Buscar

Aspectos socioeconômicos e culturais_ alimentação 3

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Aspectos Socioeconômicos e Culturais: Alimentação
DESCRIÇÃO
Os determinantes socioeconômicos e culturais das escolhas alimentares e sua importância para o profissional da área de Nutrição.
PROPÓSITO
Compreender a complexidade dos determinantes socioeconômicos e culturais das escolhas alimentares, a partir das motivações dos indivíduos, é importante na formação do profissional de Nutrição, para a promoção de comportamentos alimentares mais saudáveis.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Compreender os determinantes biológicos, psicossociais, socioeconômicos e culturais das escolhas alimentares
MÓDULO 2
Identificar a importância dos aspectos socioeconômicos e culturais no atendimento nutricional
MÓDULO 3
Analisar a importância das religiões e ideologias nas escolhas alimentares
INTRODUÇÃO
Neste conteúdo, você vai compreender a complexidade das escolhas alimentares.
Através de programas de educação nutricional que enfatizam a importância da alimentação na promoção da saúde, tem-se tentado promover comportamentos mais saudáveis. Entretanto, os indivíduos não veem obrigatoriamente a alimentação como uma forma de cuidar da sua saúde, pois suas escolhas alimentares são baseadas em inúmeros fatores de ordem social, cultural, psicológica e econômica. Diante disso, é fundamental reconhecer as múltiplas motivações das escolhas alimentares para que se possa planejar intervenções tanto em relação a projetos de promoção da saúde quanto a políticas públicas.
Com objetivo de transformar comportamentos e promover saúde e bem-estar, o profissional da área de Nutrição deve saber identificar os determinantes das escolhas alimentares para poder atender seus pacientes e seu público-alvo de forma mais empática, ética e eficiente. 
MÓDULO 1
· Compreender os determinantes biológicos, psicossociais, socioeconômicos e culturais das escolhas alimentares.
INFLUÊNCIAS BIOLÓGICAS
Sabemos que a alimentação vai muito além dos nutrientes. Ela é determinada por inúmeros aspectos sociais, culturais, psicológicos e econômicos, sendo o sabor o principal determinante das escolhas alimentares. (ESTIMA et al ., 2009). Mas outras características que apelam para os nossos sentidos, como o odor, a aparência, a textura, a crocância, também são importantes neste sentido. É pouco provável que alimentos que desagradem esses sentidos sejam consumidos – e isso ocorre independentemente da renda do indivíduo e da disponibilidade do produto.
Cada vez mais a ciência descobre a relação entre o sabor e a genética. O caso do coentro é exemplar. D’Ávila (2018) cita um experimento feito com mais de mil indivíduos, em que se pode perceber diferenças genéticas relacionadas ao sabor do coentro em diferentes grupos étnicos e entre os gêneros feminino e masculino.
Alguns indivíduos relatam sentir gosto de sabão, de detergente, gosto parecido com o de insetos, gosto de coisa pútrida e gasolina. Os apreciadores dessa erva consideram que ela tem um sabor fresco e cítrico. Tais diferenças de percepção não só chamaram atenção dos cientistas, como levaram à criação de um site para pessoas que odeiam o coentro.
O cheiro também é importante nessa percepção. Alguns polimorfismos em determinados genes estão relacionados à percepção de um cheiro desagradável do coentro. É a composição genética, segundo a etnia, que irá influenciar a percepção desses cheiros e sabores enfadonhos. Em um estudo feito com quase 1.400 pessoas de diversas origens, observou-se que entre os hispânicos, os sul-asiáticos e os indivíduos do Oriente-Médio, de 3% a 7% da amostra sentem esses sabores e cheiros desagradáveis do coentro. Já entre as pessoas do Leste Europeu, os caucasianos europeus e os africanos, esse percentual aumentou e ficou entre 14% e 21%. Porém, é preciso mencionar o dado cultural: em locais onde a erva é mais usada, ela tende também a provocar mais reações negativas.
O coentro é um exemplo das
diferentes percepções de sabor
Outro dado: as mulheres são mais propensas a sentir o sabor de sabão do que os homens. Entretanto, esse tema é pouco estudado e são necessárias pesquisas suplementares para que se possa esclarecer toda a sua complexidade.
Existe também uma substância encontrada em vegetais como o brócolis, a couve, o agrião, a couve-de-bruxelas, a couve-flor e o repolho, que tem seu sabor associado a fatores genéticos: é a feniltiocarbamida.
Feniltiocarbamida
É um composto orgânico que, em função do genoma do indivíduo, pode fazer com que esses vegetais tenham um sabor mais ou menos amargo, o que significa que nem todos sentem o sabor desses itens da mesma forma.
O teste de sensibilidade à feniltiocarbamida é inclusive utilizado no ensino de genética, com o intuito de aproximar mais a disciplina do cotidiano dos indivíduos (FREIRE & LIMA, 2009).
· ATENÇÃO
O nutricionista deve não apenas conhecer essas substâncias, mas também evitar indicar para os seus pacientes alimentos cujo sabor eles não apreciam, pois, sendo o sabor o principal determinante das escolhas alimentares, a probabilidade de fracasso do tratamento aumenta.
Em situações como as relatadas por Estima et al . (2009), em que experimentos demonstraram que os jovens frequentadores de lanchonetes fast-food consideravam ruim o gosto dos alimentos saudáveis, cabe ao nutricionista encontrar uma solução capaz de mudar o comportamento alimentar desses indivíduos.
Por outro lado, as crianças e os jovens necessitam de um aporte energético para o seu crescimento, e isso influencia suas escolhas alimentares (JOMORI et al ., 2008a), assim como a fome e o apetite.
INFLUÊNCIAS PSICOSSOCIAIS E A MÍDIA
É importante compreendermos que os processos de escolha dos alimentos são complexos e multideterminados, e que eles estão relacionados a reflexões conscientes, mas também àquelas que, por força do hábito, se tornam automáticas.
Quantas vezes comemos na frente da TV ou do computador porque está na hora da refeição, mas nem percebemos se estamos efetivamente com fome, ou sequer prestamos atenção no sabor do que estamos comendo?
Ou então comemos rápido demais e nem nos damos conta de quando estamos satisfeitos. Sem falar de quando vamos a uma festa e comemos muito mais salgadinhos e doces do que necessitamos.
Com efeito, existem diferentes tipos de fome:
FOME FISIOLÓGICA
Ocorre quando nosso corpo nos avisa que já não comemos há algum tempo ou quando gastamos energia demais e sentimos aquele “buraco” no estômago.
FOME PSICOLÓGICA
Ocorre quando nem sempre comemos por fome, e sim porque ficamos com vontade de saborear um doce, por exemplo, mesmo que já estejamos satisfeitos. Ou então comemos porque estamos em um evento social, como o exemplo da festa. Mas também comemos porque estamos tristes ou cansados e buscamos uma compensação. Este tipo de fome não está ligado às necessidades fisiológicas do corpo, e sim a aspectos emocionais e sociais.
Por outro lado, o comer consciente, ou comer com atenção plena, é um conceito derivado da prática de atenção plena ou mindfullness.
