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Diplomacia Econômica das RI - I

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Prévia do material em texto

Autor: Prof. Rubens Lopes Junior
Colaboradores: Prof. Enzo Fiorelli Vasques
 Prof. Mauro Kiehn
Diplomacia Econômica nas 
Relações Internacionais
Professor conteudista: Rubens Lopes Junior
Graduado em Relações Internacionais pela Faculdade Santa Marcelina de São Paulo (2007), mestre em Ciências da 
Religião pela Universidade Metodista de São Paulo (2011) e doutor em Comunicação Social também pela Universidade 
Metodista (2018). Realizou o curso Business Programme no Newcastle College, Inglaterra, em 2016, sendo o professor 
responsável pelos alunos intercambistas brasileiros daquela turma. É docente no Ensino Superior e em pós-graduação 
lato sensu há mais de 10 anos, transitando por diversos cursos e temáticas. Possui diversas orientações de projetos de 
pesquisa nos cursos superiores, bem como orientações de trabalhos de conclusão de curso e artigos de pós-graduação. 
Já participou de diferentes bancas e comissões julgadoras e leciona disciplinas em inglês. É também professor e 
coordenador auxiliar do curso de Relações Internacionais no campus Santos na Universidade Paulista (UNIP).
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
L864d Lopes Junior, Rubens.
Diplomacia Econômica nas Relações Internacionais / Rubens 
Lopes Junior. – São Paulo: Editora Sol, 2022.
172 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Diplomacia. 2. Relações. 3. Economia. I. Título.
CDU 327
U514.36 – 22
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Profa. Sandra Miessa
Reitora em Exercício
Profa. Dra. Marilia Ancona Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Profa. Dra. Marina Ancona Lopez Soligo
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Claudia Meucci Andreatini
Vice-Reitora de Administração
Prof. Dr. Paschoal Laercio Armonia
Vice-Reitor de Extensão
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades do Interior
Unip Interativa
Profa. Elisabete Brihy
Prof. Marcelo Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático
 Comissão editorial: 
 Profa. Dra. Christiane Mazur Doi
 Profa. Dra. Angélica L. Carlini
 Profa. Dra. Ronilda Ribeiro
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista
 Profa. Deise Alcantara Carreiro
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Jaci Albuquerque
 Ricardo Duarte
Sumário
Diplomacia Econômica nas Relações Internacionais
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9
Unidade I
1 A DIPLOMACIA ECONÔMICA E SUAS CARACTERÍSTICAS ................................................................ 15
1.1 A diplomacia econômica ................................................................................................................... 17
1.2 A diplomacia comercial...................................................................................................................... 19
2 O PADRÃO-OURO E A NOVA ORDEM ECONÔMICA INTERNACIONAL APÓS A 
SEGUNDA GUERRA MUNDIAL ....................................................................................................................... 20
2.1 A Crise de 1929 ..................................................................................................................................... 21
2.2 O regime padrão-ouro........................................................................................................................ 24
3 O SISTEMA FINANCEIRO INTERNACIONAL PÓS-BRETTON WOODS E A 
REESTRUTURAÇÃO ECONÔMICA EUROPEIA ............................................................................................ 34
3.1 O sistema financeiro internacional pós-Bretton Woods ...................................................... 34
3.1.1 O Fundo Monetário Internacional (FMI) ........................................................................................ 34
3.1.2 Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) ................................ 37
3.1.3 Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) .................................................................... 39
3.1.4 Órgãos anteriores a Bretton Woods ................................................................................................ 40
3.2 O Plano Marshall e a reestruturação europeia ......................................................................... 41
4 GLOBALIZAÇÃO, UM CAMINHO SEM VOLTA ........................................................................................ 46
4.1 Globalização em diferentes perspectivas ................................................................................... 47
4.1.1 A globalização e suas múltiplas (in)definições ........................................................................... 47
4.1.2 Globalização e as consequências humanas ................................................................................. 50
4.2 Globalização e economia internacional ...................................................................................... 53
Unidade II
5 O DESENVOLVIMENTISMO E A CRIAÇÃO DA UNCTAD ..................................................................... 65
5.1 O desenvolvimento do desenvolvimentismo ............................................................................ 65
5.1.1 O conceito de desenvolvimento ....................................................................................................... 66
5.1.2 O desenvolvimentismo ......................................................................................................................... 68
5.1.3 O novo desenvolvimentismo .............................................................................................................. 70
5.1.4 O desenvolvimentismo no Brasil ...................................................................................................... 73
5.2 A criação da UNCTAD ......................................................................................................................... 79
6 O GATT, A OMC E A LIBERALIZAÇÃO COMERCIAL .............................................................................. 83
6.1 O GATT e as rodadas de negociação para a liberalização comercial ............................... 83
6.2 A Rodada Uruguai e a criação da OMC ....................................................................................... 89
Unidade III
7 O BRASIL E OS MECANISMOS DE INTEGRAÇÃO ECONÔMICA: AMÉRICA E EUROPA .................103
7.1 O Brasil e as relações econômicas com a América Latina .................................................104
7.1.1 A América Latina e sua integração e inserção no mundo globalizado...........................105
7.1.2 A diplomacia econômica através da integração regional ....................................................108
7.1.3 As relações do Brasil com a Argentina ..........................................................................................111
7.2 O Brasil e as relações econômicas com os Estados Unidos ...............................................120
7.3 O Brasil e as relações econômicas com a União Europeia .................................................126
8 O BRASIL E OS MECANISMOS DE INTEGRAÇÃO ECONÔMICA: ÁSIA E ÁFRICA ....................131
8.1 O BRICS e sua importância para a diplomacia econômica ...............................................131
8.2 O Brasil e as relações econômicas com a Rússia e o LesteEuropeu .............................134
8.2.1 A relações Brasil-Rússia .................................................................................................................... 134
8.2.2 As relações do Brasil com países do Leste Europeu ............................................................... 138
8.3 O Brasil e as relações econômicas com países asiáticos ....................................................140
8.3.1 A Ásia e sua importância para a diplomacia econômica brasileira ................................. 140
8.4 O Brasil e as relações econômicas com os países africanos .............................................146
8.5 O Brasil e as relações econômicas com os países do Oriente Médio ............................148
8.5.1 A diplomacia econômica do Brasil com os países árabes.................................................... 150
8.5.2 A diplomacia econômica do Brasil com Israel ......................................................................... 154
8.5.3 O papel da religião na diplomacia econômica ......................................................................... 155
7
APRESENTAÇÃO
Não é segredo para nós, internacionalistas, que a diplomacia é uma das mais importantes práticas de 
nossa profissão. Embora ela possa assumir diferentes significados, é inegável que a diplomacia também 
tem se adaptado às diferentes realidades e contextos que foram se desdobrando no decorrer da história.
Segundo Silva e Gonçalves (2010), a diplomacia pode assumir diferentes sentidos e não há um 
consenso na literatura sobre o assunto. Sua definição caminha por entre política externa ou política 
mundial – esta em um sentido mais amplo –, como também pode se relacionar com o direito internacional 
como um meio pacífico de negociação.
Sabemos que a palavra diplomacia tem origem na língua grega, e sua prática também foi largamente 
utilizada durante o Império Romano. Já a diplomacia moderna é oriunda do século XV. Ela foi utilizada, 
principalmente, na península itálica durante o período decorrente do equilíbrio de poder das principais 
cidades-Estados – Florença, Gênova, Milão, Roma e Nápoles. Como era muito difícil uma cidade se impor 
sobre a outra, cultivou-se uma relação na base de missões diplomáticas.
 Saiba mais
Foi nesse período que viveu Nicolau Maquiavel, e tal contexto foi sua 
influência para escrever o seu livro clássico – lançado postumamente – 
O príncipe (1532). Sua importância é tamanha que é considerado até hoje 
como um dos principais manuais de como se fazer política, bem como uma 
das principais fontes para o realismo político. Para saber mais sobre tal 
período e como se desenrolavam tais relações, leia:
MAQUIAVEL, N. O príncipe. Petrópolis: Vozes, 2015.
Entretanto, foi somente depois da Paz de Vestfália (1648) que o uso de missões diplomáticas se 
popularizou. Esse tratado, um marco para as relações internacionais, “ao estabelecer a liberdade religiosa 
e a igualdade entre os Estados, concorreu decisivamente para a instauração do equilíbrio de poder entre 
os Estados que se formavam no Velho Continente” (SILVA; GONÇALVES, 2010, p. 53-54).
Já a Revolução Francesa (1789-1815) também teve importante contribuição para o modelo da prática 
diplomática. Isso se deu, principalmente, pela sua contribuição decisiva para o conceito de soberania, 
alterando definitivamente a figura do rei, bem como modificando o papel da monarquia. Esse evento 
histórico também contribuiu para a alteração do equilíbrio de poder, culminando no famoso Congresso 
de Viena (1815).
Já no século XX, com o advento das grandes guerras, surge o que fica conhecido como nova 
diplomacia, esta vinculada aos desdobramentos da Conferência de Versalhes (1919). Talvez o nome 
8
mais influente do período seja o do presidente estadunidense Woodrow Wilson, defensor de novas 
práticas que alterariam o equilíbrio de poder, pautadas no diálogo e no direito internacional.
Contudo, tais medidas foram insuficientes para evitar uma nova guerra mundial, que teve início no 
ano de 1939. Vale lembrar que, nesse entreguerras, houve a crise da Bolsa de Nova Iorque, em 1929, 
evidenciando no cenário global um novo elemento que viria a ser primordial para esta disciplina: a 
ascensão da economia como elemento constituinte da política mundial.
