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Livro-Texto - Unidade III

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99
ANÁLISE DE DISCURSO CRÍTICA
Unidade III
7 NOÇÕES PRELIMINARES DA ANÁLISE DE DISCURSO CRÍTICA
Antes de discorrermos sobre a perspectiva teórica da ADC, faz-se necessário apresentar conceitos 
essenciais dessa abordagem, que devem ser conhecidos para a compreensão das análises que serão 
realizadas. Esses conceitos, organizados pelos estudos de Wetter (2009), são os seguintes:
• texto;
• discurso;
• prática discursiva;
• prática social;
• ideologia;
• hegemonia;
• intertextualidade;
• interdiscursividade;
• transdisciplinaridade.
O conceito de texto é usado por Fairclough no mesmo sentido empregado por Michael Halliday 
(1985): para textos escritos e textos falados. Fairclough (1989) enfatiza que o texto é um produto, e 
não um processo – na verdade, um produto do processo de produção textual. O texto compreende 
um processo de produção, do qual ele é um produto, e um processo de interpretação, para o qual ele 
é um recurso.
Fairclough (2006) complementa a explicação anterior: esse termo não diz respeito apenas aos 
textos escritos, mas também à fala, como elemento ou momento dos eventos, e aos complexos textos 
multimodais da televisão e da internet, nos quais a língua é usada em combinação com outras formas 
semióticas – imagens (incluindo filmes e fotografias), efeitos sonoros e linguagem corporal.
Segundo o autor, o discurso é o uso da linguagem como prática social, sendo um modo de ação 
e representação. Existe uma relação dialética entre discurso e estrutura social: ele contribui para a 
constituição de todas as dimensões da estrutura social, ao mesmo tempo que é moldado e restringido 
100
Unidade III
por elas. Assim, constitui e ajuda a construir identidades, relações sociais e sistemas de conhecimento 
e de crença.
Esses aspectos constitutivos relacionam-se a três funções da linguagem:
• Função identitária: as formas pelas quais as identidades sociais são construídas nos discursos.
• Função relacional: o modo como as relações sociais entre os participantes do discurso são 
representadas e negociadas.
• Função ideacional: as maneiras pelas quais os textos significam o mundo e seus processos, 
identidades e relações.
 Saiba mais
O linguista brasileiro José Luiz Fiorin trata da linguagem e apresenta 
suas funções com detalhes e exemplos no texto indicado a seguir.
FIORIN, J. L. A linguagem humana: do mito à ciência. In: FIORIN, J. L. 
(org). Linguística? Que é isso? São Paulo: Contexto, 2013. p. 13-43.
Embora discurso aqui englobe o uso da linguagem escrita e falada, é preciso estender esse conceito 
a outras modalidades semióticas, como as referentes a elementos não verbais (gestos, imagens etc.), pois 
nossa investigação transita também nesse contexto.
A prática discursiva, na abordagem de Fairclough (1992), realiza-se como forma linguística, ou 
seja, como texto. A análise de um discurso particular, como exemplo de prática discursiva, envolve os 
processos de produção, distribuição e consumo textual, e a natureza desses processos se modifica nas 
diversas modalidades de discurso de acordo com fatores sociais.
Os textos são produzidos de modo distinto em contextos sociais específicos. No universo midiático, 
um artigo jornalístico, por exemplo, é produzido por meio de rotinas complexas engendradas por um 
grupo de profissionais responsável por seus vários estágios: acesso às fontes, transformação das fontes 
em textos jornalísticos, primeira versão da reportagem, escolha do lugar de publicação no jornal e 
edição da reportagem.
 Observação
O conceito de ordens do discurso, emprestado de Foucault, refere-se à 
totalidade de práticas discursivas e à relação entre elas no interior de uma 
instituição ou sociedade.
101
ANÁLISE DE DISCURSO CRÍTICA
Para Fairclough (2003a), a prática social significa uma forma relativamente estabilizada de atividade 
social – ensino na sala de aula, notícias televisivas, refeições familiares, consultas médicas – que articula 
vários elementos sociais no interior de uma configuração de certo modo estável e sempre inclui o 
discurso. Toda prática engloba os seguintes elementos:
• atividades;
• sujeitos e suas relações sociais;
• instrumentos;
• objetos do discurso;
• tempo e espaço;
• formas de conscientização;
• valores.
Esses elementos são em parte discursivos, mas isso não significa que investiguemos relações sociais 
do mesmo modo que fazemos com a linguagem. Eles têm propriedades distintas.
A prática social aponta para o conceito de discurso no que diz respeito à ideologia e ao poder. Situa 
o discurso em uma perspectiva de poder como hegemonia e considera a evolução das relações de poder 
como luta hegemônica (FAIRCLOUGH, 1992).
A noção de ideologia ancora-se em Althusser. Há três asserções a respeito dessa noção que 
estabelecem suas bases teóricas:
• Ela tem existência material nas práticas das instituições, o que possibilita a investigação das 
práticas discursivas como formas materiais de ideologia.
• Ela interpela os sujeitos.
• Os aparelhos ideológicos do Estado (a educação, a mídia etc.) são marcos delimitadores das lutas 
de classe, apontando para uma análise de discurso orientada ideologicamente.
O conceito althusseriano de ideologia é tomado como base, mas ao mesmo tempo é questionado por 
Fairclough, pelo fato de apresentar uma noção de dominação como imposição unilateral e reprodução 
da ideologia dominante, marginalizando a luta, a contradição e a transformação.
Ideologias são apresentadas como significações ou construções da realidade, constituídas nas 
várias dimensões das formas ou sentidos das práticas discursivas. Elas “contribuem para a produção, a 
reprodução ou a transformação das relações de dominação” (FAIRCLOUGH, 1992, p. 117).
102
Unidade III
Os aspectos textuais ou discursivos que podem ser investidos ideologicamente são, segundo 
Fairclough (1992), os sentidos das palavras, as pressuposições, as metáforas, a coerência e, inclusive, o 
estilo de alguns textos.
A interpelação dos sujeitos pela ideologia é questão bastante complexa na perspectiva discursiva 
crítica. Primeiro porque não se deve acreditar que as pessoas tenham consciência da abrangência 
ideológica de sua própria prática, pois as ideologias que afloram nas convenções podem, muitas vezes, 
cristalizar-se, tornando-se conscientemente imperceptíveis. Além disso, mesmo quando os sujeitos 
adotam práticas de resistência que talvez contribuam para mudanças no âmbito da ideologia, a 
abrangência de sua realização, geralmente, não é percebida.
Assim, a importância de os estudos linguísticos investigarem os processos ideológicos que afloram 
no discurso está na possibilidade de os sujeitos desenvolverem uma consciência crítica maior a respeito 
de suas próprias práticas e daquelas às quais estão submetidos.
A ADC defende uma postura dialética a respeito desses processos: o equilíbrio entre sujeito efeito 
ideológico e sujeito agente. Ainda nessa perspectiva crítica da linguagem, as práticas discursivas 
são investidas ideologicamente no momento em que contribuem para manter ou reestruturar as 
relações de poder.
Em princípio, as relações de poder podem ser afetadas por práticas discursivas de todos os tipos, 
inclusive as teóricas e as científicas. As ideologias aparecem nas sociedades caracterizadas por relações 
de dominação com base em classe, gênero, grupo cultural etc. À medida que os sujeitos transcendem 
tais sociedades, também transcendem as questões ideológicas. Isso significa, portanto, que “nem todo 
discurso é irremediavelmente ideológico” (FAIRCLOUGH, 1992, p. 121).
 Lembrete
Na ADC, a questão da ideologia implica o desenvolvimento de uma 
consciência crítica a respeito das próprias práticas e daquelas às quais 
se está submetido.
Os conceitos de hegemonia e poder, na perspectiva de Fairclough (1992), se apoiam no universo 
teórico de Gramsci. A luta hegemônica leva em conta as instituições sociais (a família, os sindicatos, a 
educação) e considera as possíveis desigualdades entre os diversos níveise domínios.
Hegemonia tem a ver com liderança e dominação nos segmentos econômicos, políticos, culturais 
e ideológicos. Diz respeito à construção de alianças e vai muito além da simples dominação de classes 
subalternas, pois se vale de concessões ou de componentes ideológicos a fim de obter o consentimento 
para a ação.
Embora represente o poder de classes economicamente privilegiadas sobre as outras, essa 
dominação é parcial e temporária, como se espelhasse um equilíbrio instável. É um elemento 
103
ANÁLISE DE DISCURSO CRÍTICA
representativo da luta constante sobre pontos inconstantes entre classes e segmentos sociais, 
com o intuito de reproduzir, reestruturar ou desafiar hegemonias existentes, relacionadas a formas 
econômicas, políticas e ideológicas.
