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Livro Texto - Unidade I(1)

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Autora: Profa. Janaina Santiago
Colaboradores: Prof. Alexandre Ponzetto
 Prof. Adilson Silva Oliveira
Artes Visuais 
na Pré-história
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Professora conteudista: Janaina Santiago
A professora é graduada e mestre em História pela Universidade de São Paulo. É docente no ensino superior com 
experiência em graduação.
Tem atuação universitária nas áreas de História da Arte; História da Imagem e do Som; Teorias e Técnicas da 
Comunicação; Comunicação Aplicada e Metodologia do Trabalho Científico.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
S235 Santiago, Janaina.
Artes Visuais na Pré-história. / Janaina Santiago. – São Paulo: 
Editora Sol, 2015.
148 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XIX, n. 2-005/15, ISSN 1517-9230.
1. Artes visuais. 2. Pré-história. 3. Arte Rupestre. I. Título.
CDU 7.01
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Giovanna Oliveira
 Amanda Casale
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Sumário
Artes Visuais na Pré-história
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 ARTE: DEFINIÇÕES E CONCEITOS .................................................................................................................9
1.1 Conceito de arte ......................................................................................................................................9
1.2 Origem e função da arte ................................................................................................................... 13
1.2.1 Origem da arte ......................................................................................................................................... 13
1.2.2 Função da arte ......................................................................................................................................... 17
2 A ORIGEM DO HOMEM ................................................................................................................................. 19
2.1 O surgimento do homem .................................................................................................................. 20
2.2 O surgimento do homem na América ......................................................................................... 31
3 A VIDA DO HOMEM PRÉ-HISTÓRICO ...................................................................................................... 35
3.1 Os primeiros povoamentos – caçadores e coletores nômades .......................................... 35
3.2 O homem do Neolítico: pastores e agricultores ...................................................................... 41
4 ORIGENS DA ARTE PRÉ-HISTÓRICA ......................................................................................................... 44
4.1 Homo sapiens e arte pré-histórica ................................................................................................ 44
Unidade II
5 A ARTE PRÉ-HISTÓRICA ................................................................................................................................ 53
5.1 A arte pré-histórica: sistemas de representações ................................................................... 53
5.2 A arte rupestre: definições e temáticas ...................................................................................... 56
6 A ARTE PRÉ-HISTÓRICA DOS SÍTIOS INTERNACIONAIS: PINTURAS, GRAVURAS, 
ESCULTURAS E ARQUITETURA ....................................................................................................................... 61
6.1 As pinturas e gravuras rupestres da Europa: Espanha e França ........................................ 61
6.2 A escultura, a arquitetura e a cerâmica pré-históricas ........................................................ 72
Unidade III
7 O BRASIL PRÉ-HISTÓRICO ........................................................................................................................... 85
7.1 A Arte pré-histórica brasileira ......................................................................................................... 85
7.2 A cerâmica e a escultura pré-histórica do Brasil .................................................................... 92
7.2.1 A tradição tupi-guarani ....................................................................................................................... 93
7.2.2 A tradição sambaquiera ....................................................................................................................... 95
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7.2.3 A tradição umbu...................................................................................................................................... 98
7.2.4 A tradição marajoara e a tradição tapajônica ............................................................................. 98
7.2.5 As sociedades da Amazônia pré-colonial ...................................................................................102
8 A ARTE RUPESTRE NO BRASIL .................................................................................................................104
8.1 As gravuras e pinturas rupestres ..................................................................................................104
8.2 As tradições de arte rupestre no Brasil ......................................................................................106
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APRESENTAÇÃO
A disciplina Arte Visual na Pré-História enfoca os estudos a respeito da arte pré-histórica e de como 
os homens se expressavam e se comunicavam artisticamente durante esse período.
Você terá a oportunidade de entrar em contato com conceitos como a definição e função da arte e 
a sua importância para o homem do Paleolítico e do Neolítico.
Iniciando o trajeto de aprendizagem com o conhecimento sobre a origem do homem e sua dispersão 
pelo planeta, chegaremos àarte produzida durante a Pré-história e a sua importância na compreensão 
da história da humanidade e das Artes Visuais.
Com vistas a possibilitar a compreensão do conceito de Arte e a sua importância na Pré-história e, 
consequentemente, nas Artes Visuais, este curso tem como objetivos analisar, contextualizar e conhecer 
as manifestações artísticas da Pré-história, como a arte rupestre.
INTRODUÇÃO
Caro aluno,
Nesta disciplina o objetivo central é o enfoque dos estudos a respeito da arte pré-histórica e de 
como os homens se expressavam e se comunicavam artisticamente durante esse período.
Para pensarmos em arte pré-histórica, antes de mais nada, precisamos definir um conceito para 
arte. O que é arte? Existe arte sem um artista e um observador? Podemos falar da existência de uma 
arte rupestre? Essas são questões que surgem sempre que se estudam as Artes Visuais e, em particular, 
a arte pré-histórica.
O primeiro ponto que precisa ser enfocado ao analisarmos a arte do Paleolítico e do Neolítico é a 
própria origem do homem. Quem são e como surgiram os artistas desses períodos? Qual é a localização 
espacial desses homens? A arte rupestre só existe na Europa ou podemos encontrá-la em todo o mundo? 
Como e onde está a arte rupestre no Brasil? Como é o estudo dessas pinturas e gravuras em nosso país?
Essas são algumas questões discutidas durante o nosso curso e, ao final de nosso programa de 
estudos, esperamos que você tenha alcançado os objetivos de nossa disciplina.
Todos os objetivos a serem atingidos durante nossos estudos colaborarão diretamente para a sua 
compreensão da Arte Visual na Pré-história.
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ARTES VISUAIS NA PRÉ-HISTÓRIA
Unidade I
1 ARTE: DEFINIÇÕES E CONCEITOS
“A arte fora de um contexto histórico é arte sem memória.”
(Teixeira Coelho)
Qual é o conceito de arte? Realmente existe arte?
É difícil definir o conceito de arte, pois cada período histórico possui diferentes formas de expressão artística 
e cultural. Porém, é consenso entre os pesquisadores que todos os grupos humanos, desde a Pré-história, 
produziram algo a que se pode dar o nome arte. Além disso, é também consenso que, ao analisar uma obra 
artística, podemos reconstruir um momento histórico (roupas, costumes, crenças) sob o ponto de vista do 
artista que a produziu, o que mostra que a arte é fundamental para se compreender a história da humanidade.
1.1 Conceito de arte
O que podemos entender como arte? Qual é a melhor definição de arte? Existe um único conceito 
para arte? Para alguns autores, os desenhos feitos com terra colorida em cavernas ou os desenhos em 
diferentes superfícies feitos pelo homem contemporâneo são atividades que podem ser chamadas de 
“arte, desde que conservemos em mente que tal palavra pode significar coisas muito diferentes, em 
tempos e lugares diferentes” (GOMBRICH, 1998, p. 15).
Porém, se buscarmos a definição em outros autores, o que encontraremos? No dicionário, a palavra 
arte está ligada à forma ou à maneira de se fazer algo, maneira esta concebida através de regras definidas. 
A palavra pode estar associada à ideia de êxito ou de habilidade. Também encontramos uma correlação 
com o ideal de beleza.
Certamente você deve ter uma ideia do significado do termo. Também já deve ter tido contato 
com algumas obras chamadas artísticas e, com certeza, consegue citar as obras de arte que são do seu 
agrado. Além disso, você, muito provavelmente, acredita que a arte está ligada à atividade humana e às 
suas manifestações estéticas e comunicativas.
Porém, ainda temos outros significados: em latim a palavra arte, ligada ao radical ars, tem o 
significado de técnica ou habilidade. A palavra latina ars ou artis corresponde ao termo grego tékne 
e relaciona-se à experiência, ao saber fazer, ou seja, à produção. Nesse sentido, mais do que a beleza, 
o termo está associado à destreza e à especialização em determinado ofício. A visão de arte ligada à 
inclinação racional para a produção faz parte da tradição aristotélica. Assim, faz parte dessa forma de 
interpretação de arte concebê-la como um devir, um fazer, um conjunto de regras.
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Unidade I
 Observação
Aristóteles: nascido em 384 a.C., em Estagira, foi um influente filósofo 
grego e discípulo de Platão. É considerado o criador do pensamento lógico.
A ideia de arte relacionada à produção faz com que o conceito não se limite ao campo artístico, 
mas que se relacione também aos campos políticos e educacionais. Essa é a visão de arte proposta por 
Aristóteles.
 Saiba mais
Partindo, como Platão, do problema acerca do valor objetivo dos 
conceitos, mas abandonando a solução do mestre, Aristóteles constrói um 
sistema inteiramente original.
ARANHA, M. L. de A. Filosofando: introdução à filosofia. 4. ed. São Paulo: 
Moderna, 2013.
ARISTÓTELES. São Paulo: Nova Cultural, 1991. 2. v. (Coleção os 
Pensadores).
Qual é a utilidade em conceber a arte como um conjunto de regras, um processo de produção?
