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Autora: Profa. Sandra Cristina Fernandes Martins Colaboradores: Profa. Patrícia Scarabelli Prof. José Carlos Morilla Materiais de Acabamento e Construção Professora conteudista: Sandra Cristina Fernandes Martins Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1992), especialização em Segurança do Trabalho pela Unicamp (1994), mestrado em Engenharia Agrícola pela Unicamp (2002) e doutorado em Arquitetura e Urbanismo pelo IAU-EESC-USP (2011) na área de Arquitetura, Urbanismo e Tecnologia. Trabalhou em empresas fabricantes de revestimentos cerâmicos, como Portobello, Portinari Cecrisa e Pastilhas Jatobá, na área de especificações de produtos técnicos, como coordenadora de showroom e instrutora de treinamentos do mercado externo e interno. Hoje ministra aulas de Materiais da Construção I e II, entre outras, na graduação dos cursos de Design de Interiores e Arquitetura da Universidade Anhembi Morumbi, do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio e da Universidade Paulista (UNIP). Atua também como professora nos cursos de pós-graduação do Instituto de Tecnologia da UNIP, nas áreas de Projeto e Tecnologia. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) M486p Martins, Sandra Cristina Fernandes. Materiais de Acabamento e Construção. / Sandra Cristina Fernandes Martins. – São Paulo: Editora Sol, 2018. 288 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXIV, n. 2-116/18, ISSN 1517-9230. 1. Materiais estruturais. 2. Materiais de revestimento. 3. Materiais para fachadas. I. Título. CDU 624 U503.38 – 19 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Lucas Ricardi Ricardo Duarte Elaine Pires Sumário Materiais de Acabamento e Construção APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7 Unidade I 1 HISTÓRICO DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO E DECORAÇÃO ......................................................9 1.1 Noções básicas ...................................................................................................................................... 12 1.2 Propriedades dos materiais ............................................................................................................. 17 2 CRITÉRIOS PARA A ESCOLHA ENTRE OS MATERIAIS ....................................................................... 20 2.1 Normatização para os materiais de construção ...................................................................... 22 Unidade II 3 MATERIAIS ESTRUTURAIS: CONCRETO, AÇO E MADEIRA .............................................................. 29 3.1 Concreto como estrutura .................................................................................................................. 31 3.2 Metal como estrutura ......................................................................................................................... 36 3.3 Madeira como estrutura .................................................................................................................... 41 4 MATERIAIS PARA PAREDES E COBERTURAS ....................................................................................... 47 4.1 Materiais para paredes: vedação vertical, alvenaria e esquadria ..................................... 47 4.1.1 Parede de alvenaria de vedação ...................................................................................................... 49 4.1.2 Parede de alvenaria estrutural ou autoportante ....................................................................... 54 4.1.3 Parede de alvenaria de contraventamento .................................................................................. 56 4.1.4 Parede maciça ......................................................................................................................................... 56 4.1.5 Divisória ...................................................................................................................................................... 57 4.1.6 Painel ........................................................................................................................................................... 60 4.2 Materiais para paredes, divisórias e painéis .............................................................................. 61 4.3 Materiais para esquadrias ................................................................................................................. 70 4.4 Portas ........................................................................................................................................................ 72 4.5 Janelas ...................................................................................................................................................... 81 4.6 Materiais para esquadrias ................................................................................................................. 83 4.7 Materiais componentes da cobertura: estrutura e telha ..................................................... 91 Unidade III 5 MATERIAIS DE REVESTIMENTO ................................................................................................................116 5.1 Material natural ..................................................................................................................................122 5.1.1 Pedra ......................................................................................................................................................... 122 5.1.2 Madeira e bambu ................................................................................................................................. 132 5.1.3 Gesso ......................................................................................................................................................... 146 5.1.4 Couro ........................................................................................................................................................ 150 5.2 Material cerâmico ..............................................................................................................................151 5.2.1 Piso cimentício ...................................................................................................................................... 