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alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 1 INTRODUÇÃO AO PROCESSO PENAL NOÇÕES INTRODUTÓRIAS Nos moldes atuais de convivência em sociedade, é estabelecida pelo Estado uma série de regras que contribuem com a paz social. Deste modo, a partir da quebra de uma regra socialmente estabelecida, nasce para o Estado o direito de punir (Ius Puniendi), visto que o ordenamento jurídico não permite ao prejudicado fazer justiça com as próprias mãos. No entanto, para punir o indivíduo infrator, devem ser asseguradas prerrogativas constitucionais, tais como o contraditório e a ampla defesa. Como o Direito Penal NÃO É AUTOAPLICÁVEL, cabe ao Direito Processual Penal estabelecer princípios e normas procedimentais para que sejam assegurados os Direitos Fundamentais do acusado. O objetivo do Direito Processual Penal é tornar acessíveis os preceitos elencados no Código Penal, no sentido de instrumentalizar a aplicação da lei penal. No que tange à finalidade, essa concepção pode se dar de maneira mediata ou imediata. A finalidade imediata consta estabelecer uma relação jurídica de culpabilidade ou não, confrontando o direito de liberdade do infrator com a aplicação da lei penal, concretizando o previsto no Código Penal. Consequentemente a isso, surge a pacificação social como finalidade mediata, com solução do conflito. FONTES DO DIREITO PROCESSUAL PENAL As fontes dessa vertente do Direito trazem à tona a origem do fato gerador do Direito, diga-se, relacionam o local de onde são tiradas as normas processuais penais. Deste modo, a FONTE MATERIAL do Direito Processual Penal é a União (Art. 22, inciso I da CF/88), e subsidiariamente os estados e o DF. O processo inaugurador da norma é dado pela aprovação do projeto de lei pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, bem como pela respectiva sanção pelo Presidente da República. As FONTES FORMAIS das normas processuais penais decorrem de dispositivos jurídicos, tais como o Código de Processo Penal. Ainda nisso, as fontes formais imediatas ou primárias são aquelas que emanam diretamente princípios a serem seguidos em processo penal. São eles: Constituição Federal de 1988 Leis (Ordinárias, complementares...) Tratados Internacionais Conceito O Direito Processual Penal é o ramo do Direito Público que estabelece Normas e Princípios que disciplinam a persecução penal. Objetivo Instrumentalizar e permitir a aplicação da lei penal. É o"caminho" entre o crime e a pena. Finalidade - Imediata: concretizar a aplicação da lei penal; - Mediata: pacificação social. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 2 Súmulas Vinculantes - STF Já as fontes formais mediatas ou secundárias são aquelas que não geram diretamente efeitos jurídicos, tais como os costumes, princípios gerais de direito, analogia etc. Princípios Gerais de Direito Costumes Doutrina e Jurisprudência Analogia SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS SISTEMA INQUISITIVO A origem da nomenclatura desse sistema deriva da Santa Inquisição, ou Tribunal Eclesiástico, que tinha como finalidade a investigação e punição dos “hereges”, tudo isso feito pelos membros do clero. No sistema inquisitivo é o juiz quem detém as prerrogativas de acusar e julgar o investigado, o qual é tratado como mero objeto. A ideia central desse sistema é que quem produz, gerencia e aprecia a prova é o próprio julgador. O juiz (gestor da prova) busca a evidência para confirmar o que pensa (subjetivismo) sobre o fato (ideia pré-concebida), fato em que as provas colhidas são utilizadas apenas para comprovar seu pensamento. Ele irá fabricar as provas para que confirme sua convicção sobre o crime e o réu. Para tanto, utiliza-se principalmente da confissão do réu, obtida muitas vezes mediante tortura ou outro meio cruel, para obter as respostas que lhe convir. Em outras palavras, o julgador é citado como representante de Deus na Terra, pois produz provas para confirmar o fato, utilizando-se de todos os meios – lícitos ou não – para obter a condenação do objeto da relação processual. Também, é neste período que as provas são avaliadas e atribuídas certos níveis de importância (prova tarifada). O testemunho de um clero ou nobre possuíam valores muito maiores, por exemplo, que o de uma mulher. A confissão é absoluta e irretratável (daí a expressão rainha das provas). A crítica feita a este sistema processual é a de que não seria possível uma única pessoa, detentora de tantos poderes, conduzir imparcialmente e com objetividade o ato criminoso. Pensando nisso, é possível sintetizar como características do sistema inquisitivo: a) Reunião das funções: o juiz julga e acusa; b) Não existem partes – o réu é mero objeto do processo penal e não sujeito de direitos; c) O processo é sigiloso, isto é, é praticado longe “aos olhos do povo”; d) Inexiste garantias constitucionais, pois se o investigado é objeto, não há que se falar em contraditório, ampla defesa, devido processo legal etc.; e) a confissão é a rainha das provas (prova legal e tarifação das provas); f) O réu é considerado culpado até que se prove o contrário. SISTEMA ACUSATÓRIO Diferente do sistema inquisitório, o sistema processual acusatório possui como princípio unificador o fato de o gestor da prova ser pessoa diversa do juiz. Há, portanto, nítida separação entre as funções de acusar e julgar, o que não ocorria no sistema inquisitivo. Assim sendo, o juiz é imparcial e somente julga, não produz provas (em regra) e nem defende o réu. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 3 Para facilitar a compreensão desse sistema, eis suas principais características: a) as partes são as gestoras das provas; b) há separação das funções de acusar, julgar e defender; c) o processo é público, salvo exceções determinadas por lei; d) o réu é sujeito de direitos e não mais objeto da investigação; e) consequentemente, ao acusado é garantido o contraditório, a ampla defesa, o devido processo legal, e demais princípios limitadores do poder punitivo; f) presume-se a não culpabilidade (ou a inocência do réu); g) as provas não são taxativas e não possuem valores preestabelecidos. SISTEMA MISTO Por fim, o sistema processual misto contém as características de ambos os sistemas supracitados. Possui duas fases: a primeira, inquisitória e a segunda, acusatória. A primeira fase é a da investigação preliminar. Tem nítido caráter inquisitório em que o procedimento é presidido pelo juiz (não se confundindo com o inquérito policial, o qual é presidido por autoridade policial), colhendo provas, indícios e demais informações para que possa, posteriormente, embasar sua acusação ao Juízo competente. Obedece também às características do sistema inquisitivo, em que o juiz é, portanto, o gestor das provas. A segunda fase é a judicial ou processual propriamente dita. Aqui existe a figura do acusador (MP, particular) diverso do julgador (somente o juiz), em que são assegurados todos os direitos do acusado e a independência entre acusação, defesa e juiz. Atualmente é adotado por vários países europeus, sendo inaugurado pelo Código de Processo Penal Francês. SISTEMA ADOTADO PELO BRASIL Há uma corrente doutrinária que diz que o sistema processual brasileiro é misto (Hélio Tornaghi), aduzindo sua dupla fase: a) Fase investigatória, de características inquisitórias, visto que é pré-processual; b) Fase judicial, com características acusatórias, iniciada após o recebimento da denúncia ou queixa. A crítica a esta corrente cinge-se ao caráter administrativo (extraprocessual) da investigação preliminar (inquérito policial, por exemplo). No entanto, o entendimento majoritário e jurisprudencial é a de que O BRASIL ADOTA O SISTEMA ACUSATÓRIO, pois há clara separação da função acusatória (realizada pelo Ministério Público nas ações penais públicas) e a julgadora (Juiz). É preciso, entretanto, ter a noção de que não se trata do sistema acusatório puro, uma vez que, apesar de a regra do ônus da prova ser da alegação (ou partes), admitem-se exceções em que o próprio juiz pode determinar, de ofício, sua produção de forma suplementar, como no artigo 156 do CPP: Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 4 Além disso, o Art. 385 do CPP permite ao juiz condenar o réu, nos crimes de ação pública, ainda que o Ministério Público tenha se manifestado pela absolvição. ATENÇÃO! No Processo Penal, o Ministério Público exerce a pretensão acusatória sempre que houver Fumus Commissi Delicti (fumaça do crime), enquanto o juiz concretiza o poder de punir. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 1 SUMÁRIO PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS APLICADOS AO PROCESSO PENAL ................................................................... 2 PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL .................................................................................................. 