Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Eixo temático: Educação e Docência; Políticas Públicas; Direitos Humanos; Ética e Cidadania. Docência Plural – Formação em Interculturalidade e Bilinguismo Enap, 2023 Fundação Escola Nacional de Administração Pública Diretoria de Desenvolvimento Profissional SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF Fundação Escola Nacional de Administração Pública Diretoria de Desenvolvimento Profissional Conteudista/s Edleise Mendes (conteudista, 2023); Eliana Sturza (conteudista, 2023); Isis Berger (conteudista, 2023); Luana Ferreira Rodrigues (conteudista, 2023). Sumário Módulo 1: Fronteiras Linguísticas e Culturais ...................................................... 7 Unidade 1: Línguas, Culturas, Fronteiras e suas Complexidades .....................7 1.1 Território, Territorialidade e Comunidades Linguísticas ..................................... 7 1.2 Fronteiras Linguísticas, Culturais, Econômicas e Simbólicas .............................. 9 1.2.1 Em Busca de Definições ....................................................................................... 10 1.2.2 Que Tal Pensar na Prática? .................................................................................. 14 Referências ............................................................................................................ 17 Unidade 2: Fronteiras e Políticas Territoriais ....................................................19 2.1 Formação e Estabelecimento das Fronteiras Sul-Americanas: entre Tratados e Conflitos .......................................................................................................................... 19 2.2.1 Arco Norte ............................................................................................................. 26 2.2.2 Arco Central ........................................................................................................... 28 2.2.3 Arco Sul .................................................................................................................. 31 Referências ............................................................................................................ 34 Unidade 3: Fronteiras, o Desenvolvimento Social e a Educação ......................35 3.1 Fronteira como Problema e Espaço de Controle.................................................. 35 3.2 Fronteira como Recurso para o Desenvolvimento Social ................................. 39 3.3 E os Possíveis Caminhos? ....................................................................................... 43 Referências ............................................................................................................ 50 Módulo 2: Interculturalidade e Educação Linguística Plural ............................52 Unidade 1: Interculturalidade: Conceitos Fundamentais ................................52 1.1 Conceitos de Língua, Cultura e Repertório Linguístico na Construção da Interculturalidade .............................................................................................. 52 1.1.2 A Ideia de Língua como Prática Social ............................................................... 53 1.1.3 A Cultura como Rede de Significados ................................................................ 56 1.1.4 Repertórios Linguísticos e Contextos Bi/multilíngues ..................................... 58 1.2 Mitos e Conceitos Sobre a Interculturalidade ...................................................... 60 A Interculturalidade como Movimento de Vida ......................................................... 64 1.1.5 Língua, Cultura e Interculturalidade – A Construção de um Terceiro Lugar . 65 Referências ............................................................................................................ 69 4Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Unidade 2: A Educação Linguística Intercultural .............................................70 2.1 Educação Linguística Intercultural e seus Elementos Constitutivos ................. 70 2.1.1 Educação Linguística Intercultural e Formação de Professores para uma Educação Plural ............................................................................................................. 75 Referências ............................................................................................................ 79 Unidade 3 - A Interculturalidade nas Práticas Educativas Plurais ..................81 3.1 Experiências Interculturais: Análise e Reflexão sobre Situações-Problema .... 81 3.1.1 Experiências e Memórias de Professores(as) de Línguas ............................... 82 3.1.2 A Avaliação como Prática Intercultural: Análise de Atividades Avaliativas .... 87 3.2 A Interculturalidade na Prática: Materiais e Recursos Didáticos ....................... 91 Referências ............................................................................................................ 95 Módulo 3: Fenômenos Linguísticos das Fronteiras Hispano-Brasileiras .........98 Unidade 1: A Constituição do Espaço Multilíngue nas Fronteiras .................98 1.1 Situações do Bilinguismo: Português/Espanhol ................................................ 101 1.2 Espaço Multilíngue: Outras Línguas nas Fronteiras da América do Sul ......... 108 Referências .......................................................................................................... 114 Unidade 2: Estratégias Comunicativas no Contexto Multilíngue .................116 2.1 Estratégias Comunicativas nas Práticas Sociais no Contexto Multilíngue ...... 118 Glossário ........................................................................................................................ 129 Referências .......................................................................................................... 131 Unidade 3: Fenômenos Linguísticos na Cultura Fronteiriça ..........................133 3.1 Repertório Linguístico dos Fronteiriços ............................................................... 133 3.2 Línguas de Fronteira nas Expressões Culturais ................................................. 134 Referências .......................................................................................................... 141 Módulo 4: Gestão de Línguas na Escola em Contextos Plurais ......................143 Unidade 1: Políticas Linguístico-educacionais e Gestão de Línguas .............143 1.1 Multilinguismo, Políticas Linguísticas e Políticas Linguístico-educacionais .. 144 1.2 Gestão de Línguas na Escola ................................................................................ 151 Referências .......................................................................................................... 156 Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 5 Unidade 2: Educação Bi/Multilíngue: Conceitos e Modelos ...........................158 2.1. O que é Educação Bilíngue? ............................................................................... 158 2.2 Modelos de Educação Bilíngue ........................................................................... 161 2.2.1 Educação Multilíngue para as Demandas do Século XXI ............................... 165 Referências .......................................................................................................... 168 Unidade 3: A Promoção de Línguas e Culturas na Escola ...............................170 3.1. Desafios da Educação em Contextos Plurais .................................................... 170 3.2 Ações em Contextos Multilíngues de Fronteira ................................................. 172 3.2.1 O Programa Escolas Interculturais de Fronteira ............................................ 172 3.3 Princípios para a Promoção de Línguas e Culturas na Escola ......................... 176 Referências ..........................................................................................................182 6Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Apresentação e Boas-vindas Seja bem-vindo e bem-vinda. Neste curso você irá explorar uma série de temas ligados a uma docência plural. Aqui serão debatidos temas como as fronteiras linguísticas e culturais, a interculturalidade e a educação linguística, assim como os fenômenos linguísticos das fronteiras hispano-brasileiras, as políticas linguísticas- educacionais e as práticas pedagógicas para contextos plurais. Bons estudos! Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 77 Módulo Fronteiras Linguísticas e Culturais1 Comumente definido como uma grande extensão de terra, o território pode ser visto desde distintas óticas das áreas do conhecimento que se debruçam sobre seu estudo, em especial pela Geografia Política.Tendo em vista essa definição, é possível pensar em quatro dimensões básicas que orientam as diferentes concepções sobre o território, de acordo com Haesbaert (2016). Política ou jurídico-política Visão do território como um espaço delimitado e sob controle, sobre o qual se exerce algum tipo de poder que pode ser o poder político do Estado ou de outros agentes. Neste módulo você irá explorar os conceitos de fronteira, território e territorialidade, tratando, também, sobre as fronteiras simbólicas e seus múltiplos funcionamentos. Além disso, terá a oportunidade de se aprofundar e compreender o potencial das fronteiras linguísticas e culturais enquanto recurso para o desenvolvimento social. Siga para entrar em contato com as reflexões contidas na unidade 1. Unidade 1: Línguas, Culturas, Fronteiras e suas Complexidades Objetivo de aprendizagem Compreender conceitos relevantes sobre as fronteiras linguísticas e culturais como um espaço complexo. 