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INTRODUÇÃO AO PROCESSO PENAL 
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 
Nos moldes atuais de convivência em sociedade, é estabelecida pelo Estado uma série de 
regras que contribuem com a paz social. Deste modo, a partir da quebra de uma regra 
socialmente estabelecida, nasce para o Estado o direito de punir (Ius Puniendi), visto que o 
ordenamento jurídico não permite ao prejudicado fazer justiça com as próprias mãos. No 
entanto, para punir o indivíduo infrator, devem ser asseguradas prerrogativas constitucionais, 
tais como o contraditório e a ampla defesa. Como o Direito Penal NÃO É AUTOAPLICÁVEL, 
cabe ao Direito Processual Penal estabelecer princípios e normas procedimentais para que 
sejam assegurados os Direitos Fundamentais do acusado. 
O objetivo do Direito Processual Penal é tornar acessíveis os preceitos elencados no 
Código Penal, no sentido de instrumentalizar a aplicação da lei penal. No que tange à 
finalidade, essa concepção pode se dar de maneira mediata ou imediata. A finalidade imediata 
consta estabelecer uma relação jurídica de culpabilidade ou não, confrontando o direito de 
liberdade do infrator com a aplicação da lei penal, concretizando o previsto no Código Penal. 
Consequentemente a isso, surge a pacificação social como finalidade mediata, com solução do 
conflito. 
 
FONTES DO DIREITO PROCESSUAL PENAL 
As fontes dessa vertente do Direito trazem à tona a origem do fato gerador do Direito, 
diga-se, relacionam o local de onde são tiradas as normas processuais penais. Deste modo, a 
FONTE MATERIAL do Direito Processual Penal é a União (Art. 22, inciso I da CF/88), e 
subsidiariamente os estados e o DF. O processo inaugurador da norma é dado pela aprovação 
do projeto de lei pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, bem como pela respectiva 
sanção pelo Presidente da República. 
As FONTES FORMAIS das normas processuais penais decorrem de dispositivos 
jurídicos, tais como o Código de Processo Penal. Ainda nisso, as fontes formais imediatas ou 
primárias são aquelas que emanam diretamente princípios a serem seguidos em processo 
penal. São eles: 
 Constituição Federal de 1988 
 Leis (Ordinárias, complementares...) 
 Tratados Internacionais 
Conceito
O Direito Processual Penal é o ramo do Direito Público
que estabelece Normas e Princípios que disciplinam a
persecução penal.
Objetivo Instrumentalizar e permitir a aplicação da lei penal. É o"caminho" entre o crime e a pena.
Finalidade
- Imediata: concretizar a aplicação da lei penal;
- Mediata: pacificação social.
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 Súmulas Vinculantes - STF 
Já as fontes formais mediatas ou secundárias são aquelas que não geram diretamente 
efeitos jurídicos, tais como os costumes, princípios gerais de direito, analogia etc. 
 Princípios Gerais de Direito 
 Costumes 
 Doutrina e Jurisprudência 
 Analogia 
SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS 
SISTEMA INQUISITIVO 
A origem da nomenclatura desse sistema deriva da Santa Inquisição, ou Tribunal 
Eclesiástico, que tinha como finalidade a investigação e punição dos “hereges”, tudo isso feito 
pelos membros do clero. 
No sistema inquisitivo é o juiz quem detém as prerrogativas de acusar e julgar o 
investigado, o qual é tratado como mero objeto. A ideia central desse sistema é que quem 
produz, gerencia e aprecia a prova é o próprio julgador. 
O juiz (gestor da prova) busca a evidência para confirmar o que pensa (subjetivismo) 
sobre o fato (ideia pré-concebida), fato em que as provas colhidas são utilizadas apenas para 
comprovar seu pensamento. Ele irá fabricar as provas para que confirme sua convicção sobre 
o crime e o réu. Para tanto, utiliza-se principalmente da confissão do réu, obtida muitas vezes 
mediante tortura ou outro meio cruel, para obter as respostas que lhe convir. Em outras 
palavras, o julgador é citado como representante de Deus na Terra, pois produz provas para 
confirmar o fato, utilizando-se de todos os meios – lícitos ou não – para obter a condenação do 
objeto da relação processual. 
Também, é neste período que as provas são avaliadas e atribuídas certos níveis de 
importância (prova tarifada). O testemunho de um clero ou nobre possuíam valores muito 
maiores, por exemplo, que o de uma mulher. A confissão é absoluta e irretratável (daí a 
expressão rainha das provas). 
A crítica feita a este sistema processual é a de que não seria possível uma única pessoa, 
detentora de tantos poderes, conduzir imparcialmente e com objetividade o ato criminoso. 
Pensando nisso, é possível sintetizar como características do sistema inquisitivo: 
a) Reunião das funções: o juiz julga e acusa; 
b) Não existem partes – o réu é mero objeto do processo penal e não sujeito de direitos; 
c) O processo é sigiloso, isto é, é praticado longe “aos olhos do povo”; 
d) Inexiste garantias constitucionais, pois se o investigado é objeto, não há que se falar em 
contraditório, ampla defesa, devido processo legal etc.; 
e) a confissão é a rainha das provas (prova legal e tarifação das provas); 
f) O réu é considerado culpado até que se prove o contrário. 
SISTEMA ACUSATÓRIO 
Diferente do sistema inquisitório, o sistema processual acusatório possui como princípio 
unificador o fato de o gestor da prova ser pessoa diversa do juiz. Há, portanto, nítida 
separação entre as funções de acusar e julgar, o que não ocorria no sistema inquisitivo. Assim 
sendo, o juiz é imparcial e somente julga, não produz provas (em regra) e nem defende o réu. 
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Para facilitar a compreensão desse sistema, eis suas principais características: 
a) as partes são as gestoras das provas; 
b) há separação das funções de acusar, julgar e defender; 
c) o processo é público, salvo exceções determinadas por lei; 
d) o réu é sujeito de direitos e não mais objeto da investigação; 
e) consequentemente, ao acusado é garantido o contraditório, a ampla defesa, o devido 
processo legal, e demais princípios limitadores do poder punitivo; 
f) presume-se a não culpabilidade (ou a inocência do réu); 
g) as provas não são taxativas e não possuem valores preestabelecidos. 
SISTEMA MISTO 
Por fim, o sistema processual misto contém as características de ambos os sistemas 
supracitados. Possui duas fases: a primeira, inquisitória e a segunda, acusatória. A primeira 
fase é a da investigação preliminar. Tem nítido caráter inquisitório em que o procedimento é 
presidido pelo juiz (não se confundindo com o inquérito policial, o qual é presidido por 
autoridade policial), colhendo provas, indícios e demais informações para que possa, 
posteriormente, embasar sua acusação ao Juízo competente. Obedece também às 
características do sistema inquisitivo, em que o juiz é, portanto, o gestor das provas. 
A segunda fase é a judicial ou processual propriamente dita. Aqui existe a figura do 
acusador (MP, particular) diverso do julgador (somente o juiz), em que são assegurados todos 
os direitos do acusado e a independência entre acusação, defesa e juiz. Atualmente é adotado 
por vários países europeus, sendo inaugurado pelo Código de Processo Penal Francês. 
SISTEMA ADOTADO PELO BRASIL 
Há uma corrente doutrinária que diz que o sistema processual brasileiro é misto (Hélio 
Tornaghi), aduzindo sua dupla fase: 
a) Fase investigatória, de características inquisitórias, visto que é pré-processual; 
b) Fase judicial, com características acusatórias, iniciada após o recebimento da 
denúncia ou queixa. A crítica a esta corrente cinge-se ao caráter administrativo 
(extraprocessual) da investigação preliminar (inquérito policial, por exemplo). 
No entanto, o entendimento majoritário e jurisprudencial é a de que O BRASIL ADOTA 
O SISTEMA ACUSATÓRIO, pois há clara separação da função acusatória (realizada pelo 
Ministério Público nas ações penais públicas) e a julgadora (Juiz). É preciso, entretanto, ter a 
noção de que não se trata
do sistema acusatório puro, uma vez que, apesar de a regra do ônus 
da prova ser da alegação (ou partes), admitem-se exceções em que o próprio juiz pode 
determinar, de ofício, sua produção de forma suplementar, como no artigo 156 do CPP: 
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, 
porém, facultado ao juiz de ofício: 
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção 
antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, 
observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da 
medida; 
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir 
sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre 
ponto relevante. 
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Além disso, o Art. 385 do CPP permite ao juiz condenar o réu, nos crimes de ação 
pública, ainda que o Ministério Público tenha se manifestado pela absolvição. 
ATENÇÃO! No Processo Penal, o Ministério Público exerce a pretensão acusatória 
sempre que houver Fumus Commissi Delicti (fumaça do crime), enquanto o juiz 
concretiza o poder de punir. 
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SUMÁRIO 
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS APLICADOS AO PROCESSO PENAL ................................................................... 2 
PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL .................................................................................................. 2 
PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE NÃO CULPABILIDADE (OU INOCÊNCIA) .................................................... 2 
PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO REO OU FAVOR REI ..................................................................................... 2 
PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE ...................................................................................................................... 2 
JUIZ NATURAL ............................................................................................................................................ 2 
IMPARCIALIDADE JUDICIAL........................................................................................................................ 2 
DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO .................................................................................................................... 3 
CELERIDADE PROCESSUAL ......................................................................................................................... 3 
ECONOMIA PROCESSUAL .......................................................................................................................... 3 
PRINCÍPIO DA IGUALDADE PROCESSUAL OU PARIDADE DAS ARMAS....................................................... 3 
PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO OU BILATERALIDADE E DA AMPLA DEFESA ........................................... 3 
PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DAS PROVAS ILÍCITAS ........................................................................................ 3 
 
