Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Unidade 3 Camila Maria Silva Paraizo-Horvath Gestão do processo e da força de trabalho em saúde Livro Didático Digital Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Diretora Editorial ANDRÉA CÉSAR PEDROSA Projeto Gráfico MANUELA CÉSAR ARRUDA Autor JOANA ÁUREA CORDEIRO BARBOSA Desenvolvedor CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS CAMILA MARIA SILVA PARAIZO-HORVATH Olá. Meu nome é Camila Maria Silva Paraizo-Horvath. Sou formada em enfermagem e Mestra em enfermagem pela Universidade Federal de Alfenas-MG (UNIFAL-MG), atualmente sou doutoranda em ciências, pelo programa de Enfermagem Fundamental da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto (USP-RP). Já atuei com professora voluntária na UNIFAL-MG e hoje também prático a docência nas atividades do doutorado junto aos alunos de enfermagem. Sou apaixonada pelo que faço e adoro a docência. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! O AUTOR Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo projeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: ICONOGRÁFICOS INTRODUÇÃO: para o início do desen- volvimento de uma nova competência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamento do seu conhecimento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido sobre; ACESSE: se for preciso acessar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma ativi- dade de autoapren- dizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Gestão do processo e da força de trabalho em saúde 7 UNIDADE 03 METODOLOGIAS, INSTRUMENTOS E FERRAMENTAS DE GESTÃO Gestão do processo e da força de trabalho em saúde8 Você sabia que na área da saúde existem várias metodologias, assim como ferramentas e instrumentos para auxiliar um gestor no desenvolvimento de suas atribuições? Temos várias teorias adminis- trativas, que foram criadas de acordo com as necessidades da sociedade conforme o passar dos anos. Temos também a negociação como um instrumento de gestão, visto que os conflitos existem em qualquer tipo de organização, e sua resolução de forma adequada contribui para um melhor funcionamento da instituição. Você verá ainda nessa unidade outras ferramentas de gestão tais como: a seleção de pessoal, dimensionamento de pessoal, plano de carreira e diversas ferramentas focadas na gestão de qualidade. Enfim são diversas as metodologias, instrumentos e ferramentas que podem ser utilizadas na gestão de processos e da força de trabalho em saúde, aqui vamos ver as que são utilizadas com maior frequência INTRODUÇÃO Gestão do processo e da força de trabalho em saúde 9 Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3- Metodologias, instrumentos e ferramentas de gestão. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvol- vimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Conhecer as principais teorias administrativas; 2. Compreender a negociação como um instrumento de gestão; 3. Compreender a seleção de pessoal, o dimensionamento de pessoal e o plano de carreira, cargos e salários como instrumentos de gestão; 4. Conhecer os principais instrumentos de gestão da qualidade em saúde. Então? Preparado para mergulhar em um mar de conhecimento? Vamos lá! OBJETIVOS Gestão do processo e da força de trabalho em saúde10 Principais Teorias Administrativas INTRODUÇÃO: Ao final deste primeiro momento você conhecerá as principais teorias administrativas, mais utilizadas na gestão na área da saúde. Isso será fundamental para o exercício de sua profissão, pois através desse conhecimento será possível identificar qual teoria é mais indicada para seu ambiente de trabalho. Então vamos lá. Avante! Teorias Administrativas no Setor Saúde Como vimos nas unidades anteriores a gestão é um importante instrumento para operacionalizar as ações desenvolvidas no setor saúde influenciando também na construção de modelos de atenção a saúde que venham a atender as reais necessidades das pessoas. Para se alcançar as metas e objetivos é fundamental que todos os trabalhadores estejam envolvidos e engajados no processo de geren- ciamento. Sabemos ainda que a prestação de serviços de saúde tem passado por mudanças, sendo a evolução tecnológica assim como questões socioeconômicas, as grandes responsáveis por essas mudanças Nessa perspectiva podemos dizer que a estrutura organizacional dos serviços de saúde tem acompanhado as transformações da sociedade contemporânea e está centrada nos modelos tecnoburocráticos de gerenciamento, pautada nas teorias administrativas. As teorias administrativas ao longo do tempo, têm influenciado, a organização do trabalho das instituições de saúde, com reflexos na produ- tividade e na qualificação da assistência, na integralidade do cuidado e na divisão de tarefas, evidenciando a complexidade do setor saúde. No contexto da revolução industrial, que introduziu uma nova forma de produzir, surgiu no final do século XIX e início do século XX os primeiros estudos que tratam a administração como objetivo de raciona- lização do trabalho. Vamos trazer agora uma revisão das teorias da administração e suas contribuições para a organização do trabalho no setor saúde. Gestão do processo e da força de trabalho em saúde 11 Teoria da Administração Científica Considerada responsável por uma revolução no pensamento admi- nistrativo e no mundo industrial. Essa teoria foi criada por Frederick W. Taylor, fundamentada na aplicação de métodos da ciência positiva, racional e metódica aos problemas administrativos, com o objetivo de alcançar a máxima produtividade. Visando o aumento da produtividade essa teoria propôs métodos e sistemas de racionalização do trabalho e disciplina do conhecimento operário colocando-o sob o comando da gerência: a seleção rigorosa dos mais aptos para realizar as tarefas; a fragmentação e hierarquização do trabalho. Investiu ainda em estudos de tempos e movimentos para melhorar a eficiência do trabalhador e propôs que as atividades complexas fossem divididas em partes mais simples facilitando a racionalização e padronização. Fonte: freepik Partindo do princípio que as pessoas são motivadas de forma exclusiva pelos seus interesses salariais e materiais, essa teoria traz como proposta incentivos salariais e prêmios. Com essa visão de que o homem produz mais através da motivação por uma maior remuneração, trouxe o conceito conhecido como “Homem econômico”. Essa teoria traz uma visão mecanicista, onde o homem é visto como apenas uma engrenagem. A influência do grupo não é levada em consideração nessa teoria, além de ser considerada limitadora visto https://br.freepik.com/vetores-gratis/trabalhador_957315.htm Gestão do processo e da força de trabalho em saúde12 sua essência ser prescritiva e normativa. No Organograma 1 podemos observar os principais pontos dessa teoria. Organograma 1: Destaques da Teoria Científica. Fonte: Elaborada