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1 ENFERMAGEM EM TRAUMATOLOGIA 1 Sumário NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 3 ATUAÇÃO DA ENFERMEIRA NA UNIDADE DE TRAUMATOLOGIA .... 4 INTRODUÇAO ..................................................................................... 4 CAMPO DE AÇAO ............................................................................... 6 CUIDADOS ESPECÍFICOS ..................................................................... 7 CUIDADOS GERAIS .......................................................................... 12 FRATURAS E LESÕES ARTICULARES AMPUTAÇÕES ..................... 16 TIPOS DE LESÕES ........................................................................... 21 DOENÇAS ARTICULARES DEGENERATIVAS ................................ 39 Artroses, Osteoartrite e Osteoartoses ................................................ 42 DOENÇAS METABÓLICAS ............................................................... 45 ANOMALIAS NEUROMUSCULARES ................................................ 50 Síndrome de Guillain-Barré (polirradiculoneurite desmielinizante idiopática aguda [PDIA]) ............................................................................... 55 Doença de Charcot-Marie-Tooth (CMT) ............................................. 56 Neuropatia diabética .......................................................................... 58 Neuropatia nutricional ........................................................................ 59 Neuropatias por vasculites ................................................................. 61 Doenças da Junção Neuromuscular ...................................................... 63 Miastenia grave .................................................................................. 63 ANOMALIAS EPIFISÁRIAS ............................................................... 67 DEFORMIDADES DA COLUNA ESPINHAL ......................................... 68 CUIDADOS DE ENFERMAGEM AO PACIENTE EM TRAÇÃO ............ 69 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE EM USO DE APARELHO GESSADO ................................................................................... 75 Primeiro vamos entender o que é o gesso! ........................................ 75 2 Orientações e cuidados de enfermagem ............................................ 79 APARELHOS, EQUIPAMENTOS E MATERIAIS ORTOPÉDICOS PRÓTESE X ÓRTESE ..................................................................................... 80 ÓRTESE E PRÓTESE........................................................................... 81 COMPLICAÇÕES FREQUENTEMENTE VISTAS NA ENFERMAGEM ORTOPÉDICA .................................................................................................. 82 REABILITAÇÃO EM ORTOPEDIA ........................................................ 83 Conclusão .............................................................................................. 91 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS....................................................... 92 3 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 4 ATUAÇÃO DA ENFERMEIRA NA UNIDADE DE TRAUMATOLOGIA INTRODUÇAO É bastante frequente, ouvir-se comentários de enfermeiras e de estudantes de enfermagem, de que sua atuação nas unidades de Ortopedia e Traumatologia é limitada e se resume numa rotina a ser obedecida. Diante desta conceituação, achamos oportuno tecer algumas considerações sobre a atuação da enfermeira nesta especialidade, tendo em vista que este campo está ainda pouco explorado. Julgamos que uma das causas do desconhecimento deste campo por parte das enfermeiras e estudantes seja a reformulação do Currículo Mínimo nas Escolas de Enfermagem, que incluiu a Enfermagem em Ortopedia dentro da disciplina de Enfermagem Médico-Cirúrgica. Por outro lado, as Escolas de Enfermagem para atingirem seus objetivos precisam oferecer ao estudante, oportunidade para estágio em todas as especialidades. Isto nos parece natural, uma vez que a enfermeira precisa acompanhar o progresso científico, assim não fosse, os estágios certamente seriam distribuídos de outra forma. Em consequência da atual distribuição, é comum verificar-se que o período de experiência na unidade de Traumatologia fica representado na vida do estudante, apenas como "uma passagem", um "estágio de observação". É do conhecimento geral, que atual- mente os acidente trânsito são muito mais numerosos e violentos, fazendo um número elevado de vítimas que necessitam de cuidados especiais incluindo os recebidos na unidade de Traumatologia. E, como assistir esse paciente e sua família, em tais circunstâncias? Estamos preparadas para oferecer o que o paciente e sua família esperam receber do Hospital? As informações e oportunidades 5 oferecidas pelas Escolas de Enfermagem durante o estágio da disciplina Médico- Cirúrgica são suficiente para dar à enfermeira segurança para atuar junto ao paciente? Poderão ser estas informações fundamentais para a escolha do campo de trabalho, pelo profissional recém-formado? Nossa meta, nesta exposição, é difundir alguns aspectos da assistência de Enfermagem em Traumatologia ; pro- curamos alertar a futura enfermeira sobre os problemas que o paciente poderá apresentar e a conduta a ser tomada. 6 CAMPO DE AÇAO Um dos primeiros aspectos a ser considerado numa unidade de Traumatologia, é que o indivíduo que ocupa o leito hospitalar era, salvo algumas exceções, sadio e ativo, até o momento em que ocorreu o acidente. As consequências deste, podem ser mais ou menos graves para o indivíduo, dependendo da violência do impacto. O diagnóstico médico pode variar desde fraturas simples até fraturas complicadas de membros, coluna, bacia ou costelas, sem esquecer de mencionar os extensos e graves ferimentos descolantes e as amputações traumáticas. Merecem atenção especial, os pacientes politraumatizados que além de fraturas múltiplas, estão sujeitos a apresentar comprometimento neurológico pelo trauma craneano ; urológico pelo trauma da pelves; respiratória pelo trauma de tórax, circulatório em consequência da própria fratura e/ou deslocamento, ou ainda lesão dos órgãos internos pela violência do choque. Sabe-se que o paciente traumatizado, apesar de apresentar fraturas aparentemente simples, está sujeito a complicações tardias no seu funcionamento geral E, o que dizer dos politraumatizados? Ambos necessitam receber, por parte da enfermeira, uma atuação efetiva e segura que, através de observação acura- da, poderá detectar sinais e sintomas que exijam ação imediata do médico assistente. Nesta fase, muitasvezes o tratamento traumatológico se limita à aplicação de medidas de urgência, que permitem uma imobilização provisória do membro ou região afetada, tendo como objetivos reduzir a dor e favorecer a melhoria do estado geral. É aqui, j unto ao paciente, que a enfermeira precisa aplicar seus conhecimentos de enfermagem geral, que, concomitantemente aos recursos terapêuticos poderão decidir sobre o futuro daquele indivíduo sadio, que assumiu bruscamente o papel de paciente. 7 Ultrapassada a fase crítica, o paciente é submetido ao tratamento traumatológico específico, sob forma de tração trans-esqueletica, cirurgia ou colocação de aparelho de gesso, ou ainda, de dois Ou mais tratamentos combinados. É nossa intenção, proceder a uma abordagem de enfermagem em relação aos tratamentos acima mencionados, procurando dessa forma, contribuir para complementar as informações recebidas nos cursos de Enfermagem. Nesta oportunidade, abordaremos aspectos da assistência de enfermagem a ser prestada aos pacientes com aparelho gessado, tendo em vista a identificação das suas necessidades. CUIDADOS ESPECÍFICOS Preparo do paciente o período de imobilização com um aparelho de gesso, em geral é longo e é necessário que o paciente seja ajudado pela enfermeira, a compreender e suportar esta modalidade de tratamento. O sentimento de aprisionamento, a impossibilidade de locomoção quando são mobilizados os membros inferiores e/ou bacia, levando a uma situação de dependência para atendimento de algumas necessidades fisiológicas, são os fatores que mais as- sustam o paciente. Na fase que antecede a colocação do aparelho de gesso á enfermeira precisa interpretar para o paciente e família a importância do tratamento, com vistas na recuperação do seu funcionamento efetivo. Uma atitude serena e compreensiva pode encorajar o paciente a expor suas ansiedades relativas ao tratamento e possibilitar à enfermeira, melhores condições para ajudá-lo nas suas dificuldades futuras. Preparo da pele a limpeza rigorosa e cuidadosa da região que vai ser imobilizada com aparelho de gesso, é a próxima etapa do trabalho. Somente após a remoção da sujeira, com água e sabão, é que o paciente está pronto para receber o aparelho gessado. 