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E M E N T A PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO PARA PESSOA COM DEFICIÊNCIA. LEI COMPLEMENTAR 142/2013. REQUISITOS PREENCHIDOS. CORREÇÃO MONETÁRIA. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA QUE NÃO DEPENDE DE RECURSO VOLUNTÁRIO PARA O TRIBUNAL DE ORIGEM. - A Lei Complementar 142/2013 garante ao segurado da Previdência Social com deficiência, o direito à aposentadoria por idade reduzida e à aposentadoria por tempo de contribuição com tempo variável, de acordo com o grau de deficiência (leve, moderada ou grave). - Preenchidos os requisitos é devida a aposentadoria da pessoa com deficiência segurada do Regime Geral de Previdência Social - RGPS. - Tutela de urgência concedida para implantação em nome do autor JAILSON SILVEIRA JESUS, o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição para pessoas portadoras de deficiência, previsto na Lei Complementar 142/2013, a partir de 02/01/2014, data do requerimento administrativo. - Apreciando o tema 810 da repercussão geral, o Supremo Tribunal Federal declarou que, nas condenações impostas à Fazenda Pública de natureza não tributária, a partir do advento da Lei nº 11.960, de 29/06/2009, os valores apurados devem ser atualizados monetariamente segundo o IPCA-E, acrescidos de juros moratórios segundo a remuneração da caderneta de poupança, na forma do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97 (RE nº 870.947/SE - Rel. Ministro LUIZ FUX - Julgado em: 20/09/2017). - A correção monetária é matéria de ordem pública, cognoscível de ofício, que incide sobre o objeto da condenação judicial e não se prende a pedido feito em primeira instância ou a recurso voluntário dirigido à Corte de origem, razão pela qual não caracteriza reformatio in pejus contra a Fazenda Pública, tampouco ofende o princípio da inércia da jurisdição, o Tribunal, de ofício, corrigir a sentença para fixar o critério de incidência da correção monetária nas obrigações de pagar impostas ao INSS, mormente em face da inconstitucionalidade do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei nº 11.960/09, na parte em que disciplina a atualização monetária das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a remuneração oficial da caderneta de poupança, reconhecida Apelação Cível/Reexame Necessário - Turma Espec. I - Penal, Previdenciário e Propriedade Industrial Nº CNJ : 0022199-92.2015.4.02.5110 (2015.51.10.022199-4) RELATOR : Desembargador(a) Federal MARCELLO FERREIRA DE SOUZA GRANADO APELANTE : INSS-INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL PROCURADOR : PROCURADOR FEDERAL APELADO : JAILSON SILVEIRA JESUS ADVOGADO : RJ154244 - MAURICIO OLIVEIRA FRANCO ORIGEM : 06ª Vara Federal de São João de Meriti (00221999220154025110) 1 pelo STF no julgamento do RE nº 870.947/SE. - Apelação e Remessa necessária não providas; sentença retificada de ofício. A C Ó R D Ã O Vistos e relatados estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Segunda Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, por unanimidade, negar provimento ao recurso e à remessa necessária e retificar, de ofício, o dispositivo da sentença, nos termos do voto do Relator. Rio de Janeiro, 22 de fevereiro de 2018 . (data do julgamento) MARCELLO GRANADO Desembargador Federal 2 R E L A T Ó R I O Trata-se de Remessa Necessária e Apelação interposta pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS em face da sentença proferida, às fls. 198/203, que julgou procedente o pedido com fulcro no art. 487, I,do CPC/2015, para condenar o INSS a implantar, em nome do autor JAILSON SILVEIRA JESUS, o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição para pessoas portadoras de deficiência, previsto na Lei Complementar 142/2013, a partir de 02/01/2014, data do requerimento administrativo, pagando as prestações vencidas, desde então, monetariamente corrigidos e acrescidos de juros moratórios. Em suas razões recursais, o INSS apela, às fls. 206/210, sustentando em síntese, a reforma da r. sentença . Alega ser indispensável a produção de prova pericial que ateste a existência da deficiência e o seu grau. Contrarrazões apresentadas pela parte autora, às fls. 213/216. Parecer do Ministério Público Federal, às fls. 224/228, manifestando-se pela desnecessidade de sua intervenção no feito. Petição do autor, às fls. 