174 5.2.2 Vidro .......................................................................................................................................................... 179 5.2.3 Espelho ......................................................................................................................................................1915.3 Material metálico ..............................................................................................................................193 5.3.1 Alumínio .................................................................................................................................................. 195 5.3.2 Chapa de aço (aço, aço inox e aço corten) ............................................................................... 197 5.4 Material polimérico ...........................................................................................................................201 5.4.1 Piso vinílico ............................................................................................................................................ 203 5.4.2 Corian, Silestone, Marmoglass, Nanoglass ................................................................................ 204 5.4.3 Tinta ..........................................................................................................................................................207 5.4.4 Textura ....................................................................................................................................................... 211 5.4.5 Carpete ......................................................................................................................................................212 5.4.6 Policarbonato .........................................................................................................................................213 5.4.7 Papel de parede .....................................................................................................................................213 6 MATERIAIS PARA IMPERMEABILIZAÇÃO .............................................................................................214 Unidade IV 7 MATERIAIS PARA FACHADAS ...................................................................................................................228 7.1 Tipos de materiais e propriedades para as fachadas ...........................................................230 7.1.1 Argamassa, pedra natural, cerâmica e chapa metálicas ...................................................... 230 7.1.2 Fachada ventilada ................................................................................................................................ 232 8 NOÇÕES DE ORÇAMENTO E QUANTIFICAÇÃO DE MATERIAIS .....................................................234 8.1 Composição e paginação dos ambientes .................................................................................234 8.2 Memorial descritivo ...........................................................................................................................239 8.3 Quantificação de materiais ............................................................................................................244 8.4 Orçamento ............................................................................................................................................247 7 APRESENTAÇÃO Seja bem-vindo ao ambiente de estudo desta disciplina. O campo de atuação em design de interiores é vasto. Você, como profissional, poderá atuar na área de planejamento e gerenciamento de projetos de interiores residenciais e comerciais, em órgãos públicos, em ONGs e nas indústrias de materiais de construção e mobiliário, assim como em empresas de consultoria de construção. Esta disciplina proporciona ao aluno a oportunidade de conhecer os materiais de construção utilizados nas obras de construção civil e em obras como edificações residenciais e comerciais, lojas, consultórios, igrejas, templos e indústrias, assim como nas demais obras civis. A disciplina tem como objetivo permitir ao aluno: • conhecer os materiais usados como revestimento em piso, parede e forro, reconhecendo suas propriedades e características para especificação adequada; • avaliar as condições e características dos locais para a correta indicação dos acabamentos; • avaliar e determinar critérios para escolha e indicação dos materiais de acabamento; • conhecer normas e métodos de fabricação e aplicação de materiais para acabamento. Para desenvolver a criatividade e especificar materiais nos projetos de interiores temos que aumentar e estimular o seu repertório visual, ou seja, você deve estar em constante atualização de informações sobre os materiais de construção, sobre como utilizá-los adequadamente e principalmente sobre as características técnicas e estéticas de cada material. No decorrer do curso você estará apto a projetar, especificando materiais para reformar, construir ou redecorar e tornando ambientes confortáveis, funcionais, duráveis e com estilo. INTRODUÇÃO Pense que as edificações funcionam como um sistema da construção: todos os componentes estão conectados, principalmente os materiais de construção que fazem parte desse processo. A qualidade de um projeto não aparece somente na perspectiva desenhada pelo designer, mas também na boa especificação do material e na escolha da equipe de mão de obra, ou seja, o material humano: quem assenta, rejunta, corta, faz o polimento do material etc. Todo designer preza por uma qualidade impecável em suas obras, e todo detalhe é muito importante quando se fala na aplicação dos materiais de acabamento. Vários autores, como Azeredo (1987), Bauer (2000), Brown e Farrelly (2014), Petrucci (1998) e Ripper (1995), comentam que da qualidade dos materiais especificados (e aplicados na obra) irá 8 depender a durabilidade, a solidez, o custo e o acabamento da obra. Temos que pensar em três assuntos simultaneamente: o projeto, os materiais e a execução. Se um desses porventura vier a ter falhas, perder alguma característica ou tiver algum dano, poderemos comprometer o desempenho da edificação e ela vir a desabar. Devemos ainda acrescentar mais um item: pensar no material humano, no seu bem-estar e nos outros seres vivos (animais de estimação) que habitam o espaço. Precisamos pensar na integridade física das pessoas que vivem no ambiente, pois muitos acidentes podem ocorrer devido à má especificação de um material. Um caso em que ocorreu um acidente desse tipo foi o da boate Kiss, em janeiro de 2013. Outro exemplo ocorreu em março de 2018 com uma família de Osasco, que perdeu sua casa com três pavimentos, a qual desabou deixando outras duas famílias vizinhas sem casa. Imaginem essas famílias envolvidas, que não podem voltar para as suas casas. Diante dessas informações, existe a responsabilidade da escolha e da especificação de um material certo para o lugar certo. Em nossa disciplina você irá desenvolver habilidades como especificar, realizar o controle dos materiais para os serviços nas obras, orçar, conhecer a utilização dos materiais e aprender a lidar com algumas normas técnicas, familiarizando-se com a linguagem formal desse instrumento de normalização dos serviços na construção de obras. 