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Curso Desvendando o PPP - Recurso de Apelação -Produtos Químicos - AP TEMPO CONTRIBUIÇÃO

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Mauro Lúcio da Silva Júnior
	
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA ----ª VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE UBERABA-MG
	
PROCESSO: xxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxx, já qualificado, por meio de sua Advogada infra-assinada com escritório na cidade de Uberaba, MG, na Rua Artur Machado, n. 174, Sala 803, Centro, nos autos do processo que move em desfavor do Instituto Nacional do seguro social – INSS, também já qualificado, não se conformando, data vênia, com a r. sentença, vem, perante Vossa Excelência, interpor 
RECURSO DE APELAÇÃO
Com amparo no artigo 1.009 do CPC, pelos motivos de fato e de direito que expõe nas razões anexas.
Requer, por fim, que o presente recurso seja recebido e remetido ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região.
Por oportuno, informa a recorrente que litiga no presente feito sob o pálio da Justiça Gratuita.
Termos em que pede deferimento.
Uberaba, 22/02/2020.
Patrícia Teodora da Silva
OAB/MG 117.396
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1ª REGIÃO
PROCESSO Nº: xxxxxxxxxxxxxx
ORIGEM: xª VARA FEDERAL DE UBERABA
RECORRENTE: xxxxxxxxxxxxxxxxx
RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL 
RAZÕES DE APELAÇÃO
Egrégio Tribunal,
Colenda Câmara,
Eminentes Desembargadores !!!
1- SÍNTESE DOS FATOS e NULIDADES PROCESSUAIS – AUSÊNCIA DE DEFERIMENTO DE PROVA PERICIAL
Trata-se de demanda ajuizada pela recorrente em face do Instituto Nacional do Seguro Social, onde tinha como pretensão a concessão do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição ou aposentadoria especial.
O pedido do Autor refere-se ao reconhecimento do tempo de trabalho em condições especial no período compreendido entre 10/09/1986 a 09/04/1988, 03/07/1995 a 31/03/1998, 01/10/1998 a 02/09/2002 e 03/09/2003 a 13/06/2016, em que esteve submetido aos agentes químicos, exposto na inicial na seguinte ordem:
Inicialmente, o tempo de trabalho especial do Autor, estão descritos nos PPPs e são os seguintes:
1) xxxxxxxxxx – 10/09/1986 a 09/04/1988 ( submetido ao ruído acima de 94 Db e ao agente químico sílica, sendo que não era fornecido EPI, conforme PPP anexo;
2) xxxxxxxxxx 11/07/1988 a 05/07/1995 – analista químico, submetido a poeiras e fluoretos, além de vapores ácidos, tais como nitrato de amônia, soda cáustica, éter e álcool, sendo que, embora esteja na profissiografia que no período de 1990 a 1995 estava exposto a estes agentes, não pode ser interpretado restritivamente, pois a descrição da atividade no período entre 11/07/1988 a 30/06/1990 (analista químico), lógico que realizava a atividade com análise de elementos químicos, tanto que cita o fósforo e o magnésio para o tratamento de minério. Assim, todo o período estava submetido a poeira e gases ácidos, sendo oferecido somente o EPI n. 5657: respirador facial. Ou seja, não era fornecido macacão impermeável para a proteção de todo o corpo, portanto, ineficaz o EPI. (esse período foi reconhecido pelo INSS, conforme documentos anexos.)
3) xxxxxxxxxxxx– Analista de Laboratório SR, período de trabalho entre 03/07/1995 a 15/06/1998 – Neste PPP a declaração é criminosa, e visa unicamente mascarar os elementos químicos que o Autor estava exposto, para não sofrer multa do INSS, inclusive com conivência omissiva do Réu. Veja que na descrição das atividades está escrito que o Autor usava para as análises laboratoriais, ácido nítrico; ácido clorídrico diariamente, ou seja, estava exposto de forma habitual, continuamente aos elementos químicos que podem agredir severamente a saúde do trabalhador, e embora na descrição item 15.7 esteja descrito EPI eficaz, não eram fornecidos EPIs, conforme resta declarado no item 15.8. Ou seja, não eram eficazes porque não eram fornecidos. Declaração contraditória que deve ser aferida em benefício do trabalhador.
4) xxxxxxxxxxxxxxxxxx–Analista de laboratório SR, Período compreendido entre 01/10/1998 a 02/09/2002. Neste PPP a declaração também é criminosa, e visa unicamente mascarar os elementos químicos que o Autor estava exposto, para não sofrer multa do INSS, inclusive com conivência omissiva do Réu. Veja que na descrição das atividades está escrito que o Autor usava para as análises laboratoriais, ácido nítrico; ácido clorídrico diariamente, ou seja, estava exposto de forma habitual, continuamente aos elementos químicos que podem agredir severamente a saúde do trabalhador, e embora na descrição item 15.7 esteja transcrito EPI eficaz, não eram fornecidos EPIs capazes de neutralizar o agente, pois o risco também é de queimadura no corpo, além de absorção. Ou seja, não eram eficazes porque não eram fornecidos em sua integralidade, conforme determina na ficha de produtos químicos juntados nesta exordial. Declaração contraditória que deve ser aferida em benefício do trabalhador.