8 No caso de imobilização de membro inferior, as unhas dos pés devem ser aparadas e limpas. Merecem atenção específica, a limpeza e secagem dos espaços interdigitais. A evidência de qualquer ferimento ou de lesão dermatológica localizada na região a ser imobilizada, assim como de lesão sistêmica, o médico deverá ser informado, antes da confecção do aparelho de gesso. Providências anteriores à colocação do aparelho gessado. Antecedendo a aplicação das ata- duras gessadas, é necessário proteger a pele da região a ser imobilizada, contra possíveis lesões posteriores. Utiliza- se malha tubular e algodão ortopédico bem distribuído, para revestir a região. As proeminências ósseas merecem atenção especial por estarem mais sujeitas compressão ; o acolchoamento com algodão ortopédico ou feltro poroso oferece a proteção desejada. O acabamento das bordas do aparelho gessado merece cuidado especial, com o propósito de prevenir escarificações na pele e enfraquecimento do gesso. Rebate-se a extremidade da malha tubular sobre as bordas do gesso e passa-se nova camada de atadura gessada, para fixar as extremidades da malha. Transporte e acomodação do paciente As condições do leito no qual vai ser acomodado um paciente com aparelho gessado, são de relevante importância no seu tratamento. Em se tratando de paciente com aparelho que envolve grande área corporal-pelvi- podálico, calção gessado, colete gessado, minerva gessada é de se esperar que o peso do seu corpo acrescido do peso do apa relho, exerçam grande pressão sobre o colchão. Este deve ser firme e estar apoiado sobre estrado também firme, para prevenir afundamento das áreas mais pesadas. A cama deve ser do tipo ortopédico alta e com trapézio de modo a facilitar o trabalho executado pelo pessoal de enfermagem. 9 Uma vez selecionada a cama e o colchão, é necessário reservar travesseiros revestidos de plástico, para ajudar a manter a forma do aparelho gessado e apoiar o corpo do paciente. O aparelho gessado, quando molhado, está sujeito a sofrer alteração na sua modelagem, portanto, a manipulação do paciente com aparelho recentemente confeccionado precisa ser bastante cuidadosa, para evitar áreas de compressão. Estas, produzindo deformidades no gesso, podem levar a consequências às vezes gravíssima, tais como lesões vasculares, neurológicos e de pele. Recomenda-se, portanto, que ao recebermos um paciente com aparelho molhado, se solicite a participação de outras pessoas para acomodá- lo no leito ; estas devem suportar a região envolvida pelo aparelho de gesso, com as mãos espalmadas e os dedos levemente fletidos ; assim procedendo, o peso do paciente é distribuído entre as pessoas, sem haver excesso de solicitação de força, o que poderia levar a flexão dos dedos ; além disto proporciona-se segurança ao paciente e protege-se as pessoas que o manipulam. Uma vez acamado o paciente, deve-se apoiá-lo com travesseiros, procurando sempre manter as posições exigidas pela modelagem do aparelho. É necessário reconhecer, que na maioria das vezes, as posições exigidas pelo tratamento podem levar o paciente a um enorme desconforto, como no caso de colete ou aparelho minerca em posição de hiperextensão. As manifestações de ansiedade, inquietação ou irritabilidade exigem da enfermeira: compreensão, solicitude e observação acurada. Quando é colocado aparelho gessado nos membros, as extremidades devem permanecer elevadas, de forma a favorecer a circulação de retorno e reduzir as possibilidades de edema e com- pressão. Secagem do aparelho gessado Para favorecer a evaporação da água e ajudar a secagem do aparelho, é necessário deixá-lo descoberto. As partes do corpo não incluídas no aparelho, pelo contrário, deverão estar protegidas ou cobertas, incluindo os artelhos, que 10 podem ser envolvidos com algodão ortopédico. Assim procedendo, estamos prevenindo perda de calor corporal. Além da aeração, o calor ambiente favorece a secagem mais rápida do aparelho, portanto, sempre que possível, deve-se levar o paciente ao sol. Uma vez terminada a secagem de uma das faces do aparelho, deve-se mudar a posição do paciente, para completar a evaporação da água na outra face. Mudanças de posição Sabe-se que a permanência contínua numa mesma posição pode ocasionar uma série de distúrbios. Estes podem ser mais sérios no paciente imobilizado com aparelho gessado ; apesar do seu revestimento interno ser de algodão, é possível a for- mação de escaras nas regiões encobertas pelo aparelho. Por vezes o paciente recusa-se a mudar de decúbito, por receio de cansar-se mais facilmente. Para oferecer-lhe maior segurança, deve-se planejar com ele mudanças frequentes de decúbito, de forma a alternar a compressão das áreas corporais. O conforto do paciente depende da utilização de travesseiros e coxins que servem para suportar as várias regiões do corpo, independente do tipo de aparelho para ele indicado. Um paciente com pelvipodálico ou calção gessado poderá permanecer em posição ventral, desde que sejam mantidas as curvaturas do aparelho e seu corpo fique relaxado no leito. Isto se consegue, colocando-se um travesseiro sob o tronco e outro apoiando os membros inferiores, deixando os artelhos livres do contato com o colchão. Sempre que se vai mudar o decúbito do paciente com aparelho pelvipodálico ou calção, deve-se fazê-lo girar, sobre o lado não afetado. Este critério deve também ser adotado, quando se coloca o paciente em decúbito lateral. 11 Conservaçãodo aparelho A eficiência do tratamento através do uso de aparelho gessado depende dos cuidados que devem ser dispensados para manter a sua dureza e integridade. Um aparelho amolecido ou quebrado pode alterar totalmente o curso do tratamento. É importante que, ao serem atendidas as necessidades de higiene e eliminação do paciente, seu aparelho seja protegido contra a umidade. Proporciona-se melhor proteção, nos pacientes com aparelhos que incluam a pelve, colocando-se um impermeável e papel absorvente na parte posterior do recorte do aparelho, quando há necessidade de usar a comadre. Nesta ocasião, eleva-se a cabeceira da cama e apoia-se a região dorso- lombar com um travesseiro colocado no sentido longitudinal. Este recurso, além de reduzir o desconforto pelo uso da comadre, favorece a eliminação, através da ação da gravidade e evita que o aparelho entre em contato com fezes e urina. Caso o aparelho fique molhado ou sujo, a secagem e redução dos odores é conseguida através das mudanças de decúbito e exposição do paciente ao sol. Quando não é utilizada malha tubular para confecção do aparelho, deve- se aplicar nas suas bordas tiras justapostas de esparadrapo. Estas, pelo fato de fixarem também o algodão interno, impedem o enfraquecimento dos bordos, pela fricção contínua do aparelho no leito. Complicações que podem ocorrer Para proporcionar uma assistência eficiente ao paciente em Traumatologia, é indispensável que a enfermeira desenvolva habilidade para identificar sinais e sintomas das complicações a que os mesmos estão sujeitos. A manipulação das partes do corpo do paciente, durante o preparo do aparelho gessado, pode condicionar a dor, no entanto, não é suficiente conhecer este aspecto, é necessário que as reações globais do paciente sejam acompanhadas pela enfermeira. A presença de dor pode estar relaciona- da também a compressão ou garroteamento que talvez tenha ocorrido no momento de aplicar o algodão e as ataduras. É indispensável, portanto, verificar nos pacientes cujos 12 membros estão inclusos no aparelho, a coloração das extremidades - cianose ou palidez, possível alteração de temperatura local em relação ao outro membro, alteração da sensibilidade, presença de edema, possibilidade de movimentação dos artelhos e possíveis manchas de sangue no aparelho gessado. Uma vez que se identifique qualquer sinal de alteração, embora o paciente não se queixe de dor, o médico precisa ser imediatamente informado, pois pode estar ocorrendo alguma complicação, cuja consequência pode ser lesão nervosa Ou vascular. É desnecessário comentar sobre a importância das anotações completas e precisas que devem ser feitas no prontuário, sobre as observações realizadas e as providências tomadas. Com multa frequência, a intervenção médica se limita a um período inicial de observação, quando todos os controles mencionados devem ser rigorosamente registrados, de forma a seguir a evolução do problema. A partir de então, o médico decide so- bre a próxima conduta. CUIDADOS GERAIS Higiene Apesar da imobilização com aparelho gessado, os hábitos de higiene corporal do paciente precisam ser mantidos. As áreas corporais não imobilizadas devem ser levadas diariamente e as extremidades livres mergulhadas na água. Os pacientes cujas extremidades estão engessadas, devem ter seus dedos e artelhos lavados cuidadosamente, devendo ser dado atenção especial aos espaços interdigitais. Desta forma, evita- se a formação de crostas, ao mesmo tempo em que se favorece a circulação local, através da fricção. Nos pacientes com calção gessado ou pelvipodálico, é necessário cuidado especial com o espaço inter-glúteo, para manter a área limpa e seca. Com exceção do paciente com imobilização por minerva, os demais devem ter seus cabelos lavados semanalmente. A higiene corporal é mais eficaz, quando 13 o paciente tem aparelho somente em um dos membros. Uma vez que o estado geral permita, ele poderá ser levado ao chuveiro, desde que o aparelho gessado seja totalmente protegido com plástico. Se for necessário, para oferecer-lhe mais segurança, pode-se colocar uma cadeira no box do chuveiro, para que ele permaneça sentado durante o banho. Em se tratando de imobilização até a raiz da coxa, o paciente precisa sentar- se numa cadeira e apoiar o membro sobre um banco ou cadeira. Alimentação A inclusão não cardápio de verduras, frutas e alimentos ricos em proteínas, é importante para manter a taxa de Nitrogênio, além de favorecer a eliminação intestinal. Eliminação Deve-se estar atenta para que o ritmo do funcionamento intestinal seja conservado dentro dos limites normais. Além da adequação de alimentação e da adoção de posição mais apropriada, a enfermeira deve ensinar ao paciente a realizar exercícios respiratórios com os músculos abdominais, que também colaboram na eliminação do conteúdo intestinal. Movimentação A incidência de osteoporose, nos ossos de uma região que permanece imobilizada por longo tempo, deve-se à descalcificação e desmineralização. Dentro das limitações impostas pela imobilização, a enfermeira precisa aplicar algumas medidas preventivas relativas a esta complicação ; trata-se da mudança frequente de posição - ativa ou passiva. A participação do paciente na sua higiene corporal, nas atividade de vestir-se e despir-se, sentar-se e colocar Ou retirar objetos da mesa de cabeceira, não deve ser considerada somente como uma forma de torná-lo o mais independente possível. É algo mais importante, é a forma de mantê-lo ativo, contraindo e relaxando continuamente seus músculos e utilizando ao máximo suas articulações livres do aparelho gessado. 