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APOSTILA DE DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR E DOR OROFACIAL

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1 | P á g i n a 
Apostila produzida através das aulas de Disfunção Temporomandibular na Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto - 
FORP/USP 
 
Disfunção Temporomandibular (DTM)..................................................................................... 2 
Introduzindo a Disfunção Temporomandibular (DTM) ......................................................... 2 
Diagnóstico ............................................................................................................................................ 3 
Tratamento ............................................................................................................................................. 5 
Tipos de Disfunções Temporomandibulares (DTM) ............................................................. 6 
Desordens da Articulação Temporomandibular (ATM) ................................................................. 6 
Disfunções Temporomandibulares Musculares ............................................................................. 7 
Disfunções Temporomandibulares Articulares .............................................................................. 9 
Abordagens Terapêuticas ........................................................................................................ 10 
Placas interoclusais ............................................................................................................................10 
Placa anterior – “Front-Plateau” .......................................................................................................12 
Farmacoterapia .....................................................................................................................................12 
Abordagem Fonoaudiológica ............................................................................................................14 
Abordagem Fisioterapêutica .............................................................................................................15 
Mindfulness ...........................................................................................................................................15 
Acupuntura ............................................................................................................................................16 
Agulhamento a seco (Dry Needling).................................................................................................17 
Cefaleias e Dores Orofaciais ................................................................................................... 19 
Cefaleias primárias ..............................................................................................................................19 
Cefaleias secundárias .........................................................................................................................20 
Dor neuropática e Dores Orofaciais ....................................................................................... 20 
Neuralgia do Trigêmeo ........................................................................................................................21 
Dor Facial Idiopática Persistente ......................................................................................................21 
Bruxismo...................................................................................................................................... 22 
 
 
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Apostila produzida através das aulas de Disfunção Temporomandibular na Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto - 
FORP/USP 
 
Disfunção Temporomandibular (DTM) 
Disfunção temporomandibular e dor orofacial é a especialidade que tem por objetivo promover 
e desenvolver uma base de conhecimentos científicos para melhor compreensão do diagnóstico e 
tratamento das dores e distúrbios do sistema mastigatório, região orofacial e estruturas relacionadas 
(Sistema Estomatognático). 
O Sistema Estomatognático é composto por ossos, músculos, dentes, articulações, glândulas, 
lábio, língua, bochecha, sistema vascular e sistema nervoso. Quando sobrecarregado por 
apertamento dental, hábitos parafuncionais ou até mesmo trauma, por exemplo, esse Sistema entra 
em colapso, gerando dores orofaciais com sinais e sintomas, como desgaste dentário, pulpite, 
mobilidade dentária, dor na musculatura mastigatória, dor na articulação temporomandibular (ATM), 
dor de cabeça e até mesmo dores no ouvido. 
A dor orofacial é, então, toda dor associada a tecido moles e mineralizados, como pele, vasos 
sanguíneos, ossos, dentes, glândulas e músculos da cavidade oral e da face. Dentre as dores 
orofaciais, tem-se a Disfunção Temporomandibular (importante lembrar que a dor orofacial não está 
relacionada apenas com a Disfunção Temporomandibular, pode também estar relacionada com 
outras fontes de dor, como endodontia, dentística, periodontia, dentre outras). 
Introduzindo a Disfunção Temporomandibular (DTM) 
Introdução 
A Disfunção Temporomandibular (DTM) é um problema de saúde pública, que pode ser 
definido como um grupo de patologias e sintomas relacionados aos músculos mastigatórios, a 
articulação temporomandibular (ATM) e estruturas associadas da face. É reconhecida como uma 
condição clínica musculoesquelética que tem como características principais os sintomas de dor 
orofacial, os ruídos articulares, os desvios e/ou limitações durante a movimentação mandibular e dor 
provocada por palpação que reproduz a queixa principal, ou seja, é familiar ou reconhecida. Além 
disso, sintomas no ouvido, como zumbido e sensação de ouvido tampado e dolorido também são 
muito comuns; assim como dor cervical e em membros superiores. É comum, também, a presença 
de alterações multissistêmicas, favorecendo uma desregulação do sistema endógeno de modulação 
da dor, chamado de sensibilização central. 
A etiologia da DTM é multifatorial, o que complica o tratamento e exige uma abordagem 
multidisciplinar. Seus sinais e sintomas impedem muitas vezes que os músculos envolvidos, exerçam 
suas atividades normais, com dificuldade progressiva para a execução de movimentos e perdas de 
força muscular. Além disso, pode ser dividida em fatores iniciados (precipitantes), fatores 
predisponentes e fatores perpetuantes (mantenedores). Os fatores iniciadores são aqueles que de 
fato provocam a doença, como trauma, sobrecarga ou parafunção. As ATMs são afetadas por macro 
(aguda) e microtraumas, como: discrepância na relação maxilo/mandibular, hábitos parafuncionais, 
alterações intracapsulares, desvios na forma anatômica, doenças inflamatórias, alterações 
degenerativas, hipomobilidade mandibular, infecções, tumores e outros. Já os fatores 
predisponentes são aqueles que aumentam o risco da doença, como fatores sistêmicos (saúde 
geral), psicológicos e estruturais (oclusão, articulação temporomandibular). Por fim, os fatores 
perpetuantes são aqueles que influenciam na progressão da doença, ou seja, na cronificação, 
podendo ser problemas comportamentais, sociais e/ou emocionais. Ainda, pode apresentar 
diferentes graus de complexidade, relacionadas com a influência dos fenótipos e da regulação 
genética/ epigenética. 
 
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Esses fatores podem ser divididos ainda em eixo I e eixo II. O eixo I relaciona-se com as 
condições físicas para as dores orofaciais, como dente, articulação e músculos, estando relacionado 
ao exame físico; subdivide as DTMs em 3 (três) grupos: (I) disfunções musculares, (II) disfunções 
articulares e (III) artralgia, osteoartite e osteoartrose. Já o eixo II compreende uma avaliação 
biopsicossocial e foi criado para fazer uma triagem do estado psicológico dos pacientes. Essas 
medidas não pretendem fazer diagnóstico psiquiátrico, apenas orientar a necessidade de 
atendimento multidisciplinar.A prevalência da DTM é maior em mulheres (3:1) entre a 2ª a 4ª década de vida. O número 
de pessoas afetadas por algum sinal ou sintomas da doença está entre 50 e 80% e cerca de 5 a 12% 
da população precisa de algum tipo de tratamento. 
A DTM possui duas vertentes: a vertente dolorosa e a vertente funcional-estrutural. Na 
vertente dolorosa observa-se dor orofacial, como cefaleia, dor familiar, ouvido dolorido, zumbido, 
alterações multissistêmicas, dentro outros. Já na vertente funcional-estrutural, pode-se observar 
ouvido tampado, alteração no movimento mandibular, ruído articular, desvios e/ou limitações 
mandibulares, zumbido, dentre outros. 
A dor é, então, o principal sintoma na DTM. Geralmente, a dor relacionada à DTM é 
intensificada durante a movimentação mandibular, a qual é solicitada durante as funções 
estomatognáticas. Num contexto mais amplo do sistema estomatognático a DTM pode ser encarada 
como um distúrbio doloroso e funcional musculoesquelético. 
Segundo a IASP 2020, a dor pode ser definida como uma experiência sensorial e emocional 
desagradável associada, ou semelhante àquela associada a uma lesão tecidual real ou potencial. É 
uma experiência pessoal e subjetiva que pode apenas ser sentida pelo sofredor. Ainda, é 
considerada destrutiva, a dor crônica tem a função de degradar a qualidade de vida de um indivíduo, 
sendo um problema de saúde pública mundial, com enorme peso socioeconômico para uma nação. 
A dor sentida pelo paciente pode ser aguda ou crônica. A dor aguda é aquela recente, com 
causa visível, envolvimento de elementos estruturais e funcionais e com melhor resolução clínica. 
Enquanto a dor crônica é aquela que persiste para além da cura física, perde a referência e exige 
um manejo complexo; pode estar relacionada com distúrbios do sistema de dor, com envolvimento 
multissistêmicos, predisposição genética e até mesmo envolvimento de fatores de risco. 
A dor pode ainda ser dividida em dor somática ou dor neuropática. A dor somática é aquele 
que possui algum achado orgânico e está avisando que algo não está funcionando bem. Esta pode 
ser superficial, quando é de fácil localização (ex.: corte) ou profunda, como as dores 
musculoesqueléticas da DTM. Já a dor neuropática é aquele iniciada ou causada por uma lesão ou 
disfunção no Sistema Nervoso Central ou Periférico, como a neuralgia trigeminal. 
Diagnóstico 
 
 Para um correto diagnóstico da Disfunção Temporomandibular (DTM) deve-se lançar mão de 
um adequado exame clínico, dividido em anamnese e exame físico intra e extra-oral. 
 Para a anamnese é importante questionar o paciente a respeito de sua profissão (pois pode 
influenciar na DTM, a depender da postura e esforço físico durante o trabalho), escolaridade, 
procedência, queixa principal, tratamentos realizados anteriormente e seus respectivos resultados, 
característica da dor, história de trauma, hábitos que indiquem parafunções ou alterações posturais, 
história médica, uso de medicamentos, sintomas otológicos e oftalmológicos. Todos esses tópicos 
 