Ao considerar a abordagem discursiva em termos analíticos, pode-se dizer que a análise textual é 
organizada em quatro direções:
• vocabulário;
• gramática;
• elementos de coesão;
• estrutura textual.
O vocabulário é investigado individualmente por meio das palavras; a gramática, pela combinação 
das palavras em frases ou orações; os elementos coesivos, pelo modo como organizam a junção de 
frases e orações; e a estrutura textual, por suas propriedades de organização textual.
Em relação à prática discursiva, podem ser examinados elementos como a força dos enunciados 
– ou seja, os atos de fala (promessas, pedidos, ameaças etc.) constituídos por eles –, a coerência e 
a intertextualidade. A prática social é investigada por intermédio do conceito de hegemonia, o qual 
fornece uma matriz para a análise das relações de poder. Desse modo, a análise textual abrange aspectos 
de sua produção e interpretação, bem como propriedades formais de sua constituição.
O conceito de intertextualidade é primordial para a análise de textos no âmbito do quadro 
investigativo ora proposto. Os textos são constitutivamente intertextuais, compostos por elementos de 
outros textos. Existe uma inserção histórica do texto, pois ele responde, reacentua e reorganiza textos 
do passado e contribui para processos de mudança social ao influenciar textos subsequentes. Segundo 
Fairclough (2001, p. 135), “a rápida transformação e reestruturação de tradições textuais e ordens do 
discurso é um extraordinário fenômeno contemporâneo, o qual sugere que a intertextualidade deve ser 
o foco principal na análise de discurso”.
A relação da intertextualidade com a hegemonia situa o espaço textual entre fronteiras que 
estabelecem certas limitações à apropriação de outros textos e ao modo como estes podem transformar 
e reestruturar as convenções para gerar novos ambientes textuais. Assim, a intertextualidade é 
socialmente limitada e condicionada pelas relações de poder circundantes, ao mesmo tempo que pode 
se apresentar por meio de ordens do discurso, influenciando a luta hegemônica.
De acordo com Fairclough (2003b), é importante trabalhar de modo transdisciplinar na análise de 
discurso e de textos. A interdisciplinaridade engloba um grande número de práticas e inclui o encontro 
de pesquisadores com conhecimentos e experiências consolidadas em diversas teorias para trabalharem 
em um projeto de pesquisa particular, sem qualquer implicação de que as teorias disciplinares e 
os métodos sejam afetados ou modificados por essa experiência. Já o trabalho transdisciplinar 
104
Unidade III
é também um modo de trabalho interdisciplinar ou pós-disciplinar. Sua principal perspectiva é que o 
encontro e o diálogo entre disciplinas diversas durante a pesquisa de determinados assuntos devem 
ser realizados com o intuito de desenvolver categorias teóricas, métodos de análise, programas de 
pesquisa etc. de uma área por meio da “lógica” da outra. Essa busca da transdisciplinaridade fica bem 
clara em Fairclough (2003b, p. 6):
 
Há necessidade de desenvolver abordagens de análise de texto por meio de 
um diálogo transdisciplinar com perspectivas sobre linguagem e discurso 
imersas na teoria e na pesquisa social, a fim de desenvolvermos nossa 
capacidade de analisar textos como elementos do processo social. Uma 
abordagem transdisciplinar à teoria ou ao método analítico é uma questão 
de trabalhar com certas categorias e lógicas – por exemplo, com teorias 
sociológicas – para desenvolver uma teoria do discurso e um método para 
analisar textos. Inevitavelmente, esse é um projeto de longo prazo, iniciado 
de modo modesto nas discussões.
Naturalmente esse processo não se resume apenas ao acréscimo de categorias e conceitos oriundos 
de outras teorias e disciplinas (FAIRCLOUGH, 2003b). Ele significa trabalhar os recursos teóricos e 
metodológicos próprios para abordar problemas capturados por outras teorias e disciplinas do ponto de 
vista do seu interesse particular – por exemplo, operacionalizar, na análise textual, questões sobre espaço 
e tempo já investigadas na teoria social. A transdisciplinaridade é uma perspectiva de análise bastante 
importante para o referencial da ADC atual, sendo vista por Fairclough (2006) como continuidade da 
abordagem interdisciplinar.
Uma abordagem transdisciplinar, segundo Fairclough (2005), remete a um diálogo entre duas 
disciplinas ou sistemas que conduz ao desenvolvimento de ambos por meio de um processo de 
apropriação de cada um deles e da lógica do outro. Desse modo, a abordagem transdisciplinar encontra-se 
em oposição, em certa medida, às formas de interdisciplinaridade, as quais reúnem diferentes 
disciplinas em torno de temas e projetos sem qualquer compromisso com a mudança de fronteiras e de 
relações entre elas.
Wetter (2009) sintetiza essas considerações com base em Chouliaraki e Fairclough (1999): as 
construções teóricas do discurso, que a ADC tenta operacionalizar, podem vir de várias disciplinas, e 
o conceito de operacionalização exige que se realize um trabalho de modo transdisciplinar, no qual 
a lógica de uma disciplina (por exemplo, a sociologia) possa ser colocada em funcionamento para o 
desenvolvimento de outra (por exemplo, a linguística).
Os conceitos apresentados são fundamentais para compreender o aparato metodológico-investigativo 
que fundamenta a perspectiva crítica do discurso.
Observe o esquema a seguir, com o percurso teórico trilhado por Fairclough:
105
ANÁLISE DE DISCURSO CRÍTICA
Texto, interação e contexto
Modelo tridimensional (1989)
Texto, prática discursiva e prática social
Modelo tridimensional (1992)
Análise textual: interna e externa
Modelo bidimensional (2003a)
Análise social
Transdisciplinaridade (2006)
Figura 14 – Percurso de Fairclough: do modelo tridimensional à transdisciplinaridade
Em Fairclough (1989), o modelo apresentado se baseia numa investigação triádica, traduzida 
como texto, interação e contexto. Nessa obra, o autor enfatiza a abordagem da linguagem em uso, 
afirmando que ela é um processo que se constitui enquanto parte da sociedade. Como já vimos, o 
texto é considerado um produto, e não um processo; é um produto do processo de produção social. 
O discurso envolve todas as condições sociais, que podem ser traduzidas como condição social de 
produção e condição social de interpretação.
Considere a figura a seguir:
Contexto
Interação
Condição social 
de produção
Processo de 
produção
Condição social 
de interpretação
Processo de 
interpretação
Texto
Figura 15 – Discurso como texto, interação e contexto
Fairclough (1989) diz que a linguagem como discurso e como prática social deve ser analisada na 
relação entre textos e processos e suas condições sociais, conforme ilustrado na figura anterior.
106
Unidade III
A tríade texto/interação/contexto é reapresentada em Fairclough (1992) por meio do 
estabelecimento de três dimensões para a análise do discurso: texto, prática discursiva e prática 
social. Discutidas em uma abordagem denominada análise de discurso textualmente orientada, elas 
se organizam conforme a figura a seguir:
Prática social
Prática discursiva
Texto
Figura 16 – Discurso como texto, prática discursiva e prática social
As três dimensõesapontadas na figura ocorrem, simultaneamente, em todo evento discursivo. 
No nível textual, o conteúdo e a forma são analisados. A análise textual permite perceber como as 
estruturas sociais se apresentam em relação dialética com os textos. Não se pode esquecer do crescente 
uso dos textos como fonte de informação de dados e como bons indicadores de mudança social, pois 
evidenciam processos de acordo com os fatores sociais envolvidos.
No nível da prática discursiva, que é a ligação entre texto e prática social, temos os processos de 
produção, distribuição e consumo do texto. Esses processos são sociais e estão relacionados a contextos 
sociais – ambientes econômicos, políticos, culturais e institucionais específicos. O autor diz que há 
dimensões sociocognitivas de produção e de interpretação de texto. A análise da prática discursiva foi 
apresentada no modelo de 1992 como mediadora entre o texto e a prática social, e inclui não só uma 
precisa explanação de como os participantes em uma interação produzem e interpretam textos, mas 
também como as relações dos eventos discursivos são representadas em ordens do discurso.
A análise da terceira dimensão do evento discursivo, a prática social, relaciona-se a diferentes níveis 
da organização social: a situação, o contexto institucional e o contexto social. O autor discute o discurso 
em relação ao poder e à ideologia. É nessa dimensão que as questões de poder são reveladas, pois poder 
e ideologia podem gerar determinados efeitos em cada um dos níveis contextuais, já que o controle 
social e o poder são exercidos com frequência crescente pelos significados que os textos produzem.
107
ANÁLISE DE DISCURSO CRÍTICA
Antes de passarmos para a relação bidimensional em Fairclough (2003a), faremos uma breve pausa 
para abordar os estudos de Chouliaraki e Fairclough (1999). Os autores apresentaram uma discussão 
que ligou os estudos da ADC à teoria social. Segundo eles, a pesquisa linguística orientada por uma 
abordagem multissemiótica necessita vincular a ADC à análise das práticas sociais.