A utilidade é a de perceber o quanto o conceito de arte pode ser problematizado e expandido, 
desmistificar a ideia de uma arte ligada exclusivamente aos museus e a espaços pré-concebidos. 
Ressignificar a produção artística inserindo-a em nosso dia a dia. Mas não podemos deixar de levar em 
consideração a complexidade da definição e conceituação do termo.
Muito se tem discutido sobre o conceito de arte. Os autores não têm um consenso sobre seu significado, 
entretanto podemos tentar delimitar seu campo de ação e ponderarmos sobre seu significado.
Vamos pensar na proposição de um importante estudioso de História da Arte:
É possível dizer, então que arte são certas manifestações da atividade 
humana diante das quais nosso sentimento é admirativo, isto é: nossa 
cultura possui uma noção que denomina solidamente algumas de suas 
atividades e as privilegia (COLI, 1995 p. 8).
O autor nos remete à noção de sentimento admirativo e de privilégio. Mas o conceito de beleza varia 
em função do tempo além do caráter pessoal e cultural do que é denominado belo. Janson e Janson 
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ARTES VISUAIS NA PRÉ-HISTÓRIA
falam em “um impulso irresistível de reestruturar a si próprio e ao seu meio ambiente de forma ideal” 
(JANSON; JANSON,1996, p. 6).
Podemos considerar o homem um inventor de símbolos. Dotado de uma imaginação criadora, 
transmite suas ideias de múltiplas e variadas formas. Recria o ambiente ao seu redor e a si mesmo em 
um processo carregado de símbolos de diversas interpretações. O próprio sonho dialoga com os símbolos 
e suas interpretações.
Quando sonhamos (e todos nós sonhamos) estamos, através da imaginação, formando imagens, 
estórias, representações em nossas mentes. O homem é capaz tanto de imaginar quanto de fazer relatos 
daquilo que imaginou. Esses relatos podem se dar tanto através do diálogo quanto da produção, do 
fazer artístico, quer seja em poesia, música, quadros ou em inscrições nas paredes. ”A imaginação é uma 
faceta misteriosa da humanidade, é o elo entre o consciente e o subconsciente [...] é a cola que mantém 
unidos a personalidade, o intelecto e a espiritualidade” (JANSON; JANSON, 1996, p. 7).
Não podemos deixar de levar em consideração que a arte é uma das primeiras manifestações do 
ser humano, ser humano esse que marcou sua presença no mundo e deixou seus registros para a 
posteridade. A produção artística faz parte da nossa vida e é essencial para a construção do mundo em 
sociedade. Além disso, o que é extremamente importante, representa a reconstrução simbólica queo 
homem faz do universo ao seu redor, da sua forma de ver o mundo: são os sentimentos, as emoções, as 
ideias transmitidas e reinterpretadas à luz do criador do objeto artístico.
Figura 1 – Alma: representação egípcia da alma do morto sob a forma de ave
Não podemos deixar de levar em consideração que esse processo de produção insere-se em um 
ambiente cultural que tem papel determinante, tanto na criação quanto no processo de compreensão 
do que foi produzido.
Compreender a produção artística significa interpretá-la à luz desse ambiente cultural, e é esse 
processo de interpretação que dá ao objeto o status de artístico. Dessa forma, cabe ao discurso e à 
crítica especializada, constituídos na inter-relação entre crítico, objeto cultural e público, o poder de 
classificar, privilegiando um ou outro objeto.
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Unidade I
Nessa visão, é esse discurso, reconhecido como competente (COLI, 1995, p. 10), e os locais onde os 
objetos artísticos são expostos (galerias, museus e até mesmo as ruas das cidades), que nos trazem uma 
visão de arte sólida e privilegiada, porém com limites pouco precisos.
Podemos considerar a arte como processo, discurso; acreditamos que ela é repleta de imaginação, 
simbolismos e de significados que competem ao observador desvendar. Como afirma um famoso dito 
popular, “a arte é o tempero do mundo”. Essa ideia é abordada também no famoso verso da música 
Comida, da banda Titãs: “A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte”.
Exemplo de aplicação
Observe esses objetos:
Figura 2 – Cesta de basquete
Figura 3 – Carrinho de bebê, Dukley, 1919
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ARTES VISUAIS NA PRÉ-HISTÓRIA
Figura 4 – Vênus de Milo (final do século II a.C.), Museu do Louvre, Paris
Você considera que podemos caracterizar todos como obras de arte? Justifique sua resposta.
1.2 Origem e função da arte
1.2.1 Origem da arte
Quando surgem as primeiras obras de arte? Qual a origem da arte?
Para termos arte, temos que ter a obra e o artista. Esse é um processo de codependência, no qual o 
artista e o produto de sua produção estão inter-relacionados, um não existe sem o outro. É pelas mãos 
do artista que a matéria-prima se torna uma obra de arte.
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Unidade I
Figura 5 – Atlas, de Michelângelo (Itália, 1475–1564), mármore – 1520
Figura 6 – Pietá, de Michelângelo (Itália, 1475–1564), mármore, 
Basílica de São Pedro, Roma – 1498-1500
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ARTES VISUAIS NA PRÉ-HISTÓRIA
Essa conexão (artista/obra) nos remete a uma tríade composta pela formação de uma imagem na 
mente do artista; a comunicação dessa imagem através do objeto, feito pelo artista e pelo observador, 
que olha tanto a obra quanto o seu produtor.
Observador, obra e artista estão inseridos em uma dada realidade, em um determinado mundo.
Esse mundo pode ser entendido como um conjunto de significados articulados e com um sentido 
comum. É a conjuntura, entendida como um conjunto de circunstâncias ou acontecimentos em um 
determinado momento, que dá sentido a esse mundo. E é nele que a obra de arte ganha visibilidade, ele 
é o local privilegiado para sua construção.
Expressão humana por excelência, é através da arte que o homem manifesta sua visão de mundo e 
proclama suas ideias e sentimentos desde os tempos mais remotos.
 Observação
Não podemos esquecer que a percepção da arte varia em função da 
cultura e dos grupos sociais. Dessa forma, a compreensão da arte se dá a 
partir de um contexto específico e não pode ser separada do grupo que a 
construiu.
Figura 7 – No Egito antigo a arte, ligada à religião, refletia o 
Estado teocrático e a sociedade estamental
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Unidade I
Figura 8 – Pintura de Diogo Rivera
No mundo contemporâneo, temos uma produção artística que se dissocia do contexto religioso e 
que reflete uma diversidade cultural.
Se a arte se inicia com o aparecimento do artista e com a produção de suas obras, podemos 
nos indagar em qual momento surgiram as primeiras manifestações artísticas e as primeiras 
obras de arte.
Podemos considerar que a origem da arte está nas produções e nos monumentos mais antigos 
que encontramos – os quais, a propósito, em sua grande maioria, datam dos últimos estágios do 
Paleolítico.
 Lembrete
Não podemos datar com precisão o início da arte. Porém, foi no final 
do Paleolítico que foram elaboradas obras que se conservaram até os dias 
atuais.
Contudo, nesses monumentos, já podemos perceber um refinamento e uma grande perfeição técnica. 
A habilidade e a precisão dos artistas se mostram tão presentes nas obras, que fica difícil acreditar que 
nelas resida a origem da arte.
Muito provavelmente a arte tem origem mais remota. É possível que tenha tido um longo e lento 
desenvolvimento com uma produção elaborada com materiais que não resistiram à ação do tempo. 
Desconhecemos completamente todo esse processo anterior de produção que pode ter ocorrido em 
madeira, argila, em areia e de inúmeras outras formas, constituindo uma evolução gradativa que foge 
completamente ao conhecimento e à observação do homem moderno. Porém, se a origem da arte não 
pode ser datada, catalogada e estudada, pode ser inferida.
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ARTES VISUAIS NA PRÉ-HISTÓRIA
Exemplo de aplicação
Observe as imagens:
Figura 9 – Almoço na Relva, Picasso (Espanha, 1881–1973), 
114cm x 146cm, Museu Picasso, Paris
Figura 10 – Almoço na Relva, Manet (França, 1832–1883), 
208cm x 264cm, Museu d’Orsay, Paris, 1863
Existem semelhanças entre elas? Podemos dizer que uma se inspira na outra, ou seja, que uma é 
releitura da outra? Você acha que as duas obras foram feitas pelo mesmo motivo? Justifique.
1.2.2 Função da arte
Quanto à função da arte, estaria ela concentrada apenas no campo da percepção admirativa?
Proença nos indica que é através da arte que podemos ter a percepção, a sensibilidade, a cognição 
do mundo, além da sua visão individual de trabalhar o próprio eu. Ela é uma forma de interpretar 
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Unidade I
simbolicamente o mundo dentro da concepção do indivíduo e representa uma linguagem que ultrapassa 
o processo de comunicação. É, portanto, uma forma simbólica de transmitir ideias e sentido ao que nos 
cerca.
Proença (2005) ainda atribui três funções primordiais para a arte: a pragmática, a naturalista e a 
formalista.