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devem ser avaliados cuidadosamente, pois influenciam diretamente no diagnóstico e escolha do 
tratamento mais adequado. 
 Após a anamnese, inicia-se o exame físico. Neste, deve-se realizar avaliação dos tecidos 
moles, tecidos duros, músculos, articulação e exame da movimentação mandibular; podendo ainda 
lançar mão de diagrama da dor. 
 Para a avaliação dos tecidos moles, deve-se analisar visualmente e por meio da palpação a 
gengiva, língua, assoalho bucal, orofaringe e bochechas. Este passo é importante para ver se há 
presença de alguma lesão que possa estar causando dor ao paciente ou até mesmo lesões de risco 
ao paciente. 
 Na avaliação dos tecidos duros, deve-se avaliar principalmente os elementos dentários, 
analisando se há ausência de algum elemento ou se há alguma alteração clínica que possa ser fonte 
de dor. A ausência de dentes pode gerar podemos oclusais que causam sobrecarga à ATM, assim 
como a presença de dentes com lesões pode gerar dores orofaciais, confundidas com as Disfunções 
Temporomandibulares. 
 Já na avaliação muscular, pode-se lançar mão da escala VAS, na qual, ao palpar o músculo 
do paciente, ele indica o nível da dor, usando números de 0 a 10, onde o 0 indica ausência de dor e 
10 indica dor máxima. A palpação deve ser realizada no início da consulta e ao final, para analisar 
se os procedimentos realizados durante a consulta foram capazes de aliviar a dor. Para realizar a 
palpação, utiliza-se uma pressão digital de 1kg nos músculos e 0,5kg na articulação 
temporomandibular. Deve-se palpar todos os músculos da região de cabeça e pescoço, como: m; 
temporal (mais acometido), m. masseter, m. pterigoideo medial e lateral, m. supra hioideo e infra 
hioideo, m. esternocleidomastoideo, m. trapézio, polo lateral do côndilo, meato acústico externo e 
região retroauricular (m. digástrico). Vale ressaltar que os m. supra e infra hioideos não costumam 
causar muita dor, enquanto a palpação interna do m. pterigoideo, próximo a região do túber da 
maxila, causa dor na maioria das pessoas, não sendo uma boa referência para o diagnóstico de 
DTM. 
 Após a palpação, pode-se preencher na ficha de anamnese o diagrama de dor, no qual marca-
se com X os pontos onde há dor e ainda pode-se lançar mão de setas para indicar os pontos de 
gatilho e dores irradiadas. 
 Na avaliação articular, além da palpação citada acima, devemos auscultar a Articulação 
Temporomandibular (ATM) durante a função, avaliando se há presença de estalos ou crepitações. 
Esta avaliação deve ser de ambos os lados (direito e esquerdo) nos movimentos de abertura e 
fechamento bucal. 
 Após as avaliações, deve-se lançar mão do exame da movimentação mandibular, no qual 
deve-se medir, em milímetros, as seguintes situações: 
▪ Overbite (sobremordida ou trespasse vertical): para calcular, deve-se marcar com lápis a 
incisal dos incisivos superiores na face vestibular dos incisivos inferiores, estando eles em 
máxima intercuspidação habitual (MIH) e medir a distância da marcação à face incisal dos 
incisivos inferiores. 
▪ Abertura máxima sem auxilia e sem dor: o paciente deve abrir a boca o máximo que 
conseguir, sem que haja dor. A média desta medida é de 40mm, a depender de cada 
paciente. 
▪ Abertura máxima com auxílio: nesta, o profissional deve forçar a abertura bucal. 
 
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▪ Overjet (trespasse horizontal): para este cálculo deve-se medir a distância entre a face incisal 
dos incisivos superiores com a fase incisal dos incisivos inferiores. Deve-se medir em MIH e 
protrusão. 
▪ Lateralidade máxima (direita e esquerda) 
▪ Desvio da linha média: deve-se observar, estando o paciente em MIH, e anotar o desvio da 
linha e para qual lado está desviada (direta ou esquerda). Além de observar em MIH, deve-
se observar se durante a abertura bucal também há desvio de linha média. 
▪ Dimensão vertical de oclusão (DVO), dimensão vertical de repouso (DVR) e espaço funcional 
livre (EFL) 
▪ Observar padrão de abertura: 
o Reto 
o Desvio lateral direita (não corrigido) 
o Desvio lateral direita corrigido (S) 
o Desvio lateral esquerda (não corrigido) 
o Desvio lateral esquerda corrigido (S) 
▪ Teste funcional: com o auxílio de uma espátula de madeira apoiada no último molar, pede-se 
para o paciente morder e dizer se dói e de qual lado dói. 
Após a finalização da anamnese e exame físico, tem-se embasamento suficiente para a 
elaboração da hipótese do diagnóstico. Contudo, para que os dados sejam mais completos, pode-
se ainda lançar mão de exames de imagens, como radiografias periapicais, panorâmicas, 
transcraniana (desuso), ou até mesmo tomografiacomputadorizada de feixe cônica ou ressonância 
magnética. Assim, basta unir as informações para obter as hipóteses de diagnóstico. 
Tratamento 
 
Visto que é uma doença multifatorial, seu tratamento deve ser multiprofissional, com uma 
equipe multidisciplinar. Antes, tinha-se o modelo biomédico de tratamento, o qual era padronizado, 
com uma visão mais mecanicista. Atualmente, preconiza-se o modelo biopsicossocial, o qual tem 
uma visão integral do sujeito, atuando na saúde profissional, física, espiritual, social, mental e 
emocional do paciente. 
O tratamento da DTM, no geral, busca reduzir a dor e a sobrecarga, restaurar funções, 
promover retomada de atividades de vida diária e aumentar a qualidade de vida e bem-estar do 
paciente. 
Quando se trata de dor crônica, pode-se lançar mão de terapia manual, terapia cognitivo-
comportamental, deslocamento da atenção (distração), educação em neurociência da dor, 
respiração e relaxamento, exposição gradativa, placebo, exercícios aeróbicos, práticas integrativas 
e complementares, dentre outras possibilidades. 
O paciente portador de Disfunção Temporomandibular, pode ainda apresentar outras 
comorbidades associadas, como: pacientes com cefaleias primárias; lombalgia, que é fator de risco 
para a incidência da DTM, aumentando em 2x; síndrome da fadiga crônica; cervicalgia crônica, que 
gera tendência a ter hiperalgesia generalizada; fibromialgia, que aumenta o risco para o 
desenvolvimento, persistência e severidade da DTM dolorosa; dentre outras. 
Desta forma, o tratamento multidisciplinar é indispensável, exigindo abordagem de vários 
profissionais, como: cirurgião-dentista, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, médico, psicólogo, dentre 
outros. 
 
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Tipos de Disfunções Temporomandibulares (DTM) 
Desordens da Articulação Temporomandibular (ATM) 
 
As desordens relacionadas à articulação temporomandibular podem ser divididas em 
desarranjos do complexo côndilo-disco, incompatibilidades estruturais das superfícies articulares e 
desordens inflamatórias da ATM. 
Desarranjos do complexo côndilo-disco 
Um paciente normalmente apresenta o conjunto côndilo-disco devidamente alinhado na 
posição mais superior da cavidade articular. O côndilo deve encontrar-se no centro da cavidade 
articular do osso temporal, não devendo estar nem para posterior (retruído) e nem para anterior 
(protruído). Ao abrir a boca, o côndilo realiza a rotação e em seguida a translação em direção a 
eminência do osso temporal. Alguns pacientes, devido a presença de problemas, como macro ou 
microtraumas, apresentam uma alteração na posição do disco. Desta forma, durante a abertura 
bucal, o disco se desloca, podendo ou não voltar a posição após a fechamento bucal. 
Desta forma, os desarranjos do complexo côndilo-disco podem ser divididos em: 
desalojamento do disco articular ou estágio I, no qual, durante a abertura há um estalido único ou 
recíproco e o disco sai pouco da posição, permanecendo ainda sobre o côndilo; deslocamento do 
disco com redução ou estágio II, no qual também há um estalido único e recíproco, mas desta vez 
com deslocamento total do disco durante a abertura bucal e retorno a posição original após o 
fechamento e; deslocamento do disco articular sem redução ou estágio III, no qual não há estalido 
e, após o deslocamento total do disco na abertura, não há retorno a sua posição original. 
O desalojamento do complexo côndilo/disco (estágio I) e o deslocamento do disco com 
redução (estágio II), representam os primeiros estágios das desordens internas das ATMs. Os sinais 
e sintomas clínicos relatam alterações no complexo côndilo/disco. Desta forma, os fatores etiológicos 
e o tratamento são idênticos. 
A etiologia dos desarranjos do complexo côndilo-disco está relacionada com trauma, 
podendo ser micro ou macrotraumas. Os macrotraumas normalmente são relatos pelo paciente 
durante a anamnese e podem ser: pancadas, boladas, soco e outros traumas na mandíbula. Já os 
microtraumas (crônicos) podem passar desapercebidos pelo paciente, sendo eles: perda de 
elementos dentais, perda de suporte dental posterior, prematuridades em cêntricas e interferências 
oclusais, hábitos parafuncionais, maloclusões do tipo classe II 2ª divisão, dentre outros. 
As características clínicas mais comuns desta condição podem ser: abertura bucal normal, 
podendo haver alguma leve restrição (dor), sendo que no estágio III a restrição é maior; sensação 
de deslocamento do disco nos movimentos de abertura e fechamento durante a palpação; ruídos 
ouvidos com estetoscópio ou através de eletrovibratografia, que ocorrem normalmente no meio do 
movimento de abertura e ao final do movimento de fechamento e; desvios nos movimentos de 
abertura e fechamento frequentemente. Os sinais e sintomas podem incluir ainda, dores miofaciais, 
alterações otológicas (zumbidos), travamento da mandíbula na abertura ou fechamento, ruídos 
articulares e dor na região pré-auricular e no polo lateral das ATMs, espontânea ou provocada, que 
aumenta com a função. 
Além das características clínicas, pode-se ainda lançar mão de exames de imagem para o 
diagnóstico, sendo eles: tomografia computadorizada de feixe cônico (ideal para visualização de 
tecidos duros), radiografias transcraniana, ressonância magnéticas (ideal para visualização de 
tecidos moles) e radiografia panorâmica. 
 