A pesquisa social indicada pelos autores situa-se no contexto da modernidade tardia. É nesse 
sentido que a linguagem constitui elemento central da análise de aspectos da vida social, pois 
está dialeticamente associada às transformações do novo capitalismo. O conceito de modernidade 
tardia foi definido por Giddens (1991) como o atual momento de desenvolvimento das organizações 
institucionais modernas, marcadas pelo mecanismo de desencaixe, por uma nova relação de 
espaço-tempo e pela reflexividade institucional. É um tipo de sociedade caracterizado por 
descontinuidade e fragmentação da vida social, decorrentes do dinamismo da globalização.
Vejamos agora o modelo binário formulado em Fairclough (2003a). O autor propõe que se 
investigue o texto naquilo que ele tem de interior e de exterior. Há um novo enquadramento 
metodológico para a pesquisa social. Os elementos antes constitutivos da prática discursiva e das 
formas de texto são agora embutidos na prática social, sendo esta constituída por fatores como 
discurso, atividade social, relações sociais e fenômenos mentais. Cada aspecto internaliza o outro 
e não se apresenta de forma fragmentada.
Outro ponto importante nessa relação bidimensional está ligado ao modelo metodológico exposto 
pelo autor. Esse modelo é formado por categorias analíticas que se baseiam em duas orientações 
fundamentais: análise externa e análise interna dos textos. De acordo com o autor, a análise externa dos 
textos é a análise de suas relações com elementos como:
• eventos sociais;
• práticas sociais;
• estruturas sociais;
• agentes sociais.
Quanto à análise interna dos textos, Fairclough (2003a) aponta alguns caminhos. Podemos destacar, 
por exemplo, o que aparece no capítulo 6 da obra, relacionado à compreensão da linguagem no âmbito 
da globalização. O autor apresenta categorias para a análise de sentenças simples, relações de troca, 
disposição gramatical, argumentação e modalização.
Passemos agora à abordagem transdisciplinar tratada em Fairclough (2006). Há aqui uma espécie 
de apagamento da relação bidimensional, porque o discurso e o texto são imbricados na análise social. 
Nessa nova versão da ADC, a análise deve iniciar pela análise social e investigar os elementos da análise 
textual por meio dos três níveis de abstração que o autor apresentou para a análise social, quais sejam:
108
Unidade III
• eventos sociais;
• práticas sociais;
• estruturas sociais.
O autor diz ainda que cada um desses níveis apresenta um momento semiótico que está 
dialeticamente relacionado a outros momentos. O esquema a seguir orienta a organização e o 
tratamento dos dados:
Prática social
Momento semiótico: 
ordens do discurso
Evento social
Momento semiótico: 
textos
Estrutura social
Momento semiótico: 
linguagens
Níveis de abstração
Análise social 
(transdisciplinar)
Figura 17 – Caminhos para a análise social
Observemos cada um desses níveis e seu momento semiótico, conforme consta em Fairclough (2006).
• Evento social: os textos são o momento semiótico desse nível. Segundo o autor, o texto resulta 
da relação dialética entre o poder causal de ordens do discurso mais ou menos estabilizadas e 
o poder causal de agentes sociais para produzir “objetos” potencialmente inovadores (no caso, 
textos) com determinados recursos e propósitos particulares.
• Prática social: as ordens do discurso são o momento semiótico desse nível. As ordens do discurso 
se constituem como diferentes discursos, gêneros e estilos. Os agentes sociais atraem ordens do 
discurso na produção de textos, mas em caminhos potencialmente inovadores, com resultados 
também potencialmente inovadores. Os textos são interdiscursivamente híbridos na medida em 
que combinam modos inovadores, sendo a produção inovadora de textos a fonte da variação 
nos discursos, gêneros e estilos, produzindo discursos, gêneros e estilos novos e híbridos, os quais 
podem, sob certas condições, ser selecionados, retidos e incorporados a ordens do discurso. Dessa 
109
ANÁLISE DE DISCURSO CRÍTICA
forma, mudanças na ordem do discurso são mudanças do momento semiótico nas relações entre 
prática social, instituição social e organização social.
• Estrutura social: as linguagens são o momento semiótico desse nível. É por meio da linguagem 
que as instituições e as organizações estabelecem códigos para a orientação dos agentes no campo.
7.1 Abordagens do discurso na ADC
Em 1992, Fairclough concebe o discurso como modos de representar aspectos do mundo, e a 
variedade de discursos como diferentes formas de olhar o mundo associadas às diferentes relações das 
pessoas com ele.
Em 2006, o autor discute várias posições da literatura acadêmica sobre o discurso como elemento 
ou momento da globalização. Ele distingue quatro posições principais:
• Objetivismo: Bourdieu e Wacquant (2005) falam da globalização como processos objetivos 
simplificados no mundo real, dos quais a ciência social tem tratado em suas pesquisas
• Retórica: a representação da globalização usada para legitimar as ações e as políticas com 
argumentos específicos.
• Ideologia: níveis sistêmicos de como os discursos contribuem para sustentar a dominância e a 
hegemonia de estratégias específicas.
• Construção social: lugares que enfatizam as características da construção social e o significado 
do discurso nela.
Fairclough diz que essas posições se distinguem por meio de cinco modos principais da relação entre 
o discurso e outros elementos ou momentos da globalização:
• O discurso pode representar a globalização ao dar informação sobre determinado assunto e 
contribuir para a sua compreensão.
• O discurso pode falsear e mistificar a globalização, ao confundir e passar uma impressão 
enganosa dela.
• O discurso pode ser usado retoricamente para projetar uma visão particular da globalização, que 
justifique ou legitime as ações, políticas ou estratégias particulares de agências sociais e agentes.
• O discursopode contribuir para a constituição, propagação e reprodução de ideologias que também 
funcionam como formas de mistificação e que têm uma função sistêmica crucial, de sustentar um 
modo particular de globalização e manter as desigualdades e injustiças nas relações de poder.
110
Unidade III
• O discurso pode gerar representações imaginárias de como o mundo será ou deveria ser por meio 
de estratégias de mudança, as quais, se alcançarem a hegemonia, poderão ser operacionalizadas 
para transformar o imaginário em realidade.
Segundo o autor, esses efeitos do discurso podem se apresentar separadamente ou combinados em 
textos particulares.
A dimensão do discurso como prática social recebe um enfoque diferente em Chouliaraki e 
Fairclough (1999) e em Fairclough (2003a), não se tratando mais da exata correspondência entre prática 
social e discurso. Este passa a ser considerado um dos momentos da prática social, ao lado de outros 
momentos igualmente constitutivos. Chouliaraki e Fairclough (1999) propõem um viés dialético do 
processo social, do qual o discurso é um momento entre seis:
• discurso/linguagem;
• poder;
• convicções/valores/desejos;
• instituições/rituais;
• relações sociais;
• práticas materiais.
Cada momento interioriza o outro, de maneira que o discurso é uma forma de poder, um modo de 
formação de convicções/valores/desejos, uma instituição, um modo de relação social e uma prática 
material. Reciprocamente, poder, convicções, instituições, relações sociais e práticas materiais são em 
parte discurso. A heterogeneidade em cada momento – incluindo o discurso – reflete sua determinação 
simultânea para todos os outros momentos.
Chouliaraki e Fairclough (1999, p. 21) dizem que toda prática está vinculada à vida social e entendem 
as práticas como “as maneiras habituais, em tempos e espaços particulares, pelas quais pessoas aplicam 
recursos – materiais ou simbólicos – para agirem, conjuntamente, no mundo”.
Os autores, ao admitirem o discurso como um dos momentos da prática social, assumem 
definitivamente o caráter transdisciplinar da ADC, dada a evidente necessidade de levar em conta a 
complexa rede teórica de elementos políticos, sociológicos, filosóficos, religiosos, ideológicos etc. que 
constituem as práticas sociais dos agentes de um determinado campo.
Além de definirem as práticas sociais, Chouliaraki e Fairclough (1999), baseados no realismo crítico, 
propõem os momentos constituintes delas:
111
ANÁLISE DE DISCURSO CRÍTICA
• o discurso (semiose);
• a atividade material;
• as relações sociais e os processos (instituições, relações de poder);
• o fenômeno mental (sistemas de crenças, desejos, valores, ideologia).
 Observação
O realismo crítico concebe a vida, tanto em sociedade quanto no estado 
natural, como um todo analisável, formado por dimensões biológicas, 
psicológicas, econômicas, semióticas, sociais etc. Cada dimensão tem, por 
sua vez, uma estrutura particular.