pela autora. Essa teoria foi difundida por todo o mundo influenciando forte- mente todos os ramos da produção, colocando como focoo empregado, no entanto não levava em consideração as necessidades sociais dos funcionários. Teoria Clássica Essa teoria proposta por Fayol logo após a primeira Guerra Mundial (1914-1917) tem como foco a estrutura e seu funcionamento, partindo da visão de que a eficiência poderia ser alcançada através do estabelecimento de uma estrutura funcional. Essa teoria defendia que a administração deveria seguir o modelo militar, de forma hierarquizada, com uma cadeia de comando interligada as posições e definido quem se subordina a quem. Fayol trouxe ainda as funções do administrador conforme pode ser observado no Organograma 2 Organograma 2: Funções do Administrador segundo a Teoria Clássica Fonte: Elaborada pela Autora. Gestão do processo e da força de trabalho em saúde 13 Com essa teoria surgiu no contexto das organizações os con- ceitos de hierarquia, autoridade, centralização das decisões, rigidez, inflexibilidade, disciplina e subordinação. Um dos pontos considerados críticos dessa teoria é que ela leva em consideração a estrutura formal e linear, não admitindo a informal constituída pelas pessoas e as relações interpessoais que são desenvolvidas. Teoria Burocrática Essa teoria proposta por Max Weber, também possui como foco a estrutura, direcionada para a racionalidade organizacional e a eficiência. Em suas dimensões essenciais podemos observar muitos dos aspectos do modelo burocrático nas teorias de Taylor e Fayol, dentre eles temos: a. divisão do trabalho baseada na especialização funcional; b. hierarquia e autoridade definidas; c. sistema de regras e regulamentos que descrevem direitos e deveres dos ocupantes dos cargos; d. sistema de procedimentos e rotinas; e. impessoalidade nas relações interpessoais, promoção e seleção baseadas na competência técnica. Nessa teoria a grande ênfase está na eficiência através e uma organização humana baseada na racionalidade, sendo assim, os meios devem ser analisados e estabelecidos de uma forma totalmente formal e impessoal. Teoria das Relações Humanas Essa teoria que surgiu na década de 1930 trouxe como foco a pessoa, considerando as questões psicológicas e sociológicas nas relações de trabalho. Mayo considerado o grande representante dessa teoria, trouxe que a interação social, juntamente com o comportamento social, a detecção das necessidades psicológicas e sociais dos funcionários com a importância do conteúdo e dos cargos e das tarefas, eram os reais motivadores da produtividade. No Lugar do conceito “Homem econômico” essa teoria trouxe o “Homem social”, defendendo a ideia de que as pessoas são motivadas Gestão do processo e da força de trabalho em saúde14 pela necessidade de reconhecimento, sua aprovação social e a participação nas atividades dos grupos sociais do qual fazem parte. Nesse novo conceito a remuneração financeira é considerada algo secundário como motivador da produtividade. Em suma essa teoria traz como foco da administração os grupo informais e suas inter-relações, defende que o ser humano não pode ser reduzido a uma visão mecanicista. Ressalta a importância de serem oferecidos incentivos psicossociais. Teoria Estruturalista Essa teoria traz como foco tanto a estrutura quanto o ambiente, observando assim a organização tanto em seu aspecto formal quanto informal e a forma como ela interage com o ambiente. Um dos grandes avanços dessa teoria é o reconhecimento da existência de conflitos nas organizações próprio aos grupos e as relações de produção. Teoria dos Sistemas Surgiu com os estudos do biólogo Bertalanffy, segundo esse estudioso um sistema pode ser definido como um complexo de elementos em interação. E quando ocorrem mudanças na relação o comportamento desses elementos se modifica. Mostrando uma forte ligação entre o sistema e o ambiente, visto que, o sistema precisa de constantes informações vindas do ambiente, para assim analisar o desempenho de produção buscando atingir os objetivos. Os sistemas podem ser classificados quanto a sua constituição, podem ser físicos ou abstratos e quanto a sua natureza em abertos ou fechados, como podemos observar na figura 1. Figura 1: Classificação dos Sistemas Fonte: elaborado pela Autora. Gestão do processo e da força de trabalho em saúde 15 Nessa perspectiva essa teoria traz que as organizações são sistemas abertos, portanto não podemos compreender uma organização sem considerar o contexto em que ela acontece. Teoria Comportamental Essa teoria surgiu no final da década de 1940, em decorrência da teoria das relações Humanas trazendo uma visão do comportamento inserido no contexto organizacional. Possui como principais represen- tantes McGregor e Likert. Essa teoria busca soluções democráticas e flexíveis para os problemas organizacionais com maior preocupação com os processos e com a dinâmica organizacional do que com a estrutura. Ampliando a discussão sobre a motivação humana essa teoria traz como base a teorias da motivação de Maslow, onde as necessidades humanas estão apresentadas de uma forma hierárquica, como uma pirâmide onde no topo estão as necessidades menos prioritárias, conforme figura abaixo. Figura 2: Necessidades humanas básicas de acordo com Maslow Fonte: Elaborada pela Autora. Explicando melhor cada uma dessas necessidades: • Autorrealização: inclui crescimento, autodesenvolvimento; • Autoestima: respeito próprio, realização, reconhecimento; • Sociais: afeição, aceitação, amizade e sensação de pertenci- mento a um grupo; • Segurança: Segurança e proteção contra danos físicos e emocionais; • Fisiológicas: São as necessidades corporais tais como fome, sede, sexo dentro outras. Gestão do processo e da força de trabalho em saúde16 Likert um dos principais responsáveis por essa teoria, defende a existência de quatro sistemas, sem limites definidos entre si, e em uma mesma empresa pode ser encontrado mais de um desses sistemas. Os sistemas são (Figura) Figura 3: Sistemas de acordo com Likert Fonte: elaborado pela autora Em suma essa teoria possui maior ênfase nas pessoas, com uma maior preocupação com o comportamento organizacional. Teoria Contingencial Essa teoria possui maior ênfase no ambiente e na tecnologia, sua origem é fruto dos estudos de Lawrence e Lorsch, referente a confrontação da organização versus ambiente. Foram realizados vários estudos com o objetivo de avaliar modelos organizacionais e estabelecer quais seriam os mais eficazes, até que chegaram a seguinte conclusão: não existe um único e melhor jeito de organizar, pois o funcionamento e a estrutura da organização dependem da interface com o meio ambiente. Contingência significa eventualidade, incerteza. Trazendo esse significado para a teoria da contingência ela aborda as diferentes formas de administrar, sendo essa relativa, que envolve diversos