 
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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS APLICADOS AO PROCESSO 
PENAL 
Tendo em vista os estudiosos da Constituição Federal de 1988, o Artigo 5º, ao elencar uma 
série de direitos individuais e coletivos, fundamenta a base do que se tem hoje a respeito da 
legitimidade da implementação do Processo Penal. Pensando nisso, o fundamento da 
legitimidade da jurisdição e da independência do Poder Judiciário está no reconhecimento da 
sua função como garantidor dos direitos fundamentais inseridos no rol da Constituição. 
PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL 
Art. 5º, LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem 
o devido processo legal. 
PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE NÃO CULPABILIDADE (OU INOCÊNCIA) 
Art. 5º, LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em 
julgado de sentença penal condenatória; 
ATENÇÃO! No processo penal, o conceito de trânsito em julgado diz respeito ao esgotamento da análise 
fatídica e probatória, não à sentença irrecorrível, como citado no CPC. 
PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO REO OU FAVOR REI 
Art. 386, CPP. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte 
dispositiva, desde que reconheça: 
(...) 
VII – não existir prova suficiente para a condenação. 
PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE 
Art. 5º, XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos 
informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou 
geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de 
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível 
à segurança da sociedade e do Estado. 
JUIZ NATURAL 
Art. 5º, LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela 
autoridade competente; 
ATENÇÃO! Tal princípio veda a criação de tribunais de exceção ou “magistrados de encomenda”. 
IMPARCIALIDADE JUDICIAL 
Art. 95, Parágrafo único. Aos juízes é vedado: 
I - Exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, 
salvo uma de magistério; 
II - Receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em 
processo; 
III - dedicar-se à atividade político-partidária. 
IV - Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições 
de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as 
exceções previstas em lei; 
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V - Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes 
de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria 
ou exoneração. 
DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO 
Esse princípio invoca a possibilidade de Revisão e Recurso Criminal, das causas já julgadas 
pelo juiz de primeiro grau. Trata-se de um PRINCÍPIO IMPLÍCITO. Decorre da própria 
estrutura atribuída ao Poder Judiciário, incumbindo-se no Art. 102 da CF/88 a outorga de 
competência recursal a vários órgãos da jurisdição. 
CELERIDADE PROCESSUAL 
Art. 5º, LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são 
assegurados a razoável duração do processo e os meios que 
garantam a celeridade de sua tramitação. 
ECONOMIA PROCESSUAL 
O processo é meio, não sendo permitido exigir um dispêndio exagerado em relação aos 
bens que estão em plena disputa. Exprime a procura da máxima eficiência na aplicação do 
direito, com o menor dispêndio de atos processuais possível. Uma das aplicações desse 
princípio em Processo Penal é a chamada prova emprestada. 
PRINCÍPIO DA IGUALDADE PROCESSUAL OU PARIDADE DAS ARMAS 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes 
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade. 
(...) 
LV. aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos 
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, 
com os meios e recursos a ela inerentes. 
PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO OU BILATERALIDADE E DA AMPLA 
DEFESA 
Art. 5º, LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e 
aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla 
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 
A Súmula 523 do STF salienta a irrenunciabilidade da defesa técnica: 
No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas 
a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu. 
PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DAS PROVAS ILÍCITAS 
Art. 5º, LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por 
meios ilícitos. 
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SUMÁRIO 
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES ............................................................................................................................. 2 
LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO E ESPAÇO ............................................................................................. 2 
LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO ......................................................................................................... 2 
EXCEÇÕES DECORRENTES DE LEIS ESPECIAIS ............................................................................................
2 
TERRITORIALIDADE DA APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL .............................................................. 2 
LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO .......................................................................................................... 3 
NORMAS HÍBRIDAS OU MISTAS ................................................................................................................ 3 
IMUNIDADE DIPLOMÁTICA........................................................................................................................ 4 
 
 
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DISPOSIÇÕES PRELIMINARES 
LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO E ESPAÇO 
LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO 
O que vem a ser território brasileiro? O Artigo 5º do Código Penal facilita esse 
entendimento. 
Art. 5º, CP - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, 
tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no 
território nacional. 
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do 
território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de 
natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se 
encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, 
mercantes ou de propriedade privada, que se achem, 
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. 
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a 
bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade 
privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em 
voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar 
territorial do Brasil. 
O Artigo 1º do CPP estabelece 5 exceções em relação à aplicação do Código de Processo 
Penal: 
Art. 1º O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, 
por este Código, ressalvados: 
I - Os tratados, as convenções e regras de direito internacional; 
II - As prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos 
ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da 
República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes 
de responsabilidade (Arts. 86, 89, § 2º e 100 da CF/88); 
III - os processos da competência da Justiça Militar; 
IV - Os processos da competência do tribunal especial (Constituição, 
art. 122); 
V - Os processos por crimes de imprensa. 
EXCEÇÕES DECORRENTES DE LEIS ESPECIAIS 
Ao longo do tempo, muitas regras do CPP tornaram-se obsoletas, de forma que o 
legislador optou por aprovar algumas leis especiais que excepcionam a aplicação de referido 
Código em relação à apuração a determinados crimes, como, por exemplo, aqueles ligados a 
drogas, cujo rito é integralmente regulado pela Lei n. 11.343/2006, as infrações de menor 
potencial ofensivo, tratadas em sua totalidade na Lei 9.099/95 etc. 
TERRITORIALIDADE DA APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL 
No estudo de crimes, não se pode confundir fato criminoso com o processo penal 
desencadeado. A regra da territorialidade do Direito Penal é diversa do previsto no CPP. 
Perceba: a regra sobre uma infração penal cometida fora do Brasil é a de que será aplicada a lei 
do país em que ocorreu o fato criminoso. 
O Código Penal, em seu artigo 7º, também prevê a hipótese incondicionada da aplicação 
da lei brasileira, ainda que o crime tenha sido cometido no exterior, como o caso de crimes 
contra a vida ou liberdade do presidente da República. No entanto, é óbvio que o trâmite da 
ação penal se dará em território brasileiro, ou seja, ainda que o crime tenha sido cometido no 
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exterior, a ação e o processo serão regidos pela lei brasileira. Logo, não existe 
extraterritorialidade de lei processual penal, visto que não se tramitam processos brasileiros 
no exterior. Por isso, doutrinadores como Nestor Távora salientam que a aplicação da 
territorialidade da lei processual penal é ABSOLUTA. 
LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO 
O Art. 2º do Código de Processo Penal adotou o princípio da imediata aplicação da lei 
processual penal ou PRINCÍPIO DA IMEDIATIDADE: 
Art. 2º. A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo, 
da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior. 
De acordo com esse princípio, os novos dispositivos processuais incidem imediatamente 
no processo. O que se leva em conta, portanto, é a data da realização do ato processual (Tempus 
Regit Actum) e não a da infração penal. É o caso do ocorrido na Lei 11.689/08, a qual revogou o 
recurso do “Protesto por novo Júri” em relação às pessoas condenadas a 20 anos ou mais em 
crimes dolosos contra a vida, não permitindo o requerimento de novo julgamento da pessoa 
condenada. 
Na aplicação do princípio da imediatidade, não importa se a nova lei é favorável ou 
prejudicial ao acusado. Com efeito, o Art. 5º, XL, da Constituição Federal estabelece 
exclusivamente que a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o acusado, dispositivo que 
NÃO se estende às normas processuais penais. 
Já a lei processual, repita-se, leva em consideração a data da realização do novo ato e não 
a do fato delituoso. Por isso, se uma nova lei passa a prever que o prazo para recorrer de certa 
decisão é de 10 dias, quando antes era de 20, o primeiro será o prazo que ambas as partes terão 
para a sua interposição (caso a decisão judicial seja realizada já na vigência do novo 
dispositivo). No entanto, é instintivo que se a lei entra em vigor quando o prazo para o recurso 
já havia se iniciado, deverá ser admitido o maior deles. É o que prediz o Art. 3º da Lei de 
Introdução ao CPP: 
Art. 3º O prazo já iniciado, inclusive o estabelecido para a 
interposição de recurso, será regulado pela lei anterior, se esta não 
prescrever prazo menor do que o fixado no Código de Processo Penal. 
Outro dispositivo previsto na Lei de Introdução ao CPP é a aplicabilidade de norma mais 
benéfica sempre que forem envolvidas prisão preventiva e fiança. 
Art. 2º À prisão preventiva e à fiança aplicar-se-ão os dispositivos que 
forem mais favoráveis. 
NORMAS HÍBRIDAS OU MISTAS 
Normas híbridas ou mistas são normas que apresentam conteúdo concomitantemente 
penal (aquela que cria, extingue, aumenta ou reduz a pretensão punitiva do Estado) e 
processual (aquela que gera efeitos no andamento do processo sem alterar a pretensão 
punitiva), gerando, assim, consequências em ambos os ramos do Direito. Nesses casos, em 
atenção à regra do Art. 5º, XL, da Constituição Federal, a lei nova deve retroagir sempre que for 
benéfica ao acusado, não podendo ser aplicada, ao reverso, quando puder prejudicar o autor do 
delito cometido antes de sua entrada em vigor. 
Os institutos da decadência (perda do direito de ação pelo decurso do tempo em que ele 
devia ser exercido) e da perempção (relaxamento do querelante – Art. 60 CPP), por exemplo, 
são regulamentados no Código de Processo e no Código Penal. Têm natureza processual porque 
impedem a propositura ou o prosseguimento da ação e, ao mesmo tempo, penal, porque geram 
a extinção da punibilidade. Por isso, se uma nova lei AUMENTAR o prazo decadencial, não 
poderá ser aplicada a fatos praticados antes de sua entrada em vigor. 
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O instituto da suspensão condicional do processo (Art. 89 da Lei n. 9.099/95), igualmente, 
tem natureza híbrida. Sua natureza processual é evidenciada porque gera a suspensão da ação 
em andamento, enquanto a consequência penal é a extinção da punibilidade, decorrente do 
cumprimento de todas as condições durante o período de prova. Desse modo, se a nova lei 
tornar maiores os requisitos para a obtenção do benefício, não poderá ser aplicada de imediato 
àqueles que tenham cometido o delito antes de sua entrada em vigor. 
IMUNIDADE DIPLOMÁTICA 
A imunidade diplomática nasceu com o Congresso de Viena em 1961 e confere aos chefes 
de estados, diplomatas e membros das Forças Armadas essa
imunidade de caráter absoluto. A 
imunidade diplomática se estende tanto aos atos oficiais, quando aos atos informais no agente 
no Estado estrangeiro, sendo conferida a mesma prerrogativa aos membros da missão e aos 
familiares do agente. 
ATENÇÃO! A embaixada estrangeira no Brasil NÃO É considerada território 
estrangeiro! Assim, se ocorrer um homicídio dentro dessa repartição, quem investigará 
ou julgará o caso será o Brasil, salvo em se tratando de autoridade com imunidade! 
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SUMÁRIO 
JUIZ DAS GARANTIAS, APLICAÇÃO ANALÓGICA E INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA .............................................. 2 
INTERPRETAÇÃO E ANALOGIA ....................................................................................................................... 2 
JUIZ DAS GARANTIAS ......................................................................................................................................... 2 
COMPETÊNCIA DO JUIZ DAS GARANTIAS ...................................................................................................... 4 
 