5) xxxxxxxxxxxxxxxxxx, Período compreendido entre 03/09/2003 a 13/06/2016. Neste PPP a declaração também é criminosa, e visa unicamente mascarar os elementos químicos que o Autor estava exposto, para não sofrer multa do INSS, inclusive com conivência omissiva do Réu. Veja que na descrição das atividades está escrito que o Autor usava para as análises laboratoriais, ácido nítrico; ácido clorídrico, ácido sulfúrico, acetona, clorofórmio, diariamente, ou seja, estava exposto de forma habitual, continuamente aos elementos químicos que podem agredir severamente a saúde do trabalhador, e embora na descrição item 15.7 esteja EPI eficaz, não eram fornecidos EPIs, que fossem capazes de neutralizar o agente, pois o risco também é de queimadura no corpo, além de absorção. Ademais, embora no item 15.2 esteja descrito que o tipo de agente fosse o físico/ruído, no período descrito no PPP de 03/09/2003 a 01/12/2003, na descrição de atividade item 14.2 do PPP está expresso que ele manuseava ácidos venenosos e agressivos à saúde. Ou seja, não eram eficazes porque não eram fornecidos em sua integralidade, conforme determina na ficha de produtos químicos juntados nesta exordial. Declaração contraditória que deve ser aferida em benefício do trabalhador.
Exposto todos esses fatos, foi requerido a Juíza de Primeira Instância prova pericial, caso houvesse dúvida acerca da exposição do autor aos elementos acima citados, o qual a Magistrada indeferiu a prova pericial e testemunhal, senão vejamos:
“Impugnação à contestação (ID 36347465). 
Na fase de especificação de provas, o INSS nada requereu (ID 43697988), ao passo que a parte autora requereu a realização de perícia técnica e prova testemunhal (ID 47800950). 
Os pedidos de prova testemunhal e pericial foram indeferidos (ID 76818122). Por fim, os autos vieram-me conclusos para sentença.	
Veja que foi requerido produção de provas para que o Autor tivesse a oportunidade de comprovar o alegado, e indeferido sumariamente pela Juíza, fato constando os devidos protestos no momento hábil. 
Na Fundamentação, para indeferir o pedido da Recorrente, nota-se o que a Magistrada alega:
“Em relação aos períodos compreendidos entre 03/07/1995 a 31/03/1998 e 01/10/1998 e 02/09/2002, em que exerceu a função de analista de laboratório junto à empresa Solorrico S/P Indústria e Comércio (CTPS - ID 4723325), apenas foi apresentado PPP em relação ao primeiro interstício (ID 4723389 - 03/07/1995 a 31/03/1998), no qual não se verifica a indicação de fatores de risco no campo específico (Item 15).
 O referido PPP menciona a utilização de ácido clorídrico e nítrico no campo profissiografia, mas não há expressa indicação de contato habitual, permanente, não ocasional nem intermitente, o que impossibilita o reconhecimento da especialidade em tais períodos. 
Por fim, no período compreendido entre 03/09/2003 13/06/2016, em que exerceu a função de analista de laboratório junto à empresa xxxxxxxxxxxxxx, o PPP colacionado (ID 4723372) demonstra que não houve exposição ao agente ruído em intensidade superior à permitida (85dB – Decreto n° 4.882/03). Quanto aos agentes químicos, entre 03/09/2003 e 31/05/2013, o PPP não discrimina a que agentes esteve exposto o autor, limitando-se a indicar “poeira” ou, ainda “ compostos ou produtos químicos”, o quenão permite a caracterização da especialidade. No interstício de 01/05/2013 a 13/06/2016, restou comprovada a exposição a diversos agentes químicos nocivos (notadamente cloreto de hidrogênio, ácido nítrico, ácido sulfúrico, etanol e acetona - Decreto n° 53.831/64 – item 1.2.11). De qualquer forma, para todo o labor exercido entre 03/09/2003 a 13/06/2016, o PPP não faz qualquer menção quanto à habitualidade e permanência do contato, o que impossibilita o reconhecimento da especialidade do labor em tais interstícios. Inexistem informações nos PPP’s acerca de utilização EPI’s capazes de neutralizar o contato aos agentes nocivos. 
Cumpre ressaltar que, pelo autor foram colacionados documentos concernentes aos períodos de 11/07/1988 a 30/06/1990 e 01/07/1990 a 05/07/1995 (PPP - ID 4723395), todavia não foram formulados quaisquer pedidos a eles relacionados, o que impede a análise da especialidade por este Juízo, dada a obrigatória vinculação ao limites objetivos em que a demanda foi proposta (art. 492, caput do CPC), bem como a vedação ao julgamento extra petita. Diante do arrazoado, conclui-se que deve ser reconhecido como especial apenas o período compreendido entre 10/09/1986 a 07/04/1988.”
Nota-se que o período compreendido entre 11/07/1988 a 30/06/1990 e 01/07/1990 a 05/07/1995 (PPP - ID 4723395) embora não conste no corpo do pedido especificamente, por erro de digitação, foi especificado em tópico próprio e remetido a este tópico no pedido inicial, não tendo razão para o rigor excessivo que prejudica o cidadão, não está peticionária. Aliás, erro material facilmente observado que não limita a decisão do Magistrado.
Nota-se, ademais, de forma muito clara, a violação da boa-fé objetiva, até porque o Magistrado julgou o pedido improcedente por insuficiência de provas, mas não permitiu o Recorrente realizar suas provas no curso da ação.
Neste caso, evidente a nulidade absoluta do julgado, que não permitiu a produção de provas requerida pelo Autor, tais como prova pericial e testemunhal.
Tal fato violou a boa-fé objetiva, no que tange a direção do processo, de forma a prejudicar sobremaneira o Recorrente nesta ação.
