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WBA0988_v1.0 APRENDIZAGEM EM FOCO TRIBUTAÇÃO SOBRE O CONSUMO E O LUCRO 2 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Autoria: João Paulo Carniato Genta Leitura crítica: Camila Carniato Genta A presente disciplina visa à tributação sobre o lucro e o consumo, no Brasil, por meio do estudo dos seguintes tributos: Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); Imposto Sobre Serviços (ISS); Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços de Transporte e Comunicação (ICMS); Imposto de Renda (IR); e Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL). Os três primeiros impostos acima elencados incidem sobre o fornecimento de produtos e de serviços. Desse modo, como referidos impostos compõem o preço dos produtos e dos serviços, oneram praticamente toda a população brasileira, desde um simples cidadão, até as grandes indústrias. Os outros dois tributos, Imposto de Renda (IR), e Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL), recaem sobre o lucro das pessoas físicas e jurídicas e, de igual modo, também atingem grande parcela da população, uma vez que as isenções previstas em lei não são suficientes para livrar aqueles que possuem menor renda, de uma elevada carga tributária. Além de carga tributária elevada, as pessoas e as empresas brasileiras ainda têm que lidar com a complexidade do sistema tributação nacional, que, por ser tão intrincado e oneroso, tem gerado grandes debates políticos entre aqueles que buscam a reforma desse sistema. Espera-se que a referida reforma possa simplificar a tributação e desonerar, ainda que um pouco, os contribuintes. Contudo, até que não seja de fato implementada, a compreensão dos aludidos 3 tributos e sua complexa incidência devem ser estudadas em sua formatação atual e com base nas legislações competentes. INTRODUÇÃO Olá, aluno (a)! A Aprendizagem em Foco visa destacar, de maneira direta e assertiva, os principais conceitos inerentes à temática abordada na disciplina. Além disso, também pretende provocar reflexões que estimulem a aplicação da teoria na prática profissional. Vem conosco! IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados ______________________________________________________________ Autoria: João Paulo Carniato Genta Leitura crítica: Camila Carniato Genta TEMA 1 5 DIRETO AO PONTO Para compreensão dos tributos, é importante conhecer suas classificações. No presente momento, serão abarcadas duas delas. A primeira classificação divide os tributos entre indiretos e diretos, e a segunda, em tributos regressivos e progressivos. Tributos indiretos são aqueles que incidem sobre o produto/ serviço consumido e não sobre a renda de uma pessoa, seja física ou jurídica, tendo, ainda, como característica, o fato de que podem ser recolhidos por um terceiro, que é diferente daquele que produz a mercado/ serviço. Já tributos diretos, recaem sobre a renda de uma pessoa (física ou jurídica), de modo que, quanto maior a renda, maior o valor do tributo a ser recolhido. Além disso, no caso dos tributos diretos, o contribuinte de fato e o de direito são a mesma pessoa. Com relação aos tributos regressivos, são definidos como aqueles cuja alíquota diminui à medida que os valores sobre os quais incidem são maiores. Desse modo, quanto maior o valor a ser tributado, menor será a alíquota aplicada. Os tributos, progressivos, por sua vez, possuem alíquotas que aumentam conforme crescem os valores tributados e, desse modo, são mais onerosos para aqueles que possuem maior capacidade contributiva. Superadas as classificações, passa-se a compreensão do fenômeno jurídico-tributário por meio da regra matriz de incidência, norma estruturada em dois momentos, antecedente e consequente, que, juntos, contém cinco elementos. O momento antecedente descreve o fato jurídico-tributário por meio dos critérios material, temporal e espacial; e o momento consequente, prescreve a obrigação tributária e seu responsável 6 pelo seu cumprimento, por meio dos critérios subjetivo e quantitativo. Falando em espécies tributárias, o tributo a ser estudado é o imposto indireto e regressivo (IPI), que incide sobre produtos industrializados, sejam nacionais ou estrangeiros. O IPI é regulamentado pelo Decreto n. 7.212/2010 (RIPI/2010) e alcança todos os produtos com alíquota, ainda que zero, relacionados na Tabela de Incidência do IPI (TIPI), com exceção da daqueles marcados com a notação NT, de não tributado. Além disso, o IPI, assim como as demais espécies tributárias, é regido por princípios constitucionais, tais como a anterioridade, a seletividade e a não cumulatividade. Para saber sobre quais mercadorias incidirá o IPI, é indispensável conhecer as operações que são consideradas industrialização, pois o produto destas é que será tributado pelo referido imposto. São operações de industrialização o beneficiamento, a montagem, a transformação, o acondicionamento e a renovação. No que concerne à competência e ao fato gerador do IPI, destaca- se que se trata de um tributo federal, portanto, de competência da União, que tem como fato gerador os seguintes comportamentos: o desembaraço aduaneiro do produto, quando de procedência estrangeira; sua saída dos estabelecimentos industriais ou equiparados; e sua arrematação, quando apreendido ou abandonado e levado a leilão. A base de cálculo do IPI, para produtos nacionais, é o valor total da operação quando a mercadoria deixa o estabelecimento do industrial ou do comerciante que a ele se equipara, em uma negociação de compra e venda. No caso de produtos importados, a base de cálculo do IPI é acrescida, ainda, do valor do Imposto sobre 7 Importação (II) e das despesas aduaneiras que foram efetivamente pagas, para o desembaraço das mercadorias. As alíquotas do IPI, por sua vez, variam conforme a essencialidade do produto e encontram-se descritas na Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI), aprovada pelo