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LA YA NE S ILV A Layane Silva REVISÃO - ESPECIALIDADES CIRÚRGICAS ● Traumaurogenital 8-10% das lesões abdominais, acomete: (1) rins (84% - mais comuns) pois é órgão encapsulado e maciço que não suporta impacto; (2) bexiga e uretra (15%); (3) ureteres e outros órgãos (1%), são retroperitoneais por isso menos atingidos, exceto em traumas dorsais e perfurantes. TGU só causa risco de vida se lesão vascular. a. Avaliação Abordagem: sempre considerar possibilidade de TGU no politrauma; investigar o mecanismo do trauma; atentar a equimoses em flancos e períneo, bexigoma e sangramento uretral; sinal de Gray Turner (equimose até 12a costela - trauma renal ou sangramento retroperitoneal pelo descolamento do psoas do peritônio); toque retal para avaliar mobilidade prostática e uretral. Imagem: TC de abdome e pelve (cistograma - lesão vesical; angio - embolização) avalia extravasamento de líquido, oclusão e infarto renal (6-8h), status de órgãos adjacentes e controle da estabilidade (48h). TRAUMARENAL: 50% dos traumas genitourinários, 28% das lesões de rim esquerdo + lesão esplênica por compressão; 70% das lesões de rim direito + lesão hepática. Desaceleração brusca em acidentes é a principal causa de trauma renal, contusões (lombar) e perfurações - sempre evitar nefrectomia (maior preditor de mortalidade). a. Grau de lesão GRAU 1: hematoma subcapsular sem laceração de parênquima, trauma parenquimatoso, contusão sem laceração, pois a cápsula de Gerota contém sangramento (hematoma não expansivo). GRAU 2: laceração superficial < 1 cm de profundidade, mas sem envolver sistema coletor (não extravasa urina/sangue). GRAU 3: laceração > 1 cm, sem envolvimento do sistema coletor (não extravasa urina) - lesão vascular ou sangramento ativo confinado à fáscia perirrenal (extravasa da cápsula com sangue no parênquima. Até grau 3 não há perfuração do sistema coletor, mas tem lesão na cápsula no grau 3, 1-3 o hematoma aumenta. GRAU 4: laceração envolvendo o sistema coletor com extravasamento de urina e laceração da pelve renal e/ou ruptura ureteropiélica (ruptura da cápsula renal); lesão vascular segmentar de artéria ou veia renal; infarto segmentar sem sangramento ativo por trombose; sangramento ativo estendendo além da fáscia perineal (ruptura da cápsula de Gerota). Abrange lesão do sistema coletor, sinal de lesão vascular e lesão da cápsula de Gerota. GRAU 5: rim despedaçado, avulsão do hilo renal ou laceração da artéria ou veia renal, desvascularização renal com sangramento ativo (lesão de grandes vasos). b. Conduta Sangramento com risco de vida: cirurgia imediata + reconstrução vascular Sangramento estável: embolização Urinoma dinâmico ou sintomático: duplo JJ ou drenagem percutânea (se persistente). Controle: TC com contraste em fase venosa (lesão de órgãos adjacentes) + Ht seriado Paciente estável (grau 1-3): observação com repouso no leito + Ht seriado ou TC com contraste em fase venosa se lesão maior ou desaceleração. Paciente estável (grau 4-5): observação com repouso no leito + Ht seriado + ATBterapia para prevenir sepse por extravasamento da urina - se extravasamento persistente, colocar cateter duplo J ou dreno; se falha, exploração renal + reconstrução ou nefrectomia. Paciente estável + hematúria (grau 4): TC em fase venosa + angiografia e angioembolização seletiva - se falha ou grau 5, exploração renal + reconstrução ou nefrectomia. Paciente instável: ressuscitação, TC e angioembolização - se falha, laparotomia exploratória; se injúria renal, exploração renal + reconstrução ou nefrectomia. TRAUMAURETERAL: pouco frequente, 1-4% dos TGU, comum lesão do ureter distal no trauma perfurante (80%), necessita de fixação do anel pélvico. Complicações: urinoma, fístulas, estenose/necrose, hidronefrose (ligamento de ureter, causa dor no flanco, necessita reimplantação ureteral ipsilateral), abscesso retroperitoneal (profilaxia com ATB), IR (sec. hidronefrose e estenose de ureter). Abordagem: reconstrução (se lesão extensa: interposição), nefrostomia, JJ (lesões pequenas), uretero-cutâneostomia, anastomose U-U, reimplante ureteral. TRAUMADE BEXIGA: causada pela fixação de pelve (5-10%) ou ausência de drenagem pós-cateterismo. Considerar TC-cistograma e lesão retal associada. a. Abordagem 1 LA YA NE S ILV A Layane Silva Extraperitoneal (parede anterior e lateral, cúpula, assoalho): sondagem vesical > 18 fr por 7-10 dias - após 7 dias, injetar contraste + TC-cistograma, se extravasamento, realizar correção cirúrgica. Intraperitoneal (parede posterior): cistorrafia ou sondagem (lesão pequena) + avaliar lesão de alça intestinal. TRAUMADE URETRA: hematoma perineal, uretrorragia, urinoma (retroperitônio) ou globo vesical (bexiga), edema genital por infiltração de urina, tentativa frustrada de micção. Avaliar TC de pelve com contraste uretral. Nunca sondar paciente com trauma da uretra Conduta: cistostomia + realinhamento inicial (ou laparotomia) + uretroplastia após 6-12 semanas. TRAUMADE GENITÁLIA: amputação (reimplante), fratura (rafia) e perda de substância (rafia ou retalho). ● Urgências urológicas PRIAPISMO: ereção persistente, dolorosa, nem sempre associada a estímulo sexual. a. Baixo fluxo ou isquêmico Mais frequente, ereção prolongada (> 1 h, 6-8 h) e dolorosa devido à isquemia (sangue arterial escasso no pênis), pode estar associada a disfunção erétil permanente, fibrose do corpo cavernoso e lesões significativas do genital. Causas: vasodilatador intracavernoso, hipercoagulabilidade, abscesso de corpo cavernoso, tumores infiltrativos do pênis, psicofármacos, agentes anestésicos, drogas ilícitas, uso de nutrição parenteral e idiopática. Diagnóstico: história clínica + punção e gasometria cavernosa (PaO2 > 40 mmHg). Tratamento: (1) punção e aspiração de sangue do corpo cavernoso; (2) injeção de agonista alfa-adrenérgico (Epinefrina), se falha, injetar adrenalina + água destilada; (3) lavagem do corpo cavernoso com soro fisiológico ou solução diluída de adrenalina para remoção de coágulos; (4) cirurgia, se não houver melhor após 1 h, criando fístula - shunt entre corpo cavernoso e esponjoso por punção. Distal (Chester Winter e Al Ghorab): incisão subglandar ou transglandar para abrir o corpo cavernoso e suturar ao esponjoso - risco de disfunção erétil; Proximal (raro): fístula esponjo-cavernosa perineal e fístula safeno-cavernosa. b. Alto fluxo Raro e crônico, que forma um shunt entre vasos arteriais perineais com leitos venosos, faz ereção permanente, menos rígida, rica em sangue arterial pois aumenta o fluxo arterial com retorno venoso normal. Causas: trauma perineal/peniano (queda a cavaleiro), idiopática. Diagnóstico: história clínica, punção e gasometria cavernosa (PaO2 > 80 mmHg), doppler do pênis, arteriografia seletiva. Tratamento: embolização seletiva temporária da artéria lacrada imediata com resolução espontânea. c. Recorrente Variação do baixo fluxo, rara, inicialmente indolor, geralmente associado a hipercoagulabilidade ou superprodução de células vermelhas. Tratamento: tratar doença de base - usar prociclina, clonazepam, terbutalina, etilefrina, estilbestrol, análogos do LHRH, baclofen e implante de fenilefrina. ESCROTOAGUDO: aumento do volume escrotal, endurecimento, edema e dor aguda. a. Orquiepididimite Adulto jovem com atividade sexual normal sem proteção, tem instalação mais lenta, causa corrimento uretral, febrícula, inchaço testicular, uni ou bilateral, que passou a interferir no deambular, aumenta risco de infecção por Chlamydia e E. coli Sintomas: disúria, piúria, febre, antecedente de ato sexual, instrumentação uretral, cirurgia, disfunção miccional ou secreção uretral, sinais flogísticos no testículo; Diagnóstico: bacteriúria, USG com doppler e radioisótopos. Tratamento: repouso, compressa fria, ATB (Vibramicina ou Doxiciclina + Ceftriaxone), anti-inflamatórios, analgésicos e suspensório escrotal (reduz tração). b. Torção do cordão espermático Dor escrotal forte e aguda com despertar noturno, sem história de traumaou atividade física, ocorre por redução do fluxo na gônada, identificada com USG com doppler, diagnóstico em até 6 h para preservar a gônada. Iminente: adolescentes com dor testicular aguda de forte intensidade commelhora espontânea. Torção de apêndice testicular e epididimário: presença de reflexo cremastérico, testículo móvel, dor menos intensa. Causas: trauma, atividade física ou repouso; Tratamento: exploração testicular bilateral em até 6-8 h permite a manutenção do testículo (distorcer, preservar ou retirar o testículo acometido e fixar o outro). 