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ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPIII A 12023 Disciplina/Matéria: DIREITO CONSTITUCIONAL ORGANIZAÇÃO DO ESTADO Sessão: 02 - Dia 06/03/2023 - 08:00 às 09:50 Professor: FLAVIA DA COSTA LIMMER 02 Tema: Federação brasileira. Critério e técnica de partilha de competências. 1ª QUESTÃO: Determinado Estado da Federação propõe demanda em face da União, em virtude de a ré ter inscrito o autor em cadastro de inadimplentes, relativamente a pendências levadas a efeito pelo INCRA e IBAMA, o que o impede de obter benefícios financeiros junto à União. O autor alega que a inscrição é indevida, uma vez que as pendências têm como origem atos de governos passados, e pugna pela aplicação do princípio da intranscendência. Ademais, o autor afirma que a inscrição se deu em decorrência de pendências administrativas relativas a débitos já submetidos a pagamento por precatório, por incompatibilidade com o postulado da razoabilidade. Responda, fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) linhas, como deve ser julgado o caso. 06/03/2023 - Página 1 de 8DIREITO CONSTITUCIONAL - CP01 - 04 - CPIII - 1º PERÍODO 2023 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: RESPOSTA: AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA 3.083 RELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKI Julgamento: 24/08/2020; Publicação: 17/09/2020 Decisão: O Tribunal, por unanimidade, julgou procedente o pedido inicial, para que sejam afastados todos os efeitos contra o Estado do Amapá das inscrições contidas no SIAFI, CAUC, CADIN ou em quaisquer outros cadastros desabonadores, relativamente a pendências levadas a efeito pelo INCRA e pelo IBAMA, nos processos NUP: 02001.007334/2005-42 e NUP: 02001.007334/2005-42, confirmou a liminar anteriormente concedida, julgando prejudicado o agravo regimental anteriormente interposto, e condenou a União ao pagamento de honorários advocatícios, arbitrados em R$ 5.000,00 (cinco mil reais), conforme o art. 85, § 4º, do Código de Processo Civil, nos termos do voto do Relator. Não participou deste julgamento, por motivo de licença médica, o Ministro Celso de Mello. Plenário, Sessão Virtual de 14.8.2020 a 21.8.2020. Ementa: AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA. CAUC/SIAFI/CADIN. LEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO. ATOS DE GESTÕES ANTERIORES. INTRANSCENDÊNCIA SUBJETIVA DAS SANÇÕES. INAPLICABILIDADE. INSCRIÇÃO DO ESTADO-MEMBRO NOS CADASTROS DESABONADORES EM DECORRÊNCIA DE PENDÊNCIAS ADMINISTRATIVAS RELATIVAS A DÉBITOS JÁ SUBMETIDOS A PAGAMENTO POR PRECATÓRIO. DUPLO ÔNUS IMPOSTO AO ESTADO-MEMBRO. INCOMPATIBILIDADE COM O POSTULADO DA RAZOABILIDADE. POSSIBILIDADE DE INTERVENÇÃO FEDERAL. AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA JULGADA PROCEDENTE. I - A União é parte legítima para figurar no polo passivo das ações em que Estado-membro impugna inscrição em cadastros federais desabonadores e/ou de restrição de crédito. II - Inaplicabilidade do princípio da intranscendência subjetiva das sanções para isentar pessoa jurídica de direito público das consequências jurídicas da constatação de irregularidades relacionadas a convênio firmado em gestões anteriores, por força da incidência do princípio da impessoalidade, que rege a Administração Pública, nos termos do art. 37 da Lei Maior III - Descabimento da inscrição do Estado-membro nos cadastros desabonadores em decorrência de pendências administrativas relativas a débitos já submetidos a pagamento por precatório, por incompatibilidade com o postulado da razoabilidade, haja vista a possibilidade de intervenção federal que o não pagamento do precatório enseja. IV - Ação cível originária julgada procedente. 