1.1 Território, Territorialidade e Comunidades Linguísticas Você já parou para pensar como o território e as línguas estão relacionados? Partindo dessa ideia, comece esta unidade conhe- cendo um pouco sobre o conceito de território, territorialidade e territórios linguísticos. 8Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Cultural ou simbólico-cultural Nesse caso, o território é visto desde uma perspectiva de valorização e apropriação simbólica de um determinado grupo em relação ao espaço que habita, priorizando uma noção mais simbólica e subjetiva. Econômica Apresenta uma noção menos difundida, com foco no território como recurso para as relações econômicas, tendo como base o conflito entre as classes sociais e a relação entre capital e trabalho. Natural(ista) Como o nome indica, aqui a noção de território se baseia nas relações entre natureza e sociedade. Em busca de uma concepção mais ampla podemos unir essas dimensões e propor uma definição mais integradora que vê o território como um espaço de poder político significado simbólica e culturalmente pelos grupos que o habitam e que configura uma importante fonte de recursos naturais e econômicos. Esse território é marcado pelas territorialidades que ocupam esse espaço, uma vez que a territorialidade se constrói a partir dos usos que as pessoas fazem do espaço em que vivem, das relações econômicas e culturais que estabelecem, dando significado a esse lugar. Essas territorialidades estão diretamente relacionadas ao estabelecimento dos territórios linguísticos, uma vez que um faz parte do outro. Ao estabelecer relações culturais e econômicas em seus territórios, as pessoas lançam mão de seus repertórios linguísticos, demarcando assim seus territórios linguísticos. Sobre os territórios linguísticos cabe a definição proposta por Berger (2015, p. 46): esferas de uso das línguas, não somente as demarcadas pelo poder exercido via instrumentos legais ou por intermédio de instâncias governamentais, mas também por outros agentes e grupos que, no campo das relações, agem sobre os usos das línguas, demarcando espaços de controle e fronteiras relacionais entre os grupos que delas compartilham, de forma descontínua. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 9 Assim, é possível compreender que o território pode ser demarcado a partir de critérios geopolíticos determinados pelos Estados Nacionais, porém também é preciso refletir sobre as territorialidades que constituem esses espaços e que vão influenciar na demarcação simbólica e fluida dos territórios fronteiriços, representadas pelas línguas que são faladas nas diferentes situações e práticas sociais dos grupos que ali transitam. Para refletir um pouco mais sobre o conceito de território linguístico, assista a videoaula a seguir: 1.2 Fronteiras Linguísticas, Culturais, Econômicas e Simbólicas Mas o que são as fronteiras? As definições mais gerais dispostas nos dicionários trazem alguns termos em comum quanto ao vocábulo “fronteira”: Chuva de ideias comuns sobre a definição de fronteira. Elaboração: CEPED/UFSC (2023). Videoaula: O Conceito de Território Linguístico https://cdn.evg.gov.br/cursos/918_EVG/video/modulo01_video01/index.html 10Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 1.2.1 Em Busca de Definições Ao longo do tempo pesquisadores de distintas áreas do conhecimento buscaram definir as fronteiras com base nos critérios mais adequados à suas áreas de pesquisa. Se sobressaem estudos da área da Geografia Política, representada por cientistas como Ratzel (1897), Ancel (1930) e Raffestin (1993). Friedrich Ratzel (1897) vai localizar a fronteira como subordinada ao Estado, indissociável das questões territoriais, classificando-as em naturais, políticas e artificiais, conforme as definições a seguir (CATAIA, 2008). A fronteira costuma ser definida como um espaço de divisão, separação, imposição de limites e controle entre dois territórios, conforme observa-se na Constituição Federal do Brasil, de 1988: Vemos, portanto, que o Estado brasileiro reconhece oficialmente a fronteira como esse espaço importante para a manutenção da soberania territorial nacional. No entanto, é preciso conhecer outros aspectos intrínsecos à fronteira que fazem com que esse espaço seja tão complexo e relevante para pensar políticas em prol do bi/ multilinguismo. Portanto é hora de buscar algumas definições. Art. 20 § 2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei. Naturais • marcos físicos: rios, montanhas, reservas, áreas protegidas; • boas: oferecem boas condições de proteção do Estado; • más: oferecem más condições para a proteção do Estado. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 11 Jacques Ancel (1930) vê a fronteira como um espaço de pressão e tensão política e as classifica em fronteiras plásticas, físicas, modernas e humanas. Entre as fronteiras humanas, aponta duas subdivisões: fronteiras de pressão, representadas por isóbaras políticas e as fronteiras de civilização, representadas pelas religiões e pelas línguas, por exemplo. Claude Rafesttin (1993), por sua vez, traz a noção de fronteira associada à uma zona camuflada em linha, propondo a divisão entre fronteiras internas e externas. Nas perspectivas apresentadas é possível observar que a busca por uma definição de fronteira está atravessada por questões que remetem aos conceitos de Estado, território, linhas e zonas de delimitação político-administrativa. Porém, chama a atenção a noção de fronteiras de civilização propostas por Ancel (1930) ao incluir as línguas como parte da classificação das fronteiras humanas. Veja outras definições e conceitualizações em torno da fronteira que serão adotadas e relevantes para todo seu estudo: “Fronteiras são fator e contingência da existência dos Estados Nacionais e, antes deles, com menor precisão, de diversos tipos de ordens sociais, das tribos aos impérios multiétnicos. Marcam o alcancede um poder, permitem medir a capacidade de imposição da violência legítima, definem a inclusão e a exclusão, o Políticas • simples: não se limita com outro território político; • dupla: limita dois territórios nacionais; • fechada: fronteiras dentro de um território político; • descontínua: são parte de um Estado mesmo estando fora de seus domínios territoriais (ex.: Brasil faz fronteira com a União Europeia ao considerarmos os limites com a Guiana Francesa); • deficiente: deficiências de demarcações anteriores que levam a conflitos; • elástica: resultam de erros cartográficos levando ao aumento ou diminuição de um território. Artificiais • demarcadas: fronteiras demarcadas por tratados, por exemplo. 12Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública dentro e o fora, são o termômetro para as mudanças na balança da hegemonia. Definem, enfim, uma grandeza essencial para a existência humana: o território” (OLIVEIRA, 2016, p. 59). E, também: As definições dispostas acima se relacionam a três tipos de fronteira que são de grande relevância para os seus estudos: as fronteiras geopolíticas, as fronteiras simbólicas e as fronteiras culturais. Pensar a fronteira desde uma perspectiva geopolítica implica compreender as relações de poder entre os estados nacionais para a manutenção de seus territórios, jogos de disputa e tensões que vão configurar os limites políticos do espaço fronteiriço. E essas tensões também se relacionam a questões simbólicas e culturais presentes nesse espaço entre os sujeitos que o habitam. Veja na imagem a seguir, uma síntese de possíveis definições para as fronteiras simbólicas, culturais e linguísticas: “As zonas de fronteiras são campos de força e choques políticos e simbólicos, mas também de variadas misturas culturais e formas de integração. Essa complexa realidade fronteiriça não pode ser apreendida por meio de categorias sociológicas separadas. Os próprios conceitos se misturam e entram em tensão na tentativa de compreensão do fenômeno fronteiriço” (ALBUQUERQUE, 2008, p. 56, grifo nosso). Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 13 Outros tipos de fronteira. Elaboração: CEPED/UFSC (2023). Diante do exposto, é possível afirmar que fronteiras linguísticas vão estar diretamente relacionadas aos territórios linguísticos mencionados anteriormente, uma vez que os limites fixados para o início e fim de um território político não irá coincidir com os limites linguísticos estabelecidos pelas fronteiras simbólicas e culturais dos grupos que vivem nesses espaços: Além disso: “A fronteira linguística, como o território que ela circunscreve, não será apenas resultado e um dado, mas uma produção determinada por uma socialização e um posicionamento por parte dos diversos atores sociais envolvidos” (VIAUT, 2004, p. 7, tradução nossa). “A língua é um dos parâmetros paradoxais da fronteira – a do Estado-nação – contribuindo tanto para determiná-lo como sendo influenciado por sua 14Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Refletindo sobre as ideias de Viaut (2004), é possível pensar que as relações entre língua e fronteira são indissolúveis e as fronteiras linguísticas nos territórios fronteiriços se (re)constroem na interação social, na escolha dos repertórios linguísticos daqueles que se movem em determinado espaço. Para refletir um pouco mais sobre as fronteiras, assista a videoaula a seguir: presença ou transcendendo-o. A fronteira constrói ou modifica a língua tanto quanto o inverso” (VIAUT, 2004, p. 7, tradução nossa). Outra forma de se classificar as fronteiras é em relação ao seu acesso. Dizemos que uma fronteira é seca quando o limite divisório entre os países não possui rios ou lagos. Enquanto que, quando a linha passa por esses limites naturais, é chamada de fronteira fluvial. 