vendedor, enquanto que o risco do
preço será do comprador. Após a entrega o risco que incide sobre a coisa e preço se invertem em
relação ao comprador e ao vendedor.
A entrega é, portanto, o marco legal que separa os ônus do risco sobre a coisa e sobre o
preço.
A lei prevê três hipóteses em que a tradição simbólica operou-se no momento em que o bem foi
colocado à disposição do comprador:
1) Colocado à conferência para determinação de quantidade, peso e características (art. 492, § 1º,
C.C.);
2) Mora do comprador em receber quando houver a entrega no local combinado (art. 492, § 1º,
C.C.);
3) Expedição para lugar diverso a pedido do comprador (art. 494 C.C.).
Vícios (do bem): falhas ou defeitos ocultos e graves a ponto de tornar a coisa imprópria ao uso que
é destinada ou ainda diminuir-lhe o valor. Destes defeitos decorrem duas possibilidades ao
comprador:
1) Rejeitar o bem – ação redibitória (art. 441, C.C.).
2) Pleitear um abatimento no preço – ação estimatória, quanti minoris (art. 442, C.C.).
Prazo – 30 dias bens móveis e 1 ano bens imóveis.
Obs.: se o objeto já estiver na posse do comprador os prazos são reduzidos pela metade.
A obrigação de garantir o bem contra defeitos tem razão de ser nos contratos comutativos
(prestações equivalentes e insustentáveis de variação). Ao contrário do que ocorre no Código de
Defesa do Consumidor, o comprador deverá demonstrar em juízo:
1) Prejuízo – torna impróprio o uso da coisa ou lhe diminui o valor.
2) Preexistência – o vício é anterior à venda e compra e não tinha como o comprador saber através
dos meios ordinários.
3) Elemento subjetivo – está ligado ao comportamento do vendedor. Se de boa-fé deverá restituir
acrescido das despesas do contrato. Se de má-fé, além da restituição e despesas do contrato
também terá que arcar com as perdas e danos.
O defeito de um bem relativo a operação de venda e compra de bens em conjunto autoriza
somente a devolução daquela que apresentou tal defeito, não as demais.
Evicção
É a perda total ou parcial da propriedade do bem em virtude de decisão judicial (e também a
apreensão policial). É também uma garantia de todos os contratos onerosos, ou seja, ainda que haja
convenção entre as partes sobre o afastamento da evicção, ela subsistirá se o evicto desconhecia o
risco da evicção.
Em caso de evicção, qual a responsabilidade do vendedor?
Restituir o preço, salvo estipulação em contrário, indenizar pelos frutos entregues ao reivindicante,
despesas do contrato, prejuízos da evicção, custas processuais e honorários advocatícios.
Procedimento: na ação do terceiro reclamante, o comprador deve denunciar da lide o vendedor
(art. 70, I, C.P.C.).
Obrigações Do Comprador
Pagar o preço.
Objeto do contrato: se o bem for imóvel, deverá arcar com os custos de escritura e registro, mas é
possível dispor livremente do contrato de forma contrária. Deverá o comprador, ainda, suportar os
riscos do preço (art. 492, C.C.) e também pelo exame da entrega do bem (art. 492 e 494, C.C.).
Modalidades Especiais De Venda E Compra
Bens móveis: à vista de amostra.
Bens imóveis: ad corpus e ad mensuram.
AULA 08.1 - COMISSÃO EMPRESARIAL
Conceito de comissão: “Derivado do latim commissio, de commitere, significa não somente a ação
de unir, concurso, como também a ação de confiar, de entregar” (De Plácido e Silva, Vocabulário
Jurídico, 12 ed., Rio de Janeiro: Forense, 1993). Assim, a ideia de comissão é cooperação para
execução de determinado mister.
Atores: Comissário e Comitente.
Previsão legal – art. 693 do C.C.:
“O contrato de comissão tem por objeto a aquisição ou a venda de bens pelo comissário, em seu
próprio nome, à conta do comitente”.
Esta hipótese legal traz a comissão em operação de venda de bens por determinação do comitente,
que pode permanecer oculto perante terceiros.
Comissão ≠ Mandato nos seguintes aspectos:
1) Quanto à extensão: o mandato abrange a prática de quaisquer atos jurídicos lícitos e não apenas
a venda e aquisição de bens;
2) Quanto ao vínculo obrigacional: no mandato, os atos são praticados em nome de quem confere
poderes para a sua prática (mandante) e na comissão, em nome daquele que o realiza (comissário);
3) Quanto a representação: no mandato, a procuração é o instrumento enquanto que na comissão,
não há instrumentode representação, pois o comissário não representa o comitente.
COMISSÃO EMPRESARIAL – será empresarial se uma das partes exercer a atividade empresarial.
Origem: Idade Média. Surgiu devido a falta de agilidade que o mandato tinha frente às relações
comerciais (dispensa da exigibilidade de apresentação de um documento formal). Mas além da
possibilidade de dispensar a apresentação do instrumento, traz ainda as seguintes vantagens sobre
o mandato:
1) Afasta o risco pelo excesso de poderes do mandatário.
2) Mantém o segredo das operações do mandante para evitar que os concorrentes conheçam o
fluxo de seus negócios;
3) Possibilidade de utilização do crédito e do capital do comissário, na praça onde se encontra
estabelecido;
4) Facilidade de informações, das remessas e da guarda de mercadorias, em praças distantes.
Características gerais: Contrato bilateral, oneroso e não solene.
Características específicas (elementos): objeto, vínculo e função do contrato:
1) Objeto: “aquisição ou venda de bens pelo comissário”. Diz respeito àquilo que o comissário deve
fazer. Aplica-se a bens móveis e imóveis, corpóreos e incorpóreos;
2) Vínculo obrigacional: “em seu próprio nome”, ou seja, não há vínculo entre o terceiro e o
comitente, mas apenas entre o comissário e o terceiro.
3) Função do contrato: “à conta do comitente”. Ainda que ausente o vínculo do comitente com
terceiro, não há de se falar em bem negociado pelo comissário que não pertença ao comitente.
Direitos E Obrigações Dos Contratantes
1) Do comissário com terceiro: Uma vez que a relação do terceiro é com o comissário não há de
se falar em legitimidade do comitente. Todavia, este poderá ser acionado em virtude de cessão de
direitos do comissário, conforme previsão do artigo 694 do C.C.:
“O comissário fica diretamente obrigado para com as pessoas com quem contratar, sem que estas tenham
ação contra o comitente, nem este contra elas, salvo se o comissário ceder seus direitos a qualquer das
partes”.
2) Do comissário com o comitente: Uma vez que o comissário age por conta do comitente, este
pode alterar as instruções anteriormente transmitidas, a qualquer tempo, desde que não haja
estipulação contratual em contrário. Assim, o comissário deverá aplicar as novas ordens em relação
aos contratos ainda pendentes. Se no contrato não houver a especificação dos detalhes do
negócios, a lei fixa normas a serem fielmente seguidas: havendo tempo para consulta, deve pedir
instruções ao comitente e, em caso contrário, proceder segundo os usos em casos semelhantes
(art. 695, C.C.). O Código Civil adotou algumas medidas para solucionar conflitos entre comissário e
comitente que digam respeito a: diligência; prejuízos, forma de pagamento, cobrança de juros e o
direito de retenção.
2.1) Diligência do comissário: deve agir com especial cautela, não apenas para evitar o prejuízo,
mas para proporcionar o lucro que razoavelmente podia se esperar do negócio (art. 696, C.C.).
Entre os cuidados necessários, estão o de “boa guarda e conservação dos efeitos de seus
comitentes” e avisar os comitentes sobre danos, na primeira oportunidade que tiver.