2 PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE NÃO CULPABILIDADE (OU INOCÊNCIA) .................................................... 2 PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO REO OU FAVOR REI ..................................................................................... 2 PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE ...................................................................................................................... 2 JUIZ NATURAL ............................................................................................................................................ 2 IMPARCIALIDADE JUDICIAL........................................................................................................................ 2 DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO .................................................................................................................... 3 CELERIDADE PROCESSUAL ......................................................................................................................... 3 ECONOMIA PROCESSUAL .......................................................................................................................... 3 PRINCÍPIO DA IGUALDADE PROCESSUAL OU PARIDADE DAS ARMAS....................................................... 3 PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO OU BILATERALIDADE E DA AMPLA DEFESA ........................................... 3 PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DAS PROVAS ILÍCITAS ........................................................................................ 3 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 2 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS APLICADOS AO PROCESSO PENAL Tendo em vista os estudiosos da Constituição Federal de 1988, o Artigo 5º, ao elencar uma série de direitos individuais e coletivos, fundamenta a base do que se tem hoje a respeito da legitimidade da implementação do Processo Penal. Pensando nisso, o fundamento da legitimidade da jurisdição e da independência do Poder Judiciário está no reconhecimento da sua função como garantidor dos direitos fundamentais inseridos no rol da Constituição. PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL Art. 5º, LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE NÃO CULPABILIDADE (OU INOCÊNCIA) Art. 5º, LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; ATENÇÃO! No processo penal, o conceito de trânsito em julgado diz respeito ao esgotamento da análise fatídica e probatória, não à sentença irrecorrível, como citado no CPC. PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO REO OU FAVOR REI Art. 386, CPP. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça: (...) VII – não existir prova suficiente para a condenação. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE Art. 5º, XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. JUIZ NATURAL Art. 5º, LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente; ATENÇÃO! Tal princípio veda a criação de tribunais de exceção ou “magistrados de encomenda”. IMPARCIALIDADE JUDICIAL Art. 95, Parágrafo único. Aos juízes é vedado: I - Exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério; II - Receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo; III - dedicar-se à atividade político-partidária. IV - Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 3 V - Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO Esse princípio invoca a possibilidade de Revisão e Recurso Criminal, das causas já julgadas pelo juiz de primeiro grau. Trata-se de um PRINCÍPIO IMPLÍCITO. Decorre da própria estrutura atribuída ao Poder Judiciário, incumbindo-se no Art. 102 da CF/88 a outorga de competência recursal a vários órgãos da jurisdição. CELERIDADE PROCESSUAL Art. 5º, LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. ECONOMIA PROCESSUAL O processo é meio, não sendo permitido exigir um dispêndio exagerado em relação aos bens que estão em plena disputa. Exprime a procura da máxima eficiência na aplicação do direito, com o menor dispêndio de atos processuais possível. Uma das aplicações desse princípio em Processo Penal é a chamada prova emprestada. PRINCÍPIO DA IGUALDADE PROCESSUAL OU PARIDADE DAS ARMAS Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. (...) LV. aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO OU BILATERALIDADE E DA AMPLA DEFESA Art. 5º, LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; A Súmula 523 do STF salienta a irrenunciabilidade da defesa técnica: No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu. PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DAS PROVAS ILÍCITAS Art. 5º, LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 1 SUMÁRIO DISPOSIÇÕES PRELIMINARES ............................................................................................................................. 2 LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO E ESPAÇO ............................................................................................. 2 LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO ......................................................................................................... 2 EXCEÇÕES DECORRENTES DE LEIS ESPECIAIS ............................................................................................ 2 TERRITORIALIDADE DA APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL .............................................................. 2 LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO .......................................................................................................... 3 NORMAS HÍBRIDAS OU MISTAS ................................................................................................................ 3 IMUNIDADE DIPLOMÁTICA........................................................................................................................ 4 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 2 DISPOSIÇÕES PRELIMINARES LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO E ESPAÇO LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO O que vem a ser território brasileiro? O Artigo 5º do Código Penal facilita esse entendimento. Art. 5º, CP - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. O Artigo 1º do CPP estabelece 5 exceções em relação à aplicação do Código de Processo Penal: Art. 1º O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código, ressalvados: I - Os tratados, as convenções e regras de direito internacional; II - As prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade (Arts. 86, 89, § 2º e 100 da CF/88); III - os processos da competência da Justiça Militar; IV - Os processos da competência do tribunal especial (Constituição, art. 122); V - Os processos por crimes de imprensa. EXCEÇÕES DECORRENTES DE LEIS ESPECIAIS Ao longo do tempo, muitas regras do CPP tornaram-se obsoletas, de forma que o legislador optou por aprovar algumas leis especiais que excepcionam a aplicação de referido Código em relação à apuração a determinados crimes, como, por exemplo, aqueles ligados a drogas, cujo rito é integralmente regulado pela Lei n. 11.343/2006, as infrações de menor potencial ofensivo, tratadas em sua totalidade na Lei 9.099/95 etc. TERRITORIALIDADE DA APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL No estudo de crimes, não se pode confundir fato criminoso com o processo penal desencadeado. A regra da territorialidade do Direito Penal é diversa do previsto no CPP. Perceba: a regra sobre uma infração penal cometida fora do Brasil é a de que será aplicada a lei do país em que ocorreu o fato criminoso. O Código Penal, em seu artigo 7º, também prevê a hipótese incondicionada da aplicação da lei brasileira, ainda que o crime tenha sido cometido no exterior, como o caso de crimes contra a vida ou liberdade do presidente da República. No entanto, é óbvio que o trâmite da ação penal se dará em território brasileiro, ou seja, ainda que o crime tenha sido cometido no https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 3 exterior, a ação e o processo serão regidos pela lei brasileira. Logo, não existe extraterritorialidade de lei processual penal, visto que não se tramitam processos brasileiros no exterior. Por isso, doutrinadores como Nestor Távora salientam que a aplicação da territorialidade da lei processual penal é ABSOLUTA. LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO O Art. 2º do Código de Processo Penal adotou o princípio da imediata aplicação da lei processual penal ou PRINCÍPIO DA IMEDIATIDADE: Art. 2º. A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo, da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior. De acordo com esse princípio, os novos dispositivos processuais incidem imediatamente no processo. O que se leva em conta, portanto, é a