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Logo, para o correto diagnóstico, após a realização de uma anamnese criteriosa, palpação 
muscular e articular e realização de exames de imagem, pode-se ainda lançar mão de exames de 
eletrovibratografia, eletromiografia e eletrognatógrafo. A eletrovibratografia é utilizada para captar o 
ruído articular e medir a quantidade e o momento em que surge este ruído. A eletromiografia é 
utilizada para avaliar a atividade dos músculos, vendo qual está mais e menos ativado. Já o 
eletrognatógrafo é utilizado para medir os movimentos da mandíbula. 
Feito o correto diagnóstico, deve-se iniciar o tratamento desta condição. Para isto, deve-se 
restabelecer a função normal no posicionamento côndilo-disco e cavidade articular do osso temporal. 
Pode-se fazer isso através do uso de placas estabilizadoras ou miorrelaxantes, quando é possível 
recapturar o disco articular, o que acontece normalmente no estágio I e II (70% dos casos). A placa 
melhora os sintomas e o posicionamento côndilo-disco. Deve ser utilizada por 24 horas, exceto 
durante a alimentação, por um período de 3 a 4 meses. 
Além da placa estabilizadora, pode-se ainda utilizar anti-inflamatórios não esteroidais 
(AAINEs) e até mesmo a fisioterapia, utilizando laser e ultrassom. É possível ainda realizar a 
viscosuplementação, que diz respeito à colocação de ácido hialurônico na articulação. 
Caso necessário, pode-se também realizar ajustes oclusais, tratamentos ortodônticos, 
próteses, dentística, cirurgia ou qualquer outro procedimento indicado para o caso. 
Orientações devem ser feitas a esse paciente, destacando a importância da reeducação e 
diminuição da carga sobre a ATMs, buscando ingerir alimentos mais macios, mastigar 
vagarosamente, evitar mascar chiclete e não forçar a abertura bucal. 
Disfunções Temporomandibulares Musculares 
 
 Geralmente, os pacientes apresentam suas funções normais. Contudo, a partir do momento 
que ocorre algum evento, há a possibilidade de gerar uma disfunção. Esses eventos podem ser: 
hábitos de morder os lábios, apoiar o rosto sobre a mão, dormir sobre a mão, segurar o telefone com 
o cabeça/pescoço, tocar violino, posição incorreta para dormir, postura inadequada que leva a 
atividades musculares contraturadas, traumas ou até mesmo oclusão incorreta. Para descobrir qual 
eventolevou à DTM do paciente, faz-se necessária uma anamnese criteriosa, com a associação e 
exames complementares, se preciso. 
 A disfunção temporomandibular muscular caracteriza-se como uma sensação dolorosa não 
pulsátil, aguda ou crônica, em resposta a estiramento, contração, manipulação ou palpação do 
músculo. Pode expressar-se como rigidez, fraqueza ou redução da função muscular. 
 Quando se fala em DTM muscular, pode-se dividir em: disfunção influenciada pelo Sistema 
Nervoso Central, na qual temos as disfunções agudas (mioespasmos) e crônicas (regional: dor 
miofascial e mialgia crônica centralmente mediada; sistêmica: fibromialgia) ou; disfunção com origem 
nos tecidos musculares, na qual tem-se cocontração protetora e a dor muscular local. 
Cocontração protetora: 
 A cocontração protetora é uma resposta normal do Sistema Nervoso Central a uma lesão ou 
a um risco de lesão. Caracteriza-se pela coativação simultânea de músculos antagonistas, gerando 
uma imobilização muscular protetora. 
 Seus sinais e sintomas mais comuns são: mialgia, sensação de fraqueza muscular, sem dor 
no repouso, com aumento da dor na função e diminuição da abertura bucal. Nesta fase, quase não 
há dor a palpação, logo, poucos pacientes chegam ao consultório neste estágio. 
 
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 Sua etiologia pode estar relacionada à fratura dental, restauração em supraoclusão, 
anestesia intrabucal, uso excessivo da musculatura, abertura bucal excessiva, traumas agudos e até 
mesmo tensão emocional. 
 O tratamento deve ser direcionado à remoção da causa da cocontração. Além disso, deve-
se indicar restrição do uso da mandíbula, sem estimular a dor, dieta leve e pastosa e mastigação 
lenta. Se necessário, pode-se ainda prescrever analgésicos para a dor. É de suma importância 
orientar o paciente a controlar o estresse e se auto manejar. 
 Caso a cocontração protetora não seja tratada, pode evoluir para a mialgia local. 
Mialgia local: 
 Mialgia local é também chamada de dor muscular local e é caracteriza-se por dor no sistema 
mastigatório, modificada pelo movimento da mandíbula durante a função. Clinicamente, apresenta 
uma dor familiar à palpação e a dor costuma permanecem no local da área estimulada por um 
período. 
 Devido a uma contração isométrica prolongada, ocorre uma isquemia, causando diminuição 
do aporte de sangue arterial e diminuição da drenagem dos catabólicos resultantes do metabolismo 
da contração muscular. Esses acontecimentos levam a dores musculares, que podem exacerbar e 
gerar o mioespasmo (travamento). Durante a palpação ocorre a liberação de substâncias 
algogênicas, como bradicininas, substância P e prostaglandinas, que estimulam os nociceptores 
periféricos e causam dor. Desta forma, é fundamental realizar a palpação para buscar o local da dor. 
 O tratamento desta condição é direcionado para a remoção da causa. Além disso, 
recomenda-se a restrição do uso da mandíbula, de modo que o paciente não sinta dor, dieta leve, 
pastosa e mastigação lenta e controle do estresse. Pode-se ainda prescrever medicamentos, como 
analgésicos leves e anti-inflamatórios (ibuprofeno ou ciclobenzapina). Por fim, pode-se lançar mão 
de abordagens de autorregulação física (ARF), como placa estabilizadora, calor úmidos por 20 
minutos nos músculos faciais 3 vezes ao dia, massagem, T.E.N.E., ultrassom, laser e acupuntura. 
Essas ARF são importantes terapias cognitivas, que geram repouso das estruturas orofaciais, 
melhora o posicionamento postural, leva ao relaxamento da parte superiores das costas, melhora a 
disposição do corpo nas atividades diárias, a respiração diafragmática e o sono. 
Dor miofascial com dor referida 
A dor miofascial com dor referida é também chamada de mialgia de pontos álgicos, ou 
também chamados de pontos gatilhos ("trigger points"). É uma disfunção neuromuscular regional, na 
qual há presença de pontos sensíveis em bandas tensas ou contraturadas. Nesta condição, a fonte 
da dor não condiz com o local de origem da dor, ou seja, a dor é referida em áreas distantes ou 
adjacentes. 
Esta condição é caracterizada por dor no sistema mastigatório, modificada pelo movimento 
da mandíbula, pela função ou parafunção. O exame clínico confirma a dor nos músculos 
mastigatórios, visto que a dor é familiar a palpação. Lembrando que a dor refere para uma área além 
das fronteiras dos músculos que está sendo palpado. Além de referir para outros músculos, a dor 
pode referir-se também para os dentes do paciente, de modo que o paciente tem uma dor no dente, 
sem nenhum problema dental propriamente dito (diferente de dor de dente); isto acontece 
principalmente quando a dor muscular é no músculo temporal e/ou masseter. Sabe-se que a 
condição mais limitante é quando a dor é no músculo trapézio, por ser muito crítica. 
Há teorias de que esta dor surge devido a despolarização sustentada na placa mioneural 
com consequente encurtamento dos sarcômeros, liberando e absorvendo continuamente íons Cálcio 
 
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do retículo sarcoplasmático. Desta forma, a fibra muscular fica contraída ao máximo, gerando o nó 
de contração. 
Para o tratamento, pode-se lançar mão de agulhamento a seco, alongamento, ultrassom, 
laser, massagem e/ou digitopressão. É de suma importância também a multidisciplinariedade, sendo 
que o cirurgião-dentista deve andar em conjunto com fisioterapeuta, fonoaudiólogo, psicólogo ou até 
mesmo médico. 
Disfunções Temporomandibulares Articulares 
 
As DTMs articulares podem ser divididas em subluxação (hipermobilidade) e doença articular 
degenerativa (osteoartrose/osteoartrite). 
Subluxação: 
A subluxação, também chamada de hipermobilidade, ocorre por um movimento anterior 
repentino do côndilo, durante o último estágio da abertura bucal, para além da crista da eminência 
articular. Esta situação clínica é encontrada quando há grandes aberturas bucais, desta forma, 
quando um paciente apresenta abertura demasiada da boca (acima de 40mm), deve-se encarar 
como um sinal de alerta. 
Clinicamente observa-se uma depressão pré-auricular visível, resultado do 'salto" repentino 
do côndilo para a frente. O paciente relata "deslocamento" da mandíbula na abertura, com um "golpe 
surdo" ou "baque". Normalmente não há dor e não é uma situação patológica, é apenas uma 
característica anatômica da ATM. 
Vale ressaltar que subluxações que acontecem repetidas vezes podem levar ao alongamento 
dos ligamentos, sendo potencialmente danoso ao disco articular. Essa excessiva extensão do 
movimento de uma articulação é considerada como hipermobilidade articular. 
Para o tratamento, é importante educar o paciente, recomendando restrição voluntária da 
abertura bucal, de modo que não alcance o ponto de subluxação. Ainda, pode-se indicar exercícios, 
como abertura e fechamento bucal com a língua na papila incisiva, exercícios de abertura bucal 
contra resistência para fortalecimento da musculatura e limitação da amplitude de abertura bucal. 
Doença Articular Degenerativa 
A doença articular degenerativa é também conhecida como osteoartrose/osteoartrite. A 
osteoartrose é um processo destrutivo onde as superfícies articulares ósseas do côndilo e da fossa 
articular se deterioram. Já a osteoartrite é uma doença crônica não inflamatória das articulações, 
apesar de existir um componente inflamatório secundário. A osteoartrose enfatiza a natureza 
degenerativa da doença, enquanto osteoartrite indica o componente inflamatório que acompanha o 
processo degenerativo. 
Estas condições ocorrem em resposta do corpo a um aumento de carga na articulação. 
Forças de cargas contínuas levam a uma superfície articular amolecida (condromalácia), com 
consequente reabsorçãodo osso subarticular. Ocorre uma degeneração progressiva, levando a 
perda da camada cortical subcondral (erosão óssea). 
Os achados mais comuns são: reparação inefetiva, erosão do osso subjacente, remodelação 
do osso subjacente e formação de espículas marginais (osteófitos) e cistos subarticulares, perda do 
espaço articular, crepitações e oclusão instável, que contribui com forças danosas à articulação. 
Radiograficamente pode ser observada uma superfície erosada e achatada. 
 