2.2) Prejuízos causados pelo comissário: é responsável pela higidez do negócio realizado e
deverá responder se agir com dolo ou culpa. Ainda que não seja responsável pela solvabilidade do
terceiro deve agir com prudência se houver indícios de insolvência e deixar de solicitar as certidões
necessárias.
2.3) Forma de pagamento: se não houver estipulação expressa, presume-se que o comissário
tenha uma dilação no prazo para pagamento, de acordo com os usos do lugar onde se realizar o
negócio (art. 699, C.C.). Todavia, o contrário, ou seja, o comissário que dilatar a terceiro sem
autorização do comitente, responderá pessoalmente pelos prejuízos advindos, das hipóteses legais
do artigo 700, C.C.:
- Se houver instruções do comitente proibindo prorrogação de prazos para pagamento;
- Se esta não for conforme os usos locais, poderá o comitente exigir que o comissário pague
incontinenti;
- Responda pelas consequências da dilação concedida, procedendo-se de igual modo se o
comissário não der ciência ao comitente dos prazos concedidos e de quem é seu beneficiário.
2.4) Quanto à cobrança de juros: receberá juros pelos valores adiantados para cumprimento das
ordens do comitente e este os receberá pela mora na entrega de fundos que lhe pertençam, retidos
pelo comissário (art. 706, C.C.).
2.5) Quanto ao direito de retenção: “guarda de coisa alheia em garantia enquanto não for
satisfeita, a favor daquele que retém, obrigação lícita prevista na lei ou contrato”. O comissário tem o
direito de retenção assegurado em relação às despesas que realizar e das comissões a que faz jus.
Da remuneração do comissário: é um contrato oneroso e, se não houver previsão, o arbitramento
se dará conforme os usos. Se o comissário falecer ou for dispensado com motivação, deverá ser
remunerado pelos serviços prestados que forem úteis ao comitente. Se a dispensa foi imotivada
cabe ao comissário as perdas e danos.
Efeitos da falência: Se o falido figurar como comissário: cessa o contrato que verse sobre matéria
empresarial. Se o falido é comitente: cessa efeitos do contrato desde a data do decreto judicial,
devendo o comissário prestar contas de sua gestão e habilitar o crédito no quadro geral, como
credor quirografário.
Cláusula del credere: é um pacto acessório no qual o comissário assume o ônus de responder
solidariamente com as pessoas com quem tratar em nome do comitente.
Salvo disposição em contrário, o comissário que assume este ônus terá remuneração mais
elevada, denominada de compensação pecuniária particular.
AULA 08.2 - MANDATO EMPRESARIAL
Opera-se o mandato, diz o art. 653 do Código Civil, quando alguém recebe de outrem poderes para,
em seu nome, praticar atos ou administrar interesses.
Para Roberto de Ruggiero, “encarregar outrem de praticar um ou mais atos por nossa conta e no
nosso nome, de modo que todos os efeitos dos atos praticados se liguem diretamente à nossa
pessoa como se nós próprios os tivéssemos praticado, é o que tecnicamente se chama conferir ou
dar mandato”. A denominação deriva de manu datum, porque as partes se davam as mãos,
simbolizando a aceitação do encargo e a promessa de fidelidade no cumprimento da incumbência.
O vocábulo Mandato designa:
a)O poder conferido pelo mandante,
b)Mas também, o contrato celebrado,
c)Ou, o título deste contrato, de que é sinônimo de procuração.
A pessoa que confere os poderes chama-se mandante e é o representado; a que os aceita diz-se
mandatário e é representante daquela.
Mandato não se confunde com mandado, que é uma ordem judicial.
A principal característica do mandato, que ressalta da expressão “em seu nome”, constante do
retrotranscrito art. 653 do Código Civil, é a ideia de representação, que o distingue da locação de
serviços e da comissão mercantil.
Por essa razão, os atos do Mandatário vinculam o mandante, se dentro dos poderes outorgados
(art. 679). Os praticados além dos poderes conferidos no mandato só o vinculam se forem por ele
ratificados (art. 665).
O mandato e a prestação de serviços têm pontos comuns. Enquanto os profissionais liberais são,
em geral, apenas prestadores de serviços, o advogado é, ao mesmo tempo, mandatário e prestador
de serviço.
Mas deve-se atentar ao seguinte:
a) a ideia de representação, fundamental no primeiro e que não existe no segundo. O mandatário
representar o mandante, enquanto o prestador de serviços não tem essa representação;
b) o objeto do contrato, que, no mandato, é a autorização para realizar qualquer ato ou negócio
jurídico e na prestação é a realização de um fato ou determinado trabalho, material ou imaterial;
c) faculdade que tem o mandatário de deliberar e de querer, enquanto o prestador se limita a
executar o ato exigido de suas aptidões ou habilidade.
É também a representação que distingue o mandato da preposição exercida nas relações diárias e
cotidianas pelos criados, operários, porteiros, motoristas particulares etc. Igualmenteo contrato de
mandato não se confunde com o de comissão empresarial, que é contrato em que o comissário trata
de negócios por conta do comitente. Basta mencionar que o comissário contrata em seu próprio
nome, ficando diretamente obrigado com as pessoas com quem contrata, enquanto o mandatário
age em nome do mandante, não se vinculando às pessoas com quem negocia. A doutrina em
geral entende que o que caracteriza o mandato é a ideia de representação.
Não resta dúvida de que esta se encontra presente na grande maioria dos casos, mas não é
essencial à configuração do mandato, havendo hipóteses em que este subsiste sem aquela; e outras
ainda em que a mesma ideia existe, porém em contratos de natureza diversa, como se verá adiante.
Os representantes podem ser:
a) Legais - quando a lei lhes confere mandato para administrar bens e interesses alheios, como os
pais, tutores, curadores, etc.
b) Judiciais - quando nomeados pelo juiz, como, por exemplo, o inventariante e o administrador na
falência.
c) convencionais - quando recebem procuração para agir em nome do mandante.
Em regra, todos os atos podem ser realizados por meio de procurador. Constitui requisito inafastável
que o ato ou negócio colimado seja lícito e conforme aos bons costumes e à moral.
O objeto do mandato não se limita, porém, aos atos patrimoniais. A adoção e o reconhecimento
do filho natural, por exemplo, podem ser efetuados por meio de mandato. Até mesmo o
casamento, que é um dos atos mais solenes do Código Civil e de reconhecida importância para a
vida das pessoas, pode ser celebrado “mediante procuração, por instrumento público, com poderes
especiais” (CC, art. 1.542). Alguns poucos, todavia, como o testamento, a prestação de concurso
público, o serviço militar, o mandato eletivo, o exercício do poder familiar e outros, por serem
personalíssimos, não podem ser praticados por representante.
Características: é contrato personalíssimo, consensual, não solene, em regra gratuito e unilateral.
É Contrato porque resulta de um acordo de vontades: a do mandante, que outorga a procuração,
e a do mandatário, que a aceita.
A aceitação pode ser expressa ou tácita. Esta se configura pelo começo de execução (CC, art. 659).