223, requerendo a concessão da tutela antecipada, sob o argumento que a concessão do benefício é de vital importância para a sua sobrevivência. É o relatório. MARCELLO GRANADO Desembargador Federal /lav Apelação Cível/Reexame Necessário - Turma Espec. I - Penal, Previdenciário e Propriedade Industrial Nº CNJ : 0022199-92.2015.4.02.5110 (2015.51.10.022199-4) RELATOR : Desembargador(a) Federal MARCELLO FERREIRA DE SOUZA GRANADO APELANTE : INSS-INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL PROCURADOR : PROCURADOR FEDERAL APELADO : JAILSON SILVEIRA JESUS ADVOGADO : RJ154244 - MAURICIO OLIVEIRA FRANCO ORIGEM : 06ª Vara Federal de São João de Meriti (00221999220154025110) 1 V O T O Recebo o Recurso, na forma do artigo 1.011 do CPC de 2015. A aposentadoria do portador de deficiência está fundamentada no art. 201, §1º da Constituição Federal com redação dada pela Emenda Constitucional nº 47/2005, regulamentada pela Lei Complementar nº 142 de 08.05.2013. Assim desde a vigência da Lei Complementar 142, de 08.05.2013, ocorrida em 09.11.2013, encontra-se assegurada a concessão de aposentadoria diferenciada (com critérios diferenciados) para as pessoas com deficiência no âmbito do RGPS. Forte no entendimento jurisprudencial consolidado no sentido de que não se constitui em ofensa ao artigo 93, IX, da CRFB, o Relator do processo acolher como razões de decidir os fundamentos da sentença[1] ou do parecer ministerial[2] - motivação per relationem-, desde que comportem a análise de toda a matéria objeto do recurso, adoto os fundamentos postos na r. sentença (fls. 198/203), considerando que: " Pretende o autor a condenação do réu a lhe conceder o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição para pessoa portadora de deficiência de que trata a Lei Complementar 142/2013, desde a data do requerimento administrativo do benefício, que, formulado em 02/01/2014, restou indeferido (fl. 11). Em sua peça defesa, o INSS alega que, ao tempo do requerimento administrativo, o autor não preenchia os requisitos para a concessão do benefício, e o documento juntado às fls. 184/185, mostra que o indeferimento administrativo teve a seguinte fundamentação: “a deficiência não foi avaliada pela perícia própria do INSS, em razão do não preenchimento dos requisitos mínimos previstos no par. 1º do artigo 2º do Decreto nº 8.145, de 03/12/2013.” A previsão da aposentadoria especial para segurados portadores de deficiência foi introduzida na Constituição Federal pela EC 47/2005 e, posteriormente, regulamentada pela LC 142/2013. O conceito de pessoa com deficiência, para fins de reconhecimento do Apelação Cível/Reexame Necessário - Turma Espec. I - Penal, Previdenciário e Propriedade Industrial Nº CNJ : 0022199-92.2015.4.02.5110 (2015.51.10.022199-4) RELATOR : Desembargador(a) Federal MARCELLO FERREIRA DE SOUZA GRANADO APELANTE : INSS-INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL PROCURADOR : PROCURADOR FEDERAL APELADO : JAILSON SILVEIRA JESUS ADVOGADO : RJ154244 - MAURICIO OLIVEIRA FRANCO ORIGEM : 06ª Vara Federal de São João de Meriti (00221999220154025110) 1 direito à obtenção daquela modalidade de aposentadoria, é apresentado no artigo 2º da LC 142/2013, de seguinte teor: Art. 2o – Para o reconhecimento do direito à aposentadoria de que trata esta Lei Complementar, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedadeem igualdade de condições com as demais pessoas. (grifos meus) A concessão de tal modalidade de aposentadoria tem como premissa o preenchimento dos seguintes requisitos, legalmente exigidos: (i) a qualidade de segurado; (ii) o cumprimento do período de carência exigido em lei; e (iii) comprovação a deficiência do segurado, que, dependendo da graduação seja considerada grave, moderada ou leve, enseja o cumprimento de 25, 29 ou 33 anos de tempo de contribuição, para homens, e 20, 24 ou 28 anos de tempo de contribuição, para mulheres. Importante salientar que a redução da exigência do tempo de contribuição apenas se aplica em relação ao tempo de contribuição posterior à existência da deficiência do segurado. O tempo de contribuição anterior à deficiência é, também, computado para fins de aposentadoria, mas com critério diferenciado, após ser convertido segundo critérios de proporcionalidade, de acordo com o disposto no art. 7º Lei Complementar nº 142/2013, a seguir transcrito, in verbis: Art. 7º. Se