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O tratamento tem por objetivo melhorar a sintomatologia e restaurar a função. Para isso, 
pode-se lançar mão de redução ou remoção da carga da articulação temporomandibular, placa 
miorelaxante se houver hiperatividade musculares e anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs). 
Ainda, pode-se utilizar terapias de suporte, como a educação do paciente sobre a doença, 
limitação dos movimentos mandibulares dentro de limites indolores, dieta pastosa, termoterapia e até 
mesmo cirurgia, quando os resultados das terapias anteriores forem negativos. 
Abordagens Terapêuticas 
Placas interoclusais 
 
A placa estabilizadora é um aparelho oclusal removível, usualmente feito em resina acrílica 
incolor, que cobre as superfícies incisais e oclusais dos dentes em um dos arcos, criando um contato 
oclusal preciso com os dentes do arco oposto. No arco superior costuma ser mais estável, o que a 
torna mais retentiva e oferece um melhor apoio da guia canina, mostrando-se efetiva na terapia de 
relaxamento muscular. 
Suas principais funções são: terapia no tratamento de DTMs, estabilização e melhora da 
função das ATMs, normalização da atividade muscular, permitindo que a própria musculatura leve a 
mandíbula para uma posição adequada, redução ou eliminação de sinais e sintomas da DTM, 
proteção dos dentes e das estruturas de suporte de atrito e cargas traumáticas adversas e eliminação 
temporária das interferências oclusais. 
Seu mecanismo de ação é controverso. É dito que a placa estabilizadora promove a redução 
dos sinais e sintomas associados às disfunções temporomandibulares, por meio da diminuição da 
hiperatividade muscular. A placa mascara por desmemorização proprioceptiva os contatos 
prematuros ao se interpor nas arcadas, rompendo o ciclo vicioso patogênico criado pelos contatos 
prematuros e inferências oclusais, tanto em cêntrica quanto em lateralidade, permitindo aos dentes 
realizar contatos com um plano de suporte estável, reposicionando o côndilo numa relação fisiológica 
de conforto, facilitando o relaxamento e o desaparecimento da dor. A placa elimina temporariamente 
a informação nociceptiva da região oral, periodontal e articular, permitindo que se rompa total ou 
parcialmente o engrama (reflexo condicionado) existente nos contatos dentais e nos movimentos de 
abertura e fechamento mandibular, que podem estar alterados por interferências ou prematuridades 
oclusais existentes. Após a adaptação de uma placa interoclusal há uma alteração no engrama, 
induzindo a uma atividade muscular normal e eventualmente contribuindo para um melhor 
posicionamento mandibular. A utilização da placa miorrelaxante provoca uma alteração no padrão 
de contato oclusal, percebida pelos receptores periodontais, musculares e capsulares da ATM. Essa 
alteração do input proprioceptivo é enviada ao núcleo do quinto par do nervo craniano, alcançando 
em seguida a formação reticular e o córtex cerebral. Essas novas informações inibem os músculos 
que atuam sobre a ATM, promovendo relaxamento muscular e proteção articular. 
Para que a placa estabilizadora tenha sucesso, é necessário contemplar os seguintes 
requisitos: estar perfeitamente adaptada aos dentes; apresentar máxima estabilização dos dentes 
antagonistas, isto é, os dentes antagonistas devem tocar a placa de ambos os lados ao mesmo 
tempo; apresentar guias de desoclusão, sendo o guia canino, na qual deve haver ausência de contato 
no lado de balanceio, e a guia anterior, na qual deve haver ausência de contato dos dentes 
posteriores durante a protrusão; permitir selamento labial, não interferir com a mucosa bucal e nem 
com a deglutição e fonética; promover a melhor estética possível; apresentar espessura mínima que 
garanta resistência à fratura e; melhor polimento possível do acrílico. 
 
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Além disso, deve apresentar também características físicas e biomecânicas adequadas, 
sendo: recobrimento de todos os dentes, espaço interoclusal de no mínimo 2-3mm, superfície de 
contato oclusal lisa e polida, contatos cêntricos nas pontas de cúspides dando liberdade de cêntrica, 
superfícies fora do contato oclusal também lisas e polidas sem diedros, sem excesso de contorno, 
material resistente e com boa resiliência, material fácil de ser desgastado e ajustado e estética. 
A terapêutica utilizando aparelhos de estabilização apresenta as seguintes indicações: DTMs 
musculares e articulares; durante a terapia miofuncional e de relaxamento, removendo o ciclo vicioso 
(interferência oclusal → tensão emocional → apertamento ou rangimento dental → dor e desconforto 
muscular e/ou oclusal); na minimização dos hábitos parafuncionais e das forças causadas pelo 
bruxismo nos dentes e periodonto; na estabilização dos côndilos nas fossas mandibulares, sendo 
utilizada no tratamento do deslocamento posterior do côndilo e até mesmo na proteção das estruturas 
das ATMs, evitando estalos e crepitações; na estabilização de contatos oclusais após tratamento 
ortodôntico, cirurgia ortognática, cirurgia da ATM, fratura da mandíbula e cirurgia periodontal; em 
pacientes com trismo e limitação de abertura bucal; para evitar injúrias nos esportes de contato e a 
mordida fantasma; como finalidade diagnóstica, antes de instituir tratamento restaurador definitivo e 
no estudo dos problemas oclusais. 
Por outro lado, essa terapêutica é contraindicada quando os aparelhos estão mal 
desenhados, com indicação inadequado ou quando não é feita a proservação. 
As placas estabilizadoras apresentam como vantagens a facilidade na confecção, a 
instalação rápida, o fato de ser auto retentiva, os resultados favoráveis em curto tempo e 
reversibilidade do tratamento. Seu sucesso ou falha está relacionado com a correta seleção, 
fabricação, ajustes e colaboração do paciente. 
Para confecção da placa, inicialmente deve realizar a moldagem das arcadas do paciente e 
em seguida vazamento do gesso tipo IV na região dos dentes e gesso tipo III para completar. No 
paciente, realizamos a confecção do Jig de Lucia, que atua como desprogramador neuromuscular, 
determinando um ponto de parada anterior da mandíbula e realizamos o registro de mordida com 
cera. Preparado o Jig e o registro de mordida, deve-se montar os modelos no articular com o auxílio 
do arco facial. No modelo de escolha para a placa, deve-se desenhar a placa e encerar com cera 7, 
de modo que a cera fique bem adaptada com contato em todo os dentes e guias de desoclusão 
presentes. Para finalizar, deve-se realizar a acrilização, acabamento e polimento da placa. 
Vale ressaltar que quando confeccionada na maxila, exige menor espessura de material e 
apresenta melhor apoio e controle da guia canina, melhor estabilidade e induz menor tensão 
mastigatória. Por outro lado, quando confeccionada na mandíbula, apresenta melhor estética, 
adaptação mais fácil da fala. 
A placa interoclusal pode ainda ser feita a vácuo, a qual apresenta as vantagens de exigir 
uma única moldagem e poder ser feita para uso emergencial. Contudo, apresenta as desvantagens 
de ser pouco retentiva, apresentar ajuste dos contatos comprometidos e apresentar a impossibilidade 
de reembasamento interno e externo. 
Na clínica,ao entregar a placa para o paciente, deve-se verificar se está corretamente 
ajustada e realizar ajustes necessários em relação cêntrica, lateralidade e protrusão. Ainda, 
instruções ao paciente devem ser feitas, sendo: utilizar pelo maior tempo possível, exceto ao se 
alimentar; o aumento da salivação no início é normal; levará alguns dias para melhor adaptação da 
fala; poderá parecer apertada em alguns momentos; ao remover, é normal sentir a mordida diferente 
e a presença de interferências; guardar imersa em água e escovar com pasta e escova dental 2 
vezes ao dia; ajustes iniciais serão necessários, podendo também ser necessário ajustes futuros; se 
 
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por algum motivo interromper o tratamento, não continue utilizando a mesma placa, procure o 
cirurgião-dentista. 
O consenso é que a placa fique na boca até a cura dos sintomas, que varia de 1 a 6 meses, 
dependendo da sintomatologia apresentada pelo paciente. Após esse período, o paciente estará apto 
a tomada de relações corretas, pantografias e execução de trabalhos protéticos. Um planejamento 
correto, indicará que tratamento definitivo efetuar. 
Placa anterior – “Front-Plateau” 
 