Vejamos as características supra mencionadas:
a) É contrato personalíssimo ou intuitu personae porque se baseia na confiança, na presunção de
lealdade e probidade do mandatário, podendo ser revogado ou renunciado quando aquela cessar e
extinguindo-se pela morte de qualquer das partes. Celebra-se o contrato em consideração à pessoa
do mandatário, sendo, destarte, a fidúcia o seu pressuposto fundamental. Como consequência, é
essencialmente revogável, salvo as hipóteses previstas nos arts. 683 a 686, parágrafo único, do
Código Civil. Cessada a confiança, qualquer das partes pode promover a resilição unilateral (ad
nutum), pondo termo ao contrato.
b) É consensual porque se aperfeiçoa com o consenso das partes, em oposição aos contratos reais,
que se aperfeiçoam somente com a entrega do objeto.
c) É igualmente não solene, por ser admitido o mandato tácito e o verbal (CC, art. 656), malgrado a
afirmação constante do art. 653, segunda parte, de que “a procuração é o instrumento do mandato”.
d) É também, em regra, contrato gratuito, porque o art. 658 do Código Civil diz presumir-se a
gratuidade: “quando não houver sido estipulada retribuição, exceto se o seu objeto corresponder ao
daqueles que o mandatário trata por ofício ou profissão lucrativa”. O mandato confiado a advogado,
corretor ou despachante, por exemplo, presume-se oneroso. Nesses casos, inexistindo acordo sobre
a remuneração a ser paga, “será ela determinada pelos usos do lugar, ou, na falta destes, por
arbitramento” pelo juiz, que naturalmente levará em conta a natureza, a complexidade e a duração
do serviço (CC, art. 658, parágrafo único, 2ª. parte). O fato de ser gratuito ou remunerado não
altera a sua essência. A ideia da gratuidade, que provém do direito romano (Mandatum nisi
gratuitum nullun est), não se amolda perfeitamente à realidade atual, em que, no mais das vezes, o
mandato é remunerado.
e) O mandato é ainda, em regra, unilateral, porque gera obrigações somente para o mandatário,
podendo classificar-se como bilateral imperfeito devido à possibilidade de acarretar para o
mandante, posteriormente, a obrigação de reparar as perdas e danos sofridas pelo mandatário e de
reembolsar as despesas por ele feitas.
Obs: Toda vez que se convenciona remuneração, o contrato será bilateral e oneroso.
Outras características (para Cunha Gonçalves):
a) o mandato “é um dos raros contratos em que a aceitação da outra parte, neste caso, a do
mandatário, não tem de figurar no título em que pelo mandante foram conferidos os
poderes, nem tem de ser expressa, pois basta a aceitação tácita”.
b) é contrato que só pode ter por objeto atos jurídicos e não simples atos materiais, fatos ou
serviços; (pois ninguém confere mandato para cozinhar, fazer um vestuário ou calçado, chamar um
automóvel, ou para qualquer compra insignificante: maço de cigarros, caixa de fósforos, caixa de
papel, etc.).
Para Caio Mário:
a) O contrato de mandato é preparatório, pois habilita o mandatário para a prática de atos
subsequentes que nele não estão compreendidos. Realmente, o contrato não se esgota em si
mesmo.
b) O seu objeto é a prática de atos que poderão ser característicos de outro contrato típico (a
procuração outorgada para a compra e venda de um imóvel, p. ex.) ou atípico.
c) No mandato para representar o herdeiro ou para pleitear em juízo, por exemplo, os atos do
inventário ou da demanda não estão contidos no mandato, sendo-lhe externos.
Mandato e representação
1) A doutrina em geral entende que o que caracteriza o mandato é a ideia de representação. Esta
seria elemento essencial à sua configuração. Nesse sentido, os pronunciamentos de Clóvis
Beviláqua, Washington de Barros Monteiro, Caio Mário, Silvio Rodrigues e outros.
2) Orlando Gomes, diversamente, entende que o legislador labora em equívoco quando dispõe que
somente se opera o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome,
praticar atos ou administrar interesses alheios Aduz que se impõe a distinção, pois mostra-se
evidente a confusão entre procuração e representação, que não se superpõem necessariamente.
3) Não somente foi excluída possibilidade de mandato sem representação, visto que o mandatário
há de praticar atos ou administrar interesses sempre em nome do mandante, mas também não
distinguiu, no próprio mandato com representação, as duas faces da relação jurídica.
4) Contraditoriamente o Código edita regra que admite a atuação do mandatário sem representação.
Preceitua, de fato, que, se o mandatário cobrar em seu próprio nome, não terá o mandante ação
contra os que com ele contrataram, nem estes contra o mandante. Nesta hipótese, não age em
nome do mandante, deixando de configurar-se logicamente, em face da definição legal, a relação de
mandato, que, entretanto, é admitida.
A teoria da separação consagra o entendimento de que o poder de representação nasce não do
mandato, mas de um negócio jurídico unilateral, autônomo e abstrato, a que a doutrina tem dado o
nome de “procuração” (Não adotada pelo CC atual).
“Art. 663. Sempre que o mandatário estipular negócios expressamente em nome do mandante, será
este o único responsável; ficará, porém, o mandatário pessoalmente obrigado, se agir no seu próprio
nome, ainda que o negócio seja de conta do mandante”.
Pessoas que podem outorgar procuração.
Dispõe o art. 654 do C.C, que: “Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração mediante
instrumento particular, que valerá desde que tenha a assinatura do outorgante”. Não podem fazê-lo,
destarte, os absoluta e relativamente incapazes. Como os primeiros não assinam a procuração, que
é outorgada pelo seu representante legal, pode ser dada por instrumento particular. Os menores são
assistidos pelos seus representantes legais e firmam a procuração junto com estes, devendo
outorgá-la por instrumento público,se for ad negotia, por força do mencionado art. 654 CC.
A procuração judicial, todavia, não é regulada por esse dispositivo e sim pela lei processual (art.
692, C.C.; art. 105,C.P.C.). Como esta não faz distinção entre parte capaz ou relativamente incapaz,
o menor púbere pode outorgar procuração ad judicia por instrumento particular, assistido por seu
representante legal, não sendo exigido o instrumento público.
SUBSTABELECIMENTO.
Para VENOSA substabelecimento, “[..] é o ato unilateral pelo qual o mandatário, como
substabelecente, transfere os poderes recebidos a outrem, o substabelecido”.
Mesmo que a procuração tenha sido realizada por instrumento público, o substabelecimento poderá
ser de instrumento particular, é o que se extrai do art. 655 CC:
“Ainda quando se outorgue mandato por instrumento público, pode substabelecer-se mediante
instrumento particular”.
Lembra Pontes de Miranda, “Se a parte constitui procurador judicial e nessa procuração haja
poderes para substabelecer, morrendo o procurador, a procuração do substabelecido acaba por ser
ineficaz.”
O mandatário irá passar total ou parcialmente seus poderes para outrem. Assim sendo, o
substabelecimento poderá ser com ou sem reserva de poderes. Assim, no substabelecimento com
reserva de poderes, o que antes era mandatário outorga seus poderes para um terceiro, podendo
atuar junto com ele, ou com a prerrogativa de reassumir a conduta de mandatário.
Já o sem reserva de poderes, pode ser conceituado como renúncia do poder de representação, uma
vez que o ora outorgante, se desvincula de vez do contrato, passando definitivamente todos os seus
poderes ao novo mandatário.
Extinção do mandato.
Para o art. 682 CC, mandato cessa:
I - pela revogação ou pela renúncia;
II - pela morte ou interdição de uma das partes;
III - pela mudança de estado que inabilite o mandante a conferir os poderes, ou o mandatário para
os exercer;
IV - pelo término do prazo ou pela conclusão do negócio.
