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Docência Plural Formação em Interculturalidade e Bilinguismo

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Eixo temático: Educação e Docência; Políticas Públicas; Direitos 
Humanos; Ética e Cidadania.
Docência Plural – Formação 
em Interculturalidade e 
Bilinguismo
Enap, 2023
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Diretoria de Desenvolvimento Profissional
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Diretoria de Desenvolvimento Profissional
Conteudista/s 
Edleise Mendes (conteudista, 2023); 
Eliana Sturza (conteudista, 2023); 
Isis Berger (conteudista, 2023);
Luana Ferreira Rodrigues (conteudista, 2023).
Sumário
Módulo 1: Fronteiras Linguísticas e Culturais ...................................................... 7
Unidade 1: Línguas, Culturas, Fronteiras e suas Complexidades .....................7
1.1 Território, Territorialidade e Comunidades Linguísticas ..................................... 7
1.2 Fronteiras Linguísticas, Culturais, Econômicas e Simbólicas .............................. 9
1.2.1 Em Busca de Definições ....................................................................................... 10
1.2.2 Que Tal Pensar na Prática? .................................................................................. 14
Referências ............................................................................................................ 17
Unidade 2: Fronteiras e Políticas Territoriais  ....................................................19
2.1 Formação e Estabelecimento das Fronteiras Sul-Americanas: entre Tratados e 
Conflitos .......................................................................................................................... 19
2.2.1 Arco Norte ............................................................................................................. 26
2.2.2 Arco Central ........................................................................................................... 28
2.2.3 Arco Sul .................................................................................................................. 31
Referências ............................................................................................................ 34
Unidade 3: Fronteiras, o Desenvolvimento Social e a Educação ......................35
3.1 Fronteira como Problema e Espaço de Controle.................................................. 35
3.2 Fronteira como Recurso para o Desenvolvimento Social ................................. 39
3.3 E os Possíveis Caminhos? ....................................................................................... 43
Referências ............................................................................................................ 50
Módulo 2: Interculturalidade e Educação Linguística Plural ............................52
Unidade 1: Interculturalidade: Conceitos Fundamentais ................................52
1.1 Conceitos de Língua, Cultura e Repertório Linguístico na Construção da 
Interculturalidade .............................................................................................. 52
1.1.2 A Ideia de Língua como Prática Social ............................................................... 53
1.1.3 A Cultura como Rede de Significados ................................................................ 56
1.1.4 Repertórios Linguísticos e Contextos Bi/multilíngues ..................................... 58
1.2 Mitos e Conceitos Sobre a Interculturalidade ...................................................... 60
A Interculturalidade como Movimento de Vida ......................................................... 64
1.1.5 Língua, Cultura e Interculturalidade – A Construção de um Terceiro Lugar . 65
Referências ............................................................................................................ 69
4Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Unidade 2: A Educação Linguística Intercultural .............................................70
2.1 Educação Linguística Intercultural e seus Elementos Constitutivos ................. 70
2.1.1 Educação Linguística Intercultural e Formação de Professores para uma 
Educação Plural ............................................................................................................. 75
Referências ............................................................................................................ 79
Unidade 3 - A Interculturalidade nas Práticas Educativas Plurais ..................81
3.1 Experiências Interculturais: Análise e Reflexão sobre Situações-Problema .... 81
3.1.1 Experiências e Memórias de Professores(as) de Línguas ............................... 82
3.1.2 A Avaliação como Prática Intercultural: Análise de Atividades Avaliativas .... 87
3.2 A Interculturalidade na Prática: Materiais e Recursos Didáticos ....................... 91
Referências ............................................................................................................ 95
Módulo 3: Fenômenos Linguísticos das Fronteiras Hispano-Brasileiras .........98
Unidade 1: A Constituição do Espaço Multilíngue nas Fronteiras .................98
1.1 Situações do Bilinguismo: Português/Espanhol ................................................ 101
1.2 Espaço Multilíngue: Outras Línguas nas Fronteiras da América do Sul ......... 108
Referências .......................................................................................................... 114
Unidade 2: Estratégias Comunicativas no Contexto Multilíngue .................116
2.1 Estratégias Comunicativas nas Práticas Sociais no Contexto Multilíngue ...... 118
Glossário ........................................................................................................................ 129
Referências .......................................................................................................... 131
Unidade 3: Fenômenos Linguísticos na Cultura Fronteiriça ..........................133
3.1 Repertório Linguístico dos Fronteiriços ............................................................... 133
3.2 Línguas de Fronteira nas Expressões Culturais ................................................. 134
Referências .......................................................................................................... 141
Módulo 4: Gestão de Línguas na Escola em Contextos Plurais ......................143
Unidade 1: Políticas Linguístico-educacionais e Gestão de Línguas .............143
1.1 Multilinguismo, Políticas Linguísticas e Políticas Linguístico-educacionais .. 144
1.2 Gestão de Línguas na Escola ................................................................................ 151
Referências .......................................................................................................... 156
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 5
Unidade 2: Educação Bi/Multilíngue: Conceitos e Modelos ...........................158
2.1. O que é Educação Bilíngue?   ............................................................................... 158
2.2 Modelos de Educação Bilíngue ........................................................................... 161
2.2.1 Educação Multilíngue para as Demandas do Século XXI ............................... 165
Referências .......................................................................................................... 168
Unidade 3: A Promoção de Línguas e Culturas na Escola ...............................170
3.1. Desafios da Educação em Contextos Plurais .................................................... 170
3.2 Ações em Contextos Multilíngues de Fronteira ................................................. 172
3.2.1 O Programa Escolas Interculturais de Fronteira ............................................ 172
3.3 Princípios para a Promoção de Línguas e Culturas na Escola ......................... 176
Referências ..........................................................................................................182
6Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Apresentação e Boas-vindas
Seja bem-vindo e bem-vinda. Neste curso você irá explorar uma série de temas 
ligados a uma docência plural. Aqui serão debatidos temas como as fronteiras 
linguísticas e culturais, a interculturalidade e a educação linguística, assim como os 
fenômenos linguísticos das fronteiras hispano-brasileiras, as políticas linguísticas-
educacionais e as práticas pedagógicas para contextos plurais. 
Bons estudos! 
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 77
 Módulo
Fronteiras Linguísticas e Culturais1
Comumente definido como uma grande extensão de terra, o território pode ser 
visto desde distintas óticas das áreas do conhecimento que se debruçam sobre seu 
estudo, em especial pela Geografia Política.Tendo em vista essa definição, é possível 
pensar em quatro dimensões básicas que orientam as diferentes concepções sobre 
o território, de acordo com Haesbaert (2016).
Política ou jurídico-política
Visão do território como um espaço delimitado e sob controle, sobre o qual 
se exerce algum tipo de poder que pode ser o poder político do Estado ou 
de outros agentes. 
Neste módulo você irá explorar os conceitos de fronteira, território e territorialidade, 
tratando, também, sobre as fronteiras simbólicas e seus múltiplos funcionamentos. 
Além disso, terá a oportunidade de se aprofundar e compreender o potencial das 
fronteiras linguísticas e culturais enquanto recurso para o desenvolvimento social. 
Siga para entrar em contato com as reflexões contidas na unidade 1. 
Unidade 1: Línguas, Culturas, Fronteiras e suas 
Complexidades 
Objetivo de aprendizagem
Compreender conceitos relevantes sobre as fronteiras linguísticas e culturais como um 
espaço complexo. 
1.1 Território, Territorialidade e Comunidades Linguísticas 
Você já parou para pensar como o território e as línguas estão 
relacionados? Partindo dessa ideia, comece esta unidade conhe-
cendo um pouco sobre o conceito de território, territorialidade e 
territórios linguísticos.
8Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Cultural ou simbólico-cultural 
Nesse caso, o território é visto desde uma perspectiva de valorização e 
apropriação simbólica de um determinado grupo em relação ao espaço que 
habita, priorizando uma noção mais simbólica e subjetiva. 
Econômica 
Apresenta uma noção menos difundida, com foco no território como recurso 
para as relações econômicas, tendo como base o conflito entre as classes 
sociais e a relação entre capital e trabalho. 
Natural(ista) 
Como o nome indica, aqui a noção de território se baseia nas relações entre 
natureza e sociedade. 
Em busca de uma concepção mais ampla podemos unir essas dimensões e propor 
uma definição mais integradora que vê o território como um espaço de poder 
político significado simbólica e culturalmente pelos grupos que o habitam e que 
configura uma importante fonte de recursos naturais e econômicos. 
Esse território é marcado pelas territorialidades que ocupam esse espaço, uma 
vez que a territorialidade se constrói a partir dos usos que as pessoas fazem do 
espaço em que vivem, das relações econômicas e culturais que estabelecem, dando 
significado a esse lugar. 