Decreto nº 7.660, de 23/12/2011 e suas alterações legislativas. Existem produtos imunes ao IPI, ou seja, produtos cuja incidência do imposto é vedada pela própria Constituição Federal, são eles: livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão; produtos industrializados destinados ao exterior; ouro, quando previsto legalmente como ativo financeiro ou instrumento cambial; e energia elétrica, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do país. Tem-se, ainda, produtos que são isentos do pagamento do IPI, ou seja, produtos nos quais a própria lei dispensa o cumprimento da obrigação tributária. São muitas situações de isenção de IPI, conforme disciplina o RIPI. A título de exemplo, cita-se a isenção conferida aos produtos industrializados da Zona Franca de Manaus, que se encontra descrita a partir do art. 81 do RIPI. Destaca-se, por fim, que é possível, para o contribuinte, creditar-se do IPI cobrado na aquisição dos insumos, mas, para tanto, devem ser observados procedimentos legais e obrigações contábeis específicas. PARA SABER MAIS Segundo o art. 4, do Decreto n. 7.212/2010, o beneficiamento, a montagem, a transformação, o acondicionamento e a renovação são operações consideradas industrialização porque modificam a 8 natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou que o aperfeiçoe para consumo. O art. 5 do referido Decreto, por sua vez, também traz as operações que não são tidas como industrialização e cujos produtos não serão objeto de tributação pelo IPI. Assim, entre as operações que não são industrialização, destacam-se as seguintes: • Confecção de vestuário, por encomenda direta do consumidor ou usuário, em oficina ou na residência do confeccionador. • Preparo de produto, por encomenda direta do consumidor ou usuário, na residência do preparador ou em oficina, desde que, em qualquer caso, seja preponderante o trabalho profissional. • Manipulação em farmácia, para venda direta a consumidor, de medicamentos oficinais e magistrais, mediante receitamédica; a moagem de café torrado, realizada por estabelecimento comercial varejista como atividade acessória. • Operação efetuada fora do estabelecimento industrial, consistente na reunião de produtos, peças ou partes e de que resulte em: • Edificação (casas, edifícios, pontes, hangares, galpões e semelhantes, e suas coberturas). • Montagem de óculos, mediante receita médica. • Conserto, a restauração e o recondicionamento de produtos usados, nos casos em que se destinem ao uso da própria empresa executora ou quando essas operações sejam executadas por encomenda de terceiros não estabelecidos com o comércio de tais produtos, bem como o preparo, pelo consertador, restaurador 9 ou recondicionador, de partes ou peças empregadas exclusiva e especificamente naquelas operações. • Reparo de produtos com defeito de fabricação, inclusive mediante substituição de partes e peças, quando a operação for executada gratuitamente, ainda que por concessionários ou representantes, em virtude de garantia dada pelo fabricante; m. a restauração de sacos usados, executada por processo rudimentar, ainda que com emprego de máquinas de costura. Referências bibliográficas BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto n. 7.212, de 15 de junho de 2010. Brasília, 2010. TEORIA EM PRÁTICA O cálculo do IPI é feito com a observância da alíquota indicada pela TIPI, conforme a classe de produto correspondente. Diante da saída de um produto industrializado do estabelecimento industrial, a base de cálculo que sofrerá a incidência da referida alíquota é o valor final do aludido produto. O valor final de um produto já contém os custos diversos para sua produção, o lucro pretendido pela indústria e demais despesas acessórias, como seguro e juros. Assim, se um produto industrializado sai do estabelecimento industrial com um valor final de R$ 1.550,00 e a alíquota aplicada sobre ele é de 30%, pergunta-se: • Qual será o valor do IPI que constará da Nota Fiscal? 10 • Quem fará o pagamento do IPI e por quê? • Em regra, é possível creditar-se do IPI? Em que situação? Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. LEITURA FUNDAMENTAL Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou periódicos científicos, todos acessíveis pela internet. Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve, portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na construção da sua carreira profissional. Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso! Indicação 1 Este trabalho discute a necessidade de cumprimento da obrigação tributária referente ao recolhimento do IPI, que incide sobre mercadoria industrializada e que, por previsão contratual, é Indicações de leitura 11 transportada pelo comprador, mas, por conta de furto ou roubo, não chega ao estabelecimento do adquirente, que, a princípio, faria o pagamento do IPI. UCHÔA, L. N. de A. Necessidade de recolhimento do IPI sobre produtos roubados transportados pelo comprador. Monografia (Bacharelado em Direito), Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais. Brasília: Centro Universitário de Brasília, 2020. Indicação 2 Indica-se para leitura o segundo capítulo 2, da obra indicada, de autoria de Paulo Henrique Pêgas, em que são abordados os princípios constitucionais tributários e esclarecida hierarquia das leis brasileiras, de acordo com cada tipo de normativo. PÊGAS, P. H. Manual de contabilidade tributária. 