2 LA YA NE S ILV A Layane Silva FRATURA PENIANA: ruptura da túnica albugínea do corpo cavernoso após trauma contuso contra pênis ereto causando estalido, dor forte e perda imediata da ereção. Diagnóstico: cavernosografia, USG, RNM, dopplerfluxometria, uretrografia retrógrada, uretroscopia e angiografia. Tratamento: ATB, desenluvamento peniano (incisão subglandular para desenluvar o prepúcio), remover hematoma com solução salina, suturar o defeito da túnica com pontos interrompidos de fio absorvível, manter sonda por 7-10 dias se lesão uretral e abstinência sexual por 30 dias. SÍNDROME DE FOURNIER: fasceíte necrosante sinérgica do períneo e parede abdominal, origina no escroto/pênis ou vulva/virilha, progressão rápida, alta morbimortalidade, odor típico de pele necrosada com pus. Tratamento: hidratação e compensação, ATB de amplo espectro (Ceftriaxone + Clindamicina, Metronidazol) e desbridamento precoce (estende para fáscia e aponeurose) CÓLICANEFRÉTICA: supersaturação da urina, comum dos 30-50 anos. Causas: desidratação, infecções (Proteus, Klebsiella, Pseudomonas e Staphylococcus), excesso de purinas ou oxalato na dieta, sedentarismo, imobilização prolongada, doenças hereditárias (acidose tubular renal, cistinúria, oxalúria), hipercalcemia (hiperparatireoidismo, uso de corticoide), medicações (tiazídicos, indinavir). Cálculos: oxalato de Ca, ácido úrico, estruvita/fosfato amônio-magnesiano e fosfato de Ca, cistina. Diagnóstico: dor lombar intensa, no flanco, irradiando para FI e escrotal/grandes lábios (genitália), náuseas e vômitos, leucocitúria e leucocitose + imagem (USG, RX ou TC). Tratamento: restringir hidratação, antiemético, AINES, Tansulosina (alfa-bloqueador - relaxa músculo liso). - Cálculo de 10-20 mm em cálice inferior: 20 mm: nefrolitotripsia percutânea (NPC) OU URS OU LECO; 10-20 mm: Litotripsia extracorpórea (LECO) OU endourologia; < 10 mm: LECO OU uretroscopia (URS). - Cálculos de polo inferior 10-20 mm: LECO ou endourologia - Cálculos ureterais proximais ou distais 10 mm: URS anterógrada ou retrógrada OU LECO < 10 mm: LECO OU URS Indicação de litotripsia é cálculo de rim com < 900 unidades Hounsfield na TC. RETENÇÃOURINÁRIA AGUDA: dor hipogástrica intensa, parada de eliminação de urina e globo vesical. Causas: crianças: malformações congênitas e parafimose; adulto: estenose da uretra e prostatite aguda; > 50 anos: HPB; mulheres: pós-operatório de cirurgias pélvicas e perineais; outras: anticolinérgicos, antidepressivos, descongestionantes nasais e antigripais. Tratamento: sondagem vesical de alívio (Nelaton), sondagem vesical permanente (Faley), cistostomia. PARAFIMOSE: dor, edema subcoronal e congestão vascular da glande por retração do prepúcio com anel estenótico para trás da glande. Tratamento: manobra de redução da parafimose ou prepusiotomia; cirurgia com ressecção para volta da atividade sexual (incisão longitudinal, reduz prepúcio). ● Disfunção erétil Incapacidade de atingir ou manter rigidez suficiente do pênis para uma relação sexual satisfatória, aumenta prevalência com a idade (mais comum em idosos). Fatores de risco: DM, DCV (HAS), dislipidemia, síndrome metabólica e sobrepeso, trauma/cirurgia (dano aos nervos e artérias), cigarro, ingestão de álcool, genética, fármacos (antipsicótico, anti-hipertensivo, antidepresivo, barbitúrico, anti-parkinsoniano, opioide e anti-histamínico), doença de Peyronie, deformidades, ansiedade, depressão, estresse, esclerose múltipla, radioterapia e AVC. a. Anatomia Inervação do pênis: autonômica (parte funcional): SNA simpático (descargas