data da realização do ato processual (Tempus Regit Actum) e não a da infração penal. É o caso do ocorrido na Lei 11.689/08, a qual revogou o recurso do “Protesto por novo Júri” em relação às pessoas condenadas a 20 anos ou mais em crimes dolosos contra a vida, não permitindo o requerimento de novo julgamento da pessoa condenada. Na aplicação do princípio da imediatidade, não importa se a nova lei é favorável ou prejudicial ao acusado. Com efeito, o Art. 5º, XL, da Constituição Federal estabelece exclusivamente que a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o acusado, dispositivo que NÃO se estende às normas processuais penais. Já a lei processual, repita-se, leva em consideração a data da realização do novo ato e não a do fato delituoso. Por isso, se uma nova lei passa a prever que o prazo para recorrer de certa decisão é de 10 dias, quando antes era de 20, o primeiro será o prazo que ambas as partes terão para a sua interposição (caso a decisão judicial seja realizada já na vigência do novo dispositivo). No entanto, é instintivo que se a lei entra em vigor quando o prazo para o recurso já havia se iniciado, deverá ser admitido o maior deles. É o que prediz o Art. 3º da Lei de Introdução ao CPP: Art. 3º O prazo já iniciado, inclusive o estabelecido para a interposição de recurso, será regulado pela lei anterior, se esta não prescrever prazo menor do que o fixado no Código de Processo Penal. Outro dispositivo previsto na Lei de Introdução ao CPP é a aplicabilidade de norma mais benéfica sempre que forem envolvidas prisão preventiva e fiança. Art. 2º À prisão preventiva e à fiança aplicar-se-ão os dispositivos que forem mais favoráveis. NORMAS HÍBRIDAS OU MISTAS Normas híbridas ou mistas são normas que apresentam conteúdo concomitantemente penal (aquela que cria, extingue, aumenta ou reduz a pretensão punitiva do Estado) e processual (aquela que gera efeitos no andamento do processo sem alterar a pretensão punitiva), gerando, assim, consequências em ambos os ramos do Direito. Nesses casos, em atenção à regra do Art. 5º, XL, da Constituição Federal, a lei nova deve retroagir sempre que for benéfica ao acusado, não podendo ser aplicada, ao reverso, quando puder prejudicar o autor do delito cometido antes de sua entrada em vigor. Os institutos da decadência (perda do direito de ação pelo decurso do tempo em que ele devia ser exercido) e da perempção (relaxamento do querelante – Art. 60 CPP), por exemplo, são regulamentados no Código de Processo e no Código Penal. Têm natureza processual porque impedem a propositura ou o prosseguimento da ação e, ao mesmo tempo, penal, porque geram a extinção da punibilidade. Por isso, se uma nova lei AUMENTAR o prazo decadencial, não poderá ser aplicada a fatos praticados antes de sua entrada em vigor. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 4 O instituto da suspensão condicional do processo (Art. 89 da Lei n. 9.099/95), igualmente, tem natureza híbrida. Sua natureza processual é evidenciada porque gera a suspensão da ação em andamento, enquanto a consequência penal é a extinção da punibilidade, decorrente do cumprimento de todas as condições durante o período de prova. Desse modo, se a nova lei tornar maiores os requisitos para a obtenção do benefício, não poderá ser aplicada de imediato àqueles que tenham cometido o delito antes de sua entrada em vigor. IMUNIDADE DIPLOMÁTICA A imunidade diplomática nasceu com o Congresso de Viena em 1961 e confere aos chefes de estados, diplomatas e membros das Forças Armadas essa imunidade de caráter absoluto. A imunidade diplomática se estende tanto aos atos oficiais, quando aos atos informais no agente no Estado estrangeiro, sendo conferida a mesma prerrogativa aos membros da missão e aos familiares do agente. ATENÇÃO! A embaixada estrangeira no Brasil NÃO É considerada território estrangeiro! Assim, se ocorrer um homicídio dentro dessa repartição, quem investigará ou julgará o caso será o Brasil, salvo em se tratando de autoridade com imunidade! https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 1 SUMÁRIO JUIZ DAS GARANTIAS, APLICAÇÃO ANALÓGICA E INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA .............................................. 2 INTERPRETAÇÃO E ANALOGIA ....................................................................................................................... 2 JUIZ DAS GARANTIAS ......................................................................................................................................... 2 COMPETÊNCIA DO JUIZ DAS GARANTIAS ...................................................................................................... 4 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 2 JUIZ DAS GARANTIAS, APLICAÇÃO ANALÓGICA E INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA INTERPRETAÇÃO E ANALOGIA Existem vários tipos de interpretação de lei no DPP, mas nem todas são alvos propriamente ditos em concursos. Por isso, nosso estudo se restringirá aos principais meios de interpretação. Para Nestor Távora, a interpretação de lei processual penal é a aplicação do conteúdo da lei em determinado momento. Vale dizer, quando o intérprete extrai o sentido da lei, aplicando-o no mundo concreto, diz-se que houve uma interpretação. Neste caso, há que se diferenciar dois tipos de interpretação: INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA O conteúdo está previsto em uma lei, mas se apresenta com expressões abertas e genéricas. O conteúdo está previsto em uma lei, mas necessita-se ampliar o seu alcance, pois o legislador disse menos do que queria dizer. Ex.: motivo torpe, penas cruéis, videoconferência por outro recurso tecnológico etc. Ex.: arma, casa, ardil etc. ATENÇÃO! Não há que confundir interpretação com analogia! A analogia é forma de integração do direito, não havendo dispositivo legal prevendo tal situação, tal qual deve ser imigrada de outro normativo. Ex.: isenção de pena do Art. 181, I do CP, aplicada por analogia ao companheiro em união estável. Por fim, vale ressaltar que o Direito Processual Penal admite a analogia in bonam ou in malam partem, diferente do Direito Penal. Já em relação à interpretação analógica e extensiva, admite-se tanto para prejudicar quanto para beneficiar o réu em ambas as áreas do Direito. Quanto aos princípios gerais do Direito, são sempre aplicados em se falando de Direito Penal e Processo Penal. Art. 3º A lei processual penal ADMITIRÁ interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito. JUIZ DAS GARANTIAS Com o advento do projeto de Lei Anticrime (Lei 13.964/19), foi inserido um novo capítulo que diz respeito ao chamado “Juiz das Garantias”, figura responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos fundamentais do acusado. Atualmente, um mesmo juiz participa da fase de inquérito e profere a sentença, porque foi o primeiro a tomar conhecimento do fato (Art. 73, parágrafo único do CPP). Com as mudanças, caberá ao juiz das garantias atuar na fase da investigação e ao juiz do processo julgar o caso – este tendo ampla liberdade em relação ao material colhido na fase de investigação. Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, VEDADAS a iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação. Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 3 individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário, competindo-lhe especialmente: I - Receber a comunicação imediata da prisão, nos termos do inciso LXII do caput do art. 5º da Constituição Federal; II - Receber o auto da prisão em flagrante para o controle da legalidade da prisão, observado o disposto no art. 310 deste Código; III - zelar pela observância dos direitos do preso, podendo determinar que este seja conduzido à sua presença, a qualquer tempo; IV - Ser informado sobre a instauração de qualquer investigação criminal; V - Decidir sobre o requerimento de PRISÃO PROVISÓRIA OU OUTRA MEDIDA CAUTELAR, observado o disposto no § 1º deste artigo; VI - Prorrogar a prisão provisória ou outra medida cautelar, bem como substituí-las ou revogá-las, assegurado, no primeiro caso, o exercício do contraditório em audiência pública e oral, na forma do disposto neste Código ou em legislação especial pertinente; VII - decidir sobre o requerimento de produção antecipada de provas consideradas urgentes e não repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla defesa em audiência pública e oral; VIII - prorrogar o prazo de duração do inquérito, estando o investigado preso, em vista das razões apresentadas pela autoridade policial e observado o disposto no § 2º deste artigo; IX - Determinar o trancamento do inquérito policial quando não houver fundamento razoável para sua instauração ou prosseguimento; X - Requisitar documentos, laudos e informações ao delegado de polícia sobre o andamento da investigação; XI - decidir sobre os requerimentos de: a) interceptação telefônica, do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática ou de outras formas de comunicação; b) afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados e telefônico; c) busca e apreensão domiciliar; d) acesso a informações sigilosas; e) outros meios de obtenção da prova que restrinjam direitos fundamentais do investigado; XII - julgar o habeas corpus impetrado antes do oferecimento da denúncia; XIII - determinar a instauração de incidente de insanidade mental; XIV - decidir sobre o recebimento da denúncia ou queixa, nos termos do art. 399 deste Código; XV - Assegurar prontamente, quando se fizer necessário, o direito outorgado ao investigado e ao seu defensor de acesso a todos os elementos informativos e provas produzidos no âmbito da investigação criminal, salvo no que concerne, estritamente, às diligências em andamento; XVI - deferir pedido de admissão de assistente técnico para acompanhar a produção da perícia; XVII - decidir sobre a homologação de acordo de não persecução penal ou os de colaboração premiada, quando formalizados durante a investigação; XVIII - outras matérias inerentes às atribuições definidas no caput deste artigo. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 4 COMPETÊNCIA DO JUIZ DAS GARANTIAS Art. 3º-C. A competência do juiz das garantias abrange todas as infrações penais, EXCETO as de menor potencial ofensivo, e cessa com o RECEBIMENTO DA DENÚNCIA OU QUEIXA na forma do art. 399 deste Código. § 1º Recebida a denúncia ou queixa, as questões pendentes serão decididas pelo juiz da instrução e julgamento. § 2º As decisões proferidas pelo juiz das garantias NÃO VINCULAM o juiz da instrução e julgamento, que, após o recebimento da denúncia ou queixa, deverá reexaminar a necessidade das medidas cautelares em curso, NO PRAZO MÁXIMO DE 10 (DEZ) DIAS. § 3º Os autos que compõem as matérias de competência do juiz das garantias ficarão acautelados na secretaria desse juízo, à disposição do Ministério Público e da defesa, e não serão apensados aos autos do processo enviados ao juiz da instrução e julgamento, ressalvados os documentos relativos às provas irrepetíveis, medidas de obtenção de provas ou de antecipação de provas, que deverão ser remetidos para apensamento em apartado. § 4º Fica assegurado às partes o amplo acesso aos autos acautelados na secretaria do juízo das garantias. Art. 3º-D. O juiz que, na fase de investigação, praticar qualquer ato incluído nas competências dos arts. 4º e 5º deste Código ficará IMPEDIDO de funcionar no processo. Parágrafo único. Nas comarcas em que funcionar apenas um juiz, os tribunais criarão um sistema de rodízio de magistrados, a fim de atender às disposições deste Capítulo. Art. 3º-E. O juiz das garantias será designado conforme as normas de organização judiciária da União, dos Estados e do Distrito Federal, observando critérios objetivos a serem periodicamente divulgados pelo respectivo tribunal. Art. 3º-F. O juiz das garantias deverá assegurar o cumprimento das regras para o tratamento dos presos, impedindo o acordo ou ajuste de qualquer autoridade com órgãos da imprensa para explorar a imagem da pessoa submetida à prisão, sob pena de responsabilidade civil, administrativa e penal. Parágrafo único. Por meio de regulamento, as autoridades deverão disciplinar, em 180 (cento e oitenta) dias, o modo pelo qual as informações sobre a realização da prisão e a identidade do preso serão, de modo padronizado e respeitada a programação normativa aludida no caput deste artigo, transmitidas à imprensa, assegurados a efetividade da persecução penal, o direito à informação e a dignidade da pessoa submetida à prisão. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 1 SUMÁRIO INQUÉRITO POLICIAL ......................................................................................................................................... 2 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................. 2 POLÍCIA ...................................................................................................................................................... 2 INQUÉRITO POLICIAL ..................................................................................................................................... 3 CONCEITO .................................................................................................................................................. 3 FINALIDADE ............................................................................................................................................... 3 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 2 INQUÉRITO POLICIAL INTRODUÇÃO Quando é cometido um delito, deve o Estado, por intermédio da polícia, buscar provas iniciais acerca da autoria e da materialidade, para apresentá-las ao titular da ação penal (Ministério Público ou ofendido), a fim de que este, apreciando-as, decida se oferece a denúncia ou queixa-crime. Uma vez oferecida a denúncia (ação penal pública) ou queixa-crime (ação privada), o inquérito policial as acompanhará, para que o juiz possa avaliar se há indícios suficientes de autoria e materialidade para recebê-las. Caso sejam recebidas, o inquérito policial acompanhará a ação penal, ficando anexado aos autos. O inquérito policial é instaurado para apurar infrações penais que tenham pena superior a 2 anos, já que, no caso das infrações de menor potencial ofensivo, determina o Art. 69 da Lei n. 9.099/95 a mera lavratura de termo circunstanciado de ocorrência (TCO). As infrações de menor potencial ofensivo são os crimes com pena máxima não superior a 2 anos e as contravenções penais (Art. 61 da Lei n. 9.099/95). CUIDADO! Sempre que uma infração de menor potencial ofensivo se revestir de alguma complexidade, inviabilizando o TCO, excepcionalmente será instaurado o inquérito policial que, posteriormente, será encaminhado ao Juizado Especial Criminal. Além disso, nos termos do Art. 41 da Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/2006), todas as infrações que envolvam violência doméstica ou familiar contra a mulher se apuram mediante inquérito policial, ainda que a pena máxima não seja superior a 2 anos. O Processo penal oferece ao estado as premissas que garantem a aplicação da lei penal, visto que tal NÃO É AUTOAPLICÁVEL. Desta forma, essa disciplina esclarece dois momentos no Persecutio Criminis, uma etapa pré-processual (Inquérito Policial) e outra etapa Processual Penal (Processo Penal). Persecutio Criminis POLÍCIA Na Constituição Federal de 1988, a polícia foi disciplinada no artigo 144. Doutrinariamente, as polícias podem ser divididas em Polícia Administrativa ou Ostensiva e Polícia Judiciária ou Repressiva. A Polícia Ostensiva é aquela que deve ser vista e temida, é aquela que inibe o comportamento criminoso ainda na “cabeça” das pessoas. Por isso, as viaturas tendem a ser chamativas, com a pretensão de serem vistas por todos. Dentro da Polícia Ostensiva insere-se a Polícia Militar, os Corpos de Bombeiros Militares, a Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Ferroviária Federal. De st in at ár io Imediato Titular da ação (MP ou ofendido) Mediato Juiz Fase Pré-Processual Inquérito Policial Fase Processual Processo Penal https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 3 Do outro lado, por mais exitosa que seja a Polícia Ostensiva, é fatídicq a existência de crimes em sociedade. Neste ponto, entra em ação a Polícia Judiciária, a qual atua após o cometimento do crime, em processos investigatórios. Dentre as Polícias Judiciárias, elas podem existir no âmbito estadual sendo representada pela Polícia Civil e pela Polícia Penal, e na esfera federal, pela Polícia Federal. Após isso, é instintivo o pensamento de que a Polícia responsável pelos procedimentos investigatórios é a Polícia Judiciária. Logo, é ela que titula o Inquérito Policial. Após a CF/88, a Polícia Judiciária ganhou um crédito de tecnicidade importantíssimo. Essa Polícia deve ser gerida por Delegados de Polícia, necessariamente bacharéis em Direito e concursados, com tratamento protocolar similar ao dispensado aos Juízes, Promotores, Defensores Públicos e Advogados (Art. 3º da Lei 12.830/13). CUIDADO! A Polícia Judiciária NÃO faz parte do Poder Judiciário, mas do Executivo. Ela simplesmente funciona como auxiliar do Poder Judiciário, cabendo a essa Polícia elaborar a Investigação Criminal. INQUÉRITO POLICIAL CONCEITO Trata-se de um PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO preliminar, de caráter INFORMATIVO, que objetiva apurar indícios de AUTORIA E MATERIALIDADE, sendo presidido por AUTORIDADE POLICIAL de carreira (diga-se: delegados de Polícia). Essa é a definição de Aury Lopes Junior, e contextualiza a situação de que o Inquérito Policial (IP) é um procedimento meramente administrativo, ou seja, é uma formalidade, não se caracterizando como um processo. O caráter informativo se materializa no sentido de o MP prescindir do IP para prestar a denúncia, ou seja, o IP não é necessário para a denúncia. Além disso, o próprio conceito estabelece o objetivo do IP, que é o de apurar indícios de autoria e materialidade do crime. Tendo o exposto em vista, a natureza jurídica do IP é a de procedimento administrativo preliminar de caráter informativo, sem rito, sendo cada diligência determinada pela autoridade policial. FINALIDADE É comum a doutrina apontar uma finalidade explícita do IP, que é a de contribuir com a Opinio Delicti do MP na tentativa de convencê-lo a prestar a denúncia. No entanto, o IP apresenta uma finalidade dual, sendo em segundo lugar útil à aplicação de medidas cautelares previstas no Art. 319 do CPP. Polícia Ostensiva ou Preventiva PM, PRF, PFF e CBM Judiciária ou Repressiva PC (estados) PF (União) Polícia Penal https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 1 SUMÁRIO CARACTERÍSTICAS DO IP .................................................................................................................................... 