 
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JUIZ DAS GARANTIAS, APLICAÇÃO ANALÓGICA E 
INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA 
INTERPRETAÇÃO E ANALOGIA 
Existem vários tipos de interpretação de lei no DPP, mas nem todas são alvos 
propriamente ditos em concursos. Por isso, nosso estudo se restringirá aos principais meios de 
interpretação. Para Nestor Távora, a interpretação de lei processual penal é a aplicação do 
conteúdo da lei em determinado momento. Vale dizer, quando o intérprete extrai o sentido da 
lei, aplicando-o no mundo concreto, diz-se que houve uma interpretação. Neste caso, há que se 
diferenciar dois tipos de interpretação: 
INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA 
O conteúdo está previsto em uma lei, mas se apresenta 
com expressões abertas e genéricas. 
O conteúdo está previsto em uma lei, mas necessita-se 
ampliar o seu alcance, pois o legislador disse menos 
do que queria dizer. 
Ex.: motivo torpe, penas cruéis, videoconferência por 
outro recurso tecnológico etc. 
Ex.: arma, casa, ardil etc. 
ATENÇÃO! Não há que confundir interpretação com analogia! A analogia é forma de 
integração do direito, não havendo dispositivo legal prevendo tal situação, tal qual deve 
ser imigrada de outro normativo. Ex.: isenção de pena do Art. 181, I do CP, aplicada por 
analogia ao companheiro em união estável. 
Por fim, vale ressaltar que o Direito Processual Penal admite a analogia in bonam ou in 
malam partem, diferente do Direito Penal. Já em relação à interpretação analógica e extensiva, 
admite-se tanto para prejudicar quanto para beneficiar o réu em ambas as áreas do Direito. 
Quanto aos princípios gerais do Direito, são sempre aplicados em se falando de Direito Penal e 
Processo Penal. 
Art. 3º A lei processual penal ADMITIRÁ interpretação extensiva e 
aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de 
direito. 
JUIZ DAS GARANTIAS 
Com o advento do projeto de Lei Anticrime (Lei 13.964/19), foi inserido um novo capítulo 
que diz respeito ao chamado “Juiz das Garantias”, figura responsável pelo controle da legalidade 
da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos fundamentais do acusado. Atualmente, 
um mesmo juiz participa da fase de inquérito e profere a sentença, porque foi o primeiro a 
tomar conhecimento do fato (Art. 73, parágrafo único do CPP). Com as mudanças, caberá ao juiz 
das garantias atuar na fase da investigação e ao juiz do processo julgar o caso – este tendo ampla 
liberdade em relação ao material colhido na fase de investigação. 
Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, VEDADAS a 
iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da atuação 
probatória do órgão de acusação. 
Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo controle da 
legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos 
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individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia 
do Poder Judiciário, competindo-lhe especialmente: 
I - Receber a comunicação imediata da prisão, nos termos do inciso 
LXII do caput do art. 5º da Constituição Federal; 
II - Receber o auto da prisão em flagrante para o controle da 
legalidade da prisão, observado o disposto no art. 310 deste Código; 
III - zelar pela observância dos direitos do preso, podendo determinar 
que este seja conduzido à sua presença, a qualquer tempo; 
IV - Ser informado sobre a instauração de qualquer investigação 
criminal; 
V - Decidir sobre o requerimento de PRISÃO PROVISÓRIA OU 
OUTRA MEDIDA CAUTELAR, observado o disposto no § 1º deste 
artigo; 
VI - Prorrogar a prisão provisória ou outra medida cautelar, bem 
como substituí-las ou revogá-las, assegurado, no primeiro caso, o 
exercício do contraditório em audiência pública e oral, na forma do 
disposto neste Código ou em legislação especial pertinente; 
VII - decidir sobre o requerimento de produção antecipada de provas 
consideradas urgentes e não repetíveis, assegurados o contraditório 
e a ampla defesa em audiência pública e oral; 
VIII - prorrogar o prazo de duração do inquérito, estando o 
investigado preso, em vista das razões apresentadas pela autoridade 
policial e observado o disposto no § 2º deste artigo; 
IX - Determinar o trancamento do inquérito policial quando não 
houver fundamento razoável para sua instauração ou 
prosseguimento; 
X - Requisitar documentos, laudos e informações ao delegado de 
polícia sobre o andamento da investigação; 
XI - decidir sobre os requerimentos de: 
a) interceptação telefônica, do fluxo de comunicações em sistemas de 
informática e telemática ou de outras formas de comunicação; 
b) afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados e telefônico; 
c) busca e apreensão domiciliar; 
d) acesso a informações sigilosas; 
e) outros meios de obtenção da prova que restrinjam direitos 
fundamentais do investigado; 
XII - julgar o habeas corpus impetrado antes do oferecimento da 
denúncia; 
XIII - determinar a instauração de incidente de insanidade mental; 
XIV - decidir sobre o recebimento da denúncia ou queixa, nos termos 
do art. 399 deste Código; 
XV - Assegurar prontamente, quando se fizer necessário, o direito 
outorgado ao investigado e ao seu defensor de acesso a todos os 
elementos informativos e provas produzidos no âmbito da 
investigação criminal, salvo no que concerne, estritamente, às 
diligências em andamento; 
XVI - deferir pedido de admissão de assistente técnico para 
acompanhar a produção da perícia; 
XVII - decidir sobre a homologação de acordo de não persecução 
penal ou os de colaboração premiada, quando formalizados durante 
a investigação; 
XVIII - outras matérias inerentes às atribuições definidas 
no caput deste artigo. 
 
