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AVA2 - Jornalismo e Cidadania - Universidade Veiga de Almeida - 2023

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Atividade Avaliativa 2 - Disciplina Jornalismo e Cidadania
Rio de Janeiro, 2023
Cultura da convergência
Conceituada por Jenkins (2009), a cultura da convergência destaca a
interação e interconexão entre os meios de comunicação, a cultura participativa e a
inteligência coletiva, de modo que estas estão presentes no maior número de
canais. Para o autor, é por meio dessa cultura que as redes comunicativas têm o
potencial de promover criatividade e auxiliar no processo de transformação social
pela convergência interpessoal, mediada pela tecnologia da informação.
Um dos principais pilares da cultura da convergência é a convergência dos
meios de comunicação. Segundo Jenkins (2009), ela diz respeito à integração de
diferentes plataformas e canais de comunicação - como a internet, a televisão, o
rádio e as redes sociais -, em um único ambiente digital. Isso permite que as
pessoas acessem e compartilhem conteúdo de forma rápida e fácil, o que pode
gerar um fluxo intenso em multiplataformas de informações, ideias e inspiração. A
partir disso, as redes comunicativas permitem a circulação e disseminação de
diferentes perspectivas e culturas, possibilitando a fusão de ideias e a criação
colaborativa.
A criatividade, por sua vez, é um elemento fundamental dentro desse
conceito de cultura trazido pelo autor. Ela envolve a geração de novas ideias, a
expressão de diferentes pontos de vista e a busca por soluções inovadoras. Por
meio de plataformas digitais, como as redes sociais, blogs e fóruns, as pessoas
podem criar e compartilhar conteúdo, como textos, imagens, vídeos e músicas, o
que pode fomentar a criatividade individual e coletiva, permitindo uma participação
ativa na cultura e na sociedade.
Além do compartilhamento e união de conhecimentos e perspectivas
diversas, o autor também diz que essa convergência dos meios leva a uma
realidade transmidiática, em que diversos produtos de um mesmo tema são criados
para diferentes meios. Um exemplo disto é a franquia de Star Wars (Guerra nas
Estrelas) que, além de produzir filmes, também se estende em livros, séries,
animações, jogos e até mesmo parques temáticos.
Nesse sentido, a juventude desempenha um papel importante na cultura da
convergência, uma vez que os jovens são frequentemente considerados nativos
digitais, cresceram em um ambiente digital e estão familiarizados com as
tecnologias de comunicação e informação - além de serem os grandes
consumidores destes produtos transmidiáticos. É por meio da convergência
interpessoal, mediada pela tecnologia da informação, que os jovens podem se
conectar, expressar as suas ideias, compartilhar as suas perspectivas e se mobilizar
em torno de questões sociais e políticas, contribuindo para a transformação social e
para a construção de uma sociedade mais participativa e engajada.
O compartilhamento de conteúdo em ambientes digitais só é possível graças
à virtualização. É por meio dela que as redes comunicativas proporcionam uma
ampla gama de possibilidades criativas, permitindo a criação de narrativas
multimídia, a remixagem de conteúdo existente, a interação em tempo real e a
experimentação com diferentes formas de expressão artística. Essa virtualização
cria, também, um espaço propício para a criatividade global.
Como mediadora destes conceitos está, fundamentalmente, a comunicação.
Ela desempenha um papel importante na interconexão da cultura de convergência à
criatividade, juventude e virtualização. Formam-se “redes comunicativas” capazes
de promover a troca de ideias, a disseminação de conhecimento e a criação de um
ambiente propício para a criatividade e a inovação.
Por outro lado, Lemos (2005) questiona se esta comunicação é
verdadeiramente efetiva diante do que chama de cibercultura, caracterizada por
comportamentos presentes dentro do ambiente cibernético e tecnológico. Segundo
o autor, “a rapidez das mensagens e dos contatos permite um questionamento se o
que está em jogo é um verdadeiro canal de comunicação” (LEMOS, 2005, p.8). Ele
questiona se essa troca rápida de informações realmente se caracteriza como um
“verdadeiro processo comunicacional” (LEMOS, 2005, p.8).
No entanto, mesmo diante de uma intensa mobilidade social que, mediada
pela tecnologia, pode colocar em xeque a veracidade do processo comunicacional,
é fato que permite a conexão de pessoas independentemente de suas localizações
geográficas. Isso possibilita a formação de comunidades virtuais, onde a troca de
ideias e experiências pode ocorrer de forma rápida e abrangente. Essa
convergência interpessoal, facilitada pela tecnologia da informação, pode promover
a colaboração e a cocriação de conhecimento.
É a partir daí que a cultura participativa, outro conceito da cultura da
convergência, surge. Ela envolve a participação ativa das pessoas na criação,
circulação e transformação de conteúdo. Por meio das redes comunicativas, as
pessoas têm a capacidade de se envolver ativamente na produção de conteúdo,
seja através de blogs, vlogs, podcasts, redes sociais ou outras plataformas.
Conteúdos são criados com o apoio dos internautas, que sugerem novos
temas, novas propostas. Um exemplo disso é a criação de séries de jogos no
YouTube baseadas em comentários de seguidores do canal. Essa participação ativa
da comunidade permite não só o engajamento, mas também que as pessoas
expressem suas vozes, compartilhem suas perspectivas e contribuam para a
construção coletiva da cultura e da sociedade, mesmo que apenas em
determinados nichos.