1.2.2 Que Tal Pensar na Prática? Em uma cidade localizada na fronteira entre Brasil e Uruguai, por exemplo, não são os limites territoriais demarcados por esses dois Estados que irão definir até onde chega o português e a partir de onde se fala o espanhol, ou se um membro dessa comunidade se vê como um uruguaio ou brasileiro, ou um doble chapa. Essas fronteiras subjetivas serão definidas a partir das práticas sociais que irão forjar as identidades dos membros dessas comunidades. Bandeiras do Brasil e do Uruguai. Elaboração: CEPED/UFSC (2023). Videoaula: As Fronteiras https://cdn.evg.gov.br/cursos/918_EVG/video/modulo01_video02/index.html Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 15 Outro exemplo são as fronteiras culturais e linguísticas que se constroem no contexto migratório de pessoas expulsas de seus territórios em função de diferenças culturais e simbólicas entre os demais grupos, como é o caso da perseguição religiosa a indivíduos que possuem uma cosmovisão que difere de uma religião hegemônica. Sobre esse contexto migratório, Moreira (2012, p. 23) afirma que: Esse exemplo vai ao encontro do que está sendo discutido quando é levado em consideração que essas pessoas vivem em seus territórios de origem tensões e conflitos que surgem das fronteiras simbólicas, culturais e étnicas que vão levar ao deslocamento forçado de um contingente de pessoas. E essa migração forçada vai levar à formação de outras fronteiras, que é o que acontece nos casos dos campos de refugiados ao longo das fronteiras da União Europeia, por exemplo. Esses campos de refugiados são exemplos de espaços multiculturais onde convivem indivíduos de diferentes nacionalidades, línguas e culturas. Nesse espaço, fronteiras linguísticas são construídas, derrubadas e ressignificadas, a partir do momento em que diferentes grupos que ali convivem precisam lançar mão de diferentes repertórios comunicativos para a interação social. os motivos que os levam a fugir de seus países abarcam conflitos intra ou interestatais, provocados por questões étnicas, religiosas, culturais, políticas e econômicas, assim como regimes repressivos e outras situações de instabilidade política, violência e violações de direitos humanos. 16Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública O Brasil também tem recebido grupos de migrantes oriundos de distintos países, mas cabe destacar a chegada dos haitianos e venezuelanos, em função do quantitativo. Hoje, caminhando em um bairro da cidade de Manaus, por exemplo, é possível perceber os distintos territórios linguísticos que se formaram com a presença desses grupos de imigrantes. Para entender um pouco mais sobre as fronteiras linguísticas e as línguas na fronteira e sobre essa visão de língua como problema, é preciso compreender como se deu o estabelecimento das fronteiras geopolíticas entre o Brasil e os países com os quais se limita desde os primórdios da ocupação no período colonial. Nessa unidade você conheceu alguns conceitos importantes para compreender os estudos direcionados para a fronteira, entendendo-a a partir de diferentes concepções e visões. Viu que falar sobre a fronteira não significa apenas um lugar de divisão, limite, controle territorial, uma vez que a fronteira vai além de questões meramente políticas ou geográficas, ao falar sobre as fronteiras simbólicas, linguísticas e culturais. Você chegou ao final desta Unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Até a próxima! Refugiados. Fonte: Freepik (2023). Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 17 ALBUQUERQUE, J. L. C. Fronteiras e identidades em movimento: fluxos migratórios e disputa de poder na fronteira Paraguai-Brasil. Cadernos CERU, São Paulo, v. 19, n. 1, p. 49-63, 2008. DOI: 10.1590/S1413-45192008000100004. Disponível em: https:// www.revistas.usp.br/ceru/article/view/11843. Acesso em: 2 mar. 2023. ANCEL, J. Geopolitique. Paris: Delagrave, 1930. BERGER, I. R. Gestão do multi/plurilinguismo em escolas brasileiras na fronteira Brasil – Paraguai:um olhar a partir do Observatório da Educação na Fronteira. 2015. Tese (Doutorado em Linguística) – Centro de Comunicação e Expressão, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2015. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988, 292 p. CATAIA, M. A. Fronteiras: territórios em conflito. In: Encontro Paranaense de Estudantes de Geografia (EPEG), 13., 2008, Cascavel. Anais do XIII Encontro Paranaense de Estudantes de Geografia (EPEG). Cascavel: Universidade Estadual do Oeste do Paraná, 2008. Disponível em: https://e-revista.unioeste.br/index.php/ geoemquestao/article/download/4296/3309/15714. Acesso em: 2 mar. 2023. CINTRA, J. P. O mapa das cortes e as fronteiras do Brasil. Revista Bol. Ciênc. Geod., Curitiba, v. 18, n. 3, p. 421-445. 2012. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/bcg/ article/view/29209/19006. Acesso em: 2 mar. 2023. COSTA, W. M. O Estado e as políticas territoriais no Brasil. São Paulo: Contexto, 1988. FREEPIK COMPANY. [Banco de Imagens]. Freepik, Málaga, 202 3. Disponível em: https://www.freepik.com/. Acesso em: 6 mar. 2023. HAESBAERT. R. O mito da desterritorialização: do “fim dos territórios” à multiterritorialidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2016. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA ESTATÍSTICA. Mapa dos municípios da faixa de fronteira. Rio de Janeiro: IBGE, 2021. Disponível em: https://geoftp.ibge. gov.br/organizacao_do_territorio/estrutura_territorial/municipios_da_faixa_de_ fronteira/2021/Municipios_da_Faixa_de_Fronteira_2021.pdf. Acesso em: 2 mar. 2023. MOREIRA, J. B. Refugiados no Brasil: reflexões acerca do processo de integração local. Referências https://revistas.ufpr.br/bcg/article/view/29209/19006 https://revistas.ufpr.br/bcg/article/view/29209/19006 https://geoftp.ibge.gov.br/organizacao_do_territorio/estrutura_territorial/municipios_da_faixa_de_fronteira/2021/Municipios_da_Faixa_de_Fronteira_2021.pdf https://geoftp.ibge.gov.br/organizacao_do_territorio/estrutura_territorial/municipios_da_faixa_de_fronteira/2021/Municipios_da_Faixa_de_Fronteira_2021.pdf https://geoftp.ibge.gov.br/organizacao_do_territorio/estrutura_territorial/municipios_da_faixa_de_fronteira/2021/Municipios_da_Faixa_de_Fronteira_2021.pdf 18Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública REMHU: Revista Interdisciplinar da Mobilidade Humana , v. 22, n. 43, p. 85–98, jul. 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/j/remhu/a/zCtfF6R6PzQJB6bSgts8YWF/ abstract/?lang=pt#. Acesso em: 2 mar. 2023. OLIVEIRA, G. M. de. Línguas de fronteira, fronteiras de línguas: do multilinguismo ao plurilinguismo nas fronteiras do Brasil. Revista GeoPantanal, Corumbá, v. 11, n. 21, p. 52-72, jul./dez. 2016. Disponível em: https://periodicos.ufms.br/index.php/ revgeo/article/view/2573. Acesso em: 2 mar. 2023. PESAVENTO, S. J. Fronteiras culturais em um mundo planetário - paradoxos da(s) identidade(s) sul-latino-americana(s). Revista del CESLA, Varsóvia, n. 8, p. 9-19, jan. 2006. Disponível em: https://www.revistadelcesla.com/index.php/revistadelcesla/ article/view/228. Acesso em: 3 mar. 2023. RAFFESTIN, C. Por Uma Geografia do Poder. São Paulo: Ática, 1993. RATZEL, F. La Géographie Politique. Paris: Fayard, 1987(1897). STURZA, E. R. Línguas de fronteira e política de línguas: uma história das ideias linguísticas. 2006. Tese (Doutorado em Linguística) – Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2006. VIAUT, A. La frontière linguistique de la ligne à l‘espace: éléments pour une schématisation. Glottopol - Revue de sociolinguistique em ligne, Ruão, n. 4, p. 6-20, 2004. Disponível em: http://glottopol.univ-rouen.fr/telecharger/numero_4/ gpl402viaut.pdf. Acesso em: 3 mar. 2023. https://www.scielo.br/j/remhu/a/zCtfF6R6PzQJB6bSgts8YWF/abstract/?lang=pt# https://www.scielo.br/j/remhu/a/zCtfF6R6PzQJB6bSgts8YWF/abstract/?lang=pt# https://periodicos.ufms.br/index.php/revgeo/article/view/2573 https://periodicos.ufms.br/index.php/revgeo/article/view/2573 https://www.revistadelcesla.com/index.php/revistadelcesla/article/view/228 https://www.revistadelcesla.com/index.php/revistadelcesla/article/view/228 http://glottopol.univ-rouen.fr/telecharger/numero_4/gpl402viaut.pdf http://glottopol.univ-rouen.fr/telecharger/numero_4/gpl402viaut.pdf Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 19 Agora é hora de voltar um pouco no tempo para conhecer as primeiras políticas territoriais estabelecidas durante a colonização das Américas. Ocupar o desconhecido território das Américas não foi uma tarefa simples para os portugueses e espanhóis durante o período colonial. Entre as principais dificuldades é possível elencar a dificuldade de acesso e penetração do território que desencadeou uma carência populacional e a dificuldade de controle militar dos territórios e a proteção contra outras invasões estrangeiras. Ao refletir sobre o período colonial e a demarcação de limites, o primeiro tratado que vem à memória é o Tratado de Tordesilhas, firmado entre Portugal e Espanha em 1494, com o objetivo de dividir as recém “descobertas” terras durante a expansão marítima dos dois reinos. Porém, depois, com a chegada dos portugueses ao Brasil, as disputas se tornaram mais acirradas e várias negociações foram feitas para se chegar aos limites entre as colônias portuguesas e espanholas. Veja os principais tratados que visaram pôr fim aos conflitos territoriais no período colonial: Unidade 2: Fronteiras e Políticas Territoriais Objetivo de aprendizagem Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer os processos de formação e estabelecimento das fronteiras sul-americanas. 