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DIREITO 
INTERNACIONAL 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Conceituar tratados, sua evolução no Direito Internacional, sua estrutura 
e seus requisitos.
 > Reconhecer os diferentes tipos de acordo de vontade e suas respectivas 
classificações.
 > Descrever a admissão de um tratado no ordenamento jurídico brasileiro.
Introdução
A relação entre as nações deve se pautar no respeito mútuo e na autonomia dos 
demais povos, o que exige o respeito à soberania dos demais Estados. Entretanto, 
a soberania encontra limites no direito natural, respeito ao direito interno de 
preservação do povo e à soberania das demais nações. Nesse sentido, os Estados 
pactuam entre si e por meio de organismos internacionais para que seus interesses 
sejam respeitados, em um ambiente de desenvolvimento e paz. 
Neste capítulo, vamos falar sobre os tratados internacionais, seus diferentes 
tipos e suas classificações, explicando a importância desses instrumentos no 
fomento da política externa brasileira. De forma complementar, vamos descrever 
como um tratado internacional se incorpora no ordenamento jurídico brasileiro, 
podendo ser invocado por qualquer cidadão nos tribunais do país.
Direito dos tratados
Eduardo Kucker Zaffari
Tratado: definição e evolução no Direito 
Internacional
Antes de definirmos o conceito de tratado e descrevermos sua evolução, 
sua estrutura e seus requisitos, precisamos falar sobre a mais importante 
característica do Estado: o exercício de sua soberania. 
Segundo Sahid Maluf, diversas são as teorias que tentam explicar o Estado 
como um “Estado-ideia” ou uma força a serviço do Direito. Porém, o próprio 
jurista apresenta um conceito simples, mas muito consistente, ao afirmar que 
“[...] o Estado é o órgão executor da soberania nacional” (MALUF, 2019, p. 36). 
Nesse sentido, o doutrinador coloca em relevo o papel da soberania como 
característica de definição do Estado. Ainda, chega a afirmar que:
[...] a exata compreensão do conceito de soberania é pressuposto necessário para 
o entendimento do fenômeno estadual, visto que não há Estado perfeito sem 
soberania, [...] [destacando que] soberania é uma autoridade superior que não 
pode ser limitada por nenhum outro poder (MALUF, 2019, p. 43, acréscimo nosso). 
Isso torna claro que estados-membros de uma federação, os estados de 
certo país, não são soberanos, pois são membros de uma outra entidade 
(do país a qual fazem parte). Esse poder superior, não passível de ser limitado 
por nenhum outro poder, em verdade encontra limitações decorrentes de 
sua finalidade, que é servir ao próprio povo. O direito natural, o direito dos 
diferentes grupos particulares que compõem certa sociedade, e os impe-
rativos de coexistência pacífica dos povos na órbita internacional acabam 
limitando esse poder soberano. Não faria sentido um Estado cuja soberania 
lhe permitisse desrespeitar os direitos naturais de seus membros ou até 
mesmo desconsiderar a soberania dos demais Estados soberanos. 
Os Estados exercem sua soberania no cenário internacional, limitando-se 
pela coexistência dos demais Estados e organismos internacionais, os quais 
servem de elo entre os países, conforme suas respectivas áreas de atuação 
e finalidade. Um exemplo é a Organização das Nações Unidas (ONU).
A ONU foi criada em 1945, logo após o término da Segunda Guerra 
Mundial, por 51 países. Atualmente, tem 193 Estados soberanos em sua 
composição. A Organização foi criada visando à manutenção da paz e da segurança, 
ao fomento do relacionamento cordial entre as nações, à promoção do progresso 
social, a melhores condições de vida e ao respeito aos direitos individuais.
Direito dos tratados2
Francisco Rezek (2018) afirma que a primeira notícia que se tem de um 
tratado celebrado entre duas nações data de, aproximadamente, 1280 e 1271 
a.C., quando os reis Hatusil II e Ramsés II celebraram a paz e pactuaram a 
aliança contra inimigos comuns, bem como disposições comerciais, de mi-
gração e extradição. O pacto então celebrado entre as nações egípcia e hitita 
foi respeitado durante todo o resto de existência daquelas dinastias, com 
incremento de suas culturas e de deu comércio. Rezek afirma que o antigo 
tratado serviu de inspiração para a sistemática posterior de celebração de 
tratados, ampliando-se apenas o acervo normativo e o conteúdo dos tratados 
celebrados nos três milênios posteriores (REZEK, 2018).
