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Carla Bertelli – 5° Período Mecanismo de Ação dos Antidepressivos Mecanismo de Ação dos Antidepressivos Depressão – Distúrbio Afetivo leve ou grave. É um dos mais frequentes presente na sociedade. Distúrbio Heterogêneo = Sintomas Centrais + Condições Psiquiátricas Sintomas Emocionais e Sintomas Biológicos Teorias da Depressão Teoria das Monoaminas – Transmissão monoaminérgica funcionalmente deficiente. Mecanismos Neuroendócrinos – Células Hipotalâmicas -> CRH -> ACTH – depressão com aumento do Cortisol (estresse crônico) Efeitos Tróficos e Neroplasticidade Mecanismo de Ação dos Antidepressivos Potencialização das ações de Norepinefrina, Serotonina e Dopamina. Alterações Imediatas X Efeitos Tardios? Os efeitos dos antidepressivos acontecem de maneira tardia, geralmente em 4 semanas. Por mais que ocorram alterações imediatas, mas os efeitos são tardios devido a necessidade de uma neuroadaptação neurológica para que ocorra a melhora clínica. Antidepressivos Tricíclicos Inibem a captação de Norepinefrina e Serotonina no neurônio pré-sináptico, além de bloquear os receptores serotoninérgicos, bloquear os receptores alfa- adrenérgicos, bloquear receptores histamínicos e muscarínicos Mecanismo de Ação Inibic o da captac o do neurotransmissor: Os ADTs e a amoxapina são inibidores potentes da captação neuronal de norepinefrina e serotonina no terminal nervoso pré-sináptico. Maprotilina e desipramina são inibidores relativamente seletivos da captação de norepinefrina Bloqueio de receptores: Os ADTs também bloqueiam os receptores serotoninérgicos, α- adrenérgicos, histamínicos e muscarínicos. Ainda não se sabe se alguma dessas ações é responsável pelo benefício terapêutico dos ADTs. Contudo, as ações nesses receptores provavelmente são responsáveis por muitos dos seus efeitos adversos. A amoxapina também bloqueia os receptores 5-HT2 e dopamina D2. No momento, os ADTs são usados principalmente na depressão que não responde aos antidepressivos de uso mais comum, como os ISRSs ou os IRSNs. Sua perda de popularidade provém, em grande parte, de sua tolerabilidade relativamente menor em comparação com agentes mais recentes, da dificuldade de seu uso e de sua letalidade em superdosagem. Outras aplicações dos ADTs incluem o tratamento de distúrbios de dor, enurese e insônia Efeitos Adversos – O bloqueio dos receptores muscarínicos leva a visão turva, xerostomia, retenção Carla Bertelli – 5° Período urinária, taquicardia sinusal, constipação e agravamento do glaucoma de angulo fechado Ações: Os ADTs melhoram o humor e o alerta mental, aumentam a atividade física e reduzem a preocupação mórbida de 50 a 70% dos indivíduos com depressão. O início da melhora do humor é lento, necessitando de 2 semanas ou mais A resposta do paciente pode ser usada para ajustes da dosagem. Após a resposta terapêutica, a dosagem pode ser reduzida gradualmente para melhorar a tolerância, a menos que ocorra recaída. Dependência física e psicológica raramente foram registradas. Exige a retirada lenta para minimizar a síndrome de descontinuação e os efeitos colinérgicos de rebote Indicações: Os ADTs são eficazes no tratamento de depressão moderada e grave. Alguns pacientes com transtorno de pânico também respondem aos ADTs. A imipramina tem sido usada para controlar a enurese em crianças com mais de 6 anos; contudo, tem sido amplamente substituída por desmopressina e tratamentos não farmacológicos (alarmes de enurese). Os ADTs, particularmente a amitriptilina, têm sido usados para auxiliar a prevenção da enxaqueca e tratar síndromes de dor crônica (p. ex., dor neuropática), em inúmeras condições em que a causa da dor é desconhecida. Dosagens baixas de ADT, especialmente doxepina, podem ser usadas contra insônia. Inibidores da Monoaminoxidase Inibidores da Enzima MAO – enzima mitocondrial