2.1 Formação e Estabelecimento das Fronteiras Sul-Americanas: entre Tratados e Conflitos Tratado de Utrech - (1713 e 1715) Assinado como forma de encerrar a Guerra de Sucessão Espanhola. O primeiro, em 1713, anulou o Tratado de Tordesilhas e estabeleceu limites para as fronteiras entre as colônias espanholas, portuguesas no que hoje corresponde à região norte do Brasil, sendo as duas margens do Amazonas pertencentes a Portugal. O segundo, em 1715, estabeleceu os Nesta unidade você vai ver um breve resumo que vai passar pelas principais políticas territoriais que se relacionam ao atual estabelecimento das fronteiras geopolíticas brasileiras. 20Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Tratado de Madri - (1750) Tratado de San Ildefonso - (1777) Tratado de Badajoz - (1801) limites das colônias ao sul, quando o limite da coroa portuguesa passa a ser o rio da Prata e a Espanha devolve a Colônia do Sacramento a Portugal. Firmado entre Portugal e Espanha no ano de 1750 com o objetivo de definir os limites territoriais terrestres e marítimos das coroas, demarcando as fronteiras nas colônias americanas. O tratado foi elaborado com base no princípio do uti possidetis, ou seja, aquele que ocupa a terra é o verdadeiro dono. O Mapa das Cortes, elaborado em 1749, foi usado como documento que demonstrava a ocupação por parte dos súditos portugueses. Confirmou o Tratado de Madri e redefiniu a posse da Ilha de Santa Catarina, voltando ao poder da Coroa Portuguesa, enquanto a Colônia do Sacramento e a região dos Sete Povos das Missões passava a pertencer à Coroa Espanhola. Devolve os Sete Povos das Missões aos domínios portugueses. A título de curiosidade, conheça o Mapa das Cortes, também denominado de Mapa dos confins do Brasil: Mapa dos confins do Brasil com as terras da coroa de Espanha na américa meridional – “Mapa das Cortes” (1893). Fonte: Confins (2019). Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 21 É importante destacar que o impacto das políticas territoriais do período colonial para os povos originários se reflete até a atualidade. De acordo com Costa (1988, p. 27-30), antes do estabelecimento dos tratados mencionados, uma das iniciativas estabelecidas pelos portugueses para garantira ocupação territorial no período colonial foi o sistema de colonização semiprivada que garantia: • concessão de terras a colonos; • autonomia dos colonos sobre as terras concedidas; • ocupação do litoral até a Foz do Amazonas, com a fundação de Belém em 1616; • instalação de um sistema de pecuária extensiva no sertão nordestino; • estabelecimento de missões dos jesuítas no extremo norte; • abertura de vias de circulação no sudeste pelos bandeirantes; • povoamento do litoral sul em confronto com os espanhóis. Essas medidas visaram garantir o domínio territorial dos portugueses sobre a colônia, mas apesar disso e dos tratados firmados, os limites dos territórios entre Portugal, Espanha e França não foi um tema pacificado até a Proclamação da República, quando se fizeram necessárias novas negociações, representadas pelo Barão do Rio Branco, em questões relacionadas ao território de Palmas com a Guiana Francesa, as fronteiras com a Bolívia (incluindo a anexação do Acre ao Brasil em 1903), Peru, Colômbia e Venezuela. A partir do período do Estado Novo, podemos destacar um caráter mais nacionalista em relação ao território com a implementação de projetos nacionais que podem ser verificados a seguir: As estratégias de ocupação do que hoje corresponde à região norte do Brasil passaram pela política de “pacificação dos indígenas” através das missões que deram um grande poder de controle do território do Vale do Amazonas aos missionários de distintas ordens religiosas. 22Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Até o momento você viu como se estruturaram as principais políticas de definição do território brasileiro a partir de uma perspectiva política e administrativa, que priorizou a garantia da soberania e manutenção dos domínios de poder do Estado, como é possível verificar até os dias atuais. Essas políticas em relação ao território fronteiriço vão revelar a ideia da fronteira como um problema que precisa ser controlado desde o ponto da segurança nacional. A seguir, veja como as fronteiras brasileiras são geridas atualmente pelo Estado brasileiro. Década de 1930 Década de 1960 Década de 1980 Instituição de projetos nacionais em prol da integração nacional. Como por exemplo o projeto político da “Marcha para o Oeste”, lançado em 1938, durante o governo de Getúlio Vargas. No período da Ditadura Militar, o território passou a ser visto desde a ótica da regionalização como ação em prol do desenvolvimento industrial e econômico do Estado e da iniciativa privada. Segundo Pereira (2007), há um avanço da ideologia que vai levar a uma gestão neoliberal do território, representada pelas redes de infraestrutura (por exemplo, construção de estradas, ferrovias, entre outras) que se baseavam nos interesses do mercado e não nas necessidades dos usuários do território. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 23 Arcos da faixa de fronteira. Fonte: BRASIL (2005). O Brasil possui em sua fronteira um total de 588 municípios em 11 estados de três regiões, sendo 122 limítrofes e 33 cidades gêmeas. Desta forma, a faixa de fronteira ocupa 27% do território brasileiro e se limita com praticamente todos os países da América do Sul. Na próxima figura, você pode observar a localização das cidades gêmeas e demais municípios localizados na faixa de fronteira: Cidades gêmeas: de acordo com o extinto Ministério da Integração Nacional, são consideradas gêmeas as cidades, com população superior a 2 mil habitantes, localizadas na linha da fronteira, com grande possibilidade de integração cultural e econômica. 24Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Municípios da faixa de fronteira. Fonte: IBGE (2021). A definição dos arcos foi proposta após estudos realizados pelo Programa de Promoção do Desenvolvimento da Faixa de Fronteira (PPDFF), do Ministério da Integração Nacional, com base no posicionamento geográfico, em aspectos culturais e étnicos de formação da população e em indicadores socioeconômicos. Em 2010, um decreto de lei criou a Comissão Permanente para o Desenvolvimento Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 25 e a Integração da Faixa de Fronteira (CDIF), com o objetivo de “propor medidas e coordenar ações que visem ao desenvolvimento de iniciativas necessárias à atuação do Governo Federal naquela região” (BRASIL, 2010). No ano de 2019 esse decreto foi revogado pelo Decreto Nº 9.961/2019 e a CDIF passou a integrar o Ministério do Desenvolvimento Regional, em função da extinção do Ministério da Integração Nacional. Atualmente essa comissão é composta por representantes de distintos órgãos da federação e tem como competência as seguintes ações: I – definir, respeitadas as especificidades de atuação dos órgãos competentes, critérios de ação governamental conjunta para o desenvolvimento e a integração na área abrangida pela faixa de fronteira, de modo a estimular a integração das políticas públicas e a parceria com os demais entes públicos para promover a complementaridade das ações; II – colaborar com a Câmara de Políticas de Integração Nacional e Desenvolvimento Regional no âmbito de suas competências; III – propor ações que visem ao desenvolvimento regional que considerem a importância de programas para a integração fronteiriça e para a integração sul-americana; IV – zelar pela melhoria da gestão multissetorial para as ações do Governo federal no apoio ao desenvolvimento e à integração da área abrangida pela faixa de fronteira; V – buscar a articulação com as ações do Comitê-Executivo do Programa de Proteção Integrada de Fronteiras e submeter à apreciação do referido Comitê-Executivo as propostas de ações de articulação com o Programa no âmbito de suas competências; VI – propor o desenvolvimento de sistema de informações para o gerenciamento das ações a que se refere o inciso III; VII – apresentar planos regionalizados de desenvolvimento e integração fronteiriços; VIII – interagir com núcleos regionais estabelecidos para debater questões de desenvolvimento e integração fronteiriços; e IX – emitir pareceres e recomendações sobre questões do desenvolvimento regional na faixa de fronteira (BRASIL, 2019). 26Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Que tal conhecer esses arcos? Desta forma, a CDIF continua sendo um importante instrumento para pensar políticas voltadas para o desenvolvimento das fronteiras, assim como o fez ao propor a organização das fronteiras em arcos. Para refletir um pouco mais sobre os arcos, assista a videoaula a seguir: Observe a imagem a seguir: 2.2.1 Arco Norte Arco Norte: Tipologia Básica das Sub-regiões. Fonte: BRASIL (2005). Videoaula: Os Arcos O arco norte representa 12% da faixa de fronteira brasileira e é considerado o “arco indígena” em função de possuir em seu território o maior contingente de terras e povos indígenas. Compreende um total de 71 municípios localizados em 5 estados e se limita com 7 países: Bolívia, Colômbia, Guiana Francesa, Guiana Inglesa, Suriname, Peru e Venezuela. https://cdn.evg.gov.br/cursos/918_EVG/video/modulo01_video03/index.html Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 27 Esses municípios fazem parte de seis sub-regiões. Oiapoque-Tumucumaque Considerada a maior em superfície da Faixa de Fronteira, possui 350 mil km2, está localizada na fronteira entre o Brasil, as Guianas e o Suriname. Abrange dezessete municípios nos Estados do Amapá, Pará, Roraima e Amazonas, banhados pelos rios Oiapoque, Jarí e Trombetas: Caroebe, São João da Baliza e São Luiz do Anauá, no Estado de Roraima; Oiapoque, Laranjal do Jarí, Pedra Branca do Amapari, Serra do Navio, Ferreira Gomes, Pracuúba, Calçoene, Amapá no Estado do Amapá; Alenquer, Almeirim, Faro, Oriximiná, Óbidos no Estado do Pará; Urucará, Nhamundá, no Estado do Amazonas. Campos do Rio Branco Nessa sub-região está localizada a demarcada Terra Indígena Raposa/Serra do Sol. Abrange os