Para os autores, as práticas sociais constituem-se por meio de uma relação dialética de seus diversos 
momentos, que deverão ser considerados nas análises feitas no âmbito da ADC. O discurso, nessa 
orientação, influencia e é influenciado pelas demais práticas, que se relacionam de forma articulada e 
são internalizadas de maneira dialética. Conforme Fairclough (2003a), será discursivo um momento de 
determinada prática social configurado por gêneros (modos de agir), discursos (modos de representar) 
e estilos (modos de ser).
Fairclough (1992, p. 94) caracteriza a prática social como tendo “várias orientações – econômica, 
política, cultural, ideológica –, e o discurso está implicado em todas elas, sem que possa ser reduzido a 
qualquer uma dessas orientações”. O autor diz ainda que a noção de discurso como um dos momentos 
que formam as práticas sociais está voltada para as noções de ideologia e hegemonia, ambas tratadas 
pela abordagem da ADC sob a ótica das relações de poder.
A noção de ideologia, como visto, ocupa um lugar privilegiado nos estudos da linguagem em 
ADC, que tem interesse particular pela relação entre linguagem e poder. Como observa Wodak (2004), 
a linguagem não é poderosa em si mesma; ela adquire poder pelo uso que os agentes que detêm 
poder fazem dela.
A autora afirma ainda que o poder envolve relações de diferença, particularmente os efeitos dessas 
diferenças nas estruturas sociais. A unidade permanente entre a linguagem e outras questões sociais 
garante que a linguagem esteja entrelaçada com o poder social de várias maneiras. A linguagem 
classifica o poder, expressa o poder e está presente onde há disputa e desafio ao poder. Ele não surge 
da linguagem, mas ela pode ser usada para desafiá-lo, subvertê-lo e alterar sua distribuição em curto e 
longo prazo. A linguagem constitui um meio articulado com precisão para construir diferenças de poder 
nas estruturas sociais hierárquicas.
112
Unidade III
A relação entre linguagem e poder que Wodak (2004) reitera consiste em um dos elementos 
fundamentais para compreender a reconfiguração da linguagem no ambiente online, uma vez que a ADC 
se interessa em verificar como as formas linguísticas são usadas em várias expressões e manipulações 
de poder. A autora acrescenta que o poder é sinalizado não somente pelas formas gramaticais presentes 
em um texto, mas também pelo controle que uma pessoa exerce sobre uma ocasião social por meio do 
gênero textual. O gênero constitui-se como o espaço em que o poder é exercido ou desafiado.
De acordo com Fairclough (1992), não se deve privilegiar o caráter estável das inserções ideológicas. 
Antes, o olhar crítico deve se voltar para o projeto maior, o de transformação, uma vez que a mudança 
social também é possível por meio da mudança discursiva.
Embora, às vezes, não seja possível estabelecer localizações tão pontuais (espaciais) da materialidade 
da ideologia, o estudo dela nos textos pode ser feito por meio da análise das pressuposições, das 
metáforas, da coerência, do estabelecimento das tomadas de turno, da polidez – enfim, da constituição 
final dos sentidos do texto. Essas pressuposições foram sistematizadas por Fairclough (2003a) com base 
em categorias analíticas.
Com relação à hegemonia, ela diz respeito à liderança e à dominação no âmbito econômico, político, 
cultural e ideológico de uma sociedade. É o poder sobre a sociedade como um todo de uma das classes 
economicamente definidas como fundamentais em aliança com outras forças sociais, mas nunca 
atingido senão parcial e temporariamente, como um equilíbrio instável (FAIRCLOUGH, 1992).
Segundo Fairclough (1992, 1995), uma ordem do discurso pode ser o aspecto discursivo desse 
equilíbrio instável que constitui a hegemonia. A articulação e a rearticulação de ordens do discurso são, 
consequentemente, um marco delimitador da luta hegemônica. Os processos de produção, distribuição 
e consumo textual são elementos da mesma luta, já que podem auxiliar na transformação das ordens do 
discurso e das relações sociais baseadas nas distribuições díspares de poder. A compreensão desse fato 
possibilita visualizar o movimento da prática discursiva como imbricado na prática social.
Retomemos a questão do poder. Chouliaraki e Fairclough (1999) dizem que as relações “internas” 
de poder são efeitos das relações “externas” de poder dentro de redes de práticas. Isso permite 
entender que toda prática social está encravada em redes de relações de poder e potencialmente 
subordina os sujeitos sociais, exatamente aqueles com poder “interno”. Os autores complementam a 
caracterização do poder moderno como invisível, autorregulador e inevitavelmente assujeitado à visão 
de poder como dominação – perspectiva em que há determinação excessiva entre práticas “internas” 
e “externas” – e estabelecem elos causais entre as práticas sociais institucionais e as posições dos 
sujeitos no campo social.
Para Thompson (1998), o poder está diretamente ligado ao poder que o agente tem dentro do 
campo ou de uma instituição. É possível definiro poder como um fenômeno social, característico dos 
diferentes modos de ação para alcançar determinados objetivos e intervir no rumo dos acontecimentos 
e em suas consequências. Para efetivar o poder, os agentes empregam os recursos que são colocados à 
disposição pelo meio.
113
ANÁLISE DE DISCURSO CRÍTICA
Fairclough (2003a, p. 41) afirma que o poder, no seu aspecto geral, está ligado “à capacidade 
transformadora da ação humana” – a capacidade de intervir nos eventos e modificar o seu curso. 
Thompson (1998), por sua vez, diz que, quanto mais recursos uma pessoa tem, maior é o seu poder. 
O autor ressalta que há recursos individuais e recursos acumulados em organizações institucionais.
Thompson classifica o poder assim:
• Poder econômico: origina-se da atividade humana produtiva quando esta se vale de recursos 
materiais e financeiros. Quanto mais esses recursos forem acumulados pelos indivíduos 
e organizações, mais aumentará o seu poder. O poder econômico tem como instituições 
paradigmáticas as empresas comerciais.
• Poder político: origina-se da atividade de coordenação dos agentes e regulamentação dos 
padrões de interação entre eles. As instituições paradigmáticas do poder político são o Estado e as 
instituições paraestatais. O principal recurso dessa forma de poder é a autoridade.
• Poder coercitivo: origina-se do uso da ameaça por meio da força física ou de outros tipos de 
força. As instituições paradigmáticas do poder coercitivo são as militares e as policiais.
• Poder simbólico: origina-se da atividade de produção, transmissão e recepção do significado das 
formas simbólicas. Os recursos que possibilitam essa forma de poder são os meios de comunicação 
e informação. As instituições paradigmáticas do poder simbólico são as instituições culturais, 
como as escolas, as igrejas e a indústria da mídia.
Thompson diz que as formas simbólicas são um amplo espectro de ações e falas, imagens e textos, 
produzidos por sujeitos e reconhecidos por eles e outros como construtos significativos.
Para abordar o poder simbólico, podemos recorrer à teoria do campo de Bourdieu (2003). 
A possibilidade de determinado agente mudar de posição dentro do campo está associada ao 
conhecimento da realidade que ele tem e ao que é capaz de fazer por meio da posição que ocupa no 
campo. Sua (des)locação no interior do campo ou para outras escalas se vincula ao capital simbólico 
acumulado (prestígio, reconhecimento, respeito etc.). A reputação é um aspecto do capital simbólico, um 
atributo do indivíduo ou da instituição acumulado ao longo do tempo, e um recurso que se pode usar 
no exercício do poder simbólico, mas que pode ser perdido ou diminuído devido a diversos fatores.
7.2 Categorias de análise
Fairclough (1992) diz que o texto está vinculado ao evento discursivo. Nesse momento da obra do 
autor, as categorias de análise para abordar o discurso são as mostradas no quadro a seguir.
114
Unidade III
Quadro 6 – Categorias de análise
Texto
(evento discursivo)
Prática discursiva
(produção, distribuição e 
consumo de textos)
Prática social
(o que as pessoas fazem)
Vocabulário
Gramática
Coesão
Estrutura textual
Produção
Distribuição
Consumo
Contexto
Força ilocucionária
Coerência
Intertextualidade
Interdiscursividade
Ideologia
Sentidos
Pressuposições
Metáforas
Hegemonia
Fonte: Ormundo (2007, p. 53).
Quanto ao vocabulário, o autor propõe considerá-lo por meio da intensa rede de realizações em que 
ele se apresenta, pelos diferentes domínios, instituições, práticas, valores e perspectivas. Daí a importância 
dos processos de relexicalização, que correspondem aos diversos usos do léxico para uma abordagem da 
significância política e ideológica. A gramática se relaciona à forma como as palavras são combinadas em 
orações e frases. A coesão trata da ligação entre orações e frases por meio de procedimentos associados 
à repetição de palavras, ao uso de sinônimos, aos mecanismos de referenciação e substituição. Já a 
estrutura textual está vinculada à arquitetura dos textos e aos seus modos de organização superiores – 
por exemplo, a maneira como os elementos são combinados para constituir determinada notícia.