adrenérgicas atuam na detumescência do pênis - T11-L2) e parassimpático (vasodilatação e relaxamento dos corpos cavernosos) para formar inervação cavernosa; sensorial e motora: contração dos músculos bulbo/isquiocavernosos. Corpos cavernosos: 2 estruturas que se aplainam para frente no corpo do pênis na base da glande; Ponto de fixação caudal: crura ou crus (ramo isquiopúbico), corpos cavernosos correm paralelos a haste peniana e se afastam na base e se inserem no diafragma urogenital. Vascularização: artéria cavernosa (centro) + veia dorsal profunda + 2 veias dorsais superficiais + vênulas que transfixam o corpo cavernoso de forma oblíqua para drenar o sangue (região dorsal/anterior). Corpo esponjoso: 1 estrutura ventral abaixo dos corpos cavernosos, rodeando a uretra esponjosa, erétil, com 2 arteríolas, aumenta volume com dilatação proximal ou 3 LA YA NE S ILV A Layane Silva posterior, forma o bulbo na raiz do pênis, e na parte distal ou anterior, que se dilata e forma a glande. b. Fisiologia Estimulação: psicológica (visual, olfativo, memória) + físico (toque) com vias autonômicas. - Estimulação parassimpática (S2-S4): ereção - Estimulação simpática (T11-L2): detumescência Trauma medular: baixo: perda ou redução da capacidade de ereção por toque (reflexa); alto: mantém ereção ao toque, reduz/perde capacidade a estímulos psicológicos; muito alto/tetraplégico: ereção abolida. Ereção: ativação do SNAP + liberação de NO, ativa quanilato ciclase, converte GMP em GMP cíclico, Ca intracelular se desloca para extracelular relaxando a musculatura lisa do corpo cavernoso, vasodilatação e ereção. Pênis ganha comprimento e volume, que comprime vênulas e dificulta escape de sangue, aumentando pressão do corpo cavernoso (rigidez). Inibidores de fosfodiesterase 5 impedem a degradação de GMP cíclico, evitando escape de sangue. Detumescência: atuação do SNS. c. Abordagem Diagnóstico: história clínica e sexual - distinguir ereção, ejaculação, orgasmo e desejo sexual. Físico: malformações, placas fibróticas e lesões; Laboratório: testosterona, proteína SHBG, eixo hormonal, glicemia em jejum, HbA1C, albumina, FSH, LH e prolactina (tumor hipofisário), hemograma (anemia), T4 livre e TSH. Neurológico: traumas tóraco-lombo-sacral, claudicação, queixas urinárias, suspeita de HTLV, disfunções periféricas. Psicossexual: nível de estresse - realizar teste de ereção fármaco-induzido com prostaglandina + USG com doppler; se falha no teste, suspeita de problemas vasculares graves. Classificação: questionário IIEF-5: severa: 5-7;moderada: 8-11; leve a moderada: 12-16; leve: 17-21; ausente: 22-25. d. Tratamento O primeiro passo no tratamento é estabilizar a qualidade de vida do paciente reduzindo fatores de risco, o segundo passo é fármaco ou bomba à vácuo, terceiro é injeção intracavernosa, e o quarto é prótese maleável ou rígida. 1a LINHA: inibidores da fosfodiesterase-5: viagra (sildenafila), cialis (tadalafila), levitra (vardenafila) e helleva (lodenafila) - não indicado para cardiopatas com DAC; bomba a vácuo: tubo de vidro manual ou elétrico com borracha para fazer pressão negativa. Contraindicações: uso de nitrato e betabloqueador (relativa). 2a LINHA: injeções intracavernosas: risco de priapismo, usar banho gelado ou solução de adrenalina se ereção > 1 hora; injeções uretrais ou MUSE: ereção firme e segura. 3a LINHA: prótese maleável (semi-rígida): filamento de metal revestido por silicone inserido nos 2 corpos cavernosos que dá rigidez; prótese inflável: substitui o corpo cavernoso por estrutura erétil + pump na bolsa testicular com soro. ● Infertilidademasculina Casal que não consegue obter gestação após 1 ano de relações sexuais bem distribuídas ao longo do ciclo menstrual, sem o uso de métodos anticoncepcionais, pode ser primária (1a gravidez) ou secundária (gravidez prévia). Hipóteses: aumentode IMC, ingesta de gordura saturada, desequilíbrio endócrino, sedentarismo, piora na qualidade do sono, fritar, tostar, assar batatas e cereais, café (acrilamida), poluição ambiental, estresse, problemas