Dessa forma, além das tradicionais funções diplomáticas de negociar, representar, fazer serviços 
consulares e informar, a diplomacia ganha novas diretrizes. Vale ressaltar aqui que essas novas diretrizes 
são diversas, e a economia é só mais um elemento que constitui essa nova realidade.
Ademais, sabemos que, embora a economia tenha ganhado espaço no século XX, é somente a partir 
do final da Segunda Guerra Mundial que temos, de fato, a ascensão completa da economia como 
elemento diplomático e como prática de política externa dos países. Porém a ascensão da economia no 
cenário global não reduz ou altera a importância da diplomacia política como ferramenta de instituições, 
regimes, Estados e organizações internacionais no campo de ação das relações internacionais.
Não obstante, fatores e fatos históricos importantes da diplomacia política também são igualmente 
relevantes para a diplomacia econômica, como o papel das Nações Unidas na segurança coletiva e na 
estabilidade internacional, o sistema Bretton Woods e, como não poderia deixar de ser, as instituições 
financeiras internacionais. E não se pode esquecer de algo fundamental para nossa reflexão: o final do 
sistema padrão-ouro.
Sendo assim, o objetivo deste livro-texto é estudar a evolução dos mecanismos multilaterais para 
assuntos econômicos internacionais, dando destaque ao posicionamento brasileiro frente às próprias 
relações econômicas com diferentes regiões do mundo.
Para tal, veremos a evolução da nova ordem econômica internacional desde 1947 até os dias 
atuais, bem como a estrutura do sistema financeiro internacional. É necessário também compreender o 
desenvolvimento de mecanismos multilaterais do comércio internacional.
Outro fator muito importante para a nossa reflexão é o papel da Conferência das Nações Unidas 
sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD). Dessa forma, veremos como ela se constituiu e qual o 
seu real alcance. Sem embargo, também é importante compreender o papel do General Agreement on 
Tariffs and Trade (GATT) e da Organização Mundial do Comércio (OMC).
 Observação
Em tradução livre, General Agreement on Tariffs and Trade significa 
Acordo Geral de Tarifas e Comércio. Por ser uma sigla que remete 
a uma instituição internacional, é comum, mesmo em português, 
utilizarmos a sigla GATT.
9
E, como não poderia deixar de ser, estudaremos o Brasil e sua diplomacia econômica com 
diversos países e regiões do mundo: América do Sul, Estados Unidos, União Europeia, Rússia e o 
Leste Europeu, países asiáticos, países africanos e Oriente Médio.
Dessa forma, poderemos aprofundar o conhecimento sobre a experiência brasileira de inserção 
econômica internacional, com exame e discussão da participação do Brasil nos processos negociadores 
multilaterais no campo econômico e no comércio, finanças, investimentos, propriedade intelectual e 
tecnologia etc.
Ao final desta disciplina, você será capaz de realizar diagnósticos, identificar problemas e construir 
projetos no âmbito das negociações internacionais. E, assim, estará pronto para compreender a importância 
da economia na diplomacia e, sem sombra de dúvidas, nas relações internacionais contemporâneas.
INTRODUÇÃO
Para iniciar nossa jornada sobre diplomacia econômica, é necessário que compreendamos de fato o 
que é essa prática nas relações internacionais, bem como o contexto que propiciou sua ascensão. Dessa 
forma, iniciamos discorrendo sobre a diplomacia econômica e suas origens.
Sendo assim, daremos especial atenção a elementos-chave dessa nova realidade internacional. 
Inicialmente, estudaremos a nova ordem econômica internacional que surgiu após a Segunda Guerra 
Mundial e como essa nova realidade é o elemento queimpulsiona o crescimento da acuidade da 
economia nas relações internacionais. Todavia, é impossível compreender a diplomacia econômica se 
não nos atemos à Guerra Fria e aos seus desdobramentos. Embora essa temática seja recorrente nos 
estudos das relações internacionais, aqui a abordaremos através da ótica econômica. Por isso, aluno, 
você verá durante toda a sua leitura a recorrência da Guerra Fria para explicar e contextualizar diversos 
posicionamentos de países em relação à diplomacia econômica.
É possível que você já tenha ouvido um famoso apresentador brasileiro afirmar em seu canal de 
televisão “Compre meu título de capitalização, você concorrerá a sorteios de barras de ouro que valem 
mais do que dinheiro”. Pois bem, como pode algo valer mais do que dinheiro? Além do mais, quantas 
empreitadas europeias além-mar no século XV e XVI foram motivadas por busca pelo ouro? O que será 
que esse metal tem que é tão importante para as nações?
Mais relevante do que mensurar a importância do ouro é compreender, para a diplomacia econômica, 
o regime padrão-ouro. Exatamente por isso vamos estudar essa questão e como isso moldou a nova 
ordem econômica mundial. E uma coisa você já deve saber: se dizem que ouro vale mais do que 
dinheiro, então alguma coisa tem. Porém vale ressaltar que desde o fim da Primeira Guerra Mundial 
o padrão-ouro foi alterado pelos Estados Unidos. Dessa forma, também estudaremos essa mudança e 
suas consequências para a economia global, culminando nos Acordos de Bretton Woods após a Segunda 
Guerra Mundial, bem como sua extinção na década de 1970.
10
Embora a Segunda Grande Guerra seja intitulada como guerra mundial, ela acontece principalmente 
em território europeu. E, como não poderia deixar de ser, esse continente sofre os maiores impactos 
socioeconômicos. Dessa forma, estudaremos a reestruturação europeia e o sistema financeiro 
internacional. Não obstante, algo que merece especial atenção é o Plano Marshall e seus desdobramentos 
para a reestruturação europeia.
 Observação
Economia mundial é diferente de sistema financeiro internacional. 
A primeira refere-se à economia de todos os países juntos. Já o segundo 
refere-se a instituições, mercados, órgãos reguladores e acordos que visam 
à circulação da economia, ou seja, transferir os recursos entre os setores 
produtivos, consumo etc.
Mais adiante, neste livro-texto, daremos atenção à globalização. Você se considera uma pessoa 
globalizada? Aliás, você saberia definir globalização? Sabe como ela afeta a economia mundial? Pois 
bem, exatamente por isso é de suma importância entender esse fenômeno. Embora ele possa ser 
estudado sob diversas óticas, como não poderia deixar de ser, daremos especial atenção aos seus impactos 
econômicos, sem deixar de fora as outras faces desse fenômeno.
Sendo assim, não é segredo que as economias desenvolvidas levam vantagem no mercado global. 
Afinal, se elas são as economias dos players que moldam o mercado, é de se supor que levem vantagem 
sobre as economias menos desenvolvidas, aquelas moldadas pelo seu poder.
Entretanto, uma coisa não se pode mudar: as economias desenvolvidas não são os únicos players. 
Dessa forma, compreender o papel dos países em desenvolvimento na economia global também é 
importantíssimo. Afinal, a disparidade entre países é muito grande e, mesmo que haja superioridade de 
alguns sobre outros, ainda assim, são interdependentes.
Contudo, uma das soluções para equiparar tal questão que carrega consigo tanta disparidade é o 
desenvolvimentismo. Por isso, seguiremos tratando justamente desse conceito: qualquer tipo de política 
– doméstica ou externa (embora haja uma correlação direta entre elas) – que visa ao desenvolvimento 
econômico. Ela está diretamente ligada ao crescimento da indústria e da infraestrutura.
Embora seja impossível falar de desenvolvimentismo em cada país neste livro-texto, podemos 
compreender a dimensão global desse conceito. Portanto, separamos um subtópico para falar do 
desenvolvimentismo no Brasil.
Ainda, examinaremos a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD). 
Criada em meados da década de 1960, em plena Guerra Fria, essa conferência visa ajudar os países – 
sejam eles Estados-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) ou não – a construírem uma 
economia global integrada, embasada em trocas comerciais, investimentos e tecnologia, aspirando ao 
desenvolvimento sustentável.
elois
Highlight
11
Depois desse panorama, continuamos estudando os acordos que se tornaram essenciais para a 
prática da diplomacia econômica. Então, evidenciaremos as rodadas de negociação que culminaram 
no desenvolvimento do GATT, fruto de uma série de acordos – assinados por 23 países-membros – que 
tinha o intuito de promover o comércio internacional. Tal promoção passava pela redução de barreiras 
comerciais para que houvesse vantagens mútuas nesses acordos. Claro, tendo como pano de fundo 
o livre-comércio.
O GATT durou até o ano de 1994. Posteriormente, um novo acordo veio a substituí-lo, dando 
origem à Organização Mundial do Comércio (OMC), esta, diferentemente dele, constituída como uma 
organização internacional (OI).
A OMC é fruto da Rodada do Uruguai de negociações. Iniciada em 1986 e tendo como tema de 
negociação questões além das pautas comerciais, como questões agrícolas, investimentos e propriedade 
intelectual, perdurou até o ano de 1994.
A seguir, discorreremos sobre o Brasil e suas relações econômicas com diversos países, regiões do mundo 
e organizações internacionais. Para tal, daremos especial atenção para os continentes América e Europa. 
Iniciaremos pela relação do Brasil com seus vizinhos sul-americanos, ressaltando como as mudanças no 
cenário internacional moldaram as relações com nossos vizinhos e como as transições de governo em 
nosso país durante a segunda metade do século XX impactaram tais relações.