A placa anterior, ou também conhecida de "Front-Plateau", é aquela placa que toca apenas 
os dentes anteriores e está indicada para casos agudos com pouca abertura bucal. Isto é, para casos 
quando é necessário manipular a mandíbula em relação cêntrica de paciente com dor ou para casos 
de cocontração protetora. 
Seu uso é emergencial, sendo de 24 a 72 horas de uso. É importante orientar o paciente que 
o uso prolongado pode gerar a extrusão dos dentes posteriores, sendo, então, contraindicado. 
Seu mecanismo de ação é fisiológico e atua diminuindo as informações proprioceptivas dos 
dentes e realizando a desprogramação (reprogramação) neuromuscular. 
Para sua confecção, inicia-se realizando a desprogramação neuromuscular com o auxílio de 
um palito de madeira entre os dentes na região de pré-molares. Em seguida, é feito o isolamento dos 
dentes anteriores com papel alumínio e vaselina sólida. Faz-se a manipulação da resina acrílica, 
sendo que na fase plástica sua manipulação deve ser feita imersa em água; modela-se um bastão e 
leva à boca do paciente, na qual iremos modelar no formato adequado. Na fase borrachoide da resina 
acrílica, removemos e recolocamos a placa cuidadosamente, para não contrair e ficar retida. Quando 
começar a esquentar, colocamos a placa na água até que se atinja a polimerização. Após a 
polimerização, deve ser colocada novamente na boca para ajustes, sendo importante que todos os 
dentes anteriores inferiores estejam em contato com a placa e que os guias de protrusão e 
lateralidade estejam adequados. Para finalizar, realiza-se o acabamento e polimento da estrutura. 
Após o período de utilização (máximo de 72 horas), deve-se realizar uma reavaliação da 
sintomatologia dolorosa do paciente e da amplitude dos movimentos mandibulares, para a partir daí 
instituir a terapia direcionada ao tratamento da disfunção do paciente. 
Farmacoterapia 
 
A farmacoterapia é muito utilizada nas Disfunções Temporomandibulares para controle de 
dor. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), há uma escada da analgesia, que começa 
mais simples, para dores mais leves e vai alterando a medicação para dores mais intensas. 
Escada analgésica da OMS: 
1º. Analgésico simples + anti-inflamatório não esteroidal (AINE) 
▪ Dipirona: 1g, via-oral (VO), 4/4hrs 
▪ Paracetamol: 500mg, VO, 4/4hrs 
2º. Analgésico simples + AINE + opioide fraco 
▪ Dipirona: 1g, via-oral (VO), 4/4hrs 
▪ Paracetamol: 500mg, VO, 4/4hrs 
 
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▪ Codeína: 30 a 60 mg, VO, 4/4hrs ou Tramadol: 50 a 100mg, VO, 4/4hrs 
3º. Analgésico simples + AINE + opioide forte 
▪ Dipirona: 1g, via-oral (VO), 4/4hrs 
▪ Paracetamol: 500mg, VO, 4/4hrs 
▪ Morfina: 10mg, VO ou endovenosa (EV), 4/4hrs 
OBS: opioide forte causa náuseas e vômitos, que pode ser tratado com metaclopramida, e 
constipação intestinal, que pode ser controlada com dieta e laxativos. 
4º. Métodos invasivos 
 A dipirona sódica pode ainda ser prescrito com uma posologia geral: 20 a 40 gotas 4 vezes ao 
dia ou 1 a 2 comprimidos também 4 vezes ao dia para paciente acima de 15 anos. Assim como o 
paracetamol pode ser utilizado com 1 comprimido de 750mg em intervalos de 4 a 6 horas. 
 Tem-se ainda o ibuprofeno e a nimesulida, bem indicados em DTMs. O ibuprofeno pode conter 
400mg ou 600mg e vem em uma caixa com 10 comprimidos. Deve-se prescrever um comprimido a 
cada 4 a 6 horas, não excedendo 8 comprimidos de 400mg ou 5 de 600mg em 24 horas. Já a 
nimesulida vem em uma caixa com 12 comprimidos de 100mg e deve ser prescrito um comprimido 
a cada 12 horas. 
Os relaxantes musculares são muito utilizados em DTMs. Podemos prescrever o cloridrato de 
ciclobenzaprina, que é um ótimo relaxante muscular e atua na diminuição da dor. Contudo, tem o 
efeito adversa de causar sonolência. Este medicamento vem em caixas com 4, 10 e 30 comprimidos 
de 5mg ou caixas com 10 e 30 comprimidos de 10mg. Sua dose máxima diária deve ser de 20 a 
40mg, logo, pode-se prescrever um comprimido de 5mg 4 vezes ao dia ou um comprimido de 10mg 
também 4 vezes ao dia. 
 Ainda, podem ser prescritos os analgésicos de ação central, como: paracetamol associado ao 
fosfato de codeína, o qual vem em uma caixa com 12 comprimidos de 7,5mg, indicado para dores 
leves, ou uma caixa com 12 a 24 comprimidos de 30mg para dores moderadas a intensas. Deve ser 
prescrito um comprimido a cada 4 horas. Tem-se ainda o diclofenaco sódico associado a codeína, o 
qual vem em uma caixa com 20 comprimidos de 50mg de cada princípio ativo. Sua posologia é de 1 
comprimido a cada 8 horas. 
 Os antidepressivos tricíclicos são indicados para quando há presença de dores crônicas. 
Contudo, devem ser utilizados em baixa dosagem, pois assim, atuam como moduladores da dor e 
não como antidepressivos. Para isso, podemos prescrever o cloridrato de amitriptilina, cujos 
comprimidos são revestidos de 25mg ou 75mg. Sua embalagem vem com 2 e 20 blísteres com 10 
comprimidos. 
 Os antibióticos são indicados quando há suspeita de infecção concomitante ou infecção como 
causa da DTM, como nos casos de alveolite, amigdalites e infecções pós-cirúrgicas. Nestes casos, 
pode-se prescrever uma caixa de amoxicilina, a qual tem-se com 10, 15, 21 e 30 cápsulas de 500mg; 
sua posologia é de 1 cápsula a cada 8 horas. Pode-se ainda prescrever a amoxicilina associado ao 
clavulanato de potássio, o qual podemos prescrever das seguintes formas: (I) uma caixa com 18 
comprimidos com 500mg de amoxicilina e 125mg de clavulanato de potássio, sendo 1 (um) 
comprimido a cada 8 horas ou; (II) uma caixa com 12 ou 14 comprimidos com 875mg de amoxicilina 
e 125mg de clavulanato de potássio, sendo um comprimido a cada 12 horas. 
 
 
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Abordagem Fonoaudiológica 
 
A terapia fonoaudiológica visa o equilíbrio das funções estomatognáticas, respeitando as 
condições morfológicas. Sendo que essas funções são ações automáticas, cuja alteração é de difícil 
percepção e modificação. Desta forma, a terapia busca tornar consciente o padrão utilizado, 
buscando a "atenção plena" para o autoconhecimento e reeducação, construindo, assim, alternativas 
mais adequadas. 
O manejo fonoaudiológico tem uma inserção principal na vertente funcional da DTM. Desta 
forma, pessoas com DTM precisam da terapia miofuncional, pois as estruturas e os movimentos das 
estruturas do sistema estomatognático envolvidas, definemas características da mastigação, da 
deglutição, fala e repouso. 
Os pacientes que apresentam distúrbios miofuncionais e/ou hábitos deletérios são paciente 
indicados para a terapia miofuncional, uma vez que essas condições aumentam a atividade 
nociceptiva com sobrecarga excitatória trigeminal. Para isso, pode-se lançar mão da motricidade 
orofacial. 
A motricidade orofacial é o campo da fonoaudiologia voltado para o estudo/pesquisa, 
prevenção, avaliação, diagnóstico, desenvolvimento, habilitação, aperfeiçoamento e reabilitação dos 
aspectos estruturais e funcionais das regiões orofacial e cervical. Dentro da abordagem da 
motricidade orofacial, a fonoaudiologia trabalha tratando os Distúrbios Miofuncionais Orofaciais 
(DMO), sendo: qualquer alteração que envolva a musculatura oral, facial e/ou cervical que interfira 
no crescimento, desenvolvimento ou funcionamento as estruturas e funções orofacias. 
O sistema trigeminal é responsável por levar as informações nociceptivas para os níveis 
centrais. Quando há uma sobrecarga prolongada ou persistente, pode contribuir para o fenômeno da 
sensibilização central. Essa carga excitatória advinda dos distúrbios miofuncionais e/ou hábitos 
deletérios é o que melhor define a necessidade de uma intervenção fonoaudiológica para os 
pacientes. Quando essa excitação periférica é reduzida, ajuda no equilíbrio funcional, na orientação 
dos hábitos parafuncionais e na redução da carga excitatória. A partir daí, vê-se os próximos 
procedimentos para o tratamento. 
O exame clínico não exige muitos equipamentos. Faz-se necessário avaliar estruturas 
dentárias e seus engrenamentos, para entender como está ocorrendo a mastigação; avaliar 
mobilidade e motricidade orofacial; avaliar aspectos e postura das estruturas orofacias, como postura 
de lábio, lingual e volume de bochecha; avaliar o que está relacionado com a vertente dolorosa e 
funcional; avaliar abertura bucal, protrusão e lateralidade, incluindo sua trajetória da abertura e; 
avaliar mastigação (como lado que mastiga mais; incoordenação). Tudo deve anotado em registro 
de ficha clínico e, se necessário, em fotos. A partir daí, vemos qual a estrutura que precisa de uma 
atenção específica. 
Dentro da mastigação, propõe-se exercícios de mastigação durante refeições diárias. A 
mastigação possui um ciclo feito de fases de abertura e fechamento, que estimula o fluxo sanguíneo 
de toda a região dos músculos da mastigação. Uma dieta macia, gera uma contração suavizada no 
fechamento e redução da carga, ajudando a aquecer a musculatura, aumentando o fluxo sanguíneo, 
sendo bom para o treinamento muscular. Se, por outro lado, a musculatura estiver fraca, pode-se 
lançar mão de dieta mais consistente, que visa estimular o fortalecimento. O tamanho das porções 
também exerce uma função, estimulando ou restringindo a amplitude da abertura bucal, por exemplo, 
pacientes em risco para subluxação devem preferir porções menores. 
 