Quanto a extinção do mandato:
a) a revogação parte do mandante, enquanto que a renúncia é por parte do mandatário. Isso
significa que pode haver possibilidade de extinção do mandato por vontade unilateral. Para
Rodrigues, “A revogação pode ser expressa ou tácita". No primeiro caso ela se faz por declaração
do mandante; no segundo, por atos que revelem tal propósito”.
b) Pela morte ou interdição de uma das partes. Sendo intuitu personae, o falecimento de uma das
partes extingue o contrato de mandato.
c) Mudança de Estado. Hoje, este dispositivo não se refere à mulher casada, mas pode incidir em
casos de incapacidade absoluta por debilidade do mandante, por exemplo.
d) A terminação do prazo ou a conclusão do negócio. É a extinção em razão da data certa de
vigência, constante no próprio instrumento de mandato. Algumas procurações são dadas para
negócios certos, que quando concluídos, extinguem o contrato. Ex.: É o caso de nomear mandatário
para outorgar escritura.
AULA 09 - CONTRATOS DE DISTRIBUIÇÃO - REPRESENTAÇÃO COMERCIAL
Pode ser entendido o contrato de distribuição em sentido amplo como sendo um gênero a que
pertencem diversos negócios jurídicos com o objetivo de alcançar e ampliar a
clientela. Para se chegar ao conceito de distribuição em sentido estrito é essencial a distinção entre
aproximação e intermediação:
Aproximação: Alguém promove os negócios para outrem, com ou sem a obrigação de
concluí-los (São por conta do proponente).
Intermediação: haverá revenda de produtos por conta própria.
Coelho classifica os contratos da seguinte forma:
1) Distribuição-aproximação – arts. 710-721 C.C.
2) Distribuição-intermediação – atípicos.
Negrão, por sua vez, adota esta classificação com a seguinte ressalva: a representação empresarial
faz parte do contrato de aproximação, mas é regulamentada pela
Lei nº 4.886/65. Outra ressalva feita pelo Prof. Negrão é em relação a
concessão ou revenda de automóveis, que apesar de ser feita através de intermediação, tem
regramento próprio: Lei nº 6.729/79.
APROXIMAÇÃO – Por conta do proponente
1) AGÊNCIA: o agente não tem a o bem. Art. 710-721 C.C.
2) AGÊNCIA-REPRESENTAÇÃO EMPRESARIAL: L. 4886/65.
3) AGÊNCIA-DISTRIBUIÇÃO: O agente tem o bem negociado. Art. 710 final e seguintes.
INTERMEDIAÇÃO – Por conta própria
CONTRATOS DE REVENDA OU CONCESSÃO: atípicos.
Obs. Revenda de automóveis não é atípica, pois está prevista na Lei 6.729/79.
REPRESENTAÇÃO EMPRESARIAL AUTÔNOMA
É o contrato que versa sobre negócios empresariais destinado ao agenciamento de propostas.
O representante empresarial autônomo é o agente contratado para promover a realização de certos
negócios empresariais, devendo agenciar pedidos ou propostas para transmiti-los ao proponente.
A atividade do representante, ainda que seja de agência, não se amolda perfeitamente ao que
dispõe os artigos 710-712, razão pela qual se lhe aplica a Lei nº 4.886/65 (alterada pela Lei nº
8.420/92). Aqui, as partes necessariamente serão empresárias.
Características do Contrato de Agência.
É um contrato oneroso, bilateral e intransferível. Características específicas:
1) Aproximação inter alios. O agente age em nome de outrem.
2) Autonomia, uma vez que não possui qualquer subordinação ou vínculo de dependência com o
agenciado.
3) Estabilidade contratual, uma vez que a intenção das partes é que o mesmo tenha caráter
duradouro (não eventual).
Forma contratual: escrito ou verbal.
Qualidades dos contratantes: deverão ser sempre empresários? Quem poderá figurar nos
contratos?
Quanto ao agente (que exerce a representação comercial autônoma): pessoa física ou jurídica.
E os agentes-distribuidores de negócios não empresariais, sujeitos ao Código Civil (art.
710-721)? Problema art. 719, C.C. Para os agentes-distribuidores, ainda que desempenhem
atividades econômicas, ela nem sempre será empresarial.
Os agentes-representantes, por sua vez, nesta modalidade de contrato podem ou não ser
empresários, mas o proponente deve ser considerado empresário por definição legal (art. 1º, Lei nº
4.886/65 e art. 966 C.C.):
“Art. 1º Exerce a representação comercial autônoma a pessoa jurídica ou a pessoa física, sem
relação de emprego, que desempenha, em caráter não eventual por conta de uma ou mais pessoas,
a mediação para a realização de negócios mercantis, agenciando propostas ou pedidos, para,
transmití-los aos representados, praticando ou não atos relacionados com a execução dos
negócios”.
O agente, em qualquer hipótese, pode ou não ser empresário. O proponente somente deverá ser
empresário no contrato de agência-representação.
Elementos do contrato de agência e distribuição.
1) Definição do objeto contratual. O C.C. exige a determinação tanto do alcance dos negócios bem
como da indicação do que será negociado (bem ou serviço). A L.R.C.A., exige a “indicação genérica
ou específica dos produtos ou artigos objeto da representação”.
2) Profissionalidade do agente. A lei exige que seja em caráter não eventual, de natureza duradoura.
Precisa de registro no órgão de Classe: C.R.R.C.
3) Determinação de uma zona de atividade. A zona de atuação pode ter exclusividade ou não. Em
ambas as legislações há a exigência de delimitar a área de atuação do agente.
E em caso de omissão contratual?
Ambas legislações trazem soluções similares: C.C.:
“Art. 711. Salvo ajuste, o proponente não pode constituir, ao mesmo tempo, mais de um agente, na
mesma zona, com idêntica incumbência; nem pode o agente assumir o encargo de nela tratar de
negócios do mesmo gênero, à conta de outros proponentes”.
LRCA:
“Art. 27. Do contrato de representação comercial, além dos elementos comuns e outros a juízo dos
interessados, constarão obrigatoriamente: …
e) garantia ou não, parcial ou total, ou por certo prazo, da
exclusividade de zona ou setor de zona; ...”.
“Art. 31. Prevendo o contrato de representação a exclusividade de zona ou zonas, ou quando este
for omisso, fará jus o representante à comissão pelos negócios aí realizados, ainda que diretamente
pelo representado ou por intermédio de terceiros”.
4) Retribuição dosserviços prestados.
As partes habitualmente contratam remuneração do agente em relação aos negócios que ocorrerem
em sua zona, mas podem limitar a zona ou propor condições diversas.
A regra geral é que seja fixado um percentual sobre o valor do produto ou serviço, mas as partes
podem dispor
forma.
Na representação empresarial devem ser aplicadas as regras específicas previstas na LRCA
contidas nos artigos 32 e 33, que determinam que o recebimento do pagamento deverá ser efetuado
até, no máximo, no dia 15 subsequente ao da liquidação da fatura.
Se assim não o fizer, incidirá correção monetária.
Os artigos citados ainda trazem a forma de cobrança, autorizando a emissão de títulos de crédito e o
método para obtenção do valor devido: cálculo sobre o valor total das mercadorias.
Elementos Acessórios dos contratos.
1) Prazo: livre estipulação. Em se tratando de contrato por prazo indeterminado, como
resolve-se o mesmo?
C.C.: aviso prévio de 90 dias (art. 920)
LRCA: poderá ser com ou sem justa causa.
a) se sem justa causa, o contrato tiver vigorado por mais de seis meses, obriga o denunciante, salvo
outra garantia prevista no contrato, à concessão de pré-aviso, com antecedência mínima de trinta
dias, ou ao pagamento de importância igual a um terço (1/3) das comissões auferidas pelo
representante, nos três meses anteriores.
b) Com justa causa. Não há prazo definido.