• Função pragmática: podemos considerar que a obra de arte tem um caráter utilitário, uma 
finalidade em si mesma, que não a artística. Essa finalidade pode ser utilitária, pedagógica, 
religiosa, política ou cultural.
• Função naturalista: nesse contexto, ressalta-se a representação da realidade. O objetivo é ser o 
mais natural e o mais próximo do real possível. A perfeição técnica é vista como forma de uma 
produção onde podemos reconhecer o real.
• Função formalista: nessa concepção, valoriza-se a forma, a concepção estética ganha destaque. 
Transmitem-se ideias e emoções minimizando os aspectos pragmático e naturalista.
Exemplo de aplicação
Observe os objetos e indique a qual função dearte cada um deles se aproxima.
Figura 11 – Vaso de cerâmica
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ARTES VISUAIS NA PRÉ-HISTÓRIA
Figura 12 – A morte de Marat, Jacques-Louis David (França, 1748–1825), 
tela, 165cm x 128cm, Museu Real de Belas Artes, Bruxelas, 1793
Figura 13 – Primeira Aquarela Abstrata, Vassili Kandinsky 
(Rússia, 1866–1944), aquarela, 50cm x 65cm, coleção Nina Kandinsky, Paris
2 A ORIGEM DO HOMEM
Para compreendermos como o homem pré-histórico produziu arte, é necessário saber um pouco 
sobre o seu surgimento. Como era o homem na sua origem? Ele sempre possuiu a capacidade cognitiva 
de produzir arte? Vejamos um pouco sobre essas e outras questões.
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Unidade I
2.1 O surgimento do homem
Um químico pode, a qualquer instante, combinar vários elementos em 
determinadas condições e proporções para comprovar um resultado obtido 
anteriormente. [...] O pesquisador que tem como matéria-prima o passado 
não tem esse recurso. Pelo menos, enquanto a máquina do tempo não for 
viabilizada (sonhar é preciso...), não temos como saber exatamente o que 
aconteceu no passado (PINSKI, 2013, p. 31).
Apesar de não sabermos pontualmente como o homem surgiu na face da Terra, podemos chegar a 
algumas hipóteses. Inúmeras discussões têm ocorrido quando se pensa na origem do homem na Terra. 
A possibilidade de consenso é bastante remota, porém duas teses têm orientado os debates a respeito 
dessa questão: a criacionista e a evolucionista.
A hipótese criacionista, extraída das concepções judaico-cristãs, surgidas da Bíblia, acredita que 
Deus tenha criado tudo e todos. Para o criacionismo, a posse de sentimentos, de vontade própria e de 
inteligência diferencia os homens dos demais animais.
Figura 14 – A criação de Adão – hipótese criacionista
A teoria evolucionista tem por base o livro de Charles Darwin A Origem das Espécies e propõe que 
todos os seres tiveram uma origem comum. Vivendo um processo de evolução gradual e contínuo, as 
diferenças teriam se dado pelo processo natural de seleção. Assim, indivíduos mais capazes adaptaram-se 
melhor ao ambiente e sobreviveram, deixando seus descendentes, que acabam sofrendo alterações em 
seu mecanismo biológico.
Darwin não foi o único a inovar o pensamento científico da época. Alfred Russel Wallace foi um 
naturalista inglês que chegou a uma teoria similar às de Darwin na mesma época em que o renomado 
cientista estava trabalhando na hipótese evolucionista. Wallace chegou a escrever uma carta relatando 
o seu trabalho a Darwin, o que apressou a publicação da teoria evolucionista.
Vejamos um trecho do trabalho de Attico Chassot para compreendermos melhor o evolucionismo 
defendido por Darwin.
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[…] Durante cinco anos (1831-1836), o jovem Charles viveu o que, até sua 
morte, aos 73 anos, considerou como o acontecimento mais importante de 
sua vida, determinando toda a sua carreira de pesquisador e sepultando seu 
desejo de ser ministro religioso.
Nos cinco anos de viagem do Beagle, [...] estudou a floresta tropical 
brasileira, o pampa argentino, a vegetação andina, os desertos australianos, 
as formações geológicas da Terra do Fogo e do Taiti, as ilhas desflorestadas 
do Cabo Verde. Viu terremotos e maremotos, vulcões extintos e ativos, seres 
humanos que “de tão selvagens e destituídos de crenças, nem pareciam 
homens” [...]
De todas as suas múltiplas observações, as que mais surpreenderam 
Darwin ocorreram nas Ilhas Galápagos, no sudeste do Pacífico. 
Ali ele encontrou e estudou animais que, depois, pôde comparar 
com os existentes no continente sul-americano. Verificou que, 
embora semelhantes, esses animais apresentavam variados graus de 
diferenciação. Ou seja, nas ilhas, haviam desenvolvido características 
próprias, o que indicava processos evolutivos de adaptação aos 
alimentos disponíveis, ao isolamento geográfico etc. Suas observações 
tornavam cada vez mais difícil a crença no relato bíblico do Gênesis, 
segundo o qual Deus criara cada uma das espécies já completa, e que, 
portanto, deveriam ter chegado até nós inalteradas.
Ao retornar da longa viagem, Darwin discutiu suas observações com o 
geólogo Charles Lyell, que, em 1830, causara sensação no mundo científico 
ao publicar o primeiro dos três volumes da obra monumental Princípios 
de Geologia, reunindo estudos sobre processos naturais da alteração da 
superfície terrestre. Nos seis anos seguintes, Darwin leu uma grande variedade 
de publicações, livros de viagens, manuais de agricultura e horticultura, de 
criação de animais domésticos e de história natural; discutiu com criadores 
e com peritos em diferentes cultivos; analisou e preparou esqueletos de aves 
domésticas; criou e cruzou diferentes variedades de pombos; reexaminou 
boa parte do material que havia coletado no Beagle. Em 1842, tinha o 
primeiro rascunho, com 35 páginas, do que se tornaria A Origem das Espécies. 
Dois anos depois, o esboço da obra estava mais completo. Em 230 páginas, 
procurava explicar o aparecimento e o desaparecimento das espécies, por 
que surgiam e se modificavam com o tempo, e por que muitas desapareciam 
para sempre.” (CHASSOT, 1994, p. 135-137).
A teoria evolucionista, apesar de ter passado por muitas revisões, recebeu e recebe amplo apoio dos 
meios acadêmicos. Aceitar essa teoria significa aceitar uma visão de mundo “racional e científica que 
não permite abordagens pessoais ou místicas.” (POLEGATTO; SILVEIRA JR; JOAQUIM. 2009, p. 74). Assim, 
as atuais pesquisas sobre as origens do homem baseiam-se nessa teoria.
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Unidade I
Montar o quebra-cabeça da história da humanidade não é um trabalho fácil. Para isso, ciências como a 
antropologia biológica (que estuda fósseis humanos) e a arqueologia (estuda o passado humano a partir 
dos vestígios e restos materiais deixados pelos povos) são fundamentais. A maior parte das informações 
que temos hoje foi conseguida através da análise de vestígios encontrados em sítios arqueológicos 
espalhados pelo mundo, onde os pesquisadores nem sempre trabalham em condições favoráveis. Além 
disso, vale lembrar que, no início da humanidade, a escrita não era utilizada, complicando ainda mais a 
interpretação e a análise dos fatos.
O que é sítio arqueológico? É o nome do local em que os vestígios das atividades humanas do 
passado ficaram preservados. Existem vários tipos de sítios arqueológicos, como os sambaquis e os 
abrigos rupestres. Além disso, eles são muito variados, podendo ser desde uma cidade, como Pompeia, 
até um acampamento pré-histórico.
É através dos variados vestígios materiais deixados pelas sociedades antigas encontrados nos sítios 
arqueológicos que o arqueólogo procura reconstituir o modo de vida, as formas de sobrevivência, além 
das crenças, comportamentos e ideias dos povos antigos.
Os vestígios materiais constituem, portanto, peças do quebra-cabeça de que o arqueólogo dispõe 
para reconstruir o passado. Eles podem ser fragmentos de cerâmica ou artefatos de pedra, restos de 
sepulturas ou urnas funerárias, restos de fogueira, os buracos de estacas das cabanas, as pinturas e 
gravuras rupestres e até mesmo estruturas construídas pelo homem como ruínas de moradias e outros 
edifícios.
Figura 15 – Sítio arqueológico no Mato Grosso antes do início dos trabalhos
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ARTES VISUAIS NA PRÉ-HISTÓRIA
Figura 16 - Sítio arqueológico no Mato Grosso: início dos trabalhos
Figura 17 – Sítio arqueológico no Mato Grosso: descoberta 
de uma fogueira “fábrica” de líticos (pontas de flecha)
Infelizmente, as descobertas não traçam uma linha evolutiva firme e precisa, não existe roteiro, 
mas descobertas que algumas vezes elucidam e outras complicam a problemática evolutiva da espécie 
humana. Apesar disso, muito se avançou no estudo da Pré-história e atualmente algumas conclusões 
são consenso, como, o fato de que os primeiros hominídeos teriam surgido na África.