Mindfullness
Consiste em “intencionalmente trazer a atenção ao momento presente, sem julgamentos e críticas em relação a sua experiência, com uma atitude aberta e curiosa”.
A atenção plena tem origem milenar no budismo, mas, a partir dos anos 2000, ela começa a ser usada de forma terapêutica.
Comer com atenção plena é aplicar esses princípios à alimentação.
Prestar atenção de forma intencional, no momento presente, sem julgamento no momento em que se está comendo.
Rodrigues (2019, p.46)
Dessa forma, respeitamos a nossa fome, ficamos atentos a ela, ao nosso corpo e suas sensações, ao que estamos comendo e ao efeito que os alimentos fazem à nossa saúde.
Obviamente, o prazer, que também está associado ao gosto, vai influenciar nas escolhas alimentares, mesmo se o desejo por determinados alimentos é também culturalmente construído. O humor, entretanto, tem um papel bastante importante nisso, estando entre os fatores da fome psicológica.
Silva et al (2008) comentam que tanto o humor negativo como o positivo influenciam na ingestão de alimentos, mas também a dieta pode influenciar
no humor. As dietas restritivas com frequência alteram o humor. Situações de fadiga e depressão podem igualmente causar compulsão por alimentos gordurosos e ricos em carboidratos. 
A dieta pode influenciar 
no humor
Muitas vezes, pessoas que estão em situação de cansaço e de noites mal dormidas buscam conforto em comidas gordurosas e saborosas. É muito comum comer para aliviar o estresse e, nesse caso, a preferência é por doces e alimentos gordurosos. Mas essa relação entre alimentação e estresse pode apresentar formas distintas. Enquanto alguns indivíduos vão comer mais quando estão sob pressão, outros comerão menos.
· EXEMPLO
Em determinadas situações, como no período de provas, os estudantes muitas vezes fazem menos refeições e mais lanches rápidos, mas também podem comer como uma forma de distração, o que pode provocar aumento de peso.
O gênero também importa nesse caso, pois as respostas serão diferentes. Alguns estudos demonstraram que os homens em situação de estresse comerão menos, enquanto as mulheres tendem a comer mais. A questão de gênero vai muito além disso, pois existem diferenças significativas entre homens e mulheres com relação às escolhas alimentares.
· VOCÊ SABIA
Em uma pesquisa sobre alimentação fora de casa em restaurantes a quilo, Jomori et al (2008b) observaram que as mulheres escolhiam seus alimentos com base na saúde, no valor nutricional e na questão estética, enquanto os homens compunham seus pratos baseados nos alimentos que lhes trariam mais prazer. A conclusão deste estudo é de que a mulher se preocuparia mais com a saúde pelo fato de, historicamente, em muitas culturas, ela ter ocupado o papel de fornecedora de alimentação saudável para a família.
Efetivamente, Barbosa (2007), em uma grande enquete sobre alimentação em um contexto urbano, constatou que a responsabilidade da escolha do menu diário da família ainda recai sobre a mulher em 70% dos casos. Essa função representa para ela uma fonte de tensão e irritação, pois, além de ser uma obrigação, ela deve conjugar preço, praticidade, variedade, qualidade dos alimentos e as preferências pessoais dos membros da família.
Existe outro fator significativo nas escolhas alimentares femininas: a preocupação com a própria estética. A mulher conseguiu liberdade e autonomia financeira a partir de sua inserção no mercado de trabalho, mas, diante do ideal de beleza corporal estabelecido na segunda metade do século XX, ela busca incessantemente obter o corpo magro ideal e acabou por se tornar uma prisioneira dentro do seu próprio corpo “sob a égide do mito da beleza” (ANDRADE & BOSI, 2003). 
“A busca pelo corpo perfeito influência nos hábitos nutricionais”
A busca pelo corpo perfeito, que é um corpo magro, se traduz em um ideal de beleza, mas também de poder, um corpo que seria capaz de proporcionar à mulher felicidade e realização tanto profissional como amorosa. Temos aí também a crença de que toda mulher pode ter o corpo perfeito se fizer o esforço necessário, e as que não conseguem atingir esse ideal, é porque são fracas.
A indústria da beleza exerce a ditadura da magreza e a indústria alimentar fornece alimentos ricos em açúcar e gordura, enviando assim mensagens contraditórias nas suas publicidades. Mesmo se a mulher é aquela que cuida da saúde da família e de si própria, como vimos acima, diante de tanta pressão pela busca por um corpo perfeito, ela pode até vir a adoecer, desenvolvendo algum transtorno do comportamento alimentar (TCA). 
Outros autores acreditam que o descontentamento com a imagem corporal pode levar o indivíduo a reduzir o consumo de doces e gorduras, estimulando-o, assim, a adotar comportamentos alimentares mais saudáveis (SILVA et al , 2008). O fato de estar acima do peso ativaria um mecanismo de autorregulação, que o faria controlar seus impulsos e ter uma alimentação mais equilibrada para obter mais saúde e um peso desejável. Porém, é importante lembrar que, em muitas situações, não basta a força de vontade para lidar com o sobrepeso e a obesidade. 
As mídias influenciam bastante as nossas escolhas alimentares: impõem padrões de beleza, nos atraem para um produto ultra processado com um manto de tradição e saúde, nos oferecem produtos deliciosos e baratos em embalagens vibrantes, mas que não trazem nenhum aporte nutricional e podem ser danosos para a saúde.
Também há as “digital influencers”, que nos oferecem dicas de saúde e beleza no Instagram. Somos afetados de forma inconsciente pelas mais diferentes mídias.
A publicidade utiliza uma série de recursos que permitem transferir para os alimentos informações subliminares, reconhecidas no subconsciente e que são associados ao desejo de querer ser dos consumidores. Podem expressar virilidade, força, leveza, modernidade, associando a comida a uma nova esfera de situações psicoafetivas.
Fonseca et al (2011)
Quantas vezes vemos publicidades de comidas ou molhos prontos sendo legitimados por uma vovozinha que parece ser a nossa? E aquela propaganda de refrigerante que dá água na boca? E a dieta indicada pela blogueira da moda?
INFLUÊNCIAS SOCIOCULTURAIS
Sem dúvida a história individual é importante nesse contexto, mas a cultura também é um dos fatores que influenciam nas escolhas alimentares.
Gostamos de comer aquilo que faz parte dos nossos hábitos alimentares, comidas com as quais temos familiaridade, ou seja, aqueles alimentos e preparações que são comumente consumidos dentro do grupo cultural ao qual pertencemos. A alimentação é uma importante fonte de construção da identidade cultural dos indivíduos.
O pertencimento a um dado grupo é feito também por aquilo que se come, entretanto, as escolhas oscilam entre a neofobia e neofilia, ambas influenciando nas escolhas alimentares.
Neofobia
Diz respeito ao medo do novo e do desconhecido.
Neofilia
Se traduz pelo desejo de mudança e de novidades
Somos onívoros e temos liberdade de escolha, mas ela é limitada pelo que aquela cultura define como fazendo parte do que é culturalmente comestível.
Fischler, 1990.