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MUDE SUA VIDA! 
4 
 
COMPETÊNCIA DO JUIZ DAS GARANTIAS 
Art. 3º-C. A competência do juiz das garantias abrange todas as 
infrações penais, EXCETO as de menor potencial ofensivo, e cessa com 
o RECEBIMENTO DA DENÚNCIA OU QUEIXA na forma do art. 399 
deste Código. 
§ 1º Recebida a denúncia ou queixa, as questões pendentes serão 
decididas pelo juiz da instrução e julgamento. 
§ 2º As decisões proferidas pelo juiz das garantias NÃO VINCULAM o 
juiz da instrução e julgamento, que, após o recebimento da denúncia 
ou queixa, deverá reexaminar a necessidade das medidas cautelares 
em curso, NO PRAZO MÁXIMO DE 10 (DEZ) DIAS. 
§ 3º Os autos que compõem as matérias de competência do juiz das 
garantias ficarão acautelados na secretaria desse juízo, à disposição 
do Ministério Público e da defesa, e não serão apensados aos autos do 
processo enviados ao juiz da instrução e julgamento, ressalvados os 
documentos relativos às provas irrepetíveis, medidas de obtenção de 
provas ou de antecipação de provas, que deverão ser remetidos
para 
apensamento em apartado. 
§ 4º Fica assegurado às partes o amplo acesso aos autos acautelados 
na secretaria do juízo das garantias. 
Art. 3º-D. O juiz que, na fase de investigação, praticar qualquer ato 
incluído nas competências dos arts. 4º e 5º deste Código ficará 
IMPEDIDO de funcionar no processo. 
Parágrafo único. Nas comarcas em que funcionar apenas um juiz, os 
tribunais criarão um sistema de rodízio de magistrados, a fim de 
atender às disposições deste Capítulo. 
Art. 3º-E. O juiz das garantias será designado conforme as normas de 
organização judiciária da União, dos Estados e do Distrito Federal, 
observando critérios objetivos a serem periodicamente divulgados 
pelo respectivo tribunal. 
Art. 3º-F. O juiz das garantias deverá assegurar o cumprimento das 
regras para o tratamento dos presos, impedindo o acordo ou ajuste 
de qualquer autoridade com órgãos da imprensa para explorar a 
imagem da pessoa submetida à prisão, sob pena de responsabilidade 
civil, administrativa e penal. 
Parágrafo único. Por meio de regulamento, as autoridades deverão 
disciplinar, em 180 (cento e oitenta) dias, o modo pelo qual as 
informações sobre a realização da prisão e a identidade do preso 
serão, de modo padronizado e respeitada a programação normativa 
aludida no caput deste artigo, transmitidas à imprensa, assegurados 
a efetividade da persecução penal, o direito à informação e a 
dignidade da pessoa submetida à prisão. 
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1 
 
SUMÁRIO 
INQUÉRITO POLICIAL ......................................................................................................................................... 2 
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................. 2 
POLÍCIA ...................................................................................................................................................... 2 
INQUÉRITO POLICIAL ..................................................................................................................................... 3 
CONCEITO .................................................................................................................................................. 3 
FINALIDADE ............................................................................................................................................... 3 
 
 
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INQUÉRITO POLICIAL 
INTRODUÇÃO 
Quando é cometido um delito, deve o Estado, por intermédio da polícia, buscar provas 
iniciais acerca da autoria e da materialidade, para apresentá-las ao titular da ação penal 
(Ministério Público ou ofendido), a fim de que este, apreciando-as, decida se oferece a denúncia 
ou queixa-crime. Uma vez oferecida a denúncia (ação penal pública) ou queixa-crime (ação 
privada), o inquérito policial as acompanhará, para que o juiz possa avaliar se há indícios 
suficientes de autoria e materialidade para recebê-las. Caso sejam recebidas, o inquérito 
policial acompanhará a ação penal, ficando anexado aos autos. 
O inquérito policial é instaurado para apurar infrações penais que tenham pena superior 
a 2 anos, já que, no caso das infrações de menor potencial ofensivo, determina o Art. 69 da Lei 
n. 9.099/95 a mera lavratura de termo circunstanciado de ocorrência (TCO). As infrações de 
menor potencial ofensivo são os crimes com pena máxima não superior a 2 anos e as 
contravenções penais (Art. 61 da Lei n. 9.099/95). 
 
CUIDADO! Sempre que uma infração de menor potencial ofensivo se revestir de 
alguma complexidade, inviabilizando o TCO, excepcionalmente será instaurado o 
inquérito policial que, posteriormente, será encaminhado ao Juizado Especial Criminal. 
Além disso, nos termos do Art. 41 da Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/2006), todas as 
infrações que envolvam violência doméstica ou familiar contra a mulher se apuram 
mediante inquérito policial, ainda que a pena máxima não seja superior a 2 anos. 
O Processo penal oferece ao estado as premissas que garantem a aplicação da lei penal, 
visto que tal NÃO É AUTOAPLICÁVEL. Desta forma, essa disciplina esclarece dois momentos 
no Persecutio Criminis, uma etapa pré-processual (Inquérito Policial) e outra etapa Processual 
Penal (Processo Penal). 
Persecutio Criminis 
 
POLÍCIA 
Na Constituição Federal de 1988, a polícia foi disciplinada no artigo 144. 
Doutrinariamente, as polícias podem ser divididas em Polícia Administrativa ou Ostensiva e 
Polícia Judiciária ou Repressiva. A Polícia Ostensiva é aquela que deve ser vista e temida, é 
aquela que inibe o comportamento criminoso ainda na “cabeça” das pessoas. Por isso, as 
viaturas tendem a ser chamativas, com a pretensão de serem vistas por todos. Dentro da Polícia 
Ostensiva insere-se a Polícia Militar, os Corpos de Bombeiros Militares, a Polícia Rodoviária 
Federal e a Polícia Ferroviária Federal. 
De
st
in
at
ár
io
Imediato Titular da ação (MP ou ofendido)
Mediato Juiz
Fase Pré-Processual
Inquérito Policial
Fase Processual 
Processo Penal
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3 
 
Do outro lado, por mais exitosa que seja a Polícia Ostensiva, é fatídicq a existência de 
crimes em sociedade. Neste ponto, entra em ação a Polícia Judiciária, a qual atua após o 
cometimento do crime, em processos investigatórios. Dentre as Polícias Judiciárias, elas podem 
existir no âmbito estadual sendo representada pela Polícia Civil e pela Polícia Penal, e na esfera 
federal, pela Polícia Federal. 
Após isso, é instintivo o pensamento de que a Polícia responsável pelos procedimentos 
investigatórios é a Polícia Judiciária. Logo, é ela que titula o Inquérito Policial. Após a CF/88, a 
Polícia Judiciária ganhou um crédito de tecnicidade importantíssimo. Essa Polícia deve ser 
gerida por Delegados de Polícia, necessariamente bacharéis em Direito e concursados, com 
tratamento protocolar similar ao dispensado aos Juízes, Promotores, Defensores Públicos e 
Advogados (Art. 3º da Lei 12.830/13). 
 
CUIDADO! A Polícia Judiciária NÃO faz parte do Poder Judiciário, mas do Executivo. 
Ela simplesmente funciona como auxiliar do Poder Judiciário, cabendo a essa Polícia 
elaborar a Investigação Criminal. 
INQUÉRITO POLICIAL 
CONCEITO 
Trata-se de um PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO preliminar, de caráter 
INFORMATIVO, que objetiva apurar indícios de AUTORIA E MATERIALIDADE, sendo 
presidido por AUTORIDADE POLICIAL de carreira (diga-se: delegados de Polícia). 
Essa é a definição de Aury Lopes Junior, e contextualiza a situação de que o Inquérito 
Policial (IP) é um procedimento meramente administrativo, ou seja, é uma formalidade, não se 
caracterizando como um processo. O caráter informativo se materializa no sentido de o MP 
prescindir do IP para prestar a denúncia, ou seja, o IP não é necessário para a denúncia. Além 
disso, o próprio conceito estabelece o objetivo do IP, que é o de apurar indícios de autoria e 
materialidade do crime. 
Tendo o exposto em vista, a natureza jurídica do IP é a de procedimento administrativo 
preliminar de caráter informativo, sem rito, sendo cada diligência determinada pela autoridade 
policial. 
FINALIDADE 
É comum a doutrina apontar uma finalidade explícita do IP, que é a de contribuir com a Opinio Delicti do MP 
na tentativa de convencê-lo a prestar a denúncia. No entanto, o IP apresenta uma finalidade dual, sendo em 
segundo lugar útil à aplicação de medidas cautelares previstas no Art. 319 do CPP. 
Polícia
Ostensiva ou 
Preventiva
PM, PRF, PFF e 
CBM
Judiciária ou 
Repressiva
PC (estados)
PF (União)
Polícia Penal
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SUMÁRIO 
CARACTERÍSTICAS DO IP ....................................................................................................................................
2 
 