14 Ele precisa também aprender a contrair regularmente os músculos das regiões imobilizadas, para prevenir a atrofia muscular. A utilização da cama com trapézio, proporciona ao paciente, condições para que se movimente mais frequentemente, elevando o corpo ou movendo-se de um lado para outro. Além de manter-se ativo, ele pode cooperar melhor com o pessoal de enfermagem. É oportuno lembrar, no entanto, que se a utilização contínua e prolongada do trapézio da cama fortalece os músculos flexores do antebraço, por outro lado, não solicitam os seus antagonistas, os extensores. E, caso a forma de ambulação futura do paciente seja com auxílio de muletas, suas dificuldades serão maiores, uma vez que os extensores do antebraço poderão estar enfraquecidos. Pode-se prevenir este problema, soli- citando ao paciente que estando em de- cúbito dorsal, aplique as mãos espalmadas sobre o colchão, de forma a elevar a cabeça e o tórax. Quando colocado em decúbito ventral, elevar o tronco, aplicando da mesma forma, as mãos espalmadas sobre o colchão. Cuidado após a remoção do aparelho Depois de removido o aparelho gessado, verifica-se que a pele geralmente está recoberta por uma camada grossa de células descarnadas e mortas. Para auxiliar na sua remoção, aplica- se uma substância emoliente em toda área com- prometida. Decorridas 24 h, pode-se iniciar cuidadosamente a remoção das crostas, utilizando-se pano macio, água morna e sabão neutro ; caso não seja possível a remoção completa das crostas, por ocorrer queixa de dor e desconforto, repetir a aplicação do emoliente para que a limpeza da pele seja eficiente e não ocasione lesões ou irritações. Talvez seja este o momento decisivo na recuperação das funções musculares e articulares do paciente. Ele necessita de encorajamento, de apoio e compreensão por parte da enfermeira, para que, progressivamente, possa voltar às suas atividades anteriores. 15 É muito provável que o medo da dor, a insegurança decorrente da redução da massa e da força muscular e as limitações da amplitude articular mantenham o paciente numestágio de dependência para determinadas atividades. Ele deve ser encaminhando ao médico, para receber orientação sobre a próxima etapa do tratamento. Uma vez completada a consolidação óssea, as funções do sistema locomotor precisam ser recuperadas, sendo frequentemente necessário, a atuação do fisioterapeuta e da terapeuta ocupacional. Desta forma, o paciente estará recebendo uma assistência mais eficiente e completa, por parte do Hospital. Vimos que, o "caminho" percorrido pelo indivíduo após um acidente, é longo e geralmente penoso ; é fundamental portanto, que durante todo o período de imobilização, ele tenha sido motivado a recomeçar sua vida, às vezes de um ponto mais difícil por causa da interrupção e das limitações, mas o importante é que, pela sua atuação, a enfermeira tenha conseguido atingir um grau efetivo de comunicação com o paciente e família e que estes, em conjunto, possam enfrentar a próxima etapa do restabelecimento. 16 FRATURAS E LESÕES ARTICULARES AMPUTAÇÕES FRATURAS E LESÕES ARTICULARES Antes de iniciarmos esse assunto vou fazer uma breve revisão de alguns elementos anatômicos relacionados a esse tema. Vamos falar de ARTICULAÇÃO As articulações são conexões naturais existentes entre dois ou mais ossos, nos vertebrados, ou entre os artículos dos apêndices dos invertebrados. Nos vertebrados superiores, as articulações móveis estão revestidas de cartilagem e incluem bolsas de fluido lubrificante. Podem ser sinoviais, fibrosas ou cartilagíneas. A coluna vertebral é um exemplo de articulação semi-móvel. O crânio é um exemplo de articulação imóvel. O joelho é um exemplo de articulação móvel. Estrutura das articulações móveis: 17 Ligamentos Os ligamentos são constituídos por fibras colágenas dispostas paralelamente ou intimamente entrelaçadas umas às outras. São maleáveis e flexíveis para permitir perfeita liberdade de movimento, porém são muito fortes, resistentes e inelásticos (para não ceder facilmente à ação de forças. 18 Cápsula Articular É uma membrana conjuntiva que envolve as articulações sinoviais como um manguito. Apresenta-se com duas camadas: a membrana fibrosa (externa) e a membrana sinovial (interna). Ligamentos e cápsula articular tem por finalidade manter a união entre os ossos, mas além disso, impedem o movimento em planos indesejáveis e limitam a amplitude dos movimentos considerados normais. Discos e Meniscos Em várias articulações sinoviais, interpostas as superfícies articulares, encontram-se formações fibrocartilagíneas, os discos e meniscos intra- articulares, de função discutida: serviriam a melhor adaptação das superfícies 19 que se articulam (tornando-as congruentes) ou seriam estruturas destinados a receber violentas pressões, agindo como amortecedores. Meniscos, com sua característica em forma de meia lua, são encontrados na articulação do joelho. Bainha Sinovial dos Tendões Facilitam o deslizamento de tendões que passam através de túneis fibrosos e ósseos (retináculo dos flexores de punho). Bolsas Sinoviais (Bursas) Veja que existe Bainha e Bolsa. Bolsas são fendas no tecido conjuntivo entre os músculos, tendões, ligamentos e ossos. São constituídas por sacos fechados de revestimento sinovial. Facilitam o deslizamento de músculos ou de tendões sobre proeminências ósseas ou ligamentosas. 20 Uma articulação normal é formada por células chamadas CONDRÓCITOS, cuja função básica é fabricar todas as substâncias necessárias para o bom funcionamento da cartilagem articular. Dentre estas substâncias, encontra-se uma proteína denominada COLÁGENO, cuja finalidade é funcionar como uma malha de sustentação, retendo as demais substâncias existentes dentro da cartilagem (Sulfato de Glicosamina, Sulfato de condroitina, querato sulfato), que funcionam como moléculas que retêm água, ajudando, com isso, a absorção de stress mecânico de compressão e tração. A função básica da cartilagem articular é a de diminuir o atrito entre duas superfícies ósseas quando estas executam qualquer tipo de movimento, funcionando como mecanismo de absorção de choque quando submetido à forças de pressões (como no caso do quadril, joelho, tornozelo e pé), ou de tração, como no caso dos membros superiores. Para que este movimento de atrito entre dois ossos seja diminuído, outras estruturas também fazem parte da articulação, desempenhando papéis específicos como no caso do líquido sinovial, que lubrifica as articulações e, dos ligamentos, que ajudam a manter unidas e estáveis as articulações. Na realidade, a cartilagem articular funciona como uma grande mola, ou uma esponja de silicone embebida em água. O estado de hidratação da cartilagem e a integridade da mesma é fator preponderante para a não existência de degradação e. 21 TIPOS DE LESÕES Entorses: Constitui uma forte distensão dos ligamentos que compõe a articulação. Popularmente conhecida como torção, a entorse é mais frequente nas articulações dos tornozelos e joelhos. Os ligamentos, quando tencionados além do limite tolerável, podem sofrer estiramento e se romper, total ou parcialmente. A sensação de dor é forte e o edema local é formado rapidamente. tratamento, com simples imobilização, ou então, a intervenção cirúrgica. 1º Grau (Entorse leve) – Ligamentos preservados, Processo álgico ligamentar, Edema local (Recomenda-se a aplicação de gelo). 2º Grau (Entorse moderado) – Frouxidão ligamentar, dor intensa, Edema difuso + Hematoma (Dependendo da dor pode-se usar bandagem ou gesso). 3º Grau (Entorse grave) - Ruptura ligamentar, parcial ou total. (Cirurgia). 22 23 Luxação: É o deslocamento das superfícies que fazem parte de uma articulação, seguido de dor intensa, edema e hematoma, redução da função motora. Subluxação (desalinhamento sublimiar à luxação das estruturas articulares). 