9. ed., p. 21-27. São Paulo: Atlas, 2017. QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 12 1. A Constituição Federal, no art. 150, inc. I, dispõe que é vedado à União exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça. Diante disso, com relação ao IPI, marque a alternativa correta: a. O § 1º, do art. 153 da Constituição Federal impede que o Poder Executivo, observadas as condições e os limites estabelecidos em lei, altere as alíquotas do IPI. b. O § 1º, do art. 153 da Constituição Federal permite que o Poder Executivo, observadas as condições e os limites estabelecidos em lei, altere as alíquotas do IPI, por decreto. c. Com relação ao IPI, o princípio da legalidade não foi mitigado ou relativizado pela própria Constituição Federal, ao permitir decretos do Poder Executivo. d. O Poder Executivo não pode alterar, por decreto, as alíquotas dos impostos sobre importação, exportação, produtos industrializados e operações financeiras. e. O Poder Executivo pode alterar, por instrução normativa, as alíquotas dos impostos sobre importação, exportação, produtos industrializados e operações financeiras. 2. Qual das alternativas abaixo não corresponde a uma operação de industrialização: a. Fabricação de produtos a partir da reciclagem de latas de alumínio. b. Transformação de argilas em tijolos. c. Junção de peças para formar uma cadeira. d. Montagem de óculos, mediante receita médica. e. Colocação do terceiro eixo (truck) em veículos de carga. 13 GABARITO Questão 1 - Resposta B Resolução: A alternativa correta é a de letra B, pois a Constituição Federal contrariou um dispositivo anterior, a fim de permitir que a alteração das alíquotas do IPI se dê por decreto e não por lei. Assim, considera-se mitigado ou relativizado, o princípio da legalidade. Questão 2 - Resposta D Resolução: A alternativa correta é a D, pois indica uma operação não considerada industrialização pelo art. 5, do Decreto n. 7.212/2010. ISS – Imposto sobre Serviços ______________________________________________________________ Autoria: João Paulo Carniato Genta Leitura crítica: Camila Carniato Genta TEMA 2 15 DIRETO AO PONTO O Imposto sobre Serviços (ISS), que também é denominado de Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN), é um tributo de competência dos Municípios e do Distrito Federal (de acordo com o art. 156, inciso III, da Constituição Federal), que é regulamentado pela Lei Complementar n. 116/2003. Por se tratar de um tributo municipal, a cobrança do referido imposto também deve observar as leis elaboradas por tais entes federativos. O ISS incide sobre os serviços prestados por empresas ou por profissionais autônomos, quando tais serviços não forem objeto de tributação estadual. Com relação ao prestador de serviço, este terá que recolher o imposto independentemente de possuir ou não estabelecimento fixo. Historicamente, o imposto sobre serviços surgiu no século XX, na França. No Brasil, o a tributação dos serviços teve início em 1912, mas foi a Constituição de 1967 que instituiu o ISS nos moldes atuais. Na Constituição Federal de 1988, o ISS passou a ser de competência dos municípios e do Distrito Federal. A princípio, o ISS foi regido Decreto-Lei n. 406/1968 e, mais tarde, com a Lei Complementar 116/2003 (PÊGAS, 2017). Além de ser de competência dos Municípios e do Distrito Federal, o ISS tem como base de cálculo o preço dos serviços, de modo que são tributados por tal imposto os serviços elencados na lista anexa à Lei Complementar n. 116/2003. Uma vez executados os serviços constantes na aludida lista,praticado está o fato gerador do ISS, que passa a ser devido no momento da prestação do serviço/ fornecimento do trabalho. Ressalte-se que os serviços prestados não precisam figurar como a principal atividade do prestador para que haja a incidência 16 do ISS. Outrossim, praticado o serviço, o referido tributo será devido independente da denominação independentemente da denominação dada a ele. O ISS alcança, ainda, os serviços de origem estrangeira, bem como aqueles cuja prestação tenha se iniciado no exterior. Além disso, os serviços prestados através de bens públicos ou os serviços públicos realizados mediante autorização, permissão ou concessão, com o pagamento de tarifa, preço ou pedágio pelo usuário, também sobrem a incidência do ISS. Considera-se serviço um trabalho, geralmente, incorpóreo e que é pago por aquele que o encomendou. Dessa maneira, conforme disciplina o § 2º do art. 1, da Lei Complementar n. 116/2003, em regra, os serviços constantes da lista anexa são tributados apenas pelo ISS e não pelo ICMS. Todavia, existem exceções expressas à regra acima mencionada, que permitem que, juntamente com a incidência do ISS sobre o serviço, haja a incidência do ICMS sobre as mercadorias fornecidas na prestação dele. Assim, é importante destacar que, em regra, o ISS e o ICMS não são cobrados simultaneamente, mesmo que na prestação do serviço haja o fornecimento de mercadorias. Entretanto, se a lei trouxer uma ressalva expressa, poderá ocorrer a incidência do ICMS sobre as aludidas mercadorias. A base de cálculo do ISS é o preço do serviço prestado, que se refere ao valor total cobrado para a realização da prestação do serviço, sem qualquer dedução, nem do próprio imposto. Entretanto, em atividades como a construção civil, descritas nos subitens 7.02, 7.05 e 7.15 da lista de serviço anexa à Lei Complementar 116/2003, o imposto será calculado deduzindo-se do preço as parcelas que 17 correspondam ao valor dos materiais fornecidos pelo prestador de serviço e incorporado à obra; e valor das subempreitadas já tributadas pelo ISS. Com relação às alíquotas, caberá aos municípios indicar os percentuais devidos na prestação dos serviços, que deverão observar o limite máximo de 5% trazido pela Lei Complementar n. 116/2003 e o limite mínimo de 2%, estipulado pela Lei Complementar n. 157/2016. Quanto ao local em que o ISS devido, a Lei Complementar n. 116/03 estabelece que este será devido no lugar do estabelecimento do prestador do serviço, ou, na falta do estabelecimento, no local do domicílio do prestador. Contudo, existem hipóteses de que o imposto será considerado devido no local que a aludida lei indicar. Para fins de ISS, estabelecimento é onde o prestador desenvolve sua atividade (seja de modo permanente ou temporário), isto é, o local de sua unidade econômica ou profissional. Os contribuintes do ISS são os prestadores de serviços, sejam pessoas físicas ou jurídicas, independentemente de estabelecimento fixo. Não serão considerados contribuintes aqueles que prestem serviços em relação de emprego, os trabalhadores avulsos e os diretores e membros de Conselhos Consultivo ou Fiscal de Sociedades. Além disso, a Lei Complementar n. 116/2003, em seu art. 6, ainda permite que cada município, por meio de legislação própria (que tem poder para regulamentar o assunto), atribua a responsabilidade de recolhimento do ISS a um terceiro vinculado a obrigação tributária (contribuinte de fato, que, geralmente, é o tomador do serviço), que não o prestador do serviço (contribuinte de direito). 