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Medida da Pressão Arterial: um guia prático Prof. Dr. Guilherme Borges Pereira Medida da Pressão Arterial: um guia prático Unidade I - Definição e conceitos gerais A Pressão Arterial (PA) é um dos sinais vitais mais importantes na saúde de uma pessoa. Valores dentro da normalidade de pressão arterial, asseguram a perfusão tecidual adequada sem lesionar o endotélio vascular. Nesse sentido, a medida da pressão arterial deve ser incorporada na rotina dos exames de saúde. Qualquer variação nos valores de pressão arterial, aumento ou redução dos valores de normalidade, mesmo que pequenas variações, pode ser um indicativo de deficiência de saúde. A pressão arterial é composta pelos valores de Pressão Arterial Sistólica (PAS) e de Pressão Arterial Diastólica (PAD). Em um adulto jovem saudável em repouso, a pressão arterial atinge cerca de 120 milímetros de mercúrio (mmHg) durante contração ventricular (sístole; PAS) e reduz para cerca de 80 mmHg durante o relaxamento ventricular (diástole; PAD). A PAS é a maior pressão alcançada nas artérias durante a sístole e a PAD é a pressão arterial mais baixa durante a diástole cardíaca. Os valores de pressão arterial obtidos durante uma medida devem ser expressos e registrados da seguinte forma: PA = [valor da PAS] / [valor da PAD] unidade de medida PA = 120/80 mmHg Para realizar a medição da pressão arterial do seu paciente, ou seja, determinar os valores da PAS e da PAD será necessário ouvir com atenção os sons gerados durante a medida. Estes sons são gerados pela passagem do fluxo sanguíneo turbilhonar na artéria braquial. Por exemplo, a primeira aparição de ruídos rítmicos, de forma clara e repetitiva, corresponde ao valor da PAS e o valor de ocorrência do último som audível corresponderá a PAD. Grave esta informação, ela é muito importante! Unidade II – Os instrumentos: estetoscópio e esfigmomanômetro O padrão ouro de medida da pressão arterial é o método invasivo, que consiste na introdução de um cateter na artéria acoplado a um transdutor. Entretanto, os métodos indiretos não são invasivos, são mais cômodos, de baixo custo e de técnica simples de aplicação. A medição indireta da pressão arterial pode ser realizada por meio de esfigmomanômetros manuais, semi-automáticos ou automáticos. Apesar de o método direto medir a pressão propriamente dita, os métodos indiretos fornecem um indicativo do fluxo sanguíneo com valores muito próximos ao método direto. A 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial de 20161 descreve os procedimentos técnicos para a medida indireta da pressão arterial. Atenção: A pressão arterial deve ser medida em todas as avaliações e atendimentos realizados por profissionais da saúde devidamente capacitados. ____________________________ 1 Disponível em: http://publicacoes.cardiol.br/2014/diretrizes/2016/05_HIPERTENSAO_ARTERIAL.pdf, acessado em 03 de fevereiro de 2020. http://publicacoes.cardiol.br/2014/diretrizes/2016/05_HIPERTENSAO_ARTERIAL.pdf É muito importante que você conheça e saiba utilizar adequadamente o estetoscópio e o esfigmomanômetro, os instrumentos necessários para uma medida confiável da pressão arterial (figura 1). Figura 1: Instrumentos necessários para a medida indireta da pressão arterial por meio do método auscultatório. Fonte: Elaborada pelo autor. Basicamente, o estetoscópio é um equipamento projetado para captar e amplificar os sons. Os sons são obtidos por meio do contato do diafragma com a região de interesse. Esses sons são transmitidos através da câmara de som, tubo transmissor, tubo de policloreto de vinil (PVC) e auriculares até o ouvido do operador. O fone biauricular permite escutar simultaneamente o som com os dois ouvidos. Normalmente, os estetoscópios são compostos de: um par de olivas auriculares, dois auscultadores, sendo uma membrana (diafragma) e uma campânula, um corpo, tubo rotatório e tubo de condução longo de PVC (figura 2). Figura 2. Partes de um