fatores, desse modo a forma como uma organização deve ser administrada está relacionada ao ambiente em que ela está inserida. Ou seja, essa teoria traz a ideia de que uma forma de organizar pode não ser eficaz da mesma forma em todas as situações. Gestão do processo e da força de trabalho em saúde 17 As teorias se mostram de grande importância para a gestão na saúde, sendo fundamental que o gestor consiga identificar qual teoria está sendo aplicada em seu ambiente de trabalho e avaliar a necessidade de mudança da mesma. Fonte: freepik Agora só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido nesta competência que as mudanças na estrutura organizacional das instituições de saúde têm acompanhado as transformações da sociedade contemporânea, e sido pautadas nas teorias administrativas. Trouxemos nessa competência as principais teorias administrativas que foram: A teoria da Administração científica criada por Taylor que possui como principaiscaracterísticas a divisão do trabalho, a especialização do operário e a padronização das tarefas. Referente a teoria Clássica proposta por Fayol trouxe os conceitos de hierarquia, autoridade, centralização das decisões, rigidez, inflexibilidade, disciplina e subordinação. Com a teoria proposta por Max Weber vimos que seu foco é na estrutura ACESSE: Aprender mais é sempre bom não é mesmo? Então, para aprofundar um pouco mais seu conhecimento sobre as teorias administrativas, recomendo a leitura do seguinte artigo: “Da teoria clássica à contingencial: contribuições à competitividade das organizações” Link: http://bit.ly/2HwivZ1 https://br.freepik.com/vetores-premium/medico-analisando-indicadores-e-comprimidos-de-prescricao_5664400.htm Gestão do processo e da força de trabalho em saúde18 direcionada para a racionalidade organizacional e a eficiência. Com a Teoria das Relações Humanas onde Mayo é seu principal representante, trouxe como foco a pessoa, considerando as questões psicológicas e sociológicas nas relações de trabalho. A teoria Estruturalista trouxe como grande avanço o reconhecimento da existência de conflitos nas organizações. A Teoria dos Sistemas mostrou uma forte ligação entre o sistema e o ambiente. Já a teoria comportamental vimos um foco na busca por soluções democráticas e flexíveis para os problemas organizacionais com maior preocupação com os processos e com a dinâmica organizacional do que com a estrutura. E por fim vimos a Teoria contingencial, que trouxe que uma forma de organizar pode não ser eficaz da mesma forma em todas as situações. Nessa competência vimos então um pouco de cada teoria, tal conhecimento é essencial para que um gestor desenvolva suas ações profissionais. Negociação como instrumento de gestão para resolução de conflitos INTRODUÇÃO: Ao final deste conteúdo, tenho certeza que você com- preenderá a negociação como um instrumento de gestão para solução de conflitos através da pactuação de acordos. O que é um Conflito? Toda experiência grupal gera em algum momento um conflito. Podemos dizer que um conflito surge quando as pessoas assumem posições antagônicas, com opiniões divergentes. São considerados ainda como inevitáveis. Os conflitos podem ser considerados importantes para o crescimento e desenvolvimento do ser humano assim como também dos sistemas organizacionais. Dessa forma os conflitos podem ter um caráter positivo, tudo depende da forma como é tratado, o que pode vir a desencadear mudanças a nível pessoal, grupal e organizacional impulsionando o crescimento. No entanto se não forem conduzidos adequadamente podem ser prejudiciais à organização. As fontes mais comuns que são consideradas causadoras de conflitos estão representadas na figura abaixo Gestão do processo e da força de trabalho em saúde 19 Figura 4: Fontes geradoras de conflitos Fonte elaborado pela autora. Já quando falamos das causas dos conflitos esse reside no fato das pessoas serem diferentes, tais diferenças estão no modo que elas percebem, sentem, pensam e agem diversamente. Por consequência dessas diferenças surgem as divergências que podem estar relacionadas a informações, conceitos, sentimentos, habilidades, valores, ideologias, crenças, dentre outros fatores. Ou seja, qualquer diferença individual pode detonar um conflito. Figura 5: Causa dos Conflitos Fonte: Elaborado pela autora Para lidar com os conflitos é importante saber comunicar, saber ouvir e saber perguntar e para que tal processo surta o efeito pretendido, será necessário o desenvolvimento das habilidades intrapessoal e interpessoal. Gestão do processo e da força de trabalho em saúde20 Segundo Spagnol et al (2010) temos como estratégias para conduzir os conflitos no ambiente de trabalho: • Confrontação – tentativa de resolver problemas por meio de uma abordagem frontal entre as partes envolvidas; • Abrandamento – enfatiza os interesses comuns, procurando minimizar as diferenças entre os membros conflitantes; • Negociação – cada uma das partes abre mão de alguma coisa, conciliando as diferenças entre as partes envolvidas; • Evitar o conflito – o gerente procura constituir equipes com maior afinidade de pontos de vista e objetivos, evita polêmicas, enfim, manipula as condições organizacionais e emocionais; • Retirada – quando o gerente demora para responder a uma questão, esquece do problema ou deixa que se resolva por si, evita o conflito ao invés de enfrentá-lo; • Peso da autoridade – a última palavra decisória é dada por uma autoridade competente. O mediador do conflito precisa seguir alguns princípios como visto na figura Figura 6: Princípios que devem ser seguidos ao mediar um conflito. Fonte: elaborado pela autora Gestão do processo e da força de trabalho em saúde 21 O processo de mediar um conflito torna-se fundamental quando aplicado com efetividade às situações conflituosas, a fim de encontrar a solução mais adequada. Negociação A Negociação ocorre através de discussões entre duas ou mais pessoas, onde são explicitadas opiniões, novas ideias, argumentações em busca de um acordo entre as partes e está presente em todos os ambientes em que ocorrem relações humanas. Nessa perspectiva a negociação se configura em um instrumento de gestão, utilizado como formar de intervir para a resolução de conflitos, criando acordos entre os atores sociais. Trazendo para a área da saúde, ela possui particularidades que expõe os trabalhadores a situações nem sempre saudáveis. Tais situa- ções são determinadas pelas as condições de trabalho aliadas a diversos fatores, dentre ele podemos citar os riscos ocupacionais. Vamos recordar o que são riscos ocupacionais? São os riscos aos quais os trabalhadores estão expostos durante o seu trabalho. Eles podem ser classificados em: físicos, químicos, biológicos, mecânicos e psicológicos. São nos riscos psicológicos que estão as relações de trabalho, que muitas vezes podem não ser saudáveis. Podemos classificar os conflitos