psicológicos. A principal causa de infertilidade é a varicocele. a. Diagnóstico Propedêutica: antecedentes pessoais: criptorquidia, orquite pós-caxumba, DST, trauma genital, DM, IRC, LES, cirurgia inguinal, acidentes vasculares testiculares, QT e fatores gonadotóxicos (cafeína, nicotina, álcool, tabaco, maconha, cocaína, pesticidas, sulfassalazina, nitrofurantoína, cimetidina anabolizantes, R-XT, calor). Exame físico: fácies, atitude, virilização, posicionamento, consistência e volume dos testículos, conteúdos anormais, varicocele, ducto deferente, granuloma de vasectomia, 4 LA YA NE S ILV A Layane Silva presença e forma dos epidídimos, anomalias do pênis que impeçam o coito ou deposição do esperma (tamanho e curvatura da haste, calcificação nos cavernosos, epi ou hipospádia), cistos na linha mediana ao toque retal, obstrução de ductos ejaculatórios. Laboratório: (1) espermograma: 2 amostras com 14-21 dias, após abstinência de 48-72 h, avaliar frutose, leucócitos, anticorpos antiespermatozóide, vitalidade, penetração espermática e índice de fragmentação de DNA espermático; (2) testosterona, FSH, LH, prolactina, estradiol, T4 livre, TSH; (3) cariótipo: azoospermia, oligospermia severa, síndrome de Klinefelter, microdeleções de cromossomo Y, síndrome de Kallman, fibrose cística. O diagnóstico é dado por 3 critérios: quantidade (15 milhões - zoospermia ou oligospermia), forma (teratogênico) e motilidade (asteniospermia) do espermatozóide. Imagem: RNM de crânio (hiperprolactinemia - adenoma de hipófise), USG de bolsa escrotal com doppler de cordões espermáticos, USG transretal de próstata. Biópsia testicular: tratamento e criopreservação tecidual. b. Tratamento Clínico: hipogonadismo hipogonadotrófico: FSH 75 U + HCG 2000 U/semana; infecção: Trimetoprim ou quinolonas ou Doxiciclina por > 4 semanas; ejaculação retrógrada: Efedrina ou Fenilpropalamina (simpaticomiméticos) ou Imipramina; Clomifeno: modulador seletivo do receptor de estrogênio, bloqueia o feedback negativo hipotalâmico e pituitário e aumenta a produção de LH e FSH pela pituitária anterior; Tribulus terrestris: Efedrina ou Fenilpropalamina (simpaticomiméticos) ou Imipramina. Cirúrgico: varicocele: ligadura das varizes espermáticas do plexo pampiniforme (técnica subinguinal microcirúrgica); reversão de vasectomia: reanastomose dos deferentes sob magnificação; obstrução do ducto ejaculador: ressecção endoscópica (incomum) Reprodução assistida: inseminação intrauterina, fertilização in vitro e injeção intracitoplasmática de espermatozóides. ● Tumores urogenitais TUMORES RENAIS: 2-3% das neoplasias, pico entre 60-70 anos (raro em < 20, exceto tumor de Wilms) Etiologia: exposição a nitrosaminas, cádmio, chumbo e bromato (gasolina e tabaco), tabagismo, hereditariedade (doença de von Hippel-Lindau + esclerose tuberosa + angiomiolipomas), obesidade, desequilíbrio hormonal, irradiação (mutações em tecidos vizinhos). Fatores de risco:> 50 anos, sexo masculino, raça negra, HAS, obesidade, doença renal terminal (dialítica), exposição ambiental a solventes e síndromes familiares. Patologia: carcinoma de células claras (mais frequente; esporádico - 95% ou hereditário - 5%), papilífero, cromófobo, cístico-sólido (avaliar com RNM), de ductos coletores de Bellini (agressivo, prognóstico ruim) e medular. Quadro clínico: massa renal palpável + dor lombar + hematúria macro ou microscópica (tríade clássica); manifestações paraneoplásicas (anemia, febre, HAS). Diagnóstico: laboratório (anemia, hematúria), USG (tumor exofítico), RNM (avaliação vascular - angio) e TC (lesão hipercaptante pela neovascularização). Tratamento: nefrectomia radical (rim, gerota, linfonodo) ou parcial (poupadoras de néfrons - preserva parênquima renal, que é diferente do urotélio - pelve renal, para evitar perda de função renal). Cirurgia preservadoras de néfrons: nefrectomia polar (⅔), tumorectomia ou polo inferior/superior. Metástase: imunoterapia com imunomoduladores (IL-2, Sorafenib, Sunitinib, Nivolumab) Radioterapia e QT não tem efeito, apenas imunoterapia! CÂNCER