2ª QUESTÃO: Determinado estado da federação estabelece um plano de benefícios fiscais para beneficiar os municípios do seu âmbito territorial, estabelecendo que qualquer descumprimento de suas cláusulas enseja o não-repasse dos recursos de ICMS previstos na CRFB88. O município de Ribeirinhas, por dificuldades financeiras, descumpriu uma determinada obrigação financeira prevista no acordo citado, vendo-se, desta forma, privado dos repasses do ICMS previstos na CRFB88. Desta forma, recorreu judicialmente contra a medida adotada pelo Estado de reter os repasses. Responda fundamentadamente se agiu o pleito do município merece respaldo do ordenamento jurídico nacional. RESPOSTA: STF - RE 572762 - SC - rel Min Ricardo Lewandowski EMENTA: CONSTITUCIONAL. ICMS. REPARTIÇÃO DE RENDAS TRIBUTÁRIAS. PRODEC. PROGRAMA DE INCENTIVO FISCAL DE SANTA CATARINA. RETENÇÃO, PELO ESTADO, DE PARTE DA PARCELA PERTENCENTE AOS MUNICÍPIOS. INCONSTITUCIONALIDADE. RE DESPROVIDO. I - A parcela do imposto estadual sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, a que se refere o art. 158, IV, da Carta Magna pertence de pleno direito aos Municípios. II - O repasse da quota constitucionalmente devida aos Municípios não pode sujeitar-se à condição prevista em programa de benefício fiscal de âmbito estadual. III - Limitação que configura indevida interferência do Estado no sistema constitucional de repartição de receitas tributárias. IV - Recurso extraordinário desprovido. 06/03/2023 - Página 2 de 8DIREITO CONSTITUCIONAL - CP01 - 04 - CPIII - 1º PERÍODO 2023 RE 1178613 AgR, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI Julgamento: 29/06/2020; Publicação: 06/08/2020 Ementa Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO TRIBUTÁRIO. ICMS. PROGRAMA DE BENEFÍCIO FISCAL - FOMENTAR. RECOLHIMENTO ADIADO. DISTRIBUIÇÃO DE RECEITA AO MUNICÍPIO. POSTERGAÇÃO DO REPASSE. IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO, COM APLICAÇÃO DE MULTA. I - Esta Corte, no julgamento do RE 572.762/SC, de minha relatoria, consolidou o entendimento de que o repasse da quota constitucionalmente devida aos municípios não pode se sujeitar à condição prevista em programa de benefício fiscal de âmbito estadual. II - Agravo regimental a que se nega provimento, com aplicação de multa. 06/03/2023 - Página 3 de 8DIREITO CONSTITUCIONAL - CP01 - 04 - CPIII - 1º PERÍODO 2023 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Turma: CPIII A 12023 Disciplina/Matéria: DIREITO CONSTITUCIONAL ORGANIZAÇÃO DO ESTADO Sessão: 03 - Dia 06/03/2023 - 10:10 às 12:00 Professor: FLAVIA DA COSTA LIMMER 03 Tema: Autonomia dos entes estatais. Intervenção. Representação para intervenção normativa e material. 1ª QUESTÃO: Um determinado Juiz de Direito de comarca do interior apresenta ao Tribunal requerimento de intervenção federal, com fundamento no art. 34, VI, da CRFB88, sob a alegação de descumprimento pelo Estado de ordem judicial de reintegração de posse. Responda, fundamentadamente: a) se agiu corretamente o juiz ao inicializar o procedimento; b) qual o órgão competente para a decretação da referida intervenção; c) se o prosperam argumentos do Estado com o propósito de justificar o descumprimento da ordem judicial, tais como, existência de procedimento administrativo de aquisição da referida propriedade pelo Incra para fins de reforma agrária; e a consolidação da invasão, que contaria com mais de 600 integrantes. 