9 MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO Unidade I 1 HISTÓRICO DOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO E DECORAÇÃO Para iniciar nossa atividade, vejamos um pouco da história dos materiais de construção. O homem primitivo utilizava os materiais da natureza assim como os encontrava; mais tarde, aprendeu a adaptar, moldar e trabalhar esses materiais segundo suas necessidades (PETRUCCI, 1999). Se na região onde se estabelecia havia pedras, suas construções eram de pedra: Figura 1 – Casa de pedra na cidade de Lagos, Portugal Onde havia madeira em abundância, trabalhava a madeira: Figura 2 – Casa em estrutura de madeira 10 Unidade I Na falta de outro material, o mais utilizado em algumas regiões era a própria terra, o barro, como na figura a seguir, que mostra uma parede de taipa: Figura 3 – Parede de taipa de pilão e sua fôrma Observação Taipa é uma técnica construtiva que comprime o barro com fôrmas de madeira ou com a mão. É conhecida como taipa de pilão ou taipa de mão e encontradaem prédios históricos. Vale a pena observar o quadro de evolução do uso de materiais pelo homem, de acordo com Pascoali (2008): Quadro 1 – Evolução do uso de materiais pelo homem Evolução histórica Ano Material Pré-história Idade da Pedra 25000 a.C. até 6500 a.C. Madeira Pedra lascada Pedra polida Proto-história Idade dos Metais 6500 a.C. até 1500 a.C. Cobre Estanho Bronze Ferro Cerâmica História Idade Antiga ou Antiguidade 4000 a.C. até 500 d.C. Vidro Idade Média 500 até 1500 Ligas metálicas Idade Moderna 1500 até 1800 Concreto Idade Contemporânea 1800 até os dias atuais Polímero Fonte: Pascoali (2008, p. 3). 11 MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO Com o passar do tempo o homem foi dominando o conhecimento a respeito dos materiais e seus processos. Na fabricação/construção de uma edificação os materiais devem apresentar desempenho suficiente para a sua aplicação; portanto, conhecer as propriedades, as características e os comportamentos é importante. Voltando para o ano de 1500 no Brasil. Nossos índios utilizavam em suas ocas e malocas os materiais encontrados na natureza, como palha, graveto de madeira e terra. Quando os colonizadores portugueses chegaram, apresentaram as técnicas construtivas com terra/barro, como o adobe, o tijolo de terra crua, a taipa de pilão e a taipa de mão. Isso mudou a maneira de construir e, consequentemente, a escolha dos materiais. Dados históricos mostram que, com a vinda da família real para o Rio de Janeiro, em 1808, mudanças profundas na área da construção civil aconteceram. Os portugueses que acabavam de chegar ao País tinham conforto e materiais diferentes em sua terra. O clima quente fez com que as habitações tivessem mais aberturas e se utilizasse uma organização espacial, um layout, diferente. Na realidade, o intuito era reproduzir os padrões de decoração da corte portuguesa. Nessa época, D. João impulsionou a construção, trazendo novos materiais, mobiliário, tapetes e acessórios da Europa. Nesse período, muitos materiais, como o vidro, só estavam presentes no Brasil porque eram importados. Seu uso restrigia-se aos casarões dos barões do café, às fazendas e aos palacetes das cidades. Saiba mais Leia as obras a seguir: LEMOS, C. A. C. História da casa brasileira. São Paulo: Contexto, 1989. (Coleção Repensando a História). VERISSIMO, F. S.; BITTAR, W. S. M. 500 anos da casa no Brasil: as transformações da arquitetura e da utilização do espaço de moradia. Rio de Janeiro: Ediouro, 1999. Brown e Farrelly (2014) relatam que, após a Revolução Industrial, os processos de fabricação se tornaram cada vez mais mecanizados. Durante esse período, o padrão de vida aumentou e o consumidor de classe média passou a ter renda para investir na sua casa, seguindo as tendências da moda e, muitas vezes, imitando o estilo das classes sociais superiores. Deu-se início à era do consumismo. Independentemente da cultura, da questão do século e do meio em que vivemos, o homem, em geral, sempre quis tornar o seu ambiente confortável e aconchegante. Ele organiza e seleciona os seus materiais para diferentes contextos, cria atmosferas e imagina significados diversos para os ambientes. 12 Unidade I Com o processo evolutivo e conhecimentos ampliados, o homem passou a exigir materiais mais resistentes, com maior durabilidade e melhor aparência visual e estética, sempre à procura do equilíbrio e da beleza. Sem dúvida, após a Revolução Industrial, o avanço tecnológico mais significativo foi a produção do material plástico, o baquelite. Esse era o material do nosso primeiro telefone e dos cabos de panela. As guerras impulsionaram o desenvolvimento das indústrias, que evoluíram com pesquisas de materiais de tecnologia avançada, como a moldagem dos plásticos e as madeiras prensadas e coladas, o que entendemos hoje como MDF e MDP. Isso impulsionou a indústria de móveis na produção de cadeiras e outros materiais (BROWN; FARRELLY, 2014). Saiba mais Por falar em mobiliário, vale a pena destacar o arquiteto e designer Sérgio Bernardes, que desenhou várias cadeiras em madeira. Acesse o site a seguir e verifique as criações dele: SÉRGIO Bernardes. Dpot, [s.d.]