Observou-se, ao longo do desenvolvimento histórico da celebração de 
tratados, que a concentração do poder decisório de celebração de tratados 
enfraqueceu perante a multiplicação dos regimes republicanos e o fortaleci-
mento dos órgãos estatais de representação popular (parlamento, organiza-
ções sociais, etc.), o que determinou a consideração dos anseios internos de 
cada nação para a celebração de tratados internacionais. Em outras palavras, 
o que antes era uma decisão arbitrária do monarca na celebração de tratados 
passou a ser uma decisão fundamentada na vontade do povo de cada Estado.
Igualmente considerável na história dos tratados é o surgimento dos 
organismos internacionais, no século XX, em que as regras antes costumeiras 
passaram a ser codificadas a aceitas multilateralmente por diversos países. 
Em 1928, celebrou-se a Convenção sobre Tratados, em Havana, em que se 
buscou regrar a forma de celebração de tratados, mas a Convenção restou 
superada e apenas permanece vigente para oito países. Em 23 de maio de 1969, 
negociou-se a Convenção de Viena sobre tratados, envolvendo 110 países, 
mas apenas 32 firmaram a Convenção naquela ocasião. Passados 10 anos de 
sua celebração pelos primeiros 32 países, a Convenção chegou ao número 
aproximado de 50 signatários, estando hoje com 116 signatários.
A Convenção de Viena se preocupou em definir o que significa um tratado 
internacional, prescrevendo, no art. 2º, § 1º, a, que “[...] tratado significa 
um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo 
Direito Internacional, quer conste em um instrumento único, quer de dois ou 
mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica” 
(REDE ESTADUAL DE DIREITOS HUMANOS DO RIO GRANDE DO NORTE, c2021, 
documento on-line). Valério de Oliveira Mazzuoli (2019, p. 228) afirma que:
Essa definição de tratado na Convenção de 1969 está colocada, como não poderia 
deixar de ser, em termos eminentemente formais, sem levar em consideração o 
conteúdo ou a natureza das disposições convencionais. Assim, à luz do Direito 
Internacional Público o tratado nada mais é do que um instrumento de veiculação 
de regras jurídicas.
Direito dos tratados 3
Francisco Rezek (2018, p. 17), por sua vez, prescreve que “[...] tratado é 
todo acordo formal concluído entre pessoas jurídicas de direito internacio-
nal público, e destinado a produzir efeitos jurídicos”, indo ao encontro da 
definição proposta por Mazzuoli e permitindo constatar que se trata de um 
instrumento jurídico cujo conteúdo poderá versar sobre qualquer interesse 
das partes contratantes.
A estrutura dos tratados internacionais, em termos usuais, apresenta:
 � um título, em que consta o assunto que será tratado no instrumento 
assinado pelas partes contratantes; 
 � um preâmbulo, em que constam as partes signatárias (países e/ou 
organizações) do tratado; 
 � os considerandos, em que constam as intenções, a necessidade, 
o objetivo e as razões de adoção do tratado; 
 � as cláusulas, que consistem no corpo do tratado, com suas cláusulas ou 
seus artigos, constando nelas o tema regrado pelas partes no tratado; 
 � um fecho, que é a parte final do tratado, com o local, a data e a língua 
escolhida pelos signatários no instrumento; 
 � as assinaturas, em que os responsáveis pela celebração assinam, 
pactuando o tratado.
Para que os tratados tenham validade, são necessários alguns requisitos 
que devem ser observados: o consentimento, a capacidade, a habilitação dos 
agentes signatários e que tenha objeto lícito e possível. O primeiro desses 
requisitos, o consentimento, consistena expressão de vontade dos aderentes 
com o conteúdo versado no tratado. Como o tratado representa o acordo de 
vontade daqueles que dele participam, é necessário que estejam concordes 
com o tema e o conteúdo. Para aderir ao tratado, é necessária a comprovação 
daquele que assinará pelo Estado que participa, comprovando ter plenos 
poderes para aderir ao tratado. Essa comprovação de plenos poderes, que 
se denomina habilitação, costuma ser dispensada se o signatário for o chefe 
de Estado, chefe de governo ou ministro das relações exteriores, pois se 
presume seus poderes para aderir ao tratado. 