que está envolvida na degradação das monoaminas. A monoaminoxidase (MAO) é uma enzima mitocondrial encontrada em nervos e outros tecidos, como fígado e intestino. No neurônio, a MAO funciona como “válvula de segurança”, desaminando oxidativamente e inativando qualquer excesso de neurotransmissor (norepinefrina, dopamina e serotoni- na) que possa vazar das vesículas sinápticas quando o neurônio está em repouso. O IMAO pode inativar reversível ou irreversivelmente a enzima, permitindo que as moléculas do neurotransmissor fujam da degradação e, as- sim, se acumulem dentro do neurônio pré-sináptico e vazem para o espaço sináptico. Mecanismo de Ação: A maioria dos IMAOs, como a fenelzina, forma complexos estáveis com a enzima, causando inativação irreversível. Isso resulta em aumento dos estoques de norepinefrina, serotonina e dopamina no interior dos neurônios e subsequente difusão do excesso de neurotransmissor para a fenda sináptica. Esses fármacos inibem a MAO não só no cérebro, mas também no fígado e no intestino, onde catalisam desaminações oxidativas de fármacos e substa ̂ncias potencialmente tóxicas, como a tiramina, que é encontrada em certos alimentos. Por isso, os IMAOs mostram elevada incidência de interações com fármacos e com alimentos. A selegilina administrada na forma de Carla Bertelli – 5° Período adesivo transdérmico pode produzir menor inibição da MAO hepática e intestinal em dosagens baixas, porque se evita a biotransformação de primeira passagem. Embora a MAO esteja completamente inibida após alguns dias de tratamento, a ação antidepressiva dos IMAOs, como a dos ISCSs, ICSNs e ADTs, é retardada em várias semanas. A selegilina e a tranilcipromina apresentam efeito estimulante tipo anfetamina, o qual pode causar agitação e insônia. Indicação: Os IMAOs são indicados para pacientes deprimidos que não respondem ou são alérgicos aos ADTs ou que apresentam forte ansiedade. Uma subcategoria especial de depressão, denominada depressão atípica, pode responder aos IMAOs preferencialmente. Devido ao risco de interações entre fármacos e entre fármaco e alimentos, os IMAO são considerados os fármacos de última escolha em vários centros de tratamento. Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina Inibição específica da captação de Serotonina. Além disso, os ISCSs têm escassa atividade bloqueadora em receptores muscarínicos, α-adrenérgicos e H1- histamínicos. Portanto, os efeitos adversos comuns associados aos ADTs, como hipotensão ortostática, sedação, xerostomia e visão turva, não são observados comumente com os ISCSs. Como têm efeitos adversos dife- rentes e são relativamente seguros, mesmo em dosagens excessivas, os ISCSs substituíram os ADTs e os inibidores da monoaminoxidase (IMAOs) como fármacos de escolha no tratamento da depressão. Ações: Os ISCSs bloqueiam a captação de serotonina, levando ao aumento da concentração do neurotransmissor na fenda sináptica. Os antidepressivos, incluindo os ISCSs, em geral precisam de 2 semanas para produzir melhora significativa no humor, e o benefício máximo pode demorar até 12 semanas ou mais Usos Terapêuticos: A indicação primária dos ISCSs é a depressão, para a qual eles são tão eficazes quanto os ADTs. Vários outros transtornos psiquiátricos também respondem favoravelmente aos ISCSs, incluindo transtorno obsessivo-compulsivo, de pa ̂nico, de ansiedade generalizada, de estresse pós- -traumático, de ansiedade social, além de transtorno disfórico pré-mens- trual e bulimia nervosa (para a qual apenas a fluoxetina está aprovada). Efeitos Adversos: Embora se considere que os ISCSs tenham efeitos adversos me- nos graves do que os ADTs e os IMAOs, eles não são isentos de efei- tos adversos, como cefaleia, sudoração, ansiedadee agitação, efeitos gastrintestinais (GI) (náuseas, êmese e diarreia), fraqueza e cansaço, disfunções sexuais, alterações