 
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CARACTERÍSTICAS DO IP 
1. INQUISITIVO: o IP não admite o contraditório nem a ampla defesa, já que se trata de 
procedimento com concentração de poder em autoridade única (delegado). Logo, NÃO HÁ 
PARTES NO IP, por isso não se admite a formulação de quesitos por meio do ofendido ou do 
acusado. Não há contraditório por que não há necessidade da polícia de avisar o suspeito o 
que está investigando. Não há ampla defesa por que o inquérito Per Si não fundamenta 
sentença condenatória. 
Agora, o porquê de o IP não admitir contraditório nem ampla defesa se dá ao fato de 
como o Legislador tratou isso. Portanto, como o Poder Legislativo definiu essa característica 
ao IP, ele também definiu procedimento investigativos (que neste caso é a exceção) que 
admitem o contraditório e a ampla defesa, como o caso de expulsão de estrangeiro do 
país. 
Com o advento da lei 13.964/19 (pacote anticrime), os agentes de segurança passaram a 
ser subsidiados de autoridade advocatícia para a defesa ainda em sede de investigação 
criminal ou administrativa, em casos em que foi necessário o uso de força letal em situação de 
exercício. Repare o que nos informa o novo artigo 14-A: 
Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às instituições 
dispostas no art. 144 da Constituição Federal figurarem como 
investigados em inquéritos policiais, inquéritos policiais militares e 
demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação 
de fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício 
profissional, de forma consumada ou tentada, incluindo as situações 
dispostas no art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 
1940 (Código Penal), o indiciado poderá constituir defensor. 
§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado 
deverá ser citado da instauração do procedimento investigatório, 
podendo constituir defensor no prazo de até 48 (quarenta e oito) 
horas a contar do recebimento da citação. 
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com ausência de 
nomeação de defensor pelo investigado, a autoridade responsável 
pela investigação deverá intimar a instituição a que estava 
vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos, para que 
essa, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para 
a representação do investigado. 
§ 3º (VETADO). 
§ 4º (VETADO). 
§ 5º (VETADO). 
§ 6º As disposições constantes deste artigo se aplicam aos servidores 
militares vinculados às instituições dispostas no art. 142 da 
Constituição Federal, desde que os fatos investigados digam respeito 
a missões para a Garantia da Lei e da Ordem.” 
2. ESCRITO: Todos os atos do inquérito devem ser reduzidos a termo para que haja 
segurança em relação ao seu conteúdo. É o que diz a regra do art. 9º do Código de Processo 
Penal, de modo que não se admite, por ora, que o delegado se limite a filmar os depoimentos e 
encaminhar cópia das gravações ao Ministério Público. Segundo o art. 9º do CPP, “todas as 
peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, 
neste caso, rubricadas pela autoridade”. 
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CUIDADO! De acordo com o Art. 405 do CPP, existem diligências que não são 
realizadas por escrito, portanto, no caso de um interrogatório, pode-se utilizar meio 
audiovisual e ser encaminhado junto com o Relatório ao MP, no entanto, ainda assim, 
deve-se reduzir tudo a termo. 
3. DISCRICIONÁRIO: trata-se da margem de conveniência e oportunidade, ou seja, 
liberdade dentro da lei. O delegado não tem o dever de seguir uma sequência de atos, ele deve 
estrategicamente determinar diligências de acordo com o que o delegado imagina. O Artigo 6º 
do CPP determina um rol exemplificativo de diligências a serem seguidas, mas ordinariamente 
não há um rito específico para ser seguido pelo delegado. 
No caso de um Juiz ou Promotor requisitar a realização de uma diligência ao delegado de 
polícia, não pode o delegado negar, visto que requisição é sinônimo de ordem (Art. 13, II do 
CPP). Mas cuidado, não há hierarquia entre Juiz ou Promotor e delegado, o que acontece é que 
a norma legal determina isso. 
Outra exceção à discricionariedade do delegado diz respeito aos crimes vestigiais, que 
deverão de pronto serem investigados, nos termos do art. 158 do CPP. 
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SUMÁRIO 
CARACTERÍSTICAS DO IP .................................................................................................................................... 2 
 
 
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CARACTERÍSTICAS DO IP 
4. SIGILOSO: o princípio da publicidade não atinge o inquérito policial por se tratar de 
procedimento administrativo. De acordo com o art. 20 do Código de Processo Penal, “a 
autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo 
interesse da sociedade”. Além disso, o sigilo tem como função garantir a eficiência da 
diligência e preservar a intimidade, privacidade e segurança do investigado. 
Esse sigilo pode ser dividido em sigilo externo, o qual abrange os terceiros 
desinteressados, diga-se, a imprensa. Esse tipo de sigilo ocorre em decorrência do preconceito 
existente naturalmente na sociedade brasileira. Já o sigilo interno é aquele aplicado aos 
interessados, entre eles o Juiz, Ministério Público e o Advogado. Visto isso, é percebido uma 
fragilidade do sigilo interno, pois não atinge o acesso aos autos, ou seja, o Juiz e o Promotor 
têm acesso aos autos, ainda que não reduzidos a termo. Vale dizer, o advogado também tem 
direito à análise dos autos, mas apenas aos autos já documentados (Art. 7º, XIV, EOAB). 
 
5. INDISPONÍVEL: a autoridade policial, ao perceber nas diligências que se trata de uma 
causa de exclusão de ilicitude não pode simplesmente desistir do Inquérito, tendo em vista 
que tal ato deverá ser finalizado por meio de um Relatório. Sendo assim, toda investigação 
iniciada deverá ser finalizada e introduzida à autoridade competente (Art. 17 do CPP). Da 
mesma forma, em nenhuma hipótese, poderá a autoridade policial arquivar o Inquérito, fato 
cabível apenas ao MP. 
6. DISPENSÁVEL: a existência do inquérito policial não é obrigatória e nem necessária 
para o desencadeamento da ação penal. Há diversos dispositivos no CPP permitindo que a 
denúncia ou queixa sejam apresentadas com base nas chamadas PEÇAS DE INFORMAÇÃO 
que, em verdade, podem ser quaisquer documentos que demonstrem a existência de indícios 
suficientes de autoria e de materialidade da infração penal. Ex.: sindicâncias instauradas no 
âmbito da Administração Pública para apurar infrações administrativas, onde acabam 
também sendo apurados ilícitos penais, de modo que os documentos são encaminhados 
diretamente ao Ministério Público. Ora, como a finalidade do inquérito é justamente colher 
indícios, torna-se desnecessária sua instauração quando o titular da ação já possui peças que 
permitam sua imediata propositura. 
O art. 28 do Código de Processo Penal expressamente menciona que o Ministério 
Público, se entender que não há elementos para oferecer a denúncia, deverá comunicar a 
vítima, o delegado e o investigado, e ainda encaminhará os autos para a instância revisional do 
MP (após a mudança do pacote anticrime – lei 13.964/19). Entretanto, se o Ministério Público 
considerar que as provas contidas nas peças de informação são insuficientes, mas que novos 
elementos de convicção podem ser obtidos pela autoridade policial em diligências, poderá 
requisitar a instauração de inquérito policial, remetendo à autoridade as peças que estão em 
seu poder. 
Sigilo
Externo Atinge a Imprensa
Interno
Não atinge o acesso aos autos pelo 
Juiz, MP e Advogado (este apenas 
com acesso aos autos já 
documentados)
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ATENÇÃO! O art. 39, § 4º do CPP prevê que o órgão do Ministério Público 
dispensará o inquérito, nos crimes de ação pública condicionada, se com a 
representação forem apresentados documentos que habilitem o imediato 
desencadeamento da ação. 
Por fim, o art. 40 do CPP prevê que os juízes e os tribunais encaminharão cópias e 
documentos ao Ministério Público quando, nos autos ou papéis que conhecerem no 
desempenho da jurisdição, verificarem a ocorrência de crime de ação pública. O Ministério 
Público, ao receber tais peças, poderá, de imediato, oferecer denúncia, ou, se entender que são 
necessárias diligências complementares, requisitá-las diretamente ou requisitar a instauração 
de inquérito policial, remetendo à autoridade as peças que se encontram em seu poder. 
 