Direito dos tratados4
A capacidade para assinar tratados, antigamente, era atribuída 
apenas a Estados soberanos. Entretanto, considera-se que mesmo 
organismos internacionais (ou seja, que não podem ser considerados soberanos 
em si) têm capacidade para assinar tratados internacionais. Embora o art. 6º 
da Convenção de Viena de 1969 refira que todos os Estados têm capacidade 
para concluir tratados, isso não exclui partes signatárias que não são Estados 
(BRASIL, 2009).
Algumas entidades podem celebrar tratados, mesmo não sendo Estados, 
como organizações internacionais, a exemplo da ONU, da Organização Mun-
dial do Comércio (OMC), da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), 
do Fundo Monetário Internacional (FMI), do Banco Mundial, etc. 
O conteúdo versado no tratado deverá ser lícito e possível, como normal-
mente se espera em contratação entre particulares. Hildebrando Accioly, Silva 
e Casella (2019) prescrevem dois casos em que tratados versaram conteúdos 
que não preenchiam esses requisitos. O primeiro exemplo seria o tratado 
de Munique de 1938 (Alemanha, França, Itália e Reino Unido), em que se 
partilhou a então Tchecoslováquia sem que esta participasse ou consen-
tisse essa divisão. Esse exemplo refletira a ilicitude do conteúdo do tratado. 
O segundo exemplo seria o Tratado da Lua e dos Corpos Celestes, em que 
os signatários declaram serem estes (lua e corpos celestes) bens comuns da 
humanidade. Embora compreensível o interesse de proteção destes, não se 
poderia declarar a propriedade comum de algo que sequer está sob a posse 
dos signatários (ACCIOLY; SILVA; CASELLA, 2019).
Os diferentes tipos de acordo de vontade e 
sua classificação
Os tratados não são de um único tipo, pois se trata de uma expressão-gênero 
que abarca uma série de diferentes tipos de instrumentos na ordem interna-
cional. Mazzuoli (2019) recorda que há um sem-número de tipos, a depender 
da finalidade, do assunto, da qualidade das partes signatárias, do número 
de participantes, entre outras variantes possíveis. É a doutrina que vem 
conceituando os diferentes tipos de tratados, conforme as classificações e 
os tipos apresentados pelo autor.
Direito dos tratados 5
O primeiro dos tipos de acordo de vontades denomina-se tratado e cons-
titui uma espécie do gênero dos tratados. Usa-se essa tipologia para designar 
todo acordo internacional, bilateral ou multilateral, com especial relevo 
político, independentemente da nomenclatura adotada. Para demonstrar a 
importância deste, Mazzuoli (2019, p. 237) afirma que:
O termo designa normalmente (mas não exclusivamente) os ajustes solenes con-
cluídos entre Estados e/ou organizações internacionais, cujo objeto, finalidade, 
número e poderes das partes têm maior importância. São exemplos os tratados 
de paz, de amizade, de arbitragem, de cooperação, de navegação etc.
A segunda reconhecida forma adotada pelo gênero dos tratados é a con-
venção, que decorre de debates ocorridos em congressos e conferências 
internacionais e tem o condão de expressar uma vontade uniforme de seus 
participantes. Marcelo Dias Varella (2019) afirma que as convenções têm ca-
ráter mais amplo, criando normas gerais, sendo normalmente regulados por 
tratados específicos. Mazzuoli (2019, p. 238) afirma que esse tipo de tratado 
se destina ao resultado de assuntos de interesse mais geral:
[...] é mais apropriado reservar-se o termo convenção para os atos multilaterais 
oriundos de conferências internacionais, que versem sobre assuntos de interesse 
geral. Por esse motivo, a prática internacional manda evitar o uso da expressão 
em tela para designar atos bilaterais, qualquer que seja a sua importância, ainda 
mais se estes formalizam um acordo de vontades com fins diferentes.
Um terceiro tipo de tratado são os pactos, que servem para restringir o 
objeto político de um tratado. Varella (2019, p. 52) afirma que: 
[...] pode ser tanto um tratado solene, que cria uma Organização Internacional e 
define seus atributos, composição, objetivos, como faz a Carta da Organização 
das Nações Unidas ou o Pacto das Nações, que criou a Liga das Nações, ou outros 
tratados importantes que estabelecem direitos e deveres para as partes, a exemplo 
da Carta Social Europeia.