Esse movimento contraditório dos diferentes aspectos culturais não acontece somente na alimentação. Há sempre um conflito entre a tradição e a inovação. Sobre isso, podemos sinalizar que, quando falamos em tradição, é porque aquele hábito já está em transformação. Falamos em casamento tradicional porque as formas de casamento se modificaram. Ainda não falamos da tradição do almoço, porque isso ainda é comum e frequente, mesmo se a comensalidade está em transformação.
Comensalidade
Prática de comer juntos, partilhando, (mesmo que desigualmente) a comida.
Até o tamanho das porções e o ritmo do consumo de alimentos é influenciado pela cultura. Silva et al (2008) menciona estudos nos quais se observou que, enquanto estudantes franceses comem pouco, sobretudo nas refeições principais, os estudantes alemães e americanos comem uma quantidade maior de comida e fazem várias pequenas refeições durante o dia.
· COMENTÁRIO
A conveniência em torno dos alimentos também importa. A praticidade na hora do preparo, diante de uma vida corrida, e o fato de que o indivíduo tenha conhecimento das técnicas de preparo do alimento vão influenciar suas escolhas.
Na contemporaneidade, a tendência à alimentação fora de casa ou à aquisição de produtos prontos congelados traduz um afastamento da cozinha e dos modos de preparo tradicionais (LIMA, 2015). Com efeito, a praticidade é o principal motivo para a compra de produtos industrializados. Dessa forma, o comedor vai ficando cada vez mais distante da relação entre alimentos e natureza, separando-se igualmente de suas conexões identitárias relativas à alimentação.
Andrade & Bosi (2003) apontam que, em um contexto de globalização:
A massificação e a importação de modelos culturais hegemônicos destituem o homem do sentimento de pertença a grupos humanos e invadem seu universo simbólico, expropriando o centro de referência cultural balizador do psiquismo humano.
Andrade & Bosi (2003, p. 117)
Nos distanciamos de nossas tradições, mas também do próprio alimento. Quando a comida se torna
um bem de consumo, já não interessa sua origem, sua composição, nem como foi feita. Interessa apenas seu custo-benefício como mercadoria. (LIMA, 2015). 
O aumento do consumo de produtos industrializados ricos em açúcar, em gordura e em sódio pode trazer riscos para a saúde, estando também na origem do aumento da prevalência de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT): obesidade, diabetes, hipertensão, doenças do coração e certos tipos de câncer. O consumo de alimentos ultraprocessados, que são pobres em fibras e têm uma composição nutricional inadequada, favorece esses tipos de doenças, além de provocar deficiências nutricionais (BRASIL, 2014).
Mesmo a comensalidade é afetada pelo ritmo frenético da vida nos centros urbanos, pois não temos mais tempo para nos sentarmos à mesa com nossos familiares. Isso está gerando maior individualização alimentar, ao mesmo tempo que enfraquece o poder de sociabilidade e de agregação das refeições tomadas em conjunto (LIMA, 2015).
A necessidade de comer fora de casa também estimula essa individualização. Isso atribui ao indivíduo a liberdade de comer longe das regras impostas pelas famílias e pelos papéis tradicionais atribuídos aos gêneros masculino e feminino, sendo, assim, importante nas escolhas alimentares (JOMORI et al , 2008b) 
Na contramão dessa tendência, porém, está o movimento slow food , que prega o consumo de alimentos mais saudáveis e sustentáveis, consumidores mais conscientes e que tenham mais tempo para saboreá-los (MADER, 2006).
Há também aumento no número de pessoas que apresentam preocupações éticas em relação aos alimentos que estão consumindo. Elas levam em consideração as questões ambientais e de sustentabilidade, assim como o respeito aos direitos humanos no processo de produção (SILVA et al , 2008).
O consumo de produtos veganos e vegetarianos também tem aumentado no Brasil e no mundo. Isso se deve ao fato de que vegetarianos, veganos e mesmo pessoas que não se enquadram nessas categorias estão cada vez mais preocupados com questões relacionadas à sua saúde, ao meio ambiente e ao bem-estar animal, que influenciam suas escolhas alimentares (RÉVILLION et al , 2020). 
Os flexitarianos querem diminuir a ingestão de produtos de origem animal, mas não parar totalmente de consumi-los.
Nessa busca por uma alimentação mais saudável, que também é uma tendência da alimentação contemporânea, as preocupações com o controle do peso, mas também com a quantidade de aditivos químicos e agrotóxicos nos alimentos, vão estimular a busca por uma comida mais natural (JOMORI et al , 2008a), orgânica e de produção local.
 Em função do crescente comprometimento dos consumidores com a questão ambiental, o marketing ecológico demonstrou ser necessário em termos de competitividade (RADONS et al , 2016). Os consumidores mais conscientes darão preferência às empresas que se mostrem mais comprometidas com a questão socioambiental.
As escolhas alimentares também diferem de acordo com o dia da semana, sendo que no fim de semana existe maior liberdade na escolha, maior valorização do sabor e maior flexibilidade nos horários (BARBOSA, 2007). Muitas vezes, é o momento em que a família sai junta para comer fora de casa, ou quando os pratos tradicionais da família se repetem no almoço de domingo.
As comidas de festa, de momentos especiais de comemoração também variam nesse sentido. Os mais diferentes grupos aos quais o indivíduo pertence, incluindo seus amigos, também irão influenciar suas escolhas alimentares.
As reuniões de família influenciam a mudança de escolhas alimentares
· 
· ATENÇÃO
Devemos levar em consideração que em muitas situações o ideal de consumo expresso pelos discursos e pelas representações que os indivíduos fazem de sua alimentação não se traduz obrigatoriamente em práticas reais.
INFLUÊNCIAS SOCIOECONÔMICAS
Os determinantes socioeconômicos são também fundamentais nas escolhas alimentares. Obviamente a renda é muito importante; entretanto, percebeu-se que a maioria dos consumidores considera altos os preços dos itens alimentares, independentemente da sua renda (JOMORI et al , 2008a).
Estima et al (2009) comentam que, em situação de baixa renda, existe pouca variedade de itens alimentares e a dieta se torna enfadonha e repetitiva. Por outro lado, os lugares onde vivem esses indivíduos, muitas vezes não contam com lojas onde se possa comprar produtos frescos. A falta de opções nesse sentido também termina por influenciar as escolhas alimentares (JOMORI et al , 2008a).
Na Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) de 2017-2018, verificou-se que entre os indivíduos de menor renda, os gastos com alimentação representam o maior percentual do orçamento familiar, chegando a 22%, enquanto entre os de rendimentos mais alto, esse percentual cai a 7,6% (IBGE, 2019). Pesquisa de Orçamentos Familiar (POF)/IBGE
 A diferença no orçamento destinado a alimentação em . diferentes faixas de renda
A escolaridade também influencia na oferta de opções alimentares. Nas casas das famílias com menor escolaridade, que receberam menos informações nutricionais e normalmente têm menor renda, existe uma oferta menor de alimentos saudáveis, sendo que as mães dessa categoria consomem mais doces e produtos gordurosos. Quanto maior a renda e a escolaridade do chefe de família, mais variada e de melhor qualidade é a alimentação.
