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Será possível conhecer? A fenomenologia enquanto metodologia fundamental no ato de conhecer Origem do debate sobre a possibilidade do conhecimento na filosofia moderna Existem diversas razões que nos podem levar à dúvida. Se os sentidos nos enganam uma vez, poderão enganar-nos sempre, o que justifica uma dúvida universal. No entanto, há algo de que não podemos duvidar: de que pensamos (Cogito ergu sum). O Cogito constitui a crença fundacional para todo o sistema do saber. René Descartes (1596-1650) Origem do debate sobre a possibilidade do conhecimento na filosofia moderna O nosso conteúdo mental é constituído por impressões e ideias, ambos com origem na sensibilidade. Existem dois tipos de juízos: as questões de facto e as relações de ideias. Um dos princípios que permite a progressão do pensamento é o Princípio da Causalidade. Esse não consiste numa conexão necessária e resulta do hábito. É impossível conhecer a origem das impressões sensíveis. A realidade reduz-se aos fenómenos. David Hume (1711-1776) Origem do debate sobre a possibilidade do conhecimento na filosofia moderna O sujeito tem um papel ativo na construção do conhecimento. O entendimento humano é constituído por conceitos a priori necessários para a cognição dos fenómenos obtidos a partir da sensibilidade. O conhecimento resulta da cooperação entre essas duas faculdades. Distinção entre fenómeno e númeno. O fenómeno não tem necessariamente qualquer correspondência com o númeno. Emmanuel Kant (1724-1804) FENOMENOLOGIA - TEORIA GNOSIOLÓGICA e epistemológica INOVADORA Edmund Husserl (1859-1938) Martin Heidegger (1889-1976) Jean-Paul Sartre (1905-1980) Merleau-Ponty (1908-1961) O QUE É A FENOMENOLOGIA? No sentido estrito, a fenomenologia é a ciência que estuda os fenómenos. Se tu és fenomenólogo, podes falar deste coquetel, e é filosofia! - Raymond Aron O QUE É um fenómeno? Um fenómeno é a forma como um objeto se apresenta à consciência. Um objeto pode apresentar-se de diferentes formas: Sob luminosidades diferentes… O QUE É um fenómeno? Em diferentes perspetivas… Apesar de existirem partes fora do alcance da perceção, a consciência assume a sua presença. A perceção envolve uma interação entre o presente e o ausente. À medida que eu me movimento em torno do relógio, eu posso vê-lo de cima, de baixo ou de lado, mas à medida que certas partes vão aparecendo, outras vão desaparecendo. Apesar de existirem partes fora do alcance da perceção, a consciência assume a sua presença. A perceção envolve uma interação entre o presente e o ausente. 8 O QUE É um fenómeno? Em diferentes locais… Nenhum objeto apresenta-se isolado. O objeto apresenta-se em perspetiva, pois o sujeito encontra-se próximo do objeto, ou espacialmente incorporado. Nenhum objeto apresenta-se isolado. Todos os objetos estão inseridos em algum contexto espacial. Apesar de a minha consciência estar dirigida para o relógio, eu estou consciente do contexto espacial em que está inserido (estou consciente do chão ou da mesa que servem, de alguma forma, de plano de fundo para o relógio). Eu posso dirigir a minha consciência para outro objeto presente nesse contexto espacial. O objeto apresenta-se em perspetiva, pois o sujeito encontra-se próximo do objeto, ou espacialmente incorporado. 9 Aparência E REALIDADE Em filosofia, fenómeno é muitas vezes considerado uma representação mental subjetiva de um objeto da realidade. Essa definição é rejeitada pelo fenomenólogos. Se esse fosse o caso, a fenomenologia seria uma atividade meramente superficial… Em filosofia, fenómeno é muitas vezes considerado uma representação mental subjetiva de um objeto da realidade. Essa definição é rejeitada pelo fenomenólogos. Se esse fosse o caso, a fenomenologia seria uma atividade meramente superficial… Como já vimos, considera-se geralmente que existe um objeto da realidade que, ao estimular a sensibilidade, produz uma representação mental de si no sujeito. No entanto, isso implicaria o sujeito poder sair da sua consciência para poder verificar a validade dessa representação face ao objeto em si mesmo. 10 Aparência E REALIDADE Por que razão a consciência da representação é o intermediário para a consciência do objeto na realidade? Quando observamos uma fotografia da Torre Eiffel, a nossa consciência da fotografia leva-nos à consciência daquilo que ela representa, ou seja, a nossa consciência não se limita a reproduzir a fotografia. O estado de consciência é muitas vezes considerado uma causa do objeto da realidade que representa. No entanto, o objeto da realidade não contabiliza, enquanto causa, para a totalidade desse estado. 11 Aparência E REALIDADE Retorno às coisas em si mesmas! 12 Aparência E REALIDADE O objeto apresenta-se à consciência através de diferentes atos intuitivos doadores, no entanto, a consciência tem um papel importante na constituição do fenómeno. A intencionalidade da consciência é consiste no facto de essa ser sempre uma consciência de algo. A perceção é o ato intuitivo doador original, na medida em que apresenta o objeto à consciência diretamente ou através da sua presença corpórea. Constitui um ato mais básico relativamente aos demais. 13 Metodologia da fenomenologia Epoché - Suspensão da atitude natural, isto é, dos pressupostos com que normalmente encaramos os objetos da realidade; Redução transcendental – Redução de um fenómeno à sua essência, que consiste nas características que o identificam e sem as quais seria diferente. 14 Será possível conhecer? Através da fenomenologia é possível proceder a um estudo rigoroso da realidade em si, na medida em que essa é constituída pela totalidade de objetos que se doam à consciência, constituindo o fenómeno. Deste modo, representa um regresso às coisas em si mesmas, e deste modo, afirma a possibilidade de um conhecimento objetivo e rigoroso. A fenomenologia é, de alguma forma, o trabalho primordial em qualquer investigação, de natureza filosófica ou científica. 15