Porém, Mazzuoli (2019) alerta que os contratantes costumam trocar os 
nomes técnicos de tratado e pacto, ou convenção e pacto, a exemplo da 
Convenção Americana sobre os Direitos Humanos (1969), em que a convenção 
é comumente apelidada de Pacto de San José da Costa Rica.
Direito dos tratados6
A Convenção de Viena de 1969 não designou uma diferente nomen-
clatura para os diferentes tipos de tratados internacionais. São os 
negociadores do tratado que escolhem a nomenclatura ideal para o acordo de 
vontades, conforme a prática e a doutrina vão estabelecendo nos usos e costumes.
Os acordos são os tratados, com um menor número de participantes, 
que costumam versar sobre conteúdos de natureza econômica, financeira, 
comercial ou cultural, podendo dispor sobre questões específicas, como 
fronteiras ou questões de segurança entre os signatários. Embora, em sua 
origem (norte-americana), designasse uma pactuação efetuada pelo chefe de 
Estado sem a consulta ao parlamento, essa espécie de tratado versa igual-
mente sobre assuntos de grande relevância, a exemplo do Acordo Geral sobre 
Tarifas e Comércio (GATT, do inglês General Agreement on Tariffs and Trade). 
Já os acordos por trocas de notas são normalmente empregados para os 
tratados cujos assuntos têm natureza administrativa ou quando se destinam 
a alterar ou interpretar cláusulas de atos já concluídos. Trata-se de acordos 
firmados em momentos distintos e no nome de apenas uma das partes. Rezek 
(2018) afirma que os governos podem, por esse meio, denunciar, revogar ou 
prorrogar um tratado bilateral vigente, servindo para, igualmente, concluir 
a negociação havida em um compromisso internacional anteriormente ocor-
rido. Em outras palavras, os Estados poderão confirmar sua adesão a um 
compromisso internacional por meio da troca de notas.
Por sua vez, o gentlemen’s agreement (acordo de cavalheiros) é um acordo 
de cavalheiro celebrado entre chefes de Estado ou de governo em que este 
se compromete a observar normas de conteúdo moral, e o respeito de seu 
conteúdo se fundamenta na honra. Esses acordos não têm conteúdo jurídico 
e não passam pelos respectivos legislativos, e têm duração apenas enquanto 
seus celebrantes estiverem no poder. Ou seja, quando os “cavalheiros” dei-
xam o poder, geralmente os chefes de Estado ou governo não se obrigam a 
observar o compromisso assumido pelo antecessor. Por esse motivo, e pela 
ausência de seu conteúdo jurídico, não é considerado um tratado e caiu em 
desuso, pois seus legisladores, representantes do povo, não apreciam esse 
acordo de vontade quando de sua celebração.
Direito dos tratados 7
A carta é comumente usada como forma de estabelecer organismos inter-
nacionais, podendo ser aplicada para tratados solenes, prescrevendo direitos 
e deveres para os Estados signatários. A Carta das Nações Unidas, de 1945, 
serve como exemplo da primeira modalidade, e a Carta Social Europeia é um 
exemplo da segunda modalidade. 
Já o protocolo é um acordo menos formal que os demais tipos de tratado e é 
usado como forma de complementar tratados anteriores, regulamentando-os. 
Embora seja menos formal e usualmente empregado de formasubsidiária, 
pode-se usá-lo como instrumento principal (o que é menos comum). 
Os estatutos são tratados que estabelecem normas para tribunais inter-
nacionais, como o estatuto que estabeleceu o Tribunal Penal Internacional, 
de Roma. Sejam tribunais temporários ou permanentes, sua competência 
é estabelecida, e a forma de atuação vêm prescrita em seus respectivos 
estatutos.
Para a resolução de conflitos entre Estados-membros, emprega-se o 
compromisso para o estabelecimento da opção de arbitragem internacional 
caso surjam conflitos. Para a assunção do compromisso, em que as partes 
recorrerão à arbitragem, é necessário que haja um acordo internacional 
anterior estabelecendo a forma de arbitragem. 