24 Fraturas: É a quebra ou ruptura dos ossos, causada por um impacto de intensidade variável. Os ossos embora muito resistentes, tem naturalmente uma capacidade de deformação para que possam absorver impactos, voltando à sua forma original, quando o agente causador se dissipar. No entanto, cada tipo de acidente poderá trazer aos ossos um tipo de resultado de maior ou menor dano. Como por exemplo: em acidentes menores poderá não haver a “fratura”, mas apenas uma “trinca”, ou os ossos podem despedaçar-se em impactos maiores, podendo chegar ao grau de fraturas de maior intensidade, como “as expostas”, perigosas pelo fato de que se não tratadas adequadamente e rapidamente poderão levar à uma infecção. Fraturas articulares: decorrentes de traumas Fratura por insuficiência: não decorre de trauma, decorre de uma fragilidade da microarquitetura tecidual. EX: osteoporose O que caracteriza uma fratura? Incapacidade total ou parcial de movimentos Dificuldade e dor aos movimentos Observação de inchaço na área atingida Posição anormal do membro atingido Traumatismos Classificação das fraturas Podem ser classificadas da seguinte forma: de acordo com a direção da linha da fratura conforme a localização anatômica de acordo com a forma linear ou cominutiva Quanto ao tipo, podem ser: Múltiplas Por encurtamento e torção Completa e incompleta (quando a estrutura óssea é lesionada na sua totalidade ou apenas em parte). De impacto, oblíquas, epifisárias, penetrantes 25 Por fadiga (stress, comum em atletas) Fechadas ou abertas (Não expostas ou expostas) Tíbia e fíbula fraturadas (ossos da canela), após cirurgia para inserção de placa e parafusos. Foto: Puwadol Jaturawutthichai / Shutterstock.com 01. (EBSERH/MCO-UFBA/IADES/2014)Acerca das lesões do sistema musculoesquelético, assinale a alternativa que apresenta a definição de entorse. a) Tração ou laceração muscular. b) Quebra na continuidade do osso. c) Lesão dos ligamentos e de outros tecidos moles em uma articulação. d) Separação das superfícies articulares. 26 e) Separação parcial das superfícies articulares. COMENTÁRIOS: Vamos repetir alguns conceitos e complementar com outros: Entorse: é uma lesão que ocorre quando se ultrapassa o limite normal de movimento de uma articulação (hiperextensão, por exemplo). Normalmente, ocasiona distensão dos ligamentos e da cápsula articular e, consequentemente, dor intensa ao redor da articulação, dificuldade de movimentação em graus variáveis e, às vezes, sangramentos internos. Estiramento: (ou distensão muscular) caracteriza-se por um rompimento parcial ou completo de fibras ou feixes musculares, resultante de um esforço extremo realizado pelo músculo em questão. Junto com os feixes, são rompidos também capilares sanguíneos, resultando numa infiltração de sangue no local da lesão, formando posteriormente um coágulo. Contusão: é o resultado de um forte impacto na superfície do corpo. Pode causar uma lesão nos tecidos moles da superfície, nos músculos ou em cápsulas ou ligamentos articulares. Luxação: é a separação de dois ossos da articulação, resultante da significativa ruptura dos ligamentos que normalmente conferem estabilidade a uma articulação. Sub-luxação: separação parcial das superfícies articulares. Fratura óssea: como já foi mencionado na nossa parte teórica é a quebra na continuidade do osso. Logo, GABARITO LETRA C. 27 AMPUTAÇÕES A amputação é a remoção de uma extremidade do corpo. As causas mais comuns de amputação dos membros inferiores e superiores são de ordem vascular, por tumores e traumas decorrentes de acidentes em diversas situações. Entre as causas mais comuns de amputação de órgãos inferiores e superiores encontramos: vasculopatias periféricas, traumáticas, tumorais, infecciosas, congênitas e iatrogênicas. Destaca-se dentre elas, a vasculopatia periférica, que acomete em maior número pessoas na faixa etária de mais de 50 anos; sendo os membros inferiores (dedos, pés e pernas) os mais comprometidos Os tumores ósseos malignos como osteossarcoma também são responsáveis por amputação, especialmente de partes dos membros inferiores. Um aspecto comum nos portadores de amputação é o chamado fenômeno "fantásmico", doloroso ou não, normal e ou deformado, que estará presente em 95% dos pacientes. Aproximadamente até a terceira semana após a cirurgia a maioria manifesta a percepção fantásmica de um membro normal e indolor. No entanto, alguns já se referem ao membro como deformado a partir da primeira semana. Para aqueles pacientes do primeiro grupo citado, passada as duas ou três semanas da cirurgia, o membro amputado dá a impressão de estar contorcido e desproporcional e não deveria apresentar dor. A percepção, por parte do paciente, de um membro fantasma doloroso pode manifestar- se em membro fantasma normal ou deformado. Essa dor pode ser de leve a moderada, tolerável, respondendo de forma satisfatória à terapêutica física ou medicamentosa. Sua duração pode ocorrer durante semanas ou anos. A DOR FANTASMA (percepção de sensações, geralmente dolorosas em partes do membro que foram retiradas na cirurgia) é sempre grave e intensa, às vezes resiste a diversas formas de tratamento e consegue até impedir o 28 programa de reabilitação. O surgimento pode se dar precoce ou tardiamente à amputação com duração imprevisível. Já a dor no coto tem localização específica, apresentando características de desprazer leve, moderado ou intenso em consequência de diversos tipos de complicações. Outras complicações, especialmente nos membros inferiores, são os neuromas de amputação ou terminações de nervos no coto que formam um pequeno tumor neural que dá dor ou sensação de choque ao toque. Reabilitação do paciente O tratamento global e integrado do paciente determinará o êxito de todo o trabalho reabilitacional programado. O objetivo final é capacitar o paciente ao maior aproveitamento de suas potencialidades de forma que ele possa ser independente nas atividades diárias da vida. Para isso, inclui-se o tratamento do coto (sem dor), com boa força muscular, sem edema e, portanto, apto para receber o soquete protético. A avaliação compreende a reabilitação e a protetização. Sendo a reabilitação um procedimento terapêutico global que transcende os aspectos físicos, enquanto a protetização é a utilização de recursos técnicos especiais que visam a substituição parcial de um membro. Portanto, a reabilitação pode ser considerada mais completa se for seguida da colocação de uma prótese. 29 Falaremos de prótese mais a frente. Fique atento na sequência. ANOMALIAS CONGÊNITAS - ORTOPÉDICAS Vou citar as 3 principais e falaremos especificamente de cada uma delas. Fora essas principais ainda podemos citar a coxa valga ou vara e o pé escavado ou pé cavo. Vamos lá? Pé torto equinovaro congênito; Escoliose congênita; Luxação congênita do quadril; Ao final falaremos das anomalias do esqueleto apendicular. Pé torto equinovaro congênito É a deformidade mais frequente que envolve as articulações do tornozelo, subtalar e mesotársica. O pé apresenta-se com flexão plantar adução e inversão. Anatomicamente, o defeito primário é a subluxação medial e plantar do complexo articular talocalcâneo-navículo- cuboídeo que ocorre durante o desenvolvimento embrionário. Podendo ser unilateral ou bilateral. A etiologia do pé torto congênito ainda não foi descoberta. A grande variabilidade dessa anomalia no que se refere ao grau de deformidade, resistência ao tratamento clínico, presença de outras malformações associadas, acúmulo familiar e consanguinidade entre os pais nos conduzem a aceitar uma etiologia multifatorial. Várias teorias surgiram com relação a etiologia, tais como: 30 - Teoria esquelética: o defeito primário estaria na deformidade dos ossos do retropé, principalmente o tálus; - Teoria muscular: pesquisas com microscopia eletrônica revelaram alterações importantes nas fibras musculares dos pacientes portadores de pé torto congênito; - Teoria neurológica: alterações primárias nos nervos periféricos seriam responsáveis pela ocorrência das deformidades; - Teoria vascular: as anomalias arteriais em fetos e embriões seriam responsáveis por uma "crise vascular", determinando uma área de necrose na região no nó de Henry; - Teoria da "parada do desenvolvimento: o pé permaneceria em seu estado embrionário desde o terceiro mês de gestação. Todas essas teorias tentaram explicar o aparecimento do pé torto congênito, entretanto nenhuma delas conseguiu explicar todos os casos. Portanto, mais uma vez aceitamos que a etiologia do pé torto seja multifuncional. O pé torto pode aparecer como deformidade isolada ou acompanhado de outras malformações. E podemos dividi-lo em quatro grupos: - Idiopático: Ocorre como deformidade isolada sem qualquer acometimento de outras estruturas músculo-esqueléticas. Pode ser uni ou bilateral. - Teratológico: deformidade associada a alterações neuromusculares. Geralmente bilateral. - Sindrômico: quando faz parte de uma síndrome bem definida, por exemplo: Freeman- Sheldon, Down, Picre-Robin, Larsen etc. Geralmente bilateral. 31 Escoliose congênita Escoliose é o termo que designa um desvio da coluna vertebral no plano frontal. É uma patologia que aparece e progride, principalmente, em pacientes em fase de crescimento, sendo, portanto, uma doença da infância e adolescência. A maioria das curvaturas congênitas aparece e é visível ao nascimento. Entretanto, algumas anormalidades congênitas leves podemnão aparecer durante o crescimento. Em geral, o uso de colete nestas curvaturas é ineficiente e, se houver progresso da curva, será necessária à cirurgia. Tratamento clínico-conservador Se a curva for leve (menor que 20 graus), será adequada uma consulta clínica anual para radiografia e fotografias clínicas. Quando a curva for de etiologia apropriada e não grave o suficiente para a cirurgia, o tratamento com colete será o de escolha. O uso do colete também pode ser indicado para segurar a coluna de uma criança até que esta atinja a idade adequada para cirurgia. O tratamento é feito com colete de Milwaukee, 32 combinado com exercícios específicos. Em muitos casos, o colete deve ser usado por um período de 23 horas por dia, sendo retirado apenas para o banho. As principais indicações para a cirurgia são as seguintes: compressão medular, progressão da curva, dor intensa, dificuldade respiratória e estética. O principal procedimento cirúrgico é a fusão espinhal com ou sem instrumentação com haste de Harrington. Luxação congênita do quadril É um defeito mais frequente em meninas, caracterizado pela perda de contatos normais entre a cabeça do fêmur e o acetábulo, com a cabeça se luxando progressivamente e com maior frequência para trás (anteroversão da bacia e rotação interna do membro). Deve-se com maior frequência às más formações congênitas hereditárias do acetábulo e/ou da cabeça do fêmur (coxa valga), da cápsula e dos ligamentos. Pode ser unilateral ou bilateral. 