2 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 2 CARACTERÍSTICAS DO IP 1. INQUISITIVO: o IP não admite o contraditório nem a ampla defesa, já que se trata de procedimento com concentração de poder em autoridade única (delegado). Logo, NÃO HÁ PARTES NO IP, por isso não se admite a formulação de quesitos por meio do ofendido ou do acusado. Não há contraditório por que não há necessidade da polícia de avisar o suspeito o que está investigando. Não há ampla defesa por que o inquérito Per Si não fundamenta sentença condenatória. Agora, o porquê de o IP não admitir contraditório nem ampla defesa se dá ao fato de como o Legislador tratou isso. Portanto, como o Poder Legislativo definiu essa característica ao IP, ele também definiu procedimento investigativos (que neste caso é a exceção) que admitem o contraditório e a ampla defesa, como o caso de expulsão de estrangeiro do país. Com o advento da lei 13.964/19 (pacote anticrime), os agentes de segurança passaram a ser subsidiados de autoridade advocatícia para a defesa ainda em sede de investigação criminal ou administrativa, em casos em que foi necessário o uso de força letal em situação de exercício. Repare o que nos informa o novo artigo 14-A: Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às instituições dispostas no art. 144 da Constituição Federal figurarem como investigados em inquéritos policiais, inquéritos policiais militares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício profissional, de forma consumada ou tentada, incluindo as situações dispostas no art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o indiciado poderá constituir defensor. § 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá ser citado da instauração do procedimento investigatório, podendo constituir defensor no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a contar do recebimento da citação. § 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com ausência de nomeação de defensor pelo investigado, a autoridade responsável pela investigação deverá intimar a instituição a que estava vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos, para que essa, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para a representação do investigado. § 3º (VETADO). § 4º (VETADO). § 5º (VETADO). § 6º As disposições constantes deste artigo se aplicam aos servidores militares vinculados às instituições dispostas no art. 142 da Constituição Federal, desde que os fatos investigados digam respeito a missões para a Garantia da Lei e da Ordem.” 2. ESCRITO: Todos os atos do inquérito devem ser reduzidos a termo para que haja segurança em relação ao seu conteúdo. É o que diz a regra do art. 9º do Código de Processo Penal, de modo que não se admite, por ora, que o delegado se limite a filmar os depoimentos e encaminhar cópia das gravações ao Ministério Público. Segundo o art. 9º do CPP, “todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade”. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 3 CUIDADO! De acordo com o Art. 405 do CPP, existem diligências que não são realizadas por escrito, portanto, no caso de um interrogatório, pode-se utilizar meio audiovisual e ser encaminhado junto com o Relatório ao MP, no entanto, ainda assim, deve-se reduzir tudo a termo. 3. DISCRICIONÁRIO: trata-se da margem de conveniência e oportunidade, ou seja, liberdade dentro da lei. O delegado não tem o dever de seguir uma sequência de atos, ele deve estrategicamente determinar diligências de acordo com o que o delegado imagina. O Artigo 6º do CPP determina um rol exemplificativo de diligências a serem seguidas, mas ordinariamente não há um rito específico para ser seguido pelo delegado. No caso de um Juiz ou Promotor requisitar a realização de uma diligência ao delegado de polícia, não pode o delegado negar, visto que requisição é sinônimo de ordem (Art. 13, II do CPP). Mas cuidado, não há hierarquia entre Juiz ou Promotor e delegado, o que acontece é que a norma legal determina isso. Outra exceção à discricionariedade do delegado diz respeito aos crimes vestigiais, que deverão de pronto serem investigados, nos termos do art. 158 do CPP. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 1 SUMÁRIO CARACTERÍSTICAS DO IP .................................................................................................................................... 2 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 2 CARACTERÍSTICAS DO IP 4. SIGILOSO: o princípio da publicidade não atinge o inquérito policial por se tratar de procedimento administrativo. De acordo com o art. 20 do Código de Processo Penal, “a autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade”. Além disso, o sigilo tem como função garantir a eficiência da diligência e preservar a intimidade, privacidade e segurança do investigado. Esse sigilo pode ser dividido em sigilo externo, o qual abrange os terceiros desinteressados, diga-se, a imprensa. Esse tipo de sigilo ocorre em decorrência do preconceito existente naturalmente na sociedade brasileira. Já o sigilo interno é aquele aplicado aos interessados, entre eles o Juiz, Ministério Público e o Advogado. Visto isso, é percebido uma fragilidade do sigilo interno, pois não atinge o acesso aos autos, ou seja, o Juiz e o Promotor têm acesso aos autos, ainda que não reduzidos a termo. Vale dizer, o advogado também tem direito à análise dos autos, mas apenas aos autos já documentados (Art. 7º, XIV, EOAB). 5. INDISPONÍVEL: a autoridade policial, ao perceber nas diligências que se trata de uma causa de exclusão de ilicitude não pode simplesmente desistir do Inquérito, tendo em vista que tal ato deverá ser finalizado por meio de um Relatório. Sendo assim, toda investigação iniciada deverá ser finalizada e introduzida à autoridade competente (Art. 17 do CPP). Da mesma forma, em nenhuma hipótese, poderá a autoridade policial arquivar o Inquérito, fato cabível apenas ao MP. 6. DISPENSÁVEL: a existência do inquérito policial não é obrigatória e nem necessária para o desencadeamento da ação penal. Há diversos dispositivos no CPP permitindo que a denúncia ou queixa sejam apresentadas com base nas chamadas PEÇAS DE INFORMAÇÃO que, em verdade, podem ser quaisquer documentos que demonstrem a existência de indícios suficientes de autoria e de materialidade da infração penal. Ex.: sindicâncias instauradas no âmbito da Administração Pública para apurar infrações administrativas, onde acabam também sendo apurados ilícitos penais, de modo que os documentos são encaminhados diretamente ao Ministério Público. Ora, como a finalidade do inquérito é justamente colher indícios, torna-se desnecessária sua instauração quando o titular da ação já possui peças que permitam sua imediata propositura. O art. 28 do Código de Processo Penal expressamente menciona que o Ministério Público, se entender que não há elementos para oferecer a denúncia, deverá comunicar a vítima, o delegado e o investigado, e ainda encaminhará os autos para a instância revisional do MP (após a mudança do pacote anticrime – lei 13.964/19). Entretanto, se o Ministério Público considerar que as provas contidas nas peças de informação são insuficientes, mas que novos elementos de convicção podem ser obtidos pela autoridade policial em diligências, poderá requisitar a instauração de inquérito policial, remetendo à autoridade as peças que estão em seu poder. Sigilo Externo Atinge a Imprensa Interno Não atinge o acesso aos autos pelo Juiz, MP e Advogado (este apenas com acesso aos autos já documentados) https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 3 ATENÇÃO! O art. 39, § 4º do CPP prevê que o órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, nos crimes de ação pública condicionada, se com a representação forem apresentados documentos que habilitem o imediato desencadeamento da ação. Por fim, o art. 40 do CPP prevê que os juízes e os tribunais encaminharão cópias e documentos ao Ministério Público quando, nos autos ou papéis que conhecerem no desempenho da jurisdição, verificarem a ocorrência de crime de ação pública. O Ministério Público, ao receber tais peças, poderá, de imediato, oferecer denúncia, ou, se entender que são necessárias diligências complementares, requisitá-las diretamente ou requisitar a instauração de inquérito policial, remetendo à autoridade as peças que se encontram em seu poder. ATENÇÃO! Algumas doutrinas ainda citam mais duas características do IP: a oficialidade e a oficiosidade. O primeiro relaciona o entendimento de que a realização do Inquérito Policial é atribuição de órgão oficial do estado. (Polícia Judiciária). Já a oficiosidade afirma que a polícia, ao tomar conhecimento de uma infração penal de ação penal pública incondicionada, agirá de ofício, ou seja, sem provocação. 