Essa Egrégia Corte, de forma brilhante, vem fazendo justiça no caso concreto, senão vejamos:
PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. RECONHECIMENTO DE TEMPO ESPECIAL. PRELIMINAR DE NULIDADE. DIREITO À PRODUÇÃO DE PROVAS. VIOLAÇÃO. SENTENÇA ANULADA. 1. Em sede de apelação, o autor requereu a anulação da sentença prolatada, ao argumento de que o não deferimento do pedido de produção de prova técnica o impediu de comprovar a exposição a agentes nocivos durante a execução das atividades laborais e, consequentemente, a contagem de tempo especial e a concessão do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição. 2. Analisando, in casu, os formulários de fls. 30/34 e o PPP de fls. 85/86, constata-se que não apontam a exposição do autor a agentes nocivos, o que atrai, de fato, a necessidade de perícia. E, justamente, diante dessa necessidade de avaliação das reais condições de trabalho para demonstrar a alegada exposição a agentes nocivos, o demandante requereu a produção de prova pericial na fase de especificação de provas (fls. 125, 128), a qual não foi sequer apreciada, tanto que o d. magistrado a quo, no relatório da sentença, informou que as partes não tinham requerido a produção de provas (fl. 141). Ocorre que, por ocasião da sentença, foram julgados improcedentes os pedidos de contagem de tempo especial e de aposentadoria por tempo de contribuição justamente sob o fundamento de que não foi comprovada a prestação laboral em condições prejudiciais à saúde ou à integridade física. 3. Nota-se, portanto, que o não deferimento da prova pericial inegavelmente gerou prejuízo ao autor, pois ficou impossibilitado de comprovar a exposição a agentes nocivos durante a execução das suas atividades laborais. Em decorrência, o pedido de concessão do benefício aposentadoria por tempo de contribuição também foi negado. 4. Considerando que o ônus de prova de fato constitutivo do direito é do autor (art. 331, I, do CPC/1973; art. 373, I, do CPC/2015), é induvidoso que a ele deva ser garantido o direito de produzir prova pericial para comprovar as reais condições de trabalho. 5. Portanto, ao subtrair da parte o direito de produzir a prova pericial, a decisão recorrida violou o direito de produção da prova, que está calcado nas garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa (art. 5º, LV, CF/88). Tais garantias objetivam resguardar às partes a oportunidade de atuar no processo com as mesmas prerrogativas e hierarquia, valendo-se de todas as concessões legais na tutela de seus interesses, aqui se inserindo o direito de empregar todos os meios legais e moralmente legítimos para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz (art. 369 do CPC/2015, art. 332 do CPC/1973). Salienta-se, ainda, que, ao não assegurar o direito de produção de prova, retira-se da parte o direito de comprovar suas alegações, e, consequentemente, também inviabiliza a possibilidade de eventual êxito na demanda. 6. Assim, com fulcro nos artigos 281 e 283, ambos do CPC/2015, anula-se a r. sentença, com o retorno dos autos à origem para a produção da prova pericial requerida às fls. 128. 7. Apelação do autor provida. Sentença anulada.
(AC 0064162-96.2014.4.01.9199, JUIZ FEDERAL DANIEL CASTELO BRANCO RAMOS, TRF1 - 2ª CÂMARA REGIONAL PREVIDENCIÁRIA DE MINAS GERAIS, e-DJF1 15/07/2019 PAG.)
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO DE ASSISTENTE TÉCNICO. CERCEAMENTO DE DEFESA. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. OCORRÊNCIA. 1. A Constituição Federal (art. 40, I, § 1º) estabelece uma exceção para a regra geral da aposentadoria do servidor público que prevê proventos proporcionais ao tempo de contribuição, ao assegurar proventos integrais ao servidor aposentado por invalidez permanente, decorrente de moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, especificada em lei. 2. A aposentadoria integral por invalidez encontra-se disciplinada no artigo 186, §1º, da Lei 8.112/1990, que prevê a hipótese de tal benefício com os proventos integrais quando a aposentadoria decorrer de acidente de serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, também nos termos que especifica a lei. 3. Na hipótese, a parte-autora requer a nulidade do ato administrativo que concedeu a aposentadoria por invalidez, sustentando, para tanto, que não se trata de doença que a incapacita para as atividades laborais, conforme exigido pelo dispositivo legal aplicável. 4. Verifica-se nos autos que a elaboração de laudo pericial por determinação judicial (fls. 389-395) realizou-se sem a presença do assistente técnico indicado pela União, em razão da ausência de efetiva citação. 5. A ausência da intimação do assistente técnico indicado pela requerida para a realização de laudo pericial implica em cerceamento de defesa, por violação aos princípios do contraditório e da ampla defesa, ensejando na nulidade dos atos processuais a partir da perícia realizada. 6. Apelação da União e remessa oficial providas para anular a sentença e determinar o retorno dos autos ao juízo de origem, a fim de que se proceda a regular instrução processual com a intimação do assistente para a realização de nova perícia.
(AC 0008050-23.2005.4.01.3800, JUIZ FEDERAL AILTON SCHRAMM DE ROCHA (CONV.), TRF1 - SEGUNDA TURMA, e-DJF1 05/08/2019 PAG.)