33 A gravidade poderá apresentar-se em 3 etapas no nascimento: um quadril simplesmente frouxo, um quadril luxável e instável (sinal de Barlow) e um quadril luxado. Associado ao conhecimento dos antecedentes familiares e das condições mecânicas obstétricas, e à pesquisa de problemas posturais associados, uma pesquisa sistemática por ocasião dos exames neonatais dos sinais clássicos (limitação da abdução, sinais de Nelaton, de Ortolani ou de Hoffa, confirmados por RX) e um diagnóstico precoce devem permitir a aplicação de um tratamento simples de abdução não forçada (manutenção das coxas em abdução ou gesso de abdução progressiva) com frequência é suficiente. A incidência aponta uma ocorrência de uma luxação congênita do quadril (LCQ) para cada 700 nascidos. Anomalias do Esqueleto Apendicular: POLITACTILIA Outra categoria de anomalias apendiculares é a do aparecimento de dedos extranumerários. O dedo extra é geralmente desprovido de conexões musculares adequadas. As anomalias em que o número de ossos está aumentado são geralmente bilaterais, ao passo que as ausências dando o exemplo de um polegar são unilaterais. 34 SINDACTILIA A fusão normal é geralmente restrita os dedos ou artelhos, normalmente o mesenquima entre os dedos e os artelhos se desfaz, mas pode não acontecer e o resultado é a fusão de do is ou mais dedos ou artelhos. Em alguns casos pode ocorrer a fusão dos ossos. 35 MÃO FENDIDA E PÉ FENDIDO Nestas anomalias raras, comumente chamadas de deformidade em garra de lagosta, há ausência de um ou mais dígitos centrais, resultado da não formação de um ou mais raios digitais. Assim, a mão ou o pé são divididos em duas partes que se opõe uma à outra, lembrando as garras de uma lagosta. ARTROGRIPOSE Artrogripose é uma doença congênita, caracterizada por deformidade e rigidez nas articulações. A doença se manifesta no processo de desenvolvimento do feto, que quase não apresenta movimentos na barriga da mãe. “Boneco de madeira” é geralmente um termo utilizado para descrever crianças com artrogripose, que apesar de apresentarem deformidades físicas tem desenvolvimento mental normal. Sintomas da Artrogripose Os sintomas da artrogripose são: • rigidez nas articulações, • músculos tensos, • luxação nas articulações, 36 • fraqueza muscular, • ombros deslocados, • cotovelos fixos em extensão, • pés tortos e • dificuldades para se alimentar. Causas da Artrogripose As causas da Artrogripose estão relacionadas com distúrbios nas fibras musculares ou nas células motoras dos bebês, esses distúrbios prejudicam o desenvolvimento normal dos músculos. Diagnóstico da Artrogripose O diagnóstico pode ser feito durante a gestação através de uma ultra- sonografia. A ausência de movimento, posição anormal dos membros e retardo no crescimento intra-uterino são sintomas que confirmam o diagnóstico pré- natal. Tratamento da Artrogripose O tratamento cirúrgico é o mais utilizado e visa melhorar o movimento das articulações. Quanto mais rápido for feita a cirurgia, melhor para o desenvolvimento motor da criança. Dependendo da gravidade das deformações o tratamento requer a utilização de equipamentos de apoio, como cadeiras de rodas , material escolar adaptado ou muletas. O tratamento da artrogripose inclui orientação dos pais e um plano de intervenção que tem o objetivo de desenvolver a independência da criança, para isso a terapia ocupacional é uma das técnicas utilizadas. 37 DOENÇAS INFLAMATÓRIAS Infecções, bactérias e fungos podem provocar inflamação nos ossos OSTEOMIELITE Osteomielite é o nome dado para a INFLAMAÇÃO DOS OSSOS, provocada por pelo menos 3 fatores: infecções, bactérias e fungos. A inflamação pode iniciar-se em um local e espalhar para outros ou se manter no mesmo lugar, ela poderá comprometer a medula, a parte cortical, o periósteo e a parte esponjosa. Os ossos que normalmente acabam sofrendo com inflamações são os longos dos membros e da coluna vertebral, e na maioria das vezes são acometidos por bactérias e menores são os casos, provocados pelos fungos. As crianças sofrem com a inflamação óssea, que acontece através da circulação do sangue, e acabam provocando febre e até mesmo dores nos ossos, depois de alguns dias da infecção instalada. Em alguns casos, o osso inflamado incha e movimentá-lo passa a ser muito difícil e muito doloroso. Quando as infecções atingem as vértebras, o processo de instalação da doença é gradual, e o paciente vai sentindo dores nas costas, que ficam cada vez mais insistentes e em um certo ponto, um simples toque representa uma dor fortíssima. 38 Quando as infecções dos ossos são consequências de infecções dos tecidos moles adjacentes, o paciente fica com muita dor e inchaço localizado em cima do osso doente, neste caso, algumas pessoas apresentam a formação de abcessos nos tecidos que estão em volta. Se trata de uma infecção que nem sempre causa febre Vamos outros conceitos relacionados a inflamações ortopédicas: Tenosinovite–inflamação da bainha sinovial que envolve o tendão. Paratendinite–inflamação e espessamento da bainha paratendãodos tendões que não tem bainha sinovial. Tendinite inflamação do tendão. Bursite: Bursite é a inflamação da bolsa sinovial, uma estrutura cheia de líquido que se localiza entre um tendão e a pele ou entre um tendão e o osso, com função de amortecimento, e auxílio no deslizamento dos tecidos e sua nutrição. A doença pode ser aguda ou crônica. A ocorrência de bursite é mais comum nos ombros, cotovelos e quadril. Mas ela também pode ocorrer nos joelhos, calcanhares e no dedão do pé, além de outras articulações. Em geral, bursite ocorre perto das articulações que realizam movimentos repetitivos. A causa mais comum de bursite é a repetição de movimentos em determinadas articulações ou posições que possam causar danos às bursas. Isso pode acontecer nas seguintes situações: • Lançar bolas ou levantar algo sobre sua cabeça repetidamente • Apoiar-se em seus cotovelos por longos períodos de tempo • Ajoelhar-se por períodos longos de tempo • Ficar muito tempo sentado, principalmente sobre lugares pouco confortáveis e com superfícies duras 39 • Alguns bursas,como no joelho e cotovelo ficam logo abaixo da pele. São esses os locais do corpo com maior risco de traumas que podem ocasionar à bursite. Além do uso excessivo e crônico das articulações, bursite também pode ser causada por traumas ortopédicos, processos reumatológicos, gota ou por algum tipo de infecção. Algumas vezes, a causa da bursite não pode ser determinada. DOENÇAS ARTICULARES DEGENERATIVAS Seguindo a linha também das doenças inflamatórias, vocês verão a seguir doenças inflamatória, porém também articulares degenerativas. ARTRITE A artrite é um processo de INFLAMAÇÃO ARTICULAR e pode resultar em lesão da cartilagem (um tecido que protege a articulação, permitindo que ela se mova suavemente além de absorver choques entre os ossos), dos ossos locais, da capsula articular e ligamentos. Quando sua causa e tratada a tempo a articulação volta ao normal. Dependendo da causa isso nem sempre ocorre. Nesses casos, o paciente é diagnosticado com artrite crônica. Os principais tipos de artrite são a artrite reumatoide e a osteoartrite Outros tipos mais comuns podem incluir: Espondilite anquilosante Artrite gonocócica Condrocalcinose Artrite reumatoide juvenil (em crianças) Outras infecções por bactéria (artrite bacteriana não gonocócica) Artrite psoriática 40 Artrite reativa (síndrome de Reiter) Esclerodermia Lúpus eritematoso sistêmico (LES) A inflamação nas articulações pode ser decorrente de: Doença autoimune Trauma Desgaste geral das articulações Infecção, geralmente por bactéria ou vírus Deposito de cristais (metabólica). Vamos definir o tipo de Artrite mais comum, a Artrite reumatoide: A Artrite Reumatoide é uma doença crônica, INFLAMATÓRIA, cuja principal característica é a inflamação das articulações, embora outros órgãos também possam estar comprometidos. A AR é uma DOENÇA AUTOIMUNE, ou seja, é uma condição em que o sistema imunológico, que normalmente defende o nosso corpo de infecções (vírus e bactérias), passa a atacar o próprio organismo (no caso, o tecido que envolve as articulações, conhecido como sinóvia). A inflamação persistente das articulações, se não tratada de forma adequada, pode levar à destruição das articulações, o que ocasiona 41 deformidades e limitações para o trabalho e para as atividades da vida diária. 