. Disponível em: <http://dpot.com.br/ sergio-bernardes.html>. Acesso em: 26 jul. 2018. Já no século XXI, presenciamos projetos inspirados em fontes multiculturais. Estamos na era globalizada e num simples apertar de um botão temos acesso a informações antes inexistentes. Existe a preocupação em construir com materiais mais sustentáveis e verificar quais os impactos que a construção e os materiais envolvidos podem causar no futuro. Tecnologias digitais e programas de computação inteligentes são acessados para reduzir e controlar os materiais nas obras. Saiba mais A leitura do livro a seguir pode propiciar uma ampliação sobre o conceito de sustentabilidade: BOFF, L. Sustentabilidade: o que é – o que não é. Petrópolis: Vozes, 2016. 1.1 Noções básicas Quando pensamos em materiais de construção, logo nos vêm à cabeça materiais como areia, cimento, pregos, esquadrias de janela em madeira, papel de parede e tinta. Tudo isso configura material de construção que encontramos nas obras, mas existe a separação entre materiais básicos de construção e materiais de acabamento. 13 MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO Os materiais básicos estão presentes no início das obras, nas fases de construção da fundação, alvenaria e instalações prediais, e os de acabamento aparecem na fase final, quando colocamos pisos, forros, esquadrias, louças, metais sanitários, pintura e armários. Pode-se perceber que a gama de materiais é muito ampla na construção civil na fase de acabamento, e uma das questões importantes é a variação de preço/custo que o material de acabamento pode sofrer, segundo a sua aparência e as diferentes marcas do mercado. Um mesmo produto para ser aplicado no piso, como um porcelanato, vai variar segundo sua estética, seu acabamento, seu preço e, principalmente, sua marca. Diante disso, o custo de acordo com a seleção do material irá alterar o cronograma financeiro da obra. Será importante estudar os materiais de acabamento, pois para o design começar uma reforma ou decoração nova é necessário levar em consideração a classificação e as propriedades dos materiais de construção. Sendo assim, os materiais serão classificados de acordo com sua natureza, utilização e origem: • Natureza: naturais, artificiais, compósitos. • Utilização: de vedação, de proteção, estruturais. • Origem: minerais, pétreos, metálicos, cerâmicos etc. Uma classificação muito comum é a baseada na composição dos materiais, de acordo com Bauer (2000) e Petrucci (1998). Esses autores explicam que os materiais podem ser classificados como naturais, cerâmicos, metálicos, poliméricos (plásticos) e compósitos. Os últimos resultam da mistura de pelo menos dois materiais, de modo a obter um novo material com características e propriedades distintas. Existem ainda classificações segundo a função do material e também o tipo de ligação química. As ligações químicas são estudos específicos das ciências de materiais dos cursos de Engenharia, que não abordaremos aqui. Mas o que são os materiais naturais, cerâmicos, metálicos, poliméricos e compósitos? Entendemos por materiais naturais as pedras (granitos, mármores, pedra mineira etc.), as madeiras (jatobá, cedro, angelim, teca etc.) e as borrachas. Na figura a seguir, observamos o ambiente de um banheiro de restaurante em que estão aplicados materiais naturais: a bancada do lavatório em madeira e a cuba esculpida em pedra. 14 Unidade I Figura 4 – Ambiente com materiais naturais, metálicos e cerâmicos em um restaurante em Cartagena Já os materiais cerâmicos aparecem como telhas, tijolos, revestimentos, vidro, louças, louças sanitárias etc.). Ainda na figura anterior, observamos material cerâmico, como o vidro/espelho, e materiais metálicos, como as torneiras. Na figura a seguir, apresentamos a recepção de um hotel,na qual observamos material metálico, como a estrutura da escada, o suporte do guarda-corpo e o corrimão em aço inox, material compósito, como o piso vinílico, e material cerâmico, como o vidro do guarda-corpo e a luminária. Figura 5 – Materiais compósitos, metálicos e cerâmicos na recepção de um hotel Os materiais metálicos podem estar dentro do concreto armado como material básico (barras de aço) e também como a estrutura que sustenta o edifício (pilares, vigas e lajes em aço). Podem ainda aparecer como grelhas metálicas, guarda-corpos, portões, esquadrias (portas e janelas em alumínio e ferro), objetos de decoração, entre outros. 15 MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO Conforme visto na figura a seguir, aparecem como estrutura de cobertura do Parque Millennium – por exemplo, no guarda-corpo e no gradil – e ainda como material de revestimento para fachadas de edifícios: Figura 6 – Estrutura do Parque Millennium, em Chicago Já na figura a seguir, aparecem como uma grelha, que apresenta um desenho diferente para escoamento da água da chuva em uma calçada: Figura 7 – Grelha metálica e piso nas calçadas de Lagos, Portugal Os materiais compósitos são materiais fabricados pela junção de dois ou mais elementos. Eles aparecem nas obras como fibras de vidro, banheiras, cubas, cadeiras, objetos de decoração, caixas d’água, piscinas e telhas ecológicas (mistura de caixas de leite Tetra Pak com resinas) e também em produtos em pedra sintética (pó de pedras com resinas prensadas, em marcas como Silestone, Corian e Marmoglass). 16 Unidade I Os poliméricos, que são os plásticos, podem aparecer como esquadrias, portas e janelas de PVC, tintas e vernizes, pisos vinílicos, papéis de parede, tubulações hidráulicas para água e esgoto, instalações elétricas, fios, cabos com isolamento, componentes terminais da instalação (caixas, espelhos, tomadas), instalações telefônicas, puxadores, coberturas acrílicas, telhas, forros, entre outros. Na figura a seguir encontramos materiais cerâmicos, como luminárias e vasos decorativos, copos e taças de vidro, material natural, como a madeira do tampo da mesa e dos armários presentes no salão do restaurante, material metálico, como a estrutura das cadeiras, e materiais poliméricos, como o encosto da cadeira. Figura 8 – Materiais naturais: tampo das mesas, madeiras; materiais metálicos: estrutura das cadeiras; e materiais poliméricos: encosto da cadeira, em um restaurante em Cartagena Exemplo de aplicação Os materiais naturais, cerâmicos, metálicos e poliméricos podem ser utilizados simultaneamente num projeto de interiores. Constata-se que a indústria da construção civil tem gerado impacto ambiental e nem sempre se pensa no descarte dos resíduos desses materiais. Reflita a respeito da origem dos materiais, sua durabilidade e seu descarte. Reis e Moreira (2008) mostram no quadro a seguir os critérios, as designações e alguns exemplos da classificação dos materiais. 