PREVIDENCIÁRIO. AÇÃO ORDINÁRIA. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO/CONTRIBUIÇÃO. AGRAVO RETIDO CONTRA INDEFERIMENTO DA PERÍCIA. CONTEÚDO REPRISADO NA SENTENÇA. AGRAVO RETIDO PREJUDICADO. NECESSIDADE DA PERÍCIA TÉCNICA DEMONSTRADA. SENTENÇA ANULADA. APELAÇÃO DO AUTOR PROVIDA. APELAÇÃO DO INSS PREJUDICADA. 1. Conforme relatório, trata-se de remessa oficial, apelações do INSS (fls. 255/262), do autor (fls. 227/245) e agravo retido deste último(fls. 208/210) em face de sentença (fls. 215/223, de 16/03/2015) do Juízo Federal da 15ª Vara da Seção Judiciária de Minas Gerais, que, nos autos de ação ordinária de 04/07/2013, com o fim de reconhecimento de tempo especial para fins de concessão de aposentadoria por tempo de contribuição, julgou parcialmente procedente o pedido apenas reconhecendo a especialidade dos períodos de 19/02/2001-02/02/2003, 21/06/2004-31/12/2004 e 12/07/2011-17/09/2012, por exposição a hidrocarbonetos, com determinação de averbação. Entendeu-se pela existência de sucumbência recíproca, ao que não houve condenação em verba honorária. / Em seu agravo retido, a parte autora impugna o indeferimento da prova pericial. / Em apelação, a parte autora expõe que ajuizou a ação para reconhecimento da especialidade dos períodos de 02/05/1984-10/12/1985, 11/08/1986-03/09/1988, 01/11/1988-25/09/1990, 01/07/1990-31/05/1991, 01/07/1991-03/11/1992, 01/11/1995-21/05/1998, 03/11/1998-09/11/1999, 19/02/2001-02/01/2003, 21/06/2004-07/04/2009, 09/04/2009-09/10/2010, 19/11/2009-11/12/2010 e 12/07/2011-29/10/2012, mas que somente parte dos períodos foi assim reconhecido, como acima - os sublinhados. / Reitera o provimento do agravo retido, bem como que a sentença seja anulada, considerando que foi indeferida a prova pericial, o que causou prejuízo para sua defesa, já que nos períodos não reconhecidos como especiais (os não sublinhados acima) exerceu atividades de ajudante de mecânico e mecânico I (02/05/1984-10/12/1985, 11/08/1986-03/09/1988), conforme CTPS; nos demais períodos não reconhecidos, exercia atividade de mecânico, mecânico de máquinas pesadas VI, manutenção de mecânico, exposto a poeira, graxa, óleo, ruídos, calor, óleos minerais, óleo diesel, como explicitado às fls. 230/232 da apelação. / Discorre sobre os períodos específicos, fazendo considerações sobre a exposição a produtos químicos derivados de hidrocarbonetos - óleo, graxas, gasolina, sobre atividades sujeitas a poeiras minerais, sujeitas a elevadas temperatura, a ruído agressivo, para, ao fim, requerer o enquadramento da especialidade dos períodos objeto da apelação, a sua conversão em comum pelo fator 1.4, com a devida concessão da aposentadoria por tempo de contribuição, bem como a condenação da parte contrária nos honorários advocatícios. / Já o INSS, em seu apelo, defende a não comprovação da especialidade dos períodos assim reconhecidos na sentença; afirma que os agentes químicos considerados não estão especificados nos decretos regulamentares, além do que há de se considerar, por exemplo, os limites de tolerância, de modo que a indicação genérica de exposição a óleos, graxas e hidrocarbonetos não é suficiente para caracterização da atividade como insalubre, além do que há a questão da utilização do EPI. 2. AGRAVO RETIDO: O agravo retido está prejudicado, considerando os termos da apelação, até mesmo mais abrangente quanto à nulidade da sentença, de modo que dele não se conhece. 3. PERÍODOS RECONHECIDOS NA SENTENÇA: 19/02/2001-02/01/2003, 21/06/2004-07/04/2009 e 12/07/2011-29/10/2012. PERÍODOS OBJETO DA APELAÇÃO DO AUTOR: 02/05/1984-10/12/1985, 11/08/1986-03/09/1988, 01/11/1988-25/09/1990, 01/07/1990-31/05/1991, 01/07/1991-03/11/1992, 01/11/1995-21/05/1998, 03/11/1998-09/11/1999, 09/04/2009-09/10/2010, 19/11/2009-11/12/2010. 4. O juiz sentenciante, ao reconhecer a especialidade de parte dos períodos, assentou que os PPPs (fls. 23/23v, 34/36 e 42/42v) informam o contato com hidrocarbonetos aromáticos nos referidos períodos reconhecidos, mas "não trazem informação quanto à habitualidade e permanência", o que não impedia o reconhecimento da especialidade, considerando a descrikção das atividades no formulário. 5. O autor expôs na apelação, assim como fez na inicial, as atividades exercidas e os agentes agressivos a que esteve exposto (exercia atividade de mecânico, mecânico de máquinas pesadas VI, manutenção de mecânico, exposto a poeira, graxa, óleo, ruídos, calor, óleos minerais, óleo diesel, como explicitado às fls. 230/232 da apelação). 6. Diante desse quadro, mostra-se necessária a realização da prova pericial, de modo que se dá provimento à apelação da parte autora, anulada a sentença, para que seja oportunizada a sua realização, com as cautelas de estilo, prejudicados o agravo retido e apelação do INSS.
(AC 0032835-68.2013.4.01.3800, JUIZ FEDERAL GRIGÓRIO CARLOS DOS SANTOS, TRF1 - 2ª CÂMARA REGIONAL PREVIDENCIÁRIA DE MINAS GERAIS, e-DJF1 21/02/2019 PAG.)
O que foi impedido, em relação ao Apelante é a oportunidade da prova pericial, já que a Magistrada entendeu que as provas eram insuficientes. Nota-se que foi requerido a tempo e modo, tudo na fase correta e mesmo assim negado pela Magistrada.
Depois, em sentença, informa que as provas eram insuficientes, pois bem, se eram, porque não permitiu a produção de provas?
2- DO MÉRITO
Caso o entendimento dessa Egrégia Corte seja para julgamento do processo sem a produção de prova pericial, o Recorrente comprovou nos autos sua exposição a elementos químicos que são cancerígenos, sendo que tem tal caso, a exposição é qualitativa, devendo ser interpretado, qualquer omissão do empregador, em favor do Recorrente, senão vejamos:
APOSENTADORIA ESPECIAL
A Lei n. 8.213/91 impõe a necessidade de proteção ao trabalhador a determinar a aposentadoria especial, àquele obreiro que trabalha em situação perigosa ou insalubre, capaz de agredir a integridade física, sendo norma de proteção à saúde, senão vejamos:
Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995)
 § 1º A aposentadoria especial, observado o disposto no art. 33 desta Lei, consistirá numa renda mensal equivalente a 100% (cem por cento) do salário-de-benefício. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995)
 § 2º A data de início do benefício será fixada da mesma forma que a da aposentadoria por idade, conforme o disposto no art. 49.