Motivos para rescisão por justa causa do Representante:
a) redução de esfera de atividade do representante em desacordo com as cláusulas do contrato;
b) a quebra, direta ou indireta, da exclusividade, se prevista no contrato;
c) a fixação abusiva de preços em relação à zona do representante, com o exclusivo escopo de
impossibilitar-lhe ação regular;
d) o não-pagamento de sua retribuição na época devida;
e) força maior.
Motivos para rescisão por justa causa do Representado:
a) a desídia do representante no cumprimento das obrigações decorrentes do contrato;
b) a prática de atos que importem em descrédito comercial do representado;
c) a falta de cumprimento de quaisquer obrigações inerentes ao contrato de representação
comercial;
d) a condenação definitiva por crime considerado infamante;
e) força maior.
2) Cláusulas facultativas: as partes podem dispor de modo distinto: Ex. Assunção de despesas a
cargo do agente; modificação da dúplice exclusividade recíproca.
Denominação jurídica da representação empresarial: é um contrato agência-distribuição, onde o
agente realiza negócios empresariais de forma específica, mediante a concretização de propostas
ou pedidos que são encaminhados ao proponente.
Em suma:
- Agência: promoção de negócios à conta de outrem, sem dispor do bem.
- Distribuição: promoção de negócios à conta de outrem com a disposição do bem.
- Revenda: os atos negociais são em nome e por conta do revendedor.
Distinção com contrato de mandato e comissão.
Mandato – o mandatário recebe poderes para praticar atos em nome do mandante. Este não tem
caráter duradouro e os atos são definidos no instrumento.
Mas e o disposto no parágrafo único do art. 710 do C.C.?
“O proponente pode conferir poderes ao agente para que este o represente na conclusão dos
contratos”.
Comissão empresarial – o comissário não atua em nome do comitente, mas por conta deste e
aquele não responde pela sua solvência, salvo nos casos previstos em lei.
CONTRATOS DE DISTRIBUIÇÃO
Retribuição - Além da remuneração dos negócios que efetivamente concluir, o agente tem direito a
receber valores oriundos dos negócios:
1) concluídos dentro de sua zona, ainda que sem sua interferência (art. 714, C.C. e art. 32 § 5º,
LRCA);
2) que não foram realizados por fato imputável ao proponente (Art. 716, C.C.);
3) pendentes, na hipótese de dispensa sem culpa (art. 718, C.C. e art. 32 § 5º, LRCA).
Extinção do contrato - Além das causas anteriormente demonstradas de
dispensa com e sem justa causa na LRCA, temos previsão no Código Civil nas seguintes hipóteses:
1) Justa causa alegada pelo representado:
- Agente: tem direito aos serviços úteis.
- Proponente: poderá exigir as perdas e danos.
2) Justa causa alegada pelo agente:
- Agente: tem direito à indenização.
3) Sem justa causa:
- Agente: terá direito a remuneração, pelos negócios pendentes e indenizações de lei especial
(não inferior a 1/12 do total da retribuição do tempo total que exerceu a representação.
Todavia, se o contrato for por prazo determinado, a indenização deverá equivaler a média
mensal da retribuição auferida até a data da rescisão, multiplicada pela metade dos meses
resultantes do prazo contratual.
Força maior do agente. Seus herdeiros terão direito a percepção do correspondente aos serviços
realizados.
AULA 10 - CONTRATO DE FRANQUIA
Contrato de Franquia ou Franchising é modalidade de contrato de distribuição em que figuram o
franqueador e o franqueado e o primeiro concede a utilização de uso de marca ou patente e direito
de distribuição exclusiva ou semi-exclusiva, mediante remuneração do franqueado que receber os
recursos para expansão de sua empresa.
Atores: Franqueador e Franqueado.
Regulamentação: Lei nº 13.996/19 (entrou em vigor dia 27/03/2020). Substituiu a Lei nº 8.955/94. Lei
da Franquia Empresarial - L.F.E. Origem: E.U.A. Por volta de 1892: Singer Sewing Machine
Company
Definição legal de franquia: art. 2º L.F.E. (Revogada)
“Art. 2º Franquia empresarial é o sistema pelo qual um
franqueador cede ao franqueado o direito de uso de
marca ou patente, associado ao direito de distribuição
exclusiva ou semiexclusiva de produtos ou serviços e,
eventualmente, também ao direito de uso de tecnologia
de implantação e administração de negócio ou sistema
operacional desenvolvidos ou detidos pelo franqueador,
mediante remuneração direta ou indireta, sem que, no
entanto, fique caracterizado vínculo empregatício”.
Definição legal de franquia: art. 1º L.F.E. da Lei em vigor:
“Esta Lei disciplina o sistema de franquia empresarial,
pelo qual um franqueador autoriza por meio de contrato
um franqueado a usar marcas e outros objetos de
propriedade intelectual, sempre associados ao direito de
produção ou distribuição exclusiva ou não exclusiva de
produtos ou serviços e também ao direito de uso de
métodos e sistemas de implantação e administração de
negócio ou sistema operacional desenvolvido ou detido
pelo franqueador, mediante remuneração direta ou
indireta, sem caracterizar relação de consumo ou vínculo
empregatício em relação ao franqueado ou a seus
empregados, ainda que durante o período de treinamento”.
Problemas da Lei anterior supridos na atual:
1) Fica claro que não existe relação de consumo;
2) Fica explicitado a inexistência de vínculo empregatício em qualquer fase da relação contratual de
franquia;
3) Foi autorizada a sublocação do franqueador ao franqueado por valor superior ao aluguel pago
(criando exceção na Lei de Locações, não sendo mais considerado contravenção penal);
4) Foi expressamente autorizada a solução de conflitos através da arbitragem;
5) Ampliação do rol de informações na Circular de Oferta de Franquia – C.O.F.
6) Expressa autorização de utilização do sistema de franquia não apenas para o setor privado, mas
também para as empresas estatais ou entidades sem fins lucrativos, independentemente de
segmento de suas atividades.
Ideias principais desta modalidade de contrato:
1)Detentor de Marca de prestígio.
2)Pessoas em busca de oportunidade de negócios sem experiência empresarial.
Benefícios e problemas desta modalidade:
1)O consumidor é beneficiado quando coloca à sua disposição inúmeros pontos de venda.
2)O êxito está ligado à possibilidade de publicidade em relação às marcas ou estilo de vida; à
mobilidade dos consumidores que facilita a oferta uniforme de bens e, com isso, o aumento dos
rendimentos.
3) Violação da imagem da Marca => atenção constante do franqueador.
FUNÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DO CONTRATO DE FRANQUIA
Pode ser classificado como um contrato de colaboração. Os contratos de colaboração são
subdividido em dois:
1) Distribuição–intermediação:operação de compra de mercadorias por parte de um empresário
em condições especiais de outro, denominado distribuidor (FRANQUIA);
2) Distribuição–aproximação: os empresários contratantes têm a tarefa de buscar outros
empresários no produtos distribuídos pelo fornecedor.
Função econômica – distribuição de produtos e serviços, através de conhecimentos técnicos e
treinamento.
Oferecer de forma continuada e sucessiva:
1) Licença de uso de direitos de propriedade industrial;
2) Distribuição exclusiva ou semiexclusiva de produtos e serviços.
Cumulativamente ou não, com serviços de:
1) Tecnologia na implantação;
2) Tecnologia na administração da empresa;
3) Sistema operacional adequado à organização da atividade empresarial.
Direitos do Franqueador: Receber a remuneração do franqueado – Royalties e receber aluguel em
valor superior ao valor pago na sublocação para franqueado (art. 3º parágrafo único).