18 PARA SABER MAIS A norma contida no parágrafo 1, do artigo 9, do Decreto-Lei n. 406/1968, permite a adoção de um valor fixo no recolhimento do ISS, quando a prestação de serviços é feita sob a forma de trabalho pessoal do próprio contribuinte. Assim, nesse caso, o imposto não será calculado da maneira comum, que tem como base de cálculo o preço do serviço. O parágrafo 3, do mesmo dispositivo de lei, estabelece, ainda, que, quando forem prestados por sociedades, os serviços com caráter pessoal também estarão sujeitos à forma mais benéfica de cálculo do imposto, ou seja, poderão ser tributados a partir de um valor fixo. Para tanto, não é necessário que a sociedade que adote um tipo societário específico. Desde que exista pessoalidade na realização do serviço, as sociedades poderão valer-se do ISS fixo, também chamado de recolhimento per capita. Esse é o entendimento adotado atualmente no país, fixado pela 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento dos Embargos de Divergência em Agravo em Recurso Especial n. 31.084/MS, realizado em 24 de março de 2021. Entretanto, é importante ressaltar que, embora o modelo societário não seja relevante para a concessão do regime tributário diferenciado relativo ao ISS, tal regime não poderá ser utilizado por sociedades que possuam caráter essencialmente empresarial e que excluam a natureza pessoal do trabalho, tal como as sociedades anônimas e comandita por ações. Por fim, destaca-se que a decisão acima transcrita representa uma grande mudança jurisprudencial, uma vez que antes dela, muitas empresas não conseguiam utilizar o benefício tributário da alíquota 19 fixa do ISS, por conta da forma como eram constituídas ou em virtude do modelo de distribuição dos lucros aos sócios. Referências bibliográficas BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto-lei n. 406, de 31 de dezembro de 1968. Brasília, 1968. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Embargos de Divergência em Agravo em Recurso Especial n. 31.084/MS. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Brasília, 2021. TEORIA EM PRÁTICA Identificar o valor que deve ser recolhido a título de ISS não é uma tarefa difícil. A princípio, é necessário verificar a alíquota cobrado pelo município, para aquele serviço, bem como o preço do serviço, que se trata da base de cálculo do imposto. Desse modo, se um serviço custou R$ 500,00 e alíquota que incide sobre ele é de 2%, o valor do ISS devido ao Município é de R$ 10,00. Contudo, no caso de uma empresa optante pelo regime de tributação Simples Nacional, pergunta-se: 1. O cálculo ocorrerá da mesma forma? 2. O tomador do serviço de uma empresa optante do Simples Nacional deve fazer a retenção do imposto? 3. O local da incidência do imposto é alterado por conta do regime Simples Nacional? Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. 20 LEITURA FUNDAMENTAL Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou periódicos científicos, todos acessíveis pela internet. Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve, portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na construção da sua carreira profissional. Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso! Indicação 1 Este trabalho discute como funciona a tributação nos serviços de streaming, sugerindo que tais serviços devem ser tributados pelo imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISSQN), conforme item 1.09 da lista anexa à Lei Complementar n. 116/2003. MARQUES, L. V. da S. O. Tributação de streaming: a próxima guerra fiscal e concorrencial. 2021. São Paulo: FGV Direito, 2021. Indicação 2 Indica-se o terceiro capítulo, no qual são trabalhados os tributos indiretos, tal como o Imposto sobre Serviços, e demonstrada a Indicações de leitura 21 contabilização deste juntamente com o Imposto sobre Produtos Industrializados e com o Impostosobre a Circulação de Mercadorias e Serviços. MEURER, A. M. Contabilidade tributária. p. 21-27. Curitiba: Contentus, 2020. QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. O Imposto sobre Serviços (ISS) é um tributo de competência dos Municípios e do Distrito Federal, de acordo com o art. 156, inciso III, da Constituição Federal. Sobre o referido tributo, marque a alternativa incorreta: a. Referido tributo é regulamentado, de maneira geral, pela Lei Complementar n. 116/2003 (e alterações trazidas pela Lei Complementar n. 157/2016). b. O ISS incide sobre os serviços prestados por empresas ou por profissionais autônomos e quando tais serviços não forem objeto da tributação estadual. c. No Brasil, o a tributação dos serviços teve início em 1912, mas foi a Constituição de 1967 que instituiu o ISS nos moldes atuais. 