Na análise da prática discursiva, estão as atividades cognitivas de produção, distribuição e 
consumo do texto. Inserem-se nessa prática as categorias analíticas de força ilocucionária, coerência, 
intertextualidade e interdiscursividade. A análise da prática social, por sua vez, diz respeito aos aspectos 
ideológicos e hegemônicos. Na categoria da ideologia, devem-se observar os aspectos textuais 
relacionados ao sentido das palavras, das pressuposições, das metáforas e do estilo na forma como são 
investidos ideologicamente. Na categoria da hegemonia, devem-se observar as orientações econômicas, 
políticas, ideológicas e culturais presentes em toda prática social.
O avanço dessa abordagem, como vimos, acontece em Fairclough (2003a), quando o autor apresenta 
a proposta de análise textual pela distinção entre relações externas e internas aos textos.
Dadas as categorias analíticas da ADC, é relevante destacar o que o autor desenvolveu sobre a 
análise interna dos textos. Quanto às relações de troca, Fairclough focaliza dois tipos primários. São eles:
• Troca de conhecimento: focaliza a troca de informações por meio de indução e de fornecimento 
de dados, reivindicação, relato de fatos etc.
• Troca de atividades: focaliza a ação das pessoas ao realizar e/ou ao solicitar que outros façam 
determinada ação. A esse propósito, o autor menciona as funções da fala, que estão relacionadas 
115
ANÁLISE DE DISCURSO CRÍTICA
aos “atos de fala”, ligados à investigação de formas afirmativas, perguntas, demandas, ofertas. 
Por último, o autor refere-se à disposição gramatical pela verificação de como se realizam os 
significados nas sentenças declarativas, interrogativas e imperativas.
Fairclough desenvolve uma série de exemplos de como trabalhar essas categorias por meio dos 
diálogos conversacionais. Ele ressalta que a análise de textos baseada nos diferentes tipos de troca 
aplica-se a qualquer texto, pois considera que todos são orientados ao diálogo em sentido amplo.
Além do que já foi exposto sobre os tipos de troca, acrescentamos outro tópico relevante para a análise 
interna do texto, outra categoria importante para esse modelo de análise. Trata-se da argumentação.
A categoria argumentativa consiste na forma como os participantes tentam manter o equilíbrio 
entre os seus objetivos retóricos e dialéticos para atingir um ótimo resultado retórico sem violar as regras 
da discussão crítica. Para investigar a argumentação, é possível examinar os elementos linguísticos e os 
elementos semióticos. Nesse sentido, considere os seguintes estágios argumentativos, como proposto 
em Ietcu-Fairclough (2007):
• confrontação;
• abertura;
• argumentação.
A autora divide os objetivos dos dois primeiros estágios em dialéticos e retóricos. O objetivo do 
último seria somente dialético. Vejamos:
• Estágio de confrontação
— Objetivo dialético: atingir máxima clareza em relação ao assunto em pauta e à posição que 
cada parte assume.
— Objetivo retórico: obter uma definição da confrontação que favoreça os pontos que cada 
parte quer discutir e a posição que desejam assumir.
• Estágio de abertura
— Objetivo dialético: estabelecer um ponto de partida inequívoco para a discussão (aceitação 
intersubjetiva de pontos de partida materiais e de procedimentos, ou concessões mútuas).
— Objetivo retórico: de cada parte, dirigir a confrontação do modo mais benéfico para sua 
própria perspectiva, a fim de atingir uma definição da discordância que sirva a seus próprios 
interesses e à mais vantajosa distribuição do peso da comprovação.
116
Unidade III
• Estágio de argumentação
— Objetivo dialético: testar a sustentabilidade dos pontos que moldaram a diferenciação 
de opinião no estágio de confrontação, começando pelos pontos estabelecidos no estágio 
de abertura.
Segundo Fairclough(2003a, 2006), o estudo da argumentação, na linha da pragmática dialética, 
pode oferecer à ADC um valioso recurso para investigar o modo como os atores sociais perseguem e 
produzem a mudança social.
O autor diz que a ADC está interessada em examinar como os textos (elementos dos eventos sociais) 
atraem discursos, gêneros e estilos e os recombinam de formas originais, ou seja, a maneira pela qual o 
que é realmente dito (por ser atraído por um certo discurso) pode obscurecer perspectivas alternativas 
(discursos alternativos) de dado assunto ou o modo pelo qual a hibridez interdiscursiva revela tensões e 
contradições entre discursos recontextualizados e realidades específicas.
A ADC também está interessada na escolha dos elementos semióticos na produção e na recepção 
de textos e nas suas formas de interação. Investiga o modo (estilo) como as escolhas são combinadas 
nos gêneros para atingir determinados objetivos e consolidar o propósito da argumentação. O estilo se 
relaciona à maneira particular pela qual os produtores de texto falam ou escrevem sobre um assunto.
Fairclough afirma que o estilo pode ser observado por meio do conceito de artifícios estratégicos, 
relativo às escolhas que os argumentadores fazem – por exemplo, a quais tópicos recorrer, como melhor 
se adaptar à demanda da audiência e como fazer uma apresentação efetivamente satisfatória da posição 
que se pretende defender.
Em Language and globalization, Fairclough (2006) apresenta uma lista com várias categorias 
analíticas, divididas em dois grupos:
• o grupo das características que se relacionam com a intertextualidade e a interdiscursividade 
híbrida de textos – por exemplo, gêneros, discursos e estilos presentes nos textos, o hibridismo 
interdiscursivo e a cadeia de gêneros;
• o grupo das características linguísticas dos textos – por exemplo, a argumentação, a pressuposição, 
as relações de equivalência, as contradições, o dialogismo, a polêmica, a inferência, a metáfora, as 
narrativas, a nominalização, a voz passiva, os pronomes de inclusão ou exclusão, a representação 
dos agentes sociais, a retórica, a persuasão, o vocabulário e o jogo de palavras.
8 ABORDAGEM DA ANÁLISE SOCIAL: A PROPOSTA TRANSDISCIPLINAR NA 
PERSPECTIVA DA ANÁLISE DE DISCURSO CRÍTICA
Em 2006, Fairclough apresentou uma nova versão da ADC, com uma orientação central para a 
pesquisa da relação entre linguagem e globalização. Neste tópico, sistematizaremos a proposta do autor.
117
ANÁLISE DE DISCURSO CRÍTICA
Nessa nova versão já não há mais a divisão tridimensional de 1992 nem a relação bidimensional de 
2003. A proposta é de um único caminho – a análise social –, que inclui todas as outras abordagens 
(discursiva, textual e social).
A seguir, faremos uma revisão de como gênero, discurso e estilo foram abordados por alguns teóricos.
A abordagem de Bakhtin (1997) sobre gênero tem um ingrediente social no ato da enunciação, pois 
um ato enunciativo precede e sucede outro ato enunciativo, marcado e refletido no ambiente social em 
que a atividade humana se desenvolve. Dada a natureza dialógica e interativa da atividade humana, o 
gênero deve ser compreendido pela análise dos elementos semióticos do ambiente social. Nesse sentido, 
os gêneros existentes mudam conforme as modificações determinadas por situações sociais no ambiente 
em que exercem uma função, ou novos gêneros surgem de transformações dos gêneros já existentes.
Isso é apresentado em Fairclough (2003a), quando o autor diz que as mudanças nos gêneros decorrem 
do modo como eles são combinados.
Outro autor que trata da questão dos gêneros e apresenta questões relevantes a essa pesquisa é 
Bazerman (2005). Para ele, os gêneros são fatos sociais sobre os tipos de ato de fala que as pessoas 
podem realizar e sobre os modos como elas os realizam. Gêneros emergem nos processos sociais em 
que pessoas tentam compreender umas às outras suficientemente bem para coordenar atividades e 
compartilhar significados com vistas a seus fins práticos.
Em suma, o autor propõe um interessante enquadramento genérico das atividades sociais ao fazer 
uso de conceitos que, mesmo sobrepostos, revelam aspectos configuradores diferenciados.
O conjunto de gêneros diz respeito à série de textos demandados por um papel social, o que leva 
à identificação da natureza do trabalho desempenhado por um indivíduo e das habilidades requeridas 
para a construção dos próprios gêneros. O sistema de gêneros, por sua vez, reúne conjuntos de gêneros 
empregados por indivíduos de uma mesma organização e também os processos padronizados de 
construção. Já o sistema de atividades se refere à ação dos indivíduos, organizada de modo estruturado 
e mediada pelos gêneros (em maior ou menor grau, sejam eles orais ou escritos).