DE BEXIGA: 2a malignidade urológica, 3,5% das neoplasias, mais comum em homens, aumenta incidência com a idade, alto grau de malignidade e alta taxa de recidiva - 90% superficial, 70% papilar e 5% acometendo TUS. Fatores de risco: > 50 anos, sexo masculino, tabagismo, ocupação (aminas aromáticas, solventes, tintas, metais, hidrocarbonetos, produtos de combustão e exaustão, poeira de couro), infecções crônicas (cistite intersticial e actínica), drogas e genética. Histopatologia: carcinoma urotelial (células transicionais), variante escamoso, micropapilar, sarcomatóide (pior prognóstico) e adenocarcinoma. Tratamento endoscópico se carcinoma in situ e T1a (não invade a camada muscular da bexiga) - se invasão da bexiga, cistectomia! Tumor superficial (90%) é pouco agressivo e muita recidiva, tratar com tumorectomia, raspa a camada profunda, avaliar grau de malignidade (baixo: recidiva frequente; alto: alta chance de metástase, realizar cistectomia). Quadro clínico: hematúria micro/macroscópica indolor (dói apenas em casos avançados pelo crescimento), urgência miccional, polaciúria, diminuição da capacidade vesical, dor 5 LA YA NE S ILV A Layane Silva no flanco (hidronefrose por compressão ureteral), suprapúbica (invasão vesical) e perineal, desconforto retal. No paciente com hematúria pensar em (1) infecção, (2) litíase e (3) cistite inflamatória - após excluir essas causas com sumário de urina e história clínica, suspeitar de câncer e solicitar USG. 1o sinal de CA de bexiga é hematúria indolor/assintomática. Diagnóstico: se suspeita na USG, solicitar cistoscopia endoscópica para biópsia + citologia urinária (3 amostras) + marcadores tumorais (NMP22, BTA, Urovysion, Immunocyt). Citologia urinária é importante no diagnóstico, tem alta sensibilidade e baixa especificidade, feito com 3 amostras na centrífuga com azul de metileno, avalia características intracitoplasmáticas das células uroteliais. Biópsia precisa ter representação da camada muscular! Estadiamento: TC com urograma + RNM + PET-TC Tratamento: superficial (mucosa): ressecção transuretral da bexiga (bipolar/monopolar), QT ou imunoterapia intravesical (BCG, Mitomicina, Gemcitabina);músculo invasivo (muscular, + vascularização, maior chance de metástase): cistectomia radical (bexiga, próstata, linfonodos e derivação urinária); paliativo: RT, QT sistêmica neoadjuvante e adjuvante, e terapia trimodal (RTU, RTX, QT). Hidronefrose bilateral + tumor = invasão da camada muscular - necessita de cistectomia. Paciente que teve tumor superficial de bexiga tem risco aumentado para câncer de bexiga durante a vida, e faz cistoscopia de acompanhamento. Tumores na camada adventícia (antes da muscular) é um carcinoma in situ que precisa de retirada agressiva + QT intravesical com BCG, que reduz agressividade celular. Efeitos adversos da BCG: dor vesical, cistite inflamatória, hematúria, descamação de parede vesical. A indicação de QT intravesical com instilação de Mitomicina ou Gemcitabina é alto grau de agressividade celular do tumor, que atrasam o período de recidiva da doença. - Continente: neobexiga: ortotópica por segmento intestinal + bolsa cateterizável, necessita de esvaziamento de urina provocado pela perda da sensibilidade; pouch: anastomose do cólon ascendente + apêndice + jejuno terminal, uso de sonda para esvaziamento; ureterossigmoidostomia: desvio do ureter para o sigmóide (fator de risco para CA colorretal, avaliar função renal e solicitar colonoscopia a cada 5 anos). É necessário fazer o teste de esfíncter anal, jogar 500 mL de soro fisiológico e medir o tempo que o paciente consegue reter o soro para definir se ele está apto para essa derivação. - Incontinente: derivação de Bricker: + comum, derivaçãointestinal de 15-20 cm; ureterocutâneostomia: saída da urina pelo abdome (pele fecha rápido e pode causar estenose de ureter, evitar com JJ). CÂNCER DE PÊNIS: muito raro em países desenvolvidos, pico entre 60-70 anos (raro em < 20), mais comum o carcinoma escamocelular, pode ser clássico, verrucoso, basalóide, sarcomatóide (muito agressivo) e adenoescamoso. Fatores predisponentes: higiene pessoal, fimose e HPV (principais); inflamação crônica (balanopostite, líquen escleroso e atrófico e balanite xerótica); tabagismo (subprodutos acumulam no esperma); radiação ultravioleta. Quadro clínico: lesão peniana verrucosa ou crônica ulcerada (> 1 mês) ou vegetante ± linfadenopatia inguinal. Se lesão verrucosa, ATB (Doxiciclina) + biópsia = afastar IST. Diagnóstico: biópsia incisional da lesão commargem. Lesão superficial distal é tratada apenas com ressecção commargem se não tiver infiltração e margem negativa. Se infiltração até o corpo cavernoso, ressecar glande e refazer glande com o prepúcio + inervação. Se infiltração do corpo cavernoso, penectomia total + linfadenectomia (linfonodo +) Tratamento: amputação parcial (mantém haste peniana para direcionar jato urinário ou manter vida sexual) ou total (+ uretroscopia perineal para realocar a uretra) + linfadenectomia inguinal bilateral radical ou modificada. TUMORES TESTICULARES: raro, 1-1,5% das neoplasias masculinas, tumor sólido mais comum entre 15-35 anos, mais frequente em brancos, taxa de cura > 90% Após 35 anos é comum tumoração testicular por linfoma. Fatores de risco: criptorquidia, atrofia testicular, infertilidade, desequilíbrio hormonal, história familiar, síndrome de Klinefelter e presença de tumor contralateral. Quadro clínico: aumento de volume testicular, dor local, nódulo testicular palpável, dor lombar e/ou abdominal, antecedente de trauma escrotal, hidrocele, massa abdominal retroperitoneal, gânglios supraclaviculares e/ou inguinais e ginecomastia. Diagnóstico: USG de testículos(imagem hipoecogênica), RNM (avaliação local), marcadores tumorais (AFP, beta-HCG e LDH - volume tumoral). a. Tipos 6 LA YA NE S ILV A Layane Silva Germinativos: seminomas (40-45%) - clássico, anaplásico e espermatocítico; não seminomas (35-40%) - carcinoma embrionário, teratocarcinoma, coriocarcinoma, teratoma. Não germinativos: tumor de células de Leydig, tumor de células de Sertoli, sarcomas, linfomas e metástase. b. Conduta Estadiamento: TC de tórax sem contraste; TC ou RNM de abdome (retroperitôneo), TC de crânio, cintilografia óssea, PET-TC (massas linfonodais residuais > 3 cm). Tratamento: inguinotomia com clampeamento precoce do cordão espermático + orquiectomia radical (95% de cura) + linfadenectomia retroperitoneal. Conservar os espermatozoides dos pacientes em idade fértil. ● Displasia do desenvolvimento do quadril ou Luxação congênita do quadril O diagnóstico deve ser feito de preferência ao nascimento com as manobras de Barlow e Ortolani, se positivo deve-se solicitar uma USG pelo método de Graf, se confirmado diagnóstico iniciar o tratamento. TRATAMENTO 0-6meses: uso de órteses (Pavlik) - controle USG e/ou Rx O paciente vai utilizar o suspensório de Pavlik por 2-6 meses para manter cabeça femoral dentro do acetábulo, permitindo que o paciente tenha um quadril completamente normal. 6-18meses: redução fechada com ou sem tenotomia adutores e aparelho pelvepodálico Se o diagnóstico não for precoce, são necessários métodos cirúrgicos de redução do quadril, ou seja, inserir a cabeça do fêmur dentro da bacia e instalar um gesso pelvipodálico. 18-30meses (fase deambulativa): redução aberta com tenotomia, aparelho gessado e/ou osteotomia acetabular (Salter) Se o paciente já caminhou, deve ser feita a redução da cabeça do fêmur no centro cirúrgico por via aberta, ou seja, abrir uma incisão para colocar a cabeça do fêmur de maneira aberta dentro do quadril, e manter uma parte engessada. Às vezes com osteotomia acetabular, ou seja, pode ser necessário cortar o osso para redirecionar o acetábulo. > 30meses: redução aberta com osteotomias acetabular e/ou femorais (varizante e derrotatória) Em geral, após os 30 meses, o prognóstico é muito ruim, sendo necessária a cirurgia de redução, inserção do acetábulo e rotação do fêmur - portanto, quanto mais tardio o diagnóstico, pior o prognóstico do paciente. ● Pé torto congênito É uma deformidade tridimensional do