7 e 8. OFICIAL E OFICIOSO: a oficialidade e a oficiosidade são princípios importantes a serem analisados. O primeiro relaciona o entendimento de que a realização do Inquérito Policial é atribuição de órgão oficial do estado. (Polícia Judiciária). Já a oficiosidade afirma que a polícia, ao tomar conhecimento de uma infração penal, agirá de ofício, ou seja, sem provocação. MP, ao receber o Relatório do Inquérito Policial Requisitar novas diligências Realizar a Denúncia Ordenar o Arquivamento do Inquérito https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 1 SUMÁRIO INQUÉRITO POLICIAL ......................................................................................................................................... 2 VALOR PROBATÓRIO DO INQUÉRITO POLICIAL ............................................................................................. 2 VÍCIOS ............................................................................................................................................................ 2 PRAZOS .......................................................................................................................................................... 2 INQUÉRITOS NÃO POLICIAIS OU EXTRAPOLICIAIS ......................................................................................... 3 ATRIBUIÇÃO ................................................................................................................................................... 3 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 2 INQUÉRITO POLICIAL VALOR PROBATÓRIO DO INQUÉRITO POLICIAL Tendo em vista a autoritariedade dada ao delegado de polícia no Inquérito Policial, esse procedimento tem caráter relativo, pois não tem força para embasar sozinho uma condenação criminal. Ora, sabe-se que o Inquérito não produz provas, mas elementos de informação. No processo, esses elementos devem passar pelo filtro do contraditório e da ampla defesa para que seja validado como prova. Ainda nesse sentido, o Art. 155 do CPP salienta que o Juiz não pode condenar baseado exclusivamente nos elementos colhidos no Inquérito, e ainda excepciona 3 casos: “O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.” Pois é, perceba que esse artigo diz que existem 3 elementos colhidos na Investigação Criminal que podem embasar condenação, desde que transpassados pelos contraditório (contraditório diferido ou postergado) e ampla defesa. São eles: Provas Cautelares: são aqueles objetos colhidos para que futuramente seja apresentado em juízo. Um exemplo aqui seria a Interceptação Telefônica. Provas Não-repetíveis: são diligências realizadas no inquérito policial que, por sua natureza, não serão repetidas no Processo (como as Perícias). Provas Antecipadas: são aquelas colhidas sempre que houver risco de não poderem ser realizadas certas diligências futuramente. É o caso da oitiva de testemunhas com idade avançada ou doente. Ele se instaura com a convocação do Juiz e com a presença das futuras partes, com respeito ao contraditório e à ampla defesa. VÍCIOS Os vícios do Inquérito Policial, diga-se, erros ou informalidades ou até mesmo diligências NÃO contaminam a ação penal, pois trata-se de procedimento dispensável. O que pode acontecer é o MP requisitar o suprimento daquele vício, ou apenas utilizar parte do Inquérito para embasar a Denúncia. PRAZOS Uma vez iniciado o inquérito, a autoridade policial tem prazos para concluí-lo, mas estes prazos dependem de estar o indiciado solto ou preso. Autoridades Indiciado Preso Indiciado Solto Delegacia Estadual 10 dias prorrogáveis por mais 15 dias 30 dias prorrogáveis (juiz decide) Delegacia Federal 15 dias prorrogáveis por mais 15 dias 30 dias prorrogáveis (juiz decide) Lei de Drogas 30 dias prorrogáveis por mais 30 dias 90 dias prorrogáveis por mais 90 dias Crimes contra a Economia Popular 10 dias improrrogáveis 10 dias improrrogáveis https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 3 Crimes Militares 20 dias improrrogáveis 40 dias prorrogáveis por mais 20 dias INQUÉRITOS NÃO POLICIAIS OU EXTRAPOLICIAIS É a investigação de crimes desenvolvida por autoridades distintas da Polícia Judiciária. Inquéritos Parlamentares: são presididos por parlamentares, sendo as diligências realizadas pela polícia. Inquéritos Militares: são presididos por Oficiais Militares de Carreira. Inquéritos Ministeriais: são investigações criminais presididas pelo promotor. Não confunda Inquérito Ministerial com Inquérito Policial, sendo este último presidido apenas por autoridade policial. Neste caso, a investigação a cargo do Promotor conviverá harmonicamente com o Inquérito Policial. Vale ressaltar a súmula 234 do STJ, que versa sobre o impedimento do Promotor na propositura da ação: “A Participação de membro do Ministério Público na fase investigatória criminal NÃO acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia. ” ATRIBUIÇÃO Atribuição reflete a condição de quem deverá investigar determinados crimes. É de se comentar que atribuição não é o mesmo que competência, sendo esta o limite de atuação jurisdicional, enquanto a atribuição é função a ser desempenhada nos termos da lei. A depender da doutrina, vários são os critérios a serem aplicados no que tange à atribuição. Renato Brasileiro salienta uma das formas mais completas de atribuição, que incorre nos critérios Ratione Materiae e Ratione Loci. Critério Ratione Materiae: essa vertente enaltece a seguinte pergunta: QUAL É A POLÍCIA RESPONSÁVEL PELA INVESTIGAÇÃO? Partindo de um contexto mais simplista, a Polícia Federal tem as suas atribuições conferidas pela CF/88, no art. 144, e pela lei 10.446/02, em seu art. 1º. De modo geral, cabe à PF investigar crimes que tenham repercussão interestadual ou internacional, que exijam repressão uniforme, e que atingem bem, interesse ou serviço da união (ou federal), das autarquias federais, empresas públicas federais e de fundações públicas federais (este último de acordo com a doutrina). Por outro lado, a regra do nosso sistema policial é a investigação ser realizada pela Polícia Civil, a qual possui atribuição residual. ATENÇÃO! A lei 13.642/18 inseriu na lei 10.446/02 o inciso VII, o qual afirma ser de competência da PF quaisquer crimes praticados por meio da rede mundial de computadores que difundam CONTEÚDO MISÓGINO, definidos como aqueles que propagam o ódio ou a aversão às mulheres. CUIDADO! O STF recentemente (2019) entendeu que o Inquérito Policial presidido por delegado da Polícia Federal supervisionado pelo MP estadual não é passível de nulidade em caso de oferecimento da denúncia lastreada nessa circunstância (informativo 964, STF). Critério Ratione loci: aqui a pergunta a ser feita é: QUAL É O LOCAL RESPONSÁVEL PELA INVESTIGAÇÃO? https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 4 Primeiro é preciso diferenciar comarca de circunscrição. Comarca é uma região delimitada sob a qual determinadas autoridades exercem a sua função, comumente confundida com município, mas que pode englobar vários. Já as circunscrições são verdadeiras divisões da comarca, com o intuito de melhor distribuir as funções policiais. Por isso se diz que juiz e promotor têm comarca, e autoridade policial tem circunscrição. Logo, a circunscrição é uma delimitação legal de poder conferida à autoridade policial para investigar crimes. Por essas regras, é possível definir dois tipos de atribuição pelo critério Ratione Loci: 1) TERRITORIAL: em regra, adota-se a teoria do resultado, diga-se, o local de consumação do ato é o local que realiza o IP. No entanto, excepcionalmente é possível aplicar a teoria da atividade em crimes tentados e homicídio doloso ou até mesmo culposo. Essa excepcionalidade foi determinada pelo STJ no intuito de melhor apurar os vestígios do crime. A doutrina, complementando ainda mais esse sentido, afirma que no crime de latrocínio também deve ser aplicado esse entendimento. ATENÇÃO! Nas comarcas em que houver mais de uma circunscrição, poderá a autoridade policial ordenar diligências em circunscrição alheia à de sua atuação. Em se tratando de municípios ou estados diversos, será expedida carta precatória. Art. 22. No Distrito Federal e nas comarcas em que houver mais de uma circunscrição policial, a autoridade com exercício em uma delas poderá, nos inquéritos a que esteja procedendo, ordenar diligências em circunscrição de outra, independentemente de precatórias ou requisições, e bem assim providenciará, até que compareça a autoridade competente, sobre qualquer fato que ocorra em sua presença, noutra circunscrição. 