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Unidade I
 Observação
Hominídeo é o grupo a que pertencem todos os primatas mais próximos 
dos humanos modernos que dos grandes macacos e, convencionalmente, 
utilizamos esse termo para nos referirmos a todos os ancestrais do atual 
ser humano.
Outra ideia comum é a que defende a existência há cerca de 12 milhões de anos, na Europa e na 
África, de pequenos seres cujo desenvolvimento pode ser associado à evolução do Homem. Pinski (2013) 
refere-se a esses seres como Ramapithecus, os patriarcas.
Durante a década de 1960, os pesquisadores Louis e Mary Leakey concluíram que os primeiros 
hominídeos teriam surgido há aproximadamente 2,5 milhões de anos numa região conhecida como as 
gargantas do Olduvai, na Tanzânia.
Em 1974, o pesquisador Yves Coppens participava de uma escavação arqueológica na Etiópia quando 
encontrou um esqueleto com aproximadamente 3,5 milhões de anos, representante de uma espécie que 
seria, provavelmente, ancestral do homem: o Australopithecus.
As pesquisas realizadas a partir do esqueleto concluíram que ele seria feminino tanto por seu 
tamanho (pequeno) quanto pela análise do osso da bacia. Assim, foi batizado de Lucy em homenagem 
à música Lucy in the sky in Diamonds, da banda The Beatles. Além disso, concluiu-se que a ela teria 
uma altura aproximada de 1,10 metro, pesaria 30 quilos e possuiria um volume cerebral de 430 
centímetros cúbicos. A análise do esqueleto comprovou que os australopitecos seriam os primeiros 
hominídeos bípedes.
Mas, qual é a importância do bipedismo? A principal consequência do seu surgimento é 
a diminuição da mandíbula e o aumento da caixa craniana. Isso quer dizer que o fato de ele 
se locomover sobre os dois pés liberou o uso das mãos para pegar objetos. O fato de não ser 
mais necessário segurar objetos com a boca fez que, com o tempo, os ossos da mandíbula 
diminuíssem, dando espaço para o aumento dos ossos da caixa craniana, consequentemente, o 
cérebro também aumentou.
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ARTES VISUAIS NA PRÉ-HISTÓRIA
 
Figura 18 – Crânio de um Australopithecus
As pesquisas realizadas pelo casal Leaky, na Tanzânia, descobriram fósseis que comprovaram a 
existência de um novo gênero do qual seríamos descendentes: o gênero Homo. O esqueleto descoberto 
foi classificado de Homo habilis, pois teria desenvolvido a habilidade de produzir ferramentas.
O Homo habilis vivia no mesmo período do Australopithecus e era detentor de grande habilidade 
craniana e de uma postura ereta muito similar à dos seres humanos. Alguns estudiosos acreditam que 
tanto o Australopthecus quanto o Homo habilis descendem do Ramapithecus. Porém, ainda nos dias de 
hoje, não sabemos com certeza o motivo do sucesso de um grupo em detrimento do outro.
Durante muito tempo, acreditou-se que os fósseis encontrados na Tanzânia, Etiópia e Quênia, 
especificamente no Vale da Grande Fenda, uma grande formação geológica que atravessa essa região, 
fossem os mais antigos. Porém, pesquisas realizadas por Michel Brunet, que encontrou em Chade um 
crânio de 7 milhões de anos, levantaram a hipótese de que o primeiro hominídeo, chamado homem de 
Toumai, seria muito mais antigo do que se acreditava inicialmente.
O Homo habilis, que até então vivia restrito à África, deu origem a uma espécie que se disseminaria 
pelas Ásia e Europa: o Homo erectus, há aproximadamente 1,5 milhão de anos. Acredita-se que essa 
espécie, além de aperfeiçoar os utensílios de pedra (facas, machados, raspadores), provavelmente, 
iniciou a linguagem falada, começou a abrigar-se e a produzir fogo. Fisicamente, o Homo erectus não 
ultrapassava 1,5 metro de altura, tinha a arcada superciliar saliente e uma mandíbula maciça, desprovida 
de queixo. A cabeça articulava-se com a coluna vertebral de modo a ficar ligeiramente projetada para 
a frente.
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Unidade I
Figura 19 – Reconstituição de duas subespécies do Homo erectus. Da esquerda para a direita: o Sinantropo e o Javantropo
Em aproximadamente 300.000 a.C., o Homo erectus sofreu uma série de adaptações que resultaram 
no surgimento de uma nova espécie: o Homo sapiens.
Vestígios da subespécie mais antiga do Homo sapiens foram descobertos pela primeira vez no vale do rio 
Neander, na Alemanha, e receberam o nome científico de Homo sapiens neanderthalensis. Posteriormente, 
exemplares semelhantes foram encontrados em vários locais na Europa, na Ásia e na África do Norte.
E como era esse novo homem pré-histórico? Ele não era muito alto, pois media em torno de 1,5 metro, 
tinha um crânio levemente achatado, com a testa bastante inclinada para trás; seus maxilares eram robustos 
e o queixo pequeno. A arcada superciliar era menos saliente que nas espécies precedentes. Os estudos dos 
esqueletos encontrados mostram que ele era atarracado, robusto e que tinha as extremidades mais curtas.
Veja uma reconstituição facial de uma menina neandertalense.
Figura 20 – Menina de Neandertal
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ARTES VISUAIS NA PRÉ-HISTÓRIA
As pesquisas apontam que os neandertalenses caçavam em grupo e abrigavam-se do frio em 
cavernas. Eles teriam vivido entre 120.000 e 35.000 a.C. Sua extinção, como muitos acontecimentos 
do período pré-histórico, é um pouco nebulosa, porém uma das hipóteses mais aceitas é a de que uma 
parcela desse grupo miscigenou-se ou foi exterminada pela segunda e mais evoluída subespécie do 
Homo sapiens, denominada cientificamente Homo sapiens sapiens – ou seja, o homem atual.
Descobertas recentes defendem que os neandertalenses teriam deixado uma herança genética na 
população europeia.
 Saiba mais
Nos últimos anos, muitas pesquisas foram realizadas sobre o homem 
de Neandertal. Para saber um pouco mais sobre essa espécie, leia os textos:
PIRES, M. T. Nove mitos e verdades sobre os Neandertais. Veja, Ciência, 
Evolução Humana, São Paulo, 30 set. 2014. Disponível em: <http://veja.abril.
com.br/noticia/ciencia/nove-mitos-e-verdades-sobre-os-neandertais>. 
Acesso em: 24 mar. 2014.
WONG, K. Neandertais e Homo sapiens tinham comportamentos 
semelhantes. Scientific American Brasil, Notícias, São Paulo, s.d. Disponível 
em: <http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/neandertais_e_homo_
sapiens_tinham_comportamentos_semelhantes.html>. Acesso em: 24 
mar. 2014.
A) Australopithecus afarensis B) Homo erectus C) Homo neanderthalensis
Figura 21 – Reconstituição de homens pré-históricos
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Unidade I
A)2,5 milhões de anos B)1 milhão de anos C)100.000 a 32.000 anos
Figura 22 – Esqueletos de homens pré-históricos
As datações fósseis apontam que por volta de 40.000 a.C. surgiu o homem de Cro-Magnon, que 
recebeu essa denominação pelo nome da cavernano sul da França onde os primeiros vestígios dessa 
espécie foram descobertos. Esses homens eram mais altos do que os neandertalenses, medindo em 
torno de 1,70 metro e pesando, aproximadamente, 70 quilos. Além disso, seu volume cerebral era muito 
maior do que o do homem de Neandertal, seus traços fisionômicos eram menos pesados e seu corpo era 
longilíneo e robusto.
O Homo sapiens sapiens (também chamado homem moderno) foi o responsável pelo aperfeiçoamento 
das técnicas utilizadas e pela estruturação de uma organização social e religiosa. Acredita-se que todos 
os grupos humanos do planeta tenham se originado desse homem moderno.
 Lembrete
Os fósseis mais antigos dos seres humanos foram encontrados na África.
O clima tropical e as condições geográficas africanas, como a formação das savanas, permitiram 
uma evolução lenta e gradativa. Apesar de raros, porém, alguns vestígios foram identificados, o que 
evidência sua presença na região nesse período.
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1 - Australopithecus
2 - Homo Habilis
3 - Pithecanthropus (Homo Erectus)
4 - Homo Sapiens Sapiens
Figura 23 – Principais sítios arqueológicos de ancestrais humanos
Porém, os seres humanos não permaneceram na África. Por razões ainda pouco identificáveis 
saíram do território africano para povoar o mundo. Chegaram primeiramente à Europa e à Ásia e, 
posteriormente, habitaram o continente americano.
 Saiba mais
Para saber mais sobre a rota dos hominídeos, consulte o artigo a seguir:
OS PRIMEIROS hominídeos imigrantes. Historianet, s.d. Disponível em: 
<http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=196>. 
Acesso em: 24 mar. 2014.