42 Artroses, Osteoartrite e Osteoartoses Os termos Osteoartrose, Osteoartrite e Artrose definem uma mesma doença que chega a acometer até 30% da população adulta acima dos 50 anos. Os termos Osteoartrite e Osteoartrose surgiram posteriormente, para exemplificar melhor a doença Artrose, quando foi descoberto que o osso sub condral (embaixo da cartilagem) participava no processo fisiopatológico da Doença. Resumindo, quando nos referimos a Osteoartrose, Osteoartrite ou Artrose estaremos sempre falando de uma mesma doença que deve ser tratada o mais precocemente possível, para que a mesma não cause incapacidade. São doenças que atacam as articulações promovendo, principalmente, o DESGASTE DA CARTILAGEM que recobre as extremidades dos ossos, mas que também danifica outros componentes articulares como os ligamentos, a membrana sinovial e o líquido sinovial. A cartilagem articular tem por função promover o deslizamento, sem atrito, entre duas extremidade ósseas durante o movimento de uma articulação. Seu comprometimento pode gerar dor, inchaço e limitação funcional. Apesar de poder danificar qualquer articulação do corpo, a artrose afeta mais comumente as articulações das mãos, da coluna, joelhos e quadris. A artrose piora progressivamente com o tempo, e não existe cura. Mas os tratamentos podem retardar a progressão da doença, aliviar a dor e melhorar a função articular. 43 Essa patologia pode acometer várias articulações (poliarticular). Veja os locais de acometimento da Artrose: 44 GOTA Gota é um TIPO DE ARTRITE que ocorre quando o ÁCIDO ÚRICO SE ACUMULA NO SANGUE e causa inflamação nas articulações. A gota também pode ser chamada de Doença dos Reis Há dois tipos diferentes de gota: • Gota aguda: é uma doença dolorosa que normalmente afeta uma articulação • Gota crônica: consiste em episódios repetidos de dor e inflamação que podem envolver mais de uma articulação. A gota é causada pela presença de níveis mais altos do que o normal de ácido úrico na corrente sanguínea. Isso pode ocorrer se o corpo produzir ácido úrico em excesso ou se o tiver dificuldade de eliminar o ácido úrico produzido. Quando essa substância se acumula no líquido ao redor das articulações (líquido sinovial), são formados cristais de ácido úrico. Esses cristais causam inchaço e inflamação nas articulações. A causa exata da gota, no entanto, é desconhecida. Fatores de risco Histórico familiar, uma vez que a doença pode ser genética Sexo: gota é mais comum em homens 45 Mulheres após a menopausa Ingestão excessiva de álcool Uso de determinados medicamentos diuréticos Hipertensão Diabetes Colesterol alto Altos níveis de gordura corporal Arteriosclerose DOENÇAS METABÓLICAS Avitaminoses • O escorbuto ocorre com equimoses, hemorragias nos músculos das extremidades, tromboflebite secundária, hemorragias intrarticulares e na esquivalia, nos leitos ungueais. • A falta de tiamina ou B1 causa neuropatia periférica, encefalopatia de Wernicke e síndrome de Korsakoff. • A falta de piridoxina ou B6 manifesta-se com vómitos, fraqueza, instabilidade e neuropatia periférica. • A carência de cobalamina ou B12 provoca irritabilidade, confusão, neuropatia periférica, diarreias, etc. • A falta prolongada de retinol ou vitamina A causa cegueira nocturna, xeroftalmia, queratomalacia, etc. • A falta de vitamina D provoca raquitismo, osteomalacia, osteoporose, fraqueza muscular, cãibras musculares, tetania e convulsões. • O défice de vitamina E provoca arreflexia, distúrbios da marcha, oftalmoplegia, perda da sensibilidade proprioceptiva e vibratória, edema. • A carência de vitamina K pode provocar hemorragias. 46 Osteodistrofia paratiroideia. O dado inicial mais comum é a dor óssea de aumento progressivo, espontânea e à palpação dos ossos, nas extremidades inferiores e nas costas. São comuns a hipotonia e a fraqueza muscular, com predisposição para as fraturas na sequência de traumatismos triviais, que demoram a consolidar ou fazem-no com deformidades. Osteomalacia Caracteriza-se pelo fato de todos os ossos do esqueleto terem menor densidade e força, que se deformam pelas tensões musculares e pelas posturas. Afeta sobretudo os membros inferiores com curvaturas de fémur e tíbia, sendo a cifose frequente. Osteoporose Osteoporose é uma doença METABÓLICA, SISTÊMICA que acomete todos os ossos. A prevalência da osteoporose, acompanhada da morbidade e mortalidade de suas fraturas, aumenta a cada ano. Estima-se que com o envelhecimento populacional na América Latina, o ano de 2050, quando comparado a 1950, terá um crescimento de 400% no número de fraturas de quadril para homens e mulheres entre 50 e 60 anos, e próximo de 700% nas idades superiores a 65 anos. Estima-se que a proporção da osteoporose para homens e mulheres seja de seis mulheres para um homem a partir dos 50 anos e duas para um acima de 60 anos. Aproximadamente uma em cada três mulheres vai apresentar uma fratura óssea durante a vida. Nós temos no corpo células responsáveis pela formação óssea e outras pela reabsorção óssea. O tecido ósseo vai envelhecendo com o passar do tempo, assim como todas as outras células do nosso corpo. O tecido ósseo velho é destruído pelas células chamadas osteoclastos e criados pelas células 47 reconstrutoras, os osteoblastos. Esse processo de destruição das células é chamado de reabsorção óssea, que ficacomprometido na osteoporose, pois o corpo passa a absorver mais osso do que produzir ou então não produzir o suficiente. Deficiência de cálcio O cálcio é um mineral essencial à formação normal dos ossos. Durante a juventude, o corpo usa o mineral para produzir o esqueleto. Além disso, o osso é o nosso principal reservatório de cálcio, e é ele quem fornece esse nutriente para outras funções do corpo, como o funcionamento cardíaco. Quando o metabolismo do osso está em equilíbrio, ele retira e repõe o cálcio dos ossos sem comprometer essa estrutura. Esses nutrientes são obtidos por meio da alimentação, por isso, se a ingestão de cálcio não é suficiente, ou então o organismo não está conseguindo absorver esse cálcio ingerido, a produção de ossos e tecidos ósseos pode ser afetada, não havendo nutrientes suficientes para produzir o esqueleto e suprir toda a demanda de cálcio do resto do corpo. Dessa forma, a ingestão insuficiente ou a má absorção desses nutrientes pode ser uma das causas da osteoporose. A massa óssea baixa e a deterioração da arquitectura do osso provocam fragilidade óssea e susceptibilidade de fractura. A maioria dos doentes é idosa. A dor é do tipo lombalgia baixa e irradia à volta do tronco ou para os membros inferiores. Piora com as vibrações ou o movimento. 48 Trata-se de uma doença crónica muito frequente, de prevalência progressiva, que causa uma grande perda da qualidade de vida e invalidez em inúmeros casos. Entre 20 a 50% dos indivíduos afectados não podem andar e mais de um terço fazem-no de forma totalmente dependente. Se acrescentarmos as fracturas da anca às fracturas proximais do úmero e distais do rádio de origem osteoporótica, obteremos 154.000 por ano. A incidência das ditas fracturas duplicou nos 10 últimos anos. Nanismo hipofisário O nanismo adiposogenital de Froehlich é acompanhado por obesidade, sendo frequente um atraso mental que incapacita a condução apesar de a altura ser a mínima permitida, ao passo que o tipo de Lorain não apresenta alterações mentais. Gigantismo e acromegalia No gigantismo, o desenvolvimento mental está abaixo do normal. Na acromegalia, verifica-se um aumento da ossificação, distribuída de forma desigual, com deformidades como um tórax de grandes dimensões. É frequente a artrite acromegálica devido às cartilagens articulares mais grossas que, posteriormente, degeneram. 49 Mucopolisacaridose. Mucopolissacaridose ou MPS é um subgrupo das doenças de depósito lisossômicos (DDL)as quais pertencem ao ainda maior grupo de doenças genéticas do metabolismo, causadas por deficiência de enzimas. Juntas, afetam cerca de 1 em cada 25.000 nascidos vivos por ano Agora pra você lembrar que é uma doença HEREDITÁRIA. Regra geral, ocorrem deformidades esqueléticas e, em alguns casos, mudanças ósseas e da córnea graves, assim como alteração mental ou do sistema nervoso central. Osteíte deformante ou doença de Paget As mudanças ósseas caracterizam-se por engrossamento, amolecimento, deformidade e, mais tarde, por ossificação, que pode começar na tíbia, mas em 75% dos doentes progride para a forma poliostótica. Ocorre dor nas extremidades inferiores, coxas ou ancas. A afectação do crânio pode causar dores de cabeça, vertigens, distúrbios auditivos e visuais, que incapacitam a condução. Os traumatismos triviais podem causar fracturas espontâneas, especialmente no fémur e tíbia. Reticulose • Na maioria dos doentes, a doença de Hodgkin causa dor surda, com ardor ou lancinante, que pode ser de tal forma intensa que interfira com o funcionamento das articulações adjacentes.Na coluna vertebral podem ocorrer dores irradiadas na cintura e compressão medular. • A leucemia linfoblástica é a que provoca com mais frequência mudanças ósseas, sobretudo no joelho e ombro, que se manifestam como “artrite” poliarticular, com dor, edema e limitação dos movimentos que incapacitam a condução. • O mieloma múltiplo provoca, de início, dor, mas é frequente aparecer com uma fractura patológica ou paraplegia. 