Não podemos nos esquecer também de compreender a intenção brasileira em ser protagonista no 
Cone Sul, bem como a importância dos processos de integração regional, especialmente na América 
Latina, que serviram para muitas economias em desenvolvimento adentrarem no comércio global, algo 
muito significativo para os rumos do continente.
Brasil e Estados Unidos, este sendo uma das maiores economias do mundo e com excepcional 
desenvolvimento principalmente nos séculos XIX e XX, sempre foram muito próximos. Isso não quer 
dizer, necessariamente, que as relações sempre foram boas. Muito pelo contrário, muitas vezes havia 
harmonia em questões políticas e militares, porém divergências em questões econômicas. Contudo, o 
que não se pode negar é o fato de que o país norte-americano exerceu grande influência em diferentes 
setores brasileiros.
Encerraremos esse assunto com as relações do Brasil com a União Europeia. Esse bloco econômico 
– que hoje mantém relações muito além de questões comerciais – tem suas origens na década de 
1950. Porém sua formatação contemporânea é somente concebida pelo Tratado de Maastricht (1992). 
Contudo, veremos que as principais questões que pautam as relações – e divergências – desse bloco com 
o Brasil se dão no campo da agricultura e da agropecuária, sendo objeto de conflitos comerciais até os 
dias de hoje.
Posteriormente, estudaremos as relações econômicas do Brasil com a Ásia e a África. Começaremos 
refletindo e estudando sobre a diplomacia econômica com a Rússia e os países do Leste Europeu. Logo, 
é impossível falar desses negócios sem compreender suas origens na Guerra Fria; afinal, a maioria dos 
países do Leste Europeu só surgiu após a dissolução da União Soviética no início da década de 1990.
elois
Highlight
12
Especificamente com a Rússia, é de grande importância o BRICS – um agrupamento de países de 
economia emergente, sem caráter jurídico de bloco, que visa, a partir da sua união, aumentar sua 
influência no sistema mundial. Esse clube de países é formado por Brasil, Rússia, Índia, China e 
África do Sul.
Dessa forma, nosso próximoobjeto de estudo é a relação do Brasil com os países asiáticos. E já que 
falamos do BRICS, daremos especial atenção à China, atualmente a maior economia mundial. Claro 
que outros países também são importantes para nossa análise, como Japão, Coreia de Sul e países do 
Sudeste Asiático. Vale ressaltar que, com exceção do Japão, a maioria deles são grandes produtores de 
manufaturas em economia de escala.
Ainda, compreenderemos as relações econômicas do Brasil com países africanos. Novamente, mais 
uma relação com um país emergente que evidencia a importância do BRICS: a África do Sul. Contudo, 
vale salientar que, embora esse país tenha especial destaque por conta do agrupamento, as relações do 
Brasil com o continente africano possuem ligações históricas, sejam elas de língua ou coloniais.
O Brasil, principalmente no período da Política Externa Independente (1961-1964), foi um grande 
defensor da descolonização da África, visando também aos potenciais parceiros econômicos e comerciais. 
Contudo, no campo econômico, o continente africano – que possui 55 países – muito se assemelha ao 
Brasil no que tange aos investimentos de empresas e do próprio governo: são majoritariamente nos 
setores de energia, minérios e construção civil.
Finalmente, ao nos debruçarmos sobre as relações econômicas do Brasil com o Oriente Médio, 
veremos que duas questões se fazem latentes nessas relações: o petróleo e a religião. Durante a década 
de 1970 ocorreram duas grandes crises globais – que inclusive colocaram em xeque a credibilidade 
do dólar perante o mundo – conhecidas como crises do petróleo. Não só o Brasil, mas diversos outros 
países foram afetados. Portanto compreender a dimensão dessa questão e como o petróleo se torna um 
elemento balizador das relações se faz necessário.
Entretanto vale ressaltar que a religião é um fator determinante para as relações com o Oriente 
Médio. Isso porque grande parte dos países que compõem essa região são teocracias. Com exceção de 
Israel – denominado Estado Judeu de Israel – todos os outros países são majoritariamente islâmicos.
Tudo bem, você pode se perguntar: “E o que isso tem a ver com relações econômicas?”. Bem, a 
resposta é simples: em geral, a religião, além de ditar a conduta dos indivíduos, também é a base para as 
leis locais. Grande parte das práticas dessas religiões são completamente distintas das práticas sociais, 
políticas, econômicas e culturais adotadas pelo Ocidente, majoritariamente cristão.
Um exemplo clássico é a necessidade de certificação específica para todos os produtos – com 
maior rigor para produtos alimentícios – que são vendidos aos países daquela região que são islâmicos. 
Dessa forma, é importante compreendermos a complexidade que envolve tais relações econômicas e 
comerciais. É impossível falar somente de economia diante de um contexto como esse. Sem esquecer 
que questões históricas, religiosas e políticas fomentam uma grande rivalidade entre Israel e os países 
13
árabes. Portanto tal aspecto vai aparecer conforme estudarmos as relações econômicas do Brasil com 
os países do Oriente Médio.
Vale lembrar que o conteúdo deste livro-texto é uma pequena parte de toda a história da 
diplomacia econômica e, dessa forma, o conteúdo não se encerra por aqui. Aliás, a própria seleção de 
autores foi direcionada para elementos que sejam de fato relevantes para a diplomacia econômica nas 
relações internacionais.
Exatamente por isso fica o convite para que você busque novas fontes de pesquisas e autores, 
mesmo porque a diplomacia econômica é um fenômeno que começou a ser estudado recentemente 
– em comparação com outros elementos que compõem o estudo das relações internacionais – e todo o 
material, produção e reflexão só tende a contribuir para essa área, que cada vez mais ganha importância 
em nossos estudos.
15
DIPLOMACIA ECONÔMICA NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Unidade I
Todos sabemos da importância do século XX para as relações internacionais. Dessa forma, para 
entendermos a diplomacia econômica, estudaremos os fatos relevantes que aconteceram principalmente 
após a Segunda Guerra Mundial.
1 A DIPLOMACIA ECONÔMICA E SUAS CARACTERÍSTICAS
Inicialmente, é importante que compreendamos o próprio conceito de diplomacia econômica e 
como, muitas vezes, ele se entrelaça com a diplomacia comercial. Segundo Sousa (2019), por conta 
da internacionalização das economias, principalmente no final do século XIX e início do século XX, a 
diplomacia econômica ganha especial destaque na política externa dos Estados.
Dessa forma, diferentes atores – sejam eles internacionais ou até mesmo atores domésticos que 
possuem projeção global (como algumas empresas, por exemplo) – promovem a diplomacia econômica, 
pois tudo isso é oriundo das trocas comerciais e do intercâmbio de fluxos de capitais, cada vez mais 
relevantes para a atuação dos Estados com outros Estados e com atores não estatais.
Ademais, a emergência de novos atores traz novas formas de interação político-social e proporciona 
um ambiente favorável para tais intercâmbios. Assim, é comum vermos a diplomacia com características 
culturais, a diplomacia digital, as posições de líderes políticos em redes sociais que trazem repercussão 
política global etc. Contudo, não é consenso entre os autores se, de fato, são novas formas de diplomacia 
ou se é, simplesmente, um aumento na agenda da diplomacia contemporânea; e é difícil conceber que 
uma postagem em redes sociais pode ser considerada algo de cunho diplomático.
Outra reflexão que podemos fazer é sobre a própria contemporaneidade. É possível falar, por 
exemplo, da música como elemento de política externa brasileira nos dois governos do presidente 
Vargas, inicialmente de 1930 até 1945 e, posteriormente, de 1951 até 1954.
Diante do ideal adotado pelo governo naquele período, a forma como a música brasileira foi tratada 
por Vargas chama nossa atenção, pois ela transcendeu a condição de uma forma estética ou uma maneira 
de se comunicar e se tornou propaganda política. Segundo Tinhorão, ela representava o “símbolo da 
vitalidade e do otimismo da sociedade em expansão sob o novo projeto econômico implantado com a 
Revolução de 1930” (TINHORÃO, 1998, p. 315).
Em uma negociação com o governo alemão, Vargas se utilizou da música como elemento de política 
externa, ao autorizar, no ano de 1936, a criação de um programa de rádio destinado ao público alemão 
no intuito de difundir a música brasileira. Nomes como Pixinguinha e Carmen Miranda foram muito 
explorados na política externa do período. De forma satírica, Tinhorão afirma:
16
Unidade I
A loura Alemanha, que em breve se lançaria à guerra orgulhosa da superioridade 
da raça ariana pôde, então, escutar durante uma hora os crioulos e mulatos 
cariocas malandros do Estácio […] e os bambas dos morros […] cantarem 
suas dores de amor mestiças, em sambas caprichosamente ritmados ao som 
de tamborins feitos com couro de gato (TINHORÃO, 1998, p. 316).
Figura 1 – Carmen Miranda e Walt Disney, o soft power na década de 1940
Disponível em: https://bit.ly/3FBwRTT. Acesso em: 22 nov. 2021.
Com esse simples exemplo, podemos perceber quão complexo é rotular a diplomacia contemporânea. 
Seria ela uma “nova diplomacia”? Ou, de fato, novas temáticas e ferramentas diplomáticas que surgem 
no decorrer da história?
O fato é que a diplomacia mudou – e bastante – desde a sua original acepção de origem grega. 
Temos, então, que estar antenados aos novos elementos que compõem a realidade internacional: acesso 
à informação, novos atores e desestatização, soft power – este diretamente relacionado com o nosso 
exemplo anterior – e, em especial para nossa disciplina, economia política.
Mas, então, o que seria diplomacia econômica?