ATENÇÃO! Algumas doutrinas ainda citam mais duas características do IP: a 
oficialidade e a oficiosidade. O primeiro relaciona o entendimento de que a realização 
do Inquérito Policial é atribuição de órgão oficial do estado. (Polícia Judiciária). Já a 
oficiosidade afirma que a polícia, ao tomar conhecimento de uma infração penal de 
ação penal pública incondicionada, agirá de ofício, ou seja, sem provocação. 
7 e 8. OFICIAL E OFICIOSO: a oficialidade e a oficiosidade são princípios importantes a 
serem analisados. O primeiro relaciona o entendimento de que a realização do Inquérito 
Policial é atribuição de órgão oficial do estado. (Polícia Judiciária). Já a oficiosidade afirma que 
a polícia, ao tomar conhecimento de uma infração penal, agirá de ofício, ou seja, sem 
provocação. 
 
MP, ao receber o 
Relatório do Inquérito 
Policial
Requisitar novas diligências
Realizar a Denúncia
Ordenar o Arquivamento do Inquérito
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SUMÁRIO 
INQUÉRITO POLICIAL ......................................................................................................................................... 2 
VALOR PROBATÓRIO DO INQUÉRITO POLICIAL ............................................................................................. 2 
VÍCIOS ............................................................................................................................................................ 2 
PRAZOS .......................................................................................................................................................... 2 
INQUÉRITOS NÃO POLICIAIS OU EXTRAPOLICIAIS ......................................................................................... 3 
ATRIBUIÇÃO ................................................................................................................................................... 3 
 
 
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2 
INQUÉRITO POLICIAL 
VALOR PROBATÓRIO DO INQUÉRITO POLICIAL 
Tendo em vista a autoritariedade dada ao delegado de polícia no Inquérito Policial, esse 
procedimento tem caráter relativo, pois não tem força para embasar sozinho uma condenação 
criminal. Ora, sabe-se que o Inquérito não produz provas, mas elementos de informação. No 
processo, esses elementos devem passar pelo filtro do contraditório e da ampla defesa para 
que seja validado como prova. 
Ainda nesse sentido, o Art. 155 do CPP salienta que o Juiz não pode condenar baseado 
exclusivamente nos elementos colhidos no Inquérito, e ainda excepciona 3 casos: 
“O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório 
judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos 
colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.” 
Pois é, perceba que esse artigo diz que existem 3 elementos colhidos na Investigação 
Criminal que podem embasar condenação, desde que transpassados pelos contraditório 
(contraditório diferido ou postergado) e ampla defesa. São eles: 
 Provas Cautelares: são aqueles objetos colhidos para que futuramente seja 
apresentado em juízo. Um exemplo aqui seria a Interceptação Telefônica. 
 Provas Não-repetíveis: são diligências realizadas no inquérito policial que, por 
sua natureza, não serão repetidas no Processo (como as Perícias). 
 Provas Antecipadas: são aquelas colhidas sempre que houver risco de não 
poderem ser realizadas certas diligências futuramente. É o caso da oitiva de 
testemunhas com idade avançada ou doente. Ele se instaura com a convocação do 
Juiz e com a presença das futuras partes, com respeito ao contraditório e à ampla 
defesa. 
VÍCIOS 
Os vícios do Inquérito Policial, diga-se, erros ou informalidades ou até mesmo 
diligências NÃO contaminam a ação penal, pois trata-se de procedimento dispensável. O que 
pode acontecer é o MP requisitar o suprimento daquele vício, ou apenas utilizar parte do 
Inquérito para embasar a Denúncia. 
PRAZOS 
Uma vez iniciado o inquérito, a autoridade policial tem prazos para concluí-lo, mas estes 
prazos dependem de estar o indiciado solto ou preso. 
Autoridades Indiciado Preso Indiciado Solto 
Delegacia Estadual 10 dias prorrogáveis por mais 15 dias 30 dias prorrogáveis (juiz decide) 
Delegacia Federal 15 dias prorrogáveis por mais 15 dias 30 dias prorrogáveis (juiz decide) 
Lei de Drogas 30 dias prorrogáveis por mais 30 dias 90 dias prorrogáveis por mais 90 dias 
Crimes contra a 
Economia Popular 
10 dias improrrogáveis 10 dias improrrogáveis 
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Crimes Militares 20 dias improrrogáveis 40 dias prorrogáveis por mais 20 dias 
INQUÉRITOS NÃO POLICIAIS OU EXTRAPOLICIAIS 
É a investigação de crimes desenvolvida por autoridades distintas da Polícia Judiciária. 
 Inquéritos Parlamentares: são presididos por parlamentares, sendo as 
diligências realizadas pela polícia. 
 Inquéritos Militares: são presididos por Oficiais Militares de Carreira. 
 Inquéritos Ministeriais: são investigações criminais presididas pelo promotor. 
Não confunda Inquérito Ministerial com Inquérito Policial, sendo este último 
presidido apenas por autoridade policial. Neste caso, a investigação a cargo do 
Promotor conviverá harmonicamente com o Inquérito Policial. Vale ressaltar a 
súmula 234 do STJ, que versa sobre o impedimento do Promotor na propositura da 
ação: 
“A Participação de membro do Ministério Público na fase investigatória criminal NÃO 
acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia. ” 
ATRIBUIÇÃO 
Atribuição reflete a condição de quem deverá investigar determinados crimes. É de se 
comentar que atribuição não é o mesmo que competência, sendo esta o limite de atuação 
jurisdicional, enquanto a atribuição é função a ser desempenhada nos termos da lei. A 
depender da doutrina, vários são os critérios a serem aplicados no que tange à atribuição. 
Renato Brasileiro salienta uma das formas mais completas de atribuição, que incorre nos 
critérios Ratione Materiae e Ratione Loci. 
 Critério Ratione Materiae: essa vertente enaltece a seguinte pergunta: QUAL É A 
POLÍCIA RESPONSÁVEL PELA INVESTIGAÇÃO? 
Partindo de um contexto mais simplista, a Polícia Federal tem as suas atribuições 
conferidas pela CF/88, no art. 144, e pela lei 10.446/02, em seu art. 1º. De modo geral, cabe à 
PF investigar crimes que tenham repercussão interestadual ou internacional, que exijam 
repressão uniforme, e que atingem bem, interesse ou serviço da união (ou federal), das 
autarquias federais, empresas públicas federais e de fundações públicas federais (este último 
de acordo com a doutrina). Por outro lado, a regra do nosso sistema policial é a investigação 
ser realizada pela Polícia Civil, a qual possui atribuição residual. 
ATENÇÃO! A lei 13.642/18 inseriu na lei 10.446/02 o inciso VII, o qual afirma ser 
de competência da PF quaisquer crimes praticados por meio da rede mundial de 
computadores que difundam CONTEÚDO MISÓGINO, definidos como aqueles que 
propagam
o ódio ou a aversão às mulheres. 
CUIDADO! O STF recentemente (2019) entendeu que o Inquérito Policial presidido 
por delegado da Polícia Federal supervisionado pelo MP estadual não é passível de 
nulidade em caso de oferecimento da denúncia lastreada nessa circunstância 
(informativo 964, STF). 
 Critério Ratione loci: aqui a pergunta a ser feita é: QUAL É O LOCAL 
RESPONSÁVEL PELA INVESTIGAÇÃO? 
 
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4 
Primeiro é preciso diferenciar comarca de circunscrição. Comarca é uma região 
delimitada sob a qual determinadas autoridades exercem a sua função, comumente 
confundida com município, mas que pode englobar vários. Já as circunscrições são 
verdadeiras divisões da comarca, com o intuito de melhor distribuir as funções policiais. Por 
isso se diz que juiz e promotor têm comarca, e autoridade policial tem circunscrição. Logo, a 
circunscrição é uma delimitação legal de poder conferida à autoridade policial para investigar 
crimes. Por essas regras, é possível definir dois tipos de atribuição pelo critério Ratione Loci: 
1) TERRITORIAL: em regra, adota-se a teoria do resultado, diga-se, o local de 
consumação do ato é o local que realiza o IP. No entanto, excepcionalmente é possível aplicar 
a teoria da atividade em crimes tentados e homicídio doloso ou até mesmo culposo. Essa 
excepcionalidade foi determinada pelo STJ no intuito de melhor apurar os vestígios do crime. 
A doutrina, complementando ainda mais esse sentido, afirma que no crime de latrocínio 
também deve ser aplicado esse entendimento. 
 