17 MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO Quadro 2 – Critérios de classificação dos materiais Critério de classificação Designação Descrição Exemplos Relativamente à aplicação Materiais estruturais Materiais que constituem os elementos resistentes de uma construção Concreto, aço, pedra, madeira Materiais de enchimento Materiais que ocupam o espaço entre os elementos estruturais Tijolo cerâmico, bloco de concreto, concreto Materiais de revestimento Materiais que revestem os materiais estruturais e os materiais de enchimento Argamassas, tintas, gesso, painéis de gesso e madeira, cerâmicas, pastilhas de porcelana Materiais de isolamento térmico Materiais utilizados para melhorar o desempenho térmico dos edifícios. Poliestireno/plásticos, cortiças, madeira Materiais de isolamento acústico Materiais utilizados para melhorar o desempenho acústico dos edifícios Cortiça, painéis de madeira Materiais impermeabilizantes Materiais utilizados para impermeabilizar elementos de construção Betumes, silicones Relativamente à origem Naturais De origem vegetal Madeira e borracha De origem mineral Pedras naturais e areia Artificiais Provenientes de compostos químicos Plásticos, tintas, colas Provenientes de metais Ligas metálicas: aço Provenientes de produtos naturais Gesso e materiais cerâmicos Relativamente à natureza Materiais metálicos Materiais extraídos de minérios e depois transformados por complexos processos metalúrgicos Ferrosos: aço e ferro fundido Não ferrosos de elevada densidade: níquel, cobalto e chumbo Não ferrosos de baixa densidade: alumínio Materiais cerâmicos ou inorgânicos não metálicos Substâncias inorgânicas formadas por ligações iônicas e/ou covalentes Tijolo, azulejo Materiais poliméricos Substâncias orgânicas de estrutura complexa, parcialmente cristalina e parcialmente amorfa, predominando a ligação covalente Plástico, PVC, polipropileno Fonte: Reis e Moreira (2008, p. 1). Esse quadro apresenta um panorama geral da classificação e dos tipos de materiais existentes, com exemplos. Vamos agora discorrer sobre as propriedades dos materiais. 1.2 Propriedades dos materiais Um determinado material é conhecido e identificado por suas propriedades e por seu comportamento perante agentes exteriores. Segundo Brown e Farrelly (2014), o designer precisa identificar se o material é durável ou frágil, se é acusticamente absorvente ou ressonante. Ele pode também adotar um método de classificação e organização que corresponda às definições científicas dos materiais. Isso quer dizer, por exemplo, que o material madeira pode servir a diversas funções – pode ser especificado como madeira para estrutura, acabamento de piso, revestimento de parede ou até como a própria estrutura da edificação, a cobertura e o forro. 18 Unidade I As autoras apresentam as seguintes propriedades: funcionais, relativas, sensoriais, ambientais e subjetivas. As propriedades funcionais dizem respeito ao que o designer deve ter em mente ao projetar uma exposição temporária ou uma mostra itinerante ou desmontável; os materiais escolhidos serão diferentes daqueles aplicados a um contexto permanente. Nesse caso não existirá preocupação com a durabilidade, mas com outras características, funcionais e estéticas. Ao projetar um ambiente mais permanente, como um hospital e/ou uma clínica, temos que ter em mente durabilidade, higiene, facilidade de limpeza, impermeabilidade e resistência ao fogo. As autoras ainda comentam que precisamos conhecer as propriedades dos materiais e olhar para eles com criatividade, analisando-os de modo crítico, a fim de descobrir novas possibilidades de uso. Os materiais podem ser classificados e arquivados de acordo com suas propriedades mecânicas, que o arquiteto irá avaliar ao considerar a função prevista para o material; por exemplo: Resistência: os materiais podem ser classificados como resistentes ou frágeis, de acordo com sua capacidade de resistir a esforços; Rigidez: os materiais podem ser rígidos ou flexíveis, conforme sua deformação elástica provocada por um esforço; Plasticidade: se um material é plástico à tração, ele é chamado de dúctil; se é plástico à compressão, é chamado de maleável; Fragilidade: um material pode ser resistente ou frágil, isso depende de quanta energia ele absorve antes de fraturar; Dureza: um material pode ser classificado como duro ou macio, conforme sua capacidade de resistir à denteação superficial (arranhões e amassos) (BROWN; FARRELLY, 2014, p. 141). Bauer (2000) comenta que as qualidades exteriores que caracterizam e distinguem as propriedades de um corpo podem variar de material para material. Ele elenca as seguintes propriedades: • Durabilidade: capacidade que o material tem de permanecer inalterado com o tempo. • Dureza: consiste em resistir aos impactos e não mostrar isso na superfície. • Desgaste: é a perda de qualidades ou de dimensões com o uso contínuo (por exemplo, escadas de mármore de igrejas antigas, nas quaisocorre o desgaste da pedra com o uso). • Tenacidade: capacidade de o material absorver impactos. Exemplos: panela caindo no piso ou martelo batendo na parede. • Elasticidade: é quando um material sofre deformação e volta ao seu estado normal, à sua forma primitiva. • Plasticidade ou maleabilidade: é a capacidade de o material se afinar, mudar de forma, sem se romper e sem voltar a seu estado normal. • Porosidade: se refere a quanto de água pode ser absorvido pelo material (por exemplo, a pedra mineira absorve a água e pode quebrar com facilidade). 19 MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO Hagemann (2012, p. 17) comenta sobre os esforços mecânicos: [...] materiais de construção estão constantemente submetidos a solicitações de cargas, peso próprio, ação do vento etc., que chamamos de esforços. São eles: Compressão: esforço aplicado na mesma direção e sentido contrário que leva a um encurtamento do objeto na direção em que está aplicado. Tração: esforço aplicado na mesma direção e sentido contrário que leva o objeto a sofrer um alongamento na direção em que o esforço é aplicado. Flexão: esforço que provoca uma deformação na direção perpendicular à qual é aplicado. Torção: esforço aplicado no sentido da rotação do material. Cisalhamento: esforço que provoca a ruptura por cisalhamento/corte. Os tipos de esforços aos quais um material está sujeito são apresentados na figura a seguir. Como vimos, a tração provoca um alongamento no eixo. Já a compressão provoca uma redução no comprimento dele. O cisalhamento é o resultado da ação de forças cortantes. Na torção existe uma rotação em torno de seu eixo. Já na flexão o material é apoiado em dois pontos e nele é praticada uma força perpendicular ao seu eixo; este não suporta a carga, deixando de ser reto e ficando curvo. F F F F FFF F Cisalhamento Flexão Tração Torção Compressão Figura 9 – Tipos de esforços aos quais um material está sujeito Saiba mais Podemos encontrar no site do professor Yopanan Rebello mais estudos sobre as características dos materiais e seus comportamentos. Acesse: <www.ycon.com.br>. 