 Lembrete
Em uma negociação com o governo alemão, Vargas se utilizou da 
música como elemento de política externa, ao autorizar, no ano de 1936, a 
criação de um programa de rádio destinado ao público alemão no intuito de 
difundir a música brasileira. Esse é um exemploda polivalência da política 
externa do governo do período.
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DIPLOMACIA ECONÔMICA NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
1.1 A diplomacia econômica
Segundo Sousa (2019), por conta do crescimento da economia como elemento das relações 
internacionais, os Estados têm, necessariamente, que se adaptar à nova realidade. E isso se deve ao fato 
de que a economia é um elemento central do processo de globalização, relacionada à interdependência 
entre os atores. Também chama a atenção o surgimento de diversas organizações internacionais e a 
expansão do modelo capitalista, principalmente no pós-Guerra Fria, como elementos que contribuem 
para o processo de globalização.
O que temos, então, é uma movimentação das formas de poder: transitamos do poder político-militar 
para o poder político-econômico. Sendo assim, a diplomacia econômica adquire maior importância para 
os Estados desde então.
Figura 2 – O poder do dinheiro
Disponível em: https://bit.ly/3CAHF2Z. Acesso em: 22 nov. 2021.
Outro aspecto de suma importância que emerge nesse cenário é a questão da fronteira. Justamente 
por conta de serem cada vez mais porosas, é comum que assuntos internos influenciem diretamente 
assuntos externos do Estado, bem como que assuntos externos sejam diferenciais na política doméstica. 
Ademais, o capital não tem pátria; hoje ele circula livremente por fronteiras e, inclusive, de forma virtual.
Claro que o entrelaçamento entre a política doméstica e a política externa de um Estado não é 
novidade para outras áreas de estudo das relações internacionais, como na análise de política externa. 
Porém esse entrelaçamento interno-externo, junto às novas tecnologias, é um diferencial que justifica 
e dá subsídio para o crescimento da economia no cenário internacional.
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Unidade I
 Saiba mais
Um dos principais autores de análise de política externa que estuda as 
relações entre as esferas doméstica e internacional é Robert Putnam. Para 
o autor, qualquer negociação internacional acontece e pode ser observada 
em dois níveis, simultâneos ou não. No nível externo, a negociação de 
determinada questão ou interesse ocorre entre os representantes dos 
Estados interessados, e na dimensão doméstica, é objeto de discussão 
nas instâncias internas de representação social de cada Estado. Para 
saber mais, leia:
PUTNAM, R. D. Diplomacia e política doméstica: a lógica dos jogos de 
dois níveis. Revista de Sociologia Política, Curitiba, v. 18, n. 36, p. 147-174, 
jun. 2010. Disponível em: https://cutt.ly/qTHMthH. Acesso em: 23 nov. 2021.
Contudo, vale ressaltar que não há um consenso na definição do termo diplomacia econômica. 
Ademais, esse conceito, muitas vezes, está atrelado ao conceito de diplomacia comercial. O que podemos 
fazer é tentar compreender as dinâmicas e os elementos que compõem esse estudo.
Assim sendo, podemos compreender a diplomacia econômica como o uso de instrumentos políticos 
e econômicos, por parte dos Estados – através da sua política externa –, no intuito de atingir seus 
objetivos políticos e econômicos no exterior. Dessa forma, há diversas vertentes impactadas por essa 
dinâmica: as importações e exportações, os empréstimos mediante organismos internacionais ou outros 
países, os acordos de comércio etc.
O que fica evidente, então, diante dessa perspectiva, é a importância do ato de negociar. Seja 
em organizações ou em missões diplomáticas, aqui a ideia de negociar fica diretamente atrelada à 
sua acepção mais comum: objetivos financeiros e econômicos. No âmbito dos Estados, conseguir 
informações sobre políticas econômicas e sobre como influenciar economicamente os países é algo que 
faz parte dessa prática.
Vale ressaltar que, diante dessa ótica, fica mais evidente ainda a importância das políticas econômicas 
internas: elas se tornam, então, a essência da diplomacia econômica, uma vez que os interesses externos 
são consequências da busca pela melhoria interna.
Nessa perspectiva, outra característica se faz presente: o entrelaçamento entre os objetivos almejados 
e os meios para tal. O que podemos elucidar é que, muitas vezes, instrumentos políticos são usados 
na busca pela prosperidade econômica e financeira. Podemos exemplificar tal questão simplesmente 
refletindo sobre como sanções políticas são utilizadas com objetivos financeiros.
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DIPLOMACIA ECONÔMICA NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Dessa forma, outro aspecto não pode ficar de fora: o comércio. Se cada vez mais o mundo está 
interdependente por conta da globalização, podemos, então, até falar em diplomacia comercial.
1.2 A diplomacia comercial
Uma medida política pode ter efeitos econômicos e ser processada através da diplomacia comercial. 
Esse conceito pode ser compreendido como medidas de apoio de determinado Estado às trocas 
comerciais, e aqui falamos especificamente das exportações desse Estado.
Ademais, podemos até mesmo falar da promoção ao investimento estrangeiro. Afinal, se, por 
exemplo, o Brasil precisa de investimento em determinado setor, o governo pode promover medidas 
para atrair investimento estrangeiro. Porém, quem de fato irá aportar serão empresas estrangeiras, não 
necessariamente outros governos. Portanto é comum a utilização de missões diplomáticas oficiais que 
visem à busca dos interesses de determinados setores da economia. Elas podem estar em busca, por 
exemplo, de garantias de mercado ou matéria-prima. O que fica evidente, então, é que o Estado se torna 
um elemento de suma importância na obtenção de informações sobre possíveis mercados, clientes, 
oportunidades de investimento e comércio.
Em suma, entendem a diplomacia comercial como o apoio a negócios e 
entidades financeiras nacionais, ao investimento e comércio (trocas). 
Para além disso, incluem nesse conceito a informação disponibilizada aos 
empresários pelo governo (pelos ministérios de indústria, economia ou 
negócios estrangeiros, ou por agências especializadas do Estado) sobre 
oportunidades de investimento e exportação, contato com câmaras de 
comércio no exterior, ou a organização de missões comerciais (SOUSA, 
2019, p. 50).
Assim, podemos conceber, através dessa ótica, a diplomacia econômica como algo que contém em 
si a diplomacia comercial. Diante de tal reflexão, fica evidente que a conceitualização ainda é vaga, 
pois, como afirmamos, não há consenso entre os autores. O que podemos fazer é focar na sua prática 
mais do que nos preocupamos com sua conceitualização. Mesmo porque, dependendo da abordagem, a 
diplomacia econômica e a diplomacia comercial podem:
• ser a mesma coisa;
• ser uma subdivisão uma da outra;
• ser duas áreas distintas.
Ou seja, não temos um consenso sobre o conceito. Mas isso não é um problema; antes, só 
indica o quanto o tema ainda precisa ser estudado. Para amenizar a nossa “angústia metodológica”, 
podemos dimensionar o fenômeno e não classificar e/ou rotular a diplomacia econômica e/ou a 
diplomacia comercial.
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Unidade I
Figura 3 – Fluxo do comércio internacional
Disponível em: https://bit.ly/3oRd4Jx. Acesso em: 21 nov. 2021.
Sendo assim, é importante que saibamos o que compõe essa prática. Estamos falando de acordos 
de comércio – especificamente de livre-comércio –, de órgãos internacionais e suas negociações, dos 
governos de diversos países, da promoção da imagem de um país no intuito de melhorar o turismo na 
região, da promoção de investimentos sustentáveis que atendam a demanda global contemporânea, de 
tarifas, medidas antidumping, sanções, licenças etc. São inúmeras as práticas que podemos colocar na 
diplomacia econômica.
Ou seja, para alcançar objetivos de segurança e prosperidade econômica, a 
diplomacia econômica delineada por um governo pode ter uma finalidade 
mais econômica ou mais política (poder, sobretudo na cena internacional), 
sendo que todas as ferramentas utilizadas poderão ser colocadas entre 
esses dois extremos, e essa identificação ajuda a compreender a visão 
de interessenacional detida pelos decisores, em determinado momento 
(SOUSA, 2019, p. 51).
Agora que você já viu um pouco sobre o conceito – ou os conceitos – de diplomacia econômica, 
abordaremos o contexto que proporcionou o seu surgimento e como ela se transformou até os dias de hoje.
2 O PADRÃO-OURO E A NOVA ORDEM ECONÔMICA INTERNACIONAL APÓS A 
SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Para compreender a proporção da diplomacia econômica, estudaremos o contexto mais importante 
para essa área, ou seja, o sistema financeiro internacional, a famosa Crise de 1929, bem como o 
novo sistema financeiro e suas respectivas instituições, tudo isso sob a égide de um fenômeno maior: 
a globalização.
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DIPLOMACIA ECONÔMICA NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
2.1 A Crise de 1929
Segundo Nóbrega e Ribeiro (2016), não se pode falar de padrão-ouro sem falar da Crise de 1929. E se 
não falarmos do padrão-ouro, não vamos compreender os fenômenos que o sucedem. Não que a Crise 
de 1929 tenha sido causada pelo padrão-ouro, mas esse padrão estava envolvido em todo o processo 
que culminou no crash da Bolsa de Nova Iorque, e tal evento foi crucial para os rumos que a economia 
global iria tomar.
De acordo com os autores, após a Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos assumem um 
importante lugar de destaque: centro econômico global, pois deixaram de ser um dos maiores devedores 
para se tornarem um dos maiores credores do mundo, levando a economia estadunidense a uma grande 
fase de prosperidade.