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Unidade I
Figura 24– A migração humana
Exemplo de aplicação
Observe o esquema simplificado do surgimento do homem
Homo sapiens antigo
Homo erectus
Homo habilis
Australopithecus
Homo 
neanderthalensis
Homo sapiens 
sapiens
Figura 25 – Esquema simplificado da evolução humana
A partir do esquema e do conteúdo apresentado, destaque a importância das contribuições de cada 
grupo da evolução humana.
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ARTES VISUAIS NA PRÉ-HISTÓRIA
2.2 O surgimento do homem na América
Pouco se sabe a respeito da chegada do homem no território americano, pois ainda existem muitas 
ambiguidades sobre a época e a origem do homem nesse continente.
Durante boa parte do século XX, acreditava-se que a chegada do homem à América teria ocorrido, 
basicamente, em dois momentos. O primeiro deles, aproximadamente entre 18 e 13 mil anos atrás, 
corresponde à hipótese de ocupação como resultado das migrações que ocorreram a partir da Ásia na 
época da glaciação. Essa teoria, chamada hipótese asiática, defende que a migração ocorreu da Ásia 
para a América graças a uma ponte de gelo que teria se formado no estreito de Bering, ligando esses 
dois continentes.
 Observação
A ocupação da América pelo Estreito de Bering também é chamada 
de Teoria Clóvis, pois foram encontrados vestígios em Clóvis, Novo México 
(EUA), que comprovariam, pela sua datação, a travessia realizada entre a 
Ásia e a América pelo homem pré-histórico.
Outra hipótese de migração aceita é a malaio-polinésia. Ela defende que os deslocamentos teriam 
sido feitos por grupos de ilhas do Pacífico que navegaram em embarcações primitivas até a costa sul do 
continente americano. Isso teria ocorrido há 10 mil anos.
Figura 26 – A hipótese de ocupação da América pelo Estreito de Bering
Entretanto, no final do século XX, as pesquisas arqueológicas levantaram a hipótese da existência de 
uma outra onda migratória para a América.
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Unidade I
Por que os pesquisadores começaram a defender essa nova hipótese? Simples, foi encontrado 
um fóssil humano no Brasil na região de Lagoa Santa, em Minas Gerais. Ao fazerem a reconstrução 
facial do fóssil, batizado de Luzia, os pesquisadores tiveram uma grande surpresa, pois os traços 
apresentados eram negroides e apresentavam notável semelhança com os aborígenes australianos. 
As datações comprovaram que o fóssil era muito mais antigo do que se acreditava, uma vez que 
tem 11.500 anos.
Figura 27 – Reconstituição do fóssil que recebeu a denominação de Luzia
Vejamos um pouco mais sobre a descoberta de Luzia:
Desenterrado em 1975, o crânio de Luzia é o mais antigo fóssil humano 
já encontrado nas Américas. Transportado de Minas Gerais para o Museu 
Nacional da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, permaneceu anos 
esquecido entre caixas e refugos do acervo da instituição. Foi ali que o 
arqueólogo Walter Neves, da Universidade de São Paulo (USP), o encontrou 
alguns anos atrás. Ao estudá-lo, fez descobertas surpreendentes. Os traços 
anatômicos de Luzia nada tinham em comum com o de nenhum outro 
habitante conhecido do continente americano. A medição dos ossos revelou 
um queixo proeminente, crânio estreito e longo e faces estreitas e curtas. 
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ARTES VISUAIS NA PRÉ-HISTÓRIA
De onde teria vindo Luzia? Seria ela remanescente de um povo extinto, 
que ocupou a América há milhares e milhares de anos e acabou dizimado 
em guerras ou catástrofes naturais? A hipótese de Walter Neves acaba 
de ser reforçada por um trabalho feito na Universidade de Manchester, 
na Inglaterra. Com a ajuda de alguns dos mais avançados recursos 
tecnológicos, os cientistas ingleses reconstituíram pela primeira vez a 
fisionomia de Luzia. O resultado é uma mulher com feições nitidamente 
negroides, de nariz largo, olhos arredondados, queixo e lábios salientes. 
São características que a fazem muito mais parecida com os habitantes 
de algumas regiões da África e da Oceania do que com os atuais índios 
brasileiros (TEICH, 1999).
Além da descoberta do crânio de Luzia, outras pesquisas que questionam a hipótese do Estreito de 
Bering como a primeira onda migratória do homem para a América são aquelas desenvolvidas por Niéde 
Guidon e sua equipe na Serra da Capivara, no estado do Piauí. Os estudiosos alegam que encontraram 
sítios com vestígios de cinzas de fogueira com datação de 48.500. Porém, muitos cientistas nacionais e 
internacionais contestam essa datação, uma vez que, pelos vestígios encontrados, é impossível garantir 
que essa fogueira tenha sido feita pelos hominídeos.
Como o campo da Arqueologia é dinâmico, novas descobertas podem ocorrer apoiando ideias 
ou aposentando outras. Uma das hipóteses mais aceitas para a chegada do homem no Brasil é a 
defendida por Walter Neves, que afirma que teriam ocorrido duas migrações separadas de dois 
grupos diferentes, ambas, porém, provenientes da Ásia. Segundo ele, a primeira teria ocorrido 
há cerca de 13 mil anos e seria de uma população com feições semelhantes às dos aborígenes 
australianos. Para ele, esses homens pré-históricos teriam entrado no continente americano pelo 
Alasca, provavelmente com o auxílio de canoas. Essa teoria explicaria as características encontradas 
na reconstituição do crânio de Luzia.
 Saiba mais
Para saber mais sobre Luzia e os primeiros americanos, leia:
NEVES, W. A.; BEETHOVEN, L. O povo de Luzia – em busca dos primeiros 
americanos. São Paulo: Editora Globo, 2008.
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Unidade I
Figura 28 – Os mais antigos sítios arqueológicos da América
Seja como for, todas essas teorias e discussões fornecem pistas para responder a uma importante 
questão: afinal, de onde vieram os brasileiros?
Exemplo de aplicação
Reveja a imagem de Luzia e a imagem da menina de Neandertal. Elas são semelhantes? Quais são os 
traços da Luzia que mais causaram estranheza entre os pesquisadores?
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ARTES VISUAIS NA PRÉ-HISTÓRIA
3 A VIDA DO HOMEM PRÉ-HISTÓRICO
Após analisarmos as diversas teorias sobre o surgimento e a evolução do homem, vejamos como ele 
viveu, seus costumes, suas crenças e seu dia a dia.
3.1 Os primeiros povoamentos – caçadores e coletores nômades
O período anterior à descoberta da escrita é, comumente, designado de Pré-história. É sobre esse 
período que vamos nos debruçar para o conhecimento de sua história e de sua produção artística e visual.
A compreensão do universo artístico e simbólico desse homem, seu processo de se comunicar com 
o mundo só chegou até os nossos dias devido à sua necessidade de deixar seus registros grafados nas 
rochas e nas cavernas. É a partir da percepção visual que tentamos descobrir os mistérios desse passado 
tão longínquo e tão misterioso aos olhos do Homem pós-moderno.
Porém, só podemos adentrar no seu legado visual se tomarmos como ponto de partida sua 
forma de vida, seu processo de organização econômica e social, desvendada através dos resquícios 
por ele deixados.
É evidente que não temos de volta a sociedade que os produziu, mas 
temos um rico acervo cultural que narra a passagem do homem em 
determinadas regiões, em períodos cada vez mais remotos com estruturas 
semiológicas, ou seja, elementos organizados entre si compostos de 
significados que refletem, evidentemente, o presente de seus autores e 
os grafismos de uma expressão comunicativa das populações humanas 
primeiras. (ALVES, s.d., p. 62).
Muitos estudiosos realizaram uma periodização, tanto da história, quanto da Pré-história. Devemos 
considerar que toda e qualquer periodização tem finalidade didática e não qualifica um ou outro 
período. Afinal, os períodos coexistem e se inter-relacionam, não havendo linha divisória e nem mudança 
instantânea de um período para outro.
Mas, de qualquer forma, devemos pensar um pouco nessa periodização que pode ser feita, tanto 
através de utensílios (Idade da Pedra Lascada e Idade da Pedra Polida), quanto através do modo de vida 
(caçadores e agricultores). Essas periodizações representam etapas de um processo evolutivo que devem 
ser entendidas no seu conjunto.
Segundo Crosby (1993), apesar de a historiografia ter encarado esse processo como algo 
repentino e revolucionário e separar a coleta e a agricultura como duas etapas distintas e que não 
coexistiram, pesquisas atuais comprovam que essa transição aconteceu de forma lenta e gradual. 
Durante muito tempo, defendeu-se essa mudança repentina da forma de sobrevivência do homem 
pré-histórico, deixando de lado o fato de que a agricultura desenvolvida inicialmente era uma 
atividade complementar que enriquecia a alimentação e garantia maior sobrevivência para esses 
grupos de caçadores-coletores.
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Unidade I
Trataremos, em um primeiro momento, dos povos caçadores e nômades. Esses viveram entre 700.000 
e 10.000 a.C. Eram povos nômades que viviam da caça, da pesca e da coleta vegetal.
