Buscar

Odontologia Legal II

Prévia do material em texto

Odontologia Legal II 
1. Identificação e identidade 
Identidade: Conjunto de características físicas, funcionais ou psiquicas, que 
individualizam determinada pessoa 
Identificação: Processo pelo qual se determina a identidade de uma pessoa; métodos 
primários: papiloscopia, odontologia legal, DNA 
Reconhecimento: Estabelecimento da identidade, é feito de forma empírica sem o 
emprego de processos especializados; métodos secundários: descrição da pessoa, 
tatuagens e piercings, vestes e pertences, histórico da pessoa 
 Métodos de identificação: 
1. Unicidade: único para cada individuo 
2. Imutabilidade: a característica não muda com o tempo 
3. Perenidade: a característica resiste por toda a vida, até pós morte 
4. Classificabilidade: obedece a uma classificação 
5. Praticabilidade: aplicável no dia a dia pericial 
 
2. Datiloscopia 
Processo de identificação humana por meio de impressões digitais 
 Sistema Vucetich: compreende a identificação utilizando as impressões de todos 
os dedos de ambas as mãos 
1. Delta: confluência das linhas 
 Padrão das impressões 
1. Verticilo: dois deltas 
2. Presilha interna: delta à direita do observador 
3. Presilha externa: delta à esquerda do observador 
4. Arco: ausência de delta 
 
 Fórmula dactiloscópica 
Fórmula empregada para arquivamento dos achados obtidos a partir da tomada e 
classificação das impressões digitais de um indivíduo 
Dedos da mão direita: série 
Dedos da mão esquerda: secção 
 
 Representação: 
Verticilo v 4 
Presilha externa e 3 
Presilha interna i 2 
Arco a 1 
Dedos amputados 0 
Dedos defeituosos/cicatriz x 
 
Polegar : representado por uma letra 
Demais dedos: representado por um número 
Coleta: colocar pequena quantidade de tinta em uma prancheta; espalhar com espátula 
e depois com resto para formar uma camada homogênea e delgada; imprimir levemente 
cada dedo na prancheta para impregna-las de tinta; com as fichas colher as 
impressões sobre a prancheta 
 Aplicabilidade 
1. Identificação civil 
2. Identificação criminal 
3. Identificação humana 
4. Pericia de local de crime 
Pontos característicos 
 
 
 
3. Odontologia legal 
Especialidade que tem como objetivo a pesquisa de fenômenos psíquicos, físicos, químicos 
e biológicos que podem atingir ou ter atingido o homem vivo, morto ou ossada, e mesmo 
fragmentos, os vestígios, resultando em lesões parciais ou totais reversíveis ou 
irreversíveis 
Autoridade policial > ofício / guia > perícia > iml > perito > laudo 
Código de processo penal ( Art. 160) 
‘’ Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minunciosamente o que 
examinarem, e responderão aos quesitos formulados’’ 
- o laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo ser 
prorrogodado, e casos excepcionais, a requerimento dos peritos. 
 Pericia – iml 
Tipos de pericias 
1. Vivo: lesão corporal ; sexologia forense 
2. Morto : necropsia; exumação ; identificação de cadáveres 
3. Antropologia : espécie animal; sexo; idade; estatura ; fenótipo ; cor de pele 
 
1. Pericias em vivo: lesões corporais 
- ‘’ qualquer espécie de dano ou prejuízo à integridade corporal, à saúde física ou 
mental de alguém causado por outrem, por uma ação violenta, de forma 
proposital ou não, direta ou indiretamente’’ 
1.1 Sexologia e odontologia: crimes sexuais 
- associação com marcas de mordidas 
1.2 Exame descritivo : material de natureza odontológica encontrado em local de 
crime 
 
2. Pericias em morto : necropsia, exumação, identificação de cadáveres 
2.1 Necrópsia : homicídio x suicídio x acidente 
2.2 Exumação : necessita de autorização judiciária 
Trabalho multidisciplinar (participação da família) 
Dificuldades: agendamento de horário, presença de curiosos 
2.3 Identificação de cadáveres : ignorados x putrefeitos x carbonizados x ossada 
Identificação x reconhecimento / métodos 
Dactiloscopia , odontologia legal, Dna 
 