A década de 1920 nos Estados Unidos foi marcada por forte entusiasmo. 
A economia parecia absolutamente sólida. O desejo geral era comprar 
e vender, ganhar e gastar dinheiro. Nesse tempo de enorme opulência, a 
sociedade americana só tinha o que festejar. As garagens eram ocupadas 
por dois carros, que eram cada vez mais rápidos. Os prédios competiam em 
altura, as fortunas eram invejáveis e as empresas se tornavam cada vez mais 
ricas e poderosas (NÓBREGA; RIBEIRO, 2016, p. 128).
Um setor que era reflexo desse entusiasmo era o automobilístico. Em 10 anos, a frota triplicaria 
naquele país. O automóvel era um símbolo da prosperidade, facilitando a mobilidade, gerando 
empregos e aquecendo a economia, pois não só o setor automobilístico crescia, como também setores 
correlatos e infraestruturais.
Tais padrões ficaram conhecidos como o american way of life. Contudo, trazia consigo questões 
sociais muito fortes, como a rejeição pelo que era estrangeiro, bem como a rejeição por tudo que não 
fosse o ideal capitalista.
 Observação
O ideal do american way of life foi largamente propagado durante a 
Guerra Fria e serviu de pano de fundo para diversas decisões econômicas 
de outros países. Como reflexo desse ideal no Brasil, podemos ver que o 
Plano de Metas do Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961) culmina em 
um maior crescimento nos setores automobilístico e de eletrodomésticos, 
indústrias diretamente ligadas ao ideal estadunidense.
Porém tal prosperidade escondia o lado trágico da economia. O mercado não conseguia absorver 
o excesso de produção e oferta. Os excedentes não podiam ser vendidos no exterior porque a Europa 
acabara de passar por uma guerra. Ademais, havia uma forte concentração de renda no país.
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Unidade I
O colapso econômico aconteceu no campo acionário. As ações eram negociadas por um valor acima 
do que valiam, justamente por conta desse clima de euforia presente no país. Quando se começou a 
venda em massa das ações, no dia 24 de outubro de 1929, os preços despencaram, até que no dia 29 
aconteceu o colapso: milhões de pessoas haviam perdido praticamente tudo que investiram, bancos e 
empresas faliram e muitas pessoas perderam suas casas.
 Observação
Tal movimentação pode ser explicada pelo processo de oferta e 
demanda. Esse processo é um princípio básico da economia, cunhado por 
Adam Smith no século XVIII, que afirma que quando há mais oferta do 
que demanda (mais produtos, menos compradores), os preços tendem a 
descer; quando há mais demanda do que oferta (mais compradores, menos 
produtos), os preços tendem a subir. Esse princípio também pode ser 
chamado de princípio da oferta e procura.
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Figura 4 – Índice do mercado de Nova Iorque de 1926 a 1939
Adaptado de: https://bit.ly/3cC9g9f. Acesso em: 22 nov. 2021.
Diante de tal queda brusca e acelerada da economia, houve um impacto significativo no PIB 
estadunidense, porque a produção industrial foi reduzida quase que pela metade. O desemprego assolou 
o território. Nesse período, ficaram famosas as “marchas da fome”: grandes filas de desempregados 
esperando para receber uma sopa.
A depressão econômica que assolou aquele país também se espalhou pelo mundo, porém seus 
efeitos foram sentidos de maneiras distintas. Alguns governos mal sentiram os impactos, porém outros 
não conseguiram honrar seus compromissos. Aqueles que mais dependiam das exportações para o 
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DIPLOMACIA ECONÔMICA NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
mercado estadunidense foram severamente impactados. O Brasil sente esse impacto, principalmente na 
exportação de café, pois os Estados Unidos eram um dos principais compradores.
Vale ressaltar que a Crise de 1929, como ficou conhecida, evidenciava a crescente interdependência 
econômica entre os países. Outro aspecto que também ficou em pauta diante desse episódio foi o papel 
do Estado. Perante tais circunstâncias, era necessário que o Estado interviesse para superar essa crise, o 
que colocava em dúvida o modelo liberal.
A Grande Depressão caracterizou-se por substancial queda da atividade 
econômica, que acarretou também uma elevação indesejada do estoque de 
mercadorias, dificultando a situação das empresas. O declínio econômico 
americano foi transmitido ao resto do mundo em grande parte por causa do 
padrão-ouro, que gerava contrações da demanda, à medida que se reduzia 
o estoque do metal nos diferentes países (NÓBREGA; RIBEIRO, 2016, p. 130).
O padrão-ouro foi, durante muito tempo, a referência quando se falava em economia dos países. 
Porém, com a quebra da bolsa e principalmente dos bancos, mudanças acabaram por ser necessárias. 
Calcula-se que cerca de 20% dos bancos dos Estados Unidos quebraram nessa crise.
Um dos grandes motivos da quebra dos bancos naquele país está relacionado ao setor agrícola. 
Durante a Primeira Guerra Mundial, muitos agricultores foram estimulados a tomar empréstimos para 
melhorarem sua produção. Porém, ao final da guerra, houve uma queda nos preços das commodities. 
Dessa forma, a maioria não poderia honrar seus compromissos. O Federal Reserve (FED) – banco central 
dos Estados Unidos – elevou a taxa de juros e manteve o padrão-ouro.
 Observação
Commodities (em inglês) é um termo que corresponde a produtos 
geralmente oriundos de produção agrícola ou da extração mineral, 
normalmente em estado bruto – exatamente como foram extraídos 
ou produzidos – ou também em pequeno grau de industrialização, 
destinados ao comércio exterior. O preço das commodities é determinado 
pela lei da oferta e da procura internacional. São utilizadas como 
matéria-prima em outras indústrias e suscetíveis a variáveis externas, 
como questões climáticas, por exemplo. O Brasil é um grande exportador 
de commodities agrícolas.
Vale ressaltar que os efeitos sociais da Crise de 1929 foram enormes. Nesse período eclodiram 
diversos sindicatos e programas sociais ao redor do globo. Calcula-se que o desemprego atingiu em 
torno de um quarto da força de trabalho global. Ao mesmo tempo, muitas leis surgiram para regular o 
mercado financeiro.
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Unidade I
2.2 O regime padrão-ouro
Após esse breve panorama, vamos agora entender o que era o padrão-ouro.
Segundo Gontijo (2014), o padrão-ouro só pôde existira partir do momento em que um certo 
número de nações passou a aceitar e adotar tal prática. Não é segredo que tudo teve início na Inglaterra, 
grande potência industrial que despontava como uma das maiores no século XIX, berço da Revolução 
Industrial. Contudo, a aceitação do ouro como lastro foi fruto de todo um processo de desenvolvimento 
financeiro no intuito de facilitar as negociações entre os países.
 Observação
Lastro é, no campo da economia, uma garantia para um ativo. No caso 
do ouro, era a garantia para a moeda emitida pelos bancos centrais dos 
países. Contudo, em outros contextos, a palavra assume outras definições.
É importante relembrar que o crescimento do comércio nas cidades-Estados da Itália, no século XIV, 
criou um grupo social conhecido como cambistas. Eles eram uma espécie de intermediário nas 
negociações e emitiam notas com valor de compra e venda durante seus negócios. Contudo, a partir 
do momento em que eles passaram a receber ouro e prata, logo começaram a emprestar dinheiro 
através de ordens de pagamento. Essa prática se espalhou pela Europa Ocidental e, quando chegou à 
Inglaterra, berço da Revolução Industrial, foi responsável por fincar as raízes daquilo que viria a ser o 
sistema bancário.
Com o final das guerras napoleônicas, as práticas financeiras cresceram de forma acelerada. 
Contudo, outros sistemas financeiros se desenvolveram tão bem quanto o inglês. Mesmo assim, o 
mercado britânico estava extremamente internacionalizado. Mas essa abertura deixava a moeda inglesa 
volátil. Reconhecendo tal fragilidade, o Banco da Inglaterra começou a reforçar suas reservas de ouro, 
principalmente depois da exploração em território africano, que foi muito intensa no final do século XIX.
Dessa forma, com o aumento das reservas, cresceu a credibilidade da libra esterlina. Primeiramente 
pelo fato de a Inglaterra ser o centro financeiro global. Em segundo lugar, por conta de, muitas vezes, 
a libra ser comparada ao ouro. Isso aumentava o poder do Banco da Inglaterra sobre as taxas de juros.
Contudo, era necessário um equilíbrio entre Londres e os demais polos de comércio internacional no 
que tangia a taxas de juros e valoração de mercadorias, pois era evidente a disparidade: o Reino Unido 
utilizava a libra como moeda para o financiamento do seu comércio, enquanto os outros países tinham 
que ter o ouro como garantia para equiparar sua moeda.
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Figura 5 – Libra esterlina
Disponível em: https://bit.ly/3r0kwEI. Acesso em: 22 nov. 2021.
Torres Filho (2019) também tem uma abordagem interessante sobre o padrão-ouro. Para o autor, tudo 
está atrelado ao que ele chama de revolução financeira, que aconteceu na Inglaterra no século XVIII. Essa 
revolução culminou nas características dos sistemas financeiros, que, mesmo diante de tanta inovação, 
mantêm muita coisa igual em termos de concepções e procedimentos até os dias de hoje. Vale ressaltar 
que uma das principais características desse sistema é o fato de ele ser uma prática internacional. Tal 
sistema permitiu que os ingleses – e consequentemente os seus aliados – aumentassem os recursos que 
tinham a sua disposição.