ATENÇÃO! Nas comarcas em que houver mais de uma circunscrição, poderá a 
autoridade policial ordenar diligências em circunscrição alheia à de sua atuação. Em se 
tratando de municípios ou estados diversos, será expedida carta precatória. 
Art. 22. No Distrito Federal e nas comarcas em que houver mais de 
uma circunscrição policial, a autoridade com exercício em uma 
delas poderá, nos inquéritos a que esteja procedendo, ordenar 
diligências em circunscrição de outra, independentemente de 
precatórias ou requisições, e bem assim providenciará, até que 
compareça a autoridade competente, sobre qualquer fato que 
ocorra em sua presença, noutra circunscrição. 
2) MATERIAL: é a atribuição definida pela natureza do crime, com a atuação de 
delegacias especializadas em procedimentos de ocorrência em crimes seletos, tais como a 
delegacia da mulher, delegacia de homicídios etc. 
Em regra, a atribuição material é subsidiária à territorial, tendo em vista que se deve 
descobrir a atribuição territorial primeiro antes de verificar a existência de delegacia 
especializada. 
 
Atribuição 
Territorial
Regra: Local de Consumação do fato (teoria do resultado)
Exceção (STJ): Local dos atos executórios (teoria da atividade)
- Crimes tentados 
- Homicídio doloso ou culposo
- Latrocínio 
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SUMÁRIO 
PROCEDIMENTOS .............................................................................................................................................. 2 
PROCEDIMENTOS .......................................................................................................................................... 2 
NOTITIA CRIMINIS ...................................................................................................................................... 2 
DILIGÊNCIAS ............................................................................................................................................... 2 
 
 
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PROCEDIMENTOS 
PROCEDIMENTOS 
Os procedimentos relacionados à realização do inquérito policial se dividem em três 
grandes passos: Notícia do crime, Diligências e Desfecho. 
NOTITIA CRIMINIS 
Consiste em informar as autoridades competentes a respeito do crime. Pode ser: 
 Direta - É o conhecimento do crime por meio das próprias atividades policiais ou 
por meio de imprensa. 
ATENÇÃO! De acordo com o STJ, é possível a abertura de IP com base em notícias 
veiculadas na mídia! 
 Indireta – É o noticiamento realizado por terceiros identificados. 
 Coercitiva ou Obrigatória – Decorre da prisão em flagrante (APF). 
CUIDADO! Delatio Criminis Postulatória é a comunicação da ocorrência da infração 
penal ou de seu autor, feita pela vítima à autoridade competente, solicitando 
providências, como a instauração do inquérito. Pode ser, ainda, a comunicação da vítima, 
nos mesmos termos, fornecendo a representação para que o Ministério Público possa 
agir nos crimes de ação pública condicionada. 
ABERTURA: Auto de Prisão em Flagrante, Portaria, Representação etc. 
Bastante atenção quando a banca citar a questão da Denúncia Anônima. De acordo com 
posicionamentos passados, trata-se de noticiamento do crime DIRETA ou de Cognição Imediata. 
Não é possível dar abertura ao inquérito unicamente com elementos provenientes da denúncia, 
a não que constitua prova vestigial. 
DILIGÊNCIAS 
O artigo 6º do CPP, em conjunto com o artigo 7º e 13 exprimem o que deve ser feito em se 
tratando de diligências: 
Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a 
autoridade policial deverá: 
Noticiamento + Representação
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I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o 
estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; 
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após 
liberados pelos peritos criminais; 
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do 
fato e suas circunstâncias; 
IV - ouvir o ofendido; 
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do 
disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o 
respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que lhe tenham 
ouvido a leitura; 
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; 
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de 
delito e a quaisquer outras perícias; 
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo 
datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de 
antecedentes; 
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista 
individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e 
estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer 
outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu 
temperamento e caráter. 
X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades 
e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual 
responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. 
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SUMÁRIO 
DILIGÊNCIAS EM IP ............................................................................................................................................ 2 
PROCEDIMENTOS .......................................................................................................................................... 2 
DILIGÊNCIAS DO DELEGADO E MP................................................................................................................. 2 
 
 
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DILIGÊNCIAS EM IP 
PROCEDIMENTOS 
O Art. 7º salienta a reprodução simulada dos fatos, o qual possui natureza jurídica de meio 
de prova. Ela não deve contrariar a ordem ou moralidade pública, o suspeito não é obrigado a 
participar, mas sua presença é obrigatória. 
Art. 7º Para verificar a possibilidade de haver a infração sido 
praticada de determinado modo, a autoridade policial poderá 
proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não 
contrarie a moralidade ou a ordem pública. 
DILIGÊNCIAS DO DELEGADO E MP 
A Lei 13.344
de 2016, a qual dispõe sobre prevenção e repressão ao tráfico interno e 
internacional de pessoas e sobre medidas de atenção às vítimas, alterou o Art. 13 do CPP, 
tornando-o um ótimo alvo de questões de prova. Essa lei trouxe fundamento principiológico 
estabelecendo uma obrigação do poder público no que tange à prevenção, repressão e 
assistência à vítima, evitando assim a vitimização decorrente da inércia do poder público. 
Primeiramente, o Art. 13 apresenta algumas diligências que a autoridade policial deverá 
realizar enquanto estiver em andamento o Inquérito Policial. 
Art. 13.  Incumbirá ainda à autoridade policial: 
I - fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à 
instrução e julgamento dos processos; 
 II -  realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério 
Público; 
 III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades 
judiciárias; 
IV - representar acerca da prisão preventiva. 
A inovação vem nos Arts. 13-A e 13-B, os quais fornecem um rol de crimes em que a 
autoridade policial ou o Ministério Público poderão requisitar diretamente de quaisquer 
órgãos do poder público ou de empresas da iniciativa privada, dados e informações cadastrais 
da vítima ou de suspeitos, sem a necessidade de tramitar pelo Poder Judiciário. Isso em 
decorrência da autonomia dada a essas autoridades (cláusula de jurisdição relativa), tendo em 
visto o melhor desempenho funcional. 
• Art. 148 - Sequestro e cárcere privado; 
• Art. 149 - Redução à condição análoga à de escravo; 
• Art. 149-A - Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou 
acolher pessoa, mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com 
a finalidade de remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; submetê-la a 
trabalho em condições análogas à de escravo; submetê-la a qualquer tipo de 
servidão; adoção ilegal ou exploração sexual; 
• Art. 158, §3º - Extorsão mediante restrição da liberdade da vítima (sequestro 
relâmpago); 
• Art. 159 - Extorsão mediante sequestro; 
• Art. 239 do ECA - Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de 
criança ou adolescente para o exterior com inobservância das formalidades legais 
ou com o fito de obter lucro. 
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Nesses crimes, a autoridade policial pode requisitar diretamente e de imediato dados e 
informações cadastrais de vítimas e suspeitos. 
Quando o Art. 13-A se refere aos dados cadastrais, a doutrina entende que se trata de 
dados pessoais como RG, CPF, endereço, o que não se confunde com dados sigilosos, de acordo 
com o STF. Vale lembrar que esses dados poderão ser tanto da vítima quanto de suspeitos. 
O prazo para o cumprimento dessa requisição é de 24 horas e deverá explicitar quem é a 
autoridade solicitante, o número de registro do Inquérito Policial e delegacia responsável pelo 
Inquérito. 
Art. 13-A.  Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º do 
art. 158 e no art. 159 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 
1940 (Código Penal), e no art. 239 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 
1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o membro do Ministério 
Público ou o delegado de polícia poderá requisitar, de quaisquer 
órgãos do poder público ou de empresas da iniciativa privada, dados 
e informações cadastrais da vítima ou de suspeitos. 
Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo de 24 
(vinte e quatro) horas, conterá: 
I - o nome da autoridade requisitante; 
II - o número do inquérito policial; e 
III - a identificação da unidade de polícia judiciária responsável 
pela investigação. 
Quando envolver dados sigilosos necessários à prevenção ou repressão dos crimes 
relacionados ao tráfico de pessoas, tais como serviços de telecomunicação e dados telemáticos, 
será necessário que o delegado ou o Ministério Público solicite autorização judicial para 
requisitar esses dados. Caso o juiz se omita em um prazo de 12 horas, ainda assim a polícia ou 
o Ministério Público poderão requisitar esses dados à empresa prestadora de serviços de 
telecomunicação, com comunicação imediata à autoridade judiciária. 
A lei define que sinais de telecomunicação ou telemáticos são sinais que identificam 
posicionamento, setorização e intensidade de radiofrequência emitida pelo equipamento 
eletrônico, tudo isso para auxiliar no descobrimento da posição em que se encontra o suspeito 
ou a vítima. Por exemplo, cada antena de celular possui um dispositivo chamado ERB 
(estação rádio-base), o qual no Brasil já é utilizado para triangular e determinar a distância de 
certo ponto em relação a uma referência. 
O parágrafo 2º, inciso I salienta que o acesso é somente ao sinal, não abrangendo o 
conteúdo da mensagem. Caso haja recusa do fornecimento desses dados, a empresa responderá 
pelo Art. 21 da Lei 12.850 de 2013. 
O prazo máximo de emissão do sinal é de 30 dias, renovável uma única vez por igual 
período. Caso o prazo necessário seja maior, será necessária autorização judicial. Já o Inquérito 
Policial deverá ser instaurado no prazo máximo de 72 horas quando envolver a diligência de 
identificação de sinal, contado a partir da ocorrência policial. 
Art. 13-B.  Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes 
relacionados ao tráfico de pessoas, o membro do Ministério Público 
ou o delegado de polícia poderão requisitar, mediante autorização 
judicial, às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações 
e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios técnicos 
adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a 
localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso. 
§ 1º  Para os efeitos deste artigo, sinal significa posicionamento da 
estação de cobertura, setorização e intensidade de radiofrequência. 
§ 2º  Na hipótese de que trata o caput, o sinal: 
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I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação de qualquer 
natureza, que dependerá de autorização judicial, conforme disposto 
em lei; 
II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celular 
por período não superior a 30 (trinta) dias, renovável por uma única 
vez, por igual período;  
III - para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, será 
necessária a apresentação de ordem judicial.  
§ 3º  Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial deverá ser 
instaurado no prazo máximo de 72 (setenta e duas) horas, contado 
do registro da respectiva ocorrência policial.  
§ 4º  Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 (doze) horas, 
a autoridade competente requisitará às empresas prestadoras de 
serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem 
imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, 
informações e outros – que permitam a localização da vítima ou dos 
suspeitos do delito em curso, com imediata comunicação ao juiz. 
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SUMÁRIO 
DESFECHO E ACORDO DE PERSECUÇÃO ............................................................................................................ 2 
DESFECHO ...................................................................................................................................................... 2 
PONTOS IMPORTANTES ............................................................................................................................. 3 
ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL ..................................................................................................... 3 
 