2) MATERIAL: é a atribuição definida pela natureza do crime, com a atuação de delegacias especializadas em procedimentos de ocorrência em crimes seletos, tais como a delegacia da mulher, delegacia de homicídios etc. Em regra, a atribuição material é subsidiária à territorial, tendo em vista que se deve descobrir a atribuição territorial primeiro antes de verificar a existência de delegacia especializada. Atribuição Territorial Regra: Local de Consumação do fato (teoria do resultado) Exceção (STJ): Local dos atos executórios (teoria da atividade) - Crimes tentados - Homicídio doloso ou culposo - Latrocínio https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 1 SUMÁRIO PROCEDIMENTOS .............................................................................................................................................. 2 PROCEDIMENTOS .......................................................................................................................................... 2 NOTITIA CRIMINIS ...................................................................................................................................... 2 DILIGÊNCIAS ............................................................................................................................................... 2 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 2 PROCEDIMENTOS PROCEDIMENTOS Os procedimentos relacionados à realização do inquérito policial se dividem em três grandes passos: Notícia do crime, Diligências e Desfecho. NOTITIA CRIMINIS Consiste em informar as autoridades competentes a respeito do crime. Pode ser: Direta - É o conhecimento do crime por meio das próprias atividades policiais ou por meio de imprensa. ATENÇÃO! De acordo com o STJ, é possível a abertura de IP com base em notícias veiculadas na mídia! Indireta – É o noticiamento realizado por terceiros identificados. Coercitiva ou Obrigatória – Decorre da prisão em flagrante (APF). CUIDADO! Delatio Criminis Postulatória é a comunicação da ocorrência da infração penal ou de seu autor, feita pela vítima à autoridade competente, solicitando providências, como a instauração do inquérito. Pode ser, ainda, a comunicação da vítima, nos mesmos termos, fornecendo a representação para que o Ministério Público possa agir nos crimes de ação pública condicionada. ABERTURA: Auto de Prisão em Flagrante, Portaria, Representação etc. Bastante atenção quando a banca citar a questão da Denúncia Anônima. De acordo com posicionamentos passados, trata-se de noticiamento do crime DIRETA ou de Cognição Imediata. Não é possível dar abertura ao inquérito unicamente com elementos provenientes da denúncia, a não que constitua prova vestigial. DILIGÊNCIAS O artigo 6º do CPP, em conjunto com o artigo 7º e 13 exprimem o que deve ser feito em se tratando de diligências: Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá: Noticiamento + Representação https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 3 I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais; III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias; IV - ouvir o ofendido; V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que lhe tenham ouvido a leitura; VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias; VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes; IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter. X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 1 SUMÁRIO DILIGÊNCIAS EM IP ............................................................................................................................................ 2 PROCEDIMENTOS .......................................................................................................................................... 2 DILIGÊNCIAS DO DELEGADO E MP................................................................................................................. 2 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 2 DILIGÊNCIAS EM IP PROCEDIMENTOS O Art. 7º salienta a reprodução simulada dos fatos, o qual possui natureza jurídica de meio de prova. Ela não deve contrariar a ordem ou moralidade pública, o suspeito não é obrigado a participar, mas sua presença é obrigatória. Art. 7º Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública. DILIGÊNCIAS DO DELEGADO E MP A Lei 13.344 de 2016, a qual dispõe sobre prevenção e repressão ao tráfico interno e internacional de pessoas e sobre medidas de atenção às vítimas, alterou o Art. 13 do CPP, tornando-o um ótimo alvo de questões de prova. Essa lei trouxe fundamento principiológico estabelecendo uma obrigação do poder público no que tange à prevenção, repressão e assistência à vítima, evitando assim a vitimização decorrente da inércia do poder público. Primeiramente, o Art. 13 apresenta algumas diligências que a autoridade policial deverá realizar enquanto estiver em andamento o Inquérito Policial. Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial: I - fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e julgamento dos processos; II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público; III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias; IV - representar acerca da prisão preventiva. A inovação vem nos Arts. 13-A e 13-B, os quais fornecem um rol de crimes em que a autoridade policial ou o Ministério Público poderão requisitar diretamente de quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da iniciativa privada, dados e informações cadastrais da vítima ou de suspeitos, sem a necessidade de tramitar pelo Poder Judiciário. Isso em decorrência da autonomia dada a essas autoridades (cláusula de jurisdição relativa), tendo em visto o melhor desempenho funcional. • Art. 148 - Sequestro e cárcere privado; • Art. 149 - Redução à condição análoga à de escravo; • Art. 149-A - Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo; submetê-la a qualquer tipo de servidão; adoção ilegal ou exploração sexual; • Art. 158, §3º - Extorsão mediante restrição da liberdade da vítima (sequestro relâmpago); • Art. 159 - Extorsão mediante sequestro; • Art. 239 do ECA - Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter lucro. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 3 Nesses crimes, a autoridade policial pode requisitar diretamente e de imediato dados e informações cadastrais de vítimas e suspeitos. Quando o Art. 13-A se refere aos dados cadastrais, a doutrina entende que se trata de dados pessoais como RG, CPF, endereço, o que não se confunde com dados sigilosos, de acordo com o STF. Vale lembrar que esses dados poderão ser tanto da vítima quanto de suspeitos. O prazo para o cumprimento dessa requisição é de 24 horas e deverá explicitar quem é a autoridade solicitante, o número de registro do Inquérito Policial e delegacia responsável pelo Inquérito. Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e no art. 159 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e no art. 239 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da iniciativa privada, dados e informações cadastrais da vítima ou de suspeitos. Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, conterá: I - o nome da autoridade requisitante; II - o número do inquérito policial; e III - a identificação da unidade de polícia judiciária responsável pela investigação. Quando envolver dados sigilosos necessários à prevenção ou repressão dos crimes relacionados ao tráfico de pessoas, tais como serviços de telecomunicação e dados telemáticos, será necessário que o delegado ou o Ministério Público solicite autorização judicial para requisitar esses dados. Caso o juiz se omita em um prazo de 12 horas, ainda assim a polícia ou o Ministério Público poderão requisitar esses dados à empresa prestadora de serviços de telecomunicação, com comunicação imediata à autoridade judiciária. A lei define que sinais de telecomunicação ou telemáticos são sinais que identificam posicionamento, setorização e intensidade de radiofrequência emitida pelo equipamento eletrônico, tudo isso para auxiliar no descobrimento da posição em que se encontra o suspeito ou a vítima. Por exemplo, cada antena de celular possui um dispositivo chamado ERB (estação rádio-base), o qual no Brasil já é utilizado para triangular e determinar a distância de certo ponto em relação a uma referência. O parágrafo 2º, inciso I salienta que o acesso é somente ao sinal, não abrangendo o conteúdo da mensagem. Caso haja recusa do fornecimento desses dados, a empresa responderá pelo Art. 21 da Lei 12.850 de 2013. O prazo máximo de emissão do sinal é de 30 dias, renovável uma única vez por igual período. Caso o prazo necessário seja maior, será necessária autorização judicial. Já o Inquérito Policial deverá ser instaurado no prazo máximo de 72 horas quando envolver a diligência de identificação de sinal, contado a partir da ocorrência policial. Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao tráfico de pessoas, o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderão requisitar, mediante autorização judicial, às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso. § 1º Para os efeitos deste artigo, sinal significa posicionamento da estação de cobertura, setorização e intensidade de radiofrequência. § 2º Na hipótese de que trata o caput, o sinal: https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 4 I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação de qualquer natureza, que dependerá de autorização judicial, conforme disposto em lei; II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celular por período não superior a 30 (trinta) dias, renovável por uma única vez, por igual período; III - para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, será necessária a apresentação de ordem judicial. § 3º Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial deverá ser instaurado no prazo máximo de 72 (setenta e duas) horas, contado do registro da respectiva ocorrência policial. § 4º Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 (doze) horas, a autoridade competente requisitará às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso, com imediata comunicação ao juiz. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 1 SUMÁRIO DESFECHO E ACORDO DE PERSECUÇÃO ............................................................................................................ 2 DESFECHO ...................................................................................................................................................... 2 PONTOS IMPORTANTES ............................................................................................................................. 3 ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL ..................................................................................................... 3 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 2 DESFECHO E ACORDO DE PERSECUÇÃO DESFECHO Como dito, o Inquérito Policial não é um procedimento oral, mas escrito. Toda a diligência deve ser reportada por meio do Relatório, uma descrição minuciosa dos procedimentos realizados. Após a confecção desse documento, ele será encaminhado, de acordo com o CPP, ao Juiz. Art. 10, § 1º A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente. Na prática, o que ocorre é direcionamento do relatório ao Ministério Público, sem passar pelo trâmite judicial. O MP, ao receber o relatório, poderá incorrer em 3 hipóteses: Requisitar novas diligências; Oferecer a denúncia caso esteja convencido da autoria e materialidade do crime; Ordenar e realizar o arquivamento. No Brasil, com o advento da Lei 13.964/19, o MP passou a ser competente para arquivar Inquérito Policial. Sendo assim, não havendo indícios razoáveis de autoria e materialidade, deverá o MP comunicar o delegado, a vítima e o investigado em que haverá arquivamento, encaminhando assim os autos para instância revisional do MP. Havendo discordância com o órgão do MP, a vítima (ou o chefe de repartição em crimes em detrimento da União, Estados e Municípios) poderá implementar recurso administrativa às instâncias revisionais do MP, num prazo de 30 dias. Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à VÍTIMA, AO INVESTIGADO E À AUTORIDADE POLICIAL e encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação, na forma da lei. § 1º Se a vítima, ou seu representante legal, NÃO CONCORDAR com o arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da comunicação, submeter a matéria à revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica. § 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União, Estados e Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem couber a sua representação judicial. ATENÇÃO! Entende a jurisprudência dos tribunais superiores que não cabe ao juiz requisitar novas diligências ao delegado de polícia (HC 82507 – STF)! https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 3 PONTOS IMPORTANTES De acordo com a Lei 9.099/95, em infrações de menor potencial ofensivo (crimes apenados com pena máxima de até 2 anos e todas as contravenções) será realizado o Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), e não IP (em regra). Assim, não há que se falar em relatório, mas apenas o TCO. Antigamente pairava sobre o MP o medo de solicitar o arquivamento, visto que isso trancafiava os fatos investigados. No entanto, com o artigo 18 e a súmula 524 do STF, a polícia poderá produzir novas provas, ainda que o Inquérito seja arquivado. Com isso, caso surjam novas provas, é possível o desarquivamento. Devido à possibilidade de se discutir novamente o fato investigado, diz-se que o arquivamento do IP faz coisa julgada FORMAL, em regra, com efeitos endoprocessuais (apenas quanto ao fato investigado). No entanto, vale ressaltar um posicionamento dos tribunais superiores e da doutrina. O inquérito não poderá ser desarquivado, nem mediante novas provas (pois faz coisa julgada MATERIAL), quando houver incidência de fato atípico (STF) ou extinção da punibilidade (doutrina). O mesmo NÃO vale para excludente de ilicitude (STF). Por fim, cabe ressaltar algumas modalidades de arquivamento salientado pela doutrina: Arquivamento IMPLÍCITO é aquele realizado quando o houver oferecimento da denúncia de menos crimes (objetivo) ou menos autores (subjetivo) em relação ao indiciamento. É repudiado pela Jurisprudência do STF e do STJ. Arquivamento INDIRETO é aquele realizado quando houver investigação criminal acerca de um delito em que o membro do MP e o juiz são incompetentes para apreciar. ATENÇÃO! Não se arquiva investigação proveniente de crimes de ação penal privada! ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL No panorama de tendências de expansão da justiça criminal negocial, o pacote anticrime inseriu novo dispositivo na legislação brasileira, denominado acordo de não persecução penal (Art. 28-A). Trata-se de mecanismo consensual, em que o imputado se conforma com a imposição de sanção (não privativa de liberdade) em troca de eventual benefício, como redução da pena e a não configuração de maus antecedentes. Tal mecanismo foi previsto em Resolução do Conselho Nacional do Ministério Público (Res. 181/2017, modificada pela Res. 183/2018), em termos semelhantes ao texto agora aprovado. Contudo, tal passo anterior foi fortemente questionado, por alegada inconstitucionalidade ao violar a reserva de lei em matéria processual, nos termos da CF/88. Vai bem, portanto, o legislador ao regular em Lei tal matéria antes tratada em diploma sem tal status normativo. A regulamentação aportada no PL é bastante ampla, de modo que aqui se destacam dispositivos relevantes. MP, ao receber o Relatório do Inquérito Policial Requisitar novas diligências Realizar a Denúncia Ordenar e Homologar o Arquivamento do Inquérito HOMOLOGAÇÃO DENTRO DO PRÓPRIO MP Concordar ARQUIVA! Comunicação ao Delegado, Vítima e Investigado. Se a vítima discordar: • Cabe recurso administrativo à instância revisional do MP; • Sendo chefe de repartição pública, caberá recurso administrativo ao MP. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 4 Art. 28-A. Não sendo caso de ARQUIVAMENTO e tendo o investigado CONFESSADO FORMAL E CIRCUNSTANCIALMENTE a prática de infração penal SEM VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA E COM PENA MÍNIMA INFERIOR A 4 (QUATRO) ANOS, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente: I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo; II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como instrumentos, produto ou proveito do crime; III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada. § 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o caput deste artigo, serão consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto. § 2º O disposto no caput deste artigo NÃO SE APLICA nas seguintes hipóteses: I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei; II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas; III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo; e IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor. § 3º O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e será firmado pelo membro do Ministério Público, pelo investigado e por seu defensor. § 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será realizada