Essa participação coletiva enriquece não só a produção de conteúdo, como
também a de conhecimento. De acordo com Jenkins (2009), cria-se uma inteligência
coletiva, capaz de conectar e agregar o conhecimento e as habilidades de um grupo
diversificado de indivíduos. A partir da colaboração e da co-criação em ambientes
digitais, as redes comunicativas podem potencializar a inteligência coletiva,
permitindo que pessoas com diferentes habilidades e perspectivas trabalhem juntas
para resolver problemas complexos e gerar soluções inovadoras.
No entanto, é importante ressaltar que a capacidade das redes comunicativas
em promover a criatividade global e contribuir para a transformação social não é
automática ou garantida. É necessário um ambiente inclusivo e acessível, onde as
vozes de diferentes grupos sociais, culturais e etários sejam valorizadas e
respeitadas. Além disso, é fundamental considerar a questão da desigualdade
digital, já que nem todos têm igual acesso às tecnologias da informação e
comunicação.
Outro aspecto relevante é o papel da educação na promoção da criatividade
global. É importante que os sistemas educacionais integrem o uso responsável e
crítico das redes comunicativas, bem como estimulem a capacidade criativa dos
indivíduos, promovendo habilidades como pensamento crítico, resolução de
problemas, colaboração e comunicação.
A cultura da convergência também apresenta desafios. A proliferação de
informações falsas, com as chamadas “fake news”, a superficialidade do conteúdo
digital e a necessidade de uma constante atualização tecnológica são alguns deles.
É por esse motivo que a convergência dos meios de comunicação precisa levar em
consideração aspectos não só sociais, mas também políticos.
Embora seja importante que os indivíduos desenvolvam habilidades de
literacia digital, sendo capazes de discernir entre informações confiáveis e não
confiáveis, de criar e consumir conteúdo de forma crítica e de lidar com a constante
evolução tecnológica, também é fundamental que haja uma regulamentação e
formas de “barrar” a produção de conteúdos perigosos ou nocivos para a sociedade.
Exemplo recente disso foi o surgimento, em redes sociais no Brasil, de postagens
contendo ameaças, anúncios e apologia dos recentes ataques a escolas.
Postagens, inclusive, que a rede social Twitter disse que não tiraria do ar pois não
violavam os termos de uso.
As discussões acerca da liberdade, nesse sentido, ainda precisam seramplamente debatidas, de modo que levem em consideração cenários críticos como
o do exemplo acima. Se por um lado a convergência interpessoal possibilita o
enriquecimento cultural da comunidade (no online e no offline), por outro também
cria ambientes favoráveis - criptografados de ponta a ponta - para que haja desvios
e mobilizações de grupos que podem apresentar risco para a sociedade como um
todo.
É fundamental entender que a cultura da convergência, com sua capacidade
de promover a união dos meios de comunicação, a cultura participativa e a
inteligência coletiva, pode sim estimular a criatividade global e auxiliar no processo
de transformação social. No entanto, é necessário um ambiente inclusivo, acesso
igualitário à tecnologia da informação e comunicação, uma abordagem educacional
e política adequada e a conscientização dos desafios envolvidos, além de garantia
de moderação de determinados conteúdos. Se tratada de maneira responsável, a
cultura da convergência pode ter um papel significativo na promoção da criatividade,
inovação e transformação social mediada pela comunicação virtualizada.
Referências bibliográficas
CULTURA da Convergência - Henry Jenkins on transmedia. YouTube, 11 ago.
2014. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=bV8C3q0DIYI. Acesso em:
30 abr. 2023.
JENKIS, Henry. Cultura da Convergência. São Paulo: Aleph, São Paulo, 2009.
LEMOS, André. Cibercultura e Mobilidade: a Era da Conexão. Intercom. Rio de
Janeiro, 2005. Disponível em:
http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2005/resumos/R1465-1.pdf. Acesso
em: 02 mai. 2023.
LOPES, Raquel. GABRIEL, João. COLETTA, Ricardo Della. Twitter se recusa a tirar
do ar posts com apologia da violência nas escolas e causa mal-estar em reunião.
Folha de São Paulo, Brasília, 11 abr. 2023. Disponível em:
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/04/twitter-se-recusa-a-tirar-do-ar-posts
-com-apologia-a-violencia-nas-escolas-e-causa-mal-estar.shtml#:~:text=O%20Twitte
r%20se%20nega%20a%20tirar%20do%20ar,nesta%20segunda-feira%20%2810%2
9%20com%20representantes%20das%20redes%20sociais. Acesso em: 04 mai.
2023.
http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2005/resumos/R1465-1.pdf
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https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/04/twitter-se-recusa-a-tirar-do-ar-posts-com-apologia-a-violencia-nas-escolas-e-causa-mal-estar.shtml#:~:text=O%20Twitter%20se%20nega%20a%20tirar%20do%20ar,nesta%20segunda-feira%20%2810%29%20com%20representantes%20das%20redes%20sociais.
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/04/twitter-se-recusa-a-tirar-do-ar-posts-com-apologia-a-violencia-nas-escolas-e-causa-mal-estar.shtml#:~:text=O%20Twitter%20se%20nega%20a%20tirar%20do%20ar,nesta%20segunda-feira%20%2810%29%20com%20representantes%20das%20redes%20sociais.

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