50 ANOMALIAS NEUROMUSCULARES As doenças neuromusculares compreendem um grupo de doenças que direta (via distúrbio intrínseco do músculo) ou indiretamente (via distúrbio do neurônio motor, seus prolongamentos ou da junção neuromuscular) afetam a função muscular. O diagnóstico é estabelecido basicamente por meio da história e do exame físico. Algumas informações são importantes para que o nível da lesão seja definido e para que seja realizada diferenciação entre as diversas doenças neuromusculares existentes. A rapidez com que a doença progride (aguda, subaguda ou crônica), o padrão de acometimento dos sintomas (proximal, distal, face), a história familiar (forma hereditária ou adquirida) e os fatores desencadeantes também auxiliam na abordagem desses pacientes. DOENÇAS DO NEURÔNIO MOTOR Esclerose lateral amiotrófica Definição A esclerose lateral amiotrófica (ELA) é uma doença neuro-degenerativa do sistema motor com comprometimento dos neurônios do corno anterior da medula e dos neurônios motores do córtex cerebral. Caracteriza-se pela combinação de sinais do neurônio motor superior e inferior. Etiologia A etiologia dessa doença é complexa e multifatorial. Geralmente é esporádica, mas pode ser familiar (5 a 10%) com herança autossômica dominante (gene que codifica a enzima superóxido-dismutase [SOD1]). Relaciona-se com a existência de algum fator genético, e a sua expressão clínica 51 está relacionada com a exposição desse indivíduo, marcado geneticamente, a algum fator, ou fatores, que são desencadeadores do processo de degeneração do moto- neurônio (p. ex., processo inflamatório, envelhecimento, vírus, exposição a agentes tóxicos, etc.). Epidemiologia A incidência da ELA é rara, ocorrendo cerca de 2 casos para 100.000 pessoas/ano. Indivíduos do sexo masculino são mais afetados do que os do feminino em uma proporção de 2:1, e os brancos são mais acometidos do que os negros. A idade média de início é 50 anos, e a forma esporádica compreende mais de 90% dos casos. Entre os pacientes com a doença, 50% sobrevivem por três anos, e 28%, por mais de cinco anos. Patogênese Ao realizar exame macroscópico, nota-se um afilamento das raízes anteriores da medula. Por meio desse exame, torna-se evidente a perda neuronal no córtex motor, nos núcleos dos nervos cranianos e no corno anterior da medula, bem como a redução das fibras dos feixes corticobulbares e corticoespinais. É interessante que não haja evidência de processo inflamatório nas estruturas envolvidas. 52 Sinais e sintomas Quando o paciente apresenta sinais proeminentes de envolvimento do neurônio motor superior e inferior nos dois membros e nos músculos bulbares (25% dos pacientes apresentam disartria, disfagia), sem comprometimento sensitivo, autonômico e visual, o diagnóstico clínico é evidente, e o diferencial é restrito. Entretanto, o desafio encontra-se nos pacientes em estágio inicial da doença, que podem ter diferentes formas de apresentação clínica, dependendo do sítio acometido, alargando o diagnóstico diferencial. Diagnóstico Até o momento, não há marcador biológico específico para pacientes com ELA, e o diagnóstico está baseado na história, no exame físico e em alguns achados de exames complementares, como os seguintes: Eletroneuromiografia: comprometimento do neurônio motor em regiões clinicamente comprometidas e não comprometidas; denervação e reinervação 53 (fasciculações, fibrilações, polifásicos com amplitude aumentada de unidades motoras) e velocidade de condução normal inicialmente. Aspectos clínicos típicos de pacientes com esclerose lateral amiotrófica Essa doença é caracterizada por fraqueza, sem comprometimento cognitivo, sensorial ou autonômico, e uma combinaçãode sinais dos neurônios motor superior (fraqueza, aumento do tônus, espasticidade, hiper-reflexia, cutâneo plantar em extensão, atrofia) e inferior (fraqueza, hipotonia, ausência de reflexos, atrofia e fasciculações). Exames de neuroimagem: devem ser realizados a fim de descartar doenças que possam mimetizar ELA. Exames laboratoriais: devem ser realizados para descartar outras doenças ELA-like. Tratamento Para o tratamento de pacientes com ELA, utiliza-se riluzol (Rilutek®), 50 mg, duas vezes ao dia, administrado em períodos distantes das refeições. Esse medicamento diminui a progressão da doença. Como suporte, pode-se realizar gastrostomia, ventilação não invasiva, controle da saliva, fisioterapia, fono- terapia e utilizar antiespasmódicos. Doenças dos Nervos Periféricos As doenças dos nervos periféricos formam um conjunto de síndromes clínicas que afetam nervos periféricos sensitivos, motores e/ou autonômicos. Apesar das diversas etiologias dessas doenças, as respostas a uma lesão são limitadas: axonopatias, neuronopatias ou mielinopatias. Na abordagem diagnóstica, a primeira etapa é determinar, por meio da história e exame físico, se o paciente apresenta uma neuropatia periférica (ver Quadro 95.2). 54 Determinada a existência de neuropatia, deve-se caracterizar a síndrome, levando em consideração alguns parâmetros, desde a rapidez com que se estabelece até a distribuição e o padrão dos achados clínicos. Dessa forma, pode-se limitar as possibilidades diagnósticas e planejar os exames complementares. Rapidez de estabelecimento: aguda: horas até um mês; subaguda: um a dois meses; crônica: mais de dois meses. Tipo de fibra nervosa envolvida: motora, sensitiva, autonômica ou mista. Tamanho da fibra nervosa envolvida: grossa (fibras motoras, propriocepção e vibração), fina (dor, temperatura e sintomas autonômicos) ou mista. Distribuição: proximal, distal, difusa. Padrão: mononeuropatia, polineuropatia ou mononeuropatia múltipla. Patologia: axonal, desmielinizante ou mista. 55 Síndrome de Guillain-Barré (polirradiculoneurite desmielinizante idiopática aguda [PDIA]) Definição A síndrome de Guillain-Barré é uma doença desmielinizante que afeta os nervos periféricos, potencialmente grave, podendo resultar em falência respiratória aguda mesmo nos pacientes nos quais não há fraqueza dos membros. Etiologia Entre os pacientes com essa doença, 25% apresentam infecção prévia por Campylobacter jejuni, realizaram vacina, submeteram-se à cirurgia uma a três semanas antes do início dos sintomas, ou são mulheres grávidas. Sinais e sintomas Os pacientes com síndrome de Guillain-Barré apresentam fraqueza simétrica ascendente e rapidamente progressiva. Os reflexos tendinosos profundos ficam diminuídos ou podem inexistir. Podem ocorrer também diplegia 56 facial (aspecto de máscara, ausência mímica facial), disfagia e dificuldade respiratória. Tratamento Para pacientes com essa doença, pode-se realizar ventilação mecânica se a capacidade vital for menor do que 15 cc/kg ou 0,6 L, ou maior, se estiver reduzindo rapidamente. Outras opções igualmente efetivas são plasmaférese e imunoglobulina IV. A administração de corticoide não apresenta benefício. Prognóstico O prognóstico desses pacientes é fatal em 4 a 15%, deixa sequela em 20% e em 35% apresenta déficit permanente. Ocorre recaída em 10% dos indivíduos, 50% atingem o nadir em uma semana, e 90%, em um mês. Doença de Charcot-Marie-Tooth (CMT) Definição A CMT é causada por mutações em genes que codificam proteínas de diferentes localizações (mielina, células de Schwan e axônios) e que estão envolvidas em diversas funções: desde compactação e manutenção da mielina para formação do citoesqueleto, transporte axonal até metabolismo mitocondrial. Independentemente desse processo, a lesão final que se estabelece é uma degeneração axonal, principalmente nas fibras grossas e longas. Epidemiologia A CMT é uma das doenças neuromusculares hereditárias mais comuns, com uma prevalência de mais de 40/100.000 pessoas. 57 Etiologia Essa doença é geneticamente heterogênea com diferentes mutações resultando em fenótipo clínicos semelhantes. Também conhecida como neuropatia sensitivo-motora hereditária. A maioria das pessoas com CMT apresenta herança autossômica dominante, mas todos os tipos de transmissão podem ser observados. Sinais e sintomas O fenótipo típico da CMT é de atrofia, fraqueza e perda sensitiva com início distal e progressão proximal. Os sintomas motores manifestam-se inicialmente nos pés, com fraqueza na musculatura intrínseca, pés cavos e dedo em martelo, diminuição da sensibilidade vibratória, dor ao toque. Algumas vezes, ocorre perda da sensibilidade proprioceptiva, ocasionando ataxia sensitiva. Não há reflexos tendinosos profundos. Tratamento Ainda não há tratamento medicamentoso efetivo para pacientes com CMT. O tratamento de suporte consiste em fisioterapia, órteses e correções cirúrgicas das deformidades, sendo necessária uma abordagem multidisciplinar. 58 Neuropatia diabética Definição A neuropatia diabética é causada por diabetes melito (DM). Diversas síndromes clínicas foram identificadas, tais como as seguintes: • Mononeuropatias agudas • Mononeuropatias múltiplas e radiculopatias • Polineuropatia distal • Neuropatia autonômica Epidemiologia A neuropatia diabética é incomum antes dos 30 anos. Quinze por cento dos pacientes com DM tipo 1 e 13% dos pacientes com tipo 2 apresentam polineuropatia sintomática, mas as taxas de ocorrência aumentam quando se avalia a ENMG desses pacientes. 