20 Unidade I 2 CRITÉRIOS PARA A ESCOLHA ENTRE OS MATERIAIS A escolha de um material pode interferir e influenciar a maneira como os usuários, nossos clientes, percebem o ambiente. De acordo Van Lengen (2004), uma casa tem três funções básicas quanto às condições de abrigo: • proteção do sol e da chuva; • proteção da umidade do solo; • proteção do vento. Paredes Piso Teto Em outras palavras necessitamos de: 1 2 3 Figura 10 – Funções básicas do abrigo Como Lengen (2004) comenta e é observado na figura anterior, necessitamos de um teto, um piso e paredes para podermos nos abrigar. Muitos problemas de manutenção podem aparecer, como infiltrações de água, insetos, calor e frio excessivo. Proteger é uma das características que os materiais possuem. Aí surgem as perguntas: Por que especificar materiais de acabamento? Para proteger? Para embelezar? Para garantir durabilidade? Podemos responder que sim e muito mais! Para proteger a vedação (tijolo, painel, chapa etc.) e auxiliá-la a cumprir funções como estanqueidade ao ar e à água, proteção térmica (frio ou calor) e acústica (som, ruído), segurança contra a ação do fogo e de invasores e proteção da estrutura (cimento, madeira, aço). Para proteger as edificações e suas estruturas é necessário revestir as superfícies dos pisos, paredes, tetos e fachadas (paredes externas) com materiais específicos. 21 MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO Essas especificações estão descritas num texto chamado memorial descritivo ou num caderno de especificações técnicas. Elas deverão conter todas as informações do material, sem abreviações. Temos que usar da maior exatidão possível, pois o simples esquecimento de uma letra ou código pode mudar o tipo de produto recebido durante a compra. Imagine a dor de cabeça ao receber um produto que não serve para o ambiente e o uso desejado. Isso altera o seu cronograma de obra e pode atrasar a entrega para o cliente. Portanto, cite todos os dados técnicos do material no texto e nos desenhos que serão encaminhados para a obra e, às vezes, para o departamento de compras das empresas envolvidas na construção. Procure não esquecer nenhum material! Normalmente, o profissional envolvido com o projeto pode esquecer de especificar interruptores de luz e energia (tomadas), ferragens (como maçanetas e dobradiças) e rodapé (material que fornece acabamento entre o piso e a parede), entre outros materiais de menor custo ou volume de compra. Por mais que pareça evidente para você a especificação, não se esqueça: quem vai comprar às vezes não conhece o produto e pode agir de má-fé. Lembre-se da questão ética! Observação O memorial é um documento que descreve todos os materiais envolvidos na construção. O designer também insere nele mobiliário, objetos de decoração, entre outros equipamentos. Cuidado: nem sempre a melhor marca disponível na sua região será a melhor especificação técnica. Mantenha-se atualizado e visite showrooms de fábricas e feiras de materiais, pois nelas você poderá se atualizar sobre os materiais lançados no mercado. Citamos feiras como a Expo Revestir e a Feicon, que ocorrem uma vez por ano na cidade de São Paulo, além de feiras de design como a Paralela Gift, a Glass South America, a High Design – Home & Office Expo, a Móvel Brasil e a Craft Design, todas em São Paulo. Ainda existem as internacionais, como a Feira de Milão, na Itália, o Festival Internacional de Design DMY, em Berlim, na Alemanha, a feira Coverings, em Atlanta, a Miami Home Design and Remodeling Show, em Miami, e a Feira Internacional do Mobiliário Contemporâneo, em Nova York, nos Estados Unidos. Que critérios você usaria na especificação de um material? Muitos autores comentam que alguns critérios norteiam as especificações, tais como: • Local e condição climática: refere-se ao lugar onde será aplicado. Temos que pensar se é ambiente interno ou externo, se é dentro ou fora da edificação, se chove muito na região, a que temperatura o material será exposto. • Disponibilidade do material na região: consiste em verificar se o material está disponível na região, pensando na sustentabilidade e na questão de custos. Caso o material esteja fora da cidade, verifique sua logística, prazo de entrega e tempo de chegada à obra. 22 Unidade I • Estética, acabamento e conforto: refere-se ao aspecto do material colocado, sua textura e coloração e sua dimensão, se será o material simples ou combinado com outros, gerando equilíbrio e beleza na obra. • Higiene, assepsia: visa à saúde e ao bem-estar do usuário-cliente, assim como à facilidade de limpeza, manutenção, restauração e reparo, principalmente na área da Saúde, em consultórios, clínicas e hospitais (verifique com a Anvisa e a Vigilância Sanitária da cidade). • Durabilidade: implica estabilidade e resistência a agentes físicos, químicos e biológicos (luz, calor, ruído, umidade, insetos, micro-organismos, fungos do rejunte) e vida útil do produto (quanto tempo foi feito para durar). Lembre-se de que o material também tem prazo de validade. • Segurança de utilização e conforto: significa pensar no grau necessário de resistência ao fogo e na durabilidade. • Condições financeiras: definem o padrão da edificação e até o seu valor econômico, além da facilidade de aquisição e emprego do material, obtenção e transporte, e manipulação e conservação. O cliente deve estar de acordo com os materiais especificados pelo designer e com o orçamento previsto. Um material será mais econômico que outro quando, em igualdade de condições de resistência, durabilidade, estabilidade e estética, tiver preço inferior de assentamento na obra, ou quando, em igualdade de preço, apresentar maior resistência, durabilidade, estabilidade