estetoscópio padrão. Fonte: Elaborada pelo autor. Atualmente, no mercado há disponível diferentes tipos de auscultadores, com diferentes finalidades (ausculta cardíaca e pulmonar) e populações (adulto e infantil), sendo o mais comum o do tipo fechado com uma membrana de plástico rígido, também conhecido como diafragma. Normalmente, o estetoscópio tem 2 partes que podem ser usadas para auscultar: o diafragma e a campânula. A campânula é a parte menor, em forma de cone, que a maioria das pessoas termina não usando na prática. Mas, existem sons que são melhor audíveis com esta parte do estetoscópio? Sim. São os sons mais graves ou de baixa frequência. São exemplos: Ruflar diastólico presente na estenose mitral ou, mais raramente, na estenose tricúspide Terceira bulha (B3) Quarta bulha (B4). Para a medida da pressão arterial recomendamos o auscultador grande (diafragma), pois ele é eficiente em detectar os sons do fluxo sanguíneo e os batimentos cardíacos que são sons agudos. Uma dúvida frequente: posso utilizar a campânula na hora de aferir a pressão do meu paciente? A resposta é: Sim. A diretriz americana de Hipertensão Arterial Sistêmica diz que ambas as partes do estetoscópio podem ser usados para aferir a pressão arterial. Para utilizar o estetoscópio e obter o máximo desempenho, siga as recomendações: 1. Escolha o tamanho certo das olivas, ou seja, a que se encaixe melhor nos seus ouvidos. Com isso, você está assegurando um ótimo desempenho acústico. A maioria dos estetoscópios possuem disponíveis os tamanhos pequeno, médio e grande para as olivas; 2. Antes de colocar as olivas nos ouvidos (canal auditivo), se certifique de que as olivas se apontam para frente, distantes de você (figura 3A). Com isso, você assegura que os tubos auriculares irão se alinhar com os canais auditivos para a máxima transmissão de som e conforto. Figura 3. A: inserção adequada; B: posicionamento correto. Otimização do desempenho. Littmann. Fonte: <www.littmann.com.br/3M/pt_BR/estetoscopios-littmann-br/meu- estetoscopio/como-usar-seu-estetoscopio/dicas-de-uso/>. 3. Segurando os fones biauriculares com as mãos, coloque as olivas nos ouvidos de maneira a isolar todos os sons externos (figura 3B). Se o encaixe não for confortável, reajuste o posicionamento. https://www.littmann.com.br/3M/pt_BR/estetoscopios-littmann-br/meu-estetoscopio/como-usar-seu-estetoscopio/dicas-de-uso/ https://www.littmann.com.br/3M/pt_BR/estetoscopios-littmann-br/meu-estetoscopio/como-usar-seu-estetoscopio/dicas-de-uso/ 4. Esfregue cuidadosamente e levemente o diafragma para saber se as olivas estão posicionadas corretamente nos ouvidos e qual diafragma está na posição de uso. Caso não esteja selecionado o diafragma, gire o auscultador em 180° (figura 4). Figura 4. Gire o auscultador para determinar a posição de uso. Otimização do desempenho. Littmann. Fonte: <www.littmann.com.br/3M/pt_BR/estetoscopios-littmann-br/meu- estetoscopio/como-usar-seu-estetoscopio/dicas-de-uso/>. 5. Encoste o diafragma na área a ser analisada (sobre a artéria braquial) durante a medida indireta da pressão arterial. Atenção: consulte o manual de instruções do seu equipamento para complementar as recomendações descritas anteriormente. Já o instrumento esfigmomanômetro mecânico aneroide consiste em uma bolsa de borracha inflável de formato laminar, a qual é envolvida por uma capa de tecido não-elástico e conectada por um tubo de borracha a um manômetro aneroide. Além da capa que envolve a bolsa, há uma braçadeira ou manguito, também de tecido, e em suas extremidades, há velcros para a fixação do manguito no braço do avaliado (figura 5). https://www.littmann.com.br/3M/pt_BR/estetoscopios-littmann-br/meu-estetoscopio/como-usar-seu-estetoscopio/dicas-de-uso/ https://www.littmann.com.br/3M/pt_BR/estetoscopios-littmann-br/meu-estetoscopio/como-usar-seu-estetoscopio/dicas-de-uso/Figura 5. Descrição das partes do esfigmomanômetro mecânico aneroide. Fonte: Elaborada pelo autor. O esfigmomanômetro apresenta