o segurado, após a filiação ao RGPS, tornar-se pessoa com deficiência, ou tiver seu grau de deficiência alterado, os parâmetros mencionados no art. 3º serão proporcionalmente ajustados, considerando- se o número de anos em que o segurado exerceu atividade laboral sem deficiência e com deficiência, observado o grau de deficiência correspondente, nos termos do regulamento a que se refere o parágrafo único do art. 3º desta Lei Complementar. Para regulamentar a situação do segurado que tem apenas parte do tempo de contribuição, na condição de deficiente, o Decreto nº 8.145/2013 incluiu o art. 70-E ao Regulamento da Previdência Social, estabelecendo tabelas de conversão e dispondo que os ajustes seriam feitos de acordo com o grau de deficiência preponderante, ou seja, aquele em que o segurado cumpriu maior tempo de contribuição, antes da conversão, o qual também serviria como parâmetro para definir o tempo mínimo necessário para a aposentadoria por tempo de contribuição da pessoa com deficiência e para a conversão. Em tal contexto, o § 2º do art. 70-E do Regulamento da Previdência Social JFRJ dispõe que “Quando o segurado contribuiu alternadamente na condição de pessoa sem deficiência e com deficiência, os respectivos períodos poderão ser somados, após aplicação da conversão de que trata o caput”. As tabelas de conversão são as seguintes: 2 Portanto, na hipótese de o segurado homem apresentar deficiência grave no ano de 2015, poderá requerer o benefício de aposentadoria com 25 anos de tempo de contribuição, mas todo o tempo de contribuição anterior a 2015 deverá ser convertido pelo fator de conversão 0,71, conforme previsto na tabela acima. No caso dos autos, para aferição da existência de deficiência e seu grau (leve, moderada ou grave), foi designada a realização de perícia médica e, submetido o autor a exame pericial, levado a efeito por expert designado pelo Juízo, este foi expresso, ao afirmar que o autor apresenta deficiência e esta é considerada grave. Com efeito, conforme laudo pericial acostado às fls. 135/141, o autor apresenta amputação do antebraço direito, desde 26/04/1990, o que, de acordo com a medicina ocupacional, é considerada deficiência de natureza grave, tendo o perito ressaltado o fato de o autor ser destro (respostas aos quesitos nºs 01, 02 e 04 formulados pelo Juízo - fl. 140 e 01, 03 e 04 formulados pelo réu – fl. 141). O perito deixou expresso que não houve agravamento da sequela por amputação do antebraço direito, tendo o grau da deficiência se mantido constante, durante por todo o período posterior à amputação do membro (respostas aos quesitos nº 03 formulado pelo Juízo - fl. 140 e 05 formulado pelo réu – fl. 141). Portanto, o laudo pericial foi conclusivo quanto à caracterização da MULHER TEMPO A CONVERTE R MULTIPLICADORES Para 20 Para 24 Para 28 Para 30 De 20 anos 1,00 1,20 1,40 1,50 De 24 anos 0,83 1,00 1,17 1,25 De 28 anos 0,71 0,86 1,00 1,07 De 30 anos 0,67 0,80 0,93 1,00 HOMEM TEMPO A CONVERTE R MULTIPLICADORES Para 25 Para 29 Para 33 Para 35 De 25 anos 1,00 1,16 1,32 1,40 De 29 anos 0,86 1,00 1,14 1,21 De 33 anos 0,76 0,88 1,00 1,06 De 35 anos 0,71 0,83 0,94 1,00 3 natureza grave da deficiência apresentada pelo autor, bem como quanto à data em que esta se tornou presente, qual seja, 26/04/1990 (resposta aos quesitos nº 02 formulado pelo Juízo – fl. 140 e nº 03 formulado pelo réu – fl. 141). No que concerne à qualidade de segurado e ao cumprimento do período de carência exigidos para a concessão do benefício, verifico que o réu trouxe aos autos o “resumo de documentos para cálculo de tempo de contribuição”, segundo o qual o autor possuía, até 01/01/2014, tempo de contribuição de 27 anos, 03 meses e 16 dias, o qual, contudo, foi calculado de forma simples, tomando por base o tempo de contribuição 35 anos (fl. 181). Isso significa que o cômputo do tempo de contribuição efetuado pela autarquia deixou de observar que o cálculo do tempo exigido pela LC 142/2013 é diferenciado, devendo ser considerando o tempo de contribuição anterior à deficiência, porém com contagem diferenciada, e levado em consideração o grau de deficiência apontado em perícia médica. Em sendo assim, o correto tempo de contribuição do autor se encontra demonstrado na planilha a seguir, que evidencia o total de tempo de contribuição superior aos 25 anos exigidos por lei para a concessão do benefício de