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3.8 - Processos adiabáticos para um gás ideal UFABC – Fenômenos Térmicos – Prof. Germán Lugones MÓDULO 2 – TEMPERATURA E A TEORIA CINÉTICA DOS GASES Um processo adiabático é aquele no qual nenhuma energia é transferida por calor entre o sistema e suas vizinhanças ( ) o processo ocorre rapidamente ou é realizado em um recipiente isolado termicamente. Q = 0 ! • Consideremos um cilindro isolado termicamente. Removendo massa do pistão, podemos permitir que o gás se expanda adiabaticamente. • Todas as três variáveis da lei do gás ideal (P, V e T) se alteram durante o processo. • No entanto, em qualquer instante a lei do gás ideal descreve a relação correta entre essas variáveis. PV = nRT A Expansão Adiabática de um Gás Ideal Suponhamos que ocorre uma alteração infinitesimal no volume e uma alteração infinitesimal na temperatura: • O trabalho realizado sobre o gás é . • A variação na energia interna é . • Logo, a Primeira Lei da Termodinâmica se torna • Fazendo a diferencial da equação de estado de um gás ideal, , obtemos: . • Eliminando dT das duas equações acima temos: • Substituindo e dividindo por , obtemos: dV dT "PdV dEint = ncVdT dEint = dQ + dW ! ncVdT = 0 " PdV PV = nRT PdV + VdP = nRdT PdV + VdP = " R cV PdV R = cP " cV PV dV V + dP P = " ( cP " cVcV ) dV V = (1 " !) dV V dP P + ! dV V = 0 • Integrando a última expressão temos: • Esta equação pode ser reescrita como , logo temos: ln P + ! ln V = constante ln(PV !) = constante PV ! = constante A relação entre a pressão e o volume durante um processo adiabático é onde , é a razão entre os calores específicos molares do gás. PV ! = constante ! = cP /cV A Equação acima pode ser expressa em termos dos estados inicial e final como: (i) ( f ) PiV !i = PfV ! f No diagrama o processo ocorre ao longo de uma linha (chamada de adiabática) que tem a equação: P " V P = constante V! • Durante uma expansão adiabática, a diminui, e portanto a energia interna também diminui. • Inversamente, aumenta se o gás é comprimido adiabaticamente. • Como , a curva que representa um processo adiabático é mais íngreme que a correspondente a um processo isotérmico (PV = cte). T T ! > 1 processo a lei do gás ideal PV 5 nRT descreve a relação correta entre essas variáveis. Embora nenhuma delas por si só seja constante nesse processo, veri!camos que uma combinação de algumas das variáveis permanece constante. Essa relação é derivada da discussão a seguir. Imagine um gás expandindo-se adiabaticamente em um cilindro termicamente isolado, de modo que Q 5 0. Consideremos a alteração in!nitesimal no volume como dV e a alteração in!nitesimal na temperatura como dT. O trabalho realizado sobre o gás é 2P dV. A variação na energia interna é dada pela forma diferencial da Equação 17.18, dE int 5 nCV dT. Logo, a Primeira Lei da Termodinâmica se torna dE int 5 dQ 1 dW : nCV dT 5 0 2 P dV !".#$b Fazendo a diferencial da equação de estado de um gás ideal, PV 5 nRT, resulta P dV 1 V dP 5 nR dT Eliminando n dT dessas duas equações, veri!camos que P dV 1 V dP 5 2 R CV P dV Figura !".!# O diagrama PV para uma expansão adiabática de um gás ideal. Ti Tf Isotermas P V Pi Pf Vi Vf i f A temperatura de um gás diminui em uma expansão adiabática. Exemplo !".$ | Um cilindro de um motor a diesel O ar a 20,0 8C dentro de um cilindro de um motor a diesel é comprimido de sua pressão inicial de 1,00 atm e volume de 800,0"cm3 a um volume de 60,0 cm3. Suponha que o ar se comporte como um gás ideal, com ! 5 1,40, e a compressão seja adiabática. Calcule a pressão e a temperatura !nais do ar. SOLUÇÃO Conceitualização Imagine o que acontece quando um gás é comprimido a um volume menor. Nossa discussão anterior e uma inversão do processo na Figura 17.4 nos diz que a pressão e a temperatura aumentam. continua A partir da Equação 17.21, substituímos R 5 CP 2 CV e dividimos por PV para obter dV V 1 dP P 5 21CP 2 CVCV 2 dV V 5 (1 2 ) dV V dP P 1 dV V 5 0 A integração desta expressão nos fornece ln P 1 ln V 5 constante que podemos escrever como PV 5 constante !".#%b O diagrama PV para uma expansão adiabática é mostrado na Figura 17.14. Como !"."1, a curva PV é mais íngreme do que para a de uma expansão isotérmica, na qual PV 5 constante. A Equação 17.24 mostra que, durante uma expansão adiabática, DE int é negativa, e portanto, DT também é negativa. Logo, o gás se resfria durante uma expan- são adiabática. Inversamente, a temperatura aumenta se o gás é comprimido adiabati- camente. A Equação 17.24 pode ser expressa em termos dos estados inicial e !nal como PiVi 5 PfVf !".