 § 3º A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o Instituto Nacional do Seguro Social–INSS, do tempo de trabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante o período mínimo fixado. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995)
 § 4º O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para a concessão do benefício. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995)
 § 5º O tempo de trabalho exercido sob condições especiais que sejam ou venham a ser consideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão ao tempo de trabalho exercido em atividade comum, segundo critérios estabelecidos pelo Ministério da Previdência e Assistência Social, para efeito de concessão de qualquer benefício. (Incluído pela Lei nº 9.032, de 1995)
 § 6º É vedado ao segurado aposentado, nos termos deste artigo, continuar no exercício de atividade ou operações que o sujeitem aos agentes nocivos constantes da relação referida no art. 58 desta lei. (Incluído pela Lei nº 9.032, de 1995)
 § 6º O benefício previsto neste artigo será financiado com os recursos provenientes da contribuição de que trata o inciso II do art. 22 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, cujas alíquotas serão acrescidas de doze, nove ou seis pontos percentuais, conforme a atividade exercida pelo segurado a serviço da empresa permita a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuição, respectivamente. (Redação dada pela Lei nº 9.732, de 11.12.98) (Vide Lei nº 9.732,de 11.12.98)
 § 7º O acréscimo de que trata o parágrafo anterior incide exclusivamente sobre a remuneração do segurado sujeito às condições especiais referidas no caput. (Incluído pela Lei nº 9.732, de 11.12.98)
 § 8º Aplica-se o disposto no art. 46 ao segurado aposentado nos termos deste artigo que continuar no exercício de atividade ou operação que o sujeite aos agentes nocivos constantes da relação referida no art. 58 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.732, de 11.12.98)
 Art. 58. A relação dos agentes nocivos químicos, físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definida pelo Poder Executivo. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997)
 § 1° A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na forma estabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social — INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho. (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997)
 § 2° Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a existência de tecnologia de proteção coletiva que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a sua adoção pelo estabelecimento respectivo. (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997)
 § 1º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na forma estabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho nos termos da legislação trabalhista. (Redação dada pela Lei nº 9.732, de 11.12.98)
 § 2º Do laudo técnico referido no parágrafo anterior deverão constar informação sobre a existência de tecnologia de proteção coletiva ou individual que diminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e recomendação sobre a sua adoção pelo estabelecimento respectivo. (Redação dada pela Lei nº 9.732, de 11.12.98)
 § 3º A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no ambiente de trabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva exposição em desacordo com o respectivo laudo estará sujeita à penalidade prevista no art. 133 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997)
 § 4º A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelo trabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse documento.(Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997)
Nesse sentido, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região, já aplicando a nova jurisprudência do STF, no ARE 664.335/SC, com repercussão geral reconhecida, acerca da eficácia ou não, do EPI, pacificou o entendimento de que, existindo dúvida acerca da utilização do EPI, a solução resolveria a favor do trabalhador e no caso do ruído o uso do EPI não descaracteriza o tempo de serviço especial para a aposentadoria , in verbis:
 
PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. ELETRICIDADE. EXPOSIÇÃO ACIMA DE 250 V. 1. Como se trata de sentença de procedência, ainda que parcial, em desfavor de Autarquia, seria de rigor a sua sujeição ao duplo grau obrigatório, na forma do Art. 475 do CPC/73, vigente à época, o que, malgrado não tenha sido observado pelo MM Juízo a quo, não afasta a imperiosidade de se empreender o reexame necessário. Remessa Oficial tida por interposta. 2.Até o advento da Lei n. 9.032/95, consoante legislação vigente à época da prestação do serviço (Lei n. 3.807/60; Decs. n. 53.831/64 e 83.080/79; Lei n. 8.213/91, art. 57, em sua redação original), era possível o enquadramento por atividade profissional elencada nos quadros anexos aos Dec. 53.831 e 83.080, bastando a comprovação do exercício dessa atividade - pois havia uma presunção legal de submissão a agentes nocivos -, ou por agente nocivo também indicado nos mesmos quadros anexos, cuja comprovação demandava preenchimento, pelo empregador, dos formulários SB-40 ou DSS-8030, indicando a qual o agente nocivo estava submetido o segurado. Mas, em ambas as hipóteses, a comprovação da nocividade prescindia de prova pericial, salvo quanto ao agente ruído - para o qual a caracterização como nocivo dependia da averiguação da exposição a um dado limite de decibéis, o que só poderia se dar por avaliação pericial. 3. Após a entrada em vigor da Lei n. 9.032/95, que alterou a redação do art. 57 da Lei 8.213, restou afastada a possibilidade de enquadramento por simples exercício de atividade profissional, somente sendo possível, a partir de então, o reconhecimento de um dado tempo de serviço como especial, por submissão aos agentes nocivos, o que continuou a ser comprovado pelos formulários SB-40 ou DSS-8030, sendo desnecessária a prova pericial. 