 Saiba mais
Pesquisadores da Universidade de Harvard pesquisaram uma 
comunidade que ainda se mantém como caçadora-coletora, a 
comunidade Kung. Vivendo no deserto de Calaari, esse povo, além 
de viver da caça e da coleta, é nômade e pratica a divisão sexual do 
trabalho. Os homens se dedicam à caça e à coleta, atividade que implica 
mobilidade e silêncio total. Embora nem sempre os caçadores obtenham 
êxito em sua empreitada, quando a atividade é produtiva, rende 
alimentos que duram um longo período. Já as mulheres se dedicam à 
coleta, acompanhada dos filhos (é responsabilidade feminina o cuidado 
com os filhos devido à amamentação), atividade que desenvolvem de 
forma ruidosa e socializadora e que, se não produz alimentos para vários 
dias, invariavelmente é frutífera.
Pesquise mais sobre os Kung no site:
KWONONOKA, A. Os !Kung (Khoisan). O País, 21 jul. 2009. Disponível 
em: <http://www.opais.net/pt/opais/?id=&det=4222&mid=293>. Acesso 
em: 25 mar. 2014.
O homem desse período vivia em aldeias organizadas em sociedades, que tinham como principal 
característica não se fixar por um longo período em um mesmo espaço geográfico, mas mudar de um 
lugar para outro em busca do alimento necessário a sua sobrevivência.
Caso o local onde fixavam suas comunidades ou aldeias tivesse abundância de matérias e alimentos, 
a permanência do grupo poderia se estender por um longo período, mas, no momento em que os 
alimentos escasseavam, o grupo direcionava-se a um local onde houvesse uma maior abundância de 
recursos para sua sobrevivência.
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Figura 29 – Grupos de caçadores e coletores nômades
Esse foi um longo período, quando, além do nomadismo, o homem vivia de forma simples, sobrevivendo 
da caça de animais e da coleta de vegetais. A possibilidade de se proteger das intempéries da natureza 
era simples e limitada: peles de animais e a moradia em grutas e cavernas eram mecanismos de extrema 
importância para garantir sua sobrevivência. Seus abrigos eram cabanas feitas de galhos sustentados 
por pedras que, mesmo pequenas, protegiam do vento e dos animais carnívoros. Normalmente, essas 
cabanas eram construídas à beira de riachos ou próximas a lagos.
Figura 30 – Reconstituição de um abrigo pré-histórico
Inicialmente, esse homem pré-histórico não caçava, vivendo de grãos vegetais retirados da natureza 
e devorando a carne dos grandes animais, como mamutes e hipopótamos, encontrados mortos.
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Unidade I
Com o tempo, esse hominídeo, organizado em plenos grupos, aprendeu a caçar. Provavelmente, 
esses povos eram dotados de alguma técnica de caça, como, forçar os animais rumo a desfiladeiros sem 
saída ou abismos. Uma vez acuados, esses animais eram direcionados a armadilhas feitas em covas ou a 
arapucas feitas com paus pontiagudos.
Com o passar do tempo, o homem foi se aperfeiçoando e construindo ferramentas para suprir suas 
deficiências corporais e favorecer sua luta contra uma natureza hostil.
Esse aprimoramento não ocorreu de forma isolada, mas sempre dentro de um complexo contexto.
Da mesma maneira que o desenvolvimento gradual da linguagem está necessariamente acompanhado 
do correspondente aperfeiçoamento do órgão auditivo, assim também “o desenvolvimento gradual do 
cérebro está ligado ao aperfeiçoamento de todos os órgãos do sentido” (MARX; ENGELS, 1967, p. 61).
Ossos, pedras e madeiras constituíam-se em uma grande fonte de matéria-prima, obtida na própria 
natureza que o circundava, para a construção dos instrumentos que facilitavam o recolhimento dos 
alimentos. Os homens pré-históricos construíram enxadas e enxós que, se hoje nos parecem muito 
rudimentares, na época eram utensílios que, além de essenciais, possibilitavam maior longevidade ao 
grupo. O sílex e a madeira eram utilizados para a fabricação de armas, quer fossem de impacto, quer 
fossem lâminas ou lanças.
Nesse período, para fazerem esses instrumentos de pedra, também denominados de artefatos 
líticos, usavama técnica do lascamento de pedras, formando o que os arqueólogos chamam de 
indústria lítica.
A técnica do lascamento, basicamente, consiste na modelagem de uma pedra retirando lascas 
(fragmentos) por choque com uma pedra mais dura ou por pressão.
Por percursão 
indireta
Por percursão 
direta
Retoque por 
pressão
Figura 31 – Técnicas de lascamento
A fabricação de instrumentos cada vez mais aperfeiçoados é resultante da utilização das mãos 
nesse trabalho. Ao fabricar essas ferramentas, os hominídeos permitiram operações mais complexas e 
passaram a utilizar uma área do cérebro que é a mesma que nos permite falar.
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Lenta e gradualmente e, de certa forma, auxiliado pelo acaso, o homem foi conseguindo dominar o 
fogo, que a princípio era encontrado apenas pela queda dos raios. Com o passar do tempo, entretanto, 
o homem dominou a técnica de produção através do atrito entre duas pedras ou da fricção de pedaços 
de madeira em gravetos secos. Acredita-se que, antes de dominar essa técnica, existia o chamado “fogo 
cativo”, que era retirado de um incêndio natural e alimentado com ervas secas e galhos mortos. Para 
preservá-lo, cavavam pequenos buracos rodeados de pedra, onde as brasas ainda quentes podiam ser 
reanimadas. Assim, o fogo era tratado com muito cuidado pelo grupo.
Quantos benefícios esse avanço tecnológico trouxe à vida!
 Saiba mais
Os filmes a seguir podem trazer novas informações sobre esse período 
da Pré-história:
A GUERRA do fogo. Dir. Jean-Jacques Annaud. Canada, França, EUA: 
International Cinema Corporation/Ciné Trail/Belstar Productions/Stéphan 
Films, 1981. 100 minutos.
HOMEM pré-histórico: vivendo entre as feras. Dir. Pierre De Lespinois. 
Reino Unido: British Broadcasting Corporation (BBC)/Discovery Channel/
ProSieben Television, 2003. 4 episódios.
Assistimos a uma mudança radical do seu modo de vida, pois houve a conquista de certa independência 
do meio natural. O fogo trouxe a possibilidade de aquecimento, iluminação e defesa dos animais que, à 
noite, sentiam medo de chegar próximos ao grupo quando percebiam o brilho incandescente do fogo. 
A sobrevivência em um clima rigoroso, onde o frio e a neve eram uma constante, tornou-se mais fácil. 
O homem também o utilizou de forma defensiva ou ofensiva, pois o dono do fogo acreditava-se forte.
Pesquisas arqueológicas na Zâmbia e na Espanha mostram que muitas pontas de lanças eram 
endurecidas passando-as pelo fogo.
Figura 32 – Instrumento lítico
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 Observação
Instrumento lítico ou ferramenta lítica é o nome que se dá a qualquer 
objeto pré-histórico feito de pedra.
Que mudança na dieta alimentar! Foi uma verdadeira revolução gastronômica. Imagine, os vegetais 
passaram a poder ser cozidos ou assados, facilitando o processo de digestão. Isso também levou à 
produção de utensílios para cozinhar alimentos.
Como todos os outros animais, o homem pré-histórico vivia em bandos, porém, ao contrário das 
outras espécies, a cooperação era um fator circunstancial para a conquista do alimento necessário ao 
grupo.
Com os avanços da estrutura alimentar, esses grupos passaram a ser mais numerosos e, como já dito, 
começaram a edificar moradias rústicas, construídas com peles de animais, gravetos ou rochas.
Em maior número e vivendo num habitat mais bem elaborado, esses grupos desenvolveram maior 
sensibilidade para com o mundo que os cercava. Podemos perceber os rudimentos de uma vida espiritual 
através da descoberta de sepulturas que constatam a existência do culto aos mortos. Arte e magia se 
interligam na história de vida desses grupos. A presença de rituais funerários e a explosão de pinturas nas 
grutas e nas cavernas comprovam a existência de um homem com maior percepção e mais relacionado 
com o mundo, o que nos possibilita um maior conhecimento do período.
Figura 33 – Urna funerária
Acredita-se que, na Europa, durante a existência do homem de Neandertal, as práticas de 
sepultamento se tornaram mais comuns. Normalmente, cavava-se uma cova retangular ou oval para 
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enterrar os mortos. A hipótese é que eram colocadas sobre as sepulturas flores e oferendas. A posição 
dos corpos variava e, às vezes, eram encontrados objetos junto a eles cujos simbolismos só podemos 
especular atualmente. Esse homem teria a crença numa existência após a morte? Existiria um lugar 
especial para os mortos? Não sabemos, mas o que podemos afirmar com certeza é que esse homem 
do Paleolítico já apresentava uma preocupação com a morte – evidenciando, assim, que se iniciava um 
pensamento religioso.