Contudo, ainda segundo o autor, os países aderiram a esse sistema não por pressão dos ingleses, 
mas, sim, por conveniência de cada um. O que não muda é o fato de que, dessa forma, Londres se tornou 
o centro financeiro global naquele período.
Diante de tal panorama, vale ressaltar que falamos de moedas, e moedas são nacionais. Contudo, 
uma moeda se torna internacional a partir do momento em que ela serve como unidade de conta, troca 
e valor no exterior, tanto por agentes públicos (governos) quanto por agentes privados (empresas).
Porém, quando falamos de moeda internacional para governos, além das funções clássicas, é 
também necessário que haja a escolha de determinada moeda para que seja referência na sua taxa 
de câmbio. Consequentemente, é a partir desse panorama que os Estados vão calcular suas ações 
político-econômicas, bem como suas reservas. Dessa forma, existe uma espécie de hierarquia das 
moedas: uma vale mais que a outra. E isso é algo que foi aceito por vários países, principalmente no 
decorrer do século XIX.
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 Observação
Moedas internacionais podem se tornar divisas, ou seja, divisa é aquilo 
que pode ser facilmente convertido, tanto em outra moeda como em moeda 
nacional. Taxa de câmbio refere-se ao valor da moeda nacional em função de 
uma moeda internacional que seja referência.
Consequentemente, tal panorama fez com que os países fossem adotando o padrão-ouro. Isso 
significava reduzir os custos que havia nos financiamentos, tanto internos quanto externos, permitindo, 
também, aumentar os prazos dessas operações. O padrão-ouro, então, funcionava como uma espécie de 
selo de garantia no crédito negociado pelos Estados, pelas empresas e pelos bancos que participavam 
no comércio internacional. Outro fator de impulso na adoção do padrão-ouro foi a desvalorização da 
prata, fazendo com que os países adotassem primordialmente o ouro.
No período do padrão-ouro, as transações funcionavam majoritariamente através de Letras 
de Câmbio (LC), ou seja, títulos de crédito. Dessa forma, muitos instrumentos estavam relacionados 
ao crédito privado. Contudo, dada a credibilidade londrina, em pouco tempo até mesmo os títulos 
comerciais ingleses se tornaram ativos financeiros; alguns países chegavam a utilizá-los como reserva.
Vale ressaltar que o maior volume dos negócios era entre bancos privados. Porém o ouro servia 
como padrão de conversibilidade. Assim, diante da falta de regulamentação e da superioridade das 
negociações por parte dos bancos privados, o ouro era um elemento de controle dos bancos centrais dos 
países, pois eram essas instituições que determinavam seu preço.
Em suma, o padrão-ouro não se constituiu a partir do poder monetário 
estrutural inglês. Nem se serviu de base para o exercício de poder monetário 
da Inglaterra sobre seus rivais. Sua existência decorreu da adesão não 
coercitiva dos demais países relevantes ao sistema que já era praticado na 
Inglaterra havia décadas. Essas iniciativas foram voluntárias, em busca de 
integrar os diferentes sistemas monetários e financeiros nacionais nascentes 
ao centro financeiro principal, Londres, e à moeda dominante, a libra. Havia 
vantagens nessa integração em termos de escala e de custos de transação, 
públicos e privados (TORRES FILHO, 2019, p. 628).
Para os ingleses, houve uma vantagem significativa durante esse período: aumentou-se o lucro nas 
transações que eram realizadas em Londres por conta da credibilidade do sistema inglês. Por conta da 
sua condição privilegiada, era possível atrair para a Grã-Bretanha capitais oriundos de todas as partes do 
mundo. Não obstante, era importante para outros países o bom funcionamento do Banco da Inglaterra.
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Figura 6 – Barras de ouro
Disponível em: https://bit.ly/3r0ww9i. Acesso em: 22 nov. 2021.
Contudo, o padrão-ouro tinha suas limitações. E uma das principais limitações era o fato de que 
os governos não podiam emitir moeda para conter eventuais crises, pois estavam presos à quantidade 
de ouro em suas reservas. Então, quando aconteceu o crash da bolsa em 1929, esse sistema financeiro 
limitou a ação do governo e foi determinante para que o colapso acontecesse.
Já durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), alguns países abandonaram o padrão-ouro, 
retomando-o posteriormente. E a explicação é bem lógica: durante a guerra, as economias iam se 
extinguindo e ficou impossível manter um sistema financeiro naquele padrão por conta do conflito 
entre as nações e seus respectivos custos. O padrão-ouro nada mais é do que um sistema monetário 
internacional que ficou vigente durante um longo período.
Segundo Gremaud, Vasconcellos e Toneto Júnior (2017), um sistemamonetário internacional é uma 
forma de viabilizar os negócios e o comércio que acontece entre os países. Seu intuito é estabelecer 
regras e convenções para que as relações fluam. Seu funcionamento advém de algumas etapas. Primeiro, 
deve-se escolher qual o ativo que irá compor a reserva internacional, isto é, qual a moeda de referência. 
Posteriormente, deve-se convencionar quais serão as formas de controle desse sistema. Finalmente, é 
necessário definir como será a relação dessa moeda internacional com as moedas nacionais, isto é, qual 
é o regime cambial.
Posteriormente, são eleitas as formas de financiamento e as ferramentas de reequilíbrio dos balanços 
para quando necessário. Ademais, também é importante definir o grau de liberdade dos capitais privados, 
bem como criar e nomear as instituições que manterão esse sistema em funcionamento.
Dessa forma, podemos conceber, então, o sistema padrão-ouro como um sistema monetário 
internacional no qual a quantidade de moeda dos países era definida na correlação com a quantidade 
de ouro que havia nos cofres das reservas de cada país. Assim sendo, esse sistema pressupunha que 
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existiam outras moedas conversíveis também ao padrão-ouro. Assim, era possível converter uma moeda 
em ouro e, consequentemente, em outras moedas. Contudo, o valor fixo do ouro fazia com que a taxa 
de câmbio fosse atrelada ao preço desse metal.
Segundo Torres Filho (2019), quando esse sistema foi colocado em xeque por conta da incapacidade 
dos ingleses de gerir tal funcionamento diante de um contexto desfavorável – a Segunda Guerra 
Mundial –, a Inglaterra não tinha mais força política para impor um novo sistema monetário 
internacional. Para piorar, até a libra esterlina, durante o confronto bélico mundial, perdeu seu valor de 
conversibilidade no mundo.
Portanto precisamos entender brevemente um pouco mais dos impactos da Segunda Guerra 
Mundial nas questões financeiras, principalmente europeias. Segundo Magnoli (2006), com o final desse 
confronto, ficou marcado o final da hegemonia europeia. Ademais, também deflagrou um conflito entre 
o Ocidente e o Oriente, um lado liderado pelo capitalismo dos Estados Unidos, e o outro pelo socialismo 
da União Soviética.
Segundo Torres Filho (2019), com o final da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos tiveram uma 
dupla vitória: primeiro, porque derrotaram os inimigos de guerra do Eixo; segundo, porque impuseram 
sua supremacia econômica perante o mundo, inclusive sufocando o poderio econômico inglês, que havia 
se diluído durante a guerra. Porém o autor ressalta que a troca de um sistema por outro não foi algo que 
aconteceu da noite para o dia. Para ele, a troca do sistema também foi um objetivo de guerra estadunidense: 
colocar sua moeda como elemento central do novo sistema internacional que o país gostaria de criar.
Diferentemente da estratégia usada na Primeira Guerra Mundial, em que os Estados Unidos somente 
se preocuparam em garantir uma presença forte no mercado global para seus bancos e sua moeda, o 
país desenvolveu um mercado de câmbio flutuante com a sua moeda como peça central desse sistema.
Na Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos mantiveram uma presença ativa no mercado 
internacional, sendo, inclusive, a única praça de câmbio que se manteve aberta durante o confronto. 
Consequentemente, o país se tornou um dos maiores credores dos seus aliados. Isso fez com que ele 
possuísse uma reserva de ouro muito maior do que a necessária para gerir o seu sistema financeiro.
Porém, o país, sem ainda se preocupar com a mudança do sistema financeiro internacional, atuou 
para que a Inglaterra retornasse o mais breve possível ao padrão-ouro. Inclusive, atuou em sua política 
externa para que toda a coordenação desse sistema fosse reestabelecida o quanto antes na Inglaterra. 
Porém, em 1931, a Inglaterra suspendeu o sistema novamente por conta dos efeitos da guerra, que 
ainda se faziam vigentes no período, bem como por conta dos impactos do crash da Bolsa de Nova 
Iorque em 1929.
Já durante a Segunda Guerra Mundial, o financiamento dos estadunidenses para os ingleses foi pago, 
em uma parte, por ouro. Contudo, a Inglaterra só pôde honrar seus compromissos até o ano de 1941, 
exaurindo suas reservas. Assim, foi criada entre os anos de 1941 e 1945 uma forma de financiamento 
especial chamada de Lend-Lease.
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A partir daí, começamos a ver a diplomacia econômica ficando cada vez mais evidente. Esse sistema 
funcionava como uma espécie de doação dos Estados Unidos para seus aliados. Doação porque não 
envolvia uma dívida que seria cobrada por parte dos Estados Unidos. Contudo, o país norte-americano 
exigia em troca, simplesmente, compensações políticas. Seu objetivo principal era que, por conta 
dessas doações, os ingleses eliminassem as preferências imperiais de comércio e do chamado bloco da 
libra: países que faziam parte do Império Britânico nos quais a libra ainda era uma moeda conversível. 
Em outras palavras, era um empurrão para um multilateralismo imediato.
