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ENFERMAGEM-EM-TRAUMATOLOGIA-1

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1 
 
 
ENFERMAGEM EM TRAUMATOLOGIA 
 
1 
 
Sumário 
 
NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 3 
ATUAÇÃO DA ENFERMEIRA NA UNIDADE DE TRAUMATOLOGIA .... 4 
INTRODUÇAO ..................................................................................... 4 
CAMPO DE AÇAO ............................................................................... 6 
CUIDADOS ESPECÍFICOS ..................................................................... 7 
CUIDADOS GERAIS .......................................................................... 12 
FRATURAS E LESÕES ARTICULARES AMPUTAÇÕES ..................... 16 
TIPOS DE LESÕES ........................................................................... 21 
DOENÇAS ARTICULARES DEGENERATIVAS ................................ 39 
Artroses, Osteoartrite e Osteoartoses ................................................ 42 
DOENÇAS METABÓLICAS ............................................................... 45 
ANOMALIAS NEUROMUSCULARES ................................................ 50 
Síndrome de Guillain-Barré (polirradiculoneurite desmielinizante 
idiopática aguda [PDIA]) ............................................................................... 55 
Doença de Charcot-Marie-Tooth (CMT) ............................................. 56 
Neuropatia diabética .......................................................................... 58 
Neuropatia nutricional ........................................................................ 59 
Neuropatias por vasculites ................................................................. 61 
Doenças da Junção Neuromuscular ...................................................... 63 
Miastenia grave .................................................................................. 63 
ANOMALIAS EPIFISÁRIAS ............................................................... 67 
DEFORMIDADES DA COLUNA ESPINHAL ......................................... 68 
CUIDADOS DE ENFERMAGEM AO PACIENTE EM TRAÇÃO ............ 69 
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE EM USO DE 
APARELHO GESSADO ................................................................................... 75 
Primeiro vamos entender o que é o gesso! ........................................ 75 
 
2 
Orientações e cuidados de enfermagem ............................................ 79 
APARELHOS, EQUIPAMENTOS E MATERIAIS ORTOPÉDICOS 
PRÓTESE X ÓRTESE ..................................................................................... 80 
ÓRTESE E PRÓTESE........................................................................... 81 
COMPLICAÇÕES FREQUENTEMENTE VISTAS NA ENFERMAGEM 
ORTOPÉDICA .................................................................................................. 82 
REABILITAÇÃO EM ORTOPEDIA ........................................................ 83 
Conclusão .............................................................................................. 91 
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS....................................................... 92 
 
 
 
 
3 
NOSSA HISTÓRIA 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, 
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o 
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
ATUAÇÃO DA ENFERMEIRA NA UNIDADE DE 
TRAUMATOLOGIA 
 
INTRODUÇAO 
 
 É bastante frequente, ouvir-se comentários de enfermeiras e de 
estudantes de enfermagem, de que sua atuação nas unidades de Ortopedia e 
Traumatologia é limitada e se resume numa rotina a ser obedecida. 
Diante desta conceituação, achamos oportuno tecer algumas 
considerações sobre a atuação da enfermeira nesta especialidade, tendo em 
vista que este campo está ainda pouco explorado. Julgamos que uma das 
causas do desconhecimento deste campo por parte das enfermeiras e 
estudantes seja a reformulação do Currículo Mínimo nas Escolas de 
Enfermagem, que incluiu a Enfermagem em Ortopedia dentro da disciplina de 
Enfermagem Médico-Cirúrgica. Por outro lado, as Escolas de Enfermagem para 
atingirem seus objetivos precisam oferecer ao estudante, oportunidade para 
estágio em todas as especialidades. Isto nos parece natural, uma vez que a 
enfermeira precisa acompanhar o progresso científico, assim não fosse, os 
estágios certamente seriam distribuídos de outra forma. Em consequência da 
atual distribuição, é comum verificar-se que o período de experiência na unidade 
de Traumatologia fica representado na vida do estudante, apenas como "uma 
passagem", um "estágio de observação". 
É do conhecimento geral, que atual- mente os acidente trânsito são muito 
mais numerosos e violentos, fazendo um número elevado de vítimas que 
necessitam de cuidados especiais incluindo os recebidos na unidade de 
Traumatologia. E, como assistir esse paciente e sua família, em tais 
circunstâncias? Estamos preparadas para oferecer o que o paciente e sua 
família esperam receber do Hospital? As informações e oportunidades 
 
5 
oferecidas pelas Escolas de Enfermagem durante o estágio da disciplina Médico-
Cirúrgica são suficiente para dar à enfermeira segurança para atuar 
junto ao paciente? Poderão ser estas informações fundamentais para a escolha 
do campo de trabalho, pelo profissional recém-formado? 
Nossa meta, nesta exposição, é difundir alguns aspectos da assistência 
de Enfermagem em Traumatologia ; pro- curamos alertar a futura enfermeira 
sobre os problemas que o paciente poderá apresentar e a conduta a ser tomada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
CAMPO DE AÇAO 
 
Um dos primeiros aspectos a ser considerado numa unidade de 
Traumatologia, é que o indivíduo que ocupa o leito hospitalar era, salvo algumas 
exceções, sadio e ativo, até o momento em que ocorreu o acidente. 
As consequências deste, podem ser mais ou menos graves para o 
indivíduo, dependendo da violência do impacto. O diagnóstico médico pode 
variar desde fraturas simples até fraturas complicadas de membros, coluna, 
bacia ou costelas, sem esquecer de mencionar os extensos e graves 
ferimentos descolantes e as amputações traumáticas. 
Merecem atenção especial, os pacientes politraumatizados que além de 
fraturas múltiplas, estão sujeitos a apresentar comprometimento neurológico 
pelo trauma craneano ; urológico pelo trauma da pelves; respiratória pelo trauma 
de tórax, circulatório em consequência da própria fratura e/ou deslocamento, ou 
ainda lesão dos órgãos internos pela violência do choque. 
Sabe-se que o paciente traumatizado, apesar de apresentar fraturas 
aparentemente simples, está sujeito a complicações tardias no seu 
funcionamento geral E, o que dizer dos politraumatizados? 
Ambos necessitam receber, por parte da enfermeira, uma atuação efetiva 
e segura que, através de observação acura- da, poderá detectar sinais e 
sintomas que exijam ação imediata do médico assistente. 
Nesta fase, muitasvezes o tratamento traumatológico se limita à 
aplicação de medidas de urgência, que permitem uma imobilização provisória do 
membro ou região afetada, tendo como objetivos reduzir a dor e favorecer a 
melhoria do estado geral. É aqui, j unto ao paciente, que a enfermeira precisa 
aplicar seus conhecimentos de enfermagem geral, que, concomitantemente aos 
recursos terapêuticos poderão decidir sobre o futuro daquele indivíduo sadio, 
que assumiu bruscamente o papel de paciente. 
 
7 
Ultrapassada a fase crítica, o paciente é submetido ao tratamento 
traumatológico específico, sob forma de tração trans-esqueletica, cirurgia ou 
colocação de aparelho de gesso, ou ainda, de dois Ou mais tratamentos 
combinados. 
É nossa intenção, proceder a uma abordagem de enfermagem em relação 
aos tratamentos acima mencionados, procurando dessa forma, contribuir para 
complementar as informações recebidas nos cursos de Enfermagem. 
Nesta oportunidade, abordaremos aspectos da assistência de enfermagem a 
ser prestada aos pacientes com aparelho gessado, tendo em vista a identificação 
das suas necessidades. 
 
CUIDADOS ESPECÍFICOS 
 
 Preparo do paciente o período de imobilização com um aparelho de 
gesso, em geral é longo e é necessário que o paciente seja ajudado pela 
enfermeira, a compreender e suportar esta modalidade de tratamento. O 
sentimento de aprisionamento, a impossibilidade de locomoção quando são 
mobilizados os membros inferiores e/ou bacia, levando a uma situação de 
dependência para atendimento de algumas necessidades fisiológicas, são os 
fatores que mais as- sustam o paciente. Na fase que antecede a colocação do 
aparelho de gesso á enfermeira precisa interpretar para o paciente e família a 
importância do tratamento, com vistas na recuperação do seu funcionamento 
efetivo. Uma atitude serena e compreensiva pode encorajar o paciente a expor 
suas ansiedades relativas ao tratamento e possibilitar à enfermeira, melhores 
condições para ajudá-lo nas suas dificuldades futuras. 
Preparo da pele a limpeza rigorosa e cuidadosa da região que vai ser 
imobilizada com aparelho de gesso, é a próxima etapa do trabalho. Somente 
após a remoção da sujeira, com água e sabão, é que o paciente está pronto para 
receber o aparelho gessado. 
 
8 
No caso de imobilização de membro inferior, as unhas dos pés devem ser 
aparadas e limpas. Merecem atenção específica, a limpeza e secagem dos 
espaços interdigitais. 
A evidência de qualquer ferimento ou de lesão dermatológica localizada 
na região a ser imobilizada, assim como de lesão sistêmica, o médico deverá ser 
informado, antes da confecção do aparelho de gesso. 
Providências anteriores à colocação do aparelho gessado. 
Antecedendo a aplicação das ata- duras gessadas, é necessário proteger 
a pele da região a ser imobilizada, contra possíveis lesões posteriores. Utiliza-
se malha tubular e algodão ortopédico bem distribuído, para revestir a região. As 
proeminências ósseas merecem atenção especial por estarem mais sujeitas 
compressão ; o acolchoamento com algodão ortopédico ou feltro poroso oferece 
a proteção desejada. 
O acabamento das bordas do aparelho gessado merece cuidado 
especial, com o propósito de prevenir escarificações na pele e enfraquecimento 
do gesso. Rebate-se a extremidade da malha tubular sobre as bordas do gesso 
e passa-se nova camada de atadura gessada, para fixar as extremidades da 
malha. 
 
Transporte e acomodação do paciente 
As condições do leito no qual vai ser acomodado um paciente com 
aparelho gessado, são de relevante importância no seu tratamento. Em se 
tratando de paciente com aparelho que envolve grande área corporal-pelvi-
podálico, calção gessado, colete gessado, minerva gessada é de se esperar que 
o peso do seu corpo acrescido do peso do apa relho, exerçam grande pressão 
sobre o colchão. Este deve ser firme e estar apoiado sobre estrado também 
firme, para prevenir afundamento das áreas mais pesadas. 
A cama deve ser do tipo ortopédico alta e com trapézio de modo a facilitar 
o trabalho executado pelo pessoal de enfermagem. 
 