de massa corporal, distúrbios do sono (insônia e sonolência) e interações farmacológicas potenciais menciona- das Carla Bertelli – 5° Período Inibidores da Captação de Serotonina e Norepinefrina Podem ser eficazes no tratamento de depressão em pacientes nos quais os ISCSs foram ineficazes. Além disso, a depressão com frequência é acompanhada de sintomas dolorosos crônicos, como dor lombar e dor muscular, contra os quais os ISCSs são relativamente ineficazes. Essas dores são, em parte, moduladas por vias de serotonina e norepinefrina no sistema nervoso central (SNC). Tanto os ICSNs como os ADTs, com sua inibição da captação de serotonina e de norepinefrina, são eficazes algumas vezes para aliviar a dor associada com a neuropatia diabética periférica, a neuralgia pós- herpética, a fibromialgia e a dor lombar. Os ICSNs, ao contrário dos ADTs, têm pouca atividade em receptores adrenérgicos α, muscarínicos ou histamínicos e, assim, têm menos efeitos adversos mediados por esses receptores do que os ADTs. Os ICSNs podem causar síndrome de interrupção se o tratamento for suspenso de modo súbito. Venlafaxina e Desvenlafaxina – A venlafaxina é um potente inibidor da captação de serotonina e, em dosagens médias e altas, é inibidor da captação de norepinefrina. A venlafaxina produz inibição mínima das isoenzimas CYP450 e é substrato da isoenzima CYP2D6. A desvenlafaxina é o metabólito ativo, desmetilado da venlafaxina. Os efeitos adversos mais comuns da venlafaxina são náuseas, cefaleia, disfunções sexuais, tonturas, insônia, sedação e constipação. Em doses elevadas, pode ocorrer aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca. A atividade clínica e o perfil de efeitos adversos da desvenlafaxina são similares aos da venlafaxina. Duloxetina – A duloxetina inibe a captação de serotonina e norepinefrina em todas as dosagens. Ela é extensamente biotransformada no fígado em metabólitos inativos e deve ser evitada em pacientes com disfunção hepática. Efeitos adversos GI são comuns com a duloxetina, incluindo náuseas, xerostomia e constipação. Insônia, tonturas, sonolência, sudoração e disfunção sexual também são observadas. A duloxetina pode aumentar a pressão arterial e a frequência cardíaca. Ela é um inibidor moderado da isoenzima CYP2D6 e pode aumentar a concentração de fármacos biotransformados por essa via, como os antipsicóticos Levomilnacioprana – Levomilnaciprana é um enantiômero do milnaciprana (um ICSN antigo usado contra a depressão na Europa e contra a fibromialgia nos EUA). O perfil de efeitos adversos é similar ao dos demais ICSNs. É biotransformado primariamente pela CYP3A4 e, assim, a atividade pode ser alterada por indutores ou inibidores desse sistema enzimático. Carla Bertelli – 5° Período Antidepressivos Atípicos Os antidepressivos atípicos são um grupo misto de fármacos que têm ação em vários locais diferentes. O grupo inclui bupropiona, mirtazapina, nefazodona, trazodona, vilazodona e vortioxetina. Brupropriona – Este fármaco é um inibidor da captação de dopamina e norepinefina fraco, aliviando os sintomas de depressão. A bupropiona também é útil para diminuir a fissura por alguma substa ̂ncia e atenuar os sintomas de abstinência da nicotina em pacientes que tentam parar de fumar. Os efei- tos adversos podem incluir boca seca, sudoração, nervosismo, tremores e um aumento dose-dependente do risco de convulsões. A incidência de disfunções sexuais é baixa. A bupropiona é biotransformada pela CYP2B6, e o risco de interações entre fármacos é relativamente baixo, considerando que poucas substa ̂ncias inibiem ou induzem essa enzima. Contudo, a bupropiona pode inibir a CYP2D6 e, assim, aumentar a exposição a substratos dessa isoenzima. O uso da bupropiona deve ser evitado em pacientes sob risco de convulsões ou naqueles que sofrem de transtornos de alimentação, como bulimia.