Essas territorialidades estão diretamente relacionadas ao estabelecimento dos 
territórios linguísticos, uma vez que um faz parte do outro. Ao estabelecer relações 
culturais e econômicas em seus territórios, as pessoas lançam mão de seus 
repertórios linguísticos, demarcando assim seus territórios linguísticos. 
Sobre os territórios linguísticos cabe a definição proposta por Berger (2015, p. 46): 
esferas de uso das línguas, não somente as demarcadas 
pelo poder exercido via instrumentos legais ou por 
intermédio de instâncias governamentais, mas 
também por outros agentes e grupos que, no campo das 
relações, agem sobre os usos das línguas, demarcando 
espaços de controle e fronteiras relacionais entre os 
grupos que delas compartilham, de forma descontínua. 
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 9
Assim, é possível compreender que o território pode ser demarcado a partir de 
critérios geopolíticos determinados pelos Estados Nacionais, porém também é 
preciso refletir sobre as territorialidades que constituem esses espaços e que 
vão influenciar na demarcação simbólica e fluida dos territórios fronteiriços, 
representadas pelas línguas que são faladas nas diferentes situações e práticas 
sociais dos grupos que ali transitam. 
Para refletir um pouco mais sobre o conceito de território linguístico, assista a 
videoaula a seguir: 
1.2 Fronteiras Linguísticas, Culturais, Econômicas e Simbólicas 
Mas o que são as fronteiras? 
As definições mais gerais dispostas nos dicionários trazem alguns termos em comum 
quanto ao vocábulo “fronteira”:
 Chuva de ideias comuns sobre a definição de fronteira.
Elaboração: CEPED/UFSC (2023).
Videoaula: O Conceito de Território Linguístico
https://cdn.evg.gov.br/cursos/918_EVG/video/modulo01_video01/index.html
10Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
1.2.1 Em Busca de Definições 
Ao longo do tempo pesquisadores de distintas áreas do conhecimento buscaram 
definir as fronteiras com base nos critérios mais adequados à suas áreas de pesquisa. 
Se sobressaem estudos da área da Geografia Política, representada por cientistas 
como Ratzel (1897), Ancel (1930) e Raffestin (1993). 
Friedrich Ratzel (1897) vai localizar a fronteira como subordinada ao Estado, 
indissociável das questões territoriais, classificando-as em naturais, políticas e 
artificiais, conforme as definições a seguir (CATAIA, 2008).
A fronteira costuma ser definida como um espaço de divisão, separação, imposição 
de limites e controle entre dois territórios, conforme observa-se na Constituição 
Federal do Brasil, de 1988: 
Vemos, portanto, que o Estado brasileiro reconhece oficialmente a fronteira como 
esse espaço importante para a manutenção da soberania territorial nacional. No 
entanto, é preciso conhecer outros aspectos intrínsecos à fronteira que fazem com 
que esse espaço seja tão complexo e relevante para pensar políticas em prol do bi/
multilinguismo. 
Portanto é hora de buscar algumas definições. 
Art. 20 
§ 2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de 
largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada 
como faixa de fronteira, é considerada fundamental 
para defesa do território nacional, e sua ocupação e 
utilização serão reguladas em lei. 
Naturais
• marcos físicos: rios, montanhas, reservas, áreas protegidas; 
• boas: oferecem boas condições de proteção do Estado; 
• más: oferecem más condições para a proteção do Estado.
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 11
Jacques Ancel (1930) vê a fronteira como um espaço de pressão e tensão política e as 
classifica em fronteiras plásticas, físicas, modernas e humanas. Entre as fronteiras 
humanas, aponta duas subdivisões: fronteiras de pressão, representadas por 
isóbaras políticas e as fronteiras de civilização, representadas pelas religiões e 
pelas línguas, por exemplo. 
Claude Rafesttin (1993), por sua vez, traz a noção de fronteira associada à uma zona 
camuflada em linha, propondo a divisão entre fronteiras internas e externas. 
Nas perspectivas apresentadas é possível observar que a busca por uma definição 
de fronteira está atravessada por questões que remetem aos conceitos de Estado, 
território, linhas e zonas de delimitação político-administrativa. 
Porém, chama a atenção a noção de fronteiras de civilização propostas por Ancel 
(1930) ao incluir as línguas como parte da classificação das fronteiras humanas. 
Veja outras definições e conceitualizações em torno da fronteira que serão adotadas 
e relevantes para todo seu estudo: 
“Fronteiras são fator e contingência da existência dos 
Estados Nacionais e, antes deles, com menor precisão, 
de diversos tipos de ordens sociais, das tribos aos 
impérios multiétnicos. Marcam o alcancede um 
poder, permitem medir a capacidade de imposição da 
violência legítima, definem a inclusão e a exclusão, o 
Políticas
• simples: não se limita com outro território político; 
• dupla: limita dois territórios nacionais; 
• fechada: fronteiras dentro de um território político; 
• descontínua: são parte de um Estado mesmo estando fora de 
seus domínios territoriais (ex.: Brasil faz fronteira com a União 
Europeia ao considerarmos os limites com a Guiana Francesa);
• deficiente: deficiências de demarcações anteriores que levam 
a conflitos; 
• elástica: resultam de erros cartográficos levando ao aumento 
ou diminuição de um território.
Artificiais
• demarcadas: fronteiras demarcadas por tratados, por exemplo.
12Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
dentro e o fora, são o termômetro para as mudanças na 
balança da hegemonia. Definem, enfim, uma grandeza 
essencial para a existência humana: o território” 
(OLIVEIRA, 2016, p. 59). 
E, também: 
As definições dispostas acima se relacionam a três tipos de fronteira que são de 
grande relevância para os seus estudos: as fronteiras geopolíticas, as fronteiras 
simbólicas e as fronteiras culturais. 
Pensar a fronteira desde uma perspectiva geopolítica implica compreender as 
relações de poder entre os estados nacionais para a manutenção de seus territórios, 
jogos de disputa e tensões que vão configurar os limites políticos do espaço 
fronteiriço. E essas tensões também se relacionam a questões simbólicas e culturais 
presentes nesse espaço entre os sujeitos que o habitam. 
Veja na imagem a seguir, uma síntese de possíveis definições para as fronteiras 
simbólicas, culturais e linguísticas: 
“As zonas de fronteiras são campos de força e choques 
políticos e simbólicos, mas também de variadas 
misturas culturais e formas de integração. Essa 
complexa realidade fronteiriça não pode ser apreendida 
por meio de categorias sociológicas separadas. Os 
próprios conceitos se misturam e entram em tensão 
na tentativa de compreensão do fenômeno fronteiriço” 
(ALBUQUERQUE, 2008, p. 56, grifo nosso). 
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 13
Outros tipos de fronteira. 
Elaboração: CEPED/UFSC (2023).
Diante do exposto, é possível afirmar que fronteiras linguísticas vão estar 
diretamente relacionadas aos territórios linguísticos mencionados anteriormente, 
uma vez que os limites fixados para o início e fim de um território político não irá 
coincidir com os limites linguísticos estabelecidos pelas fronteiras simbólicas e 
culturais dos grupos que vivem nesses espaços: 
Além disso: 
“A fronteira linguística, como o território que ela 
circunscreve, não será apenas resultado e um dado, 
mas uma produção determinada por uma socialização 
e um posicionamento por parte dos diversos atores 
sociais envolvidos” (VIAUT, 2004, p. 7, tradução nossa). 
“A língua é um dos parâmetros paradoxais da fronteira 
– a do Estado-nação – contribuindo tanto para 
determiná-lo como sendo influenciado por sua 
14Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Refletindo sobre as ideias de Viaut (2004), é possível pensar que as relações entre 
língua e fronteira são indissolúveis e as fronteiras linguísticas nos territórios 
fronteiriços se (re)constroem na interação social, na escolha dos repertórios 
linguísticos daqueles que se movem em determinado espaço. 
Para refletir um pouco mais sobre as fronteiras, assista a videoaula a seguir: 
presença ou transcendendo-o. A fronteira constrói ou 
modifica a língua tanto quanto o inverso” (VIAUT, 2004, 
p. 7, tradução nossa). 
Outra forma de se classificar as fronteiras é em relação ao 
seu acesso. Dizemos que uma fronteira é seca quando o limite 
divisório entre os países não possui rios ou lagos. Enquanto que, 
quando a linha passa por esses limites naturais, é chamada de 
fronteira fluvial. 
1.2.2 Que Tal Pensar na Prática? 
Em uma cidade localizada na fronteira 
entre Brasil e Uruguai, por exemplo, 
não são os limites territoriais 
demarcados por esses dois Estados 
que irão definir até onde chega o 
português e a partir de onde se fala 
o espanhol, ou se um membro dessa 
comunidade se vê como um uruguaio 
ou brasileiro, ou um doble chapa. Essas 
fronteiras subjetivas serão definidas 
a partir das práticas sociais que irão 
forjar as identidades dos membros 
dessas comunidades. Bandeiras do Brasil e do Uruguai.