OBRIGAÇÕES GERAIS DO FRANQUEADO:
1) Pagar a remuneração do franqueador – Royalties;
2) Obriga-se a respeitar as regras impostas pelo franqueador, durante o período de franquia.
Direito do Franqueado: Receber os recursos do Franqueador para implementação e expansão de
sua empresa. Outras Classificações:
1) Tribunal das Comunidades Europeias:
a) franquia de serviços;
b) franquia de produção;
c) franquia de distribuição.
2) IFA – International Franchise Association:
a) produtos(licença da propriedade industrial) ;
b) formato negocial.
3) Paulo Sérgio Restiffe:
a) Franquia de marca: os produtos do fabricante apenas são encontrados nas franqueadas;
b) Franquia de produto: instrumento de distribuição e outras revendas.
c) Franquia de conversão: transformação de negócios já existentes em franquia de determinada
marca.
d) Franquia de negócio: formato negocial (IFA).
Natureza Jurídica: É um contrato bilateral, oneroso, de execução continuada, atípico e, para que
tenha efeito perante terceiros tem que ter a forma escrita (e na presença de duas testemunhas) e
registro especial (I.N.P.I).
Formação Do Contrato De Franquia:
1)Quanto às partes:
Franqueador (ou concedente) – empresário que detém a fabricação, distribuição ou o
licenciamento do produto, know-how, tecnologia, serviço ou marca.
Franqueado – empresário que se dispõe a pagar pelo direito de usar estes recursos.
2) Quanto à forma: escrito na presença de duas testemunhas.
Ainda que não tenha previsão expressa, é importante colocar no contrato como obrigações do
franqueador:
- Licença de uso da marca e de sinais distintivos;
- Know-how;
- Assistência técnica;
- Limitação territorial (evita concorrência entre franqueados);
- Tecnologia na administração do negócio nas áreas de administração, contábil, financeira, recursos
humanos, recursos patrimoniais e materiais, dentre outros;
- Reaquisição de estoque, quando a distribuição envolver produtos do franqueador;
-Treinamento de funcionários do franqueado;
- Assessoria na instalação do estabelecimento empresarial do franqueado;
- Assistência na logística e na distribuição;
- Divulgação publicitária da rede e marcas.
Por outro lado, para o franqueado, além do pagamento dos royalties, e, se houver sublocação
o pagamento de valor a maior do aluguel, são impostas as seguintes obrigações ao mesmo:
- A obrigação de usar a marca, os sinais distintivos e o conhecimento técnico transmitido pelo
franqueador;
- Permitir a fiscalização do andamento das atividades pelo franqueador;
-Limitação territorial;
- Uso de determinados padrões arquitetônicos;
- Utilização de uniforme pelos funcionários com a marca;
- Fixação de estoques mínimos;
- Cláusula de sigilo sobre métodos e segredos do negócio;
- Participação nas despesas publicitárias;
- Tabelamento de preços dos produtos e serviços;
- Cláusula de não concorrência;
- Cláusula de eleição de foro;
- Restrição à atividade no período subsequente à extinção do contrato.
- Adesão ao estatuto do Franqueador no que tange a ética negocial, higienização do ambiente,
relacionamento com a clientela, etc.
3) Quanto ao dever de informação:
O Franqueador tem o dever de fornecer uma Circular de Oferta de Franquia àquele que
demonstrar interesse em tornar-se um franqueado, por escrito e em linguagem
clara e acessível, dez dias antes da assinatura do contrato ou pré-contrato, ou de qualquer taxa que
deverá conter informações para que o candidato possa valorar os riscos envolvidos no negócios a
curto, médio e longo prazo, desde investimentos até possíveis prejuízos.
4) Modalidades: nacional e internacional:
A) Nacional – deve ser redigido em língua portuguesa.
B) Internacional – deve estar redigido em língua portuguesa ou, se redigido em língua
estrangeira, deverá contar com tradução juramentada, cujo custo será do franqueador. Será
considerado internacional o contrato que está sujeito a legislações distintas e que contenha :
-Atos concernentes à conclusão ou execução;
-A situação das partes quanto à nacionalidade e domicílio;
-Localização do objeto.
Se definido o foro de eleição, as partes deverão constituir e manter representante legal ou
procurador, com poderes para receber citação.
Circular de Oferta de Franquia (COF)
É um documento que tem que ser entregue pelo franqueador ao candidato a franqueado com 10
dias de antecedência da assinatura do contrato ou pré-contrato e deverá estar acompanhado do
modelo de contrato padrão (e, se houver, o pré-contrato padrão).
Não demonstrando o franqueador que entregou este documento no prazo, ou inobservou uma das
condições da C.O.F., o franqueado poderá requerer a nulidade ou anulabilidade do contrato e, ainda,
a devolução das quantias pagas a título de taxa de filiação, bem como dos royalties, atualizados,
sem prejuízo da indenização pelos danos sofridos.
Aspectos da Circular de Oferta de Franquia:
1) Dever de informação sobre o franqueador e sua rede;
2) Dever de identificação integral do objeto contratado;
3) Dever de informação da qualificação exigida do franqueado: características e comportamentos
esperados do franqueado;
4) Dever de informação sobre encargos contratuais;
5) Dever de explicitar a extensão territorial e o regime de exclusividade.
Informações obrigatórias na Circular de Oferta de Franquia:
I - histórico resumido do negócio franqueado;
II - qualificação completa do franqueador e das empresas a que esteja ligado, identificando-as
com os respectivos números de inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ);
III - balanços e demonstrações financeiras da empresa franqueadora, relativos aos 2 (dois)
últimos exercícios;
IV - indicação das ações judiciais relativas à franquia que questionem o sistema ou que
possam comprometer a operação da franquia no País, nas quais sejam parte o franqueador,
as empresas controladoras, o subfranqueador e os titulares de marcas e demais direitos de
propriedade intelectual;
V - descrição detalhada da franquia e descrição geral do negócio e das atividades que serão
desempenhadas pelo franqueado;
VI - perfil do franqueado ideal no que se refere a experiência anterior, escolaridade e outras
características que deve ter, obrigatória ou preferencialmente;
VII - requisitos quanto ao envolvimento direto do franqueado na operação e na administração
do negócio;
VIII - especificações quanto ao:
a) total estimado do investimento inicial necessário à aquisição, à implantação e à entrada em
operação da franquia;
b) valor da taxa inicial de filiação ou taxa de franquia;
c) valor estimado das instalações, dos equipamentos e do estoque inicial e suas condições de
pagamento;
IX - informações claras quanto a taxas periódicas e outros valores a serem pagos pelo
franqueado ao franqueador ou a terceiros por este indicados, detalhando as respectivas
bases de cálculo e o que elas remuneram ou o fim a que se destinam, indicando,
especificamente, o seguinte:
a) remuneração periódica pelo uso do sistema, da marca, de outros objetos de propriedade
intelectual do franqueador ou sobre os quais este detém direitos ou, ainda, pelos serviços prestados
pelo franqueadorao franqueado;
b) aluguel de equipamentos ou ponto comercial;
c) taxa de publicidade ou semelhante;
d) seguro mínimo;
X - relação completa de todos os franqueados, sub franqueados ou sub franqueadores da
rede e, também, dos que se desligaram nos últimos 24 (vinte quatro) meses, com os
respectivos nomes, endereços e telefones;
XI - informações relativas à política de atuação territorial, devendo ser especificado:
a) se é garantida ao franqueado a exclusividade ou a preferência sobre determinado território de
atuação e, neste caso, sob que condições;
b) se há possibilidade de o franqueado realizar vendas ou prestar serviços fora de seu território ou
realizar exportações;
c) se há e quais são as regras de concorrência territorial entre unidades próprias e franqueadas;