aposentadoria especial por tempo de contribuição para o segurado portador de deficiência grave: Assim, com base nas afirmações do perito e na análise da documentação acostada aos autos (em especial, a cópia de carteira de trabalho acostada às fls. 14/15), chega-se de imediato à conclusão de que, na data do requerimento administrativo (02/01/2014), o autor já havia cumprido os requisitos exigidos para a concessão do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição para pessoas portadoras de deficiência, previsto na Lei Complementar 142/2013, tendo agido 4 ilegalmente a autarquia, ao indeferir o benefício. Destarte, cumpre pronunciar a procedência do pedido, com consequente condenação do INSS a conceder o autor o benefício, a partir da data do requerimento administrativo formulado pelo autor, com pagamento das parcelas vencidas desde então. III – DISPOSITIVO: Diante do exposto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO, com fulcro no art. 487, I, do CPC/2015, para condenar o INSS a implantar, em nome do autor JAILSON SILVEIRA JESUS, o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição para pessoas portadoras de deficiência, previsto na Lei Complementar 142/2013, a partir de 02/01/2014, data do requerimento administrativo, pagando as prestações vencidas, desde então, monetariamente corrigidos e acrescidos de juros moratórios. Os valores referentes ao período pretérito deverão ser atualizados monetariamente até a data do efetivo pagamento, e acrescidos de juros de mora, estes a incidir a contar da citação, ambos com base nos índices e taxas previstos no Manual de Cálculos da Justiça Federal até o advento da Lei da Lei 11.960/2009, a partir de quando deverão incidir os índices oficiais de remuneração básica da caderneta de poupança, em conformidade com o decidido pelo STF, por ocasião do julgamento da Questão de Ordem nas Ações de Inconstitucionalidade nºs 4357 e 4425. Condeno a autarquia previdenciária, ainda, a ressarcir os honorários pagos pela Seção Judiciária ao perito, nos termos da Resolução nº 558, do Conselho da Justiça Federal, e ao pagamento de honorários advocatícios, fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor dos atrasados a serem pagos. Custas ex lege. Sentença sujeita ao reexame obrigatório. P.R.I." Assim, preenchidos os requisitos é devida a aposentadoria da pessoa com deficiência segurada do Regime Geral de Previdência Social - RGPS. No entanto, merece reforma no a r. sentença,no tocante à aplicação da correção monetária sobre os valores em atraso. A r. sentença de primeiro grau determinou que "Os valores referentes ao período pretérito deverão ser atualizados monetariamente até a data do efetivo pagamento, e acrescidos de juros de mora, estes a incidir a contar da citação, ambos com base nos índices e taxas previstos no Manual de Cálculos da Justiça Federal até o advento da Lei da Lei 11.960/2009, a partir de quando deverão incidir os índices oficiais de remuneração básica da caderneta de poupança, em conformidade com o decidido pelo STF, por ocasião do julgamento da Questão de Ordem nas Ações de Inconstitucionalidade nºs 4357 e 4425." Porém, em 20/09/2017, o STF terminou o julgamento do RE nº 870.947/SE, apreciando o tema 810 da repercussão geral, declarando que, nas condenações impostas à Fazenda 5 Pública de natureza não tributária, a partir do advento da Lei nº 11.960, de 29/06/2009, os valores apurados devem ser atualizados monetariamente segundo o IPCA-E, acrescidos de juros moratórios segundo a remuneração da caderneta de poupança, na forma do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97. De acordo com o CPC/2015, os juízes e tribunais devem observar (i) as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade, (ii) os enunciados de súmula vinculante, (iii) os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos, (iiii) os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional e (iiiii) a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados - art. 927 e incisos -. Nesse passo, forçoso reconhecer que a manutenção do julgado, no que concerne à correção monetária do débito da autarquia, implicaria em violação ao supracitado art. 927 do CPC/2015, na possibilidade de coisa julgada frontalmente contrária à interpretação dada à Constituição Federal, no ponto, pelo STF e, ainda, em enriquecimento sem causa em favor da