Elaboração: CEPED/UFSC (2023).
Videoaula: As Fronteiras
https://cdn.evg.gov.br/cursos/918_EVG/video/modulo01_video02/index.html
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 15
Outro exemplo são as fronteiras culturais e linguísticas que se constroem no contexto 
migratório de pessoas expulsas de seus territórios em função de diferenças culturais 
e simbólicas entre os demais grupos, como é o caso da perseguição religiosa a 
indivíduos que possuem uma cosmovisão que difere de uma religião hegemônica. 
Sobre esse contexto migratório, Moreira (2012, p. 23) afirma que: 
Esse exemplo vai ao encontro do que está sendo discutido quando é levado em 
consideração que essas pessoas vivem em seus territórios de origem tensões e 
conflitos que surgem das fronteiras simbólicas, culturais e étnicas que vão levar ao 
deslocamento forçado de um contingente de pessoas. 
E essa migração forçada vai levar à formação de outras fronteiras, que é o que 
acontece nos casos dos campos de refugiados ao longo das fronteiras da União 
Europeia, por exemplo. 
Esses campos de refugiados são exemplos de espaços multiculturais onde convivem 
indivíduos de diferentes nacionalidades, línguas e culturas. Nesse espaço, fronteiras 
linguísticas são construídas, derrubadas e ressignificadas, a partir do momento 
em que diferentes grupos que ali convivem precisam lançar mão de diferentes 
repertórios comunicativos para a interação social. 
os motivos que os levam a fugir de seus países 
abarcam conflitos intra ou interestatais, provocados 
por questões étnicas, religiosas, culturais, políticas e 
econômicas, assim como regimes repressivos e outras 
situações de instabilidade política, violência e violações 
de direitos humanos. 
16Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
O Brasil também tem recebido grupos de migrantes oriundos de distintos países, mas 
cabe destacar a chegada dos haitianos e venezuelanos, em função do quantitativo. 
Hoje, caminhando em um bairro da cidade de Manaus, por exemplo, é possível 
perceber os distintos territórios linguísticos que se formaram com a presença desses 
grupos de imigrantes. 
Para entender um pouco mais sobre as fronteiras linguísticas e as línguas na fronteira 
e sobre essa visão de língua como problema, é preciso compreender como se deu o 
estabelecimento das fronteiras geopolíticas entre o Brasil e os países com os quais 
se limita desde os primórdios da ocupação no período colonial. 
Nessa unidade você conheceu alguns conceitos importantes para compreender 
os estudos direcionados para a fronteira, entendendo-a a partir de diferentes 
concepções e visões. Viu que falar sobre a fronteira não significa apenas um lugar 
de divisão, limite, controle territorial, uma vez que a fronteira vai além de questões 
meramente políticas ou geográficas, ao falar sobre as fronteiras simbólicas, 
linguísticas e culturais. 
Você chegou ao final desta Unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o 
conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Até a próxima! 
Refugiados.
Fonte: Freepik (2023).
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 17
ALBUQUERQUE, J. L. C. Fronteiras e identidades em movimento: fluxos migratórios 
e disputa de poder na fronteira Paraguai-Brasil. Cadernos CERU, São Paulo, v. 19, n. 
1, p. 49-63, 2008. DOI: 10.1590/S1413-45192008000100004. Disponível em: https://
www.revistas.usp.br/ceru/article/view/11843. Acesso em: 2 mar. 2023. 
ANCEL, J. Geopolitique. Paris: Delagrave, 1930. 
BERGER, I. R. Gestão do multi/plurilinguismo em escolas brasileiras na fronteira 
Brasil – Paraguai:um olhar a partir do Observatório da Educação na Fronteira. 2015. 
Tese (Doutorado em Linguística) – Centro de Comunicação e Expressão, Universidade 
Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2015. 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 
DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988, 292 p. 
CATAIA, M. A. Fronteiras: territórios em conflito. In: Encontro Paranaense de 
Estudantes de Geografia (EPEG), 13., 2008, Cascavel. Anais do XIII Encontro 
Paranaense de Estudantes de Geografia (EPEG). Cascavel: Universidade Estadual 
do Oeste do Paraná, 2008. Disponível em: https://e-revista.unioeste.br/index.php/
geoemquestao/article/download/4296/3309/15714. Acesso em: 2 mar. 2023. 
CINTRA, J. P. O mapa das cortes e as fronteiras do Brasil. Revista Bol. Ciênc. Geod., 
Curitiba, v. 18, n. 3, p. 421-445. 2012. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/bcg/
article/view/29209/19006. Acesso em: 2 mar. 2023.
COSTA, W. M. O Estado e as políticas territoriais no Brasil. São Paulo: Contexto, 
1988. 
FREEPIK COMPANY. [Banco de Imagens]. Freepik, Málaga, 202 3. Disponível em: 
https://www.freepik.com/. Acesso em: 6 mar. 2023. 
HAESBAERT. R. O mito da desterritorialização: do “fim dos territórios” à 
multiterritorialidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2016. 
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA ESTATÍSTICA. Mapa dos municípios da 
faixa de fronteira. Rio de Janeiro: IBGE, 2021. Disponível em: https://geoftp.ibge.
gov.br/organizacao_do_territorio/estrutura_territorial/municipios_da_faixa_de_
fronteira/2021/Municipios_da_Faixa_de_Fronteira_2021.pdf. Acesso em: 2 mar. 
2023. 
MOREIRA, J. B. Refugiados no Brasil: reflexões acerca do processo de integração local. 
Referências 
https://revistas.ufpr.br/bcg/article/view/29209/19006
https://revistas.ufpr.br/bcg/article/view/29209/19006
https://geoftp.ibge.gov.br/organizacao_do_territorio/estrutura_territorial/municipios_da_faixa_de_fronteira/2021/Municipios_da_Faixa_de_Fronteira_2021.pdf
https://geoftp.ibge.gov.br/organizacao_do_territorio/estrutura_territorial/municipios_da_faixa_de_fronteira/2021/Municipios_da_Faixa_de_Fronteira_2021.pdf
https://geoftp.ibge.gov.br/organizacao_do_territorio/estrutura_territorial/municipios_da_faixa_de_fronteira/2021/Municipios_da_Faixa_de_Fronteira_2021.pdf
18Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
REMHU: Revista Interdisciplinar da Mobilidade Humana , v. 22, n. 43, p. 85–98, jul. 
2014. Disponível em: https://www.scielo.br/j/remhu/a/zCtfF6R6PzQJB6bSgts8YWF/
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OLIVEIRA, G. M. de. Línguas de fronteira, fronteiras de línguas: do multilinguismo 
ao plurilinguismo nas fronteiras do Brasil. Revista GeoPantanal, Corumbá, v. 11, 
n. 21, p. 52-72, jul./dez. 2016. Disponível em: https://periodicos.ufms.br/index.php/
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PESAVENTO, S. J. Fronteiras culturais em um mundo planetário - paradoxos da(s) 
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STURZA, E. R. Línguas de fronteira e política de línguas: uma história das ideias 
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Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 19
Agora é hora de voltar um pouco no tempo para conhecer as primeiras políticas 
territoriais estabelecidas durante a colonização das Américas. 
Ocupar o desconhecido território das Américas não foi uma tarefa simples para os 
portugueses e espanhóis durante o período colonial. Entre as principais dificuldades 
é possível elencar a dificuldade de acesso e penetração do território que desencadeou 
uma carência populacional e a dificuldade de controle militar dos territórios e a 
proteção contra outras invasões estrangeiras. 
Ao refletir sobre o período colonial e a demarcação de limites, o primeiro tratado que 
vem à memória é o Tratado de Tordesilhas, firmado entre Portugal e Espanha em 
1494, com o objetivo de dividir as recém “descobertas” terras durante a expansão 
marítima dos dois reinos. 
Porém, depois, com a chegada dos portugueses ao Brasil, as disputas se tornaram 
mais acirradas e várias negociações foram feitas para se chegar aos limites entre as 
colônias portuguesas e espanholas. 
Veja os principais tratados que visaram pôr fim aos conflitos territoriais no período 
colonial: 
Unidade 2: Fronteiras e Políticas Territoriais 
Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer os processos de formação e 
estabelecimento das fronteiras sul-americanas. 
2.1 Formação e Estabelecimento das Fronteiras Sul-Americanas: 
entre Tratados e Conflitos 
Tratado de Utrech - (1713 e 1715) 
Assinado como forma de encerrar a Guerra de Sucessão Espanhola. O 
primeiro, em 1713, anulou o Tratado de Tordesilhas e estabeleceu limites 
para as fronteiras entre as colônias espanholas, portuguesas no que 
hoje corresponde à região norte do Brasil, sendo as duas margens do 
Amazonas pertencentes a Portugal. O segundo, em 1715, estabeleceu os 
Nesta unidade você vai ver um breve resumo que vai passar pelas principais políticas 
territoriais que se relacionam ao atual estabelecimento das fronteiras geopolíticas brasileiras.
20Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Tratado de Madri - (1750)
Tratado de San Ildefonso - (1777)
Tratado de Badajoz - (1801)
limites das colônias ao sul, quando o limite da coroa portuguesa passa a 
ser o rio da Prata e a Espanha devolve a Colônia do Sacramento a Portugal. 
Firmado entre Portugal e Espanha no ano de 1750 com o objetivo de definir 
os limites territoriais terrestres e marítimos das coroas, demarcando as 
fronteiras nas colônias americanas. O tratado foi elaborado com base no 
princípio do uti possidetis, ou seja, aquele que ocupa a terra é o verdadeiro 
dono. O Mapa das Cortes, elaborado em 1749, foi usado como documento 
que demonstrava a ocupação por parte dos súditos portugueses. 
Confirmou o Tratado de Madri e redefiniu a posse da Ilha de Santa Catarina, 
voltando ao poder da Coroa Portuguesa, enquanto a Colônia do Sacramento 
e a região dos Sete Povos das Missões passava a pertencer à Coroa Espanhola. 
Devolve os Sete Povos das Missões aos domínios portugueses. 
A título de curiosidade, conheça o Mapa das Cortes, também denominado de Mapa 
dos confins do Brasil: 
Mapa dos confins do Brasil com as terras da coroa de Espanha na américa meridional – “Mapa das Cortes” (1893).
Fonte: Confins (2019).
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 21
 É importante destacar que o impacto das políticas territoriais do período colonial 
para os povos originários se reflete até a atualidade. 
De acordo com Costa (1988, p. 27-30), antes do estabelecimento dos tratados mencionados, 
uma das iniciativas estabelecidas pelos portugueses para garantira ocupação territorial 
no período colonial foi o sistema de colonização semiprivada que garantia: 
• concessão de terras a colonos; 
• autonomia dos colonos sobre as terras concedidas; 
• ocupação do litoral até a Foz do Amazonas, com a fundação de Belém em 
1616; 
• instalação de um sistema de pecuária extensiva no sertão nordestino; 
• estabelecimento de missões dos jesuítas no extremo norte; 
• abertura de vias de circulação no sudeste pelos bandeirantes; 
• povoamento do litoral sul em confronto com os espanhóis. 
Essas medidas visaram garantir o domínio territorial dos portugueses sobre a colônia, 
mas apesar disso e dos tratados firmados, os limites dos territórios entre Portugal, 
Espanha e França não foi um tema pacificado até a Proclamação da República, 
quando se fizeram necessárias novas negociações, representadas pelo Barão do Rio 
Branco, em questões relacionadas ao território de Palmas com a Guiana Francesa, 
as fronteiras com a Bolívia (incluindo a anexação do Acre ao Brasil em 1903), Peru, 
Colômbia e Venezuela. 
A partir do período do Estado Novo, podemos destacar um caráter mais nacionalista 
em relação ao território com a implementação de projetos nacionais que podem ser 
verificados a seguir: 
As estratégias de ocupação do que hoje corresponde à região 
norte do Brasil passaram pela política de “pacificação dos 
indígenas” através das missões que deram um grande poder de 
controle do território do Vale do Amazonas aos missionários de 
distintas ordens religiosas. 
22Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Até o momento você viu como se estruturaram as principais políticas de definição 
do território brasileiro a partir de uma perspectiva política e administrativa, que 
priorizou a garantia da soberania e manutenção dos domínios de poder do Estado, 
como é possível verificar até os dias atuais. Essas políticas em relação ao território 
fronteiriço vão revelar a ideia da fronteira como um problema que precisa ser 
controlado desde o ponto da segurança nacional. 
A seguir, veja como as fronteiras brasileiras são geridas atualmente pelo Estado 
brasileiro. 
Década de 1930 
Década de 1960
Década de 1980 
Instituição de projetos nacionais em prol da integração nacional. Como por 
exemplo o projeto político da “Marcha para o Oeste”, lançado em 1938, 
durante o governo de Getúlio Vargas. 
No período da Ditadura Militar, o território passou a ser visto desde a ótica 
da regionalização como ação em prol do desenvolvimento industrial e 
econômico do Estado e da iniciativa privada. 
Segundo Pereira (2007), há um avanço da ideologia que vai levar a uma 
gestão neoliberal do território, representada pelas redes de infraestrutura 
(por exemplo, construção de estradas, ferrovias, entre outras) que se 
baseavam nos interesses do mercado e não nas necessidades dos usuários 
do território. 
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 23
Arcos da faixa de fronteira.
Fonte: BRASIL (2005).
O Brasil possui em sua fronteira um total de 588 municípios em 11 estados de três 
regiões, sendo 122 limítrofes e 33 cidades gêmeas. Desta forma, a faixa de fronteira 
ocupa 27% do território brasileiro e se limita com praticamente todos os países da 
América do Sul. 
Na próxima figura, você pode observar a localização das cidades gêmeas e demais 
municípios localizados na faixa de fronteira: 
Cidades gêmeas: de acordo com o extinto Ministério da Integração 
Nacional, são consideradas gêmeas as cidades, com população 
superior a 2 mil habitantes, localizadas na linha da fronteira, 
com grande possibilidade de integração cultural e econômica. 
24Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Municípios da faixa de fronteira.
Fonte: IBGE (2021).
A definição dos arcos foi proposta após estudos realizados pelo Programa de 
Promoção do Desenvolvimento da Faixa de Fronteira (PPDFF), do Ministério da 
Integração Nacional, com base no posicionamento geográfico, em aspectos culturais 
e étnicos de formação da população e em indicadores socioeconômicos. 
Em 2010, um decreto de lei criou a Comissão Permanente para o Desenvolvimento 
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 25
e a Integração da Faixa de Fronteira (CDIF), com o objetivo de “propor medidas e 
coordenar ações que visem ao desenvolvimento de iniciativas necessárias à atuação 
do Governo Federal naquela região” (BRASIL, 2010). No ano de 2019 esse decreto 
foi revogado pelo Decreto Nº 9.961/2019 e a CDIF passou a integrar o Ministério 
do Desenvolvimento Regional, em função da extinção do Ministério da Integração 
Nacional. 
Atualmente essa comissão é composta por representantes de distintos órgãos da 
federação e tem como competência as seguintes ações: 
I – definir, respeitadas as especificidades de atuação dos órgãos competentes, 
critérios de ação governamental conjunta para o desenvolvimento e a 
integração na área abrangida pela faixa de fronteira, de modo a estimular a 
integração das políticas públicas e a parceria com os demais entes públicos 
para promover a complementaridade das ações; 
II – colaborar com a Câmara de Políticas de Integração Nacional e 
Desenvolvimento Regional no âmbito de suas competências; 
III – propor ações que visem ao desenvolvimento regional que considerem a 
importância de programas para a integração fronteiriça e para a integração 
sul-americana; 
IV – zelar pela melhoria da gestão multissetorial para as ações do Governo 
federal no apoio ao desenvolvimento e à integração da área abrangida pela 
faixa de fronteira; 
V – buscar a articulação com as ações do Comitê-Executivo do Programa 
de Proteção Integrada de Fronteiras e submeter à apreciação do referido 
Comitê-Executivo as propostas de ações de articulação com o Programa no 
âmbito de suas competências; 
VI – propor o desenvolvimento de sistema de informações para o 
gerenciamento das ações a que se refere o inciso III; 
VII – apresentar planos regionalizados de desenvolvimento e integração 
fronteiriços; 
VIII – interagir com núcleos regionais estabelecidos para debater questões 
de desenvolvimento e integração fronteiriços; e 
IX – emitir pareceres e recomendações sobre questões do desenvolvimento 
regional na faixa de fronteira (BRASIL, 2019). 
26Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Que tal conhecer esses arcos? 
Desta forma, a CDIF continua sendo um importante instrumento para pensar políticas 
voltadas para o desenvolvimento das fronteiras, assim como o fez ao propor a organização 
das fronteiras em arcos. 
Para refletir um pouco mais sobre os arcos, assista a videoaula a seguir: 
Observe a imagem a seguir: 
2.2.1 Arco Norte 
Arco Norte: Tipologia Básica das Sub-regiões.
Fonte: BRASIL (2005). 
Videoaula: Os Arcos
O arco norte representa 12% da faixa de fronteira brasileira e é considerado o “arco 
indígena” em função de possuir em seu território o maior contingente de terras e 
povos indígenas. Compreende um total de 71 municípios localizados em 5 estados 
e se limita com 7 países: Bolívia, Colômbia, Guiana Francesa, Guiana Inglesa, 
Suriname, Peru e Venezuela. 
https://cdn.evg.gov.br/cursos/918_EVG/video/modulo01_video03/index.html
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 27
Esses municípios fazem parte de seis sub-regiões.