XII - informações claras e detalhadas quanto à obrigação do franqueado de adquirir quaisquer
bens, serviços ou insumos necessários à implantação, operação ou administração de sua
franquia apenas de fornecedores indicados e aprovados pelo franqueador, incluindo relação
completa desses fornecedores;
XIII - indicação do que é oferecido ao franqueado pelo franqueador e em quais condições, no
que se refere a:
a) suporte;
b) supervisão de rede;
c) serviços;
d) incorporação de inovações tecnológicas às franquias;
e) treinamento do franqueado e de seus funcionários, especificando duração, conteúdo e custos;
f) manuais de franquia;
g) auxílio na análise e na escolha do ponto onde será instalada a franquia; e
h) leiaute e padrões arquitetônicos das instalações do franqueado, incluindo arranjo físico de
equipamentos e instrumentos, memorial descritivo, composição e croqui;
XIV - informações sobre a situação da marca franqueada e outros direitos de propriedade
intelectual relacionados à franquia, cujo uso será autorizado em contrato pelo franqueador,
incluindo a caracterização completa, com o número do registro ou do pedido protocolizado,
com a classe e subclasse, nos órgãos competentes, e, no caso de cultivares, informações
sobre a situação perante o Serviço Nacional de Proteção de Cultivares (SNPC);
XV - situação do franqueado, após a expiração do contrato de franquia, em relação a:
a) know-how da tecnologia de produto, de processo ou de gestão, informações confidenciais e
segredos de indústria, comércio, finanças e negócios a que venha a ter acesso em função da
franquia;
b) implantação de atividade concorrente à da franquia;
XVI - modelo do contrato-padrão e, se for o caso, também do pré-contrato-padrão de franquia
adotado pelo franqueador, com texto completo, inclusive dos respectivos anexos, condições
e prazos de validade;
XVII - indicação da existência ou não de regras de transferência ou sucessão e, caso positivo,
quais são elas;
XVIII - indicação das situações em que são aplicadas penalidades, multas ou indenizações e
dos respectivos valores, estabelecidos no contrato de franquia;
XIX - informações sobre a existência de cotas mínimas de compra pelo franqueado junto ao
franqueador, ou a terceiros por este designados, e sobre a possibilidade e as condições para
a recusa dos produtos ou serviços exigidos pelo franqueador;
XX - indicação de existência de conselho ou associação de franqueados, com as atribuições,
os poderes e os mecanismos de representação perante o franqueador, e detalhamento das
competências para gestão e fiscalização da aplicação dos recursos de fundos existentes;
XXI - indicação das regras de limitação à concorrência entre o franqueador e os franqueados,
e entre os franqueados, durante a vigência do contrato de franquia, e detalhamento da
abrangência territorial, do prazo de vigência da restrição e das penalidades em caso de
descumprimento;
XXII - especificação precisa do prazo contratual e das condições de renovação, se houver;
XXIII - local, dia e hora para recebimento da documentação proposta, bem como para início da
abertura dos envelopes, quando se tratar de órgão ou entidade pública.
Pré-contrato e contrato de pilotage.
Pré-contrato: acordo entre o franqueador e o interessado onde fica estabelecido um prazo de
experiência. Neste prazo o interessado poderá exercer de forma plena ou não o negócio e deverá
pagar determinada prestação pecuniária e ao final optará por firmar ou não o contrato. Na última
hipótese, assumirá o compromisso de sigilo do negócio e não utilização da tecnologia para sua
atividade empresarial.
Pilotage: modalidade na qual o candidato a franqueado confia a um terceiro a experimentação do
projeto de franquia, onde este terceiro receberá uma remuneração para servir de “laboratório de
ensaio”.
Extinção Do Contrato:
1) Decurso do prazo, quando for por prazo determinado;
2) Distrato, onde as partes acordam em extinguir o contrato e se eximir podendo assumir ou se
eximir reciprocamente de encargos e obrigações adicionais;
3) Com justa causa, alegada por um dos contratantes que assumirá o ônus de efetuar a prova sob
pena de sofrer as consequências contratuais.
4) Sem justa causa, de forma unilateral, quando o contrato permitir (sem ônus para a parte,
bastando a simples notificação da parte contrária e antecedência de 30 dias.
5) Declaração judicial de anulabilidade, na hipótese de não demonstração da entrega da C.O.F. e
de constatação de falsidade nas declarações nela contidas ou ainda de nulidade.
CONTRATO DE FOMENTO MERCANTIL
Também conhecido como contrato de faturização ou de factoring. É uma modalidade de contrato
onde uma das partes cede a terceiro (o factor) créditos provenientes de vendas mercantis,
assumindo o cessionário o risco de não recebê-los contra o pagamento de determinada comissão a
que o cedente se obriga. Coelho define: “é o contrato pelo qual uma instituição financeira
(faturizadora) se obriga a cobrar os devedores de um empresário (faturizado), prestando a este os
serviços de administração de crédito.
Conceito Legal:
Lei nº 9249/95, art. 15 § 1º, III, “d”:
“prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito,
seleção de riscos, administração de contas a pagar e a receber, compra de direitos creditórios resultantes de
vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring)”.
Objetivos do contrato:
1) Dar assessoria de crédito e mercadológica;
2) Administrar (créditos, riscos e carteiras de contas);
3) Comprar direitos creditórios.
Coelho destaca como obrigações da instituição financeira faturizadora:
1) Gerir os créditos do faturizado, procedendo ao controle dos vencimentos, providenciando os
avisos e protestos assecuratórios do direito creditício, bem como cobrando os devedores das
faturas;
2) Assumir os riscos do inadimplemento dos devedores do faturizado;
3) Garantir o pagamento das faturas, objeto da faturização.
Serve apenas para operações de venda e compra?
Não, segundo Negrão é possível utilizar desta modalidade na prestação de serviços e outras
atividades econômicas como negócios imobiliários e negócios oriundos do agronegócio. Com base
no objeto desta modalidade de contrato, fica o consumidor comum excluído da utilização, na medida
que a operação deve destinar-se ao fomento (incremento da atividade econômica).
Todavia, não é exigida a condição de empresário, bastando que a pessoa exerça atividade
econômica. Assim, o Prof. Negrão conceitua da seguinte forma: “é um contrato não privativo de
instituição financeira pelo qual aquele que exerce atividade econômica de forma organizada cede,
em todo ou em parte, a título oneroso, os direitos creditícios decorrentes de sua atividade a empresa
regularmente registrada no Conselho Regional de Administração, apta a lhe prestar, de forma
cumulativa e contínua, serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção
de riscos e administração de contas a pagar e a receber”. Não é um contrato exclusivo das
atividades bancárias, mas nada impede que um banco preste este tipo de serviço através de
empresas coligadas.
Atores envolvidos na relação contratual.
Trata-se de uma operação triangular:
1) Devedor – queé o comprador de um produto ou adquirente de um serviço oriundo da relação
subjacente que dá origem ao saque ou emissão do crédito cedido no contrato de faturização.
2) Faturizado – que é o vendedor ou prestador de serviços na relação subjacente.
3) Faturizador - é a empresa especializada que adquire créditos do faturizado e lhe presta serviços
administrativos especializados.
Modalidades comuns de factoring:
1)Conventional factoring (old line factoring) – antecipação sobre o valor dos títulos contratados,
no momento da cessão;
2)Maturity Factoring – não há antecipação, o pagamento ao faturizado se dá no vencimento dos
títulos faturados ou posteriormente.