autarquia. Nessa ordem de ideias, afigura-se legítimo aproveitar-se a oportunidade para rever a sentença de primeiro grau, adequando-a à compreensão firmada pelo STF em sede de repercussão geral, mormente considerando ter o STF, dentro do seu relevante mister, adotado a tese de que "O art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei nº 11.960/09, na parte em que disciplina a atualização monetária das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a remuneração oficial da caderneta de poupança, revela-se inconstitucional ao impor restrição desproporcional ao direito de propriedade (CRFB, art. 5º, XXII), uma vez que não se qualifica como medida adequada a capturar a variação de preços da economia, sendo inidônea a promover os fins a que se destina", sem incidir no óbice do reformatio in pejus. Em reforço dessa convicção, cumpre trazer a baila ter o STJ precedentes em que afirma ser a correção monetária matéria de ordem pública, cognoscível de ofício, que incide sobre o objeto da condenação judicial e não se prende a pedido feito em primeira instância ou a recurso voluntário dirigido à Corte de origem, e no qual afasta a reformatio in pejus contra a Fazenda Pública ou ofensa ao princípio da inércia da jurisdição a explicitação em sede de reexame de ofício do modo em que a correção monetária deveria incidir (AgInt no RESP 1.364.982/MG, rel. min. Benedito Gonçalves, 1ª Turma, DJe de 02/03/2017). Em relação aos honorários advocatícios fixados na r. sentença de fls. 198/203, tenho que foram fixados com moderação, pelo que merecem ser mantidos. Em relação à aplicação dos honorários recursais, cabem algumas considerações. Em primeiro lugar, o principal critério para o aumento da verba honorária é o trabalho adicional realizado em grau recursal, o que dá azo a uma boa dose de subjetividade na aferição 6 daquilo que adicionalmente foi realizado por ocasião do recurso. A Lei 13.105 /15 - Novo Código de Processo Civil - aplica-se às decisões publicadas posteriormente à data de sua entrada em vigor, ocorrida em 18 de março de 2016. No caso específico do autos, trata-se de processo eletrônico no qual se constata que a publicação da decisão de origem foi depois de 18.3.2016. Desse modo e diante das circunstâncias do caso (sentença do Tipo A), majoro em 1% os honorários fixados anteriormente, considerando que a atuação recursal do autor consistiu unicamente na apresentação de contrarrazões. No tocante ao pedido de tutela de urgência, considero estar suficientemente demonstrada a plausibilidade do direito deduzido pela parte autora, uma vez tratando-se de verba alimentar, é devido a concessão imediata do benefício pleiteado. Assim, concedo, com base no art. 300 do CPC/2015, a tutela de urgência, determinando ao INSS que implante em nome do autor JAILSON SILVEIRA JESUS, o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição para pessoas portadoras de deficiência, previsto na Lei Complementar 142/2013, a partir de 02/01/2014, data do requerimento administrativo, no prazo de 30 (trinta) dias. Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO e ao Recurso e à Remessa Necessária e RETIFICO, de ofício, o julgado, em relação à incidência da correção monetária, nos termos da fundamentação supra. Tutela de urgência concedida para implantação em nome do autor JAILSON SILVEIRA JESUS, o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição para pessoas portadoras de deficiência, previsto na Lei Complementar 142/2013, a partir de 02/01/2014, data do requerimento administrativo. Majoração de 1 % (um por cento) sobre o valor dos honorários fixados na origem, a título de honorários recursais. É como voto. MARCELLO GRANADO Desembargador Federal /lav [ 1 ] STF- HC 69987/SP, Relator Min. Celso de Mello, j. 18/12/92, DJ 06/10/06, p. 32; HC 69438/SP, Relator Min. Celso de Mello, j. 16/03/1993, DJ 24/11/2006, p. 75. [ 2 ] STJ – (HC 40.874/DF, Rel. Min. LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 18.04.2006, DJ 15/05/2006 p. 244; HC 32472/RJ, Rel. Min. Jorge Scartezzini, Quinta Turma, julgado em 23.03.2004, DJ 24.05.2004, p. 314; HC 18305/PE, Rel. ministro Edson Vidigal, Quinta Turma, Julgado em 19/03/2002, DJ 22/04/2002, p. 222); e STF (HC 94164/RS, Rel. Ministro Menezes Direito, Primeira Turma Julgado em 17/06/2008, Dje 7 22/08/2008). 8 E M E N T A
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