em três níveis, conforme podemos observar na figura abaixo. Figura 7: Os níveis de conflitos Fonte: Elaborado pela Autora. O conflito como uma particularidade das relações em um ambiente de trabalho, não pode ser visto apenas como um problema, algo que precisa ser reprimido, pelo contrário é através dos conflitos que surgem mudanças e melhorias no trabalho. Podemos classificar os conflitos em: Gestão do processo e da força de trabalho em saúde22 Organograma 3: Classificação dos conflitos. Fonte: Elaborado pela autora. Podemos considerar como conflitos organizados podemos dizer que são aqueles que traduzem as insatisfações em objetivos reivindicáveis e negociáveis, já os conflitos não organizados não necessariamente resultam em reivindicação. Pode se manifestar em forma de alta rotativi- dade, absenteísmo, indisciplina e outras formas que em muitos casos são tratadas como desmotivação, desinteresse e descompromisso. Sabemos que os conflitos muitas vezes podem contribuir para a ineficiência, ineficácia, baixa produtividade e má qualidade dos serviços, causando frustações nos servidores e insatisfação nos usuários. Cabe ao gestor a compreensão de que os conflitos são inerentes ao processo de trabalho, e não devem ser escondidos ou reprimidos e sim visto como uma oportunidade para que sejam realizadas mudanças positivas. Para conseguir alcançar uma solução que seja eficaz e eficiente para ambas as partes é necessário que o gestor tato e sensibilidade para lidar com esse tipo de situação. Se faz necessário também que existam espaços nas instituições em que as pessoas possam conversar e trocar opiniões sobre as situações conflituosas, favorecendo assim a resolução. A seguir vamos falar um pouco sobre um desses espaços que se configura nas mesas de negociação do trabalho. Mesas de negociação do trabalho DEFINIÇÃO: Podemos definir as mesas de negociaçãodo trabalho como locais onde podem ser realizadas discussões sobre conflitos institucionais. Na área da saúde o objetivo dessas mesas deve ser um local onde todos os atores tenham voz defendendo seus posicionamentos, mas todos centrados no objetivo de oferecer uma atenção à saúde com qualidade. Gestão do processo e da força de trabalho em saúde 23 Com o objetivo de discutir todos os aspectos do funcionamento e das relações de trabalho no SUS, em junho de 2003 a Mesa Nacional de Negociação Permanente do SUS (MNNPSUS) foi criada com base no conceito de controle social contando com a participação de gestores, trabalhadores, empregadores e governo. Nessa mesa são discutidas questões como: jornada de trabalho, condições de trabalho, carreira e salário. Esses espaços das mesas podem ser considerados como uma estratégia de gestão do trabalho na saúde, inovadora que viabiliza a comunicação entre trabalhadores e gestores A criação da Mesa Permanente pode ser vista em um contexto de democratização das relações de trabalho, onde a participação do trabalhador é vista como essencial para o exercício dos direitos de cidadania, na busca pela qualidade dos serviços de saúde e o fortalecimento do SUS. A MNNP-SUS é um fórum paritário e permanente constituído por gestores públicos, gestores de serviços privados conveniados ou contratados do SUS além de entidades sindicais nacionais represen- tativas de trabalhadores, com a finalidade de tratar os conflitos inerentes às relações de trabalho. Abaixo podemos ver os princípios e garantias constitucionais que apoiam a MNNP-SUS: • legalidade: para dar guarida às ações do administrador público; • moralidade: exige-se probidade administrativa; • impessoalidade, finalidade ou indisponibilidade do interesse público: permitem apenas a prática de atos focados ao interesse público, de acordo com os fins previstos em lei; • qualidade dos serviços: à gestão administrativa pública fica encarregada da observância do preceito constitucional da eficiência, que inclui a obediência à lei, a resolutividade, o profissionalismo e a adequação técnica do exercício funcional na realização dos serviços de interesse público; • participação: defende o Estado Democrático de Direito e asse- gurando a participação e o controle da sociedade sobre os atos de gestão do governo; • publicidade: assegura a transparência e o acesso às informa- ções referentes à Administração Pública; Gestão do processo e da força de trabalho em saúde24 • liberdade sindical: os sindicatos possuem a legitimidade da defesa dos interesses e direitos individuais e coletivos. Além da explicitação dos conflitos existentes. Assegura também a livre organi- zação sindical e o direito de greve aos servidores públicos, dentro dos termos da Constituição da República Federativa do Brasil. Temos ainda a estrutura vertical e horizontal da MNNP-SUS como podemos ver na figura abaixo: Figura 8: Estrutura vertical e horizontal da MNNP-SUS Fonte: Elaborada pelo autor Cabe ainda a Mesa nacional negociar e pactuar protocolos nacionais com diretrizes gerais sobre as relações de trabalho no SUS. O que é um protocolo? Podemos definir protocolo como um conjunto das informações, decisões, normas e regras definidas a partir de um ato oficial. Mas o que são os protocolos da Mesa de Negociação? Os protocolos fruto das Mesas de Negociação são documentos que formalizam as decisões mais relevantes e complexas pactuadas nessas mesas, deixando registrado tudo que foi acordado pelas partes. As demais decisões são registradas em atas. Apresento a seguir, como exemplos, alguns protocolos que já foram estabelecidos pela Mesa Nacional de Negociação Permanente do SUS. • Protocolo nº 001/2003 – Regimento Institucional da Mesa Nacional de Negociação Permanente do Sistema Único de Saúde – MNNP-SUS. • Protocolo nº 002/003 – Instalação das Mesas Estaduais e Municipais de Negociação Permanente do SUS. • Protocolo nº 003/2005 – Dispõe sobre a criação do Sistema Nacional de Negociação Permanente do SUS (SiNNP-SUS). Gestão do processo e da força de trabalho em saúde 25 • Protocolo nº 004/2005 – Aprova o Processo Educativo em Negociação do Trabalho no SUS e institui diretrizes para sua execução. • Protocolo nº 005/2006 – Dispõe sobre orientações, diretrizes e critérios para perfeiçoar procedimentos de cessão de pessoal no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS. • Protocolo nº 006/2006 – Aprova as “Diretrizes Nacionais para a instituição de Planos de Carreira, Cargos e Salários no âmbito do Sistema Único de Saúde – PCCS- SUS”. • Protocolo nº 007/2007 – Dispõe sobre a implementação da Política de Desprecarização do Trabalho no SUS junto às Mesas e Mecanismos de Negociação no SUS. • Protocolo nº 008/2011 – Institui as diretrizes da Política Nacional de Promoção da Saúde do Trabalhador do Sistema Único de Saúde – SUS. EXPLICANDO MELHOR: Vale ressaltar que às Mesas Estaduais e Municipais de Negociação Permanente do SUS, se constituem em elementos fundamentais, validando diretrizes