4. A partir de 05/03/1997, com a entrada em vigor do Dec. n. 2.172/97, que regulamentou o § 1º, do art. 58, da Lei de Benefícios - introduzido pela Med. Prov. n. 1.523/96 -, passou a se exigir, para a comprovação da especialidade do trabalho, o preenchimento dos aludidos formulários com base em prova pericial, consubstanciada em laudo técnico de condições ambientais do trabalho (LTCAT), expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, atestando a submissão habitual e permanente a agente nocivo, dentre os arrolados pelo mesmo Dec. 2.172 e, posteriormente, pelo Dec. 3.048/99 (STJ, AgREsp 493458/RS, DJ de 23.06.2003, p. 425). 5. Consoante orientação jurisprudencial predominante, sintetizada na Súmula 29 da AGU, a exposição a ruído enseja o reconhecimento da atividade como especial nos seguintes limites: i) acima de 80 dB, para períodos anteriores a 06/03/1997; ii) acima de 90 dB, de 06/03/1997 a 18/11/2003; e iii) acima de 85 dB, desde 19/11/2003. 6. Tratando-se de agente químico, só se cogita de níveis de tolerância a partir de 29/11/99, data da vigência do Decreto 3.265/99, que deu nova redação ao código 1.0.0 do Decreto 3.048/99. Onde constava "o que determina o benefício é a presença do agente no processo produtivo e no meio ambiente de trabalho", passou a constar "O que determina o direito ao benefício é a exposição do trabalhador ao agente nocivo presente no ambiente de trabalho e no processo produtivo, em nível de concentração superior aos limites de tolerância estabelecidos." 7. No julgamento do ARE 664.335/SC, com repercussão geral reconhecida, o Supremo Tribunal Federal fixou as teses de que: a) se o EPI for realmente capaz de neutralizar a nocividade não haverá respaldo constitucional à aposentadoria especial. 11. A Administração poderá, no exercício da fiscalização, aferir as informações prestadas pela empresa, sem prejuízo do inafastável judicial review. Em caso de divergência ou dúvida sobre a real eficácia do Equipamento de Proteção Individual, a premissa a nortear a Administração e o Judiciário é pelo reconhecimento do direito ao benefício da aposentadoria especial. Isto porque o uso de EPI, no caso concreto, pode não se afigurar suficiente para descaracterizar completamente a relação nociva a que o empregado se submete; b), na hipótese de exposição do trabalhador a ruído acima dos limites legais de tolerância, a declaração do empregador, no âmbito do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), no sentido da eficácia do Equipamento de Proteção Individual - EPI, não descaracteriza o tempo de serviço especial para aposentadoria. 8. Depreende-se do voto-condutor do aresto que, para que a utilização de EPI seja hábil a afastar o reconhecimento de determinado período como especial, deve haver prova cabal e irrefutável de que ele foi efetivamente eficaz, neutralizando oueliminando a presença do agente nocivo, de modo que a dúvida a respeito da real eficácia do EPI milita em favor do segurado, e não basta para elidi-la a singela assinalação, em campo próprio do PPP, contendo resposta afirmativa ao quesito pertinente à utilização de EPI eficaz, sem nenhuma outra informação quanto ao grau de eliminação ou de neutralização do agente nocivo (Precedente: AMS 00099885120084036109, DESEMBARGADOR FEDERAL NELSON PORFIRIO, TRF3 - DÉCIMA TURMA, e-DJF3 Judicial 1 DATA:24/02/2016 ..FONTE_REPUBLICACAO:.) 9. A jurisprudência já se pacificou no sentido de que o rol de agentes nocivos previsto na legislação é exemplificativo (Súmula 198 do extinto TFR), de modo que, malgrado a supressão do agente físico eletricidade dessa relação desde a entrada em vigor do Dec. nº 2.172/97, subsiste o direito ao reconhecimento como especial da atividade profissional exposta ao aludido agente, em intensidade superior a 250 v. (Precedente: REsp 1306113/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 14/11/2012, DJe 07/03/2013) , 10. No caso dos autos, há controvérsia nos seguintes períodos: 1) 01.01.76 a 31.08.78 - consoante formulário DSS 8030 juntado à fl. 101, lastreado pelo LTCAT de fls. 105/106, o autor esteve exposto à ruído de 90 dB, acima do limite tolerável e poeira de sílica, constante do código 1.2.10 do Anexo ao Decreto n. 53.831/64, impondo-se o reconhecimento da especialidade do período, tal como lançado em sentença, tanto pela exposição ao ruído quanto à sílica; 2) 06.03.97 a 02.02.2007 (DER) - consoante DSS 8030 e PPP juntados às fls. 27 e 32/34, em todo o período, a parte autora laborou exposta a eletricidade acima de 250 v, motivo pelo qual merece reforma a sentença neste particular. 11. Somado o período ora reconhecido especial com os já enquadrados pelo INSS, tem-se que, na DER (02.02.2007), o segurado já havia implementado 27 anos, 10 meses e 2 dias de tempo de serviço sob condições especiais. 12. Deferida a antecipação da tutela, uma vez que presentes os requisitos legais, consoante fundamentação supra, e face ao caráter inequivocamente alimentar do benefício previdenciário, determinando-se ao INSS a converter em especial a aposentadoria gozada pelo autor (NB 143.142.184-4), no prazo de 20 dias, com DIP no primeiro dia do mês em curso (01/05/2016). 13. Apelação provida. Sentença reformada. Pedido julgado totalmente procedente. Condenação do INSS a converter o NB 143.142.184-4 em aposentadoria especial desde a DER (02.02.2007), e a pagar as diferenças vencidas desde então. 14. Os juros de mora e a correção monetária devem se adequar à orientação seguida por esta Câmara, observando-se, destarte, os ditames do art. 1º-F, da Lei nº 9.,494/97, na redação conferida pela Lei nº 11.960/09, sem prejuízo da incidência do que será decidido pelo STF do RE 870.947/SE, com repercussão geral reconhecida, de modo que a deliberação daquela Corte haverá de refletir neste feito, seja para sua manutenção ou mudança. 15. Configurada a sucumbência do INSS já sob a égide do CPC/15. Condenação da Autarquia Previdenciária ao pagamento de honorários de sucumbência, cabendo ao juízo a quo a definição do percentual da verba honorária, quando da liquidação do julgado (CPC/15, art. 85, § 4º, II.). 16. Apelação Provida. Remessa Oficial, tida por interposta, desprovida. 