Fairclough (2003a) dedica espaço em sua obra para apresentar os gêneros discursivos, os quais 
ele denomina de gênero e estrutura genérica. A intenção do autor é analisar os gêneros com base em 
assuntos relacionados às pesquisas sociais na globalização. Entre os fatores apontados, temos:
• as formas de desencaixe do material social e das tecnologias sociais (GIDDENS, 1991);
• as formulações sobre sociedade informal e ausência de hierarquias (MISZTAL, 2000);
• a questão da esfera pública (ARENDT, 1991);
• a distinção de ação comunicativa e ação estratégica (HABERMAS, 1984);
118
Unidade III
• as relações entre mudança social e mudança tecnológica (FAIRCLOUGH, 2006);
• a emergência de novos gêneros (FAIRCLOUGH, 2006);
• a discussão da ideologia;
• as novas narrativas.
Segundo Fairclough (2006), a abordagem do gênero para a investigação da relação entre linguagem 
e globalização é delimitada pelos conceitos de reestruturação e reescala do capitalismo.
Para o autor, a reestruturação tem um ingrediente semiótico que instaura uma nova ordem do 
discurso e novas relações entre gênero, discurso e estilo. A transformação do capitalismo apresenta 
um sentido semiótico baseado na economia do conhecimento e na sociedade do conhecimento e 
da informação.
Fairclough exemplifica essa movimentação com os discursos da nova gerência pública e da gerência 
de qualidade, por meio dos limites estruturais e escalares e da operacionalização das novas maneiras de 
agir e de interagir, o que inclui os novos gêneros.
A reestruturação também está ligada à forma como os gêneros da comunicação dos websites se 
reescalam para uma aldeia global e conseguem ser reconhecidos pelo seu formato.
Outra questão apontada por Fairclough (2003a) refere-se à reestruturação de relações entre as 
diferentes formas de comunicação associadas às diferentes tecnologias, reestruturação essa que traduz 
a dinamicidade dos novos gêneros no contexto do novo capitalismo. De acordo com o autor, a análise 
do gênero contribui para pesquisas que visam relacionar mudança tecnológica, mediação, mudança 
econômica e amplas mudanças sociais.
A análise do gênero também contribui para as pesquisas que verificam como a integração das novas 
tecnologias influencia os processos econômicos, políticos, sociais e culturais, perceptíveis nos novos 
gêneros e nas cadeias de gêneros que se formam na sociedade da informação. Com isso, reconfiguram-se 
as práticas sociais de linguagem na vida cotidiana e nas formas como as organizações moldam suas 
relações e seus negócios, ou seja, reconfiguram-se as estruturas sociais.
Após essa introdução sobre a contribuição do estudo dos gêneros para a análise social, Fairclough 
(2003a) apresenta as categorias analíticas para os gêneros.
• Pré-gênero: categorias mais abstratas que entram na composição de diversos gêneros situados, 
caso da narrativa, da descrição, da conversação e da argumentação.
• Gêneros situados: realizações mais concretas, presentes, conforme Chouliaraki e Fairclough 
(1999), na performance de uma prática social particular, como o artigo acadêmico.
119
ANÁLISE DE DISCURSO CRÍTICA
• Gêneros desencaixados: aqueles desenvolvidos em determinadas áreas da vida social e que 
são “desencaixadose transformados em um tipo de tecnologia social que pode ser usada em 
diferentes áreas e em diferentes níveis da vida social” (FAIRCLOUGH, 2003a, p. 69).
A estrutura genérica consiste na organização do texto no gênero. A análise da estrutura genérica se 
orienta pelo modelo apresentado por Fairclough (2003a) para a compreensão da notícia. O autor resume 
as estruturas genéricas da notícia nos seguintes tópicos:
• título;
• parágrafo (abre a história);
• seguidores (outros parágrafos);
• resumo do noticiário.
Entretanto, nem sempre as notícias são apresentadas com essa estrutura fixa. Fairclough diz que, 
no ambiente dos websites, não se deve esperar uma organização clara da estrutura genérica, devido 
ao avanço das novas tecnologias e das características próprias do novo capitalismo. Logo, deve-se 
compreender que nesse ambiente há um conflito entre instabilidade, variabilidade, flexibilidade etc. e 
controle social, estabilização e ritualização.
Os gêneros de governança têm ampla propriedade de ligar diferentes escalas, conectando o local 
e o particular (nacional, regional, global). Eles são importantes não apenas para sustentar as relações 
estruturais entre, por exemplo, o mundo acadêmico e o mundo dos negócios, mas também para escalonar 
relações entre o local, o nacional, o regional e o global. Dependem da capacidade transformadora da 
ação humana – a capacidade de intervir nos eventos e alterar o seu curso – e dos recursos ou facilidades 
disponíveis aos atores sociais.
Os gêneros de governança são caracterizados por propriedades específicas de recontextualização – 
a apropriação de elementos de uma prática social dentro de outra, colocando a primeira no contexto 
da última e transformando-a de maneira específica no processo. Pode-se representar o fato como um 
movimento de apropriação, transformação e colonização, terminologia que focaliza as relações sociais 
de poder na governança, das quais a recontextualização faz parte.
Gêneros promocionais, por sua vez, são aqueles que têm o propósito de vender produtos, marcas, 
organizações ou indivíduos.
A intertextualidade é a categoria que diz respeito a como textos “externos” estão incluídos em um 
texto. Constitui uma questão de recontextualização, ou seja, o movimento de um contexto para outro, 
englobando transformações específicas, decorrentes de como o material recontextualizado se configura 
dentro do novo contexto.
120
Unidade III
Assim, no caso de fala, escrita ou pensamento relatado, é preciso considerar tanto a relação entre o 
relato e o evento quanto a relação entre o relato e o resto do texto no qual ele aparece, ou seja, como 
o relato se configura no texto.
Fairclough (2006) argumenta que há diversas estratégias para associar a globalização a seus 
discursos. Segundo ele, a seleção dessas estratégias e discursos é o resultado de lutas hegemônicas 
que acontecem em diferentes escalas – global, macrorregional, nacional, local e de organizações e 
instituições específicas.
O discurso, ao ser abordado como constituído na prática social e especificamente no ambiente da 
globalização, deve ser encarado pela forma como conduz e estabelece a recontextualização, de acordo 
com as suas novas ordens, que geram mudanças nas escalas e na relação entre as escalas. Analisando-se 
o momento semiótico, para mudar as relações entre escalas, é necessária a construção de uma nova 
ordem semiótica que articule ordens do discurso de diferentes escalas em uma relação particular com 
outras escalas.
A recontextualização é um processo ativo de apropriação de novos contextos, no qual circunstâncias, 
histórias, trajetórias, posições estratégicas e lutas dentro de um contexto acomodam os elementos da 
recontextualização que são apropriados, sendo os resultados recontextualizados.
Em termos gerais, a recontextualização constitui a forma como um evento social é representado nas 
diversas áreas do conhecimento, nas cadeias de práticas sociais e nos gêneros. Nesse processo complexo, 
alguns elementos dos eventos sociais se perdem, outros são acrescidos, e outros são transformados no 
seio de práticas discursivas, que por sua vez vão legitimá-los, avaliá-los e explicá-los, ou não.
Quanto às categorias da recontextualização, elas são apresentadas em Fairclough (2003a) de acordo 
com a análise destes aspectos:
• Presença: diz respeito aos elementos que são mantidos ou retirados e ao tratamento dado a eles.
• Abstração: diz respeito ao grau de abstração e de generalização dos eventos concretos.
• Ordenamento: diz respeito a como os eventos são organizados.
• Acréscimo: diz respeito ao material que é acrescido aos eventos, como explicações, legitimações 
e avaliações.
O caso particular da presença dos eventos guarda estreita relação com os fatores da 
intertextualidade, uma vez que ela é constituída não somente pela presença de outros elementos 
no texto, mas também pela questão que envolve as ausências significativas de um texto, o que se dá 
conforme intentos ideológicos.
121
ANÁLISE DE DISCURSO CRÍTICA
Van Leeuwen (2005) apresenta seis tipos de estilo, enunciados a seguir.
• Estilo individual: enfatiza diferenças individuais. Apesar de tudo que é falado, escrito e feito ser, 
de alguma forma, regulado socialmente, há lugar para diferenças sociais na maneira de fazer as 
coisas. O estilo tem significado importante ao expressar sentimentos e atitudes em relação ao que 
é dito. Mostra a personalidade de quem diz.
• Estilo social: consiste na determinação social do estilo. Exprime a posição social do agente 
fornecendo informações sobre quem ele é, como padrões de classe, gênero, idade e relações 
sociais, bem como informações sobre o que ele faz, ao falar das atividades sociais reguladas e dos 
papéis representados. O estilo social é externamente motivado e determinado por fatores que 
estão fora do controle individual. A ideia de indivíduo não desaparece, mas a sua importância 
diminui nessa abordagem.