gerais que foram aprovadas pela Mesa Nacional, além de pactuar situações específicas referentes à realidade da gestão de saúde local. As ações desenvolvidas por essas Mesas devem ser respaldadas nos princípios do SUS e valorizando a força de trabalho na área da saúde, buscando uma maior qualidade no atendimento dos usuários do SUS. Diante do que foi apresentado até agora, esperamos que você tenha compreendido as Mesas de Negociação Permanente (federal, estadual ou municipal) como arranjos institucionais formais e potenciais e como um avanço na construção de uma nova forma para tratar das relações de trabalho no SUS. Nessa competência vimos, que os conflitos são inerentes a qualquer tipo de organização, ou seja, estão presentes em qualquer ambiente que ocorra interação social. Eles podem ser importantes para o desencadear mudanças que venham a contribuir para o crescimento organizacional. Como aspectos mais comuns que podem levar à conflitos Gestão do processo e da força de trabalho em saúde26 temos: problemas de comunicação, estrutura organizacional, disputa de papéis, escassez de recursos, mal-entendidos e falta de compromisso. E como causas principais de conflitos temos as diferenças individuais. Para mediar um conflito de forma eficaz são necessários seguir alguns princípios, o mediador deve: ter credibilidade, ser imparcial, ser leal e flexível nas atitudes, ter clareza na linguagem, apresentar conhecimento da situação e confidencialidade no processo de mediação. E quando falamos em negociação trata-se de um instrumento de gestão utilizado para intervir para a resolução de conflitos, criando acordos entre os atores sociais. Para isso temos as mesas de negociação que são locais para realizar discussões sobre conflitos institucionais, com o objetivo de dar voz a todos os atores sociais na busca na solução do conflito com foco em oferecer uma atenção à saúde com qualidade. Seleção de pessoal, dimensionamento de pessoal e o plano de carreira como instrumentos de gestão na saúde. INTRODUÇÃO: Ao término de mais um conteúdo importante, você será capaz de compreender a seleção de pessoal, o dimensio- namento de pessoal e o plano de carreira, cargos e salários como instrumentos de gestão. Seleção de pessoal A Seleção de pessoal não é um processo simples, estão envol- vidos diversos elementos. A primeira etapa de um processo seletivo é a atração dos candi- datos. Essa etapa também é conhecida como recrutamento e anda juntamente com a seleção. Podemos dizer ainda que o sucesso da seleção está relacionado aos bons resultados do recrutamento. Recrutamento pode ser definido como o momento de atração dos candidatos que preencham os requisitos mínimos para o cargo, ou seja, é quando a organização divulga a oferta e oportunidade de empregos. Gestão do processo e da forçade trabalho em saúde 27 Fonte: freepik Nessa etapa é fundamental que sejam considerados alguns aspectos são eles: • levantamento das necessidades de pessoal a ser contratado; • análise da oferta de novos egressos no mercado de trabalho; • definição dos mecanismos de comunicação que irão informar ao público sobre as vagas disponíveis; • período de seleção; • número de vagas; • salário; • critérios de seleção adotados. Tais aspectos devem ser seguidos buscando assim atrair o maior número possível de candidatos com perfil para as vagas disponibilizadas. O recrutamento pode ser considerado um sucesso quando conseguir atrair um bom número de candidatos que cumpram os requisitos do cargo. Já quando falamos da seleção podemos falar que se trata de um processo onde são consideradas duas variáveis: os requisitos do cargo e o perfil do candidato. É nesse momento que são identificados os melhores candidatos que poderão contribuir para elevar o nível de qualificação dos serviços ou pelo menos manter o nível já atingido. Dimensionamento de pessoal Vamos falar agora um pouco sobre o dimensionamento de pessoal considerada uma das ferramentas utilizadas na seleção de pessoal, pelos gestores. https://br.freepik.com/vetores-premium/recrutando-a-pesquisa-e-selecao-de-pessoal-vetor_4867657.htm Gestão do processo e da força de trabalho em saúde28 O dimensionamento de pessoal deve ser entendido como uma atividade da gestão, que deve ser realizada de forma contínua, identi- ficando, analisando e quantificando a força de trabalho necessário para que a instituição funcione adequadamente. Essa metodologia é um valioso instrumento gerencial, pois é através dela que serão obtidos dados do processo de trabalho, que influenciaram as decisões relacionadas ao planejamento, distribuição e força de trabalho além de contribuir para a qualidade dos serviços, permitir um melhor monitoramento da produtividade dentro outras atividades relacionadas a gestão dos processos e da força de trabalho em saúde. Plano de carreira, cargos e salários Plano de Carreiras, Cargos e Salários (PCCS) é considerado um instrumento de gestão do trabalho, com o objetivo de valorizar o trabalhador e implantar o processo de carreira na instituição. Plano de Carreiras, cargos e Salários pode ser definido como um conjunto de regras que orientam a trajetória dos trabalhadores ao longo de sua carreira, instituindo oportunidades e estímulos ao desenvolvimento pessoal e profissional, contribuindo também para a qualificação dos serviços prestados. Segundo o Protocolo nº 006/2006 os planos devem ter carreiras com estruturas e formas de desenvolvimento semelhantes que venham a garantir a valorização dos trabalhadores por meio da equidade de oportunidades de desenvolvimento profissional, associando a evolução funcional com um sistema permanente de qualificação como forma de melhorar a qualidade da prestação dos serviços de saúde. Carreira pode ser definida como o percurso percorrido pelo traba- lhador a partir de seu ingresso no cargo até seu desligamento, regido por regras específicas de ingresso, desenvolvimento profissional, remu- neração e avaliação de desempenho. DEFINIÇÃO: O que é Dimensionamento de pessoal? É a primeira etapa do processo de planejamento e provimento da força de trabalho. Seu objetivo é prever a quantidade de funcionários por categoria, necessárias para suprir as necessidades dos serviços. Gestão do processo e da força de trabalho em saúde 29 Quando nos referimos aos cargos esses são compreendidos como o conjunto de atribuições semelhantes em sua natureza das ações e qualificações exigidas de seus ocupantes, com responsabilidades previstas na estrutura organizacional e vínculo de trabalho estatutário. O conceito de cargo baseia-se nas noções de tarefa e de função, como pode ser observado no organograma abaixo: Organograma 4: Base do conceito de Cargo Fonte: Elaborado pela autora. Quando nos referimos à definição da estrutura dos cargos que compõem as organizações, elas possuem como objetivo a divisão de responsabilidades e atribuições de papéis. E quando