Silva et al (2008) citam um estudo feito com porteiros e agentes de limpeza, e dentistas, no qual constatou-se que: 
PORTEIROS E AGENTES DE LIMPEZA
Tinham como motivação para suas compras de alimentos o preço, a praticidade, o alívio do estresse e o fato de o alimento lhes ser familiar, ou seja, de eles estarem acostumados a comer esses itens desde crianças.
 
DENTISTAS
Tinham como determinantes nas suas escolhas o fato de os alimentos não conterem muitos aditivos e terem sido produzidos em condições de respeito ao meio ambiente e aos direitos humanos, como, por exemplo, as condições de trabalho dos produtores.
A relação renda x hábitos alimentares
Medina et al (2019) constataram que os menos favorecidos, com menor renda e escolaridade, contam com uma dieta com muitas calorias e pouco valor nutricional. Segundo os autores, “esses segmentos tendem a optar por alimentos menos saudáveis em virtude do preço, da saciedade que propiciam, da facilidade de acesso e do nível de conhecimento que possuem sobre o impacto à saúde atribuído à inclusão desses itens na alimentação” (p.2).
Entretanto, em grandes centros urbanos no Brasil, Barbosa (2007) verificou que as informações nutricionais independem da renda, contradizendo o estudo citado anteriormente.
Em sua enquete, a autora relata que “independentemente da variável social considerada, as pessoas são capazes de citar com clareza que alimentos são considerados saudáveis, da mesma forma que os vilões dos cardápios.” As pessoas detêm esse conhecimento e relatam fazer um certo malabarismo entre aquilo que gostam, o que é acessível, o que é mais prático e o que seria mais saudável, sendo esses fatores importantes na determinação de suas escolhas alimentares.
Diante da transição econômica que vivemos desde meados do século passado, com o aumento da renda das famílias, vivemos também uma transição nutricional e consequentemente epidemiológica, “com redução das doenças infecciosas associadas à desnutrição e ao aumento das doenças crônico-degenerativas associadas a um estilo de vida urbano-industrial” (VELOSO & FREITAS, 2008).
· SAIBA MAIS
Desde a abertura da economia para produtos importados, sobretudo após o fim do governo militar nos anos
1980, as opções de alimentos com poucas fibras e muitos carboidratos simples aumentaram bastante nas últimas décadas, afetando as escolhas alimentares. Cresceu o consumo de pães, biscoitos e refrigerantes, mesmo se naquele momento também aumentou o consumo de carnes e laticínios. Recentemente, conforme resultados da POF, constatou-se que o consumo de laticínios vem diminuindo (IBGE, 2019).
Essas transformações nas estruturas tradicionais de alimentação representam uma ocidentalização da dieta, característica dos países em desenvolvimento. A instalação de redes de fast food , assim como a de multinacionais do setor alimentar, a importação de produtos em um contexto de globalização e o marketing desses produtos tem alterado as opções de escolha, assim como os regimes alimentares locais.
Não podemos deixar de comentar o fato de a alimentação manifestar também uma forma de prestígio e distinção social. Isso também vai afetar as escolhas alimentares dos mais ricos, que fazem questão de ostentar sua riqueza em função do que comem.
Indicativo de luxo e sofisticação, o papel da comida também é manifestar status. O que muda são os porquês e as formas de distinção ao longo do tempo.
AZULAY (2005, p.67)
A produção de alimentos é outro fator que interfere nas escolhas alimentares, pois eles podem não estar disponíveis no mercado ou se tornarem muito caros. A sazonalidade também é importante, pois frutas, legumes e verduras, quando estão na sua época, são mais baratos, saborosos e nutritivos.
A escassez de alimentos interfere no preço e reduz o consumo de alguns deles
Você sabia que a distribuição de renda também influência no consumo alimentar?
Em um artigo sobre desigualdade social e alimentação, Medina et al (2019) constatam que existe uma disparidade de consumo entre os diferentes extratos sociais devido à desigualdade na distribuição de renda, infelizmente uma característica perversa da sociedade brasileira em pleno século XXI. Essa pesquisa trabalhou dados de uma amostra de mais 60 mil pessoas, provenientes da Pesquisa Nacional de Saúde de 2013.
O estudo foi feito levando em consideração também o critério raça/cor e concluiu que, entre os grupos estudados e considerando as variáveis contempladas, o grupo que conta com a alimentação mais saudável são as mulheres brancas, que possuem maior renda e escolaridade. Esses grupos mais abastados consomem mais frutas, legumes e verduras, e alimentos com pouca gordura. Todavia, paradoxalmente, esses são também os grupos nos quais se encontra um alto consumo de doces, sanduíches, salgados e pizzas, alimentos que não são saudáveis.
Podemos ver assim a complexidade das escolhas alimentares, multideterminada e que não é fruto, obrigatoriamente, de uma reflexão racional. As motivações para as escolhas alimentares diferem bastante entre os indivíduos, segundo seu pertencimento a um determinado grupo socioeconômico e com diferentes níveis de escolaridade.
A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NO CONSUMO ALIMENTAR
O vídeo ilustra a relação entre a mídia e os hábitos alimentares.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
GABARITO
1. Sobre gênero e escolhas alimentares, assinale a alternativa correta:
A alternativa "D " está correta.
As mulheres se preocupam mais do que os homens com a saúde e com questões estéticas nas suas escolhas alimentares. Como é ela que geralmente cuida da saúde da família, trata-se de uma interlocutora privilegiada do nutricionista.
2. Sobre a influência da renda e da escolaridade nas escolhas alimentares, assinale a alternativa correta:
A alternativa "A " está correta.
Os indivíduos de menor renda e menor escolaridade estatisticamente têm uma alimentação menos saudável que os de maior renda e escolaridade.
MÓDULO 2
· Identificar a importância dos aspectos socioeconômicos e culturais no atendimento nutricional
ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS, CULTURAIS E ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL
O profissional da área de Nutrição deve ficar muito atento aos aspectos socioeconômicos e culturais de seus pacientes ou de seu público-alvo. Somente dessa forma ele irá exercer sua profissão de forma ética e eficaz.
Na contemporaneidade, o comedor tem tantas opções, é influenciado por tantos fatores, que a escolha do que comer, quando e em que quantidades é notável (SILVA et al , 2008). Por outro lado, as estruturas tradicionais relativas à alimentação, as transformações da comensalidade, o comer fora, a globalização e a entrada da mulher no mercado de trabalho são mudanças relativamente recentes que ainda estão transformando os sistemas alimentares.
Diante disso, o papel do nutricionista se torna essencial na orientação das escolhas alimentares, visando o bem-estar e a promoção da saúde. Para isso, ele deve compreender e considerar os determinantes das escolhas alimentares – e a preparação de uma ficha que leve em conta todos esses fatores é necessária para a elaboração de uma anamnese eficiente. 
A preparação da ficha de anamnese deve considerar os determinantes das escolhas alimentares
A compreensão da influência da família nas escolhas alimentares mostra-se igualmente importante, pois normalmente, para que se mude comportamentos alimentares, é necessário o envolvimento da família.
