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AVD - Técnicas de Reportagem

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Sob a lógica da teoria construcionista, o jornalismo é um trabalho intelectual e sua ação concreta produz conhecimento (GENRO FILHO, 1988).
Isso remete à teoria do newsmaking, pois o processo de produção da notícia contempla seleção do fato, procedimentos, fontes, prazo, cultura profissional, valores e estrutura organizacional. O jornalista precisa dominar essas competências para não se restringir a um mero trabalho técnico. Ainda assim, não dá para presumir que haja investigação nesse processo.
Precursor dos estudos do jornalismo no Brasil, nos anos 1960, Luiz Beltrão o classificou em gêneros informativo, interpretativo e opinativo. Mais tarde, ao analisar o trabalho de interpretar e o de investigar, Alberto Dines (1986) sugeriu uma identidade própria para o jornalismo investigativo. Ao buscar respostas e diversificar as fontes, com mais tempo e rigor na apuração, o investigativo se diferencia dos demais porque estes consistem em informar ou interpretar sem necessariamente investigar.
Segundo Lopes e Proença (2003), uma investigação não se limita a assuntos factuais, caracteriza-se pelo uso de técnicas sistematizadas para chegar à verdade oculta, chegar à essência das coisas, tentar responder os porquês que provocam uma situação prejudicial à coletividade ou ao interesse público.
Já no jornalismo investigativo, essas fontes não são suficientes para explorar todos os aspectos do acontecimento. Uma investigação explora um maior número de fontes, primárias e secundárias, humanas, digitais e documentais
Ouvir uma testemunha, ouvir um especialista de trânsito ou descrever o boletim de ocorrência não é investigação
Na produção diária, o jornalista descreve os fatos e transmite a notícia. No jornalismo investigativo, reconstrói acontecimentos, expõe fraudes e injustiças, revela algo de interesse público que alguém, um governo ou uma instituição tenta esconder. Assim, a diferença entre jornalismo investigativo e jornalismo cotidiano não está no modelo de texto ou na forma de apresentar o conteúdo, está nos métodos usados na apuração das informações (QUESADA, 1987 apud SEQUEIRA, 2005).
Não basta o texto conter estatísticas, documentos e declarações para ser chamado de investigativo, pois, em geral, essas informações podem ser obtidas com fontes públicas ou humanas de fácil acesso. O jornalismo investigativo requer metodologias que só se aprendem com anos de prática.
Reportagem investigativa Original: De acordo com König (2019), duas qualidades caracterizam este tipo de reportagem: o protagonismo do repórter na descoberta dos dados e das informações até então ocultados e a sua capacidade de repercussão, provocando investigações oficiais por parte de agentes ou organismos públicos. Ou seja, o foco está na atuação do jornalista e na sua capacidade de descobrir informações e dados até então desconhecidos. Em geral, essas reportagens provocam investigações públicas oficiais (KOVACH; ROSENSTIEL, 2003).
É nesse tipo de reportagem que se dá o jornalismo de imersão, quando o repórter busca informações exclusivas e de maior profundidade que as demais não permitem. Na imersão, ele se insere em uma realidade para compreender melhor os acontecimentos e isso permite interpretar fatos e situações diretamente em seus contextos, sem filtros, para citá-los em uma reportagem. Esse método abarca o jornalismo de infiltração, modalidade de imersão baseada na ocultação da identidade do jornalista.
Reportagem investigativa interpretativa: Neste caso, o protagonismo do repórter é mais restrito, pois precisa da ajuda de especialistas para analisar os dados e informações para sustentar uma reportagem, em geral sobre algum tipo de irregularidade. Segundo König (2019), o mérito do repórter é olhar os dados sob uma perspectiva inédita que permita interpretações até então impensáveis sobre dada realidade. A habilidade de investigação do repórter leva alguns autores, como Nascimento (2010), a agrupar esse segundo tipo ao primeiro.
Reportagem sobre investigação: Esta é a que menos exige esforço do jornalista, já que ele apenas reporta ao público investigações realizadas por terceiros, como órgãos governamentais (KOVACH; ROSENSTIEL, 2003), a exemplo da polícia, promotoria de Justiça ou qualquer outra instituição. Isso não é jornalismo “de” investigação, é apenas jornalismo “sobre” investigação (NASCIMENTO, 2010), pois, diferentemente dos dois tipos anteriores de reportagem, não foi o repórter quem descobriu as irregularidades.
O pesquisador britânico Ralph Negrine faz distinção entre a apuração jornalística ativa e a apuração passiva. Segundo essa definição, a apuração ativa ocorre quando o jornalista revela e reúne pedaços de informações, indicando ligações entre elas, até então desconhecidas (NASCIMENTO, 2010). Em oposição, apuração passiva ocorre quando o jornalista não faz muito esforço, a informação chega a ele por meio do vazamento de alguma autoridade relacionada à investigação original.
Investigação é um processo, não um acontecimento. Requer planejamento, rigor extra na obtenção de provas, permite ao repórter ser proativo e fazer sua própria agenda de temas.
Atividade ilegal: Categoria de maior impacto, mas requer documentos, conhecimento da legislação e consultas a especialistas. Que policiais usem viaturas oficiais para fins particulares é claramente ilegal, mas às vezes a atividade é de caráter impreciso. Eles podem alegar que ficam de prontidão 24 horas e precisam da viatura. Então, o repórter pode flagrar a ilegalidade com fotos e vídeos, buscar as normas que regulam o setor e leis que coíbem desvios. Em 2012, o jornal Gazeta do Povo publicou a série de reportagens Polícia fora da lei, mostrando o crime de peculato cometido por policiais do Paraná no uso de viaturas oficiais.
Antiética: Uma atividade que pareça ilegal na verdade pode ser antiética, pois viola as normas de boas práticas de uma classe profissional, da indústria, da sociedade em geral. Códigos de ética de entidades e associações profissionais podem servir para expor uma atividade antiética. Por exemplo, um advogado não pode fazer anúncios publicitários com promessas de ganho de causa para os clientes, o que é vedado pelo código de ética da OAB. Ou, o uso de esteroides anabolizantes por atletas não é necessariamente ilegal, mas viola as normas de antidopings e do fair play.
Hipócita: Trata de contradições entre os atos e as declarações de uma pessoa ou instituição
Reportagens investigativas costumam tratar de assuntos que Reportagens investigativas costumam tratar de ass ou anunciantes para derrubar a reportagem, ou de ordem mais direta, como agressões físicas para tentar calar o jornalista. Esse conjunto de desafios arrefece o ânimo de muitos repórteres

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