O regulamento é menos utilizado e costuma ser empregado para o esta-
belecimento da forma de atuação de organismos internacionais ou, excep-
cionalmente, tribunais internacionais. Volta-se para regras mais administra-
tivas. Já as concordatas são os acordos bilaterais celebrados pelo Vaticano, 
na qualidade de Estado soberano, de caráter exclusivamente religioso, com 
países ou organismos católicos. Diferem de tratados usualmente assumidos 
pelos Estados porque seu conteúdo se relaciona à fé cristã. Porém, a Santa 
Sé poderá firmar outros tratados quando o conteúdo não for religioso. 
O modus vivendi são acordos temporários e provisórios em que os Es-
tados-membros assumem compromissos econômicos ou para a resolução 
de pendências entre Estados. Utiliza-se essa forma quando os Estados têm 
pendências que deverão ser objeto de resolução em tratados, de modo que 
o modus vivendi é adotado para que se mantenha o estado atual das coisas 
até sua resolução. Costuma-se adotar o modus vivendi pela troca de notas 
entre os Estados. 
As declarações são usadas para estabelecer regras, princípios jurídicos 
ou normas de Direito Internacional, expressando uma posição política de 
interesse comum. Um exemplo bem reconhecido é a Declaração Universal 
dos Direitos Humanos de 1948, cuja força cogente se expressa pela adoção 
de seus princípios na maior parte dos Estados atualmente.
Direito dos tratados8
A Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 surgiu após a 
Segunda Grande Guerra Mundial como reação às barbáries realizadas 
no conflito. A Declaração incorpora, aos ordenamentos jurídicos dos países, 
os direitos humanos básicos.
Com relação à classificação, os tratados (aqui na qualidade de gênero) 
poderão ser bilaterais quando celebrados entre dois Estados ou entre um 
Estado e um organismo internacional. Serão considerados multilaterais 
quando adotados por mais de dois Estados ou entre mais de dois Estados e 
organismos internacionais. A nota característica dos tratados multilaterais 
é que costumam representar interesses mais gerais, de questões comuns da 
humanidade e que podem ser reunidas em tratados com diferentes envolvidos. 
Igualmente, os tratados poderão ser classificados como bifásicos, quando 
for necessária a assinatura e posterior ratificação para expressar o consenti-
mento daquele Estado ou organismo, ou unifásicos, quando basta o consen-
timento de vontade pelo representante do Estado para que haja sua adesão. 
Ainda, os tratados poderão ser classificados como abertos ou fechados, 
quando for permitida a adesão pelos demais Estados posteriormente, mesmo 
que não tenham participado de sua negociação ou de sua criação. Nos abertos, 
os Estados poderão aderir a qualquer tempo. Nos tratados fechados, não há 
a possibilidade de os demais Estados o aderirem, participando apenas as 
partes originárias. 
Os tratados poderão ser considerados, ainda, tratados-lei, quando fixa-
rem normas de Direito Internacional Público a serem observadas por seus 
signatários, consistindo em fonte de direito para seus participantes. Essas 
normas representam o jus cogens em razão de sua força normativa. Já os 
tratados-contrato são aqueles em que os interesses divergentes fazem as 
partes contratantes assumirem obrigações recíprocas, assemelhando-se a 
contratos de direito privado, mas estabelecidos entre Estados ou entre estes 
e organismos internacionais. 
Os tratados também poderão ser transitórios, se sua execução se der em 
um único momento, como nos casos em que um Estado vende ou transfere 
certo território para outro Estado (embora a transferência possa se dar defini-
tivamente, a execução do ato de transferência exaure a execução do tratado). 
Por outro lado, os tratados permanentes são aqueles em que a execução 
se prolonga ao longo do tempo, como aqueles que prescrevem vantagens 
Direito dos tratados 9
comerciais entre Estados. Sua execução se dará ao longo do tempo previsto 
no instrumento adotado pelas partes contratantes. 
Por derradeiro, os tratados poderão referir-se a todo o território de um 
Estado ou apenas a parte do território de certo Estado, como aquele que 
prescrevem condições para certas áreas ultramarinas de certos países. 
A admissão de um tratado no ordenamento 
jurídico brasileiro
A par dos procedimentos de formalização dos tratados no plano internacional, 
há a necessidade de incorporação dos tratados no ordenamento nacional, 
restando, a cada Estado, regrar como vai admitir o tratado em seu ordena-
mento jurídico. Os tratados adotados pelo Estado brasileiro, em nome da 
República Federativa do Brasil, se dão pela cooperação entre Executivo e 
Legislativo brasileiros. 