Os pais das crianças têm uma grande influência nas escolhas alimentares de seus filhos, pois eles servem de modelo e são eles que, no processo de socialização, irão orientar as crianças sobre o que comer, quando e de que forma. As preferências identificadas na infância são muito importantes no desenvolvimento dos hábitos alimentares dos indivíduos. Alguns estudos demonstraram que esses hábitos irão se manter na vida adulta (SILVA et al , 2008).
O comportamento das crianças também tem a ver com os discursos relacionados à alimentação. A mãe desempenha um papel fundamental nesse processo, porque no geral é ela quem escolhe e prepara os alimentos (ESTIMA et al , 2009). A esse propósito, constatou-se que até o estado civil dos pais influencia na alimentação dos filhos. As escolhas alimentares são mais saudáveis entre os casados do que entre os divorciados.
Envolver os adolescentes nas atividades relacionadas à alimentação, como comprar os alimentos e fazer refeições em família, promove escolhas alimentares mais saudáveis. Esses adolescentes, além de se sentirem mais amados e em uma relação de confiança maior com seus pais, têm oportunidade de conhecer melhor a composição nutricional dos alimentos, como demonstraram alguns estudos citados por Coelho (2015).
Mesmo se as mães são preocupadas com a saúde de sua família, oferecem frutas e vegetais a seus filhos e evitam comprar ultra processados, salgadinhos e refrigerantes, isso não faz com que obrigatoriamente os filhos comam esses itens de forma regular (ESTIMA et al , 2009).
Podemos ver, nesse caso, que a influência dos pais é importante, embora possa não gerar hábitos saudáveis. Em contrapartida, as crianças e adolescentes terão mais acesso a frutas e legumes, segundo o que têm à disposição em seu domicílio.
· ATENÇÃO
O profissional de Nutrição deve estar atento a todos esses fatores e orientar seus pacientes não apenas a terem hábitos alimentares mais saudáveis. Ele deve direcionar os pais no sentido de conversarem com seus filhos sobre o que é uma alimentação saudável, e da mesma forma estimulá-los a cozinhar em casa e envolver seus filhos nas atividades relacionadas às compras, à preparação e à limpeza dos locais.
Mesmo sabendo que seus filhos terão outras influências além das suas e que mesmo diante de seus estímulos o comportamento alimentar de seus filhos pode não ser conveniente, os pais devem oferecer sempre opções mais saudáveis e evitar comidas gordurosas, com excesso de carboidratos simples e de açúcar refinado. O membro da família que cuida da saúde e da alimentação deve ser o interlocutor privilegiado do nutricionista. Mesmo tendo entrado de forma importante no mercado de trabalho, a mulher ainda é, no geral, a que se ocupa das questões relacionadas à alimentação.
Vimos que a renda e a escolaridade influenciam nas escolhas alimentares, e que em muitos casos os indivíduos
não têm informações nutricionais precisas.
Sempre respeitando as crenças e os valores de seus pacientes, o nutricionista deve esclarecer, da forma mais simples e didática possível, as implicações de uma alimentação desequilibrada e do consumo excessivo de gorduras, açúcar e sal.
Infelizmente, a educação nutricional não é comum nas escolas. Em 2018, foi aprovada a Lei n. 13.666, de 16 de maio de 2018, que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, incluindo, de forma transversal, isto é, em um contexto multidisciplinar, a educação nutricional. Cabe aos nutricionistas elaborar esses currículos.
A aplicação de leis nem sempre é eficaz. Por exemplo, embora a Lei n. 11.497 de 2009 e outras resoluções exijam a presença de um nutricionista nas escolas públicas e privadas, elas são amplamente desrespeitadas. Por outro lado, a lei que institui a educação nutricional nas escolas é recente e espera-se que de fato seja cumprida.
A implementação efetiva da educação nutricional tem tudo para trazer os mesmos benefícios que trouxe a educação ambiental nas escolas, que demonstrou ser muito eficiente e conscientizou os jovens em relação a questões ambientais. Quando bem-informados sobre o assunto, eles se tornam repetidores de boas práticas e esclarecem as pessoas do seu entorno, inclusive suas próprias famílias.
Obviamente, o nutricionista deve sempre fazer suas propostas de acordo com as condições econômicas de seus pacientes de menor renda. Uma alimentação saudável não necessariamente custa caro. Se nos grupos de menor renda o acesso a produtos frescos e a legumes, frutas e verduras é complicado, cabe ao nutricionista buscar soluções em conjunto com seus pacientes para tentar sanar essas limitações.
· RECOMENDAÇÃO
É interessante que o profissional conheça, além da sazonalidade de frutas, verduras e legumes, receitas e a variedade de temperos. Compartilhando essas informações com seus pacientes, ele pode favorecer a preparação de refeições mais saborosas, nutritivas e economicamente possíveis.
Outro fato ao qual o nutricionista deve estar atento é a facilitação social. Não nos comportamos diante dos outros da mesma forma que quando estamos sozinhos, e estar com outras pessoas tanto pode ampliar como inibir os comportamentos.
Facilitação social
Esse conceito “se refere ao efeito que a presença de outros tem no nosso comportamento”.
Em relação à alimentação, foi primeiramente demonstrado em animais que a presença de um membro da mesma espécie aumentava a ingestão de alimentos. Entre os homens, os estudos demonstram que comemos mais quando estamos acompanhados, mas também podemos comer menos. 
Aparentemente, em situações em que o indivíduo está à vontade com amigos e familiares, ele come mais do que quando está só. 
Por outro lado, quando está em situações mais formais nas quais é importante causar uma boa impressão, o indivíduo comerá menos.
Coelho (2015), comentando estudos sobre o tema, diz que a quantidade de comida ingerida é proporcional ao número de convivas, e que até o gênero do acompanhante pode influenciar nessa quantidade. Enquanto mulheres que estão acompanhadas de homens pelos quais elas têm interesse sexual comem menos do que o habitual, os homens, na mesma situação, não demonstram nenhuma mudança na quantidade ingerida.
· RECOMENDAÇÃO
O nutricionista deve estar atento a pacientes que eventualmente participem com frequência de refeições com muitas pessoas e orientá-los para que fiquem atentos a essa situação.
Considerando todas as mudanças ocorridas no estilo de vida e na alimentação em função da falta de tempo para preparar seus alimentos e até para fazer as refeições de forma conveniente, da multiplicidade de escolhas de itens alimentares baratos, de fácil consumo e preparo, saborosos e com baixo valor nutricional, o profissional da área de Nutrição deve sempre orientar seus pacientes a mudar seus comportamentos alimentares e a reverem algumas de suas crenças. 
Os exercícios físicos e a mudança de hábitos alimentares como redução dos riscos à saúde
Por mais que seja difícil o paciente encaixar na sua rotina a prática de exercícios físicos, o nutricionista deve enfatizar a importância da criação desse hábito, bem como do consumo de frutas e vegetais frescos e de evitar a ingestão de gorduras saturadas para que ele possa se proteger das DCNT( Doenças Crônicas Não Transmissíveis) (MEDINA et al , 2019).