Oiapoque-Tumucumaque 
Considerada a maior em superfície da Faixa de Fronteira, possui 350 mil km2, 
está localizada na fronteira entre o Brasil, as Guianas e o Suriname. Abrange 
dezessete municípios nos Estados do Amapá, Pará, Roraima e Amazonas, 
banhados pelos rios Oiapoque, Jarí e Trombetas: Caroebe, São João da 
Baliza e São Luiz do Anauá, no Estado de Roraima; Oiapoque, Laranjal do 
Jarí, Pedra Branca do Amapari, Serra do Navio, Ferreira Gomes, Pracuúba, 
Calçoene, Amapá no Estado do Amapá; Alenquer, Almeirim, Faro, Oriximiná, 
Óbidos no Estado do Pará; Urucará, Nhamundá, no Estado do Amazonas. 
Campos do Rio Branco 
Nessa sub-região está localizada a demarcada Terra Indígena Raposa/Serra do Sol. Abrange os municípios de Boa Vista, Bonfim, Cantá, Caracaraí, 
Mucajaí, Normandia, Rorainópolis, Pacaraima e Uiramutã (dentro da Terra 
Indígena Raposa-Serra do Sol), no Estado de Roraima. É a sub-região com 
melhor conexão rodoviária do arco norte, ligando as capitais Manaus e Boa 
Vista através da BR-174, seguindo rumo à Venezuela e Costa do Caribe, e a 
BR-401, que liga Boa Vista à Costa do Caribe, passando pela Guiana. 
Parima Alto Rio Negro 
Sub-região com mais de 70% de sua população formada por indígenas 
(abriga diversas Reservas e Terras Indígenas nas proximidades dos rios 
Negro, Japurá-Caquetá, Uaupés-Vaupés, sendo os principais povos: Tukano, 
Baniwa, Baré, Karapanã, Maku, Miriti Tapuia, e Makuna). Se caracteriza pelo 
difícil acesso. Compreende os municípios de Alto Alegre, Amajari e Iracema, 
no Estado de Roraima; Barcelos, Japurá, São Gabriel da Cachoeira e Santa 
Isabel do Rio Negro, no Estado do Amazonas.
Alto Solimões 
Nessa sub-região está localizada a tríplice fronteira do Trapézio Amazônico, 
formada por Brasil, Colômbia e Peru. Compreende municípios localizados 
no estado do Amazonas: Tabatinga, Benjamim Constant, Atalaia do Norte, 
São Paulo de Olivença, Amaturá, Santo Antônio do Içá, Jutaí, Tonantins. 
Alto Juruá 
Se estende do sudoeste do Amazonas ao Estado do Acre, fazendo fronteira 
com o Peru na zona-tampão do Parque Nacional da Serra do Divisor (AC). 
Nessa sub-região se encontram os municípios de Envira, Guajará, Ipixuna, 
no Estado do Amazonas; Cruzeiro do Sul, Feijó, Jordão, Mâncio Lima, Manoel 
Urbano, Marechal Thaumaturgo, Porto Walter, Rodrigues Alves, Santa Rosa 
do Purus e Tarauacá, no Estado do Acre.
28Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Vale do Acre-Alto Purus
Possui a menor densidade demográfica e compreende os municípios de 
Acrelândia, Assis Brasil, Brasiléia, Bujari, Capixaba, Epitaciolândia, Plácido de 
Castro, Porto Acre, Rio Branco, Sena Madureira, Senador Guiomar e Xapuri, 
no Estado do Acre; Boca do Acre, Canutama, Lábrea e Pauini, no Estado 
do Amazonas. Faz fronteira com o Peru e a Bolívia, através das cidades 
gêmeas Assis Brasil (Brasil)-Iñapari (Peru)-Bolpebra (Bolívia) e Brasiléia/
Epitaciolândia (Brasil)-Cobija (Bolívia). 
2.2.2 Arco Central 
Arco Central.
Fonte: BRASIL (2005). 
Observe a imagem a seguir: 
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 29
Uma das características mais relevantes do arco central é a sua localização, uma vez 
que se encontra entre a Amazônia e a área Centro-Sul do Brasil, onde estão localizadas 
as duas principais bacias hidrográficas da América do Sul: Bacia Amazônica e a Bacia 
Paraná-Paraguai. Como vimos no mapa, se divide em oito sub-regiões, abrangendo 
99 municípios e 17% da faixa de fronteira.
Madeira-Mamoré 
Conectando o Vale do Amazonas e do Acre ao Sudeste do país através 
da BR 364 e da hidrovia do Rio Madeira, essa sub-região se limita com 
a Bolívia e compreende municípios localizados no estado de Rondônia: 
Campo Novo de Rondônia, Buritis, Guajará-Mirim (cidade-gêmea), Nova 
Mamoré e Porto Velho.
Fronteira do Guaporé 
De perfil mais rural e com atividades econômicas incentivadas pelo 
antigo modelo de estrutura fundiária herdado da ditadura militar, 
também compreende municípios localizados em Rondônia como 
Costa Marques, Seringueiras, São Miguel do Guaporé, Alvorada, Nova 
Brasilândia d’Oeste, Novo Horizonte do Oeste, Rolim de Moura, Alta 
Floresta d’Oeste, São Francisco do Guaporé, Alto Alegre dos Parecis, 
Corumbiara, Cerejeiras, Pimenteiras do Oeste e Cabixi. 
Chapada dos Parecis 
Principal área produtora e exportadora de soja do país, essa sub-região 
compreende os municípios de Chupinguaia, Colorado do Oeste, Parecis, 
Pimenta Bueno, Primavera de Rondônia, Santa Luzia d’Oeste, São Felipe 
do Oeste e Vilhena, no Estado de Rondônia; Comodoro, Conquista 
d’Oeste, Campos de Júlio, Sapezal, Nova Lacerda e Tangará da Serra, no 
Estado de Mato Grosso. 
Alto Paraguai 
Com baixa densidade demográfica, essa sub-região faz fronteira com 
a Bolívia e abrange os municípios de Araputanga, Barra do Bugre, 
Curvelândia, Figueirópolis d’Oeste, Glória d’Oeste, Indiavaí, Jauru, 
Lambari d’Oeste, Mirassol d’Oeste, Pontes e Lacerda, Porto Esperidião, 
Porto Estrela, Reserva do Cabaçal, Rio Branco, Salto do Céu, São José dos 
Quatro Marcos, Vale de São Domingos, Vila Bela da Santíssima Trindade 
no Estado de Mato Grosso. 
Pantanal 
Fazendo fronteira com o Chaco boliviano e com o Paraguai, essa sub-
região se destaca pela diversidade natural. Compreende os municípios 
Barão de Melgaço, Cáceres, Nossa Senhora do Livramento e Poconé, 
30Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
no Estado de Mato Grosso; Aquidauana, Anastácio, Corumbá, Ladário, 
Miranda, Porto Murtinho no Estado de Mato Grosso do Sul. 
Bodoquena 
Se destacam duas atividades em seus domínios: a criação extensiva de 
gado do Pantanal e o cultivo da soja. A sub-região engloba os municípios 
de Bela Vista, Bodoquena, Bonito, Caracol, Guia Lopes da Laguna, Jardim 
e Nioaque, no Estado de Mato Grosso do Sul.
Dourados 
Compreende os municípios de Caarapó, Deodápolis, Dois Irmãos do 
Buriti, Douradina, Dourados, Fátima do Sul, Glória de Dourados, Itaporã, 
Jateí, Laguna Carapã, Maracajú, Novo Horizonte do Sul, Rio Brilhante, 
Sidrolândia, Taquarussu e Vicentina no Mato Grosso do Sul. 
Cone Sul-mato-grossense 
Abrange os municípios de Amambaí, Antônio João, Aral Moreira, 
Coronel Sapucaia, Eldorado, Iguatemi, Itaquiraí, Japorã, Juti, Mundo 
Novo, Naviraí, Paranhos, Ponta Porã, Sete Quedas e Tacuru, localizados 
no Mato Grosso do Sul. 
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 31
 Arco Sul.
Fonte: BRASIL (2005). 
Representa 69% da faixa de fronteira brasileira e se divide em 3 sub-regiões, 
abrangendo um total de 418 municípios.
2.2.3 Arco Sul 
Observe a imagem a seguir:
32Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Sub-região Portal do Paraná 
Localizada entre os arcos central e sul, essa sub-região se caracteriza 
pela diversidade de fluxo migratório de sujeitos oriundos das regiões 
nordeste e sudeste e membros da comunidade nipônica. Compreende 
os municípios de Altônia, Cafezal do Sul, Cidade Gaúcha, Cruzeiro 
do Oeste, Douradina, Esperança Nova, Guaíra, Icaraíma, Ivaté, Maria 
Helena, Nova Olímpia, Perobal, Pérola, Querência do Norte, Rondon, 
Santa Cruz do Monte Castelo, Santa Isabel do Ivaí, Santa Mônica, São 
José do Patrocínio, Tapejara, Tapira, Umuarama, Vila Alta e Xambrê, no 
Estado do Paraná. 