municípios de Boa Vista, Bonfim, Cantá, Caracaraí, Mucajaí, Normandia, Rorainópolis, Pacaraima e Uiramutã (dentro da Terra Indígena Raposa-Serra do Sol), no Estado de Roraima. É a sub-região com melhor conexão rodoviária do arco norte, ligando as capitais Manaus e Boa Vista através da BR-174, seguindo rumo à Venezuela e Costa do Caribe, e a BR-401, que liga Boa Vista à Costa do Caribe, passando pela Guiana. Parima Alto Rio Negro Sub-região com mais de 70% de sua população formada por indígenas (abriga diversas Reservas e Terras Indígenas nas proximidades dos rios Negro, Japurá-Caquetá, Uaupés-Vaupés, sendo os principais povos: Tukano, Baniwa, Baré, Karapanã, Maku, Miriti Tapuia, e Makuna). Se caracteriza pelo difícil acesso. Compreende os municípios de Alto Alegre, Amajari e Iracema, no Estado de Roraima; Barcelos, Japurá, São Gabriel da Cachoeira e Santa Isabel do Rio Negro, no Estado do Amazonas. Alto Solimões Nessa sub-região está localizada a tríplice fronteira do Trapézio Amazônico, formada por Brasil, Colômbia e Peru. Compreende municípios localizados no estado do Amazonas: Tabatinga, Benjamim Constant, Atalaia do Norte, São Paulo de Olivença, Amaturá, Santo Antônio do Içá, Jutaí, Tonantins. Alto Juruá Se estende do sudoeste do Amazonas ao Estado do Acre, fazendo fronteira com o Peru na zona-tampão do Parque Nacional da Serra do Divisor (AC). Nessa sub-região se encontram os municípios de Envira, Guajará, Ipixuna, no Estado do Amazonas; Cruzeiro do Sul, Feijó, Jordão, Mâncio Lima, Manoel Urbano, Marechal Thaumaturgo, Porto Walter, Rodrigues Alves, Santa Rosa do Purus e Tarauacá, no Estado do Acre. 28Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Vale do Acre-Alto Purus Possui a menor densidade demográfica e compreende os municípios de Acrelândia, Assis Brasil, Brasiléia, Bujari, Capixaba, Epitaciolândia, Plácido de Castro, Porto Acre, Rio Branco, Sena Madureira, Senador Guiomar e Xapuri, no Estado do Acre; Boca do Acre, Canutama, Lábrea e Pauini, no Estado do Amazonas. Faz fronteira com o Peru e a Bolívia, através das cidades gêmeas Assis Brasil (Brasil)-Iñapari (Peru)-Bolpebra (Bolívia) e Brasiléia/ Epitaciolândia (Brasil)-Cobija (Bolívia). 2.2.2 Arco Central Arco Central. Fonte: BRASIL (2005). Observe a imagem a seguir: Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 29 Uma das características mais relevantes do arco central é a sua localização, uma vez que se encontra entre a Amazônia e a área Centro-Sul do Brasil, onde estão localizadas as duas principais bacias hidrográficas da América do Sul: Bacia Amazônica e a Bacia Paraná-Paraguai. Como vimos no mapa, se divide em oito sub-regiões, abrangendo 99 municípios e 17% da faixa de fronteira. Madeira-Mamoré Conectando o Vale do Amazonas e do Acre ao Sudeste do país através da BR 364 e da hidrovia do Rio Madeira, essa sub-região se limita com a Bolívia e compreende municípios localizados no estado de Rondônia: Campo Novo de Rondônia, Buritis, Guajará-Mirim (cidade-gêmea), Nova Mamoré e Porto Velho. Fronteira do Guaporé De perfil mais rural e com atividades econômicas incentivadas pelo antigo modelo de estrutura fundiária herdado da ditadura militar, também compreende municípios localizados em Rondônia como Costa Marques, Seringueiras, São Miguel do Guaporé, Alvorada, Nova Brasilândia d’Oeste, Novo Horizonte do Oeste, Rolim de Moura, Alta Floresta d’Oeste, São Francisco do Guaporé, Alto Alegre dos Parecis, Corumbiara, Cerejeiras, Pimenteiras do Oeste e Cabixi. Chapada dos Parecis Principal área produtora e exportadora de soja do país, essa sub-região compreende os municípios de Chupinguaia, Colorado do Oeste, Parecis, Pimenta Bueno, Primavera de Rondônia, Santa Luzia d’Oeste, São Felipe do Oeste e Vilhena, no Estado de Rondônia; Comodoro, Conquista d’Oeste, Campos de Júlio, Sapezal, Nova Lacerda e Tangará da Serra, no Estado de Mato Grosso. Alto Paraguai Com baixa densidade demográfica, essa sub-região faz fronteira com a Bolívia e abrange os municípios de Araputanga, Barra do Bugre, Curvelândia, Figueirópolis d’Oeste, Glória d’Oeste, Indiavaí, Jauru, Lambari d’Oeste, Mirassol d’Oeste, Pontes e Lacerda, Porto Esperidião, Porto Estrela, Reserva do Cabaçal, Rio Branco, Salto do Céu, São José dos Quatro Marcos, Vale de São Domingos, Vila Bela da Santíssima Trindade no Estado de Mato Grosso. Pantanal Fazendo fronteira com o Chaco boliviano e com o Paraguai, essa sub- região se destaca pela diversidade natural. Compreende os municípios Barão de Melgaço, Cáceres, Nossa Senhora do Livramento e Poconé, 30Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública no Estado de Mato Grosso; Aquidauana, Anastácio, Corumbá, Ladário, Miranda, Porto Murtinho no Estado de Mato Grosso do Sul. Bodoquena Se destacam duas atividades em seus domínios: a criação extensiva de gado do Pantanal e o cultivo da soja. A sub-região engloba os municípios de Bela Vista, Bodoquena, Bonito, Caracol, Guia Lopes da Laguna, Jardim e Nioaque, no Estado de Mato Grosso do Sul. Dourados Compreende os municípios de Caarapó, Deodápolis, Dois Irmãos do Buriti, Douradina, Dourados, Fátima do Sul, Glória de Dourados, Itaporã, Jateí, Laguna Carapã, Maracajú, Novo Horizonte do Sul, Rio Brilhante, Sidrolândia, Taquarussu e Vicentina no Mato Grosso do Sul. Cone Sul-mato-grossense Abrange os municípios de Amambaí, Antônio João, Aral Moreira, Coronel Sapucaia, Eldorado, Iguatemi, Itaquiraí, Japorã, Juti, Mundo Novo, Naviraí, Paranhos, Ponta Porã, Sete Quedas e Tacuru, localizados no Mato Grosso do Sul. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 31 Arco Sul. Fonte: BRASIL (2005). Representa 69% da faixa de fronteira brasileira e se divide em 3 sub-regiões, abrangendo um total de 418 municípios. 2.2.3 Arco Sul Observe a imagem a seguir: 32Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Sub-região Portal do Paraná Localizada entre os arcos central e sul, essa sub-região se caracteriza pela diversidade de fluxo migratório de sujeitos oriundos das regiões nordeste e sudeste e membros da comunidade nipônica. Compreende os municípios de Altônia, Cafezal do Sul, Cidade Gaúcha, Cruzeiro do Oeste, Douradina, Esperança Nova, Guaíra, Icaraíma, Ivaté, Maria Helena, Nova Olímpia, Perobal, Pérola, Querência do Norte, Rondon, Santa Cruz do Monte Castelo, Santa Isabel do Ivaí, Santa Mônica, São José do Patrocínio, Tapejara, Tapira, Umuarama, Vila Alta e Xambrê, no Estado do Paraná. Sub-região Vales Coloniais Sulinos É a sub-região com um grande potencial industrial e a que engloba o maior número de municípios localizados no Segmento Sudoeste do Paraná, Segmento Oeste de Santa Catarina e Segmento Noroeste do Rio Grande do Sul.. Sub-região Fronteira da Metade Sul do Rio Grande do Sul Cortada por uma importante malha rodoviária e limitando-se com Uruguai e Argentina, essa sub-região é a mais urbanizada do Arco Sul e compreende os municípios de: Aceguá, Alegrete, Arroio do Padre, Arroio Grande, Bagé, Barra do Quaraí, Caçapava do Sul, Cacequi, Candiota, Canguçu, Capão do Sipó, Capão do Leão, Cerrito, Chuí, Dom Pedrito, Encruzilhada do Sul, Garruchos, Herval, Hulha Negra, Itacurubi, Itaqui, Jaguarão, Jagurari, Jarí, Lavras do Sul, Maçambara, Manoel Viana, Morro Redondo, Nova Esperança do Sul, Pedras Altas, Pedro Osório, Pelotas, Pinheiro Machado, Piratini, Quaraí, Rio Grande, Rosário do Sul, Santa Margarida do Sul, Santa Vitória do Palmar, Santana da Boa Vista, Sant’Ana do Livramento, Santiago, São Borja, São Francisco de Assis, São Gabriel, São José do Norte, São Lourenço do Sul, São Sepé, São Vicente do Sul, Tupanciretã, Turucu, Unistalda, Uruguaiana e Vila Nova do Sul no Rio Grande do Sul. A apresentação detalhada dos arcos nessa unidade teve como objetivo mostrar a extensão e a complexidade da fronteira quando se utilizam critérios para a organização e o planejamento desse territórioque vão além do estabelecimento de limites geopolíticos ou de defesa da soberania nacional. O espaço fronteiriço é construído, reconstruído e constrói diferentes versões do território a partir dos sistemas simbólicos que se desenvolvem nas práticas de interação dos grupos sociais que compartilham esse espaço. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 33 É possível perceber, portanto, que a história do estabelecimento das fronteiras no Brasil não pode ser vista apenas desde um ponto de vista geopolítico, uma vez que a fluidez dos espaços transacionais reside justamente no movimento das fronteiras simbólicas, étnicas e culturais e, claro, linguísticas. De modo que a fronteira não é estática, a fronteira é viva e pulsante. É o espaço em que o encontro das semelhanças e diferenças se cruzam e convergem na formação de novas construções identitárias. Afinal, como afirma Sturza (2006, p. 69) Nesta unidade você viu um breve panorama das principais políticas territoriais desde o período colonial com o objetivo de compreender como seu deu a atual delimitação político-administrativa das fronteiras brasileiras. Pode conhecer os principais tratados e acordos firmados no período colonial e as disputas entre Portugal e Espanha, as quais se conectam com as fronteiras linguísticas que compartilhamos em nossa faixa de fronteira. Viu também a atual definição das fronteiras com os Arcos Sul, Central e Norte e as principais políticas de gestão da fronteira promovidas pelo Estado. Você chegou ao final desta Unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Até a próxima! “dizer e significar a fronteira, também, é dizer e significar outras fronteiras”. 34Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública BRASIL. Proposta de reestruturação do Programa de Desenvolvimento da Faixa de Fronteira: bases de uma política integrada de desenvolvimento regional para a faixa de fronteira. Brasília, DF: Ministério da Integração Nacional. Secretaria de Programas Regionais. Programa de Desenvolvimento da Faixa de Fronteira. 