nos referimos a cargos esses possuem dois padrões como visto no organograma a seguir: Organograma 5: Padrões possíveis do Cargo Fonte: elaborado pela autora O cargo restrito é um modelo bastante utilizado até o final do século XX. Esse padrão valoriza a descrição detalhada do que deve ser desenvolvido de acordo com a função. Na atualidade ele ainda é bastante utilizado, mas sua rigidez já é reconhecida por causar pouca mobilidade para seu ocupante. Gestão do processo e da força de trabalho em saúde30 Já o cargo amplo está relacionado a uma maior flexibilidade de atuação para seu ocupante, ou seja, permite a diversificação de atividades por trabalhadores que ocupam um determinado cargo com a mesma denominação. Quando falamos de PCCS, geralmente esses são implantados em uma determinada instituição através de lutas e reivindicações entre a instituição e os trabalhadores, sendo assim muitas vezes o PCCS surgem a partir da utilização do método da negociação. Podemos dizer que quando é utilizada metodologia da negociação para elaboração do PCCS, os resultados são mais positivos, pois durante o processo de negociação são envolvidos os grandes interessados por esse plano (trabalhadores e os gestores). Vale ressaltar que a existência de um PCCS não se configura em uma garantia de resultados positivos. Tais resultados estão relacionados a um plano bem estruturado, para isso é importante que sejam considerados alguns pontos no momento da elaboração do PCCS. • As discussões devem ser realizadas em espaços coletivos de gestão, como exemplo podemos citar os Conselhos de Saúde tanto municipais quanto estaduais; • Os atores sociais constituintes da comissão de elaboração do PCCS devem ser formados por profissionais experientes e que tenham conhecimento sobre gestão; • Identificação e descrição dos cargos com o registro das tarefas e funções de responsabilidades de cada um; • Deve ser realizado o levantamento de documentos de caráter legal da instituição, tais como: estatutos, regulamentos dentre outros. Foram várias as conquistas conseguidas, que contribuíram para o fortalecimento do PCCS como um instrumento de gestão. Dentre essas conquistas podemos citar: • De acordo com a Constituição Federal de 1988 a União, Estados e Municípios devem instituir, Regime Jurídico Único e PCCS para os servidores da administração pública direta, das autarquias e das fundações. • A Lei Federal n. 8.142/90 traz como obrigatoriedade para receber os recursos para a cobertura das ações e serviços a serem implementados que deverão ser constituídas a Comissão de elaboração Gestão do processo e da força de trabalho em saúde 31 do Plano de Carreira, Cargos e Salários (PCCS), tanto os municípios quanto Estados e Distrito Federal; • Em 1992 com a Resolução nº 12 do Conselho Nacional de Saúde foram estabelecidas as orientações gerais para o PCCS; • Em 2004 entrou em vigor a portaria n.626, responsável pela criação da Comissão Especial para Elaboração das diretrizes do PCCS; • Em 2007 foi regulamentada as “Diretrizes Nacionais PCCS – SUS”, através da Portaria GM/MS n.1318, de 5 de junho de 2007. Falando um pouco mais sobreas Diretrizes Nacionais PCCS-SUS, ela traz alguns princípios que devem nortear a instituição ou reforma dos PCCS, são eles: Organograma 6: Princípios para o PCCs Fonte: elaborado pela autora. Explicando um pouco melhor cada um desses 10 princípios: 1. Universalidade dos planos de carreiras: os PCCS devem abarcar todos os trabalhadores de todas as instituições integrantes do SUS; 2. Equivalência dos cargos ou empregos: Os cargos criados nas três esferas de governo devem ter correspondência em relação a sua denominação, atribuições e qualificação exigida; Gestão do processoe da força de trabalho em saúde32 3. Concurso público de provas ou de provas e títulos: essa deve ser a única forma de ingresso no serviço; 4. Mobilidade: o trabalhador do SUS poderá transitar pelas diversas esferas de governo, sem perder seus direitos e a possibilidade de desen- volvimento na carreira; 5. Flexibilidade: fica garantida permanentemente a adequação do plano de carreiras de acordo com as necessidades e à dinâmica do Sistema Único de Saúde; 6. Gestão partilhada das carreiras: fica garantida a participação dos trabalhadores, na formulação e gestão de seu respectivo plano de carreiras; 7. Carreiras como instrumento de gestão: o PCCS deve ser considerado como um instrumento de gestão de política pessoal de forma integrada ao planejamento e ao desenvolvimento organizacional; 8. Educação permanente: deve ser ofertada de forma perma- nente educação aos trabalhadores de acordo com as necessidades que cada setor; 9. Avaliação de desempenho: deve ser realizado como um processo pedagógico com foco no desenvolvimento profissional e institucional; 10. Compromisso solidário: o PCCS é um ajuste firmado entre gestores e trabalhadores com objetivo a qualidade dos serviços, do profissionalismo e da adequação técnica do profissional às necessidades dos serviços de saúde. Avaliação de desempenho DEFINIÇÃO: Podemos dizer o ato de avaliar é algo comum no cotidiano de qualquer instituição, afinal sempre tem alguém emitindo um juízo sobre alguma coisa, ou pessoa. A avaliação é primordial para a apreciação de um fato, alguma ideia, um objetivo e de um resultado, além de ser a base para a tomar alguma decisão. Mas qual seria a finalidade da avaliação de desempenho? Bom podemos observar algumas delas na figura abaixo: Gestão do processo e da força de trabalho em saúde 33 Figura 9: Finalidades da avaliação de desempenho Fonte: Elaborada pela autora. Em instituições que já possuem o PCCS, a avaliação de desem- penho deve ser um dos instrumentos constituintes desse plano. No entanto ao se criar uma proposta de avaliação de desempenho o gestor deve tomar cuidado, para que não estimule a competição entre os trabalhadores e não limite a criatividade e iniciativa dos mesmos. Na instituição onde trabalha, existe ou já existiu, algum processo de avaliação de desempenho? O que você sabe sobre ele? Qual sua opinião sobre ele? Alguns autores trazem três dimensões constituintes da avaliação de desempenho que são: • Ferramenta: como ferramenta ela propicia uma visão holística das práticas de gestão do trabalho; • Meio: nessa dimensão ela fornece dados que se devidamente registrados e processados podem subsidiar as tomadas de decisão; • Instrumento: como instrumento ela contribui para o gerencia- mento da força de trabalho (ROCHA-PINTO et al. 2007). Ressaltamos ainda que para avaliação de desempenho eficiente é necessário a capacitação dos avaliadores (gestores responsáveis), pois ela não pode ser realizada e nem vista como apenas o preenchimento de um instrumento para auxiliar na gestão do trabalho. Para um desenvolvimento de uma avaliação de desempenho eficiente vamos listar alguns aspectos que devem ser considerados: Gestão do processo e da