Sub-região Vales Coloniais Sulinos
É a sub-região com um grande potencial industrial e a que engloba o 
maior número de municípios localizados no Segmento Sudoeste do 
Paraná, Segmento Oeste de Santa Catarina e Segmento Noroeste do 
Rio Grande do Sul.. 
Sub-região Fronteira da Metade Sul do Rio Grande do Sul
Cortada por uma importante malha rodoviária e limitando-se com 
Uruguai e Argentina, essa sub-região é a mais urbanizada do Arco Sul 
e compreende os municípios de: Aceguá, Alegrete, Arroio do Padre, 
Arroio Grande, Bagé, Barra do Quaraí, Caçapava do Sul, Cacequi, 
Candiota, Canguçu, Capão do Sipó, Capão do Leão, Cerrito, Chuí, Dom 
Pedrito, Encruzilhada do Sul, Garruchos, Herval, Hulha Negra, Itacurubi, 
Itaqui, Jaguarão, Jagurari, Jarí, Lavras do Sul, Maçambara, Manoel Viana, 
Morro Redondo, Nova Esperança do Sul, Pedras Altas, Pedro Osório, 
Pelotas, Pinheiro Machado, Piratini, Quaraí, Rio Grande, Rosário do Sul, 
Santa Margarida do Sul, Santa Vitória do Palmar, Santana da Boa Vista, 
Sant’Ana do Livramento, Santiago, São Borja, São Francisco de Assis, 
São Gabriel, São José do Norte, São Lourenço do Sul, São Sepé, São 
Vicente do Sul, Tupanciretã, Turucu, Unistalda, Uruguaiana e Vila Nova 
do Sul no Rio Grande do Sul. 
A apresentação detalhada dos arcos nessa unidade teve como objetivo mostrar 
a extensão e a complexidade da fronteira quando se utilizam critérios para a 
organização e o planejamento desse territórioque vão além do estabelecimento 
de limites geopolíticos ou de defesa da soberania nacional.
O espaço fronteiriço é construído, reconstruído e constrói 
diferentes versões do território a partir dos sistemas simbólicos 
que se desenvolvem nas práticas de interação dos grupos sociais 
que compartilham esse espaço. 
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 33
É possível perceber, portanto, que a história do estabelecimento das fronteiras 
no Brasil não pode ser vista apenas desde um ponto de vista geopolítico, uma 
vez que a fluidez dos espaços transacionais reside justamente no movimento 
das fronteiras simbólicas, étnicas e culturais e, claro, linguísticas. De modo que 
a fronteira não é estática, a fronteira é viva e pulsante. É o espaço em que o 
encontro das semelhanças e diferenças se cruzam e convergem na formação 
de novas construções identitárias. 
Afinal, como afirma Sturza (2006, p. 69) 
Nesta unidade você viu um breve panorama das principais políticas territoriais 
desde o período colonial com o objetivo de compreender como seu deu a atual 
delimitação político-administrativa das fronteiras brasileiras. 
Pode conhecer os principais tratados e acordos firmados no período colonial e 
as disputas entre Portugal e Espanha, as quais se conectam com as fronteiras 
linguísticas que compartilhamos em nossa faixa de fronteira. 
Viu também a atual definição das fronteiras com os Arcos Sul, Central e Norte e 
as principais políticas de gestão da fronteira promovidas pelo Estado. 
Você chegou ao final desta Unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja 
o conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Até a próxima! 
“dizer e significar a fronteira, também, é dizer e 
significar outras fronteiras”. 
34Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
BRASIL. Proposta de reestruturação do Programa de Desenvolvimento da Faixa 
de Fronteira: bases de uma política integrada de desenvolvimento regional para 
a faixa de fronteira. Brasília, DF: Ministério da Integração Nacional. Secretaria de 
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Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 35
A fronteira sempre foi vista como um problema para a garantia do poder territorial 
dos Estados. Desta forma, as políticas voltadas para esse espaço estiveram e estão 
focadas na ocupação territorial e na militarização da faixa de fronteira, considerada 
uma terra sem lei, onde se propagam atos ilícitos como o contrabando e o tráfico 
de drogas. 
Veja nas abas (RODRIGUES, 2021, p. 98) os principais acordos e tratados firmados 
entre Brasil, Colômbia e Peru sobre as áreas de fronteira: 
Neste momento você irá refletir sobre a visão da fronteira como um valioso recurso 
para o desenvolvimento social e não apenas como um espaço que precisa de 
controle e monitoramento permanente, visão que corrobora com a manutenção 
de estereótipos e preconceitos negativos sobre a fronteira e tudo que é produzido 
nesse espaço. 
Unidade 3: Fronteiras, o Desenvolvimento Social e a 
Educação
Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de compreender o potencial das fronteiras 
linguísticas e culturais enquanto recurso para o desenvolvimento social. 
3.1 Fronteira como Problema e Espaço de Controle
36Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
A autora realizou um levantamento dos principais acordos e tratados firmados 
entre o Brasil, a Colômbia e o Peru que compartilham uma tríplice fronteira, com o 
objetivo de verificar o teor dessas tratativas. 
Você pode observar na imagem que as ações contempladas por esses acordos desde 
a década de 70 tinham foco em atividades econômicas e de controle de atividades 
criminosas, ou seja, voltadas para a fronteira como um espaço problemático. 
Entre as iniciativas do governo federal brasileiro com esse mesmo viés podemos 
citar o Programa Calha Norte, criado em 1985 no âmbito do Ministério da Defesa, 
que tem como objetivo garantir a defesa nacional, maior presença do poder público 
e a ocupação e fixação de habitantes na faixa de fronteira da região norte, como 
foco na Amazônia setentrional. 
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 37
 Fronteira da Região Norte.
Fonte: Grupo Retis (2005).
O programa continua em funcionamento com o apoio logístico e financeiro das 
Forças Armadas e, atualmente, abrange 442 municípios localizados nos estados 
do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Matogrosso, Matogrosso dos Sul, Pará, 
Rondônia, Roraima e Tocantins. 
No ano de 2010 o Grupo de Trabalho Interfederativo de Integração Fronteiriça, 
composto por membros de distintas instituições, lançou as “Bases para uma 
proposta de desenvolvimento e integração da faixa de fronteira”. 
Nesse documento se reconhece que: 
Mas e em relação ao desenvolvimento social das fronteiras, o 
que tem sido feito? 
38Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Na esteira dessa visão compartilhada pelo Ministério da Integração Nacional surgem 
projetos de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento da fronteira como 
você pode acompanhar a seguir
Projeto SIS - Fronteira – Ministério da Saúde 
O Sistema Integrado de Saúde das Fronteiras foi criado em 2005 pelo 
Ministério da Saúde com o objetivo de melhorar a atenção à saúde 
em mais de 100 municípios situados ao longo da faixa de fronteira. O 
projeto já não está em operação. 
Projeto Fronteiras (Sinivem) e Questões Migratórias - Programa 
Pronasci Fronteiras – Ministério da Justiça/Departamento de Polícia 
Federal
O Pronasci-Fonteirasé um desdobramento do Programa Nacional de 
Segurança Pública e Cidadania, criado para propor ações que visem 
garantir a segurança pública com foco também no desenvolvimento de 
ações de cidadania.
Questões Migratórias - Ministério do Trabalho e Emprego 
Uma das ações de destaque foi a criação da Casa do Migrante em Foz 
do Iguaçu, em 2003, a qual atende pessoas que vivem nesse contexto 
de fronteira. 
Concertação de Fronteiras e Frontur e Simitur - Ministério do 
Turismo Frontur (Seminário Internacional de Turismo de Fronteiras) 
e o Simitur (Seminário Internacional sobre Migração e Turismo) 
Fizeram parte do acordo de concertação das fronteiras com o objetivo 
de desenvolver e regulamentar as ações sobre o turismo na fronteira. 
Projeto Intercultural Bilíngue Escolas de Fronteira – Ministério da 
Educação 
Com base em um modelo de ensino comum, espelhado, em escolas 
A integração de fronteiras requer esforços conjuntos dos 
entes federados nacionais e de seus correspondentes 
nos outros países, uma vez que a complexidade do 
enfrentamento dos problemas envolve questões de 
soberania, de adequação de ordenamentos jurídicos, 
questões econômicas, sociais e até mesmo, culturais 
(BRASIL, 2010, p. 34). significar outras fronteiras”. 
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 39
localizadas nas fronteiras entre o Brasil e Argentina, o projeto surgiu 
como uma forma de pensar a educação intercultural com foco no ensino 
de português e de espanhol. 
As propostas abarcavam áreas estratégicas do desenvolvimento do espaço 
fronteiriço como saúde, economia, turismo, segurança e educação. 