• Estilo de vida: combina o estilo individual com o social. É um estilo de grupo, mesmo se seus 
membros estiverem geograficamente separados, dispersos pelo mundo. Esse tipo de grupo se 
caracteriza não por estabelecer posições sociais, como classe, gênero, idade ou profissão, mas 
por compartilhar comportamentos de consumo, atividades de lazer ou determinadas atitudes 
(por exemplo, a defesa do meio ambiente).
• Estilo linguístico: baseia-se no princípio do estilo de vida, combinando o estilo social com 
o individual.
• Estilo de texto publicitário: desenvolveu-se não apenas para vender produtos e serviços, mas 
também para modelar identidades e valores da sociedade de consumo. Foi a primeira variedade 
da linguagem corporativa e teve importante papel naquilo que Fairclough (1992, 1996) designou 
como marketização do discurso. Agora que a sociedade de consumo existe por si própria, o 
mesmo acontece com o estilo de texto publicitário. Ele se espalha rapidamente e se infiltra em 
outros gêneros.
• Estilo conversacional: a conversação é essencialmente um discurso privado, um diálogo entre 
iguais. Os elementos do estilo conversacional têm sido introduzidos na comunicação pública, 
âmbito em que podem dar uma aparência de igualdade a formas de comunicação que de fato são 
profundamente desiguais. Por exemplo, a comunicação na mídia, em que espectadores e ouvintes 
não podem falar de volta, e também a comunicação política.
Na ADC, como vimos, a linguagem está vinculada ao social e, conforme aponta Fairclough (2006), o 
caminho para investigá-la é por meio da transdisciplinaridade.
A abordagem sobre linguagem e relações de poder foi apresentada em Fairclough (1989, 1995). 
O foco dessa investigação era desvelar como se instaura o exercício de poder na sociedade, por meio da 
análise da linguagem e do diálogo com teóricos sociais que privilegiaram a questão da linguagem em 
suas teorias, especialmente Pierre Bourdieu e Jürgen Habermas.
122
Unidade III
Em Fairclough (1996) aparece o vínculo da linguagem com a economia. O autorconsidera que as 
mudanças dos processos sociais são mediadas linguisticamente. Assim, ele aproxima a pesquisa em ADC 
às transformações econômicas, sociais, políticas e culturais da vida contemporânea.
Ainda no texto de 1996, o autor estabelece o conceito de marketização do discurso, aliando-o às 
transformações econômicas que se instauraram nos processos de mudança do novo capitalismo e à 
constante influência das novas tecnologias.
Esse modelo de sociedade transforma as relações entre linguagem e economia, além de possibilitar 
o surgimento de novos domínios nas práticas discursivas do mercado. Dessa forma, a linguagem passa 
por céleres mudanças ao ser econômica e linguisticamente interpenetrada, e devido ao fato de as 
mercadorias apresentarem cada vez mais aspectos culturais e semióticos. A mercadoria linguística inclui 
os produtos da indústria cultural e passa a representar um instrumento importante nas relações sociais, 
econômicas e culturais que se estabeleceram na era da globalização.
Um exemplo de como esse processo acontece é demonstrado por Fairclough (1996) por meio do 
design. As funções e os aspectos estéticos próprios do design, como a produção de programas de 
entrevista, propagandas e notícias de TV, têm por meta persuadir e atrair o consumidor. Fairclough 
afirma que o design estético da linguagem enquanto mercadoria tem característica multissemiótica, 
principalmente em textos contemporâneos. O linguista entende que o discurso é o novo caminho para 
pesquisar a linguagem como prática social.
Em Fairclough (1992), o termo discurso está associado à linguagem falada ou escrita, com indícios 
de inclusão dos elementos semióticos. Ao referir-se ao uso da linguagem como discurso, o autor 
sinaliza o seu desejo de investigá-lo por um método informado social e teoricamente. Percebe-se, 
com isso, que a linguagem está vinculada à prática social e, portanto, deve ser investigada como 
modo de ação e de representação.
Fairclough discute o poder da linguagem no jogo de interesses que envolve as relações entre os 
agentes nas práticas sociais do novo trabalhismo britânico. O autor refere-se ao fato de que eventos 
e personalidades políticas passam à condição de produtos e a linguagem utilizada nessa prática social 
molda-se para satisfazer a necessidade discursiva de uma economia neoliberal, bem caracterizada pelo 
contexto do novo trabalhismo.
Outra afirmação de Fairclough (2003b, 2006) consiste na ideia de que as transformações no 
capitalismo têm ramificações em toda a vida social. O pesquisador deve se voltar para o impacto dessas 
transformações na política, na instrução, na produção artística e em outras áreas da vida social. Segundo 
o autor, a atual transformação envolve uma reestruturação das relações entre os domínios econômicos, 
políticos e sociais, o que inclui a marketização dos campos – a lógica econômica do mercado. Trata-se 
de um projeto político para facilitar a reestrutura e a reescala das relações sociais de acordo com as 
demandas do capitalismo global.
123
ANÁLISE DE DISCURSO CRÍTICA
 Saiba mais
No texto indicado a seguir, há uma análise muito interessante sobre a 
mudança no discurso após a proibição de propaganda de cigarro.
COSTA, R. C. S. A análise crítica do discurso adverte: discursos 
veiculados na mídia pela indústria do tabaco podem fazer mal a 
saúde. 2019. Dissertação (Mestrado Profissional em Administração) – 
Universidade Federal Fluminense, Volta Redonda, 2019. Disponível em: 
https://bit.ly/3vy2Kv0. Acesso em: 14 fev. 2022.
Pierre Bourdieu (1990, 1996, 2004) desenvolveu a teoria do campo com o propósito de analisar 
a relação entre a produção textual e o contexto social mais amplo. Entre os dois polos, está o que o 
autor define como campo intermediário, com regras próprias, o que se aproxima das várias vozes da 
globalização que Fairclough (2006) sistematiza. Nesse campo estão inseridos os agentes e as instituições 
que produzem e reproduzem o discurso da política, da arte, da literatura, da ciência etc., por meio da 
obediência às leis sociais próprias do campo em que agem.
O entendimento da noção de campo possibilita aprofundar a análise das práticas sociais no contexto 
em que ocorrem. Portanto, em qualquer campo há circulação de um capital simbólico reconhecido por 
todos os agentes, cuja acumulação pode levar determinado agente a conquistar hegemonia dentro 
dele. Para que haja a autonomia relativa de um campo, devem existir um corpo reconhecido de agentes 
consagrados, procedimentos estimulados ou proibidos e a vinculação dos indivíduos a um tipo específico 
de atividade.
Segundo Fairclough (2003b, 2006), na construção do espaço social estão presentes as propriedades 
atuantes, as diferentes espécies de poder ou de capital que circulam em diferentes campos. Portanto, a 
posição de determinado agente no espaço social define-se pela posição ocupada por ele nos diferentes 
campos, pela distribuição dos poderes advindos do capital econômico, nas suas diferentes formas:
• capital cultural;
• capital social;
• capital simbólico.
 Lembrete
O capital simbólico consiste no prestígio, na reputação, na fama, 
no reconhecimento que determinado agente tem devido à posição 
que ocupa no campo.
124
Unidade III
Outra contribuição da teoria social ligada ao conceito de campo é a noção de ordem. Segundo ela, 
a sociedade é dividida em classes e grupos distribuídos como dominantes e dominados. Bourdieu (1990, 
p. 161) considera que “a ordem social é produto de uma luta simbólica para a imposição de uma visão 
de mundo de acordo com os interesses dos agentes”.
Podemos mencionar ainda a explicação de Giddens (1991) sobre a ação do agente (instituição ou 
indivíduo) no campo. O autor diz que os agentes devem ter a capacidade de monitorar suas ações 
com base nas leis próprias do campo em que atuam. Essa capacidade se traduz como comportamento 
reflexivo. O agente, ao agir conforme padrões não compatíveis com o campo em que está inserido, 
produz efeitos de sentido de toda ordem.
Fairclough (2003b) aponta a necessidade de investigar o que Bourdieu e Wacquant (2005) denominam 
de performativo do poder, que consiste em verificar:
• como o discurso vem internalizado em práticas sociais;
• como se constroem e se reconstroem as práticas sociais, que incluem elementos não discursivos;
• como são representados os modos de agir e interagir;
• como as maneiras de ser, enquanto identidades dos agentes sociais, são inculcadas e materializadas 
nas ferramentas das instituições e organizações.