 Identificação odonto – legal 
1. Primeira etapa: exame da vitima 
2. Segunda etapa: exame da documentação 
3. Terceira etapa: comparação dos dados obtidos nas duas primeiras etapas, 
considerando a mesma região / estrutura anatômica, analisando as 
coincidências ou divergências. É necessária uma metódica e sistemática 
comparação, examinando dente por dente e as estruturas adjacentes 
4. Metodologia comparativa: dados anteriores e posteriores à morte 
 
 
 
 4.Genética forense 
Dna forense: área do conhecimento que trata da utilização dos conhecimentos e das 
técnicas de genética e biologia molecular no auxílio a justiça 
- aspectos técnicos: estrutura 
 Classificação 
mtDna Dna nuclear 
Molécula circular e fechada Molécula linear 
16.569 pares de bases ~3 bilhões de pares de bases 
Região não codificadora de 1.100 pb Grande porção não codificadora 
Herança materna Herança biparenteral 
De 50 a milhares de cópias por célula Duas cópias por célula 
 
 Dna: amostras biológicas 
1. Sangue Fezes 
2. Saliva Urina 
3. Sêmen Suor 
4. Dentes lagrima 
5. Cabelos pele 
6. Ossos 
 
 
 
 Dna e dentes: resistência da estrutura dentária à fatores exógenos 
1. Temperatura 
2. Umidade 
3. Substancias químicas 
4. Agentes biológicos 
 Regiões do Dna 
1. Éxon: região codificadora 
2. Intron: região não codificadora 
Aproximadamente 99,9% do genoma humano é comum entre quaisquer indivíduos > 
polimorfismo > regiões genômicas em que hà variação entre pessoas normais 
 Tipos de polimorfismos 
1. Microssatélite 
- lócus de microssatélite (Str) 
- 2/9 pb 
- aplicabilidade forense 
 Aplicações forenses dos testes de Dna 
1. Paternidade 
2. Relacionar suspeitos com evidências 
3. Exclusão de pessoas falsamente acusadas 
4. Identificação humana (vitimas de catástrofes) 
5. Banco de dados 
 Bancos de dados populacionais 
Lei 12.654 de 28 de Maio de 2012 
Prevê a coleta de material genético como forma de identificação criminal: 
Art. 3o A Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984 - Lei de Execução Penal, passa a vigorar 
acrescida do seguinte art. 9o-A: 
Os condenados por crime praticado, dolosamente, com violência de natureza grave 
contra pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos no art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de 
julho de 1990, serão submetidos, obrigatoriamente, à identificação do perfil genético, 
mediante extração de DNA - ácido desoxirribonucleico. 
Analise forense do Dna : coleta e preparo das amostras > extração do Dna > 
quantificação > pcr > eletroforese > interpretação dos resultados 
5.Fotografia e sua importância em casos de local 
de crime 
 Local de crime 
- Toda área onde tenha ocorrido um fato que assuma a configuração de delito e que, 
portanto, exija as providências da polícia 
- Principio da troca de Locard: quando duas coisas entram em contato, há uma troca 
de materiais entre elas. Em um local de crime, o suspeito sempre deixa algo seu e leva 
algo consigo quando o deixa 
- Legislação: código de processo penal 
-Art.6 Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial 
deverá : 
1. Dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e 
conservação das coisas, ate a chegada dos peritos criminais 
2. Apreender os objetos que tiveram relação com o fato, após liberados pelos peritos 
criminais 
Parágrafo único: os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e 
discutirão, no relatório, as consequências dessas alterações na dinâmica dos fatos 
 Dvi: identificação de vítimas de desastres 
Desastre em massa: evento inesperado que causa morte/ferimento de múltiplas vítimas 
que ultrapasse a capacidade de resposta local 
Tipos de desastres 
1. Aberto 
2. Fechado 
3. Natural 
4. Não natural 
5. Misto 
Fases da identificaçãode vítimas de desastres: coordenação Dvi 
1. Fase 1 : local 
2. Fase 2: post mortem 
3. Fase 3: ante mortem 
4. Fase 4: confronto 
 