força de trabalho em saúde34 • Estabelecimento de metas e indicadores; • Tais metas e indicadores devem vir de encontro com a missão e objetivos da instituição; • Os trabalhadores devem receber retornos em relação a avaliação de desempenho; Nessa competência vimos que a avaliação de desempenho faz parte do cotidiano de qualquer instituição, e se configura em um importante instrumento, quando devidamente utilizado, na busca por alcançar uma melhor qualidade nos serviços de saúde, tanto para os usuários quando para os trabalhadores. Nessa competência podemos aprender um pouco sobre alguns instrumentos de gestão. A seleção de pessoal é um importante instrumento de gestão, que deve ser realizada com certo rigor com o objetivo de atrair o maior número possível de candidatos com perfil para a vaga disponível. É nesse momento que são identificados os melhores candidatos que poderão contribuir para elevar o nível de qualificação dos serviços. Já o dimensionamento de pessoal é uma ferramenta de gestão, com o objetivo de prever a quantidade de funcionários por categoria, necessárias para suprir as necessidades dos serviços. É através dessa ferramenta dela que serão obtidos dados do processo de trabalho, que influenciaram as decisões relacionadas ao planejamento, distribuição da força de trabalho além de contribuir para a qualidade dos serviços, permitir um melhor monitoramento da produtividade dentro outras atividades relacionadas a gestão dos processos e da força de trabalho em saúde. Já o Plano de Carreiras, Cargos e Salários (PCCS) é considerado um instrumento de gestão do trabalho, com o objetivo de valorizar o trabalhador e implantar o processo de carreira na instituição. Utilizando tais instrumentos e ferramenta, é possível alcançar uma melhor qualidade na assistência. Instrumentos de Gestão da Qualidade em Saúde Ao término de mais um conteúdo, tenho certeza de seu domínio e será capaz conhecerá os principais instrumentos de gestão da qualidade em saúde, o que é fundamental para o exercício de suas atividades como gestor. Gestão do processo e da força de trabalho em saúde 35 O que é gestão da qualidade? Com o objetivo de incrementar o gerenciamento dos serviços de saúde melhorando assim sua eficiência tem sido amplamente aplicado na área da saúde os programas de gestão da qualidade. Quando falamos em qualidade estamos considerando o atendi- mento das necessidades das pessoas e o padrão de produção e serviços providos pela organização. DEFINIÇÃO: Podemos definir Gestão da qualidade como uma forma de gestão de uma organização centrada na qualidade, baseada na participação de todos os seus membros com o objetivo de alcançar o sucesso a longo prazo, por meio da satisfação do cliente e dos benefícios para todos os membros da organização e para a sociedade. Quando nos referimos a qualidade em saúde, essa pode ser considerada como um conjunto de atributos referente aos cuidados em geral com a saúde, indo desde a prevenção, promoção e restabele- cimento da saúde. Considerando essas definições temos como gestão de qualidade em saúde os objetivos de planejar, organizar e desenvolver ações para propiciar um ambiente confiável e sustentável. Nessa perspectiva a gestão da qualidade de saúde abrange questões como: educação em saúde, saneamento básico, programas de prevenção, rastreamento de doenças, diagnóstico, tratamento dentre outras. E não podemos esquecer que na busca pela eficácia desses serviços, os mesmos devem estar disponíveis à todos com qualidade. Para isso temos os modelos de gestão de qualidade em saúde que são utilizados como parâmetro para auxiliar as instituições de saúde a buscarem a qualidade no serviço que é oferecido garantindo assim a melhor assistência a seus pacientes. Podemos definir modelo de gestão como um conjunto de princípios, valores, instrumentos, conhecimento e práticas de gestão desenvolvidas por uma organização para realização de suas atividades básica. Gestão do processo e da força de trabalho em saúde36 Mas qual o papel do gestor de qualidade? Bom o gestor de qualidade tem um papel extremamente importante na criação de estratégias e no direcionamento das equipes na busca pela qualidade do serviço. Para isso ele realiza análises de desempenho da instituição onde são levantados pontos que devem ser melhorados para o alcance dos objetivos. Dessa forma, podemos dizer que a adoção de um sistema de gestão de qualidade nas instituições de saúde é uma boa estratégia dessas organizações, que podem ser avaliadas de diversas formas como podemos ver na figura abaixo: Figura 10: Formas de avaliação das instituições de saúde. Fonte: elaboradopela autora. No desenvolvimento da gestão da qualidade em saúde devem ser considerados alguns indicadores de qualidade, que é uma ferramenta que possibilita a identificação de diversos aspectos referente aos resultados, através dele é possível identificar pontos que precisam ser mudados. Portanto, podemos dizer os indicadores de qualidade possui como foco os resultados, mede o grau de satisfação das pessoas aten- didas assim como a eficácia dos processos de saúde além de apontar caminhos melhores na busca da qualidade do serviço. Vamos ver agora um pouco sobre as ferramentas mais utilizadas para a gestão da qualidade da saúde. Acreditação e certificação A Acreditação pode ser definida como um tipo de avaliação e certificação que mede o nível de qualidade da assistência de uma determinada instituição de saúde, baseada em padrões e normas que estabelecidas previamente e é realizada periodicamente dentro da própria instituição. Gestão do processo e da força de trabalho em saúde 37 Sua finalidade não está relacionada a fiscalização, controle governamental, licenciamentos, com objetivo extremamente educativo, na busca por uma melhoria contínua. Podemos considerar três princípios da acreditação como podemos observar na figura abaixo. Figura 11: Princípios da acreditação Fonte: Elaborada pela autora. Quando nos referimos que a acreditação é voluntário queremos dizer que é escolha da instituição de saúde realizar ou não. É periódica pois as avaliações devem ser realizadas frequentemente em períodos estabelecidos e reservada pois não são divulgadas as informações coletadas de cada instituição de saúde. Figura 12: Os objetivos da acreditação envolvem: Fonte: Elaborado pela autora. Gestão do processo e da força de trabalho em saúde38 No Brasil, temos desde 1999 a Organização Nacional de Acredi- tação (ONA) que é a uma entidade sem fins lucrativos não governamental, cuja responsabilidade é o desenvolvimento e gestão dos padrões de qualidade e segurança em saúde, brasileiro. Os padrões da ONA são reconhecidos internacionalmente além de ser membro da International Society for Quality in Health Care (ISQua). Tais padrões podem ser adotados pelos mais diversos estabelecimentos de saúde desde Home Care até hospitais de grande