22 d. Na Constituição Federal de 1988, o ISS passou a ser de competência dos municípios e do Distrito Federal. e. Os serviços que são tributados pelo ISS encontram-se definidos na LC n. 116/2003 e, em regra, podem coincidir com os que são onerados pelo ICMS. 2. Sobre as alíquotas para a apuração do ISS, assinale a alternativa correta: a. Cabe à União indicar as alíquotas devidas na prestação dos serviços. b. Segundo a Lei Complementar n. 116/2003, a alíquota máxima do ISS é de 6%. c. Os profissionais liberais que exercem trabalho de natureza pessoal pagam ISS fixo, em valores mensais ou anuais. d. A Lei Complementar n. 116/2003 pode fixar as alíquotas devidas na prestação de cada serviço. e. Pela Lei Complementar n. 157/2016, a alíquota mínima do ISS é de 3%. GABARITO Questão 1 - Resposta E Resolução: A alternativa que indica a opção incorreta é a de letra E, uma vez que, em regra, serviços que são tributados pelo ISS não podem coincidir com os que são onerados pelo ICMS. 23 Questão 2 - Resposta C Resolução: A alternativa correta é a D, porque indica o benefício tributário concedido por lei, aos profissionais liberais e sociedades profissionais que exercem seu trabalho com pessoalidade. ICMS – Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços ______________________________________________________________ Autoria: João Paulo Carniato Genta Leitura crítica: Camila Carniato Genta TEMA 3 25 DIRETO AO PONTO O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) trata de um tributo que incide sobre os mais diversos tipos mercadorias, sejam nacionais ou importados, bem como sobre os serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação. É um imposto de grande relevância, que recai sobre o consumo, atinge a população de maneira geral e gera grande receita aos cofres públicos. Na prática, o ICMS é exigido de forma indireta, pois seu valor é acrescido ao preço da mercadoria comercializada ou do serviço de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação prestado, e recolhido pelo consumidor. Por isso, o ICMS é classificado como um tributo indireto. Segundo a Constituição Federal de 1988, compete aos Estados e ao Distrito Federal a instituição de imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior. A Constituição Federal ainda disciplina que o ICMS, que é plurifásico (por incidir em várias etapas), será não cumulativo. Isso significa dizer que o imposto pago em uma etapa anterior de circulação de mercadoria ou de prestação dos serviços por ele tributados, gera um crédito que pode ser compensado na etapa seguinte. A compensação não ocorrerá quando a etapa anterior (operação de saída) não for tributada pelo ICMS, salvo nos casos das vendas para o exterior, que são equiparadas às saídas tributadas pelo aludido imposto. No que concerne a legislação federal, desde o ano de 1996, o ICMS vem sendo regido pela Lei Complementar n. 87/1996, que é 26 conhecida como Lei Kandir, bem como pelos convênios firmados pelos Estados, que são normas que complementam a legislação existente a respeito da cobrança do referido imposto. Também regulamentam a cobrança do ICMS, as Leis Complementares 92/1997, 99/1999, 102/2000, 114/2002, 120/2006, 122/2006 e 138/2010, que acrescentaram novas disposições e trouxeram alterações para a Lei Kandir. Além das normas constitucionais e federais a respeito do ICMS, existe ainda a legislação estadual, que define a cobrança do aludido imposto em cada Estado brasileiro. São hipóteses de incidência do ICMS as operações de circulação de mercadorias; as operações mistas de circulação de mercadorias e prestações de serviços não compreendidos na competência tributária dos Municípios (ISS); a prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal; a prestação de serviços de comunicação; a importação de bens e mercadorias; e a importação de serviços. Com relação ao fato gerador do ICMS, este se verifica com a prática efetiva dos comportamentos descritos nas hipóteses de incidência acima elencadas: circulação de mercadorias (com transferência de titularidade), prestação de serviços de transporte intermunicipal ou interestadual, prestação de serviços de comunicação e importação de bens, mercadorias e serviços. Quanto ao momento em que o ICMS é considerado devido, segundo o art. 12 da Lei Kandir, passa a ser devido o referido imposto e consumado o fato gerador: no momento da saída da mercadoria do estabelecimento de contribuinte; no início da prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal (de qualquer natureza); nas prestações onerosas de serviços de comunicação (por qualquer 27 meio); e no momento do desembaraço aduaneiro do produto importado. De acordo com o art. 4, da Lei Kandir, é considerado contribuinte do ICMS a pessoa física ou jurídica que, com habitualidade ou em volume que caracterize intuito comercial, realiza operações de circulação de mercadoria ou prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que tais operações e as prestações se iniciem no exterior (BRASIL, 1996). Assim, tem-se que, conforme a referida lei, são sujeitos passivos e, portanto, contribuintes do ICMS aqueles que: praticam operações de circulação de mercadorias; prestam serviços de transporte interestadual e intermunicipal; prestam os serviços de comunicação; e importam serviços, e bens de qualquer natureza. A base de cálculo do ICMS, segundo o art. 13, da Lei Kandir, é o valor da operação, que é o preço das mercadorias, acrescido das importâncias acessórias, relativas a frete e seguros, por exemplo. Com relação aos serviços, a base de cálculo do ICMS é o preço dos serviços. No que se refere às alíquotas aplicadas para a apuração do ICMS, as interestaduais são determinadas por Resolução do Senado Federal, e são fixadas em 7% ou 12%, de acordo com o Estado de origem e de destino da mercadoria ou do serviço. Já as internas, são arbitradas pelos próprios Estados e, geralmente, ficam no patamar de 17% ou de 18%. Para produtos considerados essenciais (como, por exemplo, alimentos da cesta básica), é possível que a alíquota interna seja menor que 17%. 