 Perícia: trâmite penal 
Do exame do corpo de delito e das pericias em geral : CPP : Art. 158 quando a infração 
deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não 
podendo supri-lo a confissão do acusado. 
Código de processo penal (Art.160) : ‘ Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde 
descreverão minunciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos 
formulados’ 
§ Único – O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 (dez) dias, podendo 
este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos. 
Os exames de corpo de delito e as outras perícias serão feitos por dois peritos oficiais ”. 
§ 1º - Não havendo peritos oficiais, o exame será realizado por duas pessoas idôneas, 
portadoras de diploma de curso superior, escolhidas, de preferência, entre as que 
tiverem habilitação técnica relacionada à natureza do exame. 
 Esclarecendo alguns conceitos 
Vestígio – material bruto que o perito constata no local do crime ou faz parte do 
conjunto de um exame pericial qualquer 
Evidência – vestígio analisado e depurado, tornando-se um elemento de prova por si só 
ou em conjunto, para ser utilizado no esclarecimento dos fatos 
 Exame de corpo de delito 
É o conjunto de elementos sensíveis do dano causado pelo fato delituosos e a base de todo 
o procedimento processual 
Corpo de delito = Corpo da vitima 
 Cena de crime: exceções para violação 
1. Socorro à vitima 
2. Para conhecimento do fato (forçamento de janelas e portas) 
3. Para evitar mal maior (ocorrência de transito – lei 5970/73) 
4. O trabalho dos bombeiros no salvamento e na extinção do fogo (prioridades 
inadiáveis nos casos de incêndio) 
 Local de crime: tipos 
 Quanto à área de interesse pericial 
Local imediato - É aquele abrangido pelo corpo de delito e seu entorno, local em que 
está a maioria dos vestígios materiais. 
Local mediato - área adjacente ao local imediato. É toda a região espacialmente 
próxima ao local imediato e a ele geograficamente ligada, passível de conter vestígios 
relacionados com a perícia em execução. 
Local relacionado - qualquer lugar sem ligação geográfica direta com o local do crime 
e que possa conter algum vestígio ou informação que propicie ser relacionado ou venha a 
auxiliar no contexto do exame pericial. 
 Quanto à preservação 
Idôneos (preservados): quando são mantidos na integridade ou originalidade com que 
foram deixados pelo agente, após a prática da infração penal, até a chegada dos 
peritos; 
Inidôneos (não preservados): quando são devassados após a prática da infração penal e 
antes do comparecimento dos peritos ao local. 
 Importância para o odontolesgista: físico – descritivo 
 
 Levantamento de local 
Consiste em uma série de procedimentos ordenados logicamente, de forma a obter 
resultados mais precisos, constituindo-se, desta forma, uma metodologia de exame de 
locais onde tenham ocorrido um fato criminoso. 
 Finalidades 
1. Constatar se efetivamente houve infração penal 
2. Qualificar a infração penal( doloso ou culposo; simples ou qualificado( diversos 
autores; emprego de meios insidiosos e cruéis; furto mediante escalada ou com 
rompimentos de obstáculos; emprego de chave falsa)) 
3. Coletar os elementos que por ventura levem à identificação dos autores e a prova 
de sua culpabilidade 
4. Perpetuar as evidencias materiais suscetíveis de serem utilizados como prova 
5. Legalizar a prova 
 Etapas 
1. Busca : vestígios (da pessoa e dos materiais) ; evidências; utilizar métodos de 
2. varredura que garanto que todo o local seja examinado 
 