 
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DESFECHO E ACORDO DE PERSECUÇÃO 
DESFECHO 
Como dito, o Inquérito Policial não é um procedimento oral, mas escrito. Toda a diligência 
deve ser reportada por meio do Relatório, uma descrição minuciosa dos procedimentos 
realizados. 
Após
a confecção desse documento, ele será encaminhado, de acordo com o CPP, ao Juiz. 
Art. 10, § 1º A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido 
apurado e enviará autos ao juiz competente. 
Na prática, o que ocorre é direcionamento do relatório ao Ministério Público, sem passar 
pelo trâmite judicial. O MP, ao receber o relatório, poderá incorrer em 3 hipóteses: 
 Requisitar novas diligências; 
 Oferecer a denúncia caso esteja convencido da autoria e materialidade do crime; 
 Ordenar e realizar o arquivamento. 
No Brasil, com o advento da Lei 13.964/19, o MP passou a ser competente para arquivar 
Inquérito Policial. Sendo assim, não havendo indícios razoáveis de autoria e materialidade, 
deverá o MP comunicar o delegado, a vítima e o investigado em que haverá arquivamento, 
encaminhando assim os autos para instância revisional do MP. Havendo discordância com o 
órgão do MP, a vítima (ou o chefe de repartição em crimes em detrimento da União, Estados e 
Municípios) poderá implementar recurso administrativa às instâncias revisionais do MP, num 
prazo de 30 dias. 
Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de 
quaisquer elementos informativos da mesma natureza, o órgão do 
Ministério Público comunicará à VÍTIMA, AO INVESTIGADO E À 
AUTORIDADE POLICIAL e encaminhará os autos para a instância de 
revisão ministerial para fins de homologação, na forma da lei. 
§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, NÃO CONCORDAR com 
o arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) 
dias do recebimento da comunicação, submeter a matéria à revisão 
da instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a 
respectiva lei orgânica. 
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da 
União, Estados e Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito 
policial poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem couber a 
sua representação judicial. 
ATENÇÃO! Entende a jurisprudência dos tribunais superiores que não cabe ao juiz 
requisitar novas diligências ao delegado de polícia (HC 82507 – STF)! 
 
 
 
 
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PONTOS IMPORTANTES 
De acordo com a Lei 9.099/95, em infrações de menor potencial ofensivo (crimes 
apenados com pena máxima de até 2 anos e todas as contravenções) será realizado o Termo 
Circunstanciado de Ocorrência (TCO), e não IP (em regra). Assim, não há que se falar em 
relatório, mas apenas o TCO. 
Antigamente pairava sobre o MP o medo de solicitar o arquivamento, visto que isso 
trancafiava os fatos investigados. No entanto, com o artigo 18 e a súmula 524 do STF, a polícia 
poderá produzir novas provas, ainda que o Inquérito seja arquivado. Com isso, caso surjam 
novas provas, é possível o desarquivamento. Devido à possibilidade de se discutir novamente 
o fato investigado, diz-se que o arquivamento do IP faz coisa julgada FORMAL, em regra, com 
efeitos endoprocessuais (apenas quanto ao fato investigado). 
No entanto, vale ressaltar um posicionamento dos tribunais superiores e da doutrina. O 
inquérito não poderá ser desarquivado, nem mediante novas provas (pois faz coisa julgada 
MATERIAL), quando houver incidência de fato atípico (STF) ou extinção da punibilidade 
(doutrina). O mesmo NÃO vale para excludente de ilicitude (STF). 
Por fim, cabe ressaltar algumas modalidades de arquivamento salientado pela doutrina: 
 Arquivamento IMPLÍCITO é aquele realizado quando o houver oferecimento da 
denúncia de menos crimes (objetivo) ou menos autores (subjetivo) em relação ao 
indiciamento. É repudiado pela Jurisprudência do STF e do STJ. 
 Arquivamento INDIRETO é aquele realizado quando houver investigação criminal 
acerca de um delito em que o membro do MP e o juiz são incompetentes para 
apreciar. 
ATENÇÃO! Não se arquiva investigação proveniente de crimes de ação penal 
privada! 
ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL 
No panorama de tendências de expansão da justiça criminal negocial, o pacote anticrime 
inseriu novo dispositivo na legislação brasileira, denominado acordo de não persecução penal 
(Art. 28-A). Trata-se de mecanismo consensual, em que o imputado se conforma com a 
imposição de sanção (não privativa de liberdade) em troca de eventual benefício, como redução 
da pena e a não configuração de maus antecedentes. Tal mecanismo foi previsto em Resolução 
do Conselho Nacional do Ministério Público (Res. 181/2017, modificada pela Res. 183/2018), 
em termos semelhantes ao texto agora aprovado. Contudo, tal passo anterior foi fortemente 
questionado, por alegada inconstitucionalidade ao violar a reserva de lei em matéria 
processual, nos termos da CF/88. Vai bem, portanto, o legislador ao regular em Lei tal matéria 
antes tratada em diploma sem tal status normativo. A regulamentação aportada no PL é 
bastante ampla, de modo que aqui se destacam dispositivos relevantes. 
MP, ao receber o 
Relatório do 
Inquérito Policial
Requisitar novas diligências
Realizar a Denúncia
Ordenar e Homologar o 
Arquivamento do Inquérito HOMOLOGAÇÃO DENTRO 
DO PRÓPRIO MP 
Concordar  ARQUIVA! 
Comunicação ao Delegado, Vítima e 
Investigado. Se a vítima discordar: 
• Cabe recurso administrativo à 
instância revisional do MP; 
• Sendo chefe de repartição 
pública, caberá recurso 
administrativo ao MP. 
 
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Art. 28-A. Não sendo caso de ARQUIVAMENTO e tendo o investigado 
CONFESSADO FORMAL E CIRCUNSTANCIALMENTE a prática de 
infração penal SEM VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA E COM PENA 
MÍNIMA INFERIOR A 4 (QUATRO) ANOS, o Ministério Público 
poderá propor acordo de não persecução penal, desde que necessário 
e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as 
seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente: 
I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na 
impossibilidade de fazê-lo; 
II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo 
Ministério Público como instrumentos, produto ou proveito do crime; 
III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por 
período correspondente à pena mínima cominada ao delito 
diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da 
execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de 
dezembro de 1940 (Código Penal); 
IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 
45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), 
a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da 
execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens 
jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo 
delito; ou 
V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo 
Ministério Público, desde que proporcional e compatível com a 
infração penal imputada. 
§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere 
o caput deste artigo, serão consideradas as causas de aumento e 
diminuição aplicáveis ao caso concreto. 
§ 2º O disposto no caput deste artigo NÃO SE APLICA nas seguintes 
hipóteses: 
I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados 
Especiais Criminais, nos termos da lei; 
II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos 
probatórios que indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou 
profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas; 
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao 
cometimento da infração, em acordo de não persecução penal, 
transação penal ou suspensão condicional do processo; e 
IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou 
familiar, ou praticados contra a mulher por razões da condição de 
sexo feminino, em favor do agressor. 
§ 3º O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito 
e será firmado pelo membro do Ministério Público, pelo investigado e 
por seu defensor. 
§ 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será 
realizada

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