9 
Uma vez selecionada a cama e o colchão, é necessário reservar 
travesseiros revestidos de plástico, para ajudar a manter a forma do aparelho 
gessado e apoiar o corpo do paciente. 
O aparelho gessado, quando molhado, está sujeito a sofrer alteração na 
sua modelagem, portanto, a manipulação do paciente com aparelho 
recentemente confeccionado precisa ser bastante cuidadosa, para evitar áreas 
de compressão. Estas, produzindo deformidades no gesso, podem levar a 
consequências às vezes gravíssima, tais como lesões vasculares, neurológicos 
e de pele. Recomenda-se, portanto, que ao recebermos um paciente com 
aparelho molhado, se solicite a participação de outras pessoas para acomodá-
lo no leito ; estas devem suportar a região envolvida pelo aparelho de gesso, 
com as mãos espalmadas e os dedos levemente fletidos ; assim procedendo, o 
peso do paciente é distribuído entre as pessoas, sem haver excesso de 
solicitação de força, o que poderia levar a flexão dos dedos ; além disto 
proporciona-se segurança ao paciente e protege-se as pessoas que o 
manipulam. 
Uma vez acamado o paciente, deve-se apoiá-lo com travesseiros, 
procurando sempre manter as posições exigidas pela modelagem do aparelho. 
É necessário reconhecer, que na maioria das vezes, as posições exigidas pelo 
tratamento podem levar o paciente a um enorme desconforto, como no caso de 
colete ou aparelho minerca em posição de hiperextensão. As manifestações de 
ansiedade, inquietação ou irritabilidade exigem da enfermeira: compreensão, 
solicitude e observação acurada. 
Quando é colocado aparelho gessado nos membros, as extremidades 
devem permanecer elevadas, de forma a favorecer a circulação de retorno e 
reduzir as possibilidades de edema e com- pressão. 
Secagem do aparelho gessado 
Para favorecer a evaporação da água e ajudar a secagem do aparelho, 
é necessário deixá-lo descoberto. As partes do corpo não incluídas no aparelho, 
pelo contrário, deverão estar protegidas ou cobertas, incluindo os artelhos, que 
 
10 
podem ser envolvidos com algodão ortopédico. Assim procedendo, estamos 
prevenindo perda de calor corporal. 
Além da aeração, o calor ambiente favorece a secagem mais rápida do 
aparelho, portanto, sempre que possível, deve-se levar o paciente ao sol. 
Uma vez terminada a secagem de uma das faces do aparelho, deve-se 
mudar a posição do paciente, para completar a evaporação da água na outra 
face. 
Mudanças de posição 
Sabe-se que a permanência contínua numa mesma posição pode 
ocasionar uma série de distúrbios. Estes podem ser mais sérios no paciente 
imobilizado com aparelho gessado ; apesar do seu revestimento interno ser de 
algodão, é possível a for- mação de escaras nas regiões encobertas pelo 
aparelho. Por vezes o paciente recusa-se a mudar de decúbito, por receio de 
cansar-se mais facilmente. Para oferecer-lhe maior segurança, deve-se planejar 
com ele mudanças frequentes de decúbito, de forma a alternar a compressão 
das áreas corporais. O conforto do paciente depende da utilização de 
travesseiros e coxins que servem para suportar as várias regiões do corpo, 
independente do tipo de aparelho para ele indicado. 
Um paciente com pelvipodálico ou calção gessado poderá permanecer 
em posição ventral, desde que sejam mantidas as curvaturas do aparelho e seu 
corpo fique relaxado no leito. Isto se consegue, colocando-se um travesseiro sob 
o tronco e outro apoiando os membros inferiores, deixando os artelhos livres 
do contato com o colchão. 
Sempre que se vai mudar o decúbito do paciente com aparelho 
pelvipodálico ou calção, deve-se fazê-lo girar, sobre o lado não afetado. Este 
critério deve também ser adotado, quando se coloca o paciente em decúbito 
lateral. 
 
 
 
11 
Conservaçãodo aparelho 
A eficiência do tratamento através do uso de aparelho gessado depende 
dos cuidados que devem ser dispensados para manter a sua dureza e 
integridade. Um aparelho amolecido ou quebrado pode alterar totalmente o curso 
do tratamento. É importante que, ao serem atendidas as necessidades de 
higiene e eliminação do paciente, seu aparelho seja protegido contra a umidade. 
Proporciona-se melhor proteção, nos pacientes com aparelhos que incluam a 
pelve, colocando-se um impermeável e papel absorvente na parte posterior do 
recorte do aparelho, quando há necessidade de usar a comadre. 
Nesta ocasião, eleva-se a cabeceira da cama e apoia-se a região dorso-
lombar com um travesseiro colocado no sentido longitudinal. Este recurso, além 
de reduzir o desconforto pelo uso da comadre, favorece a eliminação, através da 
ação da gravidade e evita que o aparelho entre em contato com fezes e 
urina. Caso o aparelho fique molhado ou sujo, a secagem e redução dos odores 
é conseguida através das mudanças de decúbito e exposição do paciente ao sol. 
Quando não é utilizada malha tubular para confecção do aparelho, deve-
se aplicar nas suas bordas tiras justapostas de esparadrapo. Estas, pelo fato de 
fixarem também o algodão interno, impedem o enfraquecimento dos bordos, pela 
fricção contínua do aparelho no leito. 
 
Complicações que podem ocorrer 
Para proporcionar uma assistência eficiente ao paciente em 
Traumatologia, é indispensável que a enfermeira desenvolva habilidade para 
identificar sinais e sintomas das complicações a que os mesmos estão sujeitos. 
A manipulação das partes do corpo do paciente, durante o preparo do aparelho 
gessado, pode condicionar a dor, no entanto, não é suficiente conhecer este 
aspecto, é necessário que as reações globais do paciente sejam acompanhadas 
pela enfermeira. A presença de dor pode estar relaciona- da também a 
compressão ou garroteamento que talvez tenha ocorrido no momento de aplicar 
o algodão e as ataduras. É indispensável, portanto, verificar nos pacientes cujos 
 
12 
membros estão inclusos no aparelho, a coloração das extremidades - cianose 
ou palidez, possível alteração de temperatura local em relação ao outro membro, 
alteração da sensibilidade, presença de edema, possibilidade de movimentação 
dos artelhos e possíveis manchas de sangue no aparelho gessado. Uma vez que 
se identifique qualquer sinal de alteração, embora o paciente não se queixe de 
dor, o médico precisa ser imediatamente informado, pois pode estar ocorrendo 
alguma complicação, cuja consequência pode ser lesão nervosa Ou vascular. 
É desnecessário comentar sobre a importância das anotações completas 
e precisas que devem ser feitas no prontuário, sobre as observações realizadas 
e as providências tomadas. Com multa frequência, a intervenção médica se 
limita a um período inicial de observação, quando todos os controles 
mencionados devem ser rigorosamente registrados, de forma a seguir a 
evolução do problema. A partir de então, o médico decide so- bre a próxima 
conduta. 
 
CUIDADOS GERAIS 
Higiene 
Apesar da imobilização com aparelho gessado, os hábitos de higiene 
corporal do paciente precisam ser mantidos. 
As áreas corporais não imobilizadas devem ser levadas diariamente e as 
extremidades livres mergulhadas na água. Os pacientes cujas extremidades 
estão engessadas, devem ter seus dedos e artelhos lavados cuidadosamente, 
devendo ser dado atenção especial aos espaços interdigitais. Desta forma, evita-
se a formação de crostas, ao mesmo tempo em que se favorece a circulação 
local, através da fricção. 
Nos pacientes com calção gessado ou pelvipodálico, é necessário 
cuidado especial com o espaço inter-glúteo, para manter a área limpa e seca. 
Com exceção do paciente com imobilização por minerva, os demais devem ter 
seus cabelos lavados semanalmente. A higiene corporal é mais eficaz, quando 
 
13 
o paciente tem aparelho somente em um dos membros. Uma vez que o estado 
geral permita, ele poderá ser levado ao chuveiro, desde que o aparelho gessado 
seja totalmente protegido com plástico. Se for necessário, para oferecer-lhe 
mais segurança, pode-se colocar uma cadeira no box do chuveiro, para que 
ele permaneça sentado durante o banho. Em se tratando de imobilização até 
a raiz da coxa, o paciente precisa sentar- se numa cadeira e apoiar o membro 
sobre um banco ou cadeira. 
Alimentação 
A inclusão não cardápio de verduras, frutas e alimentos ricos em 
proteínas, é importante para manter a taxa de Nitrogênio, além de favorecer a 
eliminação intestinal. 
Eliminação 
Deve-se estar atenta para que o ritmo do funcionamento intestinal seja 
conservado dentro dos limites normais. Além da adequação de alimentação e 
da adoção de posição mais apropriada, a enfermeira deve ensinar ao paciente a 
realizar exercícios respiratórios com os músculos abdominais, que também 
colaboram na eliminação do conteúdo intestinal. 
Movimentação 
A incidência de osteoporose, nos ossos de uma região que permanece 
imobilizada por longo tempo, deve-se à descalcificação e desmineralização. 
Dentro das limitações impostas pela imobilização, a enfermeira precisa 
aplicar algumas medidas preventivas relativas a esta complicação ; trata-se da 
mudança frequente de posição - ativa ou passiva. 
A participação do paciente na sua higiene corporal, nas atividade de 
vestir-se e despir-se, sentar-se e colocar Ou retirar objetos da mesa de 
cabeceira, não deve ser considerada somente como uma forma de torná-lo o 
mais independente possível. É algo mais importante, é a forma de mantê-lo 
ativo, contraindo e relaxando continuamente seus músculos e utilizando ao 
máximo suas articulações livres do aparelho gessado. 
 
