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AO JUÍZO DA... VARA DE FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA ... DO ESTADO ... Processo n°... TÍCIO..., já qualificado nos autos da Ação de Mandado de Segurança que move contra o ato ilegal e abusivo do Governador do Estado..., por seu advogado que esta subscreve, com endereço profissional na Rua..., Bairro..., Cidade..., Estado..., local indicado para receber as devidas intimações, vem, inconformado com o acórdão de folhas nº..., proferido por esse Tribunal de Justiça, perante Vossa Excelência, com fulcro no artigo 105, inciso II, alínea “b”, da Constituição Federal, interpor RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL Para o Superior Tribunal de Justiça, cujas razões seguem em anexo, bem como se comprova o devido preparo. Requer que seja recebido e processado o presente recurso e, após as formalidades legais, seja remetido ao Egrégio Tribunal. Termos em que, Pede deferimento. Local e data Advogado OAB/UF RECORRENTE: TÍCIO RECORRIDO: GOVERNADOR DO ESTADO PROCESSO N°... Superior Tribunal De Justiça, Colenda Turma, Ínclitos Julgadores, RAZÕES DO PEDIDO DE REFORMA Ilustres ministros, Tício, não se conformando com o respeitável acórdão de fls. ____, que denegou o mandado de segurança em seu favor, vem, respeitosamente, apresentar as razões do presente recurso ordinário constitucional: I. DO CABIMENTO E DA TEMPESTIVIDADE Ab initio, cumpre salientar que é tempestivo o presente recurso, uma vez que a publicação da decisão, ora recorrida, ocorreu em... de... de..., conforme certidão de fl..., sendo, pois, apresentado o presente recurso no prazo legalmente previsto, qual seja, 15 dias. Em relação ao cabimento, prevê o artigo 105, II, “b” da Constituição Federal, o Recurso Ordinário é o meio processual cabível para rediscutir decisão denegatória de Mandado de Segurança decidido em razão de competência originária dos Tribunais. Assim, tratando-se de Mandado de Segurança de competência originária do Tribunal de Justiça..., é, portanto, cabível a interposição do presente recurso ordinário constitucional. . II. DO PREPARO O preparo e o porte de remessa e de retorno foram devidamente recolhidos, na forma do art. 1.007 do CPC/15. III – SÍNTESE DO PROCESSO / FATOS O recorrente, inconformado com ato praticado pelo Governador do seu Estado de origem, que negou acesso a elementos que permitissem a certificação de situações capazes de gerar ação popular, impetrou Mandado de Segurança perante o Tribunal de Justiça local, órgão competente de forma originária, para conhecer e julgar a questão. A segurança foi denegada, pretendendo o impetrante interpor recurso alegando a violação de preceitos constitucionais, como o direito de petição, o acesso à Justiça e os atinentes à Administração Pública. Não houve deferimento da gratuidade de Justiça. IV – DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA / DO MÉRITO Como se vê, a decisão guerreada não merece ser mantida, eis que confronta os princípios constitucionais inerentes ao direito do recorrente. Para Manoel Gonçalves Ferreira Filho, “o direito de petição é aquele pelo qual qualquer um faz valer junto à autoridade competente a defesa de seus direitos ou do interesse coletivo.” (In: “Comentários à Constituição Brasileira”, 6. ed. São Paulo: Saraiva, 1986. p. 621). Sobre o campo de abrangência de tal instituto, Temístocles Brandão Cavalcanti assevera que: o direito de petição é amplo, devendo a autoridade pública encaminhar esse pedido em forma a que sejam apuradas as irregularidades apontadas. Para tanto, reconhece também, a todos os cidadãos, o direito de ser parte legítima, em qualquer processo administrativo ou judicial, destinado a apurar os abusos de autoridade e a promover a sua responsabilidade (In: “A Constituição Federal comentada”, 2. ed., Rio de Janeiro: Konfino, 1952. v. III, p. 269, apud “Comentários à Constituição de 1988”, José Cretella Júnior, Forense Universitária, 1988, v. I, p. 426) Portanto, não há dúvidas de que o recorrente agiu em defesa do seu direito constitucional ao impetrar o Mandado de Segurança amparado pelo artigo 1º da Lei nº 12.016/09 c/c artigo 5º, LXIX da CFRB/88 que estabelece a impetração do Mandado de Segurança para proteger direito líquido e certo quando não amparado por Habeas Corpus ou Habeas Data. A decisão denegatória da segurança não levou em consideração o direito do recorrente em obter informações perante os órgãos do Governo do Estado com a finalidade de propor Ação Popular, medida judicial prevista