3. Registro / identificação: 
3.1 – documentação fotográfica: Art.164 Os cadáveres serão sempre fotografados 
na posição em que forem encontrados, bem como, na medida do possível, todas 
as lesões externas e vestígios deixados no local do crime. 
3.2 – documentação topográfica: descrição detalhada do vestígio, procedimentos 
realizados e localização 
- representação dos principais elementos verificados no local, com suas 
respectivas localizações demarcadas 
4. Coleta: momento crítico 
- check – list das etapas anteriores, pois é nesse momento que será modificada a 
cena de crime 
- o vestígio localizado, constatado, registrado, identificado será então coletado 
- a embalagem já deve estar devidamente identificada 
5. Encaminhamento 
Material encaminhado à outros setores pelo perito que coletou vestígios no local do 
crime 
5.1 balistica 
5.2 informática 
5.3 odontologia legal 
5.4 medicina legal 
5.5 toxicologia 
5.6 genetica forense 
5.7 papiloscopia 
5.8 documentoscopia 
Perito local: engenharia local; informática ; laboratórios; balística; identificação 
criminal; documentoscopia; iml; papiloscopia 
Considerações importantes: documentação da cadeia de custódia . cuidados com a 
biossegurança 
6. Traumatologia forense 
“Área das ciências forenses que estuda os danos causados à saúde do indivíduo, 
produzidos por um agente externo” 
 Conceitos importantes 
- trauma : atuação de energia externa sobre o individuo de forma que provoque 
desvio da normalidade 
- lesão: qualquer modificação da normalidade de origem externa e violenta capaz 
de provocar dano pessoal 
 Energias 
1. Física; mecânica, térmica, elétrica, radiante 
2. Química: cáusticos, venenos 
3. Físico-química 
Energias de ordem mecânica : são aquelas capazes de alterar o estado de inercia ou 
de movimento de um corpo causando-lhe lesão a partir da ação de uma força. 
 Agentes mecânicos externos : 
1. Instrumentos cortantes: age sobre uma linha cortando através do seu gume 
Ex: bisturi, lamina de barbear, navalha, faca, pedaço de vidro, etc 
1.1 Ferida incisa: bordas regulares, sangrantes, comprimento maior que a 
distancia entre as bordas, maior profundidade no centro 
 
2. Instrumentos perfurantes: age sobre um ponto perfurando e afastando os tecidos 
à medida que vai penetrando 
Ex: prego, agulha, etc 
2.1 Ferida punctória: forma, ausência de ângulos, profundidade maior que o 
diâmetro, ausência de sangramento ou quando presente em pequena 
quantidade 
 
3. Instrumentos contundentes: age sobre um plano contundindo, isto é, para causar 
lesão tem que bater, chocar. 
- naturais: mão, pé, cabeça, joelho, etc 
- eventuais: pedaço de pau, pedra, barra de ferro, etc 
- usuais: bengala, guarda-chuva, bolsa, etc 
3.1 lesão contusa com ferida: escoriações 
São lesões produzidas por atrito de um instrumento contundente agindo 
tangencialmente em relação ao seguimento do corpo atingido. Geralmente não 
ultrapassam a derme e são superficiais 
3.2 lesão contusa sem ferida: 
- Equimoses: infiltrado sanguíneo nos tecidos, provocados por ruptura de 
pequenos vasos 
- Hematoma: é formado pela ruptura de vasos após ação traumática, provocando 
distensão do tecido e formação de cavidade 
4. Instrumentos perfuro- cortantes: age inicialmente por um ponto e depois pelo seu 
gume, deslizando e cortando os tecidos 
Ex: faca tipo peixeira, punhal de um ou dois gumes 
Ferida pérfuro- incisa 
 
5. Instrumentos corto-contundentes: age sobre uma linha e um plano 
simultaneamente, cortam e contundem 
Ex: machado, foice, enxada, facão, dentes 
Ferida corto- contusa 
 
6. Instrumentos perfuro-contundentes: agem sobre um ponto e um plano 
simultaneamente, perfuram e contundem 
Ex: espingarda, arma de fogo 
Ferida pérfuro-contusa 
6.1 Trajeto: é o percurso desenvolvido pelo projétil no corpo da vítima 
6.2 Trajetória: é o percurso desenvolvido pelo projétil desde a saída do cano da 
arma até o seu repouso final, que pode ser ou não o corpo da vítima 
6.3 Orifício de entrada: menor, bordas invertidas, geralmente circular 
6.4 Orifício de saída: maior, bordasevertidas, aspecto irregular 
 
 Conceitos importantes 
 - objeto: qualquer coisa material 
 - instrumento: objeto utilizado para praticar a ação 
 Lesões: objeto de perícia – diversas esferas do direito 
 Laudo: pré – âmbulo / quesitos/ histórico/ descrição (lesões)/ resposta aos 
quesitos/ discussão/ conclusão/ resposta aos quesitos

Mais conteúdos dessa disciplina