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2.4 – Descrição macroscópica de um gás ideal UFABC – Fenômenos Térmicos – Prof. Germán Lugones MÓDULO 2 – TEMPERATURA E A TEORIA CINÉTICA DOS GASES Trataremos agora das propriedades macroscópicas dos gases, tais como a pressão P, a temperatura T e o volume V. Mais adiante veremos que as propriedades macroscópicas de uma substância estão intimamente relacionadas com as suas propriedades microscópicas. Isto é, estão relacionadas com grandezas em pequena escala, como a velocidade, a energia cinética e o momento linear das moléculas que compõem a substância. Em geral, as quantidades macroscópicas estão relacionadas por uma equação, chamada equação de estado. A equação de estado para determinadas substâncias pode ser complicada. Entretanto, se qualquer gás for mantido a uma pressão muito baixa (ou densidade baixa), a equação de estado encontrada por experimentos é relativamente simples a equação simples encontrada é denominada equação de estado do gás ideal. ! Propriedades macroscópicas dos gases Capítulo 18 — Propriedades térmicas da matéria 243 18.1 EQUAÇÕES DE ESTADO Grandezas físicas como a pressão, o volume, a temperatura e a quantidade de substância descrevem as condições ou o estado no qual existe um material em particular. (Por exemplo, um tanque de oxigênio usado em hospitais possui um manômetro que mostra a pressão e uma indicação de volume dentro do tanque. Poderíamos também usar um termômetro e colocar o tanque sobre uma balança para determinar sua massa.) Essas grandezas são chamadas de variáveis de estado. O volume V de uma substância geralmente é determinado por sua pressão P, temperatura T e pela quantidade de substância, descrita pela massa mtot ou pelo número de moles n. (Estamos atribuindo o símbolo mtot à massa total de uma subs- tância porque usaremos o símbolo m para a massa de uma molécula.) Em geral, não podemos variar uma dessas grandezas sem produzir variações nas outras. Quando o tanque de oxigênio fica mais quente, a pressão aumenta. Caso o tanque fique muito quente, ele explode. Em alguns casos, a relação entre P, V, T e mtot (ou n) é tão simples que podemos expressá-la na forma de uma equação denominada equação de estado. Quando a relação for complicada demais para isso, podemos usar gráficos ou tabelas numé- ricas. Contudo, a relação entre essas variáveis ainda existe; nós a chamamos de equação de estado mesmo quando não conhecemos sua forma explícita. A seguir, mostramos uma equação de estado simples (embora aproximada) para um material sólido. O coeficiente de expansão volumétrica b (ver Seção 17.4) é a variação de volume !V/V0 por unidade de variação de temperatura, e a compressi- bilidade k (ver Seção 11.4) é a variação relativa de volume !V/V0 por unidade de pressão, com sinal negativo. Se uma certa quantidade de material possui volume V0 quando sua pressão é P0 e sua temperatura é T0, o volume V quando a pressão P e a temperatura T são ligeiramente diferentes é dado aproximadamente por V " V0[1 # b(T $ T0) $ k(P $ P0)] (18.1) (Existe um sinal negativo antes de k(P $ P0) porque um aumento de pressão produz uma diminuição do volume.) Equação do gás ideal A equação do gás ideal é outro tipo simples de equação de estado. Na Figura 18.1, apresentamos um dispositivo experimental para estudar o comportamento de um gás. O cilindro possui um pistão móvel para fazer o volume variar, a variação da temperatura é obtida pelo aquecimento e podemos bombear qualquer quanti- dade de gás para o interior do cilindro. A seguir, medimos a pressão, o volume, a temperatura e a quantidade de gás. Note que a pressão se refere à força por unidade de área exercida pelo cilindro sobre o gás e à força por unidade de área exercida pelo gás sobre o cilindro; de acordo com a terceira lei de Newton, essas pressões devem ser iguais. Em geral, é mais fácil descrever a quantidade de gás pelo número de moles n que pela massa. (Já fizemos isso quando definimos o calor específico molar na Se- ção 17.5.) A massa molar M de um composto (algumas vezes chamada, de modo confuso, de peso molecular) é a massa por mol: mtot = nM (18.2) Número de moles da substânciaMassa total da substância Massa molar da substância Assim, quando sabemos o número de moles de um gás no cilindro, podemos calcular a massa do gás por meio da Equação 18.2. Figura 18.1 Um dispositivo hipotético para estudar o comportamento de gases. Aquecendo o gás, variando o volume com um pistão móvel e acrescentando mais gás, podemos controlar a pressão P, o volume V, a temperatura T e o número de moles n. Fonte para alterar a quantidade de gás Pistão para alterar o volume da câmara Chama para aquecer o gás Gás Volume (V ) Quantidade (m total ou n) Pressão (P) Temperatura (T ) Book_SEARS_Vol2.indb 243 02/10/15 1:51 PM Na Figura vemos um dispositivo hipotético para estudar o comportamento de gases. Aquecendo o gás, variando o volume com um pistão móvel e acrescentando mais gás, podemos controlar a pressão , o volume , a temperatura e o número de moles . P V T n Gases ideais Se repetirmos as medidas com as densidades dos gases mais baixas, então essas pequenas diferenças nas medidas tenderão a desaparecer. Analisando o comportamento de muitos gases ( ) encontra-se que a quantidade possui praticamente o mesmo valor sobre um grande intervalo de pressões. Mesmo o tem uma variação menor que 1% entre 0 e 5 atm). H2, N2, CO, O2 PV/nT O2 Isto é, para densidades suficientemente baixas, todos os gases reais tendem a obedecer à relação (lei dos gases ideais) na qual é a pressão absoluta, é o número de moles do gás confinado e é a temperatura em Kelvins. é a constante dos gases ideais, que tem um valor universal: Desde que a densidade seja baixa, essa lei se aplica para qualquer gás ou para qualquer mistura de gases diferentes. (Para uma mistura, é o número total de moles na mistura.) PV = nRT P n T R R = 8,31 Jmol . K n Se a pressão é expressa em atmosferas e o volume em litros , tem o valor: Usando esse valor de e , temos que o volume ocupado por 1 mol de qualquer gás à pressão atmosférica e a é 22,4 L. (1L = 103cm3 = 10"3m3) R R = 0,0821 atm # LK # mol R PV = nRT 0$C (273K) Podemos reescrever a lei dos gases ideais em uma forma alternativa: onde moléculas/mol é o número de Avogadro e foi introduzida uma constante chamada de constante de Boltzmann , definida como Na relação acima é o número total de partículas no gás. PV = nRT ! PV = nNA R NA T ! PV = NkT NA = 6,022 % 1023 k k = R NA = 8.31J/(molK)6.02 % 1023mol"1 = 1.38 % 10 23J/K N