2005. Disponível em: https://www.paho.org/bra/dmdocuments/livro_completo.pdf. Acesso em: 3 mar. 2023.. BRASIL. Decreto de 08 de setembro de 2010. Institui a Comissão Permanente para o Desenvolvimento e a Integração da Faixa de Fronteira - CDIF. Brasília, DF: Presidência da República, 2010. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2010/dnn/dnn12853.htm. Acesso em: 3 mar. 2023. BRASIL. Decreto Nº 9.961, de 08 de agosto de 2019. Institui a Comissão Permanente para o Desenvolvimento e a Integração da Faixa de Fronteira – CDIF. Brasília, DF: Presidência da República, 2019. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/D9961.htm. Acesso em: 3 mar. 2023. CONFINS. Mapas dos Confins, mapa das Cortes. Confins, n. 39, 2 mar. 2019. Disponível em: https://journals.openedition.org/confins/19181?lang=pt. Acesso em: 3 mar. 2023. COSTA, W. M. O Estado e as políticas territoriais no Brasil. São Paulo: Contexto, 1988. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA ESTATÍSTICA. Mapa dos municípios da faixa de fronteira. Rio de Janeiro: IBGE, 2021. Disponível em: https://geoftp.ibge. gov.br/organizacao_do_territorio/estrutura_territorial/municipios_da_faixa_de_ fronteira/2021/Municipios_da_Faixa_de_Fronteira_2021.pdf. Acesso em: 2 mar. 2023. PÊGO, B. et al. (Orgs.). Fronteiras do Brasil: uma avaliação do Arco Norte. Rio de Janeiro: IPEA - MI, 2018. STURZA, E. R. Línguas de fronteira e política de línguas: uma história das ideias linguísticas. 2006. Tese (Doutorado em Linguística) – Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2006. Referências http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/dnn/dnn12853.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/dnn/dnn12853.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/D9961.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/D9961.htm https://geoftp.ibge.gov.br/organizacao_do_territorio/estrutura_territorial/municipios_da_faixa_de_fronteira/2021/Municipios_da_Faixa_de_Fronteira_2021.pdf https://geoftp.ibge.gov.br/organizacao_do_territorio/estrutura_territorial/municipios_da_faixa_de_fronteira/2021/Municipios_da_Faixa_de_Fronteira_2021.pdf https://geoftp.ibge.gov.br/organizacao_do_territorio/estrutura_territorial/municipios_da_faixa_de_fronteira/2021/Municipios_da_Faixa_de_Fronteira_2021.pdf Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 35 A fronteira sempre foi vista como um problema para a garantia do poder territorial dos Estados. Desta forma, as políticas voltadas para esse espaço estiveram e estão focadas na ocupação territorial e na militarização da faixa de fronteira, considerada uma terra sem lei, onde se propagam atos ilícitos como o contrabando e o tráfico de drogas. Veja nas abas (RODRIGUES, 2021, p. 98) os principais acordos e tratados firmados entre Brasil, Colômbia e Peru sobre as áreas de fronteira: Neste momento você irá refletir sobre a visão da fronteira como um valioso recurso para o desenvolvimento social e não apenas como um espaço que precisa de controle e monitoramento permanente, visão que corrobora com a manutenção de estereótipos e preconceitos negativos sobre a fronteira e tudo que é produzido nesse espaço. Unidade 3: Fronteiras, o Desenvolvimento Social e a Educação Objetivo de aprendizagem Ao final desta unidade, você será capaz de compreender o potencial das fronteiras linguísticas e culturais enquanto recurso para o desenvolvimento social. 3.1 Fronteira como Problema e Espaço de Controle 36Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública A autora realizou um levantamento dos principais acordos e tratados firmados entre o Brasil, a Colômbia e o Peru que compartilham uma tríplice fronteira, com o objetivo de verificar o teor dessas tratativas. Você pode observar na imagem que as ações contempladas por esses acordos desde a década de 70 tinham foco em atividades econômicas e de controle de atividades criminosas, ou seja, voltadas para a fronteira como um espaço problemático. Entre as iniciativas do governo federal brasileiro com esse mesmo viés podemos citar o Programa Calha Norte, criado em 1985 no âmbito do Ministério da Defesa, que tem como objetivo garantir a defesa nacional, maior presença do poder público e a ocupação e fixação de habitantes na faixa de fronteira da região norte, como foco na Amazônia setentrional. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 37 Fronteira da Região Norte. Fonte: Grupo Retis (2005). O programa continua em funcionamento com o apoio logístico e financeiro das Forças Armadas e, atualmente, abrange 442 municípios localizados nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Matogrosso, Matogrosso dos Sul, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. No ano de 2010 o Grupo de Trabalho Interfederativo de Integração Fronteiriça, composto por membros de distintas instituições, lançou as “Bases para uma proposta de desenvolvimento e integração da faixa de fronteira”. Nesse documento se reconhece que: Mas e em relação ao desenvolvimento social das fronteiras, o que tem sido feito? 38Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Na esteira dessa visão compartilhada pelo Ministério da Integração Nacional surgem projetos de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento da fronteira como você pode acompanhar a seguir Projeto SIS - Fronteira – Ministério da Saúde O Sistema Integrado de Saúde das Fronteiras foi criado em 2005 pelo Ministério da Saúde com o objetivo de melhorar a atenção à saúde em mais de 100 municípios situados ao longo da faixa de fronteira. O projeto já não está em operação. Projeto Fronteiras (Sinivem) e Questões Migratórias - Programa Pronasci Fronteiras – Ministério da Justiça/Departamento de Polícia Federal O Pronasci-Fonteirasé um desdobramento do Programa Nacional de Segurança Pública e Cidadania, criado para propor ações que visem garantir a segurança pública com foco também no desenvolvimento de ações de cidadania. Questões Migratórias - Ministério do Trabalho e Emprego Uma das ações de destaque foi a criação da Casa do Migrante em Foz do Iguaçu, em 2003, a qual atende pessoas que vivem nesse contexto de fronteira. Concertação de Fronteiras e Frontur e Simitur - Ministério do Turismo Frontur (Seminário Internacional de Turismo de Fronteiras) e o Simitur (Seminário Internacional sobre Migração e Turismo) Fizeram parte do acordo de concertação das fronteiras com o objetivo de desenvolver e regulamentar as ações sobre o turismo na fronteira. Projeto Intercultural Bilíngue Escolas de Fronteira – Ministério da Educação Com base em um modelo de ensino comum, espelhado, em escolas A integração de fronteiras requer esforços conjuntos dos entes federados nacionais e de seus correspondentes nos outros países, uma vez que a complexidade do enfrentamento dos problemas envolve questões de soberania, de adequação de ordenamentos jurídicos, questões econômicas, sociais e até mesmo, culturais (BRASIL, 2010, p. 34). significar outras fronteiras”. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 39 localizadas nas fronteiras entre o Brasil e Argentina, o projeto surgiu como uma forma de pensar a educação intercultural com foco no ensino de português e de espanhol. As propostas abarcavam áreas estratégicas do desenvolvimento do espaço fronteiriço como saúde, economia, turismo, segurança e educação. Entre as propostas está o Projeto Intercultural Bilíngue Escolas de Fronteira, a primeira iniciativa em prol da educação bilingue em contexto fronteiriço que surge na esteira de uma visão de integração dos países da América do Sul, com o estabelecimento do Mercosul. Par começar, reflita sobre um conceito importante para desenvolver uma linha de raciocínio sobre as regiões transfronteiriças (RTF): Partindo dessa visão, as regiões transfronteiriças passam a integrar um espaço importante para o desenvolvimento econômico de sua comunidade e do país por meio da produção de bens e serviços de consumo. No entanto, não se pode excluir o fato de que além de bens e serviços de consumo e sua importância geoeconômica, a fronteira é um espaço de produção de patrimônios culturais e simbólicos, tendo como eixo central as suas línguas. 3.2 Fronteira como Recurso para o Desenvolvimento Social As RTFs tornaram-se objetos políticos específicos e não apenas territórios econômicos espontâneos e naturais. Nesse sentido, representam formas específicas de inovação em relação ao espaço, lugar e escala. Implicam a produção de novos tipos de lugares ou espaços de produção, de desenvolvimento de serviços, de trabalho e de consumo. Eles estão ligados a novos métodos de produção do lugar ou do espaço para criar vantagens específicas do lugar para a produção de bens e serviços e oferecer novas estruturas regulatórias, infraestrutura, economias de escala, novos mercados de trabalho etc. (JESSOP, 2004, p. 32) 40Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Neste sentindo e entendendo que passamos por um período de mudanças geopolíticas importantes que geram impactos nos territórios, precisamos compreender que a gestão do espaço fronteiriço precisa buscar o seu desenvolvimento. Um dos patrimônios culturais que pode ser utilizado como recurso nesse processo é justamente a língua e os modelos de gestão da pluralidade linguística que caracteriza a fronteira. Há dois problemas elencados pelos pesquisadores que participaram do estudo e que se relacionam à temática desse estudo (PÊGO, 2018, p. 162-163): • falta integração produtiva, redes de APLs para atender às demandas, escolas binacionais nas cidades gêmeas (há projeto de escola de fronteira em Bonfim e em Pacaraima), problemas de idioma ao se cruzar a fronteira; • oferta restrita e de baixa capilaridade na área da educação. Por exemplo: faltam escolas binacionais e cursos de língua estrangeira, sendo o idioma um grave problema de comunicação e interação; ausência de ensino técnico- profissionalizante, de comércio exterior etc., e nível superior. Ambas as questões colocam em evidência o desproporcional tratamento dado ao território brasileiro, especialmente quando referido à Região Norte do país. Porém, a ausência de políticas públicas com foco na educação na fronteira é uma realidade que se reflete em todos os arcos, em diferentes proporções. Um novo modelo de gestão, adequado ao quadro da globalização atual, deve entender que se deve assumir como uma componente de uma gestão integrada do território, precisamente na medida em que as problemáticas culturais são claramente territoriais (KANT, 1999; OOSTERBEEK, 2007; SAMASSEKOU, 2012 apud OOSTERBEEK, 2017). Essa visão é corroborada por pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) em parceria com o Ministério da Integração, que culminou na publicação do livro “Fronteiras do Brasil: uma avaliação de política pública” em 2018, especialmente no volume 3 da coletânea, em que se dá ênfase ao Arco Norte. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 41 Conheça alguns exemplos de utilização da fronteira como recurso para o desenvolvimento social e econômico. EuroAirport Basel-Mulhouse-Freiburg No âmbito europeu, cuja organização e gestão dos territórios de fronteira se baseia em outros contextos diferentes da nossa realidade, podemos citar o Euro-Aeroporto Basel-Mulhouse-Freiburg como exemplo de utilização da fronteira como recurso para a economia local. O aeroporto é operado por França e Suíça e beneficia também aqueles que se deslocam à Freiburg, na Alemanha. Integrierter Bachelorstudiengang Lehramt Sekundarstufe (Licenciatura Integrada em Docência do Ensino Secundário) Na mesma região onde se localiza o aeroporto mencionado, é possível verificar outra ação que colabora com o desenvolvimento social da fronteira no que tange à educação. O programa binacional (franco- alemão) de formação de professores bilíngues é oferecido pela Universidade de Educação de Freiburg, na Alemanha, em cooperação com a Université Nice Sophia Antipolis, na França. Programa Binacional de Educación Migrante (Probem) Criado em 1982 em parceria entre os governos dos Estados Unidos e do México, tem como objetivo auxiliar na integração de crianças migrantes ao sistema educativo dos países envolvidos e promover o intercâmbio docente de forma a contribuir com a: atenção educativa a meninas e meninos migrantes; os Estados membros do Grupo Mexicano do Probem e do Grupo dos Estados Unidos desenharam e estruturaram conjuntamente apoios educativos específicos para esta população escolar; o Probem constitui um valioso fator de mudança e um instrumento que favorece, fortalece, consolida e amplia todos esses propósitos e ações, orientados a oferecer aos migrantes binacionais mexicanos melhores oportunidades de progresso e, com isso, um ambiente propício para acessar melhores níveis de vida (informação disponível no site do Governo do México). Projeto Escolas Bilingues e Interculturais de Fronteira (PEBIF) É um projeto de cooperação entre Portugal e Espanha e as Comunidades Autônomas, em parceria com a Organização dos Estados Ibero- Americanos (OEI). Tem como objetivo criar uma rede de escolas que promovam a educação e o desenvolvimento social e econômico dos territórios de fronteira entre os países signatários do projeto. 42Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Proyecto binacional Educación Superior (Brasil-Uruguai) Se refere a um projeto interinstitucional binacional, com sede nas cidades de Rivera (Uruguai) e Santa do Livramento (Brasil) do qual participam, ofertando cursos de graduação, técnicos e de pós-graduação binacionais, as seguintes instituições: Universidad de la República, UniversidadeFederal do Pampa, Universidad Tecnológica del Uruguay, Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, Centro Regional de Profesores del Norte, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-Rio-Grandense, Instituto de Formación Docente, Universidade da Região da Campanha, Escuela Técnica Superior de Rivera e Polo Educativo Tecnológico de Rivera. Conheça o programa binacional franco-alemão acessando clicando aqui. Visite também a página do PEBIF. Analisando o caso do Proyecto Binacional Educación Superior e outras iniciativas em prol do desenvolvimento social da fronteira, verifica-se que ocorreram em um período de políticas progressistas que entendiam a necessidade de uma aproximação dos países vizinhos como parte do desenvolvimento econômico, político e social. Nesse caso, especificamente, a fronteira é utilizada como recurso para o desenvolvimento de modelos de gestão da educação binacional e produção de conhecimento científico nas instituições envolvidas. Um exemplo interessante no campo da educação foi a instituição, no ano de 2013, do Campus Binacional do Oiapoque, localizado no estado do Amapá, nas cidades de Oiapoque e Laranjal do Jari. Acompanhe: 2007 - 2008 08/01/2009 Iniciaram acordos e negociações entre o presidente Nicolas Sarkozy e Luiz Inácio Lula da Silva com a finalidade de criar uma universidade na fronteira entre Oiapoque e Guiana Francesa. O Protocolo Adicional ao Acordo de Cooperação Técnica e Científica entre os dois governos, publicado no Diário Oficial da União (DOU), instituiu o Centro Franco-Brasileiro da Biodiversidade Amazônica, com estrutura física alocada para diferentes instituições de pesquisa do Estado. https://www.dfh-ufa.org/programme/studienfuehrer/integrierter-bachelorstudiengang-lehramt-sekundarstufe https://oei.int/pt/escritorios/secretaria-geral/escuelas-de-frontera/proyecto Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 43 2010 2013 A Secretaria de Educação Superior (Sesu) convocou o então reitor da Universidade Federal do Amapá, Prof. Dr. José Carlos Tavares, para assinar um termo de pactuação não mais do referido centro, mas de um campus da Unifap no Oiapoque que atendesse à “ideia de Campus Binacional”. A Licenciatura Intercultural Indígena, implantada em 2007, obedece a uma perspectiva interdisciplinar e apresenta um núcleo comum de conhecimentos ou de disciplinas. Os cursos do campus de Oiapoque implantados em 2013 seguiram essa mesma concepção e organizaram-se em um tronco comum ou em um mesmo eixo temático (Projeto Político Pedagógico do Curso de Letras- Português/Francês da UNIFAP). O campus binacional está localizado em uma área onde vivem povos originários de distintas etnias como Karipuna, Galibi-Marworno, Palikur-Arukwayene, Galibi-Kalinã ou Galibi do Oiapoque e Wajãpi com suas línguas das famílias Kheuol, Karib, Aruak e Tupi-Guarani, em contato com o português e o francês, por isso a importância de uma Licenciatura Indígena. As iniciativas ainda são tímidas em nossas fronteiras, por isso é preciso uma revisão da ideia de que a fronteira é um espaço que precisa de controle e limites. Nesse sentido, o Brasil caminha a passos muito lentos quando o tema é o desenvolvimento social de suas fronteiras, conforme afirmam Oliveira e Morello (2019, p. 54): 3.3 E os Possíveis Caminhos? A questão das fronteiras é especialmente sensível para a geopolítica brasileira, já que o Brasil tem a terceira mais longa linha fronteiriça do mundo depois da Federação Russa e da China (15.735 km com 10 países). 44Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Os exemplos apresentados partem de diferentes contextos de fronteira em que operam uma série de elementos que se relacionam inclusive a aspectos geopolíticos, se pensarmos nos conflitos e problemas existentes na fronteira entre México e Estados Unidos, por exemplo. Porém, você pode observar que todos buscam utilizar o território fronteiriço como um espaço onde as diferenças e as semelhanças possam integrar um único objetivo: a utilização dos patrimônios das fronteiras como um importante recurso para o desenvolvimento dos grupos sociais que vivem nesse espaço. Entre possíveis iniciativas é possível pensar no estabelecimento de acordos de cooperação com foco especial na construção de um sistema educativo transnacional e na formação docente que visem a promoção das línguas das comunidades da fronteira, ou seja, com foco no desenvolvimento de uma educação intercultural plurilíngue, como propõe Rodrigues (2021, p. 195): Logo, seria de se esperar que o Brasil tivesse formulado políticas sistemáticas para a análise e o aproveitamento do bilinguismo português-espanhol nas fronteiras, e tivesse tentado transformar esse bilinguismo em um recurso geopolítico, mas veremos que este tampouco foi o caso. Acordos de cooperação. Fonte: Freepik (2023). Estabelecer acordos de cooperação transfronteiriços com foco especial na construção de um sistema educativo transnacional e na formação docente que visem àpromoção das línguas das comunidades da fronteira, ou seja, uma educação intercultural plurilíngue. O estabelecimento de acordos de cooperação transfronteiriços é importante para que a gestão da educação na fronteira seja compartilhada entre os Estados, permitindo mais investimentos e o desenvolvimento de um sistema educativo com base na interculturalidade e na promoção das línguas da fronteira como um recurso para o desenvolvimento de suas comunidades. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 45 Universidades bi/trinacionais. Fonte: Freepik (2023). Elaboração de leis. Fonte: Freepik (2023). Novas instituições de ensino superior. Fonte: Freepik (2023). Propor a criação de universidades bi ou trinacionais nas fronteiras e fomentar pesquisas nos programas de pós-graduação. Elaborar leis que regulamentem a educação em contexto fronteiriço, desde a educação básica ao ensino superior. Como desdobramento da proposta anterior, acordos como o firmado entre Brasil e Uruguai para a educação superior binacional poderiam funcionar como um modelo de gestão da fronteira como recurso para a produção de conhecimento científico na fronteira que poderia ser implementado em toda a faixa de fronteira, permitindo a criação de novas instituições de ensino superior (IES) e/ou a ampliação do processo de interiorização dessas IES. 46Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Cooficialização das línguas. Fonte: Freepik (2023). Elaboração de instrumentos legais. Fonte: Freepik (2023). Implementação no currículo escolar. Fonte: Freepik (2023). Ampliar o processo de cooficialização das línguas das comunidades fronteiriças e garantir seu ensino- aprendizagem no currículo escolar. A elaboração de instrumentos legais que coloquem a educação na fronteira como parte do sistema educativo nacional, respeitando as singularidades e complexidades desse espaço, pode colaborar com outros pontos aqui expostos. Afinal, a atual base nacional curricular comum contempla contextos em que os repertórios comunicativos dos habitantes se movimentam entre o português e o espanhol, por exemplo. Atrelar a cooficialização de línguas à sua implementação no currículo escolar como política linguística baseada na demanda das comunidades onde essas línguas são parte de sua construção identitária. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 47 Escolas Interculturais de Fronteira. Fonte: Freepik (2023). Formação continuada dos agentes educacionais. Fonte: Freepik (2023). Retomar e ampliar o Programa Escolas Interculturais de Fronteira, com foco no bi/plurilinguismo. A continuidade desse programa é de suma importância para a estruturação de uma educação intercultural na fronteira, sendo um modelo a ser implementado em toda a faixa de fronteira. Portanto, a retomada e ampliação do Programa Escolas Interculturais de Fronteira é uma das principais açõesem prol da utilização da fronteira como recurso, uma vez que exige que a formação seja pensada de forma indissociável, desde a formação do professor no curso de licenciatura ao aluno da educação básica, passando pela formação continuada de todos os agentes da educação em atuação. Antes de tudo, é preciso mudar a forma como a sociedade enxerga as fronteiras. É importante que elas sejam vistas como espaços interculturais e que as políticas públicas reflitam essa visão. Além disso, é essencial que os modelos de gestão das línguas nas fronteiras sejam utilizados como exemplo para a educação em nível nacional, uma vez que a presença de diferentes línguas nas escolas já é uma realidade em várias cidades devido às migrações. Este exemplo mostra que as barreiras linguísticas e culturais não se limitam apenas às fronteiras geográficas. Elas estão presentes em diversos aspectos da vida cotidiana, como no mercado local administrado por um sírio, nas escolas com a presença de estudantes venezuelanos e haitianos, e nos atendimentos médicos feitos por um médico cubano. 48Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Nesse sentido, as fronteiras culturais estão sempre em transformação, em fluxo, como propõe Barth (2005, p. 17): Ao compartilhar modelos culturais e se engajarem mutuamente, esses indivíduos compartilham suas línguas, fazem uso de seus repertórios linguísticos que seguem o fluxo das interações, rompendo as fronteiras construídas por eles mesmos. Por isso, as fronteiras linguísticas são descontínuas, fluidas, móveis, se fecham e se abrem de acordo com as necessidades dos seus falantes. Para finalizar, é importante que você reflita sobre como a fronteira pode ser utilizada Diversidade. Fonte: Freepik (2023). “devemos pensar a cultura como algo distribuído por intermédio das pessoas, entre as pessoas, como resultado das suas experiências. Ao terem experiências semelhantes e se engajarem mutuamente em reflexões, instruções e interações, as pessoas são induzidas a conceitualizar e, em parte, compartilhar vários modelos culturais. Sugiro que um aspecto crucial das coisas culturais é a forma pela qual elas se tornam diferencialmente distribuídas entre pessoas e entre círculos e grupos de pessoas”. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 49 como um recurso para a construção de uma educação intercultural bi/multilíngue durante todo o seu estudo. Para refletir sobre as fronteiras, assista as videoaulas a seguir: Nesta unidade você notou que o olhar foi direcionado para a fronteira como recurso para o desenvolvimento social das comunidades, tendo como foco a educação e a gestão das línguas nesse contexto. Assim, foram elencadas possíveis propostas de intervenção sobre a fronteira que contribuem para o seu desenvolvimento, mas que também podem posicioná-lo como centro de irradiação de modelos de gestão da educação e das línguas. Que bom que você chegou até aqui! Agora é hora de você testar seus conhecimentos. Então, acesse o exercício avaliativo que está disponível no ambiente virtual. Bons estudos! Videoaula: Um Olhar sobre a Fronteira https://cdn.evg.gov.br/cursos/918_EVG/video/modulo01_video04/index.html 50Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública BARTH, F. Etnicidade e o conceito de cultura. Antropolítica, Niterói, n. 19, p.15- 30, 2º semestre. 2005. Disponível em: https://www.ppgcspa.uema.br/wp-content/ uploads/2015/06/docslide.com_.br_barth-etnicidade-e-o-conceito-de-cultura.pdf. Acesso em: 3 mar. 2023. BRASIL. Proposta de reestruturação do Programa de Desenvolvimento da Faixa de Fronteira: bases de uma política integrada de desenvolvimento regional para a faixa de fronteira. Brasília, DF: Ministério da Integração Nacional. Secretaria de Programas Regionais. Programa de Desenvolvimento da Faixa de Fronteira. 2005. Disponível em: https://www.paho.org/bra/dmdocuments/livro_completo.pdf. Acesso em: 3 mar. 2023. BRASIL. Decreto de 08 de setembro de 2010. Institui a Comissão Permanente para o Desenvolvimento e a Integração da Faixa de Fronteira - CDIF. Brasília, DF: Presidência da República, 2010. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2010/dnn/dnn12853.htm. Acesso em: 3 mar. 2023. COLÔMBIA. Lei nº 2135 de 2021. Estabelece um regime especial para os departamentos fronteiriços. Bogotá: Congreso de Colombia, 2021. Disponível em: https://www. cancilleria.gov.co/sites/default/files/Normograma/docs/ley_2135_2021.htm. Acesso em: 3 mar. 2023. FREEPIK COMPANY. [Banco de Imagens]. Freepik, Málaga, 2023. Disponível em: https://www.freepik.com/. Acesso em: 6 mar. 2023. GOVERNO DO MÉXICO. Gobierno de México. Programa Binacional de Educación Migrante, Cidade do México, [2016]. Disponível em: https ://www.gob.mx/ ime/acciones-y-programas/programa-binacional-de-educacion-migrante- probem-61464. Acesso em : 3 mar. 2023. GRUPO RETIS. Programa Calha Norte: verbas da vertente civil destinadas para os municípios (2003-2007). Grupo Retis. Disponível em: http://www.retis.igeo.ufrj.br/ wp-content/uploads/Amazon-PCN-Vertente-Civil-03-07.jpg. Acesso em: 3 mar. 2023. JESSOP, B. La economía política de la escala y la construcción de las regiones transfronterizas. Revista eure, Santiago do Chile, v. 29, n. 89, p. 25-41, mai. 2004. Disponível em: https://www.scielo.cl/pdf/eure/v30n89/art02.pdf . Acesso em: 3 mar. 2023. OLIVEIRA G. M. de.; MORELLO, R. A fronteira como recurso: o bilinguismo português- espanhol e o Projeto Escolas Interculturais Bilíngues de Fronteira do MERCOSUL Referências https://www.ppgcspa.uema.br/wp-content/uploads/2015/06/docslide.com_.br_barth-etnicidade-e-o-conceito-de-cultura.pdf https://www.ppgcspa.uema.br/wp-content/uploads/2015/06/docslide.com_.br_barth-etnicidade-e-o-conceito-de-cultura.pdf http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/dnn/dnn12853.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/dnn/dnn12853.htm https://www.cancilleria.gov.co/sites/default/files/Normograma/docs/ley_2135_2021.htm https://www.cancilleria.gov.co/sites/default/files/Normograma/docs/ley_2135_2021.htm https ://www.gob.mx/ime/acciones-y-programas/programa-binacional-de-educacion-migrante-probem-61464 https ://www.gob.mx/ime/acciones-y-programas/programa-binacional-de-educacion-migrante-probem-61464 https ://www.gob.mx/ime/acciones-y-programas/programa-binacional-de-educacion-migrante-probem-61464 http://www.retis.igeo.ufrj.br/wp-content/uploads/Amazon-PCN-Vertente-Civil-03-07.jpg http://www.retis.igeo.ufrj.br/wp-content/uploads/Amazon-PCN-Vertente-Civil-03-07.jpg Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 51 (2005-2016). Revista Iberoamericana de Educación, Madrid, v. 81, n. 1, p. 53-74. 2019. Disponível em: https://rieoei.org/RIE/article/download/3567/4054/. Acesso em: 3 mar. 2023. OOSTERBEEK, L. Do património ao território: agendas para um futuro incerto. In: PADOIN, A. M; NOVALES, A. F (Org.). História: Poder, Cultura e Fronteiras. Santa Maria: Facos-UFSM, 2017. p. 7-20. PEBIF. Projeto Escolas Bilingues e Interculturais de Fronteira. Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), Madrid, [20--]. Disponível em: https://oei.int/pt/escritorios/secretaria-geral/escuelas-de- frontera/proyecto. Acesso em: 3 mar. 2022. PÊGO, B. Et al. (Orgs.). Fronteiras do Brasil: uma avaliação do Arco Norte. Rio de Janeiro: IPEA - MI, 2018. RODRIGUES, L.F. Práticas e Políticas Linguísticas no Alto Solimões: plurilinguismo, formação de professores na tríplice fronteira Brasil-Colômbia-Peru. 2021. Tese (Doutorado em Linguística) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2021. UNIFAP. Projeto Político-Pedagógico do Curso de Letras - Português/Francês da UNIFAP. Macapá, AP: Coordenação do Curso de Letras Português/Francês, 2013. Disponível em: https://www2.unifap.br/letras/files/2013/12/Projeto- Pedag%C3%B3gico-do-Curso-de-Letras-Portugu%C3%Aas-Franc%C3%Aas1.2.pdf. Acesso
Compartilhar