28 PARA SABER MAIS A disputa entre os entes da unidade federativa, que utiliza incentivos fiscais para a atração de investimentos, indústrias e empresas, que estimulem o desenvolvimento e garantam a geração de empregos para a população, bem como de receitas aos para as administrações públicas, é denominada Guerra Fiscal. No Brasil,se fortaleceu na década de 1990, diante da dificuldade que os Estados e do Distrito Federal de elaborar acordos para a concessão de incentivos fiscais no Confaz, convênio que tem o objeto de firmar políticas, procedimentos e normas uniformes relativas ao exercício da competência tributária dos Estados e do Distrito Federal. De maneira geral, a Guerra Fiscal no Brasil, que, há anos, é fonte de grandes discussões sociais e políticas, é criticada por dar ensejo a exageros, e até mesmo ilegalidades, que são cometidas por administradores públicos municipais e estaduais, para atrair empresas que gerem empregos propiciem o desenvolvimento local. A Guerra Fiscal ainda gera grandes perdas na arrecadação fiscal, pois os benefícios e isenções concedidos são compensados por meio de uma carga tributária elevada, que sobrecarrega a população. A referida guerra tem como uma de suas causas a liberdade que foi concedida, por lei, aos Estados e ao Distrito Federal, na regulação de tributos que são de sua competência, como o ICMS, que, por ser extremamente oneroso para as empresas, é o principal tributo dos incentivos fiscais, uma vez que são os próprios Estados que definem suas alíquotas internas. Como resultado da Guerra fiscal, o que se verifica é a formação de um círculo vicioso, que leva o poder público dos locais com pouca infraestrutura, a oferecerem benefícios fiscais que acabam por 29 diminuir sua arrecadação, bem como os recursos e as verbas para seu próprio desenvolvimento econômico e social. Por conta dessa problemática, um dos principais pontos da reforma tributária que vem sendo debatida no Brasil, é justamente a junção de tributos (ICMS, ISS, Confins e PIS) para a criação de um imposto único, que seria regulado por legislação federal e que imporia limites as leis estaduais, evitando a criação indeliberada de políticas de incentivos fiscais a empresas, que estimula a concorrência fiscal. Assim, seria possível dificultar e até mesmo, eliminar a persistente Guerra Fiscal. Referências bibliográficas GAZETA DO POVO. A Reforma Tributária e a Guerra Fiscal. Gazeta do Povo, três de junho de dois mil e vinte um. Paraná, 2021. PENA, R. F. A. Guerra fiscal no Brasil. Mundo Educação, UOL, [s. d.]. TEORIA EM PRÁTICA Como se sabe, o ICMS um tributo cuja cobrança ocorre por dentro, de modo que sua base de cálculo contém, além do valor da operação, o valor do próprio imposto. Assim, para calculá-lo, não basta apenas considerar o valor do produto/ serviço e aplicar a alíquota, há que se recorrer a um artifício matemático para que o valor da nota fiscal absorva o montante devido a título de ICMS. Esse artifício chama-se Mark-up, um índice aplicado sobre o custo de um produto ou serviço para a formação de seu preço de venda. Assim, questiona-se: 30 1. Quanto de ICMS é devido em uma operação cujo produto/ serviço, ainda sem o referido imposto, possui o valor de R$ 5.000,00, quando aplicada uma alíquota de 18%? 2. Qual valor deve ser utilizado como base de cálculo para a apuração do ICMS? 3. E se o ICMS fosse um imposto calculado por fora, como o IPI, qual seria sua base de cálculo e a quantia a ser recolhida? Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. LEITURA FUNDAMENTAL Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou periódicos científicos, todos acessíveis pela internet. Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve, portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na construção da sua carreira profissional. Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso! Indicações de leitura 31 Indicação 1 O artigo indicado discute sobre o real alcance da reforma tributária, no que diz respeito à simplificação da estrutura tributária brasileira e a competitividade entre os Estados. CARDOSO, R. F.; FERREIRA, P. C. Reforma tributária, oportunidade perdida: governo não simplificou a estrutura tributária e nem reduziu a competição entre os Estados. São Paulo: FGV, 2021. Indicação 2 O artigo indicado estuda a extensão da não cumulatividade no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), também se discute se a compensação alcança o crédito físico e também o crédito financeiro. DEXHEIMER, V. G. Dedução do crédito financeiro no ICMS: não cumulatividade e coerência legislativa. Revista Direito Tributário Atual. IBDT, 2021. QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 32 1. O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços é um imposto de grande relevância, pois, como recai sobre o consumo, atinge a população de maneira geral e gera grande receita aos cofres públicos. Sobre o referido tributo, marque a alternativa incorreta: a. O ICMS, na prática, é exigido de forma indireta, pois seu valor é acrescido ao preço da mercadoria comercializada. b. A Constituição Federal, em seu artigo 155, inciso II, estipula que, compete aos Estados e ao Distrito Federal, a instituição do ICMS. c. A Constituição Federal ainda disciplina que o ICMS, que é monofásico (por incidir em várias etapas), será não cumulativo e poderá ser seletivo. d. A compensação do ICMS não ocorrerá quando a etapa anterior (operação de saída) não for tributada pelo imposto, salvo nas vendas para o exterior. e. Diante da isenção ou da não incidência do ICMS, ressalvadas as exceções, não haverá créditos a serem compensados nas operações subsequentes. 2. Qual das alternativas abaixo não representa uma hipótese de incidência do ICMS: a. As operações mistas de circulação de mercadorias e prestações de serviços não compreendidos na competência tributária dos municípios. b. A prestação dos serviços de transporte interestadual e de transporte intermunicipal. c. A importação de bens/ mercadorias e serviços não compreendidos na competência tributária dos municípios. d. A prestação de serviços de comunicação. 