Entre as propostas está o Projeto Intercultural Bilíngue Escolas de Fronteira, a 
primeira iniciativa em prol da educação bilingue em contexto fronteiriço que 
surge na esteira de uma visão de integração dos países da América do Sul, com o 
estabelecimento do Mercosul. 
Par começar, reflita sobre um conceito importante para desenvolver uma linha de 
raciocínio sobre as regiões transfronteiriças (RTF): 
Partindo dessa visão, as regiões transfronteiriças passam a integrar um espaço 
importante para o desenvolvimento econômico de sua comunidade e do país por 
meio da produção de bens e serviços de consumo. 
No entanto, não se pode excluir o fato de que além de bens e serviços de consumo e 
sua importância geoeconômica, a fronteira é um espaço de produção de patrimônios 
culturais e simbólicos, tendo como eixo central as suas línguas.
3.2 Fronteira como Recurso para o Desenvolvimento Social 
As RTFs tornaram-se objetos políticos específicos e não 
apenas territórios econômicos espontâneos e naturais. 
Nesse sentido, representam formas específicas 
de inovação em relação ao espaço, lugar e escala. 
Implicam a produção de novos tipos de lugares ou 
espaços de produção, de desenvolvimento de serviços, 
de trabalho e de consumo. Eles estão ligados a novos 
métodos de produção do lugar ou do espaço para criar 
vantagens específicas do lugar para a produção de bens 
e serviços e oferecer novas estruturas regulatórias, 
infraestrutura, economias de escala, novos mercados 
de trabalho etc. (JESSOP, 2004, p. 32) 
40Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Neste sentindo e entendendo que passamos por um período de mudanças geopolíticas 
importantes que geram impactos nos territórios, precisamos compreender que 
a gestão do espaço fronteiriço precisa buscar o seu desenvolvimento. Um dos 
patrimônios culturais que pode ser utilizado como recurso nesse processo é 
justamente a língua e os modelos de gestão da pluralidade linguística que caracteriza 
a fronteira. 
Há dois problemas elencados pelos pesquisadores que participaram do estudo e 
que se relacionam à temática desse estudo (PÊGO, 2018, p. 162-163): 
• falta integração produtiva, redes de APLs para atender às demandas, 
escolas binacionais nas cidades gêmeas (há projeto de escola de fronteira em 
Bonfim e em Pacaraima), problemas de idioma ao se cruzar a fronteira; 
• oferta restrita e de baixa capilaridade na área da educação. Por exemplo: 
faltam escolas binacionais e cursos de língua estrangeira, sendo o idioma um 
grave problema de comunicação e interação; ausência de ensino técnico-
profissionalizante, de comércio exterior etc., e nível superior. 
Ambas as questões colocam em evidência o desproporcional tratamento dado ao 
território brasileiro, especialmente quando referido à Região Norte do país. Porém, 
a ausência de políticas públicas com foco na educação na fronteira é uma realidade 
que se reflete em todos os arcos, em diferentes proporções. 
Um novo modelo de gestão, adequado ao quadro da globalização 
atual, deve entender que se deve assumir como uma componente 
de uma gestão integrada do território, precisamente na medida 
em que as problemáticas culturais são claramente territoriais 
(KANT, 1999; OOSTERBEEK, 2007; SAMASSEKOU, 2012 apud 
OOSTERBEEK, 2017). 
Essa visão é corroborada por pesquisa realizada pelo Instituto de 
Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) em parceria com o Ministério 
da Integração, que culminou na publicação do livro “Fronteiras do 
Brasil: uma avaliação de política pública” em 2018, especialmente 
no volume 3 da coletânea, em que se dá ênfase ao Arco Norte. 
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 41
Conheça alguns exemplos de utilização da fronteira como recurso para o 
desenvolvimento social e econômico.
EuroAirport Basel-Mulhouse-Freiburg 
No âmbito europeu, cuja organização e gestão dos territórios de 
fronteira se baseia em outros contextos diferentes da nossa realidade, 
podemos citar o Euro-Aeroporto Basel-Mulhouse-Freiburg como 
exemplo de utilização da fronteira como recurso para a economia local. 
O aeroporto é operado por França e Suíça e beneficia também aqueles 
que se deslocam à Freiburg, na Alemanha. 
Integrierter Bachelorstudiengang Lehramt Sekundarstufe 
(Licenciatura Integrada em Docência do Ensino Secundário) 
Na mesma região onde se localiza o aeroporto mencionado, é possível 
verificar outra ação que colabora com o desenvolvimento social da 
fronteira no que tange à educação. O programa binacional (franco-
alemão) de formação de professores bilíngues é oferecido pela 
Universidade de Educação de Freiburg, na Alemanha, em cooperação 
com a Université Nice Sophia Antipolis, na França. 
Programa Binacional de Educación Migrante (Probem) 
Criado em 1982 em parceria entre os governos dos Estados Unidos 
e do México, tem como objetivo auxiliar na integração de crianças 
migrantes ao sistema educativo dos países envolvidos e promover o 
intercâmbio docente de forma a contribuir com a: atenção educativa 
a meninas e meninos migrantes; os Estados membros do Grupo 
Mexicano do Probem e do Grupo dos Estados Unidos desenharam e 
estruturaram conjuntamente apoios educativos específicos para esta 
população escolar; o Probem constitui um valioso fator de mudança e 
um instrumento que favorece, fortalece, consolida e amplia todos esses 
propósitos e ações, orientados a oferecer aos migrantes binacionais 
mexicanos melhores oportunidades de progresso e, com isso, um 
ambiente propício para acessar melhores níveis de vida (informação 
disponível no site do Governo do México).
Projeto Escolas Bilingues e Interculturais de Fronteira (PEBIF) 
É um projeto de cooperação entre Portugal e Espanha e as Comunidades 
Autônomas, em parceria com a Organização dos Estados Ibero-
Americanos (OEI). Tem como objetivo criar uma rede de escolas que 
promovam a educação e o desenvolvimento social e econômico dos 
territórios de fronteira entre os países signatários do projeto.
42Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Proyecto binacional Educación Superior (Brasil-Uruguai) 
Se refere a um projeto interinstitucional binacional, com sede nas cidades 
de Rivera (Uruguai) e Santa do Livramento (Brasil) do qual participam, 
ofertando cursos de graduação, técnicos e de pós-graduação binacionais, 
as seguintes instituições: Universidad de la República, UniversidadeFederal do Pampa, Universidad Tecnológica del Uruguay, Universidade 
Estadual do Rio Grande do Sul, Centro Regional de Profesores del Norte, 
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-Rio-Grandense, 
Instituto de Formación Docente, Universidade da Região da Campanha, 
Escuela Técnica Superior de Rivera e Polo Educativo Tecnológico de 
Rivera.
Conheça o programa binacional franco-alemão acessando clicando aqui. 
Visite também a página do PEBIF. 
Analisando o caso do Proyecto Binacional Educación Superior e outras iniciativas em 
prol do desenvolvimento social da fronteira, verifica-se que ocorreram em um período 
de políticas progressistas que entendiam a necessidade de uma aproximação dos 
países vizinhos como parte do desenvolvimento econômico, político e social. 
Nesse caso, especificamente, a fronteira é utilizada como recurso para o 
desenvolvimento de modelos de gestão da educação binacional e produção de 
conhecimento científico nas instituições envolvidas. 
Um exemplo interessante no campo da educação foi a instituição, no ano de 2013, 
do Campus Binacional do Oiapoque, localizado no estado do Amapá, nas cidades de 
Oiapoque e Laranjal do Jari. Acompanhe:
2007 - 2008 
08/01/2009
Iniciaram acordos e negociações entre o presidente Nicolas Sarkozy e Luiz 
Inácio Lula da Silva com a finalidade de criar uma universidade na fronteira 
entre Oiapoque e Guiana Francesa.
O Protocolo Adicional ao Acordo de Cooperação Técnica e Científica entre os 
dois governos, publicado no Diário Oficial da União (DOU), instituiu o Centro 
Franco-Brasileiro da Biodiversidade Amazônica, com estrutura física alocada 
para diferentes instituições de pesquisa do Estado. 
https://www.dfh-ufa.org/programme/studienfuehrer/integrierter-bachelorstudiengang-lehramt-sekundarstufe
https://oei.int/pt/escritorios/secretaria-geral/escuelas-de-frontera/proyecto
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 43
2010 
2013 
A Secretaria de Educação Superior (Sesu) convocou o então reitor da 
Universidade Federal do Amapá, Prof. Dr. José Carlos Tavares, para assinar 
um termo de pactuação não mais do referido centro, mas de um campus 
da Unifap no Oiapoque que atendesse à “ideia de Campus Binacional”. 
A Licenciatura Intercultural Indígena, implantada em 2007, obedece 
a uma perspectiva interdisciplinar e apresenta um núcleo comum de 
conhecimentos ou de disciplinas. 