pé, no qual há equino + cavo + varo do pé, cujo diagnóstico deve ser precoce - de preferência, o paciente deve sair da maternidade já com um aparelho gessado seguindo a técnica de Ponseti. TRATAMENTO Portanto, o tratamento é feito com a técnica de Ponseti consiste em uma sequência de troca gessada, que faz uma correção sequenciada das deformidades através da troca sequenciada de tala gessada a cada 02 semanas com resultado positivo em até 95% dos casos. ● Necrose asséptica da cabeça do fêmur Com relação ao quadril adulto, uma doença muito prevalente é a necrose asséptica da cabeça femoral que acomete principalmente pacientes adultos jovens de 20-40 anos do gênero masculino. Os principais fatores de risco para necrose são abuso de álcool, uso de corticoide (principalmente em altas doses), hemoglobinopatias (como anemia falciforme) e trauma. ● Lesão ligamentar do tornozelo Uma entorse do tornozelo na maioria das vezes ocorre em supinação, sendo que: - Talofibular anterior é lesado de 40-70% dos entorses O talofibular é um complexo ligamentar lateral que corresponde ao ligamento do tálus com a fíbula. - Fibulocalcâneo está lesado em 20% - Ligamento deltóide em 2,5% - Sindesmose em 1-10% O tratamento é conservador através do protocolo PRICE (proteção, repouso, gelo, compressão e elevação). ● Hálux valgo (joanete) É uma doença rara na população infantil, mas tem um componente genético familiar importante, sendo que a prevalência na população infantil é 2 mulheres: 1 homem, aumentando substancialmente na população adulta para 15 mulheres: 1 homem. - População infantil: ♀ 2 : 1 ♂ - Forma juvenil: herança autossômica dominante - População adulta: ♀ 15 : 1 ♂ Isto por conta do uso de calçados de bico fino ou calçados de câmara anterior estreita, que aumentam a deformidade do hálux emmulheres. 7 LA YA NE S ILV A Layane Silva ● Osteoporose TRATAMENTONÃO FARMACOLÓGICO - Boa nutrição geral - Adequada ingesta de cálcio - Adequado aporte de vitamina D (exposição ao sol - 15 minutos e suplementação dietética) - Exercícios físicos regulares - Evitar tabaco e álcool - Prevenção de quedas com a “Casa Segura” ● Doença de Paget Suspeitar de doença de Paget, no caso de paciente com baixa de acuidade auditiva, deformidades tipo arqueamento dos MMII, e queixa de calor e rubor de um dos membros. QUADROCLÍNICO - Dor, edema e calor local, pior à noite ou ao repouso - Crescimento ósseo - cabeça aumenta de tamanho - Deformidades (arqueamento, cifose) - Fraturas patológicas - Neuropatias compressivas (coluna e surdez) - ICC (hiperfluxo ósseo) ● Luxação glenoumeral Se o paciente tem história de acidente motociclístico com queda sobre o ombro e o sinal da dragona (proeminência do acrômio) sugere-se luxação glenoumeral (ombro) DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO Nesse caso é necessário solicitar radiografia (AP + perfil + axilar) que irá mostrar a incongruência entre cabeça umeral e glenóide por luxação gerando incapacidade funcional. Sempre que uma articulação está luxada é necessária a redução sob anestesia de maneira urgente com tração e contratração, que exige previamente uma radiografia e deve ser feita no centro cirúrgico - posteriormente é necessária uma radiografia pós-redução. ● Tendinopatia do ombro Omanguito rotador é um grupo muscular que abraça a cabeça umeral e a trás para dentro da glenóide, sendo importante para a estabilidade do ombro, é formado pelos seguintes músculos: ● Supraespinhal ● Infraespinhal ● Subescapular ● Redondo menor ● Bursa subacromial Bíceps braquial e quadríceps femoral não fazem parte do manguito rotador! ● Lesão do ligamento cruzado anteriorOmecanismo de trauma mais comum que leva a lesão de LCA é perna fixa ao solo + valgo do joelho + rotação externa do fêmur sobre a tíbia, 70% por trauma esportivo, predomínio do sexo masculino na segunda e terceira décadas de vida, mas mulheres que praticam os mesmo esportes tem 2-4 vezes mais risco de romper LCA - Estalido + hemartrose - 20-40% tem lesão de menisco 8
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