Cláusulas Essenciais:
1) Exclusividade da totalidade das contas do faturizado.
A exclusividade decorre da essência do contrato, pois além da compra de créditos envolve a
assessoria profissional no campo mercadológico, no acompanhamento de contas e na seleção e
avaliação dos riscos.
2) Duração do contrato;
Pode ser por prazo indeterminado ou determinado, podendo as partes estipular, neste último caso,
cláusula de prorrogação. Nos contratos com prazo indeterminado, basta a simples notificação para
que as operações iniciadas sejam liquidadas e então seja rompido o vínculo.
3) Faculdade do faturizador escolher as contas que deseja garantir;
Esta cláusula existe pois ao assumir o crédito daquele que emitiu o título, assume o risco pela
solvência, já que a faturizada está desobrigada (não há direito de regresso). Esta faculdade tem
como princípio a necessidade de manter o equilíbrio contratual. Além disso, serve também para para
a segurança da operação.
4) Liquidação dos créditos;
A cláusula deve dispor como se dará a liquidação dos créditos, liberação de valores, prestação de
contas, etc. O Conteúdo dependerá da modalidade contratada: conventional factoring e maturity
factoring. Em razão desta cláusula há a necessidade de liquidação das operações já iniciadas, de
forma que a resilição unilateral não põe fim imediatamente ao no contrato, devendo as partes
arcarem com as obrigações assumidas pelas operações iniciadas.
5) Cessão de créditos;
A compra dos créditos se dá através da cessão de créditos e por endosso dos títulos a favor do
fomentador. Não se trata de uma cessão pura e simples, devendo-se-lhe aplicar as normas contidas
nos artigos 286-298 C.C.
Forma: instrumento público ou particular; notificação do devedor. A cessão se dá com a tradição do
documento, difere da cessão pura e simples pois é um contrato aleatório, complexo e atípico e é
sempre onerosa. Endosso sem efeito cambial. O faturizado responde pela validade e existência do
título, mas não pela sua solvência (do sacado). O devedor pode opor exceções que tenha contra o
cedente, para o cessionário.
Regresso contra o cedente?
Nos casos de inexigibilidade do título.
6) Assunção de riscos pelo faturizador;
O Risco faz parte da natureza do contrato. Assim, não cabe a cessão com a cláusula pro solvendo.
7) Remuneração do contrato.
No conventional, pode incidir juros, observados os limites impostos pelo C.C. Mas esta taxa poderá
ser aumentada até o dobro (Decreto nº 22.626/33 – art. 1º). O sobrevalor cobrado pela instituição
financeira levará sempre em consideração o risco.
Direito de Regresso.
Ainda que o faturizado não responde pela solvência, deverá responder pela existência do título
(exigibilidade) e somente estará obrigado ao regresso nas hipóteses:
1) Simular a criação de um crédito, como, por exemplo, emitir duplicata sem causa;
2) Receber o pagamento, total ou parcial, diretamente do devedor depois de efetuada sua cessão ao
faturizador;
3) Der justa causa a recusa do pagamento (relacionada ao cumprimento da obrigação subjacente).
Garantias.
Nulidade de cláusula.
CONTRATO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL
Também conhecido como contrato de leasing. É uma modalidade de contrato de natureza complexa,
pois se assemelha ao contrato de locação de bens móveis e em determinado momento do contrato o
contratante tem a possibilidade de adquirir o bem, ou renovar o contrato de arrendamento ou
extinguir o contrato sem a aquisição do bem utilizado, devolvendo-o ao arrendante.
É um contrato previsto na Lei nº 6.099/74 com as modificações da Lei nº 7.132/83, Lei nº 11.882/08
e Lei nº12.973/14 (que trata sobre o tratamento tributário sobre operações de leasing) e também na
Resolução nº 2.309/96.
Fases do contrato de arrendamento mercantil (Bulgarelli):
1) Proposta do arrendatário à arrendadora ou vice-versa;
2) O acordo de vontades;
3) A aquisição, pela arrendatária, do bem ajustado com o arrendatário;
4) A entrega do bem pela arrendadora ao arrendatário.
5) Opção do arrendatário em: devolver o bem; renovar o contrato; adquirir o bem compensando as
parcelas pagas a título de arrendamento e feita a depreciação.
A propriedade do bem (e posse indireta) é do arrendador e o possuidor direto do bem é o
arrendatário.
Modalidades De Arrendamento Mercantil.
1) LEASING FINANCEIRO (Financial Lease, Arrendamento Financeiro, Leasing Bancário): o
arrendador adquire o bem do fabricante e o entrega ao arrendatário a fim de que este pague
parcelas previamente ajustadas e dentro de um prazo e, ao final do contrato poderá exercer o direito
da tríplice escolha. Todavia se o arrendatário rescindir antecipadamente, deverá arcar com as
prestações vincendas.
A Resolução nº 2.309/96 do Banco Central define esta modalidade da seguinte forma em seu artigo
5º:
“Art. 5º Considera-se arrendamento mercantil financeiro
a modalidade em que:
I - as contraprestações e demais pagamentos previstos no
contrato, devidos pela arrendatária, sejam normalmente
suficientes para que a arrendadora recupere o custo do
bem arrendado durante o prazo contratual da operação e,
adicionalmente, obtenha um retorno sobre os recursos
investidos;
II - as despesas de manutenção, assistência técnica e
serviços correlatos a operacionalidade do bem arrendado
sejam de responsabilidade da arrendatária;
III - o preço para o exercício da opção de compra seja
livremente pactuado, podendo ser, inclusive, o valor de
mercado do bem arrendado”.
Quanto ao prazo do arrendamento nesta modalidade, o artigo 8º da mesma Resolução assim
determina:
“Art. 8º Os contratos devem estabelecer os seguintes
prazos mínimos de arrendamento:
I - para o arrendamento mercantil financeiro:
a) 2 (dois) anos, compreendidos entre a data de entrega
dos bens a arrendatária, consubstanciada em termo de
aceitação e recebimento dos bens, e a data de
vencimento da última contraprestação, quando se tratar
de arrendamento de bens com vida útil igual ou inferior a
5 (cinco) anos;
b) 3 (três) anos, observada a definição do prazo constante
da alínea anterior, para o arrendamento de outros bens;
...”.
2) ARRENDAMENTO OPERACIONAL: definido pelo artigo 6º da mesma Resolução, que assim
determina:
“Art. 6º Considera-se arrendamento mercantil operacional a
modalidade em que:
I - as contraprestações a serem pagas pela arrendatária
contemplem o custo de arrendamento do bem e os serviços
inerentes a sua colocação à disposição da arrendatária, não
podendo o valor presente dos pagamentos ultrapassar 90%
(noventa por cento) do custo do bem;
II - o prazo contratual seja inferior a 75% (setenta e cinco por
cento) do prazo de vida útil econômica do bem;
III - o preço para o exercício da opção de compra seja o valor
de mercado do bem arrendado;
IV - não haja previsão de pagamento de valor residual
garantido.
Parágrafo 1º - As operações de que trata este artigo são
privativas dos bancos múltiplos com carteira de
arrendamento mercantil e das sociedades de
arrendamento mercantil.
Parágrafo 2º - No cálculo do valor presente dos
pagamentos deverá ser utilizada taxa equivalente aos
encargos financeiros constantes do contrato.
Parágrafo 3º - A manutenção, a assistência técnica e os
serviços correlatos a operacionalidade do bem arrendado
podem ser de responsabilidade da arrendadora ou da
arrendatária. (artigo alterado pela Resolução nº 2.465,
de 19.2.98)”.
Prazo do Arrendamento Operacional:

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