A Constituição Brasileira de 1988 prescreve, no art. 84, VIII, que compete 
privativamente ao Presidente da República celebrar tratados, convenções 
e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional. Por sua 
vez, o art. 49, I, da Constituição, determina que é de competência exclusiva 
do Congresso Nacional “[...] resolver definitivamente sobre tratados, acordos 
ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos 
ao patrimônio nacional” (BRASIL, 1988, documento on-line). Isso significa 
que a adesão do Brasil aos tratados internacionais depende da vontade do 
Poder Executivo externada pelo Presidente da República, cuja competência 
é exclusiva, aperfeiçoando-se pela anuência do Poder Legislativo por meio 
do Congresso Nacional. Há a necessidade de ambas as manifestações para 
que o tratado ingresse no ordenamento jurídico brasileiro.
Ao distribuir as competências aos Poderes Executivo, Legislativo e 
Judiciário, sempre que a Constituição Federal afirmar ser competência 
privativa, deve-se entender que essa competência é exclusiva.
Direito dos tratados10
Há que se notar que a Constituição Federal prescreve a necessidade de 
referendo não apenas dos tratados, mas de qualquer ato internacional, o que 
acarreta a necessidade de aprovação pelo Congresso Nacional de qualquer 
compromisso que a República Federativa do Brasil assuma, mesmo se tratando 
de atos internacionais meramente administrativos. Nesse aspecto, Mazzuoli 
(2019) alerta que a praxe flexibilizou a prática. Embora o texto deixe claro a 
necessidade de referendo a todos os atos, assumiu-se a regra de se reconhecer 
atos adotados pelo Brasil sem que tenham recebido a aprovação pelo Poder 
Legislativo. Afirma o doutrinador (MAZZUOLI, 2019, p. 415):
E, além disso, mesmo com a atual redação da Constituição de 1988, é de se re-
conhecer que já existe uma prática diplomática formada, à margem da letra do 
texto constitucional, pela qual o Executivo conclui vários tipos de acordos, sem o 
assentimento do Poder Legislativo, com a consequente subtração do poder popular. 
O problema, como se percebe, é bastante dificultoso. Ao passo que existe norma 
constitucional fechada para tais tipos de acordos, existe também a preocupação 
em determinar qual a orientação que melhor atenderá aos interesses do Brasil 
no cenário internacional.
A atenuação da regra constitucional decorre da necessidade de simplifica-
ção para a adesão a certos compromissos internacionais que o país necessita 
e que não tragam encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacio-
nal. Entretanto, ao decidir a Ação Direta de Inconstitucionalidade1480 DF, 
o Ministro Celso de Mello reiterou a necessidade de conjugação de vontades 
entre Poder Executivo e Poder Legislativo (BRASIL, 2001).
Marcelo Dias Varella (2019) recorda que os tribunais e a doutrina con-
sideram que o país adotou um sistema dualista moderado, pois a ordem 
jurídica nacional e a ordem jurídica internacional são distintas e, para tanto, 
há a necessidade do engajamento nacional (pela admissão no ordenamento 
jurídico brasileiro), além do engajamento internacional (em que o chefe do 
Poder Executivo se compromete com os demais Estados-partes). Toma-se 
como moderado esse sistema porque apenas durante as fases de ratificação 
e promulgação considera-se dualista a adoção do tratado (VARELLA, 2019).
Considera-se internalizado o tratado quando o Presidente da República o 
promulga por meio de um decreto executivo. Embora sem previsão legal da 
necessidade desse decreto, adotou-se a prática porque esse ato promulga o 
tratado, publicando oficialmente seu texto e tornado exequível suas normas 
para o direito positivo interno. O Supremo Tribunal Federal, inclusive, ao 
examinar a internalização da Convenção 158 da Organização Internacional 
do Trabalho (OIT) sobre a impossibilidade de dispensa arbitrária, considerou 
necessária a conjugação do decreto executivo (pelo Poder Executivo) e do 
Direito dos tratados 11
decreto legislativo (pelo Poder Legislativo) para sua inserção no direito pátrio 
(CONSULTÓRIO JURÍDICO, 2009). 