06/03/2023 - Página 4 de 8DIREITO CONSTITUCIONAL - CP01 - 04 - CPIII - 1º PERÍODO 2023 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: IF 115 / PR, Relator(a) Ministro HERMAN BENJAMIN Órgão Julgador CE - CORTE ESPECIAL Data do Julgamento 07/06/2017; Data da Publicação/Fonte DJe 21/06/2017 Ementa INTERVENÇÃO FEDERAL. ESTADO DO PARANÁ. INVASÃO DE PROPRIEDADE RURAL. REINTEGRAÇÃO DE POSSE DETERMINADA PELO PODER JUDICIÁRIO. REQUISIÇÃO DE AUXÍLIO DE FORÇA POLICIAL. OITO ANOS DE INÉRCIA DO PODER EXECUTIVO DO ESTADO DO PARANÁ EM CUMPRIR A DECISÃO JUDICIAL. DESOBEDIÊNCIA À ORDEM JUDICIAL CARACTERIZADA. ART. 34, VI, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. INTERVENÇÃO DEFERIDA. I - BREVE RESUMO DA LIDE 1. No caso concreto, o pleito tem origem na ação de reintegração de posse 302/2008, que correu na Comarca de Pinhão/PR, em decorrência da invasão de três indivíduos, que construíram um barraco na "Fazenda São Miguel 2". Medidaliminar de reintegração de posse foi exarada em outubro de 2008, ocasião em que a juíza de primeiro grau oficiou à Polícia Militar requisitando o auxílio de força policial. Embora regularmente intimados, os invasores não desocuparam o local. Em setembro de 2009, com o descumprimento reiterado da ordem judicial, assim como ocorreu em inúmeros outros processos da região, a parte interessante requereu remessa de ofício ao TJPR para analisar a viabilidade de intervenção federal. O Estado do Paraná afirmou, em agosto de 2011, ser necessário a realização de estudos e o planejamento de uma ação cautelosa para evitar confrontos. Defendeu inexistir omissão do Estado e relatou que os possuidores já não mantinham vínculo com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST. Consoante relatório do 16º Batalhão de Polícia Militar do Paraná, de agosto de 2011, nas proximidades do local haviacerca 06/03/2023 - Página 5 de 8DIREITO CONSTITUCIONAL - CP01 - 04 - CPIII - 1º PERÍODO 2023 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO de trinta famílias e que cinco pessoas estavam na "Fazenda São Miguel 2" (fl. 88, e-STJ). Assim, a "Fazenda São Miguel 2" faz parte de um região em que há conflitos agrários sem que tenha sido oferecida uma solução palpável, não obstante INCRA e ICMBio tenham manifestado interesse em desapropriá-la (fls. 92, 121, e-STJ). Em fevereiro de 2012, a interessada assevera que o caso é "mais um entre várias intervenções federais propostas [...] que o colendo TJPR e, posteriormente, o STJ, por unanimidade, ratificaram a necessidade das intervenções para cumprimento da ordem judicial" (fl. 117, e-STJ). Abriu-se prazo quatro vezes para obtenção das informações (fl. 153, e-STJ). Oficiaram-se diversos órgãos. O Batalhão da Polícia Militar mais uma vez, afirmou serem necessárias diligências prévias e que o processo estava com superior hierárquico para análise. Às fls. 311-322, e-STJ, o TJPR deferiu o pedido e encaminhou os autos ao STJ, onde Estado do Paraná e INCRA tiveram mais uma oportunidade de se manifestarem e nada apresentaram de conclusivo. Dos documentos dos autos, conclui-se que não há mais negociação com o INCRA e que não há qualquer desapropriação em curso. 2. A intervenção federal é medida constitucional de natureza excepcional, pois suspende, ainda que temporariamente, a autonomia dos Estados-membros. A situação de fato é complexa, com variados enfoques e interesses a serem considerados. Entretanto, a excessiva demora em apresentar solução não é razoável no caso concreto. A requerente ajuizou Ação de Reintegração de Posse com pedido de liminar em outubro de 2008, mês em que recebeu do Estado a pretensa solução da controvérsia: uma decisão judicial, datada do mesmomês < 06/03/2023 - Página 6 de 8DIREITO CONSTITUCIONAL - CP01 - 04 - CPIII - 1º PERÍODO 2023 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO b>de outubro, que lhe prometia a reintegração do imóvel ocupado. Entretanto, cerca de 9 (nove) anos após o Estado haver atendido [liminarmente] à pretensão da requerente, não há perspectiva de cumprimento do decisum. 3. A jurisprudência da Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, há mais de 20 (vinte) anos, vem sedimentando o entendimento de que a recalcitrância do Executivo paranaense no cumprimento das decisões judiciais questiona e enfraquece o Poder Judiciário, cujas decisões gozam de coercibilidade no intuito de promover a paz social e viabilizar a vida em sociedade. Há inúmeros precedentes analisados, entre outros proferidos pela Corte, todos referentes a invasões rurais no Estado do Paraná (IFs 1, 5, 8, 13, 14, 15, 16, 19, 22, 70, 76, 79, 86, 91, 94, 97, 100, 106, 107, 109, 110 e 116). 4. Ressalte-se que a questão social não mais pode servir de escudo para o descuido no cumprimento de decisões judiciais, uma vez que, não obstante haja pedido de intervenção do interessado em 2009, passados cerca de 9 (nove) anos após a liminar, ainda não se tem a mínima previsibilidade de seu cumprimento. Ademais, no imóvel discutido nos autos, a última notícia é da existência de apenas 5 (cinco) pessoas, não obstante o dado de 6,2 mil famílias acampadas no Estado (fl. 358, e-STJ). 5. Intervenção Federal no Estado do Paraná deferida, na forma dos arts. 34, VI, e 36, II, da Constituição de 1988. 2ª QUESTÃO: Analise, em no máximo 15 (quinze) linhas, a constitucionalidade de texto de constituição do Estado que permite a intervenção estadual em município quando se verificar, sem justo motivo, impontualidade no pagamento de empréstimo garantido pelo estado ou quando forem praticados, na Administração municipal, atos de corrupção devidamente comprovados. 06/03/2023 - Página 7 de 8DIREITO CONSTITUCIONAL - CP01 - 04 - CPIII - 1º PERÍODO 2023 ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESPOSTA: Constituição estadual: intervenção em municípios e taxatividade do art. 35 da CF - ADI 6616/AC Resumo: É inconstitucional norma constitucional estadual pela qual se prevê hipótese de intervenção estadual em municípios não contemplada no art. 35 da Constituição Federal (CF) (1). Por extrapolarem as bases de incidência do mecanismo da intervenção estadual elencadas no art. 35 da CF, são inconstitucionais os incisos IV e V do art. 25 da Constituição do estado do Acre, que possibilitam a intervenção estadual em municípios acreanos quando se verificar, sem justo motivo, impontualidade no pagamento de empréstimo garantido pelo estado ou quando forem praticados, na Administração municipal, atos de corrupção devidamente comprovados. Seja federal ou estadual, a intervenção é mecanismo essencial e excepcional para o complexo equilíbrio federativo. Ela consiste em procedimento que somente deve ser adotado nas hipóteses e condições taxativamente estabelecidas na CF, pelo seu papel limitador da atuação dos entes federados. No tocante à intervenção estadual, salienta-se que as disposições do art. 35 da CF consubstanciam preceitos de observância compulsória por parte dos estados-membros. As hipóteses excepcionais - pelas quais permitida a supressão da autonomia municipal e autorizada a intervenção - estão taxativamente nele previstas, sem possibilidade de alteração pelo legislador constituinte estadual, para ampliá-las ou reduzi-las. O Plenário julgou procedente pedido formulado em ação direta para declarar a inconstitucionalidade dos incisos IV e V do art. 25 da Constituição do estado do Acre (CES/AC) (2). (1) CF/1988: "Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em Território Federal, exceto quando: I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada; II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei; III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde; IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial." (2) CES/AC: "Art. 25. O Estado não intervirá no Município, salvo quando: IV - se verificar, sem justo motivo, impontualidade no pagamento de empréstimo garantido pelo Estado; V - forem praticados, na administração municipal, atos de corrupção devidamente comprovados; e" ADI 6616/AC, relatora Min. Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em 26.4.2021 (segunda-feira), às 23:59 06/03/2023 - Página 8 de 8DIREITO CONSTITUCIONAL - CP01 - 04 - CPIII - 1º PERÍODO 2023
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