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Abordagem Fisioterapêutica 
 
A Fisioterapia é uma ciência da saúde que estuda, previne e trata os distúrbios cinéticos 
funcionais intercorrentes em órgãos e sistemas do corpo humano. Tem sido usada por décadas para 
o tratamento de doenças crânio-mandibulares usando compressas térmicas, resfriadores de vapor e 
elétrica transcutânea estimulação nervosa. Sua atuação tem demonstrado ser fundamental para um 
tratamento eficaz em pacientes que apresentam Disfunção Temporomandibular (DTM). Logo, seus 
objetivos nestes casos são: diminuir a dor; permitir o relaxamento muscular; restabelecer função 
muscular (fortalecimento/ alongamento); mobilidade articular; autoeficácia do paciente e; auto 
manejo. 
Para atingir seus objetivos, os fisioterapeutas podem lançar mão de vários recursos, como: 
exercícios terapêuticos globais e especificos para fortalecimento, alongamento e melhora da 
mobilidade; terapia manual, para liberação de pontos de gatilhos e melhorar a mobilidade articular; 
modalidades eletrofísicas e analgésicas, como ultrassom, laser, TENs, correntes interferenciais e 
biofeedback; além disso, trabalham orientando os paciente a respeito do auto manejo, através da 
meditação, exercícios domiciliares, estratégias de enfrentamento e educação da dor. 
Ao procurar uma fisioterapeuta, uma avaliação minuciosa será feita para determinar qual a 
melhor abordagem para aquele paciente. Normalmente, começa-se com uma abordagem de 
relaxamento, uma vez que o paciente costuma chegar tenso, devido a dor sentida. Além disso, o 
fisioterapeuta participa promovendo liberação miofascial, massagem intra e extraoral, fortalecimento 
muscular, utilização de eletroterapia, acupuntura, agulhamento a seco, terapias físicas e reeducação 
postural global (RPG). 
Para aqueles pacientes que não têm acesso a fisioterapia, pode-se indicar compressa com 
água quente, meditação, exercícios físicos (a fim de aumentar limiar de dor), dentre outras atividades 
que o paciente pode realizar sozinho em casa. 
Mindfulness 
 
A dor crônica causa uma amplificação do modo padrão da mente. Mas o que é o modo 
padrão? Modo padrão seria o modo automático, ou seja, passar mais tempo divagando, pensando 
em coisas distantes, ao invés de focar no que realmente está fazendo. O corpo está presente, mas 
existe uma dissociação com a mente. Praticar mindfulness ajuda a reconhecer este modo padrão e 
aprender a estar presente de corpo e mente em cada momento. 
Mindfulness não significa esvaziar a mente, como muitos pensam. É, na verdade, considerada 
uma habilidade de prestar atenção ao momento presente de forma específica (sem julgamento). É 
um treino atencional, de metaconsciência (estar consciente da consciência). 
Seu mecanismo de ação busca regular a atenção, dar consistência corpo-mente, regular o 
emocional e mudar a perspectiva do self (você mesmo). 
Desta forma, o mindfulness é indicado para DTM dolorosa crônica, pois leva ao 
desengajamento entre sensação e pensamento; auxilia nas questões cognitiva-emocionais e isso 
acaba influenciando a questão comportamental; contribui para a percepção da inteireza e 
consciência do que "vai bem"; ajuda no autoconhecimento e redução do medo e da ansiedade 
relacionados à dor. 
 
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Acupuntura 
 
A acupuntura é colocada em um contexto de vida e saúde. É utilizada em um contexto de 
harmonização, pois tem-se que a doença acontece quando há uma desarmonia das energias. Em 
outras palavras, podemos definir acupuntura como uma técnica terapêutica milenar que se baseia 
na estimulação de determinados pontos do corpo (acupontos) através da inserção de finas agulhas 
ou pelo calor. 
As primeiras traduções europeias das obras de acupuntura surgiram depois do século XVII, 
pelos jesuítas. Nei-Ching, conhecido como o livro dos acupunturistas, é um resumo das experiencias 
médicas e dos conhecimentos adquiridos por médicos chineses, ao longo da antiguidade. Sua 
importância é cabal para o estudo da medicina tradicional chinesa, pois contêm informações básicas 
sobre anatomia, fisiologia, patologia, diagnóstico e tratamento desta forma de medicina tão antiga. 
No relatório da OMS de Genebra de 2003, a Dor na Odontologia (incluindo dor dentária, 
disfunção temporomandibular, dor facial e dor pós-operatória) foram listadas entre as condições para 
as quais a acupuntura provou ser um sucesso por meio de ensaios controlados, como um tratamento 
eficaz. Em 2008, o CFO reconhece e regulamenta através da resolução CFO 82/2008 de 25 de 
setembro, o uso pelo cirurgião-dentista das chamadas Práticas Integrativas e Complementares 
(PICs) à saúde bucal, dentre eles a Acupuntura. Em 2015, a acupuntura é reconhecida pelo CFOcomo Especialidade Odontológica. 
Na odontologia, é utilizada pois apresenta resultados positivos no tratamento da dor crônica 
muscular e articular, xerostomia, aftas, herpes e até mesmo bruxismo do sono. Auxilia reduzindo 
estresse e ansiedade, e é utilizada em dores na região cervical, estados inflamatórios e neuropatias. 
Além disso, a acupuntura na Odontologia auxilia no relaxamento muscular, em procedimentos 
que exigem do paciente ficar muito tempo com a boca aberta; contribui com a anestesia 
convencional, diminuindo o medo da cadeira do dentista, potencializando a anestesia e reduzindo a 
quantidade e toxicidade dos anestésico; controla dores orofaciais, DTM e neuralgias trigeminais; 
possui ação antiemética, reduzindo, assim, o reflexo de ânsia e vômito durante procedimentos de 
moldagem e execução de radiografias; controla complicações pós-cirúrgicas, inclusive com redução 
do edema e inchaço; melhora parestesias; contribui para a diminuição da gengivite e sangramentos 
e; auxilia pacientes com zumbidos. 
A medicina tradicional chinesa, além de contar com a acupuntura, na qual há inserção de 
agulhas em pontos específicos (acupontos), conta ainda com: fitoterapia chinesa, na qual usa-se 
ervas; maxobustão, que aquece os acupontos com artemísia vulgaris; ventosaterapia, que visa a 
sucção da pele e remove o excesso de energia; auriculoterapia, na qual há inserção de agulhas ou 
sementes no pavilhão auricular; dietoterapia, buscando alimentação específica de acordo com os 
padrões de desarmonia de cada pessoa; exercícios físicos e meditações, tais como o Tai Chi Chuan, 
Qi Kung, entre outras formas de terapêuticas e; o Tui-Ná, outra forma terapêutica, bastante utilizada 
na China. 
A medicina tradicional chinesa conta com alguns princípios, como Yin-Yang (energias opostas 
que se atraem e são interdependentes), Shen, Jing e Qi. 
Há 12 meridianos principais, onde o Yin refere-se aos órgãos e o Yang às vísceras. Todos os 
meridianos devem estar em harmonia para que haja saúde. Podemos dividi-los em: FOGO, que 
engloba coração, intestino delgado, pericárdio e triplo aquecedor, e representa a euforia; TERRA, 
que engloba estômago e pâncreas, e a emoção da preocupação; METAL, sendo pulmão e intestino 
grosso, e a emoção da tristeza; ÁGUA, sendo os rins - órgão mais importante, raiz da vida - e bexiga, 
 
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com a emoção do medo e; MADEIRA, representada pelo fígado e vesícula biliar, com a emoção da 
raiva. 
A medicina tradicional chinesa ainda apresenta uma visão em relação ao zumbido, muito 
presente nas Disfunções Temporomandibulares. O ouvido faz parte da categoria “órgãos do sentido” 
dentro do elemento água e o órgão relacionado com este elemento é o rim. Desta forma, em geral, 
o zumbido vem associado à Síndromes Energéticas ligadas a este órgão. O rim que rege os ouvidos 
por ser órgão, dentro dos mesmos elementos, que se liga aos ouvidos. Na medicina tradicional 
chinesa afirma-se que o rim se abre nos ouvidos. A falta de energia, aqui chamada de Qi, e o 
desequilíbrio deste órgão resulta em sintomas clínicos e um deles é o zumbido. Desta forma, 
podemos afirmar que o zumbido é resultado da deficiência de Qi (energia) do rim e do desequilíbrio 
deste órgão. Para se tratar o zumbido, dentro da medicina oriental, é necessário “nutrir”, dar mais 
energia aos rins. 
Ainda, podemos falar a respeito dos lúpus eritematoso sistêmico (LES), que é uma doença 
autoimune, de origem multifatorial caracterizada pela produção de autoanticorpos patogênicos 
podendo afetar múltiplos órgãos. Sua etiologia não está totalmente elucidada, mas sabe-se que pode 
ser desencadeada por fatores genéticos, ambientais e hormonais que influenciam no descontrole 
imunológico. Entre as causas destacam-se a exposição ao sol, o uso de certos medicamentos, 
estresse, alguns vírus e bactérias e o hormônio estrógeno, o que pode justificar o fato de a doença 
acometer mais as mulheres em díade fértil do que os homens. Na ótica da medicina tradicional 
chinesa, as patologias podem ser desencadeadas por uma desarmonia energética dos organismos, 
considerando a saúde como resultado do equilíbrio da energia (Qi) o qual pode ser alcançado por 
meio da acupuntura. Podemos dividir a doença em três estágios: (1) raiz da alteração, na qual há o 
declínio de Qi; (2) estágio agudo: claro tóxico, estase sanguínea danificando canais principais e 
colaterais e; (3) estágio crônico: deficiência de Yin de rim, fígado com hiperatividade do yang, 
deficiência de yang de baço e rim. 
Para concluir a importância da acupuntura na Odontologia, podemos citar alguns ganhos 
relatados pelos pacientes, como: melhora do zumbido em 60%, melhora da qualidade do sono e da 
concentração, maior disposição para as atividades, dentre outros. 
Agulhamento a seco (Dry Needling) 
 
Difusão das injeções com anestésico sempre foi utilizada na medicina para controle de dor, 
tratamento de dores locais, incluindo da musculatura esquelética. Além disso, poderiam ser utilizadas 
para tratar pontos gatilhos. 
No início do século XX, foi utilizada a agulha seca (acupuntura) para tratamento de dores 
musculares no Oriente e no ocidente. 
O Dry Needling é constantemente confundido com a acupuntura. Acupuntura tem relação 
com meridianos específicos do corpo, com órgãos e emoções relacionados. Enquanto o 
agulhamento foca no ponto de dor, visando atuação no ponto gatilho. 
Antigamente, tinha-se que o Dry Needling era a inserção de agulhas nos pontos de dor (tender 
points/ trigger points/ pontos gatilhos), sem a adição de substâncias. Atualmente, tem-se que o 
agulhamento seco abrange a inserção de agulhas sem injeção de medicamentos nos nervos, 
músculos ou tecidos conjuntivos, ao lado ou ao redor, para o tratamento da dor e disfunção no 
sistema neuromusculoesquelético. 
 