e beleza. Cabe ao profissional da área de design, entre as opções possíveis, escolher as que melhor atendam a essas condições (BUENO, 2015).Lembrete Ao tratar da especificação de materiais, devemos ter em mente critérios de durabilidade. Todo sistema tem, de acordo com a NBR 15575 (ABNT, 2013b), um prazo de vida útil. 2.1 Normatização para os materiais de construção Norma, de acordo com o Dicionário Aurélio (HOLLANDA, 2004), quer dizer padrão, regra que fixa um tipo de objeto, procedimento, receita a ser seguida, um passo a passo. Antigamente, não havia unidades de medida, e o homem precisou buscar referências para a padronização das construções. Essas referências de medidas são o quilômetro (km), o metro (m), o centímetro (cm) e o milímetro (mm). Para o peso, são a tonelada (ton), o quilo (kg), o grama (gr) etc. Essas são unidades muito conhecidas na construção, mas você já deve ter visto e ouvido falar também de libras e polegadas, unidades utilizadas em outros países. No passado, os reis utilizavam a medida do seu próprio polegar para padronizar as construções dos castelos. 23 MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO Hoje, com um mundo globalizado, muitos países possuem associações que produzem normas para a construção, como a inglesa BS (British Standard), a alemã DIN (Deutsches Institut für Normung, ou Instituto Alemão para Normatização), a americana ASTM (American Society for Testing and Materials, ou Sociedade Americana de Testes e Materiais) e, aqui no Brasil, a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). A ABNT recomenda e acaba seguindo as normas alemãs na ausência de uma norma específica. As normas podem regulamentar e fornecer procedimentos para viabilidade, contratação, gestão, produção, confecção, controle tecnológico, execução de serviços e manutenção das construções, desde os materiais básicos até alguns materiais de acabamento. Com o progresso do País, o mercado da construção civil cresceu muito rápido, e muitos materiais de construção estavam chegando nas obras com problemas. Os clientes passaram a reclamar da qualidade e durabilidade dos materiais. Sendo assim, a ABNT passou a ditar regras e controlar os materiais para a construção civil, estabelecendo critérios específicos. Existe uma infinidade de normas de controle sobre os materiais de construção; muitas definem procedimentos através de ensaios técnicos que visam ao aumento da durabilidade e do desempenho, garantindo que todos tenham o mesmo produto com o mesmo padrão. Existem normas de materiais de vedação (alvenaria, gesso acartonado ou drywall, divisórias) e também normas de paredes e pisos (pedras naturais, placas cerâmicas, gesso, tintas, madeira, materiais vinílicos, melamínicos, linóleos, pisos elevados, forro, cimento, argamassas, cal, caixilhos, portas, vidro, impermeabilização, entre outros materiais). Não podemos deixar de comentar sobre a existência da Lei nº 13.369 (BRASIL, 2016), que regulamenta a profissão do designer de interiores. Ela foi uma conquista para todos os profissionais, pois estabelece as competências necessárias e fixa princípios que deveremos observar para atuar na profissão. Veja uma parte da lei: Art. 4° Compete ao designer de interiores e ambientes: I - estudar, planejar e projetar ambientes internos existentes ou pré-configurados conforme os objetivos e as necessidades do cliente ou usuário, planejando e projetando o uso e a ocupação dos espaços de modo a otimizar o conforto, a estética, a saúde e a segurança de acordo com as normas técnicas de acessibilidade, de ergonomia e de conforto luminoso, térmico e acústico devidamente homologadas pelos órgãos competentes; II - elaborar plantas, cortes, elevações, perspectivas e detalhamento de elementos não estruturais de espaços ou ambientes internos e ambientes externos contíguos aos interiores, desde que na especificidade do projeto de interiores; III - planejar ambientes internos, permanentes ou não, inclusive especificando equipamento mobiliário, acessórios e materiais e providenciando orçamentos e instruções de instalação, respeitados os projetos elaborados e o direito autoral dos responsáveis técnicos habilitados; IV - compatibilizar os seus projetos com as exigências legais e regulamentares relacionadas a segurança contra incêndio, saúde e meio ambiente; V - selecionar e especificar cores, revestimentos e acabamentos; 24 Unidade I VI - criar, desenhar e detalhar móveis e outros elementos de decoração e ambientação; VII - assessorar nas compras e na contratação de pessoal, podendo responsabilizar-se diretamente por tais funções, inclusive no gerenciamento das obras afetas ao projeto de interiores e na fiscalização de cronogramas e fluxos de caixa, mediante prévio ajuste com o usuário dos serviços, assegurado a este o pleno direito à prestação de contas e a intervir para garantir a sua vontade; VIII - propor interferências em espaços existentes ou pré-configurados, internos e externos contíguos aos interiores, desde que na especificidade do projeto de interiores, mediante aprovação e execução por profissional habilitado na forma da lei; IX - prestar consultoria técnica em design de interiores; X - desempenhar cargos e funções em entidades públicas e privadas relacionadas ao design de interiores; XI - exercer o ensino e desenvolver pesquisas, experimentações e ensaios relativamente ao design de interiores; XII - observar e estudar permanentemente o comportamento humano quanto ao uso dos espaços internos e preservar os aspectos sociais, culturais, estéticos e artísticos. Parágrafo único. Atividades que visem a alterações nos elementos estruturais devem ser aprovadas e executadas por profissionais capacitados e autorizados na forma da lei. Contudo, deve-se deixar claro que não poderemos interferir, quebrar ou substituir a parte estrutural de uma edificação sem o aval de um engenheiro ou arquiteto. Saiba mais Conheça a Lei nº 13.369. Ela garante o exercício da profissão de designer de interiores e está disponível em: BRASIL. Lei nº 13.369, de 12 de dezembro de 2016. Dispõe sobre a garantia do exercício da profissão de designer de interiores e ambientes e dá outras providências. Brasília, 2016. Disponível em: <http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/Lei/L13369.htm>. Acesso em: 27 jul. 2018. Existem também normas específicas para a reforma, como a NBR 16280 e a NBR 15575. Já a norma de desempenho está dividida em seis partes: requisitos gerais da obra, sistema estrutural, pisos, cobertura (telhado), vedação (paredes, painéis) e sistema hidrossanitário. Ela é importante porque estabelece critérios de segurança (desempenho estrutural, segurança contra incêndio, segurança no uso e operação), habitabilidade (estanqueidade, desempenho térmico, acústico e lumínico, saúde e higiene, funcionalidade e acessibilidade, conforto tátil e qualidade do ar) e sustentabilidade (durabilidade, manutenção e adequação ambiental), proporcionando segurança, conforto e resistência para a edificação construída. Descreve também a vida útil de todo o sistema. 