um segundo tubo, conectado em sua extremidade a uma pêra (bulbo) de borracha que tem a finalidade de insuflar progressivamente a bolsa de borracha que armazena o ar sob pressão e pressiona o vaso condutor do manômetro para a medição da pressão arterial. Para que este mecanismo funcione, são necessárias duas válvulas, uma válvula de alívio para esvaziar o manguito e uma válvula que permita a passagem do ar em um único sentido para encher a pêra. A válvula de alívio possui um parafuso, no qual, ao girar no sentido horário você irá fechá-lo, não permitindo a saída de ar do manguito. Em contrapartida, ao girar no sentido anti-horário, você abrirá progressivamente a válvula e permitirá a saída do ar de dentro da bolsa de borracha. Portanto, para encher a bolsa de borracha, você deve certificar que o parafuso da válvula de alívio está na posição fechada e pressione intermitentemente a pêra, ou seja, pressione e solte continuadamente. Adicionalmente é importante observar que na braçadeira há diversas indicações e textos, são elas: Texto indicativo (Índice) de posicionamento da braçadeira. Seta indicativa de posicionamento sobre a artéria braquial. Texto indicativo do tamanho da braçadeira. Número de registro, origem de fabricação e autorização do INMETRO. Texto indicativo do alcance da braçadeira (normalmente na parte interna da braçadeira). O manômetro aneroide é o instrumento utilizado para medir a pressão de fluidos contidos em recipientes fechados, neste caso, o ar contido na bolsa de borracha (figura 6). Figura 6. Descrição das partes do Manômetro. Fonte: Elaborada pelo autor. A maioria dos manômetros utilizados para a medida dos valores de pressão arterial, a resolução da escala de leitura de 0,27 kPa, o qual equivale a 2 milímetros de mercúrio (mmHg), com faixa de leitura de 0 (zero) a 300 mmHg (figura 6). Ainda na escala de leitura, há a marca de tolerância do zero, a qual varia de modelo para modelo e costuma ser de ± 3 mmHg (figura 6). Na parte traseira do manômetro há um prendedor para fixá-lo à braçadeira e, na parte inferior há o anel de ajuste externo do zero. Atenção: antes de uma medida indireta da pressão arterial, é muito importante que você verifique se o ponteiro se encontra dentro da marca de tolerância do zero. Caso não esteja, gire no sentido horário ou anti-horário o anel de ajuste externo com manômetro despressurizado, até que o ponteiro fique dentro dos limites da marca de tolerância do zero. Inspeções frequentes e calibrações conforme as recomendações do fabricante são importantes para assegurar que o esfigmomanômetro está apropriado para as medições. Normalmente, a calibração é recomendada a cada 6 meses. Atenção: Dentre os erros relativos ao equipamento destaca-se a falta de calibração do Esfigmomanômetro. Unidade III – Medição da pressão arterial pelo método auscultatório Agora que você conhece os instrumentos necessários para a medida da pressão arterial, podemos prosseguir para os procedimentos para uma adequada medida da pressão arterial. Preparação do ambiente de avaliação O ambiente adequado à medida da pressão arterial deve ser tranquilo, silencioso e com temperatura agradável. Preferencialmente, e quando o objetivo é determinar os valores de pressão arterial em repouso, recomenda-se não medir se o paciente acabou de praticar exercício físico, utilizou tabaco, ingeriu cafeína ou álcool ou se alimentou 30 minutos antes da medida. Preparo do Paciente Em seguida, você deve explicar o procedimento ao paciente e esclarecer possíveis dúvidas. Lembre-se de instruir o paciente a não conversar durante a medida. O correto posicionamento do paciente é essencial para a acurácia da medida. O paciente deve estar em posição confortável e permanecer em repouso por 3 a 5 minutos antes do início do procedimento. Ao realizar a medição na posição sentada, o tronco deve estar encostado, as pernas descruzadas, pés apoiados no chão e os braços relaxados. O braço do avaliado deve ser apoiado no nível do coração (nível do ponto médio do esterno ou 4º espaço intercostal) livre de roupas até o ombro (caso dobre a manga da camiseta, não aperte!), com a palma da mão voltada para cima e o cotovelo ligeiramente fletido de modo que não interfira na circulação sanguínea. Tamanho e posicionamento da braçadeira Um erro comum na medida indireta da pressão arterial é o posicionamento e tamanho inadequado da braçadeira (bolsa de borracha). Por exemplo, a escolha de uma bolsa de borracha pequena para o tamanho da circunferência do braço irá superestimar os valores de pressão arterial. Portanto, você deve determinar a circunferência do ponto médio do braço do paciente. O ponto médio é a distância média entre o acrômio e o olecrano (figura 7). Figura 7. A: avaliação do ponto médio entre o acrômio e olécrano. B: posicionamento adequado da braçadeira. Fonte: Retirada e adaptada do artigo de Williams, J.S. et al. New England Journal of Medicine, 2009. A largura e o comprimento da braçadeira devem corresponder a medida observada na circunferência do braço do paciente, conforme o quadro 1. Quadro 1. Dimensões do manguito para diferentes circunferências de braço em crianças e adultos. 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial. Arq Bras Cardiol 2016; 107(3Supl.3):1- 83. Bolsa de borracha (cm) Circunferência do braço (cm) Denominação do manguito Largura (cm) Comprimento (cm) ≤ 6 Recém-nascido 3 6 6 – 15 Criança 3 15 16 – 21 Infantil 8 21 22 – 26 Adulto Pequeno 10 24 27 – 34 Adulto 13 30 35 – 44 Adulto grande 16 38 45 – 52 Coxa 20 42 Em seguida, a braçadeira deve ser posicionada sobre o braço sem folga (sem apertar!), 2 a 3 cm acima da fossa cubital (articulação do cotovelo) e com a seta de indicação da braçadeira sobre a artéria braquial (figura 8). O manômetro aneroide deve estar claramente visível e no nível do seu olho. Figura 8. Posicionamento adequado da braçadeira para a medida indireta da pressão arterial pelo método auscultatório. Fonte: Elaborada pelo autor. As braçadeiras geralmente possuem linhas indicadoras com o intuito de facilitar o ajuste e o posicionamento adequados. Fique atento e respeite as orientações do fabricante. Uma vez ajustado a braçadeira ao redor do braço, as linhas devem permanecer dentro do limite, e o ponto médio da braçadeira na mesma direção da artéria braquial. Determinação da pressão de obliteração do pulso Antes de realizar a medida propriamente dita da pressão arterial, você deverá determinar a pressão de obliteração e conhecer os sons auscultados. Obliterar – verbo transitivo. 1. Fazer desaparecer uma coisa, pouco a pouco, até que dela não fique nenhum vestígio. 2. Obstruir. Quando o manguito é inflado sem nenhum parâmetro, há o risco de uma excessiva insuflação deste, o que pode causar desconforto e dor ao paciente além de subestimar os valores de pressão arterial. Em contrapartida, em pacientes hipertensos estágio 3 é comum subestimar o valor de insuflação, uma vez que o valor necessário para uma adequada medida é muito fora do habitual. Assim, haverá a necessidade de repetidas medidas, gerando estresse e desconforto ao paciente. Com a estimativa da pressão de obliteração esses erros podem ser minimizados. Nesse sentido, é muito importante ficar atento aos procedimentos para determinar a pressão de obliteração do pulso. Os procedimentos para obter a pressão de obliteração do pulso, são: 1. Localize o pulso na artéria radial, conforme a figura 9. Utilize as polpas digitais dos dedos indicador e médio sobre a artéria radial. Atenção especial para: Não comprimir excessivamente o pulso, o contato superficial e leve favorecea localização do pulso radial. Não utilizar o polegar para localizar o pulso radial. Artéria radial tem origem com a mesma direção que a artéria braquial, dando a impressão de que é continuidade do mesmo vaso em direção à mão. Após surgir da bifurcação da artéria braquial, ela passa pelo lado radial do antebraço até o punho. Aproveite para avaliar a frequência, o ritmo, amplitude ou magnitude do pulso do seu paciente. Figura 9. Posicionamento adequado para a localização do pulso na artéria radial. Otimização do desempenho. Radial Pulse. Fonte: <https://medlineplus.gov/ency/imagepages/19395.htm>. 