(AC 0002012-75.2012.4.01.3306 / BA, Rel. JUIZ FEDERAL FABIO ROGERIO FRANÇA SOUZA, 1ª CÂMARA REGIONAL PREVIDENCIÁRIA DA BAHIA, e-DJF1 de 11/10/2016)
Diante de todo o exposto, o autor faz jus a concessão da aposentadoria especial, sem aplicação do fator previdenciário, tendo em vista que laborou em condições insalubres que podem prejudicar a saúde do obreiro.
Assim, caso a autarquia previdenciária tivesse convertido o referido tempo laborado em condições especiais para comum, haveria um aumento no coeficiente de cálculo para contagem de tempo de serviço, resultando no acréscimo de 40% do tempo laborado, evidentemente, culminando na concessão da aposentadoria por tempo de contribuição.
Também é o entendimento da jurisprudência, senão vejamos:
PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. RAZÕES RECURSAIS DISSOCIADAS DOS FUNDAMENTOS DA SENTENÇA. APELAÇÃO DO INSS NÃO CONHECIDA. REEXAME NECESSÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. AUXILIAR DE ENFERMAGEM. EXPOSIÇÃO A AGENTES BIOLÓGICOS INFECTOCONTAGIOSOS. FORNECIMENTO DE EPI EFICAZ. IRRELEVÂNCIA. CONSECTÁRIOS INCIDENTES SOBRE A CONDENAÇÃO. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA. 1. O desate da lide cinge-se ao reconhecimento da especialidade do labor prestado pela autora nos períodos de 02/01/1980 a 08/02/1985 e 01/07/1987 a 29/03/2010 para o fim de concessão de aposentadoria especial. 2. A sentença recorrida julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados na inicial, reconhecendo a natureza especial do labor prestado pela autora nos períodos de 02/01/1980 a 08/02/1985 e 01/07/1987 a 29/03/2010, por exposição a agentes nocivos biológicos, e condenando o INSS à concessão de aposentadoria especial a partir de 05/12/2008. Porém, em seu recurso, a autarquia previdenciária veicula apenas alegações genéricas a respeito dos requisitos exigidos para a comprovação de tempo de serviço, sem impugnar as situações concretas abordadas na sentença. 3. Não se conhece de apelação cujas razões são dissociadas da fundamentação da sentença recorrida. 4. Sendo a sentença ilíquida, cabível a remessa necessária, não se aplicando o § 2º do art. 475 do Código de Processo Civil/1973, conforme entendimento consolidado nesta Corte e no Superior Tribunal de Justiça. Igualmente, não incide o § 3º do mesmo artigo, tendo em vista que a sentença não se fundamentou em jurisprudência do plenário do Supremo Tribunal Federal ou em súmula deste Tribunal ou do tribunal superior competente. 5. O reconhecimento da natureza especial do labor prestado até a vigência da Lei 9.032/95, em 29/04/1995, pode ser feito pelo mero enquadramento em categoria profissional elencada como perigosa, insalubre ou penosa em rol expedido pelo Poder Executivo (Decretos 53.831/64 e 83.080/79), ou, ainda, pela comprovação da exposição a agentes nocivos constantes nos anexos dos aludidos decretos, mediante quaisquer meios de prova, exceto para aqueles agentes que necessitam de aferição técnica (ruído, frio e calor). 6. A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que "somente após a entrada em vigor da Lei n.º 9.032/95 passou a ser exigida, para a conversão do tempo especial em comum, a comprovação de que a atividade laboral tenha se dado sob a exposição a fatores insalubres de forma habitual e permanente". (AgRg no AREsp 547.559/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 23/09/2014, DJe 06/10/2014). 7. Inexiste exigência legal de que o perfil profissiográfico previdenciário seja, necessariamente, contemporâneo à prestação do trabalho, servindo como meio de prova quando atesta que as condições ambientais periciadas equivalem às existentes na época em que o autor exerceu suas atividades, até porque, se o perfil foi confeccionado em data posterior e considerou especiais as atividades exercidas pelo autor, certamente à época em que o trabalho fora executado as condições eram mais adversas, porquanto é sabido que o desenvolvimento tecnológico tende a aperfeiçoar a proteção aos trabalhadores. 8. No julgamento do ARE 664.335/SC, com repercussão geral reconhecida, o STF fixou a tese de que "o direito à aposentadoria especial pressupõe a efetiva exposição do trabalhador a agente nocivo à sua saúde, de modo que, se o EPI for realmente capaz de neutralizar a nocividade não haverá respaldo constitucional à aposentadoria especial". Entretanto, em relação ao agente nocivo ruído, o Pretório Excelso firmou o entendimento de que "a declaração do empregador, no âmbito do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), no sentido da eficácia do Equipamento de Proteção Individual - EPI, não descaracteriza o tempo de serviço especial para aposentadoria". Em caso de divergência ou dúvida sobre a real eficácia do EPI, restou assentado que "a premissaa nortear a Administração e o Judiciário é pelo reconhecimento do direito ao benefício da aposentadoria especial. Isto porque o uso de EPI, no caso concreto, pode não se afigurar suficiente para descaracterizar completamente a relação nociva a que o empregado se submete". (ARE 664.335, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 04/12/2014). 9. Conforme jurisprudência firmada nesta Corte, esse mesmo entendimento deve ser aplicado em relação aos agentes biológicos, pois, ainda que ocorra a utilização de EPI's, estes não são capazes de elidir, de forma absoluta, o risco proveniente do exercício da atividade com exposição a agentes de natureza infectocontagiosa. Precedente: AC 0002108-12.2011.4.01.3311 / BA, Rel. JUIZ FEDERAL SAULO JOSÉ CASALI BAHIA, 1ª CÂMARA REGIONAL PREVIDENCIÁRIA DA BAHIA, e-DJF1 de 16/05/2016. 