Mas estamos falando de relações internacionais. Assim sendo, qual seria a garantia de que a Inglaterra 
cumpriria as condições impostas pelos Estados Unidos depois que tivesse o dinheiro? Em se tratando de 
um período de guerras, fica bem evidente essa questão de cunho teórico-realista.
Para resolver esse empecilho, os Estados Unidos fragmentaram seu financiamento para a Inglaterra 
durante a guerra, de modo que o país europeu não conseguisse acumular um saldo superior a 1 bilhão de 
dólares em momento algum. A superioridade definitiva do dólar sobre a libra fica evidente nos Acordos 
de Bretton Woods, em 1944; com a equiparação do dólar ao ouro, a libra foi reduzida definitivamente 
a uma moeda entre outras.
Muito mais do que uma manobra técnica, colocar o dólar como moeda do sistema financeiro 
internacional trazia consigo a própria visão estadunidense sobre as características desejadas para o novo 
sistema internacional. “Isso significava submeter os demais países aliados e, em particular, o Império 
inglês, a cotar, pagar e se financiar externamente na moeda americana” (TORRES FILHO, 2019, p. 632).
Figura 7 – Ascensão do poder econômico estadunidense
Disponível em: https://bit.ly/30JF6Pj. Acesso em: 22 nov. 2021.
Consequentemente, foi estabelecida uma nova hierarquia internacional. Os bancos privados dos 
Estados Unidos, por exemplo, ficariam restritos ao crédito comercial. Isso contrastava com os bancos no 
sistema inglês, os quais tratavam, também, de altas finanças do governo. Outro aspecto extremamente 
relevante é o fato de que, quando fosse necessária a assistência estadunidense, ela ocorreria ou via 
acordo bilateral com o país em questão, ou através de órgãos multilaterais controlados pelo país 
norte-americano. “Finança internacional passaria a ser um jogo predominantemente interestatal” 
(TORRES FILHO, 2019, p. 632).
30
Unidade I
Vemos novamente como vai se construindo a diplomacia econômica. A imposição do dólar 
entrelaça objetivos econômicos e políticos nas mesmas ações diplomáticas. Vale ressaltar que o 
sistema de Bretton Woods estabelecia um câmbio fixo, assim como era feito no padrão-ouro. Porém, 
diante do novo contexto, o padrão agora era dólar-ouro.
Segundo Gremaud, Vasconcellos e Toneto Júnior (2017), por conta dos eventos históricos da 
primeira metade do século XX – guerra, crise da bolsa e hiperinflação em diversos países europeus 
– aconteceram grandes problemas nas economias dos países e, consequentemente, nas relações 
econômicas entre eles. Essa situação era o oposto do que se vivia antes da Primeira Guerra Mundial. 
Por isso, após as duas guerras, era necessário um novo sistema monetário internacional, pois o anterior 
estava seriamente comprometido.
Com o final do confronto, o comércio internacional se tornou um elemento importante para o 
desenvolvimento, principalmente, do Ocidentecapitalista, encabeçado pelos Estados Unidos. Dessa 
forma, um acordo de proporções globais vem a ser de suma importância para essa questão: os Acordos 
de Bretton Woods (1944).
Nessa conferência, algumas propostas ganharam destaque. As principais foram de John Keynes, 
famoso economista inglês, e Henry White, que era secretário do Tesouro dos Estados Unidos. Dessa 
conferência, nasceu um novo sistema financeiro internacional baseado no comércio, sendo o pilar do 
crescimento econômico do pós-guerra.
A visão de Keynes era interessante. Primeiramente, ele representava a Inglaterra. Ele afirmava que 
era necessário criar o que chamou de União Internacional de Compensação. O intuito era que essa união 
funcionasse como uma espécie de “banco central para os bancos centrais”.
A lógica era simples: cada banco central teria uma conta na união. Lá, assim como em qualquer 
banco, os bancos centrais poderiam movimentar seu saldo – receber e/ou depositar etc. Contudo, cada 
país teria direito ao saque de determinado valor – mesmo sem ter o fundo – conforme seu volume 
negociado na instituição. Era uma espécie de crédito pré-aprovado de acordo com o seu score.
Porém, os Estados Unidos rejeitaram tal proposta. Para os estadunidenses, isso era visto como uma 
forma de os ingleses utilizarem recursos de países que tinham sua balança superavitária; assim como em 
qualquer banco, o dinheiro que é movimentado é o que está lá depositado. Contudo, vale lembrar que a 
outra proposta foi a criação do Fundo Monetário Internacional (FMI), proposta esta que venceu o pleito.
Diante desse panorama, surgiram as quatro principais instituições de Bretton Woods:
• Fundo Monetário Internacional (FMI).
• Banco Mundial.
• Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT).
• Sistema de taxas de câmbio de Bretton Woods.
elois
Highlight
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DIPLOMACIA ECONÔMICA NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
O FMI era uma instituição que tinha por fundamento ser uma espécie de administradora do novo 
sistema financeiro internacional. Entre seus objetivos, estava evitar as instabilidades do câmbio no 
intuito de garantir a estabilidade econômica. Ademais, funcionaria como um agente para combater 
a inflação nos países-membros. Outra função primordial da instituição era socorrer os seus membros 
quando necessário, amenizando eventuais desequilíbrios nas balanças de pagamentos dos países.
Para tal, poderia realizar-se empréstimos compensatórios. Os ativos do FMI – os quais de fato eram 
emprestados – eram, inicialmente, reservas de ouro e moedas nacionais dos países que compunham 
a instituição. No final da década de 1960, criou-se outro sistema de ativos: Direitos Especiais de 
Saque (DES). Eles eram uma forma de pagamento equivalente à cota que cada país tinha junto ao FMI. 
Consistiam em reservas da organização, em moedas estrangeiras suplementares, ou seja, além do dólar. 
Seu valor era calculado sob uma cesta de moedas e revisto a cada cinco anos.
Já o Banco Mundial tinha por função auxiliar a reconstrução dos países que foram devastados 
durante a guerra. Não menos importante, também tinha por função auxiliar no desenvolvimento dos 
países menos desenvolvidos.
Seu capital está relacionado a um grupo de países credores que o compõem. Contudo, a proporção 
de cada país como credor do banco está de acordo com a sua importância econômica. Com base nesse 
montante, o Banco Mundial faz empréstimos a quem ele julga necessário, porém com taxas de juros 
reduzidas para os países considerados menos desenvolvidos.
O intuito desses empréstimos é que sejam aplicados em projetos que sejam viáveis e que tragam 
o desenvolvimento para esses países. A maioria dos projetos está no campo da infraestrutura. Vale 
ressaltar que o Banco Mundial faz esses empréstimos somente quando não é possível se obter esse valor 
em bancos privados.
O General Agreement on Tariffs and Trade (GATT) tinha por objetivo reduzir as restrições que havia 
no comércio global, através da liberalização multilateral. Seu princípio básico era reduzir barreiras 
comerciais – tarifárias e não tarifárias – para o equilíbrio do comércio. Era responsável também por 
compensações aos países que fossem prejudicados em tarifas alfandegárias, bem como pela arbitragem 
em conflitos de cunho comercial. Sua forma de atuação era através de rodadas de negociação. Mais 
adiante, estudaremos a fundo as rodadas de negociação que deram origem ao GATT e a própria 
instituição que surgiu dessas negociações.
Contudo, em termos cambiais, os Acordos de Bretton Woods foram incisivos no sistema da taxa 
de câmbio. Primeiramente, porque a partir de então o sistema não era mais padrão-ouro, mas, sim, 
padrão-dólar-ouro. Era, no fundo, uma tentativa de estabilização no padrão-ouro.
No sistema clássico de padrão-ouro, como vimos anteriormente, os países tinham um regime de taxas 
fixas baseado na cotação do ouro. Com o novo sistema, o dólar se tornou uma moeda internacional, 
pois ela era a única que poderia ser convertida em ouro. As demais moedas poderiam ser convertidas 
em dólar em uma taxa fixa de câmbio. Resumidamente, o dólar era a única moeda que tinha paridade 
com o ouro; as outras tinham como referência o dólar.
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Unidade I
Porém, a principal diferença desse sistema para com o padrão-ouro reside no fato de que havia a 
possibilidade de se reajustar a taxa de câmbio de uma moeda específica caso houvesse alguma disparidade. 
Era um regime de taxas de câmbio fixas, porém ajustáveis, ajustes que deveriam ser acordados entre os 
países. Era uma busca da estabilidade que era possível no padrão-ouro, junto com uma possibilidade de 
ajustes caso fosse necessário.
 Lembrete
A ausência de um mecanismo de ajustes foi um dos fatores que culminaram 
na Crise de 1929, pois o padrão-ouro não permitia tal possibilidade.
A partir de Bretton Woods, houve um crescimento acelerado na economia, principalmente para aqueles 
que participavam no comércio internacional liderado pelos Estados Unidos. O país norte-americano, 
nitidamente menos afetado durante a guerra do que seus aliados, foi o principal fornecedor de 
recursos para a reconstrução dos países europeus atingidos pela guerra. Essa ajuda financeira ficou 
conhecida como Plano Marshall. (Estudaremos também o sistema financeiro internacional, trabalhando 
especificamente cada um dos seus elementos e vendo como a reconstrução europeia se deu através do 
Plano Marshall.)
Ademais, como comentamos anteriormente, a vitória era dupla: além da ajuda financeira, era 
exportado também o american way of life, impactando diretamente o consumo das pessoas. Dessa forma, 
houve um crescimento significativo na indústria de bens duráveis, que era um reflexo da concepção de 
expansão tecnológica.