2. Após a localização do pulso da artéria radial infle o manguito rapidamente até aproximadamente 80 mmHg. Verifique se o parafuso da válvula de alívio está fechado e se os tubos de conexão do esfigmomanômetro não estão enrolados entre si. https://medlineplus.gov/ency/imagepages/19395.htm 3. A partir disso, infle de maneira mais lenta, a uma taxa de 10 mmHg a cada 2-3 segundos com muita atenção, até o pulso da artéria radial desaparecer. 4. Após o desaparecimento do pulso, faça a lenta deflação do manguito a uma taxa de 2 mmHg por segundo, quando o pulso reaparecer você tem o valor de pressão no qual ocorre a obliteração do pulso. 5. Grave e/ou anote o valor. Para que o procedimento de medida indireta da pressão arterial seja correto e fidedigno, fique atento às recomendações abaixo: O diafragma do estetoscópio deve estar sobre a artéria braquial. A pressão usada no estetoscópio deve ser o suficiente para promover a transmissão de sons de boa qualidade, sem a compressão da artéria braquial. Evite ruídos e assegure-se que o diafragma do estetoscópio não esteja em contato com a roupa do paciente, ou até sobre ou abaixo do manguito. O tempo médio de medida da pressão arterial é de 45 segundos. Ruídos de Korotkoff Os sons ouvidos durante o procedimento de medida indireta da pressão arterial são denominados Ruídos de Korotkoff. Estes sons são gerados pela passagem do fluxo turbilhonar sanguíneo na artéria braquial, sendo classificados em cinco fases. Ou seja, quando você realizar a medida indireta da pressão arterial pelo método auscultatório você deverá ser capaz de distinguir as fases, as suas características e significados. Para isso, veja o quadro 2. Quadro 2. Fases, características e significados dos sons de Korotkoff. Adaptado de Polito e Farinatti, 2003. Ruídos de Korotkoff Fases dos sons Características e significado Fase 1 Primeira aparição de ruídos rítmicos, de forma clara e repetitiva, coincidindo aproximadamente com a identificação do pulso palpável. Corresponde ao valor da Pressão Arterial Sistólica (PAS). Fase 2 Os ruídos são mais leves e longos, com a qualidade de um murmúrio intermitente. Fase 3 Os ruídos tornam-se novamente firmes e altos. Fase 4 Ruídos abafados, pouco distintos e leves. Fase 5 O som desaparece completamente. Corresponde ao valor da Pressão Arterial Diastólica (PAD). Se você nunca ouviu os sons de Korotkoff e/ou deseja treinar o seu ouvido, coloque os fones de ouvido e acesse o link: https://youtu.be/5gn8cbY9rkc Agora que você ouviu os sons gerados durante a medida indireta da pressão arterial, é hora de visualizar como o manômetro irá se comportar. Veja o vídeo e acompanhe as oscilações do ponteiro e as variações de pressão arterial no decorrer da medida. Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=VdpsyZnFLNU Em sua opinião, qual o valor da pressão arterial neste vídeo? Resposta: aproximadamente 154 x 86 mmHg. Atenção: você precisa ficar bastante atento durante a medida para olhar no manômetro e determinar os valores em que ocorreram a PAS e PAD, ou seja, quando ocorrer o primeiro som e o momento de início de desaparecimento “último” do som durante a medida. Sabendo disso, você está apto para realizar a medida da PA. Vamos lá! https://youtu.be/5gn8cbY9rkc https://www.youtube.com/watch?v=VdpsyZnFLNU Medida indireta da pressão arterial pelo método auscultatório 1. Localize e palpe a artéria braquial na fossa cubital. 2. Coloque a campânula ou o diafragma do estetoscópio sem compressão excessiva. 3. Verifique se o parafuso da válvula de alívio está fechado e se os tubos de conexão do esfigmomanômetro não estão enrolados entre si. 4. Uma vez que a pressão de obliteração foi determinada, o manguito deve ser inflado rapidamente até 20 a 30 mmHg acima da pressão de obliteração. 