33 e. A prestação de serviço de comunicação nas modalidades de radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita. GABARITO Questão 1 - Resposta C Resolução: A alternativa que indica a opção incorreta é a de letra C, uma vez que o ICMS trata de um tributo plurifásico e não monofásico, como descrito na referida alternativa. Questão 2 - Resposta E Resolução: A alternativa E não representa uma hipótese de incidência do ICMS, pois indica uma situação em que não há a incidência do ICMS. IR – Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza, e CSLL – Contribuição sobre o Lucro Líquido ______________________________________________________________ Autoria: João Paulo Carniato Genta Leitura crítica: Camila Carniato Genta TEMA 4 35 DIRETO AO PONTO Segundo o art. 153, inciso III da Constituição Federal, compete à União Federal a instituição do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza, ente que também detém a capacidade tributária ativa para a cobrança do Imposto de Renda (IR), cuja administração é realizada pela Receita Federal do Brasil. Atualmente, o IR éregido pela seguinte legislação: Leis de n. 8.034/90, n. 8.166/91, n. 8.848/94, n. 8.849/94, n. 8.981/95, n. 9.316/96, n. 9.430/96, n. 9.532/97 e Decreto n. 9.580/18. Sua função precípua é arrecadatória, porém, também contribui para a redistribuição de renda e redução de desigualdades sociais, uma vez que se trata de um imposto progressivo. O fato gerador do IR é a aquisição de disponibilidade, jurídica ou econômica, de renda ou de proveitos de qualquer natureza, isto é, referido imposto incide sobre o acréscimo patrimonial. É importante ressaltar que, como o fato gerador do IR é o aludido acréscimo patrimonial, não há a incidência do aludido imposto quando o contribuinte realiza uma operação não lucrativa, como, por exemplo, a venda de um bem cujo valor é apenas substituído por dinheiro. Entretanto, quando há ganho de capital, isto é, quando há lucro na operação realizada, há também a incidência do IR. As alíquotas, nesse caso, variam de 15% a 22%, conforme o valor dos ganhos. O contribuinte do IR é a pessoa física ou jurídica que obteve o acréscimo patrimonial de renda ou de provento de qualquer natureza. Contudo, verifica-se que a lei pode conferir à fonte pagadora da renda ou do provento de qualquer natureza, a condição de responsável tributário. 36 A base de cálculo do IR é a renda real, arbitrada ou presumida. Quanto à pessoa física, a base de cálculo é a renda líquida, obtida por meio da soma de suas rendas e proventos de qualquer natureza, menos as deduções e abatimentos permitidos por lei. Com relação à pessoa jurídica, a base de cálculo do Imposto sobre o Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) é a renda resultante dos acréscimos e decréscimos verificados num determinado período, havendo três diferentes formatos (que são também regimes de tributação) para composição da referida base de cálculo, o lucro real, o lucro presumido e o lucro arbitrado. O art. 153, § 2º, inciso I da Constituição Federal determina que o IR será progressivo. Assim, quanto maior for o aumento patrimonial, mais elevada será a tributação. Com relação às pessoas físicas, as alíquotas variaram entre os percentuais de 7,5% e 27%, conforme a renda auferida, sendo isentos do IR os valores menores que a quantia de R$ 1.903,98. Quanto às pessoas jurídicas, em regra, a alíquota do IR é de 15% sobre o lucro real, presumido ou arbitrado apurado. Há, ainda, uma alíquota adicional de 10% quando a parcela do lucro real que exceder ao resultado da multiplicação de R$ 20.000,00 pelo número dos meses do respectivo período de apuração. Também se encontra sujeita ao adicional a parcela da base de cálculo estimada mensal, no caso das pessoas jurídicas que optaram pela apuração do imposto de renda sobre o lucro real anual, presumido ou arbitrado, que exceder a R$ 20.000,00. Assim, como os demais tributos, IR e a legislação que o regulamenta é norteada por princípios constitucionais tributários, tais como: a capacidade contributiva, a universalidade, a progressividade, a anterioridade e a irretroatividade. 37 Quanto à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), ressalta- se que trata de um tributo de competência federal, instituído pela Lei n. 7.689/1988. Referida contribuição incide sobre todas as pessoas jurídicas e a receita gerada por ela é utilizada pelo Governo Federal para financiar a Seguridade Social, incluindo a aposentadoria, a assistência social e a saúde pública. As mesmas regras de apuração e de pagamento do IRPJ são aplicadas tanto para a CSLL, uma vez que, assim como o Imposto sobre a Renda, a referida contribuição também incide sobre o lucro líquido das empresas. A tributação decorrente de tal contribuição variará de acordo com o regime tributário no qual está enquadrada a empresa contribuinte. Atualmente, além do Microempreendedor Individual (MEI), que também recolhe a CSLL por meio do pagamento da guia DAS-MEI, existem quatro regimes de tributação: o Simples Nacional, o Lucro Real, o Lucro Arbitrado e o Lucro Presumido. A CSLL é apurada por trimestre e calculada conforme o regime de tributação escolhido, que também impacta na apuração do IRPJ. Não é permitido que uma empresa opte por recolher o IRPJ pelo lucro real, faça o recolhimento da CSLL com base em outro regime de tributação. PARA SABER MAIS Existem pessoas físicas e jurídicas que são, por expressa disposição legal, liberadas do pagamento de determinados tributos, isto é, são isentas do cumprimento da obrigação tributária. No caso do IRPF, são isentas as pessoas portadoras de neoplasia maligna, esclerose múltipla, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, 38 cardiopatia grave, doença de Parkinson e dentre outras doenças graves. Segundo o entendimento fixado pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADI 6.025, não é possível que o Poder Judiciário estenda tal benefício para as pessoas que possuam tais doenças, mas que se encontrem em atividade: O art. 6º, XIV, da Lei n. 7.713/88 prevê que as pessoas portadoras de neoplasia maligna ou outras doenças graves e que estejam na inatividade não pagarão imposto de renda sobre os rendimentos recebidos a título de aposentadoria, pensão ou reforma. Essa isenção é devida apenas às