3.2 O homem do Neolítico: pastores e agricultores
Por um longo período, grupos humanos viviam deslocando-se de um lugar para outro em busca do 
alimento necessário à sua sobrevivência. A caça, a pesca e a coleta vegetal garantiam a sobrevivência 
dessas sociedades comunais que tinham como alimentos frutos, raízes, ervas e peixes, além dos animais 
provenientes da caça. É a partir dessa sociedade de caçadores e coletores que assistimos à transformação 
para uma sociedade de pastores e agricultores.
As marcas humanas que indicam o desenvolvimento da atividade agrícola surgem mais ou menos 
no ano 10.000 a.C. Nessa viagem da evolução, já somos Homo sapiens sapiens.
Os historiadores acostumaram-se a separar a coleta e a agricultura como 
se fossem duas etapas da evolução humana bastante diferentes e a supor 
que a passagem de uma à outra tivesse sido uma mudança repentina e 
revolucionária. Atualmente, contudo, admite-se que essa transição 
aconteceu de maneira gradual e combinada. Da etapa em que o homem era 
inteiramente um caçador-coletor passou-se para outra em que começava a 
executar atividades de cultivo de plantas silvestres [...] e de manipulação dos 
animais [...]. Mas tudo isso era feito como uma atividade complementar da 
coleta e da caça.
(VICENTINO, 2005, p. 21).
Essa modificação ocorreu dentro de um processo revolucionário, comumente denominado de 
Revolução Neolítica.
Pelos conhecimentos atuais supõe-se que a primeira atividade 
agrícola tenha ocorrido na região de Jericó, num grande oásis junto 
ao mar Morto, há cerca de 10.000 anos. A hipótese que atribuía ao 
Egito a condição de berço da agricultura já não tem tantos seguidores. 
Estabelecer uma certeza a esse respeito torna-se difícil. Não há como 
levantar uma documentação indiscutível: os trigais desapareceram 
com o tempo. Só por meio de comprovações indiretas – ruínas 
arqueológicas dos silos em que os cereais eram armazenados – é que 
se pode tentar datar o início de uma atividade agrícola sistemática 
(PINSKI, 2013, p. 45).
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O fim do período de nomadismo foi acompanhado de uma grande modificação climática. A glaciação 
cedeu lugar a um novo clima (temperado, na Europa, ou semiárido ou desértico, norte da África) e, com 
ele, o desaparecimento dos grandes animais. A partir do momento em que a caça tornou-se mais difícil, 
o homem buscou novas técnicas para sua sobrevivência.
A associação entre uma cuidadosa observação da natureza e a relação causa–efeito (observar que 
o grão que cai no chão pode germinar e produzir) foi fator circunstancial para o desenvolvimento 
da atividade agrícola. Não podemos deixar de levar em consideração certa dose de casualidade e 
acidentalidade que contribui com o surgimentoda agricultura.
A princípio, houve o cultivo de tubérculos, depois de plantas medicinais e, por fim, o desenvolvimento 
de produtos suficientes para o abastecimento do grupo.
A vida adquiriu novo significado, o homem começou a dominar a natureza, colocando-a a seu 
serviço. Grãos maiores e mais nutritivos foram desenvolvidos a partir da escolha das melhores sementes 
e, até mesmo, da produção de enxertos.
A mudança foi tão significativa que damos a ela o nome de revolucionária. E alterou-se até mesmo a 
densidade demográfica, pois mais alimentos significam uma maior longevidade e melhor sobrevivência. 
Consequentemente, esse homem também teve mais tempo para outras atividades que não estavam 
diretamente relacionadas com a procura de alimentos.
Contudo, não podemos pensar que essa foi uma mudança brusca, mas que ocorreu de forma gradual, 
como assinala Pinsky (2013, p. 51):
O conceito de revolução agrícola não deve ser entendido como o de uma mudança 
estrutural em ritmo acelerado, conotação que acompanha habitualmente a 
palavra revolução. Não se deve pensar que a passagem da atividade coletora 
para agrícola tenha se dado de uma maneira brusca ou através de um toque 
de mágica. Deu-se, antes, por meio de um longo processo que inclui cuidadosa 
percepção dos fenômenos naturais, elaboração de teoria causa/efeito e mesmo 
doses de acidentalidade. Um grão caído na terra começa a germinar e é 
observado em seu crescimento por algumas mulheres que estão coletando na 
área: aí temos, provavelmente, o ponto de partida da transformação”.
Se, por um lado, o avanço foi gradativo, por outro, não foi um ato isolado: povos da Índia, China, 
África Tropical e América de forma lenta, porém contínua, começaram a cultivar seus alimentos.
Esses grupos cultivavam produtos que variavam em função da região ou da necessidade: trigo, 
cevada, batata doce, mandioca e arroz foram as principais espécies cultivadas.
As inovações não se propagam com rapidez, dessa forma, caçadores e coletores convivem em 
conjunto. Porém, a existência da atividade agrícola para um determinado grupo requer a fixação em 
um determinado local, possibilitando que a natureza feche o seu círculo (semeadura, cultivo e colheita).
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O local escolhido para a fixação de residência, além de ter algum curso fluvial (rios, córregos e riachos), 
tinha que ter recursos para o abastecimento do grupo. Algumas vezes, o crescimento populacional ia 
além dos recursos da região, provocando uma divisão interna e a busca de novas regiões. O tamanho do 
grupo variava em função da produtividade da terra.
O processo de sedentarização, então, seguiu-se de forma gradual e não necessariamente definitiva. 
Mesmo de posse do conhecimento da atividade agrícola, o bando enfrentava etapas de nomadismo e de 
fixação ao solo, que variava em função das necessidades mais prementes.
Vivendo nessa constante migração em busca de sua sobrevivência, o homem pré-histórico vivenciou 
uma difusão cultural. A agricultura passou a ser uma atividade irresistível e, por isso, a irradiação dessa 
nova forma de sobrevivência ocorreu de forma segura em direção a um futuro que, a princípio, se 
mostrava extremamente promissor.
Sem dúvida, esse foi um período de muitas mudanças, dentre elas a domesticação dos primeiros 
animais. Em busca dos restos de alimentos, os lobos aproximavam-se dos locais onde as tribos estavam 
fixadas. Os seres humanos, então, aproveitando-se dessa proximidade, começaram a utilizar alguns 
desses animais para facilitar a caça. O uso feito pelo homem desse animal promoveu uma seleção 
artificial, criando uma nova espécie.
O cultivo de plantas medicinais e dos alimentos necessários à sobrevivência trouxe consigo a 
proximidade dos animais. À medida que se aproximavam dos homens, uns habituavam-se ao convívio 
do outro, propiciando o surgimento da atividade criadora.
O confinamento de animais também deve ter ocorrido em um processo cheio de erros e acertos. 
Esse processo ocorreu por meio de um aperfeiçoamento vagaroso, conforme afirma Pinsky (2013, p. 48): 
como atividade complementar, “um pequeno número de animais, [ora] alimentados por pastos naturais 
em volta do aldeamento e por restos de colheita”; ora confinados e utilizados como reserva de caça.
Na medida em que a atividade pastoril começa a ganhar corpo, o homem percebe que, além do 
alimento, essa atividade traz consigo inúmeras outras vantagens, como o uso do leite, do couro, da lã, 
dentre outros.
Essas transformações possibilitam um tempo disponível que podia ser dedicado à construção de 
casas e fabricação de ferramentas que facilitavam o dia a dia. A técnica utilizada não é mais o lascamento 
e sim o polimento das ferramentas após sua confecção. Logo depois, o homem descobre a metalurgia.
Então, em vez da força, é a “tecnologia” a grande auxiliar na busca da sobrevivência. O homem desce 
das montanhas, sai das grutas e fixa residência onde a vida é mais fácil; no litoral ou próximo ao leito 
dos rios.
Surgem os primeiros aldeamentos, suas residências são feitas em material mais durável, como pedras 
e adobe. Posteriormente, essas aldeias dariam origem às cidades. O vestuário se modifica, deixando de 
ser exclusivamente de pele de animais: desenvolve-se a tecelagem.
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Unidade I
Contudo, a evolução da sociedade não ocorre de forma harmônica e organizada. Não podemos 
acreditar que agricultores e criadores vivessem em paz e harmonia. Além dos conflitos inevitáveis para 
salvaguardar o grupo e suas posses, é razoável acreditar que esse processo revolucionário ocorreu em 
conjunto com uma diferenciação social e o surgimento de grupos que passaram a governar os demais.
As crianças, anteriormente um grande fardo para o transporte e a alimentação, se transformam em 
um importante fator para a sobrevivência do grupo. A mão de obra infantil, muito provavelmente, foi 
largamente utilizada.
Podemos, então, afirmar que a Revolução Neolítica, que possibilitou a sedentarização do grupo, 
junto com a agricultura e a domesticação dos animais, mudou a organização do grupo, instituiu a 
divisão do trabalho entre homens e mulheres e alterou a relação com o tempo.