Entretanto, em relação à complexidade das escolhas alimentares, as disciplinas das áreas de Ciências Sociais ajudam a compreender esses fenômenos. Embora sejam poucos os estudos atuais sobre o assunto, Fonseca (2011) diz que:
Devem se dedicar à compreensão do consumo alimentar como um fenômeno social e não apenas como um conjunto de resultados que podem auxiliar o enfoque biomédico a reproduzir e a produzir políticas públicas, ou mesmo ações prescritivas na área da dietoterapia.
FONSECA et al, 2011, p.2
As escolhas alimentares, em um mundo em constante mudança, não podem ser modificadas somente com a educação nutricional, mesmo sendo esta muito importante.
A ciência tem conseguido demonstrar claramente as relações entre alimentação e saúde, porém é preciso levar em consideração que os indivíduos não se baseiam somente em critérios relacionados à saúde nas suas escolhas alimentares (Fonseca et al ., 2011). Para promover mudanças efetivas nesse sentido, é preciso compreender a complexidade do tema e todas as outras motivações que também estão por trás dessas escolhas (Silva et al , 2008).
SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL
O Brasil hoje figura entre as dez maiores economias do mundo em termos de Produto Interno Bruto (PIB). Entretanto, a desigualdade na distribuição de renda, já comentada, é espantosa. Se considerarmos o Índice de Gini, que mede a desigualdade considerando a renda dos 10% mais ricos e dos 10% mais pobres, ficamos em sétimo lugar no ranking de mais desiguais (ONU, 2019).
Abaixo de nós, estão os países mais miseráveis da Terra, que ficam na África subsaariana: África do Sul, Namíbia, Zâmbia, República Centro-Africana, Lesoto e Moçambique. Mas se considerarmos a renda dos 1% mais ricos, ficamos atrás somete do Catar.
A desigualdade e a segurança alimentar
Somos um país rico no qual persiste uma desigualdade social extremamente perversa em pleno século XXI. É importante citar essa situação quando falamos em segurança alimentar e nutricional.
Nesse contexto, vale ressaltar a Lei Orgânica da Segurança Alimentar e Nutricional (Losan), Lei n. 11.346, de 15 de novembro de 2006, que diz:
A segurança alimentar e nutricional consiste na realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras da saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis. (Art. 3º)
Brasil, 1994.
A Losan deve ser vista como uma lei incluída em um conjunto de direitos sociais referentes à noção de seguridade social inscrita no Art. 194 da Constituição Federal (FREITAS & PENA, 2007).
A lei é orientada pelo direito humano à alimentação e à soberania alimentar, um dos direitos fundamentais da humanidade, que referem-se a “um conjunto de condições necessárias e essenciais para que todos os seres humanos, de forma igualitária e sem nenhum tipo de discriminação, existam, desenvolvam suas capacidades e participem plenamente e dignamente da vida em sociedade” (BRASIL, 1994).
Soberania alimentar
Cada país tem o direito de definir suas próprias políticas e estratégias sustentáveis de produção, distribuição e consumo de alimentos que garantam o direito à alimentação para toda a população, respeitando as múltiplas características culturais dos povos.
Agora vamos falar mais especificamente do texto da lei. Ela garante o direito contínuo à alimentação, sem o comprometimento de outras necessidades. Isso significa que, do ponto de vista econômico, o cidadão tem direito a essa condição.
Por outro
lado, as bases dessa alimentação devem promover a saúde. Portanto, não é somente a situação de fome que gera insegurança alimentar, mas também as DCNT (Doenças Crônicas Não Transmissíveis), o consumo de alimentos de baixa qualidade, entre outros fatores. 
Temos também a condicionante que fala da diversidade cultural. Isso significa que cada um tem o direito de comer aquilo que faz parte da sua cultura e que está ligado à sua identidade cultural. Se o indivíduo vai ao mercado e encontra apenas produtos industrializados de baixo valor nutricional e não os ingredientes para fazer um prato típico, essa é uma situação de insegurança nutricional.
A última parte da lei fala em sustentabilidade, porém não somente a sustentabilidade ambiental, mas também a social, a cultural e a econômica.
· SAIBA MAIS
Sustentabilidade significa que devemos satisfazer as nossas necessidades atuais de forma que, no futuro, os seres humanos possam também satisfazer as suas. Isso significa que a forma de produzir alimentos, de explorar o meio ambiente, de gerar riqueza e empregos deve ser feita de forma racional para que essas ações possam se perpetuar e servir às gerações futuras.
Então, se as indústrias alimentares estão explorando seus empregados e destruindo o meio ambiente, isso promove uma situação de insegurança nutricional. Mesmo esses direitos – garantidos pelo Estado – não sendo respeitados e o Estado não sofrendo nenhuma represália por isso, é importante que o nutricionista esteja consciente da existência dessas leis e que, por intermédio dos Conselhos Profissionais de Nutrição de sua região e como membro da sociedade civil, lute para que a lei se cumpra. Como cidadão, todo profissional deve lutar por uma sociedade mais justa e igualitária.
A SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL: O BRASIL E A DESIGUALDADE NO ACESSO AOS ALIMENTOS
Assista ao vídeo, que aborda a relação entre as desigualdades e a segurança alimentar nutricional.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
GABARITO
1. Sobre a influência da família nas escolhas alimentares, assinale a alternativa correta:
A alternativa "D " está correta.
Os adolescentes, quando participam das atividades relacionadas à alimentação, tendem a fazer escolhas alimentares mais saudáveis.
2. Sobre a segurança alimentar e nutricional (SAN), assinale a alternativa correta:
A alternativa "E " está correta.
Entre as situações de insegurança alimentar, está a obesidade, pois a Losan fala em uma alimentação que tenha como base práticas alimentares promotoras de saúde.
MÓDULO 3
· Analisar a importância das religiões e ideologias nas escolhas alimentares
INTRODUÇÃO
Em seu trabalho, o nutricionista certamente lidará com pacientes das mais distintas crenças religiosas e ideologias alimentares, fatores que poderão influenciar no regime alimentar do indivíduo. O profissional precisa ficar atento a essas especificidades de seus pacientes e respeitá-las. Neste módulo, conheceremos um pouco mais das práticas e ideologias alimentares religiosas mais comuns no Brasil.
 
RELIGIÕES CRISTÃS: CATOLICISMO E PROTESTANTISMO
A religião católica, que já foi predominante na Europa e no Brasil, não carrega, hoje, muitos tabus alimentares, mesmo se na Idade Média ela impunha até 166 dias de jejum. Alguns desses dias eram de jejum apenas de carne vermelha, e outros eram mais restritos (CARNEIRO, 2003).
Atualmente o jejum de carne vermelha é obrigatório somente na Sexta-Feira Santa que antecede a Páscoa. Em alguns casos de famílias mais religiosas, a proibição se estende a todas as sextas-feiras da Quaresma, período de 40 dias que vai da Quarta-Feira de Cinzas até a quinta-feira santa antes da Páscoa. Para os cristãos, é um período de recolhimento e reflexão. 