O Congresso Nacional autorizará a ratificação do tratado pelo Presidente 
da República por meio de um decreto legislativo, em que dá sua anuência à 
ratificação. Até o referendo pelo Congresso Nacional por meio do decreto 
legislativo, o Brasil está vinculado aos demais Estados-partes na esfera 
internacional pelo tratado, mas ainda não está no plano interno. Após o 
decreto de referendo pelo Congresso Nacional, o Brasil ratifica o tratado 
e se compromete nos planos internacional e nacional, razão pela qual, no 
período entre o comprometimento externo (com os demais Estados-partes) 
e o comprometimento interno (pelo Decreto Executivo), há um dualismo 
moderado. Varella (2019, p. 124) assim explica:
Apenas após a publicação do decreto executivo, o tratado integrará também a 
ordem jurídica brasileira. Durante o período entre o depósito do instrumento 
de ratificação e a promulgação do decreto executivo, o país aceita duas ordens 
jurídicas, uma nas relações exteriores e outra nas relações domésticas. Por isso, 
o Brasil é considerado dualista. O adjetivo “moderado” vem do fato de que se 
trata de uma situação, em geral, passageira, de curto período porque, após a 
promulgação do tratado, este passa a incorporar o ordenamento jurídico nacional.
É bom atentar que o Congresso Nacional poderá negar a ratificação do 
tratado, o que até hoje jamais ocorreu, hipótese em que o Presidente da 
República não poderá comprometer o país, não dando continuidade à ratifi-
cação do tratado junto aos demais Estados-partes. A partir da incorporação 
do tratado na ordem jurídica nacional, seu conteúdo equivale ao direito 
positivo interno, podendo ser invocado por qualquer cidadão como regra 
jurídica com valor cogente. 
Referências
ACCIOLY, H.; SILVA, G. E. N. e; CASELLA, P. B. Manual de Direito Internacional Público. 
24. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União, 
Brasília, 5 out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicao.htm. Acesso em: 10 jun. 2021.
BRASIL. Decreto nº 7.030, de 14 de dezembro de 2009. Promulga a Convenção de Viena 
sobre o Direito dos Tratados, concluída em 23 de maio de 1969, com reserva aos Artigos 
25 e 66. Diário Oficial da União, Brasília, 15 dez. 2009. Disponível em: http://www.pla-
nalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d7030.htm. Acesso em: 10 jun. 2021.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade 1480 DF. 
Trata-se de ação direta de inconstitucionalidade, ajuizada com o objetivo de ques-
tionar a validade jurídico-constitucional do decreto legislativo nº 68/92, que aprovou 
Direito dos tratados12
a Convenção nº 158 da Organização Internacional do Trabalho (O.I.T.), e do Decreto 
nº 1.855/96, que promulgou esse mesmo ato de direito internacional público. Relator: 
Celso de Mello. Diário de Justiça, Brasília, 8 ago. 2001. Disponível em: https://stf.jusbrasil.
com.br/jurisprudencia/14819932/acao-direta-de-inconstitucionalidade-adi-1480-df-
-stf. Acesso em: 10 jun. 2021.
CONSULTÓRIO JURÍDICO. Término da relação de trabalho por iniciativa do empregador. 
2009. Disponível em: https://www.conjur.com.br/dl/convencao-oit-158.pdf. Acesso 
em: 10 jun. 2021.
MALUF, S. Teoria geral do Estado. 35. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
MAZZUOLI, V. de O. Curso de Direito Internacional Público. 12. ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2019.
REDE ESTADUAL DE DIREITOS HUMANOS DO RIO GRANDE DO NORTE. Convenção de Viena 
sobre o direito dos tratados. c2021. Disponível em: http://www.dhnet.org.br/direitos/
sip/textos/conv_viena.html. Acesso em: 11 jun. 2021.
REZEK, J. F. Direito Internacional Público. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
VARELLA, M. D. Direito Internacional Público. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
Leituras recomendadas
NAÇÕES UNIDAS NO BRASIL. Declaração Universal dos Direitos Humanos. c2021. Disponí-
vel em: https://brasil.un.org/pt-br/91601-declaracao-universal-dos-direitos-humanos. 
Acesso em: 11 jun. 2021.
TEIXEIRA, C. N. Manual de Direito Internacional Público e Privado. 9. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2020.
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