Existia um tempo muito importante: o tempo entre a semeadura e a colheita. Provavelmente esse 
era um período dedicado à cestaria, à cerâmica e à tecelagem – além, naturalmente não podemos deixar 
de salientar – às atividades místicas e artísticas, nas quais esses homens se empenhavam em busca do 
auxílio divino e mágico em prol de uma colheita abundante para abastecer o grupo. As pinturas e as 
gravuras, assim, se modificam e surgem os monumentos megalíticos que veremos a seguir.
Exemplo de aplicação
Com a passagem do Paleolítico para o Neolítico, mudanças ocorreram em relação ao modo de vida 
e às formas de sobrevivência de nossos ancestrais. Reflita a respeito dessas mudanças e de como elas 
contribuíram para uma possível mudança na arte.
4 ORIGENS DA ARTE PRÉ-HISTÓRICA
Quando surgiu a arte pré-histórica? Foi o Homo sapiens ou o Homo sapiens sapiens que a criou? 
Muito se discute em relação à origem da arte pré-histórica e, com a constante realização de novas 
pesquisas, sempre se acrescentam informações sobre o tema.
4.1 Homo sapiens e arte pré-histórica
Quem foi o primeiro hominídeo a produzir arte? Esse é o ponto de partida para pensarmos sobre a 
antiguidade da arte paleolítica. Desde a descoberta das pinturas rupestres, muito se pensou a respeito. 
Os primeiros pesquisadores acreditavam que o chamado homem primitivo não possuía a capacidade 
artística e intelectual do homem moderno. Depois, atribuíram toda aprodução artística pré-histórica ao 
Homo sapiens, pois este teria desenvolvido uma linguagem simbólica, abstrata e articulada.
O surgimento da arte pré-histórica como um florescer simultâneo em várias 
partes do mundo tem a ver com os processos de hominização, da evolução 
e o aumento da capacidade craniana, ou seja, o aumento do volume do 
cérebro, que permitiria o desenvolvimento dos processos de abstração no 
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gênero homo. Considerando-se que o homem tem mais de dois milhões de 
anos e que a arte pré-histórica começou há 30.000, podemos aceitar que 
a arte rupestre seja “uma arte moderna”, afirmativa formulada por autores 
de áreas díspares do conhecimento estético como são o pré-historiador 
Eduardo Ripoll, o pintor Juan Miró e o romancista Ariano Suassuna (MARTIN, 
1996, p. 245).
Para muitos pesquisadores, o Homo sapiens sapiens teria desenvolvido essa capacidade de 
expressar-se de forma simbólica graças à evolução cerebral ocorrida com o desenvolvimento do lóbulo 
frontal. Outras características físicas, como a presença de uma visão binocular (permitida em decorrência 
da verticalização da face), o bipedismo (que teria possibilitado a liberação das mãos, que passaram a 
ter o polegar opositor) e a posição da laringe (em decorrência de uma postura ereta) também teriam 
possibilitado as representações artísticas. O homem primeiro teria conquistado o universo simbólico da 
fala, para depois dominar o universo da imagem e das representações visuais. É verdade que todas essas 
mudanças ocorreram e foram importantíssimas para a nossa evolução,
porém, pesquisas atuais mostram que o uso precoce de pigmentos, considerado 
um dos indicadores de modernidade, ao lado de outros como a coleta e o 
transporte de cristais e fósseis, perfuração e gravação de objetos portáteis 
de pedra e osso, todos ligados à atividade simbólica, encontrados em sítios 
do Paleolítico Médio na Europa, não é recurso específico do homo sapiens 
anatomicamente moderno, contradizendo, assim o modelo de uma única 
espécie para a origem da modernidade comportamental (D’ERRICO et al, 
2003). Parece ter havido aquisição gradual das modernas técnicas e habilidades 
cognitivas desde o Paleolítico Inferior em diante, mas na opinião de d’Errico et 
al (2003) as evidências continuam limitadas. (MAGALHÃES, 2011, p. 43)
Apesar dessas descobertas, como a ocorrida em Twin Rivers (Zâmbia), que datam as pinturas 
rupestres em aproximadamente 400 mil anos, ainda é consenso entre os estudiosos que a arte rupestre 
como prática teria sido desenvolvida pelo Homo sapiens em torno de 40 mil anos atrás. Assim, para 
eles, a generalização do uso de pigmentos e o início das primeiras imagens e representações simbólicas 
seria responsabilidade desse homem moderno, como comprovariam as últimas datações em pinturas 
rupestres de regiões da Espanha e da França.
Para esses pesquisadores, a capacidade de um pensamento abstrato e de criar símbolos diferenciaria 
o ser humano de outras espécies e a arte rupestre seria uma forma de se utilizarem símbolos como 
forma de comunicação.
A arte rupestre refere-se a uma intervenção voluntária e definitiva nos 
abrigos, com potencial para atender a diferentes finalidades. Quaisquer que 
tenham sido elas, seu atendimento deu-se também por meio da comunicação 
que a materialidade dos sítios gravados ou pintados engendrava, isto é, por 
meio dos significados sociais, funcionais e simbólicos eles ajudavam a criar 
(RIBEIRO, 2006, p. 57).
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Unidade I
Exemplo de aplicação
E você, o que pensa sobre isso? Reflita sobre essas controvérsias entre os pesquisadores.
 Resumo
Na sua origem latina, a arte está ligada ao processo de produção, à 
habilidade técnica. Ela pode também ser concebida como um processo de 
interpretação do mundo.
É difícil definir o conceito de arte, pois cada período histórico 
possui diferentes formas de expressões artísticas e culturais. Porém, 
é consenso entre os pesquisadores que todos os grupos humanos, 
desde a Pré-história, produziram algo a que se pode chamar arte. Além 
disso, é também consenso que, ao analisar uma obra de arte, podemos 
reconstruir um momento histórico (roupas, costumes, crenças) sob o 
ponto de vista daquele que a produziu, sendo a arte fundamental para 
se compreender a história da humanidade.
O crítico de arte é um elemento importante no processo de definição de 
arte, pois é ele quem julga, qualifica e dá a determinados objetos o status 
de artísticos.
Para termos arte, é necessária a presença do artista, da obra e do 
observador, sendo que todos esses elementos estão inseridos em uma 
dada realidade e em um determinado mundo. Esse mundo é dotado de um 
conjunto de significados que se inter-relacionam.
Datar o aparecimento dos primeiros artistas é tarefa extremamente 
difícil, porém é por volta de 30.000 a.C. que temos os registros mais 
antigos das pinturas encontradas nas cavernas. Essas pinturas devem 
ter sido precedidas por inúmeras outras obras que não resistiram à 
ação do tempo.
Podemos apontar que a arte tem a função de ver e interpretar o 
mundo e o indivíduo. Dentre as funções atribuídas à obra de arte, devemos 
considerar a cognição, a percepção, a sensibilidade e o simbolismo.
Graça Proença (2005) atribui ainda três funções à arte: utilitária, 
valorizada pela sua finalidade; naturalista, ligada à representação do real e 
formalista, associada à forma.
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ARTES VISUAIS NA PRÉ-HISTÓRIA
Duas teses têm orientado as discussões a respeito da origem do 
homem na terra: a criacionista, que acredita na origem divina do ser 
humano, e a evolucionista, de Charles Darwin, que propõe que ocorreu 
uma evolução dos seres humanos, com base na teoria da seleção da 
espécie.
Existem indícios de que o Ramapithecus habitava o planeta há 
cinco milhões de anos. Posteriormente, foram encontrados fósseis 
do Australopithecus africanus e do Australopithecus boisei que 
conviveram com o Homo habilis. Esse, sim, deu origem ao Homo 
erectus, cujo lento desenvolvimento originou os Homo sapiens e o 
Homo sapiens sapiens.
É importante ressaltar que nossa espécie não surge de uma hora 
para a outra, mas resulta de um processo de evolução lenta e gradual, 
significando mudanças ao longo do tempo. Nossos ancestrais não tinham 
a mesma caixa craniana, a mesma altura média e o mesmo peso médio 
que temos hoje e, com um cérebro menor, não eram tão inteligentes 
como nós. Demorou para conseguirem uma postura totalmente ereta, 
mas quando conseguiram, foram evoluindo cada vez mais até chegar ao 
humano moderno.
Originário da África há aproximadamente cinco milhões de anos, o 
homem, por razões ainda desconhecidas, saiu do território africano em 
direção à América e à Europa, se espalhando pelo mundo, chegando ao 
Brasil (segundo as pesquisas recentes, em torno de 13 mil anos), sendo que 
o fóssil brasileiro mais antigo é de uma mulher que recebeu o nome de 
Luzia.
A chegada do homem ao Brasil causa controvérsias, pois os trabalhos 
atuais questionam a teoria que foi aceita durante anos de que o ser humano 
teria caminhado da Ásia até a América pelo Estreito de Bering durante a 
época da glaciação, pois datam a presença humana no país muito antes 
desse acontecimento. Dentre esses pesquisadores brasileiros, podemos citar 
Walter A. Neves e Niède Guidon.
Além da clássica periodização da Pré-história segundo as técnicas 
utilizadas para a elaboração de ferramentas (Idade da Pedra Lascada 
e Idade da Pedra

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