Os cursos do campus de Oiapoque implantados em 2013 seguiram essa 
mesma concepção e organizaram-se em um tronco comum ou em um 
mesmo eixo temático (Projeto Político Pedagógico do Curso de Letras- 
Português/Francês da UNIFAP). 
O campus binacional está localizado em uma área onde vivem povos originários 
de distintas etnias como Karipuna, Galibi-Marworno, Palikur-Arukwayene, Galibi-Kalinã 
ou Galibi do Oiapoque e Wajãpi com suas línguas das famílias Kheuol, Karib, Aruak e 
Tupi-Guarani, em contato com o português e o francês, por isso a importância de 
uma Licenciatura Indígena. 
As iniciativas ainda são tímidas em nossas fronteiras, por isso é preciso uma revisão 
da ideia de que a fronteira é um espaço que precisa de controle e limites. 
Nesse sentido, o Brasil caminha a passos muito lentos quando o tema é o 
desenvolvimento social de suas fronteiras, conforme afirmam Oliveira e Morello 
(2019, p. 54):
3.3 E os Possíveis Caminhos? 
A questão das fronteiras é especialmente sensível para 
a geopolítica brasileira, já que o Brasil tem a terceira 
mais longa linha fronteiriça do mundo depois da 
Federação Russa e da China (15.735 km com 10 países). 
44Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Os exemplos apresentados partem de diferentes contextos de fronteira em que 
operam uma série de elementos que se relacionam inclusive a aspectos geopolíticos, 
se pensarmos nos conflitos e problemas existentes na fronteira entre México e 
Estados Unidos, por exemplo. 
Porém, você pode observar que todos buscam utilizar o território fronteiriço como 
um espaço onde as diferenças e as semelhanças possam integrar um único objetivo: 
a utilização dos patrimônios das fronteiras como um importante recurso para o 
desenvolvimento dos grupos sociais que vivem nesse espaço. 
Entre possíveis iniciativas é possível pensar no estabelecimento de acordos de 
cooperação com foco especial na construção de um sistema educativo transnacional 
e na formação docente que visem a promoção das línguas das comunidades da 
fronteira, ou seja, com foco no desenvolvimento de uma educação intercultural 
plurilíngue, como propõe Rodrigues (2021, p. 195): 
Logo, seria de se esperar que o Brasil tivesse formulado 
políticas sistemáticas para a análise e o aproveitamento 
do bilinguismo português-espanhol nas fronteiras, e 
tivesse tentado transformar esse bilinguismo em um 
recurso geopolítico, mas veremos que este tampouco 
foi o caso. 
Acordos de cooperação.
Fonte: Freepik (2023).
Estabelecer acordos de cooperação transfronteiriços 
com foco especial na construção de um sistema 
educativo transnacional e na formação docente que 
visem àpromoção das línguas das comunidades 
da fronteira, ou seja, uma educação intercultural 
plurilíngue.
O estabelecimento de acordos de cooperação 
transfronteiriços é importante para que a gestão 
da educação na fronteira seja compartilhada 
entre os Estados, permitindo mais investimentos 
e o desenvolvimento de um sistema educativo 
com base na interculturalidade e na promoção 
das línguas da fronteira como um recurso para o 
desenvolvimento de suas comunidades.
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 45
Universidades bi/trinacionais.
Fonte: Freepik (2023).
Elaboração de leis. 
Fonte: Freepik (2023).
Novas instituições de ensino superior.
Fonte: Freepik (2023).
Propor a criação de universidades bi ou trinacionais 
nas fronteiras e fomentar pesquisas nos programas 
de pós-graduação. 
Elaborar leis que regulamentem a educação em 
contexto fronteiriço, desde a educação básica ao 
ensino superior. 
Como desdobramento da proposta anterior, acordos 
como o firmado entre Brasil e Uruguai para a educação 
superior binacional poderiam funcionar como um 
modelo de gestão da fronteira como recurso para 
a produção de conhecimento científico na fronteira 
que poderia ser implementado em toda a faixa de 
fronteira, permitindo a criação de novas instituições 
de ensino superior (IES) e/ou a ampliação do processo 
de interiorização dessas IES.
46Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Cooficialização das línguas.
Fonte: Freepik (2023).
Elaboração de instrumentos legais. 
Fonte: Freepik (2023).
Implementação no currículo escolar. 
Fonte: Freepik (2023).
Ampliar o processo de cooficialização das línguas 
das comunidades fronteiriças e garantir seu ensino-
aprendizagem no currículo escolar. 
A elaboração de instrumentos legais que coloquem 
a educação na fronteira como parte do sistema 
educativo nacional, respeitando as singularidades e 
complexidades desse espaço, pode colaborar com 
outros pontos aqui expostos. Afinal, a atual base 
nacional curricular comum contempla contextos em 
que os repertórios comunicativos dos habitantes se 
movimentam entre o português e o espanhol, por 
exemplo. 
Atrelar a cooficialização de línguas à sua 
implementação no currículo escolar como política 
linguística baseada na demanda das comunidades 
onde essas línguas são parte de sua construção 
identitária. 
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 47
Escolas Interculturais de Fronteira.
Fonte: Freepik (2023).
 Formação continuada dos agentes educacionais.
Fonte: Freepik (2023).
Retomar e ampliar o Programa Escolas Interculturais 
de Fronteira, com foco no bi/plurilinguismo. 
A continuidade desse programa é de suma 
importância para a estruturação de uma educação 
intercultural na fronteira, sendo um modelo a ser 
implementado em toda a faixa de fronteira. Portanto, 
a retomada e ampliação do Programa Escolas 
Interculturais de Fronteira é uma das principais açõesem prol da utilização da fronteira como recurso, 
uma vez que exige que a formação seja pensada de 
forma indissociável, desde a formação do professor 
no curso de licenciatura ao aluno da educação básica, 
passando pela formação continuada de todos os 
agentes da educação em atuação. 
Antes de tudo, é preciso mudar a forma como a sociedade enxerga as fronteiras. É 
importante que elas sejam vistas como espaços interculturais e que as políticas 
públicas reflitam essa visão. Além disso, é essencial que os modelos de gestão 
das línguas nas fronteiras sejam utilizados como exemplo para a educação em 
nível nacional, uma vez que a presença de diferentes línguas nas escolas já é uma 
realidade em várias cidades devido às migrações. 
Este exemplo mostra que as barreiras linguísticas e culturais não se limitam apenas às 
fronteiras geográficas. Elas estão presentes em diversos aspectos da vida cotidiana, 
como no mercado local administrado por um sírio, nas escolas com a presença de 
estudantes venezuelanos e haitianos, e nos atendimentos médicos feitos por um 
médico cubano. 
48Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Nesse sentido, as fronteiras culturais estão sempre em transformação, em fluxo, 
como propõe Barth (2005, p. 17): 
Ao compartilhar modelos culturais e se engajarem mutuamente, esses indivíduos 
compartilham suas línguas, fazem uso de seus repertórios linguísticos que seguem 
o fluxo das interações, rompendo as fronteiras construídas por eles mesmos. Por 
isso, as fronteiras linguísticas são descontínuas, fluidas, móveis, se fecham e se 
abrem de acordo com as necessidades dos seus falantes. 
Para finalizar, é importante que você reflita sobre como a fronteira pode ser utilizada 
Diversidade. 
Fonte: Freepik (2023).
“devemos pensar a cultura como algo distribuído 
por intermédio das pessoas, entre as pessoas, como 
resultado das suas experiências. Ao terem experiências 
semelhantes e se engajarem mutuamente em 
reflexões, instruções e interações, as pessoas são 
induzidas a conceitualizar e, em parte, compartilhar 
vários modelos culturais. Sugiro que um aspecto 
crucial das coisas culturais é a forma pela qual elas se 
tornam diferencialmente distribuídas entre pessoas e 
entre círculos e grupos de pessoas”. 
Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 49
como um recurso para a construção de uma educação intercultural bi/multilíngue 
durante todo o seu estudo. 
Para refletir sobre as fronteiras, assista as videoaulas a seguir: 
Nesta unidade você notou que o olhar foi direcionado para a fronteira como recurso 
para o desenvolvimento social das comunidades, tendo como foco a educação e a 
gestão das línguas nesse contexto. Assim, foram elencadas possíveis propostas de 
intervenção sobre a fronteira que contribuem para o seu desenvolvimento, mas que 
também podem posicioná-lo como centro de irradiação de modelos de gestão da 
educação e das línguas. 
Que bom que você chegou até aqui! Agora é hora de você testar seus conhecimentos. 
Então, acesse o exercício avaliativo que está disponível no ambiente virtual. Bons 
estudos! 
Videoaula: Um Olhar sobre a Fronteira
https://cdn.evg.gov.br/cursos/918_EVG/video/modulo01_video04/index.html
50Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública
BARTH, F. Etnicidade e o conceito de cultura. Antropolítica, Niterói, n. 19, p.15-
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Acesso

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