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Pontos gatilhos é um conjunto/local eletricamente ativo que está associado com um nó de 
contração e uma placa terminal motora disfuncional no músculo esquelético. As unidades dos 
músculos são os sarcômeros. Dentro de um músculo total há uma faixa mais tensa, com sarcômeros 
encurtados que se sobrepõe e formam o nó. A acetilcolina é responsável pela contração do 
sarcômero. Acredita-se que sua liberação exagerada, causa o encurtamento do sarcômero, que se 
sobrepõe, libera substâncias algogenas e forma o ponto gatilho. 
Para diagnóstico do ponto de gatilho, pode-se lançar mão de ressonância magnética, 
ultrassonografia, termografia e palpação. A forma mais simples é a palpação, contudo, exige 4kg de 
força para senti-lo, o que causaria muito dor no paciente. Desta forma, não há confiabilidade entre 
os examinadores para localizar corretamente os pontos gatilhos, ou seja, podemos perceber que os 
músculos têm sinais de pontos gatilhos ou bandas tensas, mas não podemos garantir ou precisar a 
localização exata dos nódulos musculares. Logo, não se pode dizer que o agulhamento seco é feito 
no ponto de gatilho, está sendo feito apenas numa banda tensa. 
Há vários tipos de pontos gatilhos, sendo: ponto gatilho ativo, latente, satélite e junção. O 
ativo é o principal, mais firme, maior, que produz dor. O latente é aquele que estava presente, foi 
tratado, hoje não gera mais dor, mas está ali presente. O de junção é aquele que fica onde acaba a 
musculatura e começa o tecido conjuntivo. 
Desde 1996 trabalha-se com agulhamento seco profundo, aquele que chega no músculo 
propriamente dito. Em 2005, veio, também, o agulhamento seco superficial. Ainda, tem-se desde 
1994 a técnica Twitch, na qual faz-se inserção e remoção da agulha várias vezes seguidas; contudo, 
essa é pouca utilizada na Odontologia. 
O agulhamento secoprofundo é a inserção profunda de uma agulha na zona motora dos 
músculos, sentindo resistência aumentada. É necessário penetrar e sentir o apertar do músculo, 
onde terá uma resposta de contração rápida (RCR). Deve-se deixar por 20 minutos ou estimular até 
que liberação ocorra. Não deve apertar, retirar parcialmente, mudar o ângulo e nem reinserir. Se não 
houver o apertar do músculo, a técnica não está apropriada, teoricamente. Teoricamente, pois alguns 
artigos dizem que não é necessário esperar a resposta da contração rápida, pois alguns pacientes 
não estão sensibilizados centralmente; ou, pode ser pela imprecisão na localização do ponto gatilho. 
O agulhamento seco profundo pode ter efeitos locais, segmentares e extrassegmentares. Os 
efeitos locais podem ser mecânicos e neurofisiológico. O mecânico é aquele em que a agulha lesiona 
e/ou destrói as placas terminais motoras. Já na neurofisiológica, a resposta de contração rápida 
diminui a atividade elétrica espontânea nas bandas tensas, diminuindo a produção de acetilcolina e 
cortando o ciclo de formação de ponto gatilho. Além disso, causa polarização do tecido conjuntivo, 
levando a remodelação tecidual. E ainda causa reflexo do axônio, uma substância vasoativa. Em 
relação aos efeitos segmentares, quando as fibras A delta e A beta são estimuladas, liberam 
encefalinas, que são opioides endógenos, atuando no controle da dor. Por fim, nos efeitos 
extrassegmentares a inserção da agulha libera neuropeptídios opioides, sendo betaendorfina, 
encefalina e dinorfina. Essas substâncias causam inibição da transmissão nociceptiva no corno 
dorsal da medula espinal e ativam a substância cinzenta periaquedural. Todas essas reações levarão 
ao alívio da dor. 
Além de tudo, pode-se utilizar o agulhamento seco para efeito placebo, que é muito descrito 
em DTM. Atuando, então, nas questões emocionais do paciente. 
Quando o paciente apresentar dor aguda, o tratamento deve ser feito a cada 2-3 dias. Por 
outro lado, se for crônica, pode-se fazer semanalmente. Geralmente o alívio é rápido e pode durar 
poucas horas até 2 dias. Conforme as sessões, o alívio da dor aumenta. Se não houver melhora 
após 3 sessões, deve cessar o tratamento. 
 
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O agulhamento seco é proibido em algumas áreas, como escalpo infantil, antes que as 
fontanelas se fechem, mamilo, genitália e umbigo. Há pontos perigosos ou vulneráveis, sendo tórax, 
abdômen, pescoço, veias varicosas, tecido infeccionado e áreas de inflamação aguda. Ainda, é 
contraindicado na barriga de gestantes, em pacientes com marca-passo, pacientes confusos ou 
perturbados, crianças, presença de distúrbios hemorrágicos ou pessoas que tomam anticoagulantes, 
câncer em fase de metástase, epilepsia instável e pacientes frágeis. 
Cefaleias e Dores Orofaciais 
O diagnóstico e tratamento de cefaleia é de competência médica. Mas o cirurgião-dentista 
precisa saber quais existem e quais os seus respectivos sintomas, uma vez que a cefaleia e as DTM’s 
são doenças coligadas, ou seja, convivem e uma pode potencializar a outra. 
As cefaleias podem ser divididas em primárias ou secundárias. 
Cefaleias primárias 
 
As cefaleias primárias podem ser: enxaqueca (ou migrânea), tipo tensional e em salvas. 
Enxaqueca: 
Dentro das enxaquecas, tem a enxaqueca com aura e a sem aura. 
A enxaqueca com aura é a clássica, na qual o paciente apresenta uma dor latejante (pulsátil), 
unilateral, que permanece de 4 a 72 horas. Ela pode acompanhar náuseas e/ou vômitos, fotofobia 
(luz) e fonofobia (som). A dor pode ser intensificada com a atividade física. 
O início da enxaqueca é caracterizado pela fase pródomo, isto é, sintomas premonitórios que 
costumam acontecer um dia antes ou até mesmo no dia da crise, sendo eles: irritação, cansaço, 
memória ruim, desejo por doces, diminuição na urina e sono ruim, com presença de insônia e 
pesadelos. Esses sintomas estão presentes em 60% dos pacientes. 
Após a fase pródomo, vem a fase da aura, que precede em até uma hora a dor. Os sintomas 
são visuais e estão presentes em 95% das vezes, acontecendo em 15% dos pacientes. O paciente 
vê manchas escuras, pontos brilhantes, pode perder um lado da visão, o ambiente fica deformado e 
pode enxergas riscos brilhantes em zig-zag (teicopsias). Em alguns casos pode haver desmaios, 
confusão mental, tontura, desequilíbrios, vertigens e fala ebriosa, exigindo investigação neurológica 
completa. Quando a aura desaparece, vem a dor. 
Após o período de dor, vem a fase pósdromo, que consiste no período anterior à recuperação 
total. Pode levar até 24 horas e é caracterizado pelo cansaço, fraqueza e necessidade de repouso. 
Já a enxaqueca sem aura, a mais comum, é similar clássica, porém não apresenta a fase 
pródromo e aura. 
Cefaleia tipo tensional: 
É caracterizada por uma dor de cabeça crônica ou episódica, bilateral, com dor de intensidade 
leve a moderada, não pulsátil, com sensação de pressão ou espremedura da cabeça. Neste caso, a 
atividade física auxilia na melhora dos sintomas, devido ao relaxamento muscular causado pela 
liberação da serotonina. Sintomas de fotofobia (luz) e fonofobia (som) são eventuais. 
Cefaleia em salvas (Cefaleia Cluster): 
 
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É caracterizada por ataques severos unilaterais de dor de cabeça na região orbitária, 
supraorbitária e temporal. Está associado com fenômenos autonômicos do lado da dor, sendo ptose 
(queda da pálpebra), miose (diminuição da pupila), congestão da conjuntiva, lacrimejamento, 
rinorreia e edema palpebral. Afeta em torno de 1% da população, sendo os homens atingidos 6 vezes 
mais do que as mulheres. 
A DTM, então, pode estar associada a uma cefaleia primária, como migrânea (enxaqueca) e 
cefaleia do tipo tensional. Neste caso são comorbidades onde uma condição pode levar à piora ou 
perpetuação da dor da outra, mas não é a causa. Portanto, quando se tem as duas, deve-se tratar 
ambas. 
Cefaleias secundárias 
 