Figura 8 – Hotel Mount Washington, local da Conferência de Bretton Woods (1944)
Disponível em: https://bit.ly/3nEdfs5. Acesso em: 22 nov. 2021.
Segundo Torres Filho (2019), foi somente durante a Guerra Fria, mais especificamente no ano 
de 1971, que os Estados Unidos romperam, de forma unilateral, os Acordos de Bretton Woods para 
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DIPLOMACIA ECONÔMICA NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
alterar o câmbio fixo do dólar para câmbio flexível. Tal posição causou espanto em outros países, 
que interpretaram essa medida como uma demonstração de pânico do mercado por parte do 
governo estadunidense.
Vale ressaltar que a política cambial norte-americana dava sinais de falta de confiança para outros 
países anos antes dessa decisão, devido ao próprio movimento do mercado. Diante das opções que 
tinham – como desvalorizar o dólar ou aumentar as taxas de juros – os Estados Unidos agiram de forma 
pensada e nem um pouco impulsiva.
Segundo Gremaud, Vasconcellos e Toneto Júnior (2017), havia uma contradição básica no sistema 
Bretton Woods que ficou conhecida como Paradoxo de Triffin, criado na década de 1960 pelo economista 
belga erradicado nos Estados Unidos Robert Triffin. Esse paradoxo evidenciava que havia uma falha 
sistêmica no sistema Bretton Woods:
• Para haver expansão, era necessárioo crescimento das reservas globais em dólar.
• Contudo, isso causava déficit externo para os Estados Unidos.
• Se esses movimentos fossem ordenados e periódicos, mas os ativos em ouro constantes, haveria 
uma quebra na confiança da conversibilidade do dólar, colocando em xeque o próprio Acordo de 
Bretton Woods.
Contudo, em outra vertente, se não houvesse de fato liquidez, não seria possível haver crescimento. 
O resultado foi um grande crescimento econômico inversamente proporcional à confiança nesse 
sistema. Ademais, houve, principalmente após as guerras na Coreia e no Vietnã, aumento nos déficits 
estadunidenses e diversas crises monetárias e especulativas; definitivamente o sistema Bretton Woods 
caminhava para o colapso.
 Saiba mais
Para saber mais sobre o Paradoxo de Triffin, leia:
TRIFFIN, R. Gold and the dollar crisis: the future of convertibility. New 
Haven: Yale University Press, 1961.
Porém, para Torres Filho (2019), o fim do sistema Bretton Woods foi, de fato, a última cartada nesse 
jogo de diplomacia econômica, que ficava cada vez mais evidente como sendo uma prática comum 
no século XX.
A política financeira ao final da década (benign neglect) mostra que, na 
prática, os EUA haviam, desde o final dos anos 1960, adotado uma postura 
passiva frente a seus déficits externos. Era como se o governo estivesse 
esperando o melhor momento para eliminar, de uma vez por todas, a 
principal restrição à ação política americana: a conversibilidade do dólar em 
ouro (TORRES FILHO, 2019, p. 634).
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Unidade I
Segundo Gremaud, Vasconcellos e Toneto Júnior (2017), a partir dessas circunstâncias, ocorreu um 
período de muita instabilidade, que estava baseado na taxa flutuante de câmbio. O dólar se desvalorizou, 
principalmente diante do iene japonês e do marco alemão. Ao mesmo tempo, os choques do petróleo 
que ocorreram em 1973 e em 1979 elevaram os preços da matéria-prima fundamental da matriz 
tecnológica ocidental. Porém essas condições também abriram caminho para transformações no campo 
da produção e na globalização financeira, conforme estudaremos mais adiante neste livro-texto.
3 O SISTEMA FINANCEIRO INTERNACIONAL PÓS-BRETTON WOODS E A 
REESTRUTURAÇÃO ECONÔMICA EUROPEIA
Como vimos anteriormente, diversos eventos e decisões globais foram fundamentais para moldar 
o sistema financeiro internacional. Assim sendo, após o advento da Segunda Guerra Mundial e a 
consequente destruição da Europa, o sistema financeiro internacional teve de ser repensado.
Isto posto, é importante dar continuidade ao estudo do sistema pós-Bretton Woods e compreender 
como a reconstrução da Europa – em grande parte com ajuda estadunidense – foi significativa para a 
retomada econômica e como a reconstrução do Velho Continente chegou a ameaçar a hegemonia dos 
Estados Unidos, os seus benfeitores, pois esse país estava demasiadamente preocupado com o avanço 
do bloco soviético em plena Guerra Fria.
3.1 O sistema financeiro internacional pós-Bretton Woods
Segundo Mariano e Carmo (2016), o sistema financeiro internacional, a partir da segunda metade 
da década de 1940, é um acúmulo de experiências negativas vividas pelos países desde o final da 
Primeira Guerra Mundial e a Grande Depressão ocasionada pelo crash da Bolsa de Nova Iorque em 
1929. Dessa forma, foi necessário um caminho comum – obviamente encabeçado pelos Estados Unidos 
“a sua imagem e semelhança” – para que as nações superassem tais crises. Para os autores, essas crises 
foram responsáveis por desintegrar o comércio internacional, pois os países em crise pregavam medidas 
financeiras protecionistas, dificultando, assim, o intercâmbio comercial. Ademais, para tentar reequilibrar 
sua balança comercial, os países começaram a desvalorizar suas moedas.
Assim sendo, é importante detalharmos cada elemento que forma essa nova conjuntura econômica 
internacional. Como vimos anteriormente, talvez o elemento mais importante para o funcionamento 
desse sistema seja o FMI.
3.1.1 O Fundo Monetário Internacional (FMI)
Segundo Mariano e Carmo (2016), esse órgão internacional foi criado em 1944, na reta final da 
Segunda Guerra Mundial. Esse fato evidencia um importante pensamento da época: mesmo com a 
guerra, as nações já se preocupavam em criar soluções para os problemas financeiros que aconteciam 
naquele período.
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DIPLOMACIA ECONÔMICA NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
A administração desse órgão fica a critério de um conselho de governadores, os quais são uma 
espécie de junta composta pelo governador em si, mais um suplente para cada país-membro. Além 
deles, existem diretores-executivos, dirigentes e auxiliares. Em relação aos votos dos membros, cada 
sócio tem o direito a 250 votos mais um adicional a cada 100 mil DES (Direito Especial de Saque).
 Lembrete
Direito Especial de Saque (DES) é uma forma de pagamento equivalente 
à cota que cada país tem junto ao FMI. Consiste em reservas da organização 
em moedas estrangeiras suplementares, ou seja, além do dólar, e seu valor é 
calculado sob uma cesta de moedas e revista a cada cinco anos.
Como também vimos anteriormente, a função do FMI era promover a cooperação entre os países 
e, principalmente, coordenar as paridades das moedas, visto que isso era uma questão latente herdada 
das crises do período padrão-ouro. Vale lembrar também que o órgão tinha por função levantar fundos 
entre seus membros no intuito de ajudar os países que necessitavam de auxílio financeiro, fossem essas 
necessidades oriundas do pós-guerra ou decorrentes do processo de desenvolvimento.
Inicialmente, o FMI era responsável por prover e gerir os países-membros através de um código de 
conduta internacional no que tange ao sistema financeiro. Um exemplo dessa condição pode ser visto 
no fato de que, quando um país tem problemas no seu balanço de pagamento, ele pode colocar maior 
controle sobre suas operações financeiras no meio internacional, contudo ele não pode impor restrições 
sobre o fluxo de comércio sem a anuência do Comitê Executivo do FMI.
Dessa forma, o FMI acaba por fomentar cooperação, expansão e crescimento do comércio 
internacional. Espera-se que essas medidas aumentem o nível de empregos e contribuam para o 
aumento da capacidade produtiva dos países-membros.
Em termos de comércio, o controle cambial e o sistema de pagamento multilateral também são 
importantes papéis desempenhados pelo FMI, sem se esquecer, claro, de fornecer garantias aos países 
com problemas nos seus balanços de pagamentos. Vale ressaltar que o pano de fundo de tais medidas 
era a forte instabilidade financeira e os problemas nos níveis de preços, além do desemprego e da 
desintegração econômica consequentes da guerra.
Os membros do FMI são todos os países que estavam representados na Conferência de Bretton 
Woods e, obviamente, contribuíram com sua cota financeira, além de outros países que por livre e 
espontânea vontade solicitaram sua admissão, respeitando as condições estabelecidas pelo órgão para 
sua aceitação ou não.
Como vimos anteriormente, no final da década de 1960 foi criado o Direito Especial de Saque (DES). 
O intuito era facilitar as negociações e empréstimos devido às crescentes limitações na produção de 
ouro e às crises especulativas dessa reserva. Dessa forma, ainda segundo os autores, cada país que 
fosse membro da organização internacional teria uma cota predefinida, sendo 25% dela em ouro e os 
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Unidade I
restantes 75% em moeda nacional. Assim, cada país podia tomar o empréstimo de 25% da sua cota sem 
nenhuma condição especial.
Em um primeiro momento, o valor do DES foi definido em ouro. Porém, a partir de 1971, foi necessário 
redefinir esse valor, bem como sua forma de cálculo. Consequentemente, a taxa flutuante do DES ficou, 
a partir de então, atrelada a um valor calculado entre as cinco moedas dos países que mais tinham 
participação na exportação mundial. E, até hoje, esse valor é revisto de cinco em cinco anos.
Já a cota de cada país no fundo internacional está diretamente relacionada a

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