na Lei nº 4.717/65, também amparado pela Magna Carta de 1988, que prevê em seu artigo 5º, inciso XXXIII, o direito de qualquer cidadão obter dos órgãos públicos informações que sejam necessárias à efetivação do seu direito de petição. A propósito: A ação popular é um instrumento de defesa dos interesses da coletividade, utilizável por qualquer de seus membros. Por ela não se amparam direitos individuais próprios, mas sim interesses da comunidade. O beneficiário direto e imediato desta ação não é o autor; é o povo, titular do direito subjetivo ao governo honesto. O cidadão a promove em nome da coletividade, no uso de uma prerrogativa cívica que a Constituição da República lhe outorga. (MEIRELLES. Hely Lopes. Mandado de segurança, Ação Popular, Ação Civil Pública, Mandado de Injunção, Habeas Data. 20. ed. São Paulo: Malheiros, 1998, p.114). Em virtude das considerações até então expostas, ao ser negado ao recorrente o acesso aos elementos indispensáveis à certificação de situações capazes de gerar uma ação popular, foi violado o direito à informação e o direito de petição (artigo 5º, XXXIV da CF/88). A Constituição Federal de 1988 assim dispõe sobre o instituto da ação popular, conforme redação expressa do art. 5o , LXXIII: LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. Diante da decisão denegatória de Mandado de Segurança impetrado em única instância é o entendimento do STJ: PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA ORIGINÁRIO DE TRIBUNAL. DENEGAÇÃO. RECURSO CABÍVEL. CF, ART. 105, II, B. – Da exegese do art. 105, II, b, da Constituição da República, resulta o entendimento de ser cabível recurso ordinário constitucional contra decisões denegatórias de mandados de segurança proferidos em única instância, sendo inadmissível a interposição do recurso especial, instituto processual cabível contra acórdão concessivo do “mandamus”. - Recurso especial não conhecido. (STJ - REsp: 136585 SP 1997/0041799-9, Relator: Ministro VICENTE LEAL, Data de Julgamento: 23/06/1998, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJ 17.08.1998 p. 97). Tem-se, no caso em comento, o ato ilegal/abusivo residente na negativa do recorrido em autorizar que o recorrente tivesse acesso a elementos por ele pretendidos, fundamentais à efetivação do seu direito, eis que seriam estes os elementos a embasar a ação popular, sendo certo que todo cidadão tem direito a manejar a aludida ação nas hipóteses em que se verificar a violação ao patrimônio público, ou seja, a bens de interesse de toda coletividade. Deste modo, considerando a fundamentação exposta, espera o recorrente ver reformada a decisão denegatória da segurança proferida pelo Tribunal de Justiça. V – DA TUTELA ANTECIPADA RECURSAL (DO EFEITO SUSPENSIVO ATIVO) Comment by Lyandra Maria Viana de Oliveira: VERIFICAR SE É NECESSÁRIO A concessão do efeito suspensivo ativo ao recurso ordinário está prevista no art. 995, §único, do CPC/15 e no art. 1.027, § 2º c/c art. 1.029, § 5º, ambos do CPC/15. O fumus boni iuris está configurado no fundamento relevante do direito da recorrente consistente na violação dos direitos fundamentais de petição, de acesso a informações, do Mandado de Segurança e da ação popular, e o periculum in mora no risco de ineficácia da medida final se a liminar não for deferida, tendo em vista a urgência da situação. “Art. 1º […]§ 3o Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias pessoas, qualquer delas poderá requerer o mandado de segurança. ” VI – DOS PEDIDOS Diante do exposto, o Recorrente requer: a) concessão de tutela antecipada recursal para determinar o efeito suspensivo ativo ao recurso ordinário, concedendo a segurança para garantir o acesso à informações públicas do Governo do Estado; b) ao final, que seja conhecido e provido o presente Recurso para reformar a decisão que denegou a segurança; c) a intimação do Recorrido para, querendo, apresentar contrarrazões, nos termos do nos termos do art 1.028, § 2º, do CPC/15; c) a condenação do Recorrido nas custas processuais e honorários advocatícios, nos termos dos arts. 82, § 2.º, 84 e 85 do CPC/15; d) a oitiva do Procurador-Geral da República, nos termos do art. 103, § 1º, da CRFB. Pelo exposto, o recorrente requer que seja conhecido e provido o recurso, para reformar a decisão recorrida, concedendo a segurança para permitir ao recorrente acesso aos elementos pretendidos, objeto do Mandado de Segurança. Nestes termos. Requer deferimento. Teresina/PI, 14 de novembro de 2022.
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