Este é o tipo de cefaleia que mais se encontra nas DTM's. É aquela associada a alterações 
do crânio, pescoço, olhos, orelhas, nariz, seios paranasais, dentes, boca ou outra estrutura facial ou 
craniana. Dentre elas temos a cefaleia cervicogênica e a cefaleia atribuída à DTM. 
Cefaleia Cervicogênica: 
A cefaleia cervicogênica tem origem na região cervical e pode se irradiar para toda a cabeça. 
Está associada à anormalidade dos movimentos em segmentos intervertebrais cervicais. Predomina 
no sexo feminino e muitas vezes é acompanhada por trauma cervical leve. 
O mecanismo neuro-anatômico que explica a dor referida (irradiada) é a convergência entre 
aferências trigeminais e aferências dos nervos cervicais superiores, que levam impulsos pelo sistema 
nervoso central, e lá são entendidos como dor de referência cervical e facial. 
Cefaleia atribuída à DTM: 
É uma cefaleia de qualquer tipo na região temporal, afetada pelo movimento da mandíbula 
em função ou parafunção. É importante realizar o diagnóstico diferencial das cefaleias primárias 
(enxaqueca ou tensional). 
Para um diagnóstico secundário de dor de cabeça é necessário um diagnóstico primário de 
mialgia ou artralgia. A confirmação é feita com a dor presente na palpação do músculo ou pela 
amplitude de movimento da mandíbula. 
Esta é a única cefaleia que o cirurgião-dentista irá tratar, sendo as outras de competência 
médica. 
Dor neuropática e Dores Orofaciais 
 
A dor neuropática é uma dor iniciada por uma lesão primária ou disfunção do sistema nervoso 
(central ou periférico). Ela surge como consequência direta de lesão ou doença que afeta o sistema 
somatossensitivo periférico ou central. É caracterizada por uma dor ardente ou penetrante. Apresentasensações paroxísticas aléticas, isto é, dores lancinantes. Podem ser ocasionadas por sensibilização 
central, sendo o aumento na responsividade de neurônios nociceptivos do sistema nervoso central a 
estimulação aferente normal. 
Dentre as dores neuropáticas, pode-se citar a neuralgia do trigêmeo e a dor facial idiopática 
persistente. 
 
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Neuralgia do Trigêmeo 
 
O nervo trigeminal é o V (5º) par dos nervos cranianos, cuja origem é na face anterior da 
ponte no limite com o pedúnculo cerebelar médio. Este nervo possui 3 divisões, sendo o nervo 
oftálmico (V1), maxilar (V2) e mandibular (V3). Apenas o nervo mandibular é um nervo misto, isto é, 
sensitivo e motor. 
Nesta condição, o paciente apresenta dor unilateral na face, tipo "choque elétrico", agulhadas, 
facadas e pontadas. A dor é intensa, do tipo lancinante, podendo haver ataques paroxísticos 
recorrentes, com duração de segundos a dois minutos. Esta dor pode ser provocada por estímulos 
triviais, como escovar os dentes e mastigar. 
O segundo (V2) e o terceiro (V3) ramo do trigêmeo são os mais afetados, sendo que em 60% 
dos casos há envolvimento de apenas um dos ramos. Esta condição acomete mais mulheres, numa 
proporção de 3:2, sendo mais comum na sexta e sétima década de vida. 
A neuralgia clássica trigeminal, que acomete 85% dos pacientes, apresenta compressão 
vascular do nervo trigêmeo, com desintegração da bainha de mielina. 
Como diagnóstico diferencial, é impostando que um neurologista ou um cirurgião investigue 
neoplasias, infecções, trauma e esclerose múltipla. 
As neuralgias trigeminais seguem a seguinte classificação: 
▪ Neuralgia trigeminal clássica: 
o Neuralgia trigeminal clássica puramente paroxística 
o Neuralgia trigeminal clássica com dor facial persistente 
▪ Neuropatia trigeminal dolorosa: 
o Neuropatia trigeminal dolorosa atribuída ao herpes-zoster agudo 
o Neuropatia trigeminal pós herpética 
o Neuropatia trigeminal pós-traumática dolorosa 
o Neuropatia trigeminal dolorosa atribuída à placa de esclerose múltipla 
o Neuropatia trigeminal dolorosa atribuída à lesão ocupando espaço 
o Neuropatia trigeminal dolorosa atribuída à outra perturbação 
A primeira opção de tratamento é medicamentosa, sendo prescrito carbamazepina 
(anticonvulsivante) ou oxcarbazepina. Ainda, pode-se fazer o uso de toxina botulínica em trigger-
points. 
Caso não seja suficiente, o tratamento deverá ser cirúrgico, com a realização da rizotomia 
trigeminal percutânea. As técnicas utilizadas podem ser: radiofrequência, injeção de glicerol ou balão 
de compressão. 
Dor Facial Idiopática Persistente 
 
Antigamente conhecida como dor facial atípica e odontalgia atípica, é uma dor facial e/ou oral 
persistente, com variadas apresentações, recorrendo diariamente mais de 2 horas, durante mais de 
3 meses, sem déficits neurológicos. Esta dor diária é inicialmente confinada, podendo se espalhar, 
sem seguir a distribuição de um nervo periférico. Na maioria das vezes é unilateral e se apresenta 
como queimação, pode ser latejante e as vezes em facada. 
 
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No exame clínico neurológico os resultados são normais e causas dentais devem ser 
excluídas, assim como outras neuralgias e dores miofasciais crônicas. 
O início da dor está associado a procedimento cirúrgicos ou outros procedimentos invasivos. 
O termo odontalgia atípica foi utilizado para dor contínua em um ou mais dentes ou no alvéolo 
dental após extração, sem causa dental aparente. Atualmente é uma subforma de dor facial idiopática 
persistente. Se apresenta como dor grave latejante no dente, sem a presença de uma patologia 
maior. Ainda pode ser uma dor pulsátil, confundida com dor vascular ou queimação, resultante de 
neuropatia. É consequência de lesão ao nervo oriunda de intervenções dentais repetidas para aliviar 
a dor. 
Ainda dentro da dor facial idiopática persistente, pode-se encontrar neuroma traumático, isto 
é, proliferação reativa de células de Schwann (produtoras de mielina) formada após a secção de um 
nervo, como em extrações dentárias e outras cirurgias buco-faciais. A regeneração ineficaz do nervo 
aumenta os impulsos nocivos ao sistema nervoso central, causando o aumento de substância P, 
bradicinina na periferia e deficiência na modulação da dor. 
O tratamento é conservador, sendo a administração de medicamentos, como amitriptilina, 
gabapentina, pregabalina, carbamazepina ou capsaicina creme. 
Bruxismo 
Em indivíduos saudáveis, o bruxismo não deve ser considerado um distúrbio, mas sim um 
comportamento que pode ser um fator de risco (e/ou proteção) para certas consequências clínicas. 
Bruxismo é uma atividade da musculatura mastigatória, caracterizado por repetidos 
movimentos mandibulares notando-se o apertar e/ou ranger de dentes. Apresenta duas 
manifestações distintas relacionadas ao ciclo circadiano: pode ocorrer durante o sono (bruxismo do 
sono) ou durante a vigília (bruxismo em vigília). 
Bruxismo em vigília 
É considerado um hábito parafuncional, assim como roer unhas e morder objetos, no qual o 
paciente aperta os dentes. É um fator de risco de grande expressão para dores musculares. Pode 
estar envolvido com estresse, ansiedade e até mesmo como efeito colateral de medicações para 
ansiedade. 
Seu tratamento consiste na conscientização do paciente quanto ao seu hábito, incentivando 
a controlar e lidar com o estresse emocional. Para isto, pode-se lançar mão de espalhar lembretes, 
acupuntura, yoga, meditação, tai chi, controle da mente, realização de atividade prazerosas, 
fitoterápicos e atividade física. Ainda, é importante ensinar ao paciente a posição postural da 
mandíbula, sendo os dentes levemente separados, lábios selados e língua na papila incisiva. 
Caso o bruxismo tenha gerado consequência nos dentes do paciente como desgaste dental, 
pode-se lançar mão de reabilitação oral. 
Bruxismo do sono 
Já o bruxismo do sono é relacionado a distúrbios de movimentos relacionado ao sono e 
caracterizado pela presença de episódio de atividade rítmica dos músculos masseter e temporal, em 
qualquer estágio do sono. Sendo que pode ser apertamento e/ou rangimento dental. 
 
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Sua etiologia está relacionada à resposta de microdespertares e mudanças no sistema 
nervoso central e autonômico, que podem ser modulados pelo estresse. O estresse não é a causa, 
mas pode aumentar sua frequência. Nesta condição há um desequilíbrio de dopamina, a qual é uma 
catecolamina, secretada por neurônios da substância negra e gânglios da base e está envolvida com 
controle de movimentos, aprendizado, humor, emoções, satisfação, prazer, cognição, sono e 
memória. 
O bruxismo do sono pode ser primário ou secundário. O primário é aquele não relacionado a 
nenhuma outra alteração. O secundário está relacionado a medicações (fluoxetina, paroxetina, 
venlafaxina), mal de Parkinson, distúrbios respiratórios, rinite, acidificação do esôfago e tabagismo. 
Para o tratamento do bruxismo do sono, pode-se lançar mão de aparelho interoclusal de 
estabilização (placa), higiene do sono e mudança de estilo de vida. Além disto, é importante investigar 
e controlar possíveis condições que possam colaborar, como obstrução das vias aéreas superiores. 
Diagnóstico 
O diagnóstico inicial do bruxismo é feito pelo relato do paciente combinado com uma 
anamnese detalhada. Este deve ser completamento com uma inspeção clínica. Para fechar o 
diagnóstico definitivo pode-se lançar mão de avaliação instrumental com polissonografia, EMG no 
sono, gravações de vídeo, dentre outros.

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