10. A legislação previdenciária não restringe o reconhecimento de tempo de serviço especial aos profissionais da área da saúde lotados em unidades hospitalares de isolamento, bastando a exposição direta do segurado a fatores de risco biológico durante a respectiva jornada de trabalho. 11. A exposição a agentes biológicos não exige, para fins de reconhecimento do exercício de atividade laborativa especial, análise quantitativa de concentração ou intensidade máxima e mínima no ambiente de trabalho, mas sim análise qualitativa. Precedentes: AC 0007094-23.2016.4.01.9199 / BA, Rel. DESEMBARGADORA FEDERAL GILDA SIGMARINGA SEIXAS, Rel.Conv. JUIZ FEDERAL CRISTIANO MIRANDA DE SANTANA, 1ª CÂMARA REGIONAL PREVIDENCIÁRIA DA BAHIA, e-DJF1 de 26/07/2017; AC 0009349-75.2008.4.01.3300 / BA, Rel. JUIZ FEDERAL WAGNER MOTA ALVES DE SOUZA, PRIMEIRA TURMA, e-DJF1 de 12/05/2016. 12. As anotações constantes na CTPS acostada às fls. 17/18 e as informações contidas no perfil profissiográfico previdenciário de fls. 23/24 comprovam que a autora trabalhou no setor de assistência médica e odontológica do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São Pedro da União/MG no período de 02/01/1980 a 08/02/1985 e suas atividades consistiam em "auxiliar os médicos e dentistas, administrando medicamentos, injeções, curativos, esterilizando instrumentos, aferindo sinais vitais", bem como realizar "a limpeza do local de trabalho", razão pela qual permanecia exposta a micro-organismos infectocontagiosos. Portanto, não há dúvidas de que a autora laborou exposta aos agentes nocivos elencados nos códigos 1.3.2 do Decreto 53.831/64 e 1.3.4, do Anexo I, do Decreto 83.080/79. 13. Já o perfil profissiográfico de fls. 21/22 demonstra que a autora laborou como auxiliar de enfermagem na Prefeitura Municipal de São Pedro da União/MG no período de 01/07/1987 a 06/11/2008 (data da emissão do documento) e suas atividades consistiam em: "realizar visitas domiciliares; fazer curativos; fazer aplicação de medicamentos (intramuscular, intravenosa e subcutânea); fazer reuniões com grupos de hipertensos, diabéticos, crianças de baixo peso; realizar palestras para estudantes; verificar os sinais vitais do paciente; fazer o controle da hanseníase; fazer o controle de medicamentos e visitas a pacientes portadores de HIV; auxiliar os médicos em suas atividades; preparar as inalações e fazer o teste de glicemia nos pacientes". Embora no documento conste que o fator de risco era o "contato com pacientes", não há dúvidas de que a autora permanecia exposta aos micro-organismos infectocontagiosos previstos nos códigos 1.3.2 do Decreto 53.831/64, 1.3.4 do anexo I do Decreto 83.080/79 e 3.0.1 do anexo IV dos Decretos 2.172/97 e 3.048/99. 14. Da soma dos períodos de labor especial reconhecidos na presente demanda, verifica-se que a autora totalizava 26 anos, 5 meses e 13 dias na data do requerimento administrativo (05/12/2008), tempo suficiente para a concessão da aposentadoria especial. 15. Correção monetária das parcelas em atraso, observada a prescrição quinquenal, conforme Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos da Justiça Federal até a entrada em vigor da Lei 11.960/2009, passando, a partir de então, a observar o índice previsto no art. 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação da Lei 11.960/2009, sem prejuízo de que se observe, quando da fase de cumprimento do julgado, o que vier a ser decidido pelo STF no RE 870.947/SE (alteração de índice, modulação de feitos, etc.). Enquanto essa questão estiver pendente de julgamento no STF, fica assegurada à parte a possibilidade de expedição de requisitório da parte incontroversa da dívida. Juros de mora conforme metodologia e índices do Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos da Justiça Federal. 16. Apelação do INSS não conhecida e remessa necessária, tida por interposta, parcialmente provida. 
(AC 0071299-03.2012.4.01.9199 / MG, Rel. JUIZ FEDERAL HENRIQUE GOUVEIA DA CUNHA, 2ª CÂMARA REGIONAL PREVIDENCIÁRIA DE MINAS GERAIS, e-DJF1 de 25/10/2017)
Diante de todo o exposto, o autor faz jus a conversão do tempo laborado em atividade especial, para o tempo comum, com a aplicação do fator 1.4, aumentando, tanto a RMI do autor, quanto o tempo necessário à aposentadoria por tempo de contribuição. Grifo e negrito nosso.
3- DOS REQUERIMENTOS
Ante o exposto, requer seja conhecido e provido este recurso para:
1. A declaração da nulidade da sentença por violação ao contraditório, determinando o retorno dos autos ao Tribunal de origem e determinando a prova pericial e testemunhal;
1. Caso não seja esse o entendimento desta Egrégia Corte, o que se aduz em face ao princípio de eventualidade, requer a reforma da sentença, nos termos do art. 1.010, do CPC, para seja declarado especial todos os períodos elencados na inicial, determinando a concessão do benefício de aposentadoria especial ou tempo de contribuição, conforme o caso, considerando inclusive a reafirmação da DER, caso mais favorável ao Apelante;
1. A concessão da justiça gratuita nesta especializada, uma vez que o Apelante é pobre no sentido legal do termo.
1. Que o INSS seja condenado ao pagamento do ônus da sucumbência.
Nestes Termos, pede deferimento.
Uberaba, 26/02/2020.
Patrícia Teodora da Silva
OAB/MG 117.396
Rua Artur Machado, 174, sala 803, Centro, Uberaba/MG, CEP 38.010-020, Fone (34) 3313-9041

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