#&b com a lei do gás ideal, a Equação 17.24 também pode ser expressa como TV !21 5 constante !".#'b Dada a relação na Equação 17.24, pode ser mostrado que o trabalho realizado sobre um gás durante um processo adiabático é W 5 1 12 12 (PfVf 2 PiVi) !".#"b O Problema 84 no !nal deste Capítulo o convida a derivar esta equação. c 5HOD©¥R�HQWUH�P e V�SDUD�XP� SURFHVVR�DGLDE£WLFR�HQYROYHQGR� XP�J£V�LGHDO Capítulo !" – Energia em processos térmicos: a Primeira Lei da Termodinâmica _ !"% Principios da Física_vol2.indb 179 02/04/2014 09:22:26 Também podemos escrever uma equação para um processo adiabático em termos de T e V: • usamos • Substituindo em , temos: Dessa forma obtemos: P = nRT/V PV ! = constante ( nRTV ) V ! = constante TV !"1 = constante # TaV !"1a = TbV !"1b Capítulo 19 — A primeira lei da termodinâmica 299 ln T ! (g ! 1) ln V " constante ln T ! ln V g#1 " constante ln(TVg#1) " constante e, finalmente, TV g #1 " constante (19.21) Portanto, para um estado inicial (T1, V1) e um estado final (T2, V2), T1V1 g #1 " T2V2 g #1 (processo adiabático, gás ideal) (19.22) Como usamos a equação do gás ideal na dedução das equações 19.21 e 19.22, o valor de T só pode ser expresso na temperatura absoluta (em Kelvin). Também podemos converter a Equação 19.21 em outra relação entre a pressão e o volume eliminando T, mediante a equação do gás ideal na forma T " PV/nR. Substituindo essa expressão na Equação 19.21, encontramos PV nR V g -1 = constante ou, como n e R são constantes, PVg " constante (19.23) Para um estado inicial (P1, V1) e um estado final (P2, V2), a Equação 19.23 fornece P1V1 g " P2V2 g (processo adiabático, gás ideal) (19.24) Também podemos calcular o trabalho realizado por um gás ideal durante um processo adiabático. Sabemos que, em qualquer processo adiabático, Q " 0 e W " #$U. Em um gás ideal, $U " nCV(T2 # T1). Se conhecemos o número de moles n, a temperatura inicial T1 e a temperatura final T2, teremos simplesmente W = nCV 1T1 - T22 (19.25) Número de moles Temperatura inicial Temperatura !nal Calor especí!co molar a volume constante Trabalho realizado por um gás ideal, processo adiabático Também podemos usar a relação PV " nRT na equação anterior para obter (19.26) Calor especí!co molar a volume constante Pressão inicial, volume Pressão !nal, volumeRazão entre os calores especí!cos Constante do gás Trabalho realizado por um gás ideal, processo adiabático W = 1P1V1 - P2V22 = 1P1V1 - P2V22R CV g - 1 1 (Usamos o resultado CV " R/(g # 1) do Exemplo 19.6.) Se o processo adiabático é uma expansão, a temperatura diminui, T1 é maior que T2, P1V1 é maior que P2V2, e o trabalho realizado é positivo. Se o processo adiabático é uma compressão, o trabalho é negativo. Na análise precedente do processo adiabático, usamos a equação de estado do gás ideal, que vale somente para estados de equilíbrio. Estritamente falando, nos- BIO Aplicação Exalando adiabaticamente Coloque sua mão alguns centímetros à frente da sua boca, abra bem a boca e exale. Sua respiração parecerá quente em sua mão, pois os gases exalados surgem aproximadamente na temperatura do interior do seu corpo. Agora, junte seus lábios como se fosse apitare novamente sopre sua mão. Os gases exalados parecerão muito mais frios. Nesse caso, os gases sofrem uma expansão basicamente adiabática enquanto passam por entre os lábios, de modo que sua temperatura diminui. Book_SEARS_Vol2.indb 299 02/10/15 1:52 PM Coloque sua mão alguns centímetros à frente da sua boca, abra bem a boca e exale. Sua respiração parecerá quente em sua mão, pois os gases exalados surgem aproximadamente na temperatura do interior do seu corpo. Agora, junte seus lábios como se fosse apitar e sopre sua mão. Os gases exalados parecerão muito mais frios. Nesse caso, os gases sofrem uma expansão basicamente adiabática enquanto passam por entre os lábios, de modo que sua temperatura diminui. Exalando adiabaticamente Vamos determinar o trabalho realizado sobre um gás ideal em um processo adiabático: Usando com , temos: Para eliminar a constante , usamos: Portanto: W = " ! Vf Vi PdV PV ! = constante (! $ 1) W = " c! Vf Vi V"!dV = "c V "!+1 "! + 1 Vf Vi = "c"! + 1 (V"!+1f " V"!+1i ) c c = PiV !i = PfV ! f ! V "! i = Pi c e V"!f = Pf c W = ( 1! " 1 ) (PfVf " PiVi) Trabalho de um gás ideal em um processo adiabático
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