14 
Ele precisa também aprender a contrair regularmente os músculos das 
regiões imobilizadas, para prevenir a atrofia muscular. 
A utilização da cama com trapézio, proporciona ao paciente, condições 
para que se movimente mais frequentemente, elevando o corpo ou movendo-se 
de um lado para outro. Além de manter-se ativo, ele pode cooperar melhor com 
o pessoal de enfermagem. É oportuno lembrar, no entanto, que se a utilização 
contínua e prolongada do trapézio da cama fortalece os músculos flexores do 
antebraço, por outro lado, não solicitam os seus antagonistas, os extensores. E, 
caso a forma de ambulação futura do paciente seja com auxílio de muletas, suas 
dificuldades serão maiores, uma vez que os extensores do antebraço poderão 
estar enfraquecidos. 
Pode-se prevenir este problema, soli- citando ao paciente que estando em 
de- cúbito dorsal, aplique as mãos espalmadas sobre o colchão, de forma 
a elevar a cabeça e o tórax. Quando colocado em decúbito ventral, elevar o 
tronco, aplicando da mesma forma, as mãos espalmadas sobre o colchão. 
Cuidado após a remoção do aparelho Depois de removido o aparelho 
gessado, verifica-se que a pele geralmente está recoberta por uma camada 
grossa de células descarnadas e mortas. Para auxiliar na sua remoção, aplica-
se uma substância emoliente em toda área com- prometida. Decorridas 24 h, 
pode-se iniciar cuidadosamente a remoção das crostas, utilizando-se pano 
macio, água morna e sabão neutro ; caso não seja possível a remoção completa 
das crostas, por ocorrer queixa de dor e desconforto, repetir a aplicação do 
emoliente para que a limpeza da pele seja eficiente e não ocasione lesões ou 
irritações. 
Talvez seja este o momento decisivo na recuperação das funções 
musculares e articulares do paciente. Ele necessita de encorajamento, de 
apoio e compreensão por parte da enfermeira, para que, progressivamente, 
possa voltar às suas atividades anteriores. 
 
15 
É muito provável que o medo da dor, a insegurança decorrente da redução 
da massa e da força muscular e as limitações da amplitude articular mantenham 
o paciente numestágio de dependência para determinadas atividades. 
Ele deve ser encaminhando ao médico, para receber orientação sobre 
a próxima etapa do tratamento. Uma vez completada a consolidação óssea, as 
funções do sistema locomotor precisam ser recuperadas, sendo frequentemente 
necessário, a atuação do fisioterapeuta e da terapeuta ocupacional. Desta 
forma, o paciente estará recebendo uma assistência mais eficiente e completa, 
por parte do Hospital. 
Vimos que, o "caminho" percorrido pelo indivíduo após um acidente, é 
longo e geralmente penoso ; é fundamental portanto, que durante todo o período 
de imobilização, ele tenha sido motivado a recomeçar sua vida, às vezes de um 
ponto mais difícil por causa da interrupção e das limitações, mas o importante 
é que, pela sua atuação, a enfermeira tenha conseguido atingir um grau efetivo 
de comunicação com o paciente e família e que estes, em conjunto, possam 
enfrentar a próxima etapa do restabelecimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
FRATURAS E LESÕES ARTICULARES 
AMPUTAÇÕES 
 
FRATURAS E LESÕES ARTICULARES 
 
Antes de iniciarmos esse assunto vou fazer uma breve revisão de alguns 
elementos anatômicos relacionados a esse tema. 
Vamos falar de ARTICULAÇÃO 
As articulações são conexões naturais existentes entre dois ou mais 
ossos, nos vertebrados, ou entre os artículos dos apêndices dos invertebrados. 
Nos vertebrados superiores, as articulações móveis estão revestidas de 
cartilagem e incluem bolsas de fluido lubrificante. Podem ser sinoviais, fibrosas 
ou cartilagíneas. 
A coluna vertebral é um exemplo de articulação semi-móvel. O crânio é 
um exemplo de articulação imóvel. 
O joelho é um exemplo de articulação móvel. 
Estrutura das articulações móveis: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
Ligamentos 
Os ligamentos são constituídos por fibras colágenas dispostas 
paralelamente ou intimamente entrelaçadas umas às outras. São maleáveis e 
flexíveis para permitir perfeita liberdade de movimento, porém são muito fortes, 
resistentes e inelásticos (para não ceder facilmente à ação de forças. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
Cápsula Articular 
É uma membrana conjuntiva que envolve as articulações sinoviais como 
um manguito. Apresenta-se com duas camadas: a membrana fibrosa (externa) 
e a membrana sinovial 
(interna). 
Ligamentos e cápsula 
articular tem por finalidade 
manter a união entre os ossos, 
mas além disso, impedem o 
movimento em planos 
indesejáveis e limitam a 
amplitude dos movimentos 
considerados normais. 
 
Discos e Meniscos 
 
Em várias articulações sinoviais, interpostas as superfícies articulares, 
encontram-se formações fibrocartilagíneas, os discos e meniscos intra-
articulares, de função discutida: serviriam a melhor adaptação das superfícies 
 
19 
que se articulam (tornando-as congruentes) ou seriam estruturas destinados a 
receber violentas pressões, agindo como amortecedores. Meniscos, com sua 
característica em forma de meia lua, são encontrados na articulação do joelho. 
 
Bainha Sinovial dos Tendões 
Facilitam o 
deslizamento de 
tendões que 
passam através de 
túneis fibrosos e 
ósseos (retináculo 
dos flexores de 
punho). 
 
Bolsas Sinoviais (Bursas) 
Veja que existe Bainha e Bolsa. Bolsas são fendas no tecido conjuntivo 
entre os músculos, tendões, ligamentos e ossos. São constituídas por sacos 
fechados de revestimento sinovial. Facilitam o deslizamento de músculos ou de 
tendões sobre proeminências ósseas ou ligamentosas. 
 
 
20 
Uma articulação normal é formada por células chamadas 
CONDRÓCITOS, cuja função básica é fabricar todas as substâncias necessárias 
para o bom funcionamento da cartilagem articular. Dentre estas substâncias, 
encontra-se uma proteína denominada COLÁGENO, cuja finalidade é funcionar 
como uma malha de sustentação, retendo as demais substâncias existentes 
dentro da cartilagem (Sulfato de Glicosamina, Sulfato de condroitina, querato 
sulfato), que funcionam como moléculas que retêm água, ajudando, com isso, a 
absorção de stress mecânico de compressão e tração. 
A função básica da cartilagem articular é a de diminuir o atrito entre duas 
superfícies ósseas quando estas executam qualquer tipo de movimento, 
funcionando como mecanismo de absorção de choque quando submetido à 
forças de pressões (como no caso do quadril, joelho, tornozelo e pé), ou de 
tração, como no caso dos membros superiores. Para que este movimento de 
atrito entre dois ossos seja diminuído, outras estruturas também fazem parte da 
articulação, desempenhando papéis específicos como no caso do líquido 
sinovial, que lubrifica as articulações e, dos ligamentos, que ajudam a manter 
unidas e estáveis as articulações. 
Na realidade, a cartilagem articular funciona como uma grande mola, ou 
uma esponja de silicone embebida em água. O estado de hidratação da 
cartilagem e a integridade da mesma é fator preponderante para a não existência 
de degradação e. 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
TIPOS DE LESÕES 
 
Entorses: 
Constitui uma forte distensão dos ligamentos que compõe a articulação. 
Popularmente conhecida como torção, a entorse é mais frequente nas 
articulações dos tornozelos e joelhos. 
Os ligamentos, quando tencionados além do limite tolerável, podem sofrer 
estiramento e se romper, total ou parcialmente. A sensação de dor é forte e o 
edema local é formado rapidamente. tratamento, com simples imobilização, ou 
então, a intervenção cirúrgica. 
1º Grau (Entorse leve) – Ligamentos preservados, Processo álgico 
ligamentar, Edema local (Recomenda-se a aplicação de gelo). 
2º Grau (Entorse moderado) – Frouxidão ligamentar, dor intensa, Edema 
difuso + Hematoma (Dependendo da dor pode-se usar bandagem ou gesso). 
3º Grau (Entorse grave) - Ruptura ligamentar, parcial ou total. (Cirurgia). 
 
22 
 
 
 
 
23 
Luxação: 
É o deslocamento das superfícies que fazem parte de uma articulação, 
seguido de dor intensa, edema e hematoma, redução da função motora. 
Subluxação (desalinhamento sublimiar à luxação das estruturas 
articulares). 
 
 
 
 
24 
Fraturas: 
É a quebra ou ruptura dos ossos, causada por um impacto de intensidade 
variável. Os ossos embora muito resistentes, tem naturalmente uma capacidade 
de deformação para que possam absorver impactos, voltando à sua forma 
original, quando o agente causador se dissipar. 
 No entanto, cada tipo de acidente poderá trazer aos ossos um tipo de 
resultado de maior ou menor dano. Como por exemplo: em acidentes menores 
poderá não haver a “fratura”, mas apenas uma “trinca”, ou os ossos podem 
despedaçar-se em impactos maiores, podendo chegar ao grau de fraturas de 
maior intensidade, como “as expostas”, perigosas pelo fato de que se não 
tratadas adequadamente e rapidamente poderão levar à uma infecção. 
 Fraturas articulares: decorrentes de traumas 
 Fratura por insuficiência: não decorre de trauma, decorre de uma 
fragilidade da microarquitetura tecidual. EX: osteoporose 
O que caracteriza uma fratura? 
 Incapacidade total ou parcial de movimentos 
 Dificuldade e dor aos movimentos 
 Observação de inchaço na área atingida 
 Posição anormal do membro atingido 
 Traumatismos 
Classificação das fraturas 
Podem ser classificadas da seguinte forma: de acordo com a direção da 
linha da fratura conforme a localização anatômica de acordo com a forma linear 
ou cominutiva Quanto ao tipo, podem ser: 
 Múltiplas 
 Por encurtamento e torção 
 Completa e incompleta (quando a estrutura óssea é lesionada na 
sua totalidade ou apenas em parte). 
 De impacto, oblíquas, epifisárias, penetrantes 
 
25 
 Por fadiga (stress, comum em atletas) 
 Fechadas ou abertas (Não expostas ou expostas) 
 
Tíbia e fíbula fraturadas (ossos da canela), após cirurgia para inserção de 
placa e parafusos. Foto: Puwadol Jaturawutthichai / Shutterstock.com 
 
01. (EBSERH/MCO-UFBA/IADES/2014)Acerca das lesões 
do sistema musculoesquelético, assinale a alternativa que apresenta a 
definição de entorse. 
a) Tração ou laceração muscular. 
b) Quebra na continuidade do osso. 
c) Lesão dos ligamentos e de outros tecidos moles em uma 
articulação. 
d) Separação das superfícies articulares. 
 