Fairclough (2003a) diz que a ADC, como método de análise, pode utilizar os métodos empregados 
em qualquer área da pesquisa na qual se estrutura. Essa proposta é amadurecida em Fairclough (2006), 
com a apresentação de uma nova versão da ADC, fundamentada na investigação da linguagem em uma 
perspectiva transdisciplinar, que consiste em utilizar métodos de outras teorias sociais para a abordagem 
da linguagem.
Em Fairclough (2003a), ficam evidentes os métodos de análise buscados em outras teorias, como a 
teoria social e a teoria dos atos de fala. Já em Fairclough (2006), o projeto de investigação proposto é 
dedicado à sistematização de um modelo de análise que envolve, de forma estrita, as pesquisas acerca 
da relação entre linguagem e globalização.
Para compreender essa relação, é necessário detalhar o que Fairclough (2006) desenvolve sobre as 
vozes da globalização. É importante compreender que separá-las é um recurso meramente metodológico, 
pois, para o autor, elas não estão totalmente separadas. A diferenciação que ele estabeleceu é uma 
generalização. Há muitas vozes diferentes na conversação sobre globalização. Essa divisão, porém, 
contribui para que se tenha em mente a questão “Quem está falando?”.
• Análises acadêmicas: vozes que apresentam características teóricas e analíticas. Seu propósito é 
produzir descrições, interpretações e teorias.
125
ANÁLISE DE DISCURSO CRÍTICA
• Agências governamentais: vozes que se constituem nos discursosde governos nacionais, líderes 
políticos e organizações que são parte do governo, como ministérios, comissões, governos locais 
e agências de governo internacionais.
• Organizações não governamentais: vozes que se constituem nos discursos de corporações 
empresariais, partidos políticos, instituições de caridade e grupos como o Greenpeace.
• Mídia: voz que veicula os discursos da imprensa, do rádio, da TV, da internet. Em termos gerais, 
engloba todas as entidades que contribuem para o papel social da mediação.
• Pessoas comuns: vozes que reproduzem experiências particulares em relação à globalização, 
como na interação face a face e na interação mediada.
O conjunto dessas vozes é o lugar em que se processam a globalização e a reconfiguração da 
linguagem. A voz da mídia é muito relevante para pesquisas na área da ADC, pois todas as outras vozes 
passam por ela.
 Resumo
Nesta unidade, extraímos da obra de Fairclough vários subsídios para 
analisar a linguagem na globalização, a fim de verificar a reconfiguração 
da linguagem neste momento histórico, considerando especificamente 
como o evento social é recontextualizado pela voz da mídia no campo 
linguístico online.
A abordagem da ADC e sua proposta de análise por meio das categorias 
analíticas apresentadas, bem como o diálogo que ela estabelece com a 
teoria social, particularmente com os estudos de Bourdieu e Wacquant, 
oferecem os elementos necessários para continuar a investigação que 
focaliza a pesquisa na perspectiva discursiva crítica.
126
Unidade III
 Exercícios
Questão 1. Leia os quadrinhos a seguir.
Figura 18 
Disponível em: https://bit.ly/3pdqG2K. Acesso em: 14 fev. 2021.
Com base na leitura e nos seus conhecimentos, avalie as afirmativas.
I – Nos quadrinhos, Susanita, amiga de Mafalda, assume, de fato, um discurso contrário às limitações 
da mulher no âmbito doméstico.
II – O discurso construído nos quadrinhos tem por objetivo contrapor-se à formação ideológica 
do feminismo.
III – Mesmo sem falar, a personagem Mafalda deixa claro seu posicionamento em relação às 
colocações de Susanita: sua reação passa da aprovação ao desapontamento.
É correto o que se afirma apenas em:
A) I.
B) II.
C) III.
D) II e III.
E) I e III.
Resposta correta: alternativa C.
127
ANÁLISE DE DISCURSO CRÍTICA
Análise da questão
Nos três primeiros quadrinhos, Susanita parece assumir um discurso de libertação das mulheres 
em relação ao mundo doméstico, mas isso se reverte no final, quando sua “revolução” seria apenas em 
relação à automação da máquina de tricô. Mafalda, de início, mostra concordar com a amiga, mas seu 
rosto expressa decepção no final. O discurso dos quadrinhos tem em Mafalda sua referência ideológica, 
criticando a posição conservadora de Susanita.
Questão 2. Leia o texto a seguir, extraído de um artigo de Norman Fairclough.
Na condição de ciência social crítica, a ADC tem objetivos emancipatórios e focaliza os chamados 
“perdedores” dentro de certas formas de vida social – os pobres, os excluídos socialmente, aqueles 
que estão sujeitos a relações opressivas de raça e sexo, e assim por diante. Mas isso não nos dá um 
conjunto de problemas sociais claramente definidos e incontroversos. Os assuntos problemáticos e que 
requerem mudança são inerentemente controversos e contestáveis, e a ADC estará inevitavelmente 
envolvida em debates e controvérsias sociais quando enfatizar certas características da vida social 
como problema. […]
A ADC é a análise das relações dialéticas entre semioses (inclusive a língua) e outros elementos das 
práticas sociais. Essa disciplina preocupa-se particularmente com as mudanças radicais na vida social 
contemporânea, no papel que a semiose tem dentro dos processos de mudança e nas relações entre 
semiose e outros elementos sociais dentro da rede de práticas. O papel da semiose nas práticas sociais, 
por sua vez, deve ser estabelecido por meio de análise. A semiose pode ser mais importante e aparente 
em determinada ou determinadas práticas do que em outras, e sua importância pode variar com o 
passar do tempo.
São três as maneiras de atuação da semiose. Primeiramente, atua como parte da atividade social 
inserida em uma prática. É parte do trabalho de um vendedor de loja, por exemplo, usar a língua de 
uma forma particular, e o mesmo acontece quando se governa um país. Em segundo lugar, a semiose 
atua nas representações. Os atores sociais, no curso de sua atividade, produzem não só representações 
das práticas em que estão inseridos (representações reflexivas) como de outras, recontextualizando-as 
[…] e incorporando-as às suas próprias. Além disso, os atores sociais irão produzir representações de 
modo distinto, dependendo da posição que eles ocupam dentro de suas práticas. A representação é um 
processo de construção social das práticas – incluindo a autoconstrução reflexiva, as representações 
adentram e modelam os processos e práticas sociais. Em terceiro lugar, a semiose atua no desempenho de 
posições particulares. As identidades de pessoas que operam em certas posições são apenas parcialmente 
determinadas pela prática em si. As pessoas de diferentes classes sociais, sexos, nacionalidades, etnias 
ou culturas, com experiências de vida diversas, produzem desempenhos distintos.
A semiose como parte da atividade social constitui gêneros discursivos. Os gêneros são as 
maneiras diversas de agir, de produzir a vida social semioticamente. São exemplos: a conversação 
cotidiana, as reuniões dos diversos tipos de organização, as entrevistas políticas e de outros tipos, e 
as críticas de livros. A semiose na representação e autorrepresentação de práticas sociais constitui 
os discursos, que são as várias representações da vida social. Os atores sociais posicionados 
128
Unidade III
diferentemente veem e representam a vida social de modo distinto, com discursos distintos. A vida 
de pessoas pobres, por exemplo, é representada nas práticas sociais do governo, da política, da 
medicina, da ciência social, e os diferentes discursos, inseridos nessas práticas, correspondem às 
diversas posições dos atores sociais.
FAIRCLOUGH, N. Análise crítica do discurso como método de pesquisa social científica. 
Linha d’Água, São Paulo, v. 25, n. 2, p. 307-329, 2012.
Com base na leitura e nos seus conhecimentos, avalie as afirmativas.
I – A ADC é polêmica e tem por objetivo criticar o discurso dos perdedores, que não sabem realizar 
práticas sociais com o desempenho adequado.
II – A preocupação da ADC é exclusivamente semiótica, com foco especial na língua utilizada pelos 
atores sociais pobres.
III – Os discursos são representações da vida social, e os atores sociais produzem representações de 
modo distinto, dependendo da sua posição.
É correto o que se afirma em:
A) I, II e III.
B) I e II, apenas.
C) II e III, apenas.
D) I e III, apenas.
E) III, apenas.
Resposta correta: alternativa E.
Análise das afirmativas
I – Afirmativa incorreta.
Justificativa: a ADC tem objetivos emancipatórios, ou seja, pretende analisar como se dá a dominação 
por meio dos discursos a fim de alterar a ordem estabelecida.
II – Afirmativa incorreta.
Justificativa: de acordo com o texto, a “ADC é a análise das relações dialéticas entre semioses 
(inclusive a língua) e outros elementos das práticas sociais”.
129
ANÁLISE DE DISCURSO CRÍTICA
III – Afirmativa correta.
Justificativa: segundo o texto, “os atores sociais irão produzir representações de modo distinto, 
dependendo da posição que eles ocupam dentro de suas práticas”.
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