porte. A avaliação feita pela ONA nos estabelecimentos de saúde compreende três níveis como pode observar na figura abaixo. Figura 13: Três níveis de avaliação da ONA Fonte: elaborada pela autora. Vamos compreender melhor cada um desses níveis? Nível 1 – Segurança: Verifica se as exigências abrangem as condições básicas na qualidade da assistência oferecida ao paciente. Esse nível possui ainda como princípios orientadores: • Se os profissionais são devidamente habilitados; • Se o estabelecimento atende aos quesitos essenciais para a segurança do paciente; • Se o estabelecimento possui uma estrutura básica suficiente para garantir uma assistência adequada. Já o nível 2 – Organização: engloba todo o planejamento referente a documentação. Como princípios desse nível temos: Gestão do processo e da força de trabalho em saúde 39 • A instituição deve ter estabelecido e documentado normas, rotinas, procedimentos e os mesmos devem estar devidamente atuali- zados e disponíveis; • A instituição deve ter comprovações de que são introduzidas e utilizadas uma lógica de melhoria de processos na realização das ações de assistência; • A instituição deve mostrar que seu foco é o paciente. E por fim, o Nível 3 – Gestão da qualidade, que além de abranger os princípios apresentados no nível 1 e 2 temos também: • A instituição deve ter evidências de vários ciclos de melhoria em todas as áreas, alcançando a organização de modo geral e sistêmico; • A instituição deve utilizar um sistema de informação institu- cional consistente, que possua como base taxas e indicadores, permi- tindo assim que sejam realizadas análises comparativas, fazendo uso de referenciais adequados e a obtenção de informação estatística e sustentação de resultados; • A instituição deve ter sistemas de verificação da satisfação dos clientes além de possui um programa institucional de qualidade e produtividade. Para poder avaliar a melhoria da gestão nas instituições de saúde a ONA oferece certificações em diferentes níveis como pode ser observado na figura abaixo: Figura 14: Níveis de Acreditação Fonte: elaborada pela autora. É importante destacar que a ONA não traz recomendações específicas sobre quais metodologias e/ou ferramentas de gestão a instituição deve utilizar. Gestão do processo e da força de trabalho em saúde40 Técnicas de gestão de qualidade Quando uma instituição utiliza técnicas e ferramentas de qualidade contribui para que a organização se destaque ganhando maior credibilidade. Vamos conhecer mais algumas dessas ferramentas e técnicas? Diagrama de Pareto Essa ferramenta de qualidade considera que 80% das conse- quências são resultados de 20% das causas, nessa perspectiva são um número pequeno de causas que desencadeiam a maioria dos problemas. Esse diagrama através de um gráfico de barras permite identificar quais os problemas que devem ser resolvidos com prioridade. Para utilizar essa ferramenta é necessário que seja definido qual será o tipo de problema a ser estudado, monte uma planilha com os possíveis fatores de estratificação, estabeleça um período de coleta das informações, registre o quantas vezes foi observada a ocorrência de cada categoria. Realize cálculos de percentagens total geral e percentagens acumuladas. Ao final monte um gráfico de barras com os resultados obtidos. SAIBA MAIS: Para saber mais sobre essa ferramenta além de exemplos de seu uso, recomendo o acesso aos seguintes sites: https://bit.ly/3dibYiX. Para facilitar é recomendado utilizar software como o Excel. Diagrama de Ishikawa Essa ferramenta é conhecida também como Espinha de peixe, Diagrama de Causa e efeito ou Diagrama 6M. Seu objetivo é evidenciar a relação entre o efeito e as causas que colaboram para sua ocorrência. É geralmente utilizado para gerenciar o controle de qualidade dos processos. Para fazer uma Espinha de Peixe, é necessário que seja verificado claramente o problema, esse será o efeito, desenhe uma seta horizontal onde na ponta estará o efeito e no corpo da seta coloque as causas previamente levantadas com os demais trabalhadores da instituição. Para uma melhor compreensão veja a figura abaixo. Gestão do processo e da força de trabalho em saúde 41 Figura 15: Diagrama de Ishikawa Fonte: Elaborado pela autora. Ciclo PDCA PDCA (Planejar, fazer, verificar e agir), é uma ferramenta tem como objetivo organizar os processos da instituição. Esse método deve ser cíclico para que através de cada etapa cada vez mais sejam solucio- nados mais problemas, contribuindo assim para uma efetiva melhora no processo. Veja a figura abaixo. Figura 16: Ciclo PDCA Fonte: elaborado pela autora. Gestão do processo e da força de trabalho em saúde42 5W2H É uma ferramenta de gestão da qualidade que tem como objetivo registrar de uma forma organizada, como serão realizadas as ações em todos seus aspectos (quem irá realizar, quando realizar, porque realizar, quanto irá custar. Em suma nessa competência trouxemos que a gestão da qualidade é uma forma de gestão de uma organização centrada na qualidade. E para desenvolve-la temos vários instrumentos disponíveis atualmente tais como: acreditação e certificação; diagrama de Pareto, diagrama de Ishikawa, ciclo PDCA e 5W2H. Todas utilizado com o objetivo central de atingir a excelência na qualidade da assistência. E então? Gostou do que lhe mostramos? Essa unidade trouxe informações importantes que o auxiliaram no desenvolvimento de suas atividades profissionais como gestor. Vimos um pouco sobre as teorias administrativas, que estão presentes nas instituições de saúde. Compreendemosa negociação como um instrumento essencial de gestão e que exigem grandes competências do gestor para lidar com as situações de conflitos. Ao abordar a seleção de pessoal, dimensionamento de pessoal e plano de carreira foi possível ver a importância desses instrumentos para a gestão dos processos e da força de trabalho em saúde. E por fim, a gestão de qualidade, que tem sido bastante abordada na área da saúde, visto a busca constante e cada vez maior pela excelência na qualidade dos processos das instituições de saúde. Gestão do processo e da força de trabalho em saúde 43 BIBLIOGRAFIA AZEVEDO, I. C. A teoria clássica da administração no âmbito da enfermagem e da atenção básica. Rev. APS. v. 16, n. 3, p. 338-343, jul./ set. 2013. MELO, W. O. S. et al. Gestão da qualidade da saúde. Revista Uningá Review. v.18, n.1, p.24-28, abr./jun. 2014. ROCHA-PINTO, S. R. da., et al. (2003 : 2007). Dimensões funcionais da gestão de pessoas. Reimpressão. Rio de Janeiro : Editora FGV. SPAGNOL, C. A. et al. Situações de conflito vivenciadas no contexto hospitalar: a visão dos técnicos e auxiliares de enfermagem. Rev Esc Enferm USP. v. 44, n. 3, p.803-11, 2010. _Hlk28891480 _Hlk28887819 _Hlk28887767 _Hlk28971682 _Hlk28890997 _Hlk28891022 _Hlk28891060 _Hlk28966484 _Hlk28966587 _Hlk28967066 _Hlk28967450 _Hlk28968400 _GoBack
Compartilhar