5. Gire o parafuso da válvula de deflação lentamente, a uma velocidade de 2 mmHg por segundo. 6. Determine a PAS pela ausculta do primeiro som (fase I de Korotkoff) e, após, aumente um pouco a velocidade de deflação. 7. Determine a PAD com o desaparecimento dos sons (fase V de Korotkoff). 8. Para assegurar que a PAD foi determinada, continue a deflação do manguito por mais 10 mmHg abaixo do quinto som de Korotkoff. 9. Em seguida, remova cuidadosamente o estetoscópio e o manguito (braçadeira). 10. Agradeça e informe os valores ao paciente. 11. Registre os valores exatos sem “arredondamentos” e o braço em que a pressão arterial foi medida na ficha de avaliação. É muito comum os profissionais da saúde arredondarem os valores de pressão arterial. Por exemplo, durante a medida foi auscultado 136/87 mmHg, e registrado na ficha de avaliação 140/90 mmHg. No entanto, não devemos fazer isto! Você sabe por quê? O arredondamento pode mudar a faixa de classificação da pressão arterial do paciente, tornando-o um paciente inicialmente em pré-hipertenso em hipertenso estágio 1. Com esta inadequada classificação todo a conduta terapêutica também será alterada. Reduções de poucos milímetros de mercúrio (aproximadamente 2 a 3 mmHg de redução), reduz em muitos porcentos (5-10%) o risco de mortalidade por doenças cardiovasculares e por todas as outras causas. Portanto, medir adequadamente a pressão arterial e acompanhar o progresso da doença ou das intervenções é de fundamental importância que a medida da pressão seja adequada e sem arredondamentos. Faça a medida da pressão arterial em ambos os braços na primeira consulta e utilize o maior valor obtido como referência. O método auscultatório é de caráter intermitente, ou seja, a verificação de uma nova medida requer que todo o procedimento seja refeito. Nesse sentido, para garantir os valores de medida da pressão arterial, é recomendado que seja realizado pelo menos duas medições, com intervalo em torno de um minuto. Medições adicionais deverão ser realizadas se as duas primeiras forem muito diferentes. Caso julgue adequado, considere a média das medidas. Para minimizar as possíveis dúvidas, assista o nosso vídeo sobre os procedimentos para uma adequada medida indireta da pressão arterial pelo método auscultatório. Acesse o link: https://youtu.be/VWHvu6oUFhs Com os valores de PAS e PAD em mãos, agora é hora de classificá-los em: normal ou alta. https://youtu.be/VWHvu6oUFhs Classificação dos valores de pressão arterial Para um adulto saudável, a PAS normal apresenta valores menores que 120 mmHg e a PAD valores menores que 80 mmHg. Valores pressóricos acima destas faixas de referência são fortes indicativos de pré-hipertensão e hipertensão. Veja o quadro com a classificação da pressão arterial em acordo com a medição casual ou no consultório a partir de 18 anos de idade. Quadro 3 - Classificação da pressão arterial em acordo com a medição casual ou no consultório a partir de 18 anos de idade. Classificação Pressão Arterial Sistólica (PAS) (mmHg) Pressão Arterial Diastólica (PAD) (mmHg) Normal ≤ 120 ≤ 80 Pré-hipertensão 121 – 139 81 – 89 Hipertensão estágio 1 140 – 159 90 – 99 Hipertensão estágio 2 160 – 179 100 – 109 Hipertensão estágio 3 ≥ 180 ≥ 110 Quando a PAS e a PAD situam-se em categorias diferentes, a maior deve ser utilizada para classificaçãoda pressão arterial. Portanto, considera-se que um paciente é normotenso quando as suas medidas indiretas de pressão arterial são ≤ 120/80 mmHg e as medidas mais contínuas e duradouras, como por exemplo, o Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA), confirmam os valores considerados normais. Caracteriza a hipertensão sistólica isolada se PAS ≥ 140 mmHg e PAD < 90 mmHg, devendo a mesma ser classificada em estágios 1, 2 e 3. Define-se hipertensão arterial controlada quando, sob tratamento anti-hipertensivo, o paciente permanece com a pressão arterial controlada tanto durante as medidas clínicas (consultório) como fora dele. Siga-nos nas redes sociais: fisioex.ufscar Fisiologia do Exercício UFSCar (https://www.youtube.com/channel/UCMJWXNc4u6IFt1WHawNZrxw) E-mail do Prof. Dr. Guilherme Borges Pereira (gbp.ufscar@gmail.com) Referências 1. ABBASI, J. Medical Students Fall Short on Blood Pressure Check Challenge. JAMA, 2017. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1001/jama.2017.11255> 2. MALACHIAS, M. et al. 7th Brazilian Guideline of Arterial Hypertension: Chapter 1 - Concept, Epidemiology and Primary Prevention. Arquivos brasileiros de cardiologia, v. 107, n. 3 Suppl 3, p. 1–6, set. 2016a. 3. MALACHIAS, M. V. B. et al. 7th Brazilian Guideline of Arterial Hypertension: Chapter 2 - Diagnosis and Classification. Arquivos brasileiros de cardiologia, v. 107, n. 3 Suppl 3, p. 7–13, set. 2016b. 4. RABELLO, C. C. P.; PIERIN, A. M. G.; MION, D., Jr. O conhecimento de profissionais da área da saúde sobre a medida da pressão arterial. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 38, n. 2, p. 127–134, 2004. 5. VEIGA, E. V. et al. Assessment of the techniques of blood pressure measurement by health professionals. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 2003. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/s0066-782x2003000100008> 6. VISCHER, A. S.; BURKARD, T. Principles of Blood Pressure Measurement – Current Techniques, Office vs Ambulatory Blood Pressure Measurement. Advances in Experimental Medicine and Biology, 2016. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1007/5584_2016_49> O material Medida da pressão arterial: um guia prático de Guilherme Borges Pereira está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-CompartilhaIgual 4.0 Internacional. https://www.youtube.com/channel/UCMJWXNc4u6IFt1WHawNZrxw mailto:gbp.ufscar@gmail.com http://paperpile.com/b/7tdQYh/Fvnq http://paperpile.com/b/7tdQYh/Fvnq http://dx.doi.org/10.1001/jama.2017.11255 http://dx.doi.org/10.1001/jama.2017.11255 http://paperpile.com/b/7tdQYh/t9oH http://paperpile.com/b/7tdQYh/t9oH http://paperpile.com/b/7tdQYh/t9oH http://paperpile.com/b/7tdQYh/xsaz http://paperpile.com/b/7tdQYh/xsaz http://paperpile.com/b/7tdQYh/xsaz http://paperpile.com/b/7tdQYh/s8eU http://paperpile.com/b/7tdQYh/s8eU http://paperpile.com/b/7tdQYh/s8eU http://paperpile.com/b/7tdQYh/XPqC http://paperpile.com/b/7tdQYh/XPqC http://paperpile.com/b/7tdQYh/XPqC http://paperpile.com/b/7tdQYh/XPqC http://paperpile.com/b/7tdQYh/XPqC http://paperpile.com/b/7tdQYh/k3iD http://paperpile.com/b/7tdQYh/k3iD http://paperpile.com/b/7tdQYh/k3iD http://paperpile.com/b/7tdQYh/k3iD http://dx.doi.org/10.1007/5584_2016_49 http://dx.doi.org/10.1007/5584_2016_49 http://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0/ http://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0/ http://poca.ufscar.br/ A pressão arterial, popularmente conhecida como pressão do sangue ou pressão sanguínea, é um dos sinais vitais mais importante na saúde de uma pessoa. Qualquer variação na pressão arterial acima ou abaixo do normal, mesmo que pequenas variações, pode ser um indicativo de sérios problemas de saúde. Você sabia que estudos científicos demonstraram que muitos enfermeiros, fisioterapeutas, médicos e outros profissionais da saúde falham em aferir adequadamente a pressão arterial? Portanto, medir corretamente a pressão arterial deve fazer parte do seu dia a dia profissional. No entanto, uma medida adequada da pressão arterial é muito além da parte técnica. Medir a pressão arterial envolve competências cognitivas (conhecimento), procedimentais (realização da técnica) e comportamentais (abordagem do paciente). Ao realizar este curso você irá adquirir conhecimento teórico e prático para uma adequada medida, reconhecerá os principais erros e fatores que influenciam resultados e conseguirá interpretar os valores de pressão arterial obtidos em suas avaliações. Resumo do livro Resumo do livro Resumo do livro. http://poca.ufscar.br/
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