A tradição católica de substituir a carne vermelha pelo peixe na Sexta-Feira Santa
Muitas vezes a religião católica apresenta, diante da alimentação, “uma atitude hedonista que coloca, para o homem empenhado a serviço da fé, o gozo dos bens terrestres como uma glorificação da obra de Deus” (POULAIN, 2004).
Mesmo a gula sendo um dos sete pecados capitais, existem mecanismos que permitem o perdão, como a confissão.
“Confessando bem
Todo mundo faz pecado
Logo assim que a missa termina”.
Chico Buarque e Edu Lobo - Ciranda da bailarina, em O Grande Circo Místico.
Os protestantes tradicionalmente têm uma postura, mas ascética em relação à alimentação. A única proibição efetiva nessa vertente cristã é o consumo de bebidas alcoólicas.
Entretanto, no início do século XX, diante do consumo alimentar exacerbado no Estados Unidos, a religião Adventista do Sétimo Dia pregava uma alimentação vegetariana equilibrada, com a recusa das tentações da carne e do consumo de álcool (CARNEIRO, 2003). Esse movimento, que ganhou força no final do século XIX e início do século XX, pretendia ser mais do que uma reforma da maneira de se alimentar. A ideia era controlar todos os vícios da carne, incluindo o sexo e o consumo de álcool.
· VOCÊ SABIA
Como consequência desse movimento, foi implementada a Lei Seca nos Estados Unidos, proibindo o consumo de álcool de 1919 a 1933.
· ATENÇÃO
Essas restrições alimentares não levam os praticantes dessas religiões a situações de risco, mas o profissional da área de Nutrição deve estar atento a elas, para não sugerir, inadvertidamente, a sua transgressão. 
RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA
Existem diferentes religiões de matriz africana no Brasil: Xangô, em Pernambuco; Tambor de Mina, no Maranhão e no Rio Grande do Sul; Babaçuê, no Amazonas; Candomblé; e Umbanda. Algumas dessas religiões surgiram no Brasil, como Xangô e Umbanda, mas todas têm influência africana e desenvolveram características próprias aqui no país. Falaremos do Candomblé, que é uma das mais populares e aquela em que as questões alimentares são mais bem descritas na literatura.
Mesmo não apresentando restrições quanto ao consumo de carne, no Candomblé existem algumas interdições permanentes que se aplicam a todos os membros da religião. A grande parte dos interditos está ligada à “correspondência de um filho de santo com uma certa divindade” (SOUZA, 2014).
As proibições alimentares nessa religião são bastante complexas, pois cada filho de santo deve respeitar as interdições específicas do seu orixá, além das proibições gerais. A essas proibições dá-se o nome de quizila, e elas não devem ser descumpridas, sob pena de consequências bastante desagradáveis e prejudiciais. Cada orixá tem suas preferências e suas quizilas, que se estendem aos seus filhos e carregam uma explicação mitológica.
As proibições alimentares estão associadas a orixás no Candomblé
· EXEMPLO
Quem é filho de Oxóssi não pode comer mel nem carnes de caça. Já os filhos de Iemanjá não comem peixes de pele, nem inhame. Os de Oxum, não podem consumir camarão vermelho, tapioca e feijão. Filhos de Iansã não comem miúdos nem feijão fradinho. Já os de Omolú não podem comer porco, sardinha, pipoca.
Em alguns dias especiais, como a sexta-feira, quase todos os membros da religião respeitam algumas regras específicas, como, por exemplo, vestir-se de branco e não consumir azeite-de-dendê, nem pimentas. Isso ocorre porque esse dia é dedicado a Oxalá, o orixá que está hierarquicamente acima dos demais (Ibid). 
O azeite de dendê não pode ser consumido às sextas feiras, dia dedicado a Oxalá
É importante compreender que em algumas situações, sobretudo os praticantes de religiões de matriz africana, preferem não comentar o contexto de seus tabus alimentares religiosos, oriundos de seus ancestrais. Portanto, é na anamnese que se deve perguntar a esses pacientes se eles trazem alguma restrição alimentar religiosa, sem necessidade de mais explicações.
É preciso ter uma postura de respeito às crenças religiosas dos pacientes, sejam elas quais forem. O profissional jamais deve fazer julgamentos de valor ou expressar suas próprias crenças no processo do atendimento, pois essa seria uma postura antiética, denotando desrespeito. 
JUDAÍSMO
Diante da diáspora da população de religião judaica, as inúmeras regras alimentares foram fundamentais na construção
da identidade desse povo.
Para a ortodoxia judaica, “é considerado membro do grupo aquele judeu que cumpre estritamente os preceitos ligados ao descanso sabático, às leis de pureza familiar e às leis que regem o princípio da Kashrut, ou leis dietéticas” (TOPEL, 2003). Essas leis dietéticas estabelecem quais alimentos são considerados aptos para o consumo, ou seja, os alimentos kosher. 
O Kashrut judaico ortodoxo determina o que pode ou não ser consumido
As práticas alimentares incluem jejuns e uma série de proibições e regras relativas ao preparo dos alimentos. Essas leis estão descritas no Levítico da Torá, que é o livro sagrado da religião judaica. As regras são destinadas à satisfação espiritual, e o consumo de alimentos considerados impuros prejudica a alma e o bem-estar (SOUZA, 2014).
A seguir, são enumerados alguns exemplos dos tabus desta religião:
Carne vermelha 
É proibido o consumo de animais que não têm a pata fendida e não são ruminantes. Essa regra, então, exclui o porco, animal muito importante para a cristandade.
Frutos do mar e peixes 
Somente podem ser consumidos os peixes com escamas e nadadeiras, sendo assim, estão excluídos todos os demais frutos do mar.
Aves 
Quanto às aves, são permitidas apenas as domésticas; aquelas que resultam de caça estão proibidas.
Carnes exóticas 
Anfíbios, insetos e répteis que rastejem sobre a terra também são proibidos.
Os animais cujo consumo é permitido devem ser abatidos de forma específica, na presença de um rabino, para que sejam considerados kosher.
A mistura de leite e carne também não é permitida, tampouco o consumo de sangue e de ovos que tragam sinais de sangue (TOPEL, 2003).
Entretanto, em função da dificuldade de se seguir tais regras, muitos membros da religião judaica não ortodoxos costumam adotá-las apenas parcialmente (COELHO, 2015).
· COMENTÁRIO
Para o profissional de Nutrição, essas regras não devem trazer preocupação, uma vez que os alimentos proibidos podem ser facilmente substituídos, sem prejuízo à saúde do paciente.
ISLAMISMO
Os adeptos das religiões muçulmanas acreditam que a carne de porco é imprópria para o consumo, pois é impura e pode trazer inúmeras doenças (FIORE & FONSECA, 2014). Eles não comem aves de caça e o consumo de álcool também é proibido.
O jejum é praticado com regularidade – e durante um mês – com a prática do Ramadã. Esse evento acontece no nono mês do calendário islâmico e é um dos pilares da religião. Consiste em abster-se de qualquer alimento, de água, do fumo e do sexo durante o período em que o sol estiver no céu e é um momento de sacrifício, purificação e orações. Como o calendário islâmico é lunar, o evento é móvel e o período do Ramadã ocorre em distintas épocas do ano.