25 MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO Saiba mais As normas NBR 16280 e NBR 15575 são importantes para sua vida profissional. Leia: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 16280: reforma em edificação, sistema de gestão de reformas: requisitos. Rio de Janeiro, 2015c. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 15575: edificações habitacionais: desempenho. Rio de Janeiro, 2013b. O livro a seguir também pode contribuir para os seus estudos: CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO (CBIC). Desempenho de edificaçoes habitacionais: guia orientativo para atendimento à Norma ABNT NBR 15575. 2. ed. Fortaleza: Gadioli Cipolla Comunicação, 2013. Disponível em: <https://www.cbic.org.br/arquivos/ guia_livro/Guia_CBIC_Norma_Desempenho_2_edicao.pdf>. Acesso em: 27 jul. 2018. Os materiais precisam ter qualidade e durabilidade para que numa futura manutenção não se transformem em problemas que possam comprometer o imóvel ou até mesmo a edificação inteira, a qual pode chegar a ruir e a machucar pessoas. Asedificações estão sujeitas às ações de chuva, sol, poeira, exigências dos usuários (adultos, crianças e animais), produtos de limpeza, veículos, ruídos, calor (como fogão e forno) etc. Para que essas ações não comprometam a segurança, a estabilidade e a solidez da construção, é necessária a identificação dos riscos previsíveis na época do projeto, devendo o incorporador, o projetista e o construtor ser responsáveis pelo prazo de vida útil previsto para a edificação e pelos cuidados na operação e na manutenção. Cabe aos usuários, moradores e nossos clientes utilizar de forma correta a edificação, não realizando alterações de uso, substituições e modificações no projeto, além de registrar as manutenções preventivas de acordo com o manual de uso, operação e manutenção do imóvel presente nas normas NBR 5674 e NBR 14037, versão corrigida de 2014. O usuário não deve realizar, sem prévia autorização da construtora e/ou do poder público, alterações na sua destinação (uso), nas cargas ou nas solicitações previstas nos projetos originais. Sempre que precisar pensar em estruturas, criar novas aberturas durante a reforma ou adicionar um ambiente a mais na edificação, contate um arquiteto ou um engenheiro para verificar se não haverá problemas estruturais. 26 Unidade I Saiba mais Para aquisição de normas técnicas, acesse o site: <www.abnt.org.br>. Você também pode consultar, nas bibliotecas da UNIP, livros sobre normas comentadas. Resumo Nesta unidade apontamos os meios de atuação do designer. Destacamos as características dos materiais de construção, que estão divididos em materiais básicos e de acabamento, e explicamos que podemos classificá-los de acordo com a sua natureza, origem e, principalmente, sua utilização. Apresentamos também algumas propriedades dos materiais e os esforços aos quais são submetidos: tração, flexão, cisalhamento, torção e compressão. Foi explicado que a especificação do material irá depender de vários critérios, como local onde será inserido, disponibilidade na região, durabilidade, segurança, conforto, estética, higiene e custo/preço. O custo e a escolha do material poderão causar impacto no cronograma físico e financeiro da obra, e o tempo é outra questão a ser pensada. Muitos materiais de acabamento têm a mesma função, porém preços muito diferentes. Por isso, pesquise sempre o preço e a sua marca de confiança. Por fim, vimos que existe uma infinidade de normas sobre os materiais. A norma NBR 15575 é importante porque estabelece critérios de segurança, entre outros, e expõe a vida útil dos sistemas construtivos, mencionando o prazo de validade de cada um deles em seus anexos. É prudente consultar a norma NBR 16280 antes de reformar. Deve-se levar em consideração e enfatizar a responsabilidade do designer ao especificar materiais para os espaços, de modo que não comprometa a integridade da construção nem o conforto e a saúde dos usuários. 27 MATERIAIS DE ACABAMENTO E CONSTRUÇÃO Exercícios Questão 1. A figura a seguir apresenta a viga de uma construção submetida a um esforço que muda a forma de seu eixo. O eixo, que inicialmente era reto, passou a ficar curvo. Figura 11 Com relação ao esforço que atua na viga, é correto afirmar que ele é um esforço de: A) Tração. B) Compressão. C) Cisalhamento. D) Flexão. E) Torção. Resposta correta: alternativa D. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: não pode ser tração, pois a tração provoca um alongamento no eixo. 28 Unidade I B) Alternativa incorreta. Justificativa: não pode ser compressão, pois a compressão provoca uma redução no comprimento do eixo. C) Alternativa incorreta. Justificativa: o cisalhamento é o resultado da ação de forças cortantes. D) Alternativa correta. Justificativa: na flexão, quando o material é apoiado em dois pontos e nele é aplicada uma força perpendicular ao seu eixo, o eixo deixa de ser reto e fica curvo. E) Alternativa incorreta. Justificativa: na torção existe uma rotação da viga em torno de seu eixo. Questão 2. De acordo com Gurgel (2005), o tijolo à vista proporciona um ambiente mais aconchegante, descontraído e informal e acrescenta textura. Quando utilizado em um ambiente externo, o tijolo à vista deverá: A) Ser mantido in natura para não perder a textura. B) Ser cozido em forno a 100 ºC para vitrificação e com isso adquirir propriedades de resistência à transmissão de calor. C) Ser impermeabilizado ou pintado para evitar umidade e bolor. D) Ser revestido com pastilha para evitar a penetração de umidade. E) Ser colado com uma camada de gesso para evitar a transmissão de calor e umidade. Resolução desta questão na plataforma.
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