59 Patogênese Perda de fibras nervosas mielinizadas é o achado mais proeminente em casos de polineuropatia distal. Desmielinização e remielinização segmentar, formação de bulbo com aspecto de cebola e redução do número de fibras não mielinizadas são achados secundários à isquemia aguda da vasa nervorum. Diagnóstico: O diagnóstico dessa condição é clínico, e a realização de ENMG confirma-o. Tratamento: Nesses casos, deve-se manter níveis glicêmicos adequados. Pode-se realizar tratamento sintomático com antidepressivos tricíclicos e anticonvulsivantes. Neuropatia nutricional Definição A neuropatia nutricional é uma doença dos nervos periféricos que ocorre devido à deficiência isolada ou complexa de nutrientes. A causa mais comum dessa doença no Ocidente está associada ao uso de álcool. Epidemiologia Estima-se que entre 25 a 66% dos alcoolistas crônicos desenvolvam neuropatia durante a vida. Os fatores diretamente associados ao desenvolvimento de neuropatia são o período em que se consome o álcool e a quantidade. Patogênese A neuropatia nutricional é causada por lesão axonal de fibras nervosas de pequeno calibre associada às seguintes hipóteses distintas ou associadas: 60 Deficiência de tiamina: o etanol reduz a absorção intestinal de tiamina e também o estoque hepático e altera a fosforilação dela. A dieta do paciente com alcoolismo crônico geralmente é desequilibrada. Efeito neurotóxico direto do etanol ou de seus metabólitos (acetaldeído): dose-dependente, alteração na modulação da cascata de sinalização intracelular da qual a proteína quinase A e C fazem parte; desequilíbrio do transporte axonal e das propriedades do citoesqueleto. Sinais e sintomas Pacientes com neuropatia alcoólica pura (sem evidência de deficiência de tiamina) apresentam sintomas sensitivos (diminuição da sensibilidade superficial e dor) lentamente progressivos, que se manifestam de forma inicial nos membros inferiores. Também podem posteriormente apresentar fraqueza, queimação, ataxia e quedas. Quando associada a déficits nutricionais, a apresentação clínica é variável. Diagnóstico O diagnóstico pode ser determinadopor meio das seguintes avaliações: História de uso de álcool (100 mL de álcool etílico por dia durante três anos) ENMG: não é específica para neuropatia alcoólica; polineuropatia sensitivo-motora axonal. Exames laboratoriais para exclusão de outras doenças: eletrólitos, função renal, função hepática, glicose, funções da tireoide, níveis de tiamina, piridoxina, vitamina B12, ácido fólico, niacina, vitamina A, biotina; metais pesados, VSG, HIV, sífilis. Biópsia de nervo. Avaliação do tubo gastrintestinal. Tratamento O tratamento de pacientes com neuropatia nutricional objetiva controlar os sintomas, treinar a capacidade de funcionamento independente, prevenir lesões, cessar o consumo de álcool, administrar suplementação vitamínica e calórica e medicações para dor neuropática e realizar fisioterapia. 61 Neuropatias por vasculites Definição As neuropatias por vasculites são um grupo heterogêneo de doenças que afetam variados órgãos e vasos sanguíneos de diferentes diâmetros. Sinais e sintomas São sinais e sintomas de pacientes com neuropatias por vasculites: mononeuropatia dolorosa, polineuropatia assimétrica ou mononeuropatia múltipla de início agudo ou subagudo. Elas afetam principalmente os membros inferiores. Os sintomas sistêmicos são mialgias, artral- gias, perda de peso, sintomas respiratórios, dor adominal, hematúria, rash e sudorese noturna. Classificação As neuropatias por vasculites podem ser classificadas das seguintes formas: Sistêmicas: –Primárias: sem causa definida; poliarterite nodosa, granulomatose de Wegener, síndrome de Churg- Strauss e poliangeíte microscópica. –Secundárias: drogas, vírus, doenças do tecido conectivo; artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, crioglobulinemia associada ao vírus C, HIV, citomegalovírus, sarcoidose. Não sistêmica: restrita aos nervos e aos músculos. Diagnóstico O diagnóstico pode ser estabelecido por meio das seguintes avaliações: ENMG: padrão axonal agudo ou subagudo, com envolvimento sensitivo e motor multifocal. Laboratorial: hemograma, eletrólitos, ureia, creatinina, glicose, VSG, proteína Creativa, FAN, fator reumatoide (FR), anticorpo anticitoplasma de neutrófilos (ANCA), hepatite C e B, crioglobulinas, proteinogra ma, HIV, sífilis. 62 Biópsia de nervo e músculo: 60% apresentam deposição de imunocomplexos, inflamação e destruição da parede dos vasos. Tratamento Para o tratamento de pacientes que apresentam neuropatia com envolvimento sistêmico primário, deve-se administrar corticoide intravenoso (indução) e imunossupressores (manutenção). Para os casos de neuropatia com envolvimento sistêmico secundário, é contraindicado o uso de imunossupressão crônica, e o tratamento é direcionado para a doença de base. Devido à benignidade da neuropatia não sistêmica, geralmente não é realizado tratamento para esses pacientes. Pode-se utilizar corticoide via oral ou, se a doença for mais agressiva, imunossupressores. 63 Doenças da Junção Neuromuscular Miastenia grave Definição A miastemia grave é uma doença autoimune potencialmente grave, mas que pode ser tratada. Caracteriza-se por fraqueza e fatigabilidade da musculatura voluntária. Epidemiologia A incidência anual dessa doença é de 2/100.000 pessoas/ ano, mas a prevalência pode chegar a mais de 50/100.000 pessoas. Ela apresenta dois picos de incidência, o primeiro entre 20 e 30 anos, afetando mais mulheres, e o segundo entre 60 e 70 anos, acometendo mais homens. Etiologia e patogênese Os fatores que desencadeiam ou induzem o processo autoimune ainda não são conhecidos. Na maior parte dos casos, o alvo do ataque autoimune é o receptor nicotínico de acetilcolina (85% dos casos), localizado na membrana pós-sináptica da placa mioneural. Metade dos pacientes soronegativos apresenta um anticorpo antiquinase muscular específica (anti-MuSK). A perda de um grande número de receptores de acetilcolina nos músculos limita a 64 quantidade de fibras que se despolarizam durante a ativação do músculo pela terminação nervosa, diminuindo, assim, a geração de ações musculares e impedindo a contração das fibras. Os principais mediadores da resposta autoimune em casos de miastemia grave são os linfócitos T derivados do timo. No exame anatomopatológico, é possível verificar infiltrado linfocítico associado a pequenos focos necróticos na fibra muscular, atrofia das fibras tipo 1 e 2, hiperplasiacomfolículos linfoides, evidenciando centros germinativos em 70% dos timos, e timoma em 10%. Alguns fatores podem agravar a miastenia grave, tais como infeções e o uso de drogas (Tab. 95.5) da figura logo abaixo. Sinais e sintomas Nos casos de miastenia grave, cinco subgrupos de sinais e sintomas são conhecidos: Grupo 1: comprometimento da musculatura ocular isolada. Grupo 2: fraqueza generalizada leve. Grupo 3: fraqueza generalizada moderada ou fraqueza bulbo-ocular leve a moderada. Grupo 4: fraqueza generalizada ou bulbo-ocular grave. Grupo 5: crise miastênica. 65 Entre os pacientes com miastenia ocular primária, 85 a 90% desenvolvem fraqueza generalizada nos dois anos seguintes. A forma mais comum é a generalizada, que se apresenta com fraqueza flutuante, havendo piora no final do dia e cansaço fácil na musculatura extraocular, bulbar e de extremidades. Alguns sinais e sintomas típicos são voz anasalada, dificuldade de mastigação, diplopia, ptose e paresia ocular. Os reflexos pupilares são poupados. Diagnóstico O diagnóstico pode ser estabelecido por meio das seguintes avaliações: Farmacológica: teste do Tensilon® (edrofônio), droga anticolinesterásica intravenosa de curta ação (2 a 4 minutos). Sorológica: anticorpo antirreceptor de acetilcolina, anticorpo antirreceptor muscarínico específico. Eletrofisiológica: redução da amplitude do potencial de ação composto evocado durante a estimulação repetitiva supramáxima de um nervo. A ENMG de fibra única é mais sensível. Imagem: raio X de tórax pode evidenciar massa mediastinal. A tomografia computadorizada (TC) de tórax deve ser realizada em todos os pacientes recém- diagnosticados. 66 Tratamento O tratamento pode ser realizado com a administração de anticolinesterásicos, corticosteroides, imunossupressores, imunoglobulina e com plasmaférese e timectomia. Pacientes com crise miastênica (agravamento da mistenia em geral por infecção, drogas ou tratamento inadequado) e crise colinérgica (excesso de acetilcolina na junção neuromuscular devido ao uso excessivo de drogas anticolinesterásicas) apresentam fraqueza, e são crises consideradas emergências médicas pelo risco de insuficiência respiratória. Elas podem ocorrer concomitantemente. Doenças do Músculo Existem inúmeras doenças neuromusculares resultantes do comprometimento dos músculos estriados. Essa diversidade evidencia um caráter desafiador para o diagnóstico dessas doenças, já que elas apresentam um número limitado de sinais e sintomas: fraqueza, fadiga, dor, rigidez, espasmos, cãibras e alteração de volume, sem haver alteração da sensibilidade e com reflexos preservados inicialmente. A fraqueza muscular verdadeira é o sintoma mais frequente. A abordagem inicial do paciente com fraqueza deve levar em consideração o padrão topográfico de acometimento muscular (proximal, distal, facial), o período de aparecimento dos sintomas (agudo, subagudo ou crônico), o histório familiar (doença hereditária ou adquirida) e os sinais e sintomas associados. É possível classificar essas doenças em quatro grandes grupos: miopatias inflamatórias (infecciosas ou idiopáticas autoimunes, distrofias musculares (doenças degenerativas progressivas hereditárias), miopatias tóxicas e metabólicas (anormalidade metabólica hereditária, anormalidade da função endocrinológica, drogas ou agentes miotóxicos) e miopatias
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