26 
e) Separação parcial das superfícies articulares. 
 
COMENTÁRIOS: 
 
Vamos repetir alguns conceitos e complementar com outros: 
Entorse: é uma lesão que ocorre quando se ultrapassa o limite normal de 
movimento de uma articulação (hiperextensão, por exemplo). Normalmente, 
ocasiona distensão dos ligamentos e da cápsula articular e, consequentemente, 
dor intensa ao redor da articulação, dificuldade de movimentação em graus 
variáveis e, às vezes, sangramentos internos. 
Estiramento: (ou distensão muscular) caracteriza-se por um rompimento 
parcial ou completo de fibras ou feixes musculares, resultante de um esforço 
extremo realizado pelo músculo em questão. Junto com os feixes, são rompidos 
também capilares sanguíneos, resultando numa infiltração de sangue no local 
da lesão, formando posteriormente um coágulo. 
Contusão: é o resultado de um forte impacto na superfície do corpo. Pode 
causar uma lesão nos tecidos moles da superfície, nos músculos ou em cápsulas 
ou ligamentos articulares. 
Luxação: é a separação de dois ossos da articulação, resultante da 
significativa ruptura dos ligamentos que normalmente conferem estabilidade a 
uma articulação. 
Sub-luxação: separação parcial das superfícies articulares. 
Fratura óssea: como já foi mencionado na nossa parte teórica é a quebra 
na continuidade do osso. 
Logo, GABARITO LETRA C. 
 
 
 
27 
AMPUTAÇÕES 
A amputação é a remoção de uma extremidade do corpo. As causas mais 
comuns de amputação dos membros inferiores e superiores são de ordem 
vascular, por tumores e traumas decorrentes de acidentes em diversas 
situações. 
Entre as causas mais comuns de amputação de órgãos inferiores e 
superiores encontramos: vasculopatias periféricas, traumáticas, tumorais, 
infecciosas, congênitas e iatrogênicas. Destaca-se dentre elas, a vasculopatia 
periférica, que acomete em maior número pessoas na faixa etária de mais de 50 
anos; sendo os membros inferiores (dedos, pés e pernas) os mais 
comprometidos 
Os tumores ósseos malignos como osteossarcoma também são 
responsáveis por amputação, especialmente de partes dos membros inferiores. 
 Um aspecto comum nos portadores de amputação é o chamado 
fenômeno "fantásmico", doloroso ou não, normal e ou deformado, que estará 
presente em 95% dos pacientes. Aproximadamente até a terceira semana após 
a cirurgia a maioria manifesta a percepção fantásmica de um membro normal e 
indolor. No entanto, alguns já se referem ao membro como deformado a partir 
da primeira semana. Para aqueles pacientes do primeiro grupo citado, passada 
as duas ou três semanas da cirurgia, o membro amputado dá a impressão de 
estar contorcido e desproporcional e não deveria apresentar dor. 
A percepção, por parte do paciente, de um membro fantasma doloroso 
pode manifestar- se em membro fantasma normal ou deformado. Essa dor pode 
ser de leve a moderada, tolerável, respondendo de forma satisfatória à 
terapêutica física ou medicamentosa. Sua duração pode ocorrer durante 
semanas ou anos. 
A DOR FANTASMA (percepção de sensações, geralmente dolorosas em 
partes do membro que foram retiradas na cirurgia) é sempre grave e intensa, às 
vezes resiste a diversas formas de tratamento e consegue até impedir o 
 
28 
programa de reabilitação. O surgimento pode se dar precoce ou tardiamente à 
amputação com duração imprevisível. 
 
Já a dor no coto tem localização específica, apresentando características 
de desprazer leve, moderado ou intenso em consequência de diversos tipos de 
complicações. 
Outras complicações, especialmente nos membros inferiores, são os 
neuromas de amputação ou terminações de nervos no coto que formam um 
pequeno tumor neural que dá dor ou sensação de choque ao toque. 
Reabilitação do paciente 
O tratamento global e integrado do paciente determinará o êxito de todo 
o trabalho reabilitacional programado. O objetivo final é capacitar o paciente ao 
maior aproveitamento de suas potencialidades de forma que ele possa ser 
independente nas atividades diárias da vida. Para isso, inclui-se o tratamento do 
coto (sem dor), com boa força muscular, sem edema e, portanto, apto para 
receber o soquete protético. 
A avaliação compreende a reabilitação e a protetização. Sendo a 
reabilitação um procedimento terapêutico global que transcende os aspectos 
físicos, enquanto a protetização é a utilização de recursos técnicos especiais que 
visam a substituição parcial de um membro. Portanto, a reabilitação pode ser 
considerada mais completa se for seguida da colocação de uma prótese. 
 
29 
Falaremos de prótese mais a frente. Fique atento na sequência. 
 
ANOMALIAS CONGÊNITAS - ORTOPÉDICAS 
Vou citar as 3 principais e falaremos especificamente de cada uma delas. 
Fora essas principais ainda podemos citar a coxa valga ou vara e o pé escavado 
ou pé cavo. Vamos lá? 
 Pé torto equinovaro congênito; Escoliose congênita; 
 Luxação congênita do quadril; 
 Ao final falaremos das anomalias do esqueleto apendicular. 
 
Pé torto equinovaro congênito 
É a deformidade mais frequente que envolve as articulações do tornozelo, 
subtalar e mesotársica. O pé apresenta-se com flexão plantar adução e inversão. 
Anatomicamente, o defeito primário é a subluxação medial e plantar do complexo 
articular talocalcâneo-navículo- cuboídeo que ocorre durante o desenvolvimento 
embrionário. Podendo ser unilateral ou bilateral. 
A etiologia do pé torto 
congênito ainda não foi 
descoberta. A grande 
variabilidade dessa anomalia 
no que se refere ao grau de 
deformidade, resistência ao 
tratamento clínico, presença 
de outras malformações 
associadas, acúmulo familiar e consanguinidade entre os pais nos conduzem a 
aceitar uma etiologia multifatorial. 
 Várias teorias surgiram com relação a etiologia, 
tais como: 
 
30 
- Teoria esquelética: o defeito primário estaria na deformidade dos 
ossos do retropé, principalmente o tálus; 
- Teoria muscular: pesquisas com microscopia eletrônica revelaram 
alterações importantes nas fibras musculares dos pacientes portadores de pé 
torto congênito; 
- Teoria neurológica: alterações primárias nos nervos periféricos 
seriam responsáveis pela ocorrência das deformidades; 
- Teoria vascular: as anomalias arteriais em fetos e embriões seriam 
responsáveis por uma "crise vascular", determinando uma área de necrose na 
região no nó de Henry; 
- Teoria da "parada do desenvolvimento: o pé permaneceria em seu 
estado embrionário desde o terceiro mês de gestação. 
Todas essas teorias tentaram explicar o aparecimento do pé torto 
congênito, entretanto nenhuma delas conseguiu explicar todos os casos. 
Portanto, mais uma vez aceitamos que a etiologia do pé torto seja multifuncional. 
 O pé torto pode aparecer como deformidade isolada ou acompanhado de 
outras malformações. E podemos dividi-lo em quatro grupos: 
- Idiopático: Ocorre como deformidade isolada sem qualquer 
acometimento de outras estruturas músculo-esqueléticas. Pode ser uni ou 
bilateral. 
- Teratológico: deformidade associada a alterações
 neuromusculares. Geralmente bilateral. 
- Sindrômico: quando faz parte de uma síndrome bem definida, por 
exemplo: Freeman- Sheldon, Down, Picre-Robin, Larsen etc. Geralmente 
bilateral. 
 
 
 
 
31 
Escoliose congênita 
Escoliose é o termo que designa um desvio da coluna vertebral no plano 
frontal. É uma patologia que aparece e progride, principalmente, em pacientes 
em fase de crescimento, sendo, portanto, uma doença da infância e 
adolescência. 
A maioria das curvaturas congênitas aparece e é visível ao nascimento. 
Entretanto, algumas anormalidades congênitas leves podemnão aparecer 
durante o crescimento. Em geral, o uso de colete nestas curvaturas é ineficiente 
e, se houver progresso da curva, será necessária à cirurgia. 
 
 
Tratamento clínico-conservador 
Se a curva for leve (menor que 20 graus), será adequada uma consulta 
clínica anual para radiografia e fotografias clínicas. 
Quando a curva for de etiologia apropriada e não grave o suficiente para 
a cirurgia, o tratamento com colete será o de escolha. O uso do colete também 
pode ser indicado para segurar a coluna de uma criança até que esta atinja a 
idade adequada para cirurgia. O tratamento é feito com colete de Milwaukee, 
 
32 
combinado com exercícios específicos. Em muitos casos, o colete deve ser 
usado por um período de 23 horas por dia, sendo retirado apenas para o banho. 
As principais indicações para a cirurgia são as seguintes: compressão 
medular, progressão da curva, dor intensa, dificuldade respiratória e estética. O 
principal procedimento cirúrgico é a fusão espinhal com ou sem instrumentação 
com haste de Harrington. 
 
Luxação congênita do quadril 
É um defeito mais frequente em meninas, caracterizado pela perda de 
contatos normais entre a cabeça do fêmur e o acetábulo, com a cabeça se 
luxando progressivamente e com maior frequência para trás (anteroversão da 
bacia e rotação interna do membro). 
Deve-se com maior frequência às más formações congênitas hereditárias 
do acetábulo e/ou da cabeça do fêmur (coxa valga), da cápsula e dos ligamentos. 
Pode ser unilateral ou bilateral. 
 
 
 
33 
 A gravidade poderá apresentar-se em 3 etapas no nascimento: um 
quadril simplesmente frouxo, um quadril luxável e instável (sinal de Barlow) 
e um quadril luxado. Associado ao conhecimento dos antecedentes familiares 
e das condições mecânicas obstétricas, e à pesquisa de problemas posturais 
associados, uma pesquisa sistemática por ocasião dos exames neonatais dos 
sinais clássicos (limitação da abdução, sinais de Nelaton, de Ortolani ou de 
Hoffa, confirmados por RX) e um diagnóstico precoce devem permitir a aplicação 
de um tratamento simples de abdução não forçada (manutenção das coxas em 
abdução ou gesso de abdução progressiva) com frequência é 
suficiente. A incidência aponta uma ocorrência de uma luxação congênita do 
quadril (LCQ) para cada 700 nascidos. 
 
Anomalias do Esqueleto Apendicular: 
 
POLITACTILIA 
Outra categoria de anomalias apendiculares é a do aparecimento de 
dedos extranumerários. O dedo extra é geralmente desprovido de conexões 
musculares adequadas. As anomalias em que o número de ossos está 
aumentado são geralmente bilaterais, ao passo que as ausências dando o 
exemplo de um polegar são unilaterais. 
 
 
34 
SINDACTILIA 
A fusão normal é geralmente restrita os dedos ou artelhos, normalmente 
o mesenquima entre os dedos e os artelhos se desfaz, mas pode não acontecer 
e o resultado é a fusão de do is ou mais dedos ou artelhos. Em alguns casos 
pode ocorrer a fusão dos ossos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
MÃO FENDIDA E PÉ FENDIDO 
Nestas anomalias raras, comumente chamadas de deformidade em garra 
de lagosta, há ausência de um ou mais dígitos centrais, resultado da não 
formação de um ou mais raios digitais. Assim, a mão ou o pé são divididos em 
duas partes que se opõe uma à outra, lembrando as garras de uma lagosta. 
 
ARTROGRIPOSE 
Artrogripose é uma doença congênita, caracterizada por deformidade e 
rigidez nas articulações. A doença se manifesta no processo de desenvolvimento 
do feto, que quase não apresenta movimentos na barriga da mãe. 
“Boneco de madeira” é geralmente um termo utilizado para descrever 
crianças com artrogripose, que apesar de apresentarem deformidades físicas 
tem desenvolvimento mental normal. 
Sintomas da Artrogripose 
Os sintomas da artrogripose são: 
• rigidez nas articulações, 
• músculos tensos, 
• luxação nas articulações, 
 
36 
• fraqueza muscular, 
• ombros deslocados, 
• cotovelos fixos em extensão, 
• pés tortos e 
• dificuldades para se alimentar. 
 
Causas da Artrogripose 
As causas da Artrogripose estão relacionadas com distúrbios nas fibras 
musculares ou nas células motoras dos bebês, esses distúrbios prejudicam o 
desenvolvimento normal dos músculos. 
Diagnóstico da Artrogripose 
O diagnóstico pode ser feito durante a gestação através de uma ultra-
sonografia. A ausência de movimento, posição anormal dos membros e retardo 
no crescimento intra-uterino são sintomas que confirmam o diagnóstico pré-
natal. 
Tratamento da Artrogripose 
O tratamento cirúrgico é o mais utilizado e visa melhorar o movimento das 
articulações. Quanto mais rápido for feita a cirurgia, melhor para o 
desenvolvimento motor da criança. Dependendo da gravidade das deformações 
o tratamento requer a utilização de equipamentos de apoio, como cadeiras de 
rodas , material escolar adaptado ou muletas. O tratamento da artrogripose inclui 
orientação dos pais e um plano de intervenção que tem o objetivo de desenvolver 
a independência da criança, para isso a terapia ocupacional é uma das técnicas 
utilizadas. 
 
 
 
 
37 
DOENÇAS INFLAMATÓRIAS 
Infecções, bactérias e fungos podem provocar inflamação nos ossos 
OSTEOMIELITE 
Osteomielite é o nome dado para a INFLAMAÇÃO DOS OSSOS, 
provocada por pelo menos 3 fatores: infecções, bactérias e fungos. A inflamação 
pode iniciar-se em um local e espalhar para outros ou se manter no mesmo lugar, 
ela poderá comprometer a medula, a parte cortical, o periósteo e a parte 
esponjosa. 
Os ossos que normalmente acabam sofrendo com inflamações são os 
longos dos membros e da coluna vertebral, e na maioria das vezes são 
acometidos por bactérias e menores são os casos, provocados pelos fungos. 
 
As crianças sofrem com a inflamação óssea, que acontece através da 
circulação do sangue, e acabam provocando febre e até mesmo dores nos 
ossos, depois de alguns dias da infecção instalada. Em alguns casos, o osso 
inflamado incha e movimentá-lo passa a ser muito difícil e muito doloroso. 
Quando as infecções atingem as vértebras, o processo de instalação da 
doença é gradual, e o paciente vai sentindo dores nas costas, que ficam cada 
vez mais insistentes e em um certo ponto, um simples toque representa uma dor 
fortíssima. 
 
38 
 Quando as infecções dos ossos são consequências de infecções dos 
tecidos moles adjacentes, o paciente fica com muita dor e inchaço localizado em 
cima do osso doente, neste caso, algumas pessoas apresentam a formação de 
abcessos nos tecidos que estão em volta. Se trata de uma infecção que nem 
sempre causa febre 
Vamos outros conceitos relacionados a inflamações ortopédicas: 
 Tenosinovite–inflamação da bainha sinovial que envolve o tendão. 
 Paratendinite–inflamação e espessamento da bainha 
paratendãodos tendões que não tem bainha sinovial. Tendinite 
inflamação do tendão. 
 Bursite: 
Bursite é a inflamação da bolsa sinovial, uma estrutura cheia de líquido 
que se localiza entre um tendão e a pele ou entre um tendão e o osso, com 
função de amortecimento, e auxílio no deslizamento dos tecidos e sua nutrição. 
A doença pode ser aguda ou crônica. 
A ocorrência de bursite é mais comum nos ombros, cotovelos e quadril. 
Mas ela também pode ocorrer nos joelhos, calcanhares e no dedão do pé, além 
de outras articulações. Em geral, bursite ocorre perto das articulações que 
realizam movimentos repetitivos. 
A causa mais comum de bursite é a repetição de movimentos em 
determinadas articulações ou posições que possam causar danos às bursas. 
Isso pode acontecer nas seguintes situações: 
• Lançar bolas ou levantar algo sobre sua cabeça repetidamente 
• Apoiar-se em seus cotovelos por longos períodos de tempo 
• Ajoelhar-se por períodos longos de tempo 
• Ficar muito tempo sentado, principalmente sobre lugares pouco 
confortáveis e com superfícies duras 
 
39 
• Alguns bursas,como no joelho e cotovelo ficam logo abaixo da 
pele. São esses os locais do corpo com maior risco de traumas que podem 
ocasionar à bursite. 
Além do uso excessivo e crônico das articulações, bursite também pode 
ser causada por traumas ortopédicos, processos reumatológicos, gota ou por 
algum tipo de infecção. Algumas vezes, a causa da bursite não pode ser 
determinada. 
 
DOENÇAS ARTICULARES DEGENERATIVAS 
 
Seguindo a linha também das doenças inflamatórias, vocês verão a seguir 
doenças inflamatória, porém também articulares degenerativas. 
ARTRITE 
A artrite é um processo de INFLAMAÇÃO ARTICULAR e pode resultar em 
lesão da cartilagem (um tecido que protege a articulação, permitindo que ela se 
mova suavemente além de absorver choques entre os ossos), dos ossos locais, 
da capsula articular e ligamentos. 
Quando sua causa e tratada a tempo a articulação volta ao normal. 
Dependendo da causa isso nem sempre ocorre. Nesses casos, o paciente é 
diagnosticado com artrite crônica. 
Os principais tipos de artrite são a artrite reumatoide e a osteoartrite 
Outros tipos mais comuns podem incluir: 
 Espondilite anquilosante 
 Artrite gonocócica 
 Condrocalcinose 
 Artrite reumatoide juvenil (em crianças) 
 Outras infecções por bactéria (artrite bacteriana não gonocócica) 
 Artrite psoriática 
 
40 
 Artrite reativa (síndrome de Reiter) 
 Esclerodermia 
 Lúpus eritematoso sistêmico (LES) 
A inflamação nas articulações pode ser decorrente de: 
 
 Doença autoimune 
 Trauma 
 Desgaste geral das articulações 
 Infecção, geralmente por bactéria ou vírus 
 Deposito de cristais (metabólica). 
 Vamos definir o tipo de Artrite mais comum, a Artrite reumatoide: 
A Artrite Reumatoide é uma doença crônica, INFLAMATÓRIA, cuja 
principal característica é a inflamação das articulações, embora outros órgãos 
também possam estar comprometidos. 
A AR é uma DOENÇA AUTOIMUNE, ou seja, é uma condição em que o 
sistema imunológico, que normalmente defende o nosso corpo de infecções 
(vírus e bactérias), passa a atacar o próprio organismo (no caso, o tecido que 
envolve as articulações, conhecido como sinóvia). 
A inflamação persistente das articulações, se não tratada de forma 
adequada, pode levar à destruição das articulações, o que ocasiona 
 
41 
deformidades e limitações para o trabalho e para as atividades da vida diária. 
 
 
 
 
42 
Artroses, Osteoartrite e Osteoartoses 
 
Os termos Osteoartrose, Osteoartrite e Artrose definem uma mesma 
doença que chega a acometer até 30% da população adulta acima dos 50 anos. 
Os termos Osteoartrite e Osteoartrose surgiram posteriormente, para 
exemplificar melhor a doença Artrose, quando foi descoberto que o osso sub 
condral (embaixo da cartilagem) participava no processo fisiopatológico da 
Doença. 
Resumindo, quando nos referimos a Osteoartrose, Osteoartrite ou Artrose 
estaremos sempre falando de uma mesma doença que deve ser tratada o mais 
precocemente possível, para que a mesma não cause incapacidade. 
São doenças que atacam as articulações promovendo, principalmente, o 
DESGASTE DA CARTILAGEM que recobre as extremidades dos ossos, mas 
que também danifica outros componentes articulares como os ligamentos, a 
membrana sinovial e o líquido sinovial. A cartilagem articular tem por função 
promover o deslizamento, sem atrito, entre duas extremidade ósseas durante o 
movimento de uma articulação. Seu comprometimento pode gerar dor, inchaço 
e limitação funcional. Apesar de poder danificar qualquer articulação do corpo, a 
artrose afeta mais comumente as articulações das mãos, da coluna, joelhos e 
quadris. 
 A artrose piora progressivamente com o tempo, e não existe cura. Mas 
os tratamentos podem retardar a progressão da doença, aliviar a dor e melhorar 
a função articular. 
 
43 
 
 
Essa patologia pode acometer várias articulações (poliarticular). Veja os 
locais de acometimento da Artrose: 
 
 
 
 
44 
GOTA 
Gota é um TIPO DE ARTRITE que ocorre quando o ÁCIDO ÚRICO SE 
ACUMULA NO SANGUE e causa inflamação nas articulações. A gota também 
pode ser chamada de Doença dos Reis 
 
Há dois tipos diferentes de gota: 
• Gota aguda: é uma doença dolorosa que normalmente afeta uma 
articulação 
• Gota crônica: consiste em episódios repetidos de dor e inflamação 
que podem envolver mais de uma articulação. 
A gota é causada pela presença de níveis mais altos do que o normal de 
ácido úrico na corrente sanguínea. Isso pode ocorrer se o corpo produzir ácido 
úrico em excesso ou se o tiver dificuldade de eliminar o ácido úrico produzido. 
Quando essa substância se acumula no líquido ao redor das articulações 
(líquido sinovial), são formados cristais de ácido úrico. Esses cristais causam 
inchaço e inflamação nas articulações. A causa exata da gota, no entanto, é 
desconhecida. 
Fatores de risco 
 Histórico familiar, uma vez que a doença pode ser genética 
 Sexo: gota é mais comum em homens 
 
45 
 Mulheres após a menopausa Ingestão excessiva de álcool 
 Uso de determinados medicamentos diuréticos 
 Hipertensão 
 Diabetes 
 Colesterol alto 
 Altos níveis de gordura corporal 
 Arteriosclerose 
 
DOENÇAS METABÓLICAS 
 
Avitaminoses 
• O escorbuto ocorre com equimoses, hemorragias nos músculos 
das extremidades, tromboflebite secundária, hemorragias intrarticulares e na 
esquivalia, nos leitos ungueais. 
• A falta de tiamina ou B1 causa neuropatia periférica, encefalopatia 
de Wernicke e síndrome de Korsakoff. 
• A falta de piridoxina ou B6 manifesta-se com vómitos, fraqueza, 
instabilidade e neuropatia periférica. 
• A carência de cobalamina ou B12 provoca irritabilidade, confusão, 
neuropatia periférica, diarreias, etc. 
• A falta prolongada de retinol ou vitamina A causa cegueira 
nocturna, xeroftalmia, queratomalacia, etc. 
• A falta de vitamina D provoca raquitismo, osteomalacia, 
osteoporose, fraqueza muscular, cãibras musculares, tetania e convulsões. 
• O défice de vitamina E provoca arreflexia, distúrbios da marcha, 
oftalmoplegia, perda da sensibilidade proprioceptiva e vibratória, edema. 
• A carência de vitamina K pode provocar hemorragias. 
 
46 
Osteodistrofia paratiroideia. 
O dado inicial mais comum é a dor óssea de aumento progressivo, 
espontânea e à palpação dos ossos, nas extremidades inferiores e nas costas. 
São comuns a hipotonia e a fraqueza muscular, com predisposição para 
as fraturas na sequência de traumatismos triviais, que demoram a consolidar ou 
fazem-no com deformidades. 
 
Osteomalacia 
Caracteriza-se pelo fato de todos os ossos do esqueleto terem menor 
densidade e força, que se deformam pelas tensões musculares e pelas posturas. 
Afeta sobretudo os membros inferiores com curvaturas de fémur e tíbia, 
sendo a cifose frequente. 
 
Osteoporose 
Osteoporose é uma doença METABÓLICA, SISTÊMICA que acomete 
todos os ossos. A prevalência da osteoporose, acompanhada da morbidade e 
mortalidade de suas fraturas, aumenta a cada ano. Estima-se que com o 
envelhecimento populacional na América Latina, o ano de 2050, quando 
comparado a 1950, terá um crescimento de 400% no número de fraturas de 
quadril para homens e mulheres entre 50 e 60 anos, e próximo de 700% nas 
idades superiores a 65 anos. Estima-se que a proporção da osteoporose para 
homens e mulheres seja de seis mulheres para um homem a partir dos 50 anos 
e duas para um acima de 60 anos. Aproximadamente uma em cada três 
mulheres vai apresentar uma fratura óssea durante a vida. 
Nós temos no corpo células responsáveis pela formação óssea e outras 
pela reabsorção óssea. O tecido ósseo vai envelhecendo com o passar do 
tempo, assim como todas as outras células do nosso corpo. O tecido ósseo velho 
é destruído pelas células chamadas osteoclastos e criados pelas células 
 
47 
reconstrutoras, os osteoblastos. Esse processo de destruição das células é 
chamado de reabsorção óssea, que ficacomprometido na osteoporose, pois o 
corpo passa a absorver mais osso do que produzir ou então não produzir o 
suficiente. 
 
Deficiência de cálcio 
O cálcio é um mineral essencial à formação normal dos ossos. Durante a 
juventude, o corpo usa o mineral para produzir o esqueleto. Além disso, o osso 
é o nosso principal reservatório de cálcio, e é ele quem fornece esse nutriente 
para outras funções do corpo, como o funcionamento cardíaco. Quando o 
metabolismo do osso está em equilíbrio, ele retira e repõe o cálcio dos ossos 
sem comprometer essa estrutura. Esses nutrientes são obtidos por meio da 
alimentação, por isso, se a ingestão de cálcio não é suficiente, ou então o 
organismo não está conseguindo absorver esse cálcio ingerido, a produção de 
ossos e tecidos ósseos pode ser afetada, não havendo nutrientes suficientes 
para produzir o esqueleto e suprir toda a demanda de cálcio do resto do corpo. 
Dessa forma, a ingestão insuficiente ou a má absorção desses nutrientes pode 
ser uma das causas da osteoporose. 
A massa óssea baixa e a deterioração da arquitectura do osso provocam 
fragilidade óssea e susceptibilidade de fractura. A maioria dos doentes é idosa. 
A dor é do tipo lombalgia baixa e irradia à volta do tronco ou para os 
membros inferiores. Piora com as vibrações ou o movimento. 
 
48 
Trata-se de uma doença crónica muito frequente, de prevalência 
progressiva, que causa uma grande perda da qualidade de vida e invalidez em 
inúmeros casos. 
Entre 20 a 50% dos indivíduos afectados não podem andar e mais de um 
terço fazem-no de forma totalmente dependente. 
Se acrescentarmos as fracturas da anca às fracturas proximais do úmero 
e distais do rádio de origem osteoporótica, obteremos 154.000 por ano. A 
incidência das ditas fracturas duplicou nos 10 últimos anos. 
Nanismo hipofisário 
O nanismo adiposogenital de Froehlich é acompanhado por obesidade, 
sendo frequente um atraso mental que incapacita a condução apesar de a altura 
ser a mínima permitida, ao passo que o tipo de Lorain não apresenta alterações 
mentais. 
Gigantismo e acromegalia 
No gigantismo, o desenvolvimento mental está abaixo do normal. 
Na acromegalia, verifica-se um aumento da ossificação, distribuída de 
forma desigual, com deformidades como um tórax de grandes dimensões. É 
frequente a artrite acromegálica devido às cartilagens articulares mais grossas 
que, posteriormente, degeneram. 
 
 
 
49 
Mucopolisacaridose. 
Mucopolissacaridose ou MPS é um subgrupo das doenças de depósito 
lisossômicos (DDL)as quais pertencem ao ainda maior grupo de doenças 
genéticas do metabolismo, causadas por deficiência de enzimas. Juntas, afetam 
cerca de 1 em cada 25.000 nascidos vivos por ano 
Agora pra você lembrar que é uma doença HEREDITÁRIA. 
Regra geral, ocorrem deformidades esqueléticas e, em alguns casos, 
mudanças ósseas e da córnea graves, assim como alteração mental ou do 
sistema nervoso central. 
Osteíte deformante ou doença de Paget 
As mudanças ósseas caracterizam-se por engrossamento, amolecimento, 
deformidade e, mais tarde, por ossificação, que pode começar na tíbia, mas em 
75% dos doentes progride para a forma poliostótica. 
Ocorre dor nas extremidades inferiores, coxas ou ancas. A afectação do 
crânio pode causar dores de cabeça, vertigens, distúrbios auditivos e visuais, 
que incapacitam a condução. Os traumatismos triviais podem causar fracturas 
espontâneas, especialmente no fémur e tíbia. 
 Reticulose 
• Na maioria dos doentes, a doença de Hodgkin causa dor surda, 
com ardor ou lancinante, que pode ser de tal forma intensa que interfira com o 
funcionamento das articulações adjacentes.Na coluna vertebral podem ocorrer 
dores irradiadas na cintura e compressão medular. 
• A leucemia linfoblástica é a que provoca com mais frequência 
mudanças ósseas, sobretudo no joelho e ombro, que se manifestam como 
“artrite” poliarticular, com dor, edema e limitação dos movimentos que 
incapacitam a condução. 
• O mieloma múltiplo provoca, de início, dor, mas é frequente 
aparecer com uma fractura patológica ou paraplegia. 
 
50 
ANOMALIAS NEUROMUSCULARES 
 
As doenças neuromusculares compreendem um grupo de doenças que 
direta (via distúrbio intrínseco do músculo) ou indiretamente (via distúrbio do 
neurônio motor, seus prolongamentos ou da junção neuromuscular) 
afetam a função muscular. O diagnóstico é estabelecido basicamente 
por meio da história e do exame físico. Algumas informações são importantes 
para que o nível da lesão seja definido e para que seja realizada diferenciação 
entre as diversas doenças neuromusculares existentes. A rapidez com que a 
doença progride (aguda, subaguda ou crônica), o padrão de acometimento dos 
sintomas (proximal, distal, face), a história familiar (forma hereditária ou 
adquirida) e os fatores desencadeantes também auxiliam na abordagem desses 
pacientes. 
 
DOENÇAS DO NEURÔNIO MOTOR 
 
Esclerose lateral amiotrófica 
 
Definição 
A esclerose lateral amiotrófica (ELA) é uma doença neuro-degenerativa 
do sistema motor com comprometimento dos neurônios do corno anterior da 
medula e dos neurônios motores do córtex cerebral. Caracteriza-se pela 
combinação de sinais do neurônio motor superior e inferior. 
 Etiologia 
A etiologia dessa doença é complexa e multifatorial. Geralmente é 
esporádica, mas pode ser familiar (5 a 10%) com herança autossômica 
dominante (gene que codifica a enzima superóxido-dismutase [SOD1]). 
Relaciona-se com a existência de algum fator genético, e a sua expressão clínica 
 
51 
está relacionada com a exposição desse indivíduo, marcado geneticamente, a 
algum fator, ou fatores, que são desencadeadores do processo de degeneração 
do moto- neurônio (p. ex., processo inflamatório, envelhecimento, vírus, 
exposição a agentes tóxicos, etc.). 
Epidemiologia 
A incidência da ELA é rara, ocorrendo cerca de 2 casos para 100.000 
pessoas/ano. Indivíduos do sexo masculino são mais afetados do que os do 
feminino em uma proporção de 2:1, e os brancos são mais acometidos do que 
os negros. A idade média de início é 50 anos, e a forma esporádica compreende 
mais de 90% dos casos. Entre os pacientes com a doença, 50% sobrevivem por 
três anos, e 28%, por mais de cinco anos. 
Patogênese 
Ao realizar exame macroscópico, nota-se um afilamento das raízes 
anteriores da medula. Por meio desse exame, torna-se evidente a perda 
neuronal no córtex motor, nos núcleos dos nervos cranianos e no corno anterior 
da medula, bem como a redução das fibras dos feixes corticobulbares e 
corticoespinais. É interessante que não haja evidência de processo inflamatório 
nas estruturas envolvidas. 
 
52 
 
Sinais e sintomas 
Quando o paciente apresenta sinais proeminentes de envolvimento do 
neurônio motor superior e inferior nos dois membros e nos músculos bulbares 
(25% dos pacientes apresentam disartria, disfagia), sem comprometimento 
sensitivo, autonômico e visual, o diagnóstico clínico é evidente, e o diferencial é 
restrito. 
Entretanto, o desafio encontra-se nos pacientes em estágio inicial da 
doença, que podem ter diferentes formas de apresentação clínica, dependendo 
do sítio acometido, alargando o diagnóstico diferencial. 
 
Diagnóstico 
Até o momento, não há marcador biológico específico para pacientes com 
ELA, e o diagnóstico está baseado na história, no exame físico e em alguns 
achados de exames complementares, como os seguintes: 
Eletroneuromiografia: comprometimento do neurônio motor em regiões 
clinicamente comprometidas e não comprometidas; denervação e reinervação 
 
53 
(fasciculações, fibrilações, polifásicos com amplitude aumentada de unidades 
motoras) e velocidade de condução normal inicialmente. 
 Aspectos clínicos típicos de pacientes com esclerose lateral amiotrófica 
Essa doença é caracterizada por fraqueza, sem comprometimento 
cognitivo, sensorial ou autonômico, e uma combinaçãode sinais dos neurônios 
motor superior (fraqueza, aumento do tônus, espasticidade, hiper-reflexia, 
cutâneo plantar em extensão, atrofia) e inferior (fraqueza, hipotonia, ausência de 
reflexos, atrofia e fasciculações). 
Exames de neuroimagem: devem ser realizados a fim de descartar 
doenças que possam mimetizar ELA. 
Exames laboratoriais: devem ser realizados para descartar outras 
doenças ELA-like. 
 
Tratamento 
Para o tratamento de pacientes com ELA, utiliza-se riluzol (Rilutek®), 50 
mg, duas vezes ao dia, administrado em períodos distantes das refeições. Esse 
medicamento diminui a progressão da doença. Como suporte, pode-se realizar 
gastrostomia, ventilação não invasiva, controle da saliva, fisioterapia, fono- 
terapia e utilizar antiespasmódicos. 
 
Doenças dos Nervos Periféricos 
As doenças dos nervos periféricos formam um conjunto de síndromes 
clínicas que afetam nervos periféricos sensitivos, motores e/ou autonômicos. 
Apesar das diversas etiologias dessas doenças, as respostas a uma lesão são 
limitadas: axonopatias, neuronopatias ou mielinopatias. Na abordagem 
diagnóstica, a primeira etapa é determinar, por meio da história e exame físico, 
se o paciente apresenta uma neuropatia periférica (ver Quadro 95.2). 
 
54 
Determinada a existência de neuropatia, deve-se caracterizar a síndrome, 
levando em consideração alguns parâmetros, desde a rapidez com que se 
estabelece até a distribuição e o padrão dos achados clínicos. Dessa forma, 
pode-se limitar as possibilidades diagnósticas e planejar os exames 
complementares. 
Rapidez de estabelecimento: aguda: horas até um mês; subaguda: um a 
dois meses; crônica: mais de dois meses. 
Tipo de fibra nervosa envolvida: motora, sensitiva, autonômica ou mista. 
Tamanho da fibra nervosa envolvida: grossa (fibras motoras, 
propriocepção e vibração), fina (dor, temperatura e sintomas autonômicos) ou 
mista. 
Distribuição: proximal, distal, difusa. 
Padrão: mononeuropatia, polineuropatia ou mononeuropatia múltipla. 
Patologia: axonal, desmielinizante ou mista. 
 
 
 
 
55 
Síndrome de Guillain-Barré (polirradiculoneurite 
desmielinizante idiopática aguda [PDIA]) 
 
Definição 
A síndrome de Guillain-Barré é uma doença desmielinizante que afeta os 
nervos periféricos, potencialmente grave, podendo resultar em falência 
respiratória aguda mesmo nos pacientes nos quais não há fraqueza dos 
membros. 
 
Etiologia 
Entre os pacientes com essa doença, 25% apresentam infecção prévia 
por Campylobacter jejuni, realizaram vacina, submeteram-se à cirurgia uma a 
três semanas antes do início dos sintomas, ou são mulheres grávidas. 
Sinais e sintomas 
Os pacientes com síndrome de Guillain-Barré apresentam fraqueza 
simétrica ascendente e rapidamente progressiva. Os reflexos tendinosos 
profundos ficam diminuídos ou podem inexistir. Podem ocorrer também diplegia 
 
56 
facial (aspecto de máscara, ausência mímica facial), disfagia e dificuldade 
respiratória. 
Tratamento 
Para pacientes com essa doença, pode-se realizar ventilação mecânica 
se a capacidade vital for menor do que 15 cc/kg ou 0,6 L, ou maior, se estiver 
reduzindo rapidamente. 
Outras opções igualmente efetivas são plasmaférese e imunoglobulina IV. 
A administração de corticoide não apresenta benefício. 
Prognóstico 
O prognóstico desses pacientes é fatal em 4 a 15%, deixa sequela em 
20% e em 35% apresenta déficit permanente. Ocorre recaída em 10% dos 
indivíduos, 50% atingem o nadir em uma semana, e 90%, em um mês. 
 
Doença de Charcot-Marie-Tooth (CMT) 
 
Definição 
A CMT é causada por mutações em genes que codificam proteínas de 
diferentes localizações (mielina, células de Schwan e axônios) e que estão 
envolvidas em diversas funções: desde compactação e manutenção da mielina 
para formação do citoesqueleto, transporte axonal até metabolismo mitocondrial. 
Independentemente desse processo, a lesão final que se estabelece é uma 
degeneração axonal, principalmente nas fibras grossas e longas. 
Epidemiologia 
A CMT é uma das doenças neuromusculares hereditárias mais comuns, 
com uma prevalência de mais de 40/100.000 pessoas. 
 
 
 
57 
Etiologia 
Essa doença é geneticamente heterogênea com diferentes mutações 
resultando em fenótipo clínicos semelhantes. Também conhecida como 
neuropatia sensitivo-motora hereditária. A maioria das pessoas com CMT 
apresenta herança autossômica dominante, mas todos os tipos de transmissão 
podem ser observados. 
 
Sinais e sintomas 
O fenótipo típico da CMT é de atrofia, fraqueza e perda sensitiva com 
início distal e progressão proximal. Os sintomas motores manifestam-se 
inicialmente nos pés, com fraqueza na musculatura intrínseca, pés cavos e dedo 
em martelo, diminuição da sensibilidade vibratória, dor ao toque. Algumas vezes, 
ocorre perda da sensibilidade proprioceptiva, ocasionando ataxia sensitiva. Não 
há reflexos tendinosos profundos. 
Tratamento 
Ainda não há tratamento medicamentoso efetivo para pacientes com 
CMT. O tratamento de suporte consiste em fisioterapia, órteses e correções 
cirúrgicas das deformidades, sendo necessária uma abordagem multidisciplinar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
58 
Neuropatia diabética 
 
Definição 
A neuropatia diabética é causada por diabetes melito (DM). Diversas 
síndromes clínicas foram identificadas, tais como as seguintes: 
• Mononeuropatias agudas 
• Mononeuropatias múltiplas e radiculopatias 
• Polineuropatia distal 
• Neuropatia autonômica 
 
Epidemiologia 
A neuropatia diabética é incomum antes dos 30 anos. Quinze por cento 
dos pacientes com DM tipo 1 e 13% dos pacientes com tipo 2 apresentam 
polineuropatia sintomática, mas as taxas de ocorrência aumentam quando se 
avalia a ENMG desses pacientes. 
 
 
59 
Patogênese 
Perda de fibras nervosas mielinizadas é o achado mais proeminente em 
casos de polineuropatia distal. Desmielinização e remielinização segmentar, 
formação de bulbo com aspecto de cebola e redução do número de fibras não 
mielinizadas são achados secundários à isquemia aguda da vasa nervorum. 
Diagnóstico: 
O diagnóstico dessa condição é clínico, e a realização de ENMG confirma-o. 
 
Tratamento: 
Nesses casos, deve-se manter níveis glicêmicos adequados. Pode-se 
realizar tratamento sintomático com antidepressivos tricíclicos e 
anticonvulsivantes. 
 
Neuropatia nutricional 
Definição 
A neuropatia nutricional é uma doença dos nervos periféricos que ocorre 
devido à deficiência isolada ou complexa de nutrientes. A causa mais comum 
dessa doença no Ocidente está associada ao uso de álcool. 
Epidemiologia 
Estima-se que entre 25 a 66% dos alcoolistas crônicos desenvolvam 
neuropatia durante a vida. Os fatores diretamente associados ao 
desenvolvimento de neuropatia são o período em que se consome o álcool e a 
quantidade. 
Patogênese 
A neuropatia nutricional é causada por lesão axonal de fibras nervosas de 
pequeno calibre associada às seguintes hipóteses distintas ou associadas: 
 
60 
Deficiência de tiamina: o etanol reduz a absorção intestinal de tiamina e 
também o estoque hepático e altera a fosforilação dela. A dieta do paciente com 
alcoolismo crônico geralmente é desequilibrada. Efeito neurotóxico direto do 
etanol ou de seus metabólitos (acetaldeído): dose-dependente, alteração na 
modulação da cascata de sinalização intracelular da qual a proteína quinase A e 
C fazem parte; desequilíbrio do transporte axonal e das propriedades do 
citoesqueleto. 
Sinais e sintomas 
Pacientes com neuropatia alcoólica pura (sem evidência de deficiência de 
tiamina) apresentam sintomas sensitivos (diminuição da sensibilidade superficial 
e dor) lentamente progressivos, que se manifestam de forma inicial nos membros 
inferiores. Também podem posteriormente apresentar fraqueza, queimação, 
ataxia e quedas. Quando associada a déficits nutricionais, a apresentação clínica 
é variável. 
Diagnóstico 
O diagnóstico pode ser determinadopor meio das seguintes avaliações: 
História de uso de álcool (100 mL de álcool etílico por dia durante três anos) 
ENMG: não é específica para neuropatia alcoólica; polineuropatia 
sensitivo-motora axonal. 
 Exames laboratoriais para exclusão de outras doenças: eletrólitos, função 
renal, função hepática, glicose, funções da tireoide, níveis de tiamina, piridoxina, 
vitamina B12, ácido fólico, niacina, vitamina A, biotina; metais pesados, VSG, 
HIV, sífilis. Biópsia de nervo. 
Avaliação do tubo gastrintestinal. 
Tratamento 
O tratamento de pacientes com neuropatia nutricional objetiva controlar 
os sintomas, treinar a capacidade de funcionamento independente, prevenir 
lesões, cessar o consumo de álcool, administrar suplementação vitamínica e 
calórica e medicações para dor neuropática e realizar fisioterapia. 
 
61 
Neuropatias por vasculites 
 
Definição 
As neuropatias por vasculites são um grupo heterogêneo de doenças que 
afetam variados órgãos e vasos sanguíneos de diferentes diâmetros. 
Sinais e sintomas 
São sinais e sintomas de pacientes com neuropatias por vasculites: 
mononeuropatia dolorosa, polineuropatia assimétrica ou mononeuropatia 
múltipla de início agudo ou subagudo. Elas afetam principalmente os membros 
inferiores. Os sintomas sistêmicos são mialgias, artral- gias, perda de peso, 
sintomas respiratórios, dor adominal, hematúria, rash e sudorese noturna. 
Classificação 
As neuropatias por vasculites podem ser classificadas das seguintes 
formas: Sistêmicas: 
–Primárias: sem causa definida; poliarterite nodosa, granulomatose de 
Wegener, síndrome de Churg- Strauss e poliangeíte microscópica. 
–Secundárias: drogas, vírus, doenças do tecido conectivo; artrite 
reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, crioglobulinemia associada ao vírus C, 
HIV, citomegalovírus, sarcoidose. 
Não sistêmica: restrita aos nervos e aos músculos. 
Diagnóstico 
O diagnóstico pode ser estabelecido por meio das seguintes avaliações: 
ENMG: padrão axonal agudo ou subagudo, com envolvimento sensitivo e 
motor multifocal. 
Laboratorial: hemograma, eletrólitos, ureia, creatinina, glicose, VSG, 
proteína Creativa, FAN, fator reumatoide (FR), anticorpo anticitoplasma de 
neutrófilos (ANCA), hepatite C e B, crioglobulinas, proteinogra ma, HIV, sífilis. 
 
62 
Biópsia de nervo e músculo: 60% apresentam deposição de 
imunocomplexos, inflamação e destruição da parede dos vasos. 
Tratamento 
Para o tratamento de pacientes que apresentam neuropatia com 
envolvimento sistêmico primário, deve-se administrar corticoide intravenoso 
(indução) e imunossupressores (manutenção). Para os casos de neuropatia com 
envolvimento sistêmico secundário, é contraindicado o uso de imunossupressão 
crônica, e o tratamento é direcionado para a doença de base. 
Devido à benignidade da neuropatia não sistêmica, geralmente não é 
realizado tratamento para esses pacientes. Pode-se utilizar corticoide via oral ou, 
se a doença for mais agressiva, imunossupressores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
63 
Doenças da Junção Neuromuscular 
Miastenia grave 
Definição 
 
A miastemia grave é uma doença autoimune potencialmente grave, mas 
que pode ser tratada. Caracteriza-se por fraqueza e fatigabilidade da 
musculatura voluntária. 
Epidemiologia 
A incidência anual dessa doença é de 2/100.000 pessoas/ ano, mas a 
prevalência pode chegar a mais de 50/100.000 pessoas. Ela apresenta dois 
picos de incidência, o primeiro entre 20 e 30 anos, afetando mais mulheres, e o 
segundo entre 60 e 70 anos, acometendo mais homens. 
Etiologia e patogênese 
Os fatores que desencadeiam ou induzem o processo autoimune ainda 
não são conhecidos. Na maior parte dos casos, o alvo do ataque autoimune é o 
receptor nicotínico de acetilcolina (85% dos casos), localizado na membrana 
pós-sináptica da placa mioneural. Metade dos pacientes soronegativos 
apresenta um anticorpo antiquinase muscular específica (anti-MuSK). A perda 
de um grande número de receptores de acetilcolina nos músculos limita a 
 
64 
quantidade de fibras que se despolarizam durante a ativação do músculo pela 
terminação nervosa, diminuindo, assim, a geração de ações musculares e 
impedindo a contração das fibras. 
Os principais mediadores da resposta autoimune em casos de miastemia 
grave são os linfócitos T derivados do timo. No exame anatomopatológico, é 
possível verificar infiltrado linfocítico associado a pequenos focos necróticos na 
fibra muscular, atrofia das fibras tipo 1 e 2, hiperplasiacomfolículos linfoides, 
evidenciando centros germinativos em 70% dos timos, e timoma em 10%. Alguns 
fatores podem agravar a miastenia grave, tais como infeções e o uso de drogas 
(Tab. 95.5) da figura logo abaixo. 
Sinais e sintomas 
Nos casos de miastenia grave, cinco subgrupos de sinais e sintomas são 
conhecidos: 
Grupo 1: comprometimento da musculatura ocular isolada. 
Grupo 2: fraqueza generalizada leve. 
Grupo 3: fraqueza generalizada moderada ou fraqueza bulbo-ocular leve 
a moderada. 
Grupo 4: fraqueza generalizada ou bulbo-ocular grave. 
Grupo 5: crise miastênica. 
 
65 
 
Entre os pacientes com miastenia ocular primária, 85 a 90% desenvolvem 
fraqueza generalizada nos dois anos seguintes. A forma mais comum é a 
generalizada, que se apresenta com fraqueza flutuante, havendo piora no final 
do dia e cansaço fácil na musculatura extraocular, bulbar e de extremidades. 
Alguns sinais e sintomas típicos são voz anasalada, dificuldade de mastigação, 
diplopia, ptose e paresia ocular. Os reflexos pupilares são poupados. 
Diagnóstico 
O diagnóstico pode ser estabelecido por meio das seguintes avaliações: 
Farmacológica: teste do Tensilon® (edrofônio), droga anticolinesterásica 
intravenosa de curta ação (2 a 4 minutos). 
Sorológica: anticorpo antirreceptor de acetilcolina, anticorpo antirreceptor 
muscarínico específico. 
Eletrofisiológica: redução da amplitude do potencial de ação composto 
evocado durante a estimulação repetitiva supramáxima de um nervo. A ENMG 
de fibra única é mais sensível. 
Imagem: raio X de tórax pode evidenciar massa mediastinal. A tomografia 
computadorizada (TC) de tórax deve ser realizada em todos os pacientes recém-
diagnosticados. 
 
66 
Tratamento 
O tratamento pode ser realizado com a administração de 
anticolinesterásicos, corticosteroides, imunossupressores, imunoglobulina e 
com plasmaférese e timectomia. 
Pacientes com crise miastênica (agravamento da mistenia em geral por 
infecção, drogas ou tratamento inadequado) e crise colinérgica (excesso de 
acetilcolina na junção neuromuscular devido ao uso excessivo de drogas 
anticolinesterásicas) apresentam fraqueza, e são crises consideradas 
emergências médicas pelo risco de insuficiência respiratória. Elas podem ocorrer 
concomitantemente. 
Doenças do Músculo 
Existem inúmeras doenças neuromusculares resultantes do 
comprometimento dos músculos estriados. Essa diversidade evidencia um 
caráter desafiador para o diagnóstico dessas doenças, já que elas apresentam 
um número limitado de sinais e sintomas: fraqueza, fadiga, dor, rigidez, 
espasmos, cãibras e alteração de volume, sem haver alteração da sensibilidade 
e com reflexos preservados inicialmente. A fraqueza muscular verdadeira é o 
sintoma mais frequente. A abordagem inicial do paciente com fraqueza deve 
levar em consideração o padrão topográfico de acometimento muscular 
(proximal, distal, facial), o período de aparecimento dos sintomas (agudo, 
subagudo ou crônico), o histório familiar (doença hereditária ou adquirida) e os 
sinais e sintomas associados. 
É possível classificar essas doenças em quatro grandes grupos: miopatias 
inflamatórias (infecciosas ou idiopáticas autoimunes, distrofias musculares 
(doenças degenerativas progressivas hereditárias), miopatias tóxicas e 
metabólicas (anormalidade metabólica hereditária, anormalidade da função 
endocrinológica, drogas ou agentes miotóxicos) e miopatias

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