pessoas que recebem aposentadoria, pensão ou reforma e não é possível que o Poder Judiciário estenda o benefício aos trabalhadores que estão em atividade. Os juízes e Tribunais não podem, mesmo a pretexto de estabelecer tratamento isonômico, conceder isenção tributária em favor daqueles não contemplados pelo favor legal, porque isso equivaleria, em última análise, a converter o Poder Judiciário em inadmissível legislador positivo. A legislação optou por critérios cumulativos absolutamente razoáveis à concessão do benefício tributário, quais sejam, inatividade e enfermidade grave, ainda que contraída após a aposentadoria ou reforma (STF. Plenário. ADI 6.025, rel. Min. Alexandre de Moraes, j. 20- 4-2020. Informativo 983). (BRASIL, 2020) Já no julgamento do REsp 1.836.364/RS, a Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, decidiu que o contribuinte portador das referidas doenças graves deverá permanecer desobrigado do pagamento do IR, portanto isento, mesmo que cesse sua enfermidade e que não haja mais sintomas. A decisão pautou-se na Súmula 627, também do Superior Tribunal de Justiça, que diz: “o contribuinte faz jus à concessão ou à 39 manutenção da isenção do imposto de renda, não se lhe exigindo a demonstração da contemporaneidade dos sintomas da doença nem da recidiva da enfermidade (STJ, 2018, [n. p.]).” Desse modo, verifica-se que o entendimento atual é de que, para a manutenção da isenção do IR, não se faz necessária a contemporaneidade dos sintomas que são desencadeados pela doença grave que possui o contribuinte. Entretanto, para as pessoas em atividade, que não recebem pensão ou aposentadoria em decorrência de sua doença, não é possível estender o benefício da isenção. Referências bibliográficas MAZZA, A. Manual de Direito Tributário. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2021. TEORIA EM PRÁTICA O Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza (IR), assim como a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido são tributos de diferentes espécies, mas que incidem sobre os ganhos apresentados pelos seus contribuintes. O IR onera tantos as pessoas físicas, quanto as jurídicas. A CSLL, por sua, apenas as pessoas jurídicas. Sendo assim, analise a seguinte circunstância: uma empresa apresentou um lucro real de R$ 85.000,00 durante o período de apuração do IRPJ e da CSLL. Considerando as alíquotas de cada um dos referidos tributos, responda: 1. Qual valor deverá do IRPJ e da CLSS ser recolhido? 2. O valor devido a título de CSLL poderá ser deduzido da base de cálculo do IRPJ? Justifique sua resposta. 3. Segundo a regra geral, qual o período de apuração de ambos os tributos? 40 Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula desteTeoria em Prática no ambiente de aprendizagem. LEITURA FUNDAMENTAL Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou periódicos científicos, todos acessíveis pela internet. Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve, portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na construção da sua carreira profissional. Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso! Indicação 1 Indica-se a leitura o segundo capítulo, que trata a respeito dos tributos diretos, como IRPJ e a CSLL, dando demonstrações e exemplos reais da tributação que recai sobre o lucro das empresas no Brasil. MEURER, A. M. Contabilidade Tributária. Curitiba: Contentus: 2020. Indicações de leitura 41 Indicação 2 Indica-se esta leitura que estuda a periodicidade do aludido tributo como uma das soluções para as estratégias financeiras do Estado Brasileiro, e se aponta necessidade de conciliação entre a indigitada periodicidade com o direito do contribuinte de ser tributado em sua lucratividade efetiva. SCHOUERI, L. E.; BARBOSA, M. C. Imposto de Renda e capacidade contributiva: a periodicidade anual e mensal no IRPJ. RDT Atual, n. 47, p. 569-613, [s. l.], 2021. QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. A Contribuição Social sobre Lucro Líquido trata de um tributo de competência federal, que foi instituído pela Lei n. 7.689/1988. Sobre o referido tributo, marque a alternativa incorreta: a. A CSLL incide sobre todas as pessoas jurídicas e a receita gerada por ela é utilizada pelo Governo Federal para financiar a Seguridade Social. 42 b. As mesmas regras de apuração e de pagamento do IRPJ são aplicadas para a CSLL, que também incide sobre o lucro líquido das empresas. c. Além do Microempreendedor Individual (MEI), existem quatro regimes de tributação: Simples Nacional, Lucro Real, Lucro Arbitrado e Lucro Presumido. d. Todas as pessoas jurídicas brasileiras devem recolher a CSLL, com exceção daquelas optantes pelo regime de tributação Simples Nacional. e. A base de cálculo, a alíquota aplicada e a forma de apuração do valor a ser pago a título de CSLL dependerá do regime de tributação da empresa. 2. Atualmente, qual a alíquota aplicável sobre a base de cálculo de valor superior a R$ 4.664,68, para determinar o imposto de renda devido pela pessoa física em cada período-base? a. 15%. b. 27%. c. 9%. d. 32%. e. 22,5%. GABARITO Questão 1 - Resposta D Resolução: A alternativa D está incorreta porque as empresas tributadas pelo Simples Nacional também são oneradas CSLL, e efetuam o seu pagamento via DAS. 43 Questão 2 - Resposta B Resolução:Para valores superiores a R$ 4.664,68, alíquota utilizada para a apuração do IRPF no período-base corresponde a 27% BONS ESTUDOS! Apresentação da disciplina Introdução TEMA 1 Direto ao ponto Para saber mais Teoria em prática Leitura fundamental Quiz Gabarito TEMA 2 Direto ao ponto Para saber mais Teoria em prática Leitura fundamental Quiz Gabarito TEMA 3 Direto ao ponto Para saber mais Teoria em prática Leitura fundamental Quiz Gabarito TEMA 4 Direto ao ponto Para saber mais Teoria em prática Quiz Gabarito Inicio 2: Botão TEMA 4: Botão TEMA 1: Botão TEMA 2: Botão TEMA 3: Botão TEMA 9: Inicio :
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