Seguir rigorosamente o jejum pode ser bastante difícil em períodos de verão no Hemisfério
Norte, pelo fato de os dias serem mais longos nessa época do ano. Os muçulmanos que estão fazendo o jejum fora dos seus países natais tendem a cumprir as regras de maneira menos restritiva, principalmente em relação ao consumo de água e ao fumo.
Como só lhes é permitido comer quando o sol não está no céu, prepara-se uma série de comidas bastante calóricas para o momento de desjejum, como biscoitos de mel, doces fritos – recheados ou pão de nozes, regados com mel ou calda de água de rosas – e pirões de trigo com carne. 
Alimentos consumidos durante o Ramadã
· COMENTÁRIO
O jejum do Ramadã não é necessariamente uma preocupação para os nutricionistas, uma vez que crianças, adolescentes, idosos, enfermos, viajantes, grávidas e nutrizes estão dispensados de praticá-lo e podem se alimentar e beber água normalmente (COELHO, 2015).
AS RELIGIÕES E SUA INFLUÊNCIA NA ALIMENTAÇÃO
Assista ao vídeo para compreender melhor a relação entre as religiões e os hábitos alimentares.
VEGETARIANISMO
Cabe aqui comentar também sobre as ideologias alimentares vegetarianas, pois mesmo não sendo crenças religiosas, devem ser respeitadas e consideradas pelo nutricionista.
O vegetarianismo é o regime alimentar que exclui os produtos de origem animal. A Sociedade Vegetariana Brasileira (SVG), maior entidade do Brasil nesse ramo, reconhece vários tipos de vegetarianismo:
OVOLACTOVEGETARIANISMO
Utiliza ovos, leite e laticínios nas preparações
LACTOVEGETARIANISMO
Inclui leite e laticínios na alimentação
OVOVEGETARIANISMO
Permite ovos nas preparações
VEGETARIANISMO ESTRITO
Não inclui nenhum produto de origem animal
Já o veganismo, mais do que uma ideologia alimentar, é um estilo de vida. Os adeptos não usam nenhum produto de origem animal, como o mel, as roupas de couro e seda, os corantes derivados de insetos e os cosméticos testados em animais. No geral, essas pessoas militam fortemente na defesa da solidariedade entre espécies. 
Exemplo de prato vegano
· SAIBA MAIS
As origens do vegetarianismo são bastante antigas e estão ligadas a ideias de pureza e contaminação ou então a ideias reencarnacionistas de religiões como o budismo e o hinduísmo. A atual solidariedade entre espécies, que move muitas práticas vegetarianas, é relativamente recente.
Sobre isso, é interessante mencionar os custos ecológicos da criação de animais. Temos atualmente um consumo abundante de produtos de origem animal, sobretudo de carne.
No Brasil, são abatidos anualmente quase seis bilhões de animais terrestres e “cada um desses animais precisa de determinada quantidade de terra, água, alimento e energia, produz quantidade expressiva de dejetos e emite, direta e indiretamente, poluentes que serão dispersados pelo solo, ar e água” (SCHUCK & RIBEIRO, 2018, p.6).
Para alimentar esses animais, utiliza-se uma média de dez vezes mais calorias do que o que se obtém do seu consumo. Segundo Carneiro (2003), aproximadamente dois terços da produção de grãos são destinados para a alimentação de animais.
Portanto, cada vez mais pessoas estão se tornando vegetarianas ou flexitarianos, em função de preocupações éticas relativas não somente ao bem-estar dos animais, mas também à preservação do meio ambiente.
Efetivamente, as fazendas de criação de gado, sobretudo, poluem o meio ambiente, utilizam recursos hídricos em abundância e promovem um enorme desperdício de recursos, pois os bois requerem áreas de cultivo seis vezes maiores do que as exigidas pela plantação de grãos como a batata, o milho e o arroz.
· VOCÊ SABIA
“A agricultura produz de 10 a 20 vezes mais alimentos do que a criação de gado numa superfície da mesma extensão” (CARNEIRO, 2003, p.63).
Impressiona também a quantidade de antibióticos e hormônios que são fornecidos aos animais. Se os hormônios afetam a nossa saúde de uma forma ainda não totalmente elucidada, o uso excessivo de antibióticos preocupa sobretudo devido ao desenvolvimento de superbactérias resistentes a um amplo espectro de antibióticos.
Além de provocar uma pressão sobre os biomas naturais, destruindo-os, como temos visto em relação aos incêndios na Amazônia e no Pantanal, as queimadas têm como consequência o aumento dos gases de efeito estufa. Por outro lado, o metano produzido pelos gases dos bovinos, também contribuem significativamente para o aumento desses gases de efeito estufa já que seu potencial de aquecimento é muito maior que o do CO2 (Schuck & Ribeiro, 2018). 
As queimadas constantes vêm aumentando a concentração de gases do efeito estufa
A manutenção de tantos animais vivos como um estoque de comida exerce uma enorme pressão sobre o meio-ambiente e não é sustentável, além de enriquecer uma quantidade muito pequena de pessoas.
Enfim, por fatores vários, o profissional de Nutrição deve orientar seus pacientes e seu público alvo a reduzir o consumo especialmente de carne vermelha, sem prejuízo à saúde.
· RECOMENDAÇÃO
É preciso enfatizar que uma dieta vegetariana deve ser bastante equilibrada para não provocar deficiências nutricionais. Durante períodos de maior suscetibilidade, como a gestação, a lactação, a infância, a adolescência e a velhice, assim como em certas doenças, o nutricionista deve ficar atento para, sempre respeitando a ideologia alimentar de seus pacientes,
orientá-los a adotar uma alimentação saudável e equilibrada.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
GABARITO
1. Sobre a alimentação nas religiões cristãs, assinale a alternativa correta:
A alternativa "B " está correta.
Os católicos têm poucas restrições alimentares e os protestantes não podem consumir, sobretudo, álcool.
2. Sobre a alimentação na religião judaica, assinale a alternativa correta:
A alternativa "C " está correta.
Na religião judaica as proibições relativas à alimentação são numerosas e descritas minuciosamente no seu livro sagrado, a Torá. A comida deve ser obtida segundo regras rituais específicas da religião. Esse tipo de comida só se encontra em estabelecimentos especializados.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste tema vimos a importância da compreensão dos determinantes das escolhas alimentares. Tínhamos como objetivo a compreensão das motivações dos indivíduos diante de suas escolhas alimentares. Para isso, refletimos sobre os determinantes biológicos, psicossociais, culturais e socioeconômicos. Em seguida abordamos a importância de considerar-se estes aspectos no atendimento nutricional, para que o profissional da área de Nutrição aplique no seu dia a dia a reflexão sobre estes temas. Vimos também como a Segurança Alimentar e Nutricional deve ser pensada em termos dos determinantes das escolhas alimentares. Finalizamos refletindo sobre a influência das religiões nas escolhas alimentares e discutindo sobre como o nutricionista deve respeitar as regras alimentares destas religiões no seu atendimento, sempre fornecendo orientações que promovam a saúde.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando