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Layane Silva REVISÃO - ESPECIALIDADES CIRÚRGICAS ● Anatomia do olho 1. Bulbo do olho Contém o aparelho óptico, ocupa a porção anterior da órbita, suspenso por 6 músculos extrínsecos e aparelho suspensor da fáscia, diâmetro de 25 mm. Tem 3 túnicas + tecido conjuntivo frouxo que o sustenta na órbita, composta pela cápsula de Tenon e túnica conjuntiva. Espaço episcleral: lâmina de tecido conjuntivo frouxo entre cápsula de Tenon e túnica externa, facilita os movimentos. a. Túnica fibrosa Camada externa: esclera e córnea Esclera: opaca, resistente, cobre os ⅚ posteriores, inserção dos músculos extrínsecos e intrínsecos, sua parte anterior é visível pela túnica conjuntiva (parte branca), avascular, formada por fibras colágenas, irrigada posteriormente pelo N. óptico, e faz parte do limbo (união entre córnea e esclera). - Episclera: mais externa (superficial), vascularizada. - Estroma: fibras de colágeno, cor branca pelo grau de hidratação de 65-70% (córnea desidratada = transparente). - Lâmina fusca: mais interna, adjacente à coróide, tem fibras colágenas e elásticas que ligam coróide à esclera, sendo inervada por nervos ciliares curtos e longos. Córnea: transparente, cobre ⅙ da parte anterior, maior convexidade, avascular e nutrida por leitos capilares periféricos, líquido lacrimal e HA, muito sensível ao toque, inervada pelo nervo oftálmico. Atua na proteção, transmissão e refração da luz formada por colágeno e sua transparência se deve ao arranjo de fibras colágenas do estroma, que exerce desidratação relativa pela bomba de íons do endotélio. Com os olhos fechados, a córnea muda o metabolismo para anaeróbico porque não entra o O2 do ar, ou seja, pela manhã, a córnea faz edema (aumenta espessura) que diminui a transparência. É formada por 05 camadas, de fora para dentro: - Epitélio: intensa renovação por 7 dias do interior para o exterior. - Camada de Bowman: similar a membrana basal. - Estroma: 90% da espessura e sua lesão gera leucoma. - Membrana de Descemet: similar a membrana basal. - Endotélio: 1 camada de 2500 células hexagonais, promove desidratação da córnea, não renovável. Limbo da córnea: ângulo entre interseção das curvaturas da esclera e córnea na junção corneoescleral, que é um círculo translúcido, cinza, 1 mm de largura que inclui alças capilares que nutrem a córnea avascular. b. Túnica vascular Camada intermediária, úvea ou trato uveal: coróide, corpo ciliar e íris. Coróide: marrom-avermelhada escura, entre esclera e retina, maior parte da túnica vascular, possui leito capilar extenso, adjacentes à camada fotossensível avascular da retina, que supre com oxigênio e nutriente. É ingurgitada com sangue, sendo responsável pelos reflexo vermelho, insere-se no estrato pigmentoso da retina e é contínua anteriormente com o corpo ciliar. Corpo ciliar: espessamento anular da camada posterior ao limbo da córnea, muscular e vascular, une coróide à íris (local de inserção da lente), contração ou relaxamento do músculo liso circular controlam o foco. Atua na produção do HA na câmara posterior que vai para a câmara anterior, funcionando como ralo de escoamento pela estrutura trabeculada (pérvia), saindo pelas veias episclerais, chegando ao seio cavernoso. Liga-se ao cristalino pela zônula (microfibrilas) a região da frente é preenchida pelo HA e pelo mecanismo de sincinesia (acomodação - convergência - miose). contração - relaxamento da zônula - convexidade - foco para perto (III NC). Processos ciliares: pregas na face interna do corpo ciliar que secretam HA, ocupa o segmento anterior à lente, ao ligamento suspensor e ao corpo ciliar. Íris: vascular, sobre a face anterior da lente, separa a câmara anterior da posterior, composta por tecido conjuntivo com células musculares, vasos sanguíneos e tecido pigmentar, é um diafragma contrátil fino com abertura central (pupila) para passar a luz. - M. esfíncter da pupila circular: estimulado pelo sistema parassimpático, diminui diâmetro (miose) - resposta imediata. - M. dilatador da pupila: sistema simpático aumenta o diâmetro (dilata) - resposta lenta. c. Túnica interna Camada interna: retina (partes óptica e não visual). Retina: camada neural sensitiva, formada por parte óptica e parte cega, possui 3 neurônios e células de sustentação, 1 Layane Silva suprida pela A. central da retina, exceto cones e bastonetes que recebem nutrientes da lâmina capilar da coróide. Divide-se em retina neurossensorial e epitélio pigmentar da retina (EPR) que converte o estímulo luminoso em impulso nervoso, formando a barreira hemato-retiniana (junções de oclusão de células endoteliais e EPR). - Parte óptica: sensível aos raios luminosos visuais e tem 2 estratos: nervoso (sensível a luz) e pigmentoso (células que reforçam a absorção da luz pela corióide para reduzir a dispersão da luz no bulbo), sua parte funcional termina anteriormente ao longo da ora serrata (margem posterior irregular do corpo ciliar). - Parte cega: continuação do estrato pigmentoso, camada de células de sustentação, estende-se sobre o corpo ciliar e face posterior da íris até a margem pupilar. - Fundo do olho: parte posterior do bulbo, focalizada na luz. - Disco do nervo óptico (papila óptica): área circular, onde as fibras sensitivas e vasos conduzidos pelo nervo óptico entram no bulbo, insensível à luz (ponto cego). - Mácula lútea: pequena área oval da retina com cones fotorreceptores especializada para acuidade visual, lateral ao disco do nervo óptico, possui fóvea (depressão central) - área de maior acuidade visual, mede 1,5 mm de diâmetro, e seu centro (fovéola) não tem rede capilar visível. 2. Câmaras/meios refrativos No trajeto até a retina, as ondas luminosas atravessam os meios refrativos: córnea, HA, lente e humor vítreo. Córnea: meio refrativo primário, desvia a luz no máximo grau, focalizando a imagem invertida sobre a retina fotossensível do fundo do bulbo. Humor aquoso: ocupa o segmento anterior, dividido pela íris e pupila, é solução aquosa transparente produzida pela câmara posterior pelos processos ciliares do corpo ciliar, composto por glicose, aminoácidos e O2 que fornece nutrientes para a córnea avascular e a lente. Após atravessar a pupila, chega à câmara anterior, drena pela rede trabecular no ângulo iridocorneal para o seio venoso da esclera (canal de Schlemm),e é retirado pelo plexo do limbo (rede de veias episclerais), que drenam para tributárias das veias vorticosas e ciliares anteriores. CP - CA - trabeculado - canal de Schlemm - veias episclerais Câmara anterior: espaço entre a córnea anteriormente e a íris/pupila posteriormente. Câmara posterior: situada entre a íris/pupila anteriormente e a lente e o corpo ciliar posteriormente. Pressão intraocular: equilíbrio entre produção e drenagem de HA. Lente: situa-se posterior à íris e anterior ao humor vítreo do corpo vítreo, cápsula biconvexa e transparente. - Cápsula: elástica, fixada pelas fibras zonulares (ligamento suspensor da lente) aos processos ciliares. Músculo ciliar: modifica o formato da lente, para focalização fina de objetos próximos ou distantes - sem estímulo, o diâmetro do anel muscular relaxa e fica maior; com estímulo parassimpático pelo N. oculomotor (III), ocorre contração (processo ativo de acomodação). - lente suspensa no anel sob tensão, periferia distendida, fica mais fina (menos convexa): coloca objetos mais distantes no foco. - lente relaxa, fica mais espessa (mais convexa): focaliza objetos próximos. - espessura aumenta com a idade e limita a capacidade de acomodação após os 40 anos. Humor vítreo: líquido aquoso contido na malha de fibrina do corpo vítreo, substância gelatinosa transparente nos ⅘ posteriores do bulbo, posterior à lente, dá passagem a luz e mantém a retina, sustentando a lente, composto por água (99%) + colágeno + ácido hialurônico. Câmara vítrea: espaço entre corpo ciliar e retina, composto pelo vítreo, fixado na ora serrata e disco óptico. - com a idade, o humor vítreo sofre liquefação e reduz volume formando bolsas volantes(descolamento vítreo posterior). 3. Músculos extrínsecos Movimentos do olho: rotações em torno dos 3 eixos: vertical, transversal e anteroposterior, que acomodam alterações na inclinação da cabeça. - Vertical: move a pupila em sentido medial ou lateral. - Transversal: move em sentido superior ou inferior. - Anteroposterior: move o polo superior do bulbo em sentido medial ou lateral. MÚSCULO INERVAÇÃO AÇÃO Levantador da pálpebra superior N. oculomotor (III), M. tarsal superior é suprido por fibras simpáticas Eleva a pálpebra superior 2 Layane Silva Oblíquo superior N. troclear (IV) Abduz, abaixa e gira Oblíquo inferior N. oculomotor (III) Abduz, eleva e gira lateralmente Reto superior Eleva, abduz e gira medialmente Reto inferior Abaixa, aduz e gira lateralmente Reto medial Aduz Reto lateral N. abducente Abduz O III par inerva a pupila (Mm. esfincterianos) para miose, inerva o corpo ciliar para acomodação e levar o foco para frente e inerva o reto medial, quando aproxima algo do rosto. Músculo levantador da pálpebra superior: se fixa à pele da pálpebra superior (superficial) e ao tarso superior (profunda), sofre a oposição da gravidade, antagoniza a ½ superior do M. orbicular, esfíncter da rima da pálpebras. Músculo tarsal superior: fibras musculares lisas na lâmina profunda da parte distal (palpebral) do músculo, faz alargamento adicional da rima das pálpebras. Músculos retos laterais: faz abdução que direciona o olhar para a lateral, coincidindo com os músculos RI (abaixamento) e RS (elevação). Músculo retos superior e inferior: chegam pela face medial e a linha de tração passa medial ao eixo vertical, fazem adução e estendem-se lateralmente, causa ao músculo RS rotação medial, e ao RI rotação lateral. Músculo reto medial: faz adução, direcionando o olhar medialmente, de modo que coincida com os tendões dos músculos OS (abaixamento) e OI (elevação). Músculo oblíquo inferior: principal rotador lateral, atua no abaixamento da pupila na posição aduzida. Músculo oblíquo superior: principal rotador medial, atua na elevação da pupila na posição aduzida. Aparelho de sustentação do bulbo: a bainha caliciforme estende-se posterior desde fórnices da conjuntiva até o nervo óptico e forma uma cavidade, perfurada pelos tendões dos Mm. extrínsecos, como fáscia muscular tubular. - Prolongamentos dos músculos retos medial e lateral: expansões triangulares das fáscias dos Mm. retos medial e lateral, fixadas ao lacrimal e ao zigomático, limitam a abdução e adução. - Ligamento suspensor do bulbo do olho: rede formada pelos ligamentos controladores e a fáscia dos Mm. reto inferior e oblíquo inferior. - Prolongamento inferior: retrai a pálpebra inferior quando o olhar é voltado para baixo. 4. Órbitas Cavidades ósseas na face, pirâmides quadrangulares ocas com bases voltadas para direção anterolateral e ápices posteromedial. As paredes mediais são separadas pelos seios etmoidais e partes superiores da cavidade nasal, são quase paralelas e as paredes laterais formam ângulo reto. Pálpebras: limitam as órbitas anteriormente e controlam a exposição da região anterior do bulbo. Músculos extrínsecos do olho: posicionam os bulbos dos olhos e levantam as pálpebras superiores. Nervos e vasos no trajeto para os bulbos e músculos. Fáscia orbital circundando os bulbos e os músculos. Túnica mucosa (conjuntiva): reveste as pálpebras, face anterior dos bulbos e aparelho lacrimal, que a lubrifica. O espaço nas órbitas é preenchido pelo corpo adiposo da órbita, formando sua matriz composta por: - Base: delimitada pela margem orbital que circunda o ádito orbital, protege o conteúdo e insere no septo orbital. - Parede superior (teto): parte orbital do frontal, separa a cavidade orbital da fossa anterior do crânio, asa menor do esfenóide próximo ao ápice da órbita, e fossa lacrimal que acomoda a glândula lacrimal. - Parede medial: lâmina orbital do etmóide, entalhada pelo sulco lacrimal e fossa do saco lacrimal, superior está a tróclea para o tendão do M. extrínseco do olho. - Parede inferior (assoalho): maxila, ossos zigomático e palatino, parte fina é compartilhada pela órbita e seio maxilar, inclina-se inferior até a margem orbital inferior. - Parede lateral: processo frontal do zigomático e asa maior do esfenóide, mais forte e mais espessa das 4. - Ápice: situa-se no canal óptico na asa menor do esfenóide medial à fissura orbital superior. Ossos das órbitas: frontal, zigomático, maxilar, lacrimal, etmóide, palatino e esfenóide. BLOW OUT: paredes mais finas da órbita são a média e inferior, por isso, há lesões mais comuns nessas regiões, 3 Layane Silva como fratura em blow out (explosão) - pelos vetores de força é mais comum fratura na parede inferior. CELULITE ORBITÁRIA: pode ocorrer por conta de sinusite crônica, principalmente de maxilar e etmoide, pelo aumento da pressão e rompimento dos seios nasais. 5. Pálpebras Pregas móveis cobertas por pele fina (externa) e túnica conjuntiva (interna), que ficam sobre o bulbo (anterior). Formadas por pele, cílios, M. orbicular, glândulas sudoríparas (Moll), seborreicas, de mucosa, lacrimais acessórias (Krause e Wolfring), placa tarsal (tecido conjuntivo denso), conjuntivo tarsal/palpebral, glândulas de Meibomius (componente lipídico do filme lacrimal). Atua na proteção do globo e secreção, distribuição e drenagem de lágrima pelo piscar (sentido lateral para medial, saindo pelos canais lacrimais superior e inferior). Túnica conjuntiva: delgada, transparente e inserida na esclera, tem vasos sanguíneos visíveis, aderente à periferia da córnea, formam fórnices superior e inferior. Saco da conjuntiva: espaço limitado pelas túnicas conjuntivas da pálpebra e bulbo, se abre através da rima das pálpebras, permite a movimentação das pálpebras sobre a superfície do bulbo. Tarsos superior e inferior: faixas de tecido conjuntivo denso fortalecidas pelas pálpebras, assim, o esfíncter da rima das pálpebras está no tecido conjuntivo superficial aos tarsos e profundamente à pele das pálpebras. Glândulas tarsais: produzem secreção lipídica que lubrifica margens das pálpebras e impede a aderência quando fecham - se a produção é excessiva, o líquido ultrapassa a barreira e desce como lágrimas. Cílios: estão nas margens das pálpebras, possuem glândulas ciliares, formam comissuras medial e lateral. Ligamento palpebral medial: localizado entre o nariz e ângulo medial, une os tarsos à margem medial da órbita, origina o M. orbicular do olho. Ligamento palpebral lateral: fixa o tarso à margem lateral da órbita, mas não garante inserção muscular. Septo orbital: membrana fibrosa que se estende dos tarsos até as margens da órbita, é contínuo com o periósteo, contém corpo adiposo da órbita, constitui a posterior do M. orbicular do olho. 6. Produção e drenagem lacrimal Glândula lacrimal: tem formato de amêndoa, 2 cm de comprimento, secreta líquido lacrimal - solução salina fisiológica aquosa que contém enzima bactericida lisozima, que umidifica e lubrifica as superfícies da conjuntiva e córnea e fornece nutrientes e O2 dissolvido. Glândulas lacrimais acessórias: podem estar na parte média da pálpebra ou ao longo dos fórnices superior ou inferior da conjuntiva. Dúctulos excretores: conduzem líquido lacrimal das glândulas lacrimais para o saco da conjuntiva. Canalículos lacrimais: começa no ponto lacrimal na papila lacrimal perto do ângulo medial e drenam líquido lacrimal do lago lacrimal (espaço triangular no ângulo medial, onde acumulam as lágrimas) para o saco lacrimal (parte superior dilatada do ducto lacrimonasal). Ducto lacrimonasal: conduz líquido lacrimal para meato nasal inferior (espaço abaixo da concha nasal inferior). Produção de líquido lacrimal é estimulada por impulsos parassimpáticos do NC VII, secretado por 8-12 dúctulos excretores que se abrem na parte lateral do fórnice superior da conjuntiva do saco conjuntival, flui inferior ao saco e, se a córnea resseca, o olho pisca, as pálpebras se aproximam de lateral a medial, deslocandouma película de líquido medialmente sobre a córnea. A ação capilar drena líquido para canalículos lacrimais pelos pontos lacrimais, já o M. orbicular, inserido no saco lacrimal, desloca o líquido para esse saco. O líquido drena para o meato nasal inferior da cavidade nasal pelo ducto lacrimonasal, flui posterior pelo assoalho da cavidade nasal para parte nasal da faringe e é engolido. Lágrima: - Camada lipídica: evita a evaporação - dá estabilidade ao filme lacrimal; mais superficial, formada pelas glândulas Meibomius e Zeis. - Camada aquosa: nutrição e oxigenação da córnea; intermediária e maior, é formada pelas glândulas lacrimais principais e acessórias. - Camada mucina: umidificação da superfície ocular - permite transição pois a córnea tem caráter lipofílico; mais interna, formada por mucina células de Menz e caliciformes. Inervação: (1) fibras secretomotoras parassimpáticas pré-ganglionares saem do N. facial pelo N. petroso maior e depois pelo N. do canal pterigóideo até o gânglio pterigopalatino; (2) fibras simpáticas pós-ganglionares vasoconstritoras, trazidas do gânglio cervical superior pelo 4 Layane Silva plexo carótico interno e N. petroso profundo, unem-se às fibras parassimpáticas para formar o nervo do canal pterigóideo e atravessar o gânglio pterigopalatino; (3) ramo comunicante terminal do N. zigomático leva 2 tipos de fibras para o ramo lacrimal do N. oftálmico. 7. Conjuntiva Mucosa que reveste parte posterior das pálpebras e superfície anterior do olho até a córnea, para no limbo palpebral (transição entre esclera e córnea). Atua na proteção, movimentação do globo e superfície lisa de contato com a córnea e é aderida ao globo ocular e fórnice. O epitélio é formado por células caliciformes que atuam na produção da camada mucosa da pálpebra, e a inervação sensorial é feita pelo V par. 8. Cristalino De fora para dentro, possui pupila, câmara posterior, zônula, corpo ciliar, cápsula (membrana basal, está para fora pois possui antigenicidade) e epitélio do cristalino. Cápsula: membrana basal da camada epitelial (mais espessa anterior); Epitélio subcapsular: anterior e equatorial; Fibras do cristalino: células do epitélio diferenciadas (ausência de núcleo e organelas) - as células epiteliais perdem o núcleo e o formato e viram fibras que serão mais comprimidas (mais antigas ficam no núcleo do cristalino e = mais novas ficam no córtex). Córtex: fibras mais jovens Núcleo: fibras mais antigas, mais denso 9. Inervação Nervos sensitivos transmitem impulsos gerados por estímulos ópticos, são extensões anteriores pares do prosencéfalo e tratos de fibras do SNC com neurônios de 2a ordem. Começam na lâmina cribriforme da esclera, onde as fibras nervosas amielínicas perfuram a esclera e tornam-se mielínicas, posterior ao disco óptico. Sensorial (V - trigêmeo): origina a inervação sensorial, dividido em 3 ramos: (1) oftálmico, inerva o globo ocular. Motora (III, IV e VI): atravessam a fissura orbital superior e suprem os músculos oculares: nervos oculomotor (NC III); troclear (NC IV) e abducente (NC VI). Nervo oftálmico: 3 ramos terminais atravessam a fissura orbital superior e suprem estruturas da parte anterior da órbita, face e couro cabeludo. Nervos ciliares curtos: originam-se do gânglio ciliar, ramos do NC V1, conduzem fibras parassimpáticas e simpáticas para corpo ciliar e íris, fibras aferentes do nervo nasociliar que atravessam o gânglio, e fibras simpáticas pós-ganglionares. Nervos ciliares longos: ramos do nervo nasociliar (NC V1) seguem até o bulbo, conduzem fibras simpáticas pós-ganglionares para o M. dilatador da pupila e fibras aferentes da íris e da córnea. Nervos ciliares longos: ramos do nervo nasociliar que se origina na órbita, saem por aberturas na parede medial da órbita para suprir a túnica mucosa dos seios esfenoidal e etmoidal e as cavidades nasais. CALÁZIO X HORDÉOLO: calázio é obstrução da glândula de meibomius, comum, diferentemente do hordéolo, não é infeccioso, similar a um cisto pois há fechamento da glândula que deixa de produzir secreção, mas não está infectado, então dispensa ATB, o tratamento são compressa morna abundante e higiene dos cílios, para que se tiver blefarite (excesso de secreção sebácea), isso não fique impactando as glândulas que estão na borda da pálpebra. ● Erros de refração 1. Luz Luz visível é forma de energia radiante, tem comprimentos de onda (390-760 nm), pode gerar estímulo visual nos fotorreceptores retinianos. Os raios de luz se propagam retilíneos, de modo independente, podem ser: paralelos, convergentes ou divergentes. Princípios ópticos: a luz se propaga separando 2 meios ópticos pode sofrer 3 tipos de fenômenos: reflexão, absorção ou refração. - Índice de refração: constante da relação entre seno do ângulo de incidência e do ângulo de refração, é a relação da velocidade de propagação entre 2 meios. Lentes esféricas são meios transparentes limitados por superfícies curvas ou plano-curvas: convergentes (+) e divergentes (-) - cuja vergência é medida pela distância focal em metros e é o poder que cada lente tem de mudar a trajetória dos raios luminosos (Dioptria = 1/Foco). - Eixo principal: raio de curvatura, centro óptico e foco. - Raio de curvatura: raio da circunferência da lente. - Centro óptico: porção central da lente. - Foco: ½ do raio de curvatura. 5 Layane Silva Em lentes esféricas, os raios podem (1) incidir no centro óptico e não mudar, (2) incidir paralelo e passar pelo foco, e (3) incidir sobre o foco e emergir paralelo. - Lentes + (objeto do infinito ao foco): real e invertida. - Lentes + (objeto depois do foco): virtual e direta. - Lentes - (objeto depois do foco): virtual e direta. 2. Olho e seus componentes Destacam-se córnea (valor refrativo mais elevado), cristalino e diâmetro axial ocular. 3. Epidemiologia É uma das principais causas de baixa visão no mundo. Uma pessoa que tem visão de 20/200 até 20/60 no melhor olho com a melhor correção tem baixa visão (subnormal). Uma pessoa com acuidade visual de 20/400 no melhor olho com a melhor correção é legalmente cego, portanto, uma pessoa não precisa ser amaurótica (sem percepção da luz) para ser incluída no diagnóstico de cegueira. Causas reversíveis de cegueira: erros refrativos não corrigidos e catarata. O míope tem lente + no olho, ou seja, não precisa usar óculos para perto, já na presbiopia, o foco irá para trás, mas, como o olho do míope é grande, o foco não ultrapassa a retina. Causas irreversíveis de cegueira: glaucoma, DMRI e retinopatia diabética. 4. Refração Passagem da luz pelo nervo óptico (lágrima, córnea, HA, vítreo e retina), é a mudança na velocidade e direção do raio pela mudança do índice de refração. Emetropia: sem acomodação, recebe na fóvea (área central da retina) imagens nítidas de objetos no infinito, depende da relação entre o poder refrativo do segmento anterior (córnea e cristalino) e o diâmetro A-P do olho. Exame de refração ocular: medição do poder dióptrico necessário da lente que corrija a alteração refracional. Cicloplegia: paralisação temporária da acomodação (ação dos músculos ciliares), está indicada em exames de refração para resultado mais acurado. Teste bicromático: busca refinar o grau final da refração em casos de pequenas diferenças (0,50 D), baseia-se no princípio da decomposição da luz, visto que a luz vermelha sofre menor refração, e a luz violeta, maior. - Emetropia: ao olhar para tabela com fundo verde e vermelho, há a mesma percepção de nitidez para ambas. - Miopia: mais nitidez as letras no fundo vermelho. - Hipermetropia: mais nitidez as letras no fundo verde. Retinoscopia ou esquiascopia: exame objetivo para obter o grau refracional realizado com o retinoscópio + refrator manual (Green) ou a caixa de prova, projeta faixa de luz do retinoscópio no olho e observa características da imagem formada na pupila. - faixa e imagem movimentam-se no mesmo sentido: hipermetropia e miopia (< 2,00 D, adicionar lentes +). - faixa e imagem movimentam-se no sentido oposto:miopia (> 2,00 D, adicionar lentes -). - faixa produz imagem estática e há brilho pupilar: neutralização da ametropia. Lensômetro: mede o poder dióptrico de lentes corretivas. Refrator automático: fornece um resultado aproximado do erro refracional, que é refinado com exame subjetivo. Transposição de lentes: conversão de prescrição com cilindro + por - e vice-versa, deve-se somar a correção esférica e cilíndrica (modificar sinal e o valor do eixo). 5. Erros de refração Dificuldade de manter o foco do objeto na retina, porque os meios de refração estão descompensados em relação ao tamanho do olho, ou há alteração no tamanho do olho - miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia. a. Ametropia Condição em que o olho, sem acomodação, não recebe na fóvea, imagens nítidas de objetos situados no infinito. Miopia: objetos posicionados no infinito têm foco antes da retina - dificuldade de ver objetos distantes. - poder de refração excessivo no olho em relação ao diâmetro A-P. - diâmetro AP grande em relação ao poder de refração ocular. O paciente míope tem a visão para perto muito boa e grande (similar à uma lupa) pois o foco é formado antes da retina e aumenta a imagem, assim, ao corrigir a miopia, as imagens ficam menores. - Axial: simples ou patológica (miopia degenerativa), ocorre quando o olho é grande e o foco é formado antes da retina. - Refrativa: pode ser de curvatura (ceratocone) ou de índice (catarata nuclear, DM), não há olho alargado mas há alteração em nervos refrativos. Hipermetropia: objetos posicionados no infinito tem foco depois da retina - dificuldade em ver objetos próximos. 6 Layane Silva - poder de refração do olho reduzido em relação ao diâmetro A-P. - diâmetro A-P pequeno em relação ao poder de refração ocular. - Axial: simples. - Refrativa: de curvatura (córnea plana) ou de índice (catarata cortical) - enquanto a catarata nuclear puxa o foco para frente, a cortical dispersa e empurra o foco para trás, induzindo hipermetropia. - Afacia: ausência de cristalino, que causa redução do IR, o foco passa muito da retina e torna-se necessário o uso de óculos com alto grau de correção. Na hipermetropia há atuação do músculo ciliar e do cristalino promovendo acomodação visual. Na visão do hipermetrope para longe, sem acomodação, o foco está caindo fora da retina e a imagem fica turva, e quando acomoda, o foco volta para a retina. A partir de 5 anos, a capacidade de acomodação vai sendo perdida e o paciente com hipermetropia costuma ver bem de longe mas precisa de correção do cristalino e músculos ciliares para enxergar de perto. Até 5 anos, consegue manter até + 4,00 D durante o dia, de 5-10 anos, 3,00 D, de 10-15 anos, + 2,00 D, de 20-25 anos, + 1,00 D e de 25-35 anos, 0,50 D - quanto mais velho, menos os músculos toleram essa acomodação visual. Astigmatismo: os 2 meridianos da córnea e/ou cristalino tem curvaturas e poderes dióptricos diferentes, forma imagem distorcidas na fóvea - causa astenopia (cansaço visual), cefaléia e lacrimejamento. - Quanto à regularidade de cada córnea: Regular: meridianos estão perpendiculares entre si. Irregular: quando não estão perpendiculares entre si. - Quanto à posição do meridiano mais curvo da córnea: A-favor-da-regra: meridiano mais curvo está a 90º ± 15º. Contra-a-regra: meridiano mais curvo está a 180º ± 15º. Oblíquo: meridiano mais curvo está fora desses valores. - Quanto à posição do meridiano mais curvo em AO: Simétrico: ambos os meridianos são simétricos em relação à linha média, por exemplo, um meridiano mais curvo de um olho a 45º e o outro olho a 135º. Assimétrico: quando assimétricos em relação à linha média, por exemplo, um olho a 45º e o outro não a 135º. - Quanto ao estado refrativo de cada olho: Simples: um dos meridianos da córnea é emétrope e o perpendicular a ele é mais ou menos curvo. - Hipermetrópico simples: 1 dos focos na retina e 1 atrás da retina. - Miópico simples: 1 dos focos na retina e outro na frente da retina. Composto: os meridianos principais da córnea são amétropes desigualmente em valor. - Hipermetrópico composto: quando as imagens desses meridianos são formadas posteriormente à retina, ou seja, o foco se decompôs em 2 e ambos estão fora da retina. - Miópico composto: quando as imagens desses meridianos são formadas antes da retina, ou seja, os 2 focos estão simulando uma miopia. - Misto: ambos os meridianos são amétropes, um míope e outro hipermétrope, ou seja, um dos focos está atrás e outro na frente da retina. Conóide de Sturm: representação gráfica dos raios que atravessam um meio esferocilíndrico, cada meridiano tem seu foco e o intervalo entre eles é intervalo de Sturm. Cilindro cruzado: exame subjetivo que busca identificar o eixo e o poder do astigmatismo, é realizado em conjunto com refrator de Green ou com a caixa de prova. Avaliação de astigmatismo: há diferença de valores entre os eixos e/ou se a inclinação da imagem for diferente da faixa de luz, o eixo é encontrado quando: - se não houver somente diferença de valores entre os eixos, o eixo encontra-se a 90º ou a 180º - se há diferença de inclinação da imagem, pode-se obter os eixos principais inclinando-se a faixa de luz até posicioná-la paralela ao reflexo. 6. Correção da refração Uma lente são 2 prismas unidos pela base (convergente ou biconvexa, +) ou pelo ápice (côncava ou divergente, -). Lentes divergentes/-: 2 prismas unidos pelo ápice, empurram o foco para trás da retina, reduzem o tamanho dos objetos e corrigem a miopia - deve-se prescrever a lente com menor poder dióptrico com a melhor correção visual. Quando o raio passa pelo prisma, sofre refração paralelo à base e em direção a ela, ou seja, o foco vai para cima para depois convergir atrás, então corrige olhos grandes. Lentes convergentes/+: 2 prismas unidos pela base, puxam o foco para frente e aumentam o tamanho dos objetos, corrigindo a hipermetropia como uma lupa - deve-se 7 Layane Silva prescrever correção que permite acomodação residual sem sintomas e prescrever a lente de poder dióptrico que permita a melhor visão. O raio que passa pelo prisma é convergente porque vai paralelo a base e ele vai refratar em direção a base, então traz o foco de X para Y que é sempre mais perto, então vai corrigir olho pequeno. Lentes cilíndricas ou esfero-cilíndricas: 1 cilindro seccionado, modificam o foco para anteriormente ou posteriormente à retina e não interferem tanto no tamanho dos objetos, corrigindo o astigmatismo. Indicado conforme a classificação do astigmatismo: simples - lentes cilíndricas e composto - lentes tóricas (lentes esféricas + cilíndricas) - o eixo do cilindro da lente fica perpendicular ao meridiano que pretende corrigir. Equivalente esférico: valor da correção esférica simples que posiciona o círculo de menor confusão do conóide de Sturm sobre a retina, obtendo imagem mais nítida. Óculos: lentes corretivas que podem ser convergentes (+) para hipermetropia, divergentes (-) para miopia e cilíndricas para astigmatismo. Lentes de contato: rígidas e gelatinosas, indicada se: (1) altas ametropias, (2) anisometropias (diferença reacional entre os olhos), (3) astigmatismos irregulares, que não obteriam boa acuidade visual com óculos, (4) prática esportiva, e (5) finalidade estética. Cirurgia refrativa: aplicação de laser para remodelar a córnea, indicada se (1) intolerância ao uso de lentes de contato, (2) anisometropias importantes, (3) esportistas, e (4) finalidade estética. 7. Acomodação Capacidade do olho de focalizar na retina imagens de objetos em diferentes distâncias, conforme o objeto se aproxima do olho, o cristalino altera sua morfologia para manter a imagem focalizada na retina, a partir do cristalino, zônula e musculatura ciliar. Olho não acomodado: musculatura ciliar relaxada, zônula tensa e cristalino com curvatura menor. Olho acomodado: musculatura ciliar contraída, zônula relaxada e cristalino com curvatura maior. - Ponto próximo de acomodação: posição em que um objeto mais pode se aproximar doolho mantendo nitidez, momento de máxima acomodação. - Ponto remoto: maior distância em que um objeto pode ser colocado mantendo nitidez, momento em que a acomodação está relaxada. - Amplitude de acomodação: variação máxima possível 8. Erros de acomodação Espasmo de acomodação: acomodação excessiva, faz com que a imagem formada na retina deixe de ser nítida, ocorre em jovens (< 30 anos), que usam a visão de perto por grandes períodos, causa flutuação da visão, cefaléia, desconforto visual e fotofobia - há ponto próximo de acomodação reduzido e fácil aceitação de lentes -. - Diagnóstico: refração sob cicloplegia. - Tratamento: (1) evitar uso da visão para perto por longo tempo, (2) “relaxar” a acomodação, olhando para longe, e (3) uso das lentes mais + que tolerar. Insuficiência de acomodação: redução/perda prematura da amplitude de acomodação, impossibilidade de manter, confortável e por algum tempo, a visão com nitidez para perto - causa desconforto visual, cefaléia após ler e incapacidade de manter o foco para perto. - Diagnóstico: mudança do ponto próximo de acomodação. - Causas: falta de iluminação em ambiente de trabalho/leitura e/ou doenças sistêmicas (anemia, DM, neuropatias, etc) ou oculares (catarata, uveíte, etc.). - Manejo: exame refracional de constatação de melhora nas condições de iluminação (se necessário) e, se preciso, investigação de enfermidades sistêmicas. Presbiopia: perda gradual e fisiológica da capacidade de acomodação que inicia aos 40 anos pela diminuição da elasticidade do cristalino - causa dificuldade de ver claramente objetos próximos, fadiga aos esforços visuais e dificuldade de leitura em ambientes menos iluminados. Corrigida com lentes multifocais - progressivas pois tem aumento progressivo do grau de cima para baixo (leitura, mais forte, puxa o objeto para retina) - ou bifocais. Quando o paciente já usa óculos para correção de erros refrativos pré-existentes, lentes + são “adicionadas”, para isso serão usados óculos para leitura ou associados como lentes bifocais ou multifocais. Conforme a idade, orientar valor da correção, em média adição de 0,50 D (distância de leitura que é igual a 33 cm - pela fórmula de divergência D = 100/F) a cada 5 anos a partir dos 40 anos até 3,00 D (65 anos). 8 Layane Silva ● Catarata 1. Definição Perda da transparência do cristalino, impedindo que os feixes de luz cheguem à retina, onde serão percebidos pelos fotorreceptores. Opacificação da lente intraocular natural que mantém o foco na retina, que deixa de ser cristalina/transparente e tem uma opalescência. Perda visual é progressiva, de velocidade variável, imprevisível e ininterrupta, causa diminuição da visão que depende do tipo e da severidade da catarata. 2. Epidemiologia Principal causa de cegueira reversível no mundo, seu tratamento cirúrgico é um dos procedimentos oftalmológicos mais frequentemente realizados. 3. Fisiopatologia Cristalino é um disco transparente biconvexo constituído por cápsula, epitélio subcapsular, fibras do cristalino, córtex (fibras mais jovens) e núcleo (mais antigas). Cápsula é a estrutura mais externa seguida do epitélio que, no equador, sofre modificação, perde o núcleo e gera fibras cristalinianas, produzidas ininterruptamente, e provocam aumento do diâmetro A-P com a idade. As fibras são antigênicas, e com o tempo chegam ao centro, formando e delimitando o núcleo, que é impenetrável, exceto nutrientes. O cristalino está atrás da íris, separando a câmara vítrea do segmento anterior, sustentado pelas fibras zonulares, que o conectam com corpo ciliar, atua no relaxamento e contração para focalização das imagens sobre a retina. Na catarata, há opacificação e redução progressiva da elasticidade e sua capacidade de acomodação. 4. Fatores de risco É um processo natural de envelhecimento, mas pode ocorrer durante todo o desenvolvimento do cristalino. A cegueira depende da exposição solar (quanto mais exposição, maior a chance de ter catarata), nível socioeconômico (quanto maior o nível, menor a prevalência de catarata) e local onde vive. Fatores de risco: idade, doença ocular prévia, tabagismo, comorbidade (DM), exposição UV e trauma ocular. 5. Sinais e sintomas Curso insidioso, progressivo, bilateral e assimétrico, causa turvação visual, redução da acuidade e sensibilidade ao contraste (cores pálidas e sem vida), mudança na percepção de cor, ofuscamento ou glare (pontos de luz dispersos e ofuscados) e fotofobia - não melhorando com a correção refracional adequada. 6. Classificação anatômica Classificação LOCKS: divide em nuclear, cortical e subcapsular posterior (mais comuns) - pode haver catarata subcapsular anterior, congênita ou traumática. Catarata subcapsular: opacificação entre córtex e cápsula do cristalino, situada abaixo do saco capsular, mais comum na interface posterior do cristalino. - Catarata subcapsular anterior: está sob a cápsula e associada à metaplasia fibrosa do epitélio do cristalino. - Catarata subcapsular posterior: está à frente da cápsula posterior, aparência granular ou em placas, podem ter vacúolos - células epiteliais do cristalino edemaciadas migratórias (vesiculares ou Wedl). Pacientes são incomodados por clarões e os sintomas aumentam na miose, que restringe a visão apenas ao ponto da catarata - relacionada ao uso de corticóides. Catarata nuclear esclerótica: exacerbação da mudança normal do envelhecimento localizada no núcleo do cristalino, forma um círculo mais denso, tem progressão lenta, associada à miopia pelo aumento do IR do núcleo. É a “segunda visão dos idosos” pois alguns pacientes idosos passam a ser capazes de enxergar sem óculos, pois o aumento do IR e do diâmetro A-P com a idade age como lente +, puxando o foco para frente (miopização). Há mudança na coloração do cristalino que torna-se amarelado, alaranjado, castanho e em estágios mais avançados, acinzentado. Catarata cortical: envolve córtex anterior, posterior ou equatorial, as opacidades começam como fendas e vacúolos entre as fibras do cristalino pela hidratação cortical, inicia no quadrante nasal inferior e tornam-se cuneiformes típicas - há ofuscamento ou glare. 9 Layane Silva Córtex torna-se esbranquiçado, e, em estágios avançados, a superfície do cristalino torna-se branca, causando bloqueio intenso da passagem da luz, depois a região cortical perde consistência, liquefazendo-se. - Catarata em árvore de Natal: rara caracterizada por formações policromáticas, semelhantes a agulhas, no córtex profundo e núcleo. Catarata traumática: causa mais comum de catarata unilateral em jovens, incluem trauma penetrante, trauma contuso, choque elétrico, radiação infravermelha e exposição à radiação ionizante. Catarata em doenças sistêmicas: - DM: hiperglicemia causa eleva glicose no HA, que se difunde para o cristalino, onde a glicose é metabolizada em sorbitol, e se acumula no cristalino, resultando na super-hidratação osmótica secundária. Pode afetar o IR do cristalino, com variação da refração de acordo com o nível de glicose no plasma, causa miopia. Há vacúolos de fluido corticais que evoluem para opacidades corticais em flocos de neve causando catarata diabética clássica. - Distrofia miotônica: opacidades corticais iridescentes finas aos 30 anos que evoluem para opacidades corticais e subcapsulares em cunha visualmente incapacitantes, conformação tipo estrela. - Dermatite atópica: desenvolvem catarata entre 20-40 anos, bilateral e com rápido amadurecimento formando densa placa subcapsular anterior em forma de escudo que enruga a cápsula anterior. - Neurofibromatose tipo 2: catarata precoce com opacidades subcapsulares posteriores ou capsulares, corticais ou mistas. Catarata secundária a doença ocular primária: - Uveíte anterior crônica: relacionado a inflamação e uso de esteróides tópicos e sistêmicos, causa brilho policromático no polo posterior do cristalino e, se persistir, desenvolvem-se opacidades posteriores e anteriores. - Fechamento angular congestivo agudo: opacidades subcapsulares ou capsulares,cinza-esbranquiçado anteriores, glaukomflecken na área pupilar, que são infartos focais do epitélio do cristalino. - Alta miopia: opacidade do cristalino subcapsular posterior e esclerose nuclear de início precoce. - Distrofias hereditárias do fundo de olho: retinite pigmentosa, amaurose congênita de Leber, atrofia girata e síndrome de Stickler, formam opacidades subcapsulares posteriores e anteriores do cristalino. Catarata congênita: nasce ou desenvolve catarata até os 2 anos (posterior a isso, catarata infantil), causas mais comuns de cegueira tratável na infância, diagnosticada pelo teste do reflexo vermelho e exame oftalmológico. Ocorre em 3 em cada 10.000 nascidos vivos, ⅔ são bilaterais, ½ tem causa identificável e ⅓ são esporádicos. Etiologias: herança autossômica dominante (mais comum), anormalidades cromossômicas (síndrome de Down), doenças metabólicas (galactosemia, DM) e infecções intrauterinas (rubéola). A determinação no recém-nascido da significância visual da opacidade do cristalino baseia-se na aparência do reflexo vermelho e na qualidade da visibilidade do fundo, e o diagnóstico deve ser precoce pelo risco de ambliopia. Condição na qual o olho não consegue melhorar a visão mesmo com correção - baixa visão funcional pode ou não ser secundária ao desenvolvimento visual correto. Assim, ele não recebe as informações adequadas no olho pela opacidade e o cérebro não fortalece conexões neuronais por informações imprecisas e não "aprende a enxergar". - Tratamento: lensectomia com vitrectomia anterior envolve capsulorrexe anterior, aspiração da matéria do cristalino, capsulorrexe da cápsula posterior, vitrectomia anterior limitada e implantação de LIO. - Cataratas densas bilaterais: cirurgia entre 4-10 semanas para prevenir ambliopia. - Cataratas parciais bilaterais: podem não necessitar de cirurgia. - Cataratas densas unilaterais: cirurgia urgente. - Cataratas parciais unilaterai: podem ser observadas ou tratadas sem cirurgia. 7. Classificação quanto à maturidade da catarata Catarata imatura: cristalino parcialmente opaco. Catarata madura: cristalino completamente opaco. Catarata hipermadura: cápsula anterior contraída e pregueada pelo vazamento de água do cristalino. Catarata morganiana: hipermadura cuja liquefação do córtex permitiu o afundamento inferior do núcleo. 8. Diagnóstico Clínico, há diminuição da acuidade visual, distorção, embaçamento, perda do brilho e cores (“visão amarela”), confirma-se com o exame oftalmológico que inicia com aferição da acuidade visual, que está diminuída. 10 Layane Silva Biomicroscopia: imagem mais densa entre as fendas (1a fenda está na córnea e a 2a está na cápsula anterior). 9. Tratamento Há conduta expectante para aguardar evolução quando não há impacto da visão, ou remoção cirúrgica do cristalino - são extraídos núcleo, córtex e cristalino, mantém apenas a cápsula, na qual será implantada LIO. - Facectomia extracapsular com implante secundário de LIO: incisão córneo-escleral, penetração na câmara anterior, abertura na cápsula anterior do cristalino (capsulotomia), através da qual o núcleo será deslocado e extraído por inteiro do olho e implante da LIO. - Facoemulsificação: redução do tamanho da incisão corneana para 3,0mm (minimamente invasiva) e fragmentação do núcleo e córtex, com aspiração das partículas lisadas dentro do saco capsular, e a LIO de diâmetro menor e material flexível é implantada pela mesma abertura. Indicação cirúrgica: quando há risco potencial e irreversível à visão, como nos glaucomas secundários ao aumento do cristalino (glaucoma facomórfico) ou por liberação de partículas cristalinianas no HA (glaucoma facolítico), ocasionando inflamação e elevação da PIO. Se há aumento da PIO, secundária à catarata, quando não controlada pelo uso de medicações hipotensoras.. Lente intraocular: tem parte óptica (elemento refrator central) e parte háptica (braços ou alças permanecem em contato com estruturas oculares periféricas para centralizar a óptica). O valor da LIO é calculado no pré-operatório, busca aproximar o sistema óptico do indivíduo em um sistema equilibrado entre córnea e cristalino, ou seja, tentar neutralizar erros refracionais prévios à cirurgia. A acomodação não será possível, pois a LIO é uma lente estática, incapaz de relaxar ou contrair para mudar poder dióptrico e focalizar objetos em diferentes distâncias. Facoemulsificação: método-padrão de extração de catarata, utiliza o facoemulsificador, composto por bomba de irrigação e aspiração contínua que é controlada por pedal e acoplado a sistema de ultrassom. Essa "caneta" tem via de irrigação, de aspiração e de emissão de energia ultrassônica no olho, que são úteis para alcançar o cristalino, quebrar e aspirá-lo para fora. - são feitas 2 incisões, 1 acessória (1,5 mm) e 1 principal (2,7 mm). - coloca-se posteriormente uma substância viscoelástica para proteger o endotélio e ganhar espaço na câmara anterior; - retira-se posteriormente a cápsula anterior (mantendo o córtex e núcleo); - injetar o soro abaixo da cápsula, para que a cápsula descole do córtex pela hidrodissecção; - o cirurgião deve manter o chopper na mão esquerda e a caneta de facoemulsificação na mão direita, para quebrar o núcleo e conquistar os fragmentos pisando no pedal direito, responsável por irrigar, aspirar e emulsificar até que não tenha fragmentos; - o resto do córtex se torna mais aderido à cápsula, deve-se manter a aspiração e irrigação; - coloca-se o visco elástico e logo depois a lente para corrigir a ametropia; - fecha-se com a hidratação porque as incisões são auto-selantes. 10. Complicações intraoperatórias Rotura da cápsula posterior (RCP): pode haver perda de vítreo, migração posterior do material do cristalino e hemorragia expulsiva. - Sequelas: EMC, descolamento de retina, endoftalmite, deslocamento superior da pupila, uveíte, toque vítreo, síndrome do pavio do vítreo, glaucoma e descolamento posterior da LIO. - Sinais: súbito aprofundamento ou achatamento da câmara anterior e dilatação momentânea da pupila, núcleo desaparece e não pode ser abordado pela ponta de faco, vítreo aspirado para ponta de faco manifesta-se com desaceleração da aspiração, e cápsula rasgada ou vítreo podem ser visíveis. - Conduta: colocar lente de 3 peças no corpo ciliar. Perda posterior de fragmentos do cristalino: queda de fragmentos de material do cristalino para cavidade vítrea após deiscência zonular ou ruptura da cápsula posterior, é rara mas grave, pode causar glaucoma, uveíte crônica, descolamento de retina ou EMC crônico. 11. Complicações tardias Opacificação de cápsula posterior: causada pela proliferação de células epiteliais do cristalino que tenham permanecido no interior do saco capsular após extração da catarata causando agravamento persistente e lento de opacificação, brilho e diplopia monocular. 11 Layane Silva Edema macular cistóide (EMC): leve e transitório, mais frequente após cirurgia complicada e tem pico de incidência em 6-10 semanas, há edema secundário à inflamação que causa visão turva e distorção. Descolamento da retina: incomum, os fatores de risco são degeneração em paliçada, ruptura da retina e alta miopia. Endoftalmite aguda: infecção intraocular aguda na qual as toxinas produzidas pelas bactérias infecciosas (90% gram-positivas) e a resposta inflamatória do hospedeiro causam danos rápidos e irreversíveis dos fotorreceptores. As fontes de infecção são flora das pálpebras, conjuntiva, contaminação das incisões, soluções e instrumentos, ar ambiente ou a equipe. - Fatores de risco: RCP, tempo de procedimento prolongado, procedimento combinado, incisão corneana sem sutura, vazamento da incisão no 1o dia PO, atraso da ATBterapia tópica pós-operatória até o dia seguinte à cirurgia, anestesia tópica, doenças dos anexos oculares e DM. - Profilaxia: instilação de 5% de iodopovidona nos fórnices conjuntivais, deixando-o atuar por > 3 minutos antes da cirurgia, ressutura precoce da incisão em vazamento e revisão da prática cirúrgica pessoalpara eliminar elementos de potencial risco. - Aspectos clínicos: dor, vermelhidão, perda de visão, edema palpebral, quemose, hiperemia conjuntival, secreção, defeito pupilar aferente, turvação da córnea e exsudato fibrinoso e hipópio, vitreíte e inflamação vítrea grave e detritos. Endoftalmite tardia: organismo de baixa virulência fica encarcerado no saco capsular (endoftalmite sacular) causa deterioração visual progressiva leve e indolor com presença de corpos flutuantes. Deslocamento posterior da LIO: queda da LIO para cavidade vítrea é rara, ocorre por deiscência da cápsula posterior, ou, em um olho com anexos zonulares frágeis, por deslocamento do saco capsular. - Complicações: hemorragia vítrea, descolamento da retina, uveíte e EMC crônico. - Tratamento: vitrectomia via pars plana com remoção da LIO e seu reposicionamento ou substituição a depender da extensão do apoio capsular. Ceratopatia bolhosa: descompensação da córnea após o sofrimento do epitélio no procedimento cirúrgico causado pelas ondas de ultrassom. 12. Urgências Facolítico: glaucoma de ângulo aberto, está associado à catarata hipermadura ou morganiana, na qual proteínas do cristalino bloqueiam a drenagem do HA, assim, o núcleo do cristalino que é mais denso vai para baixo e adquire aspecto amarronzado. O córtex está liquefeito, pois as proteínas já saíram da cápsula e se depositam na malha trabecular para obstruir a drenagem de HA. Facoanafilático: glaucoma de ângulo aberto, a malha trabecular está aberta e é possível observar estruturas, ocorre por reação granulomatosa autoimune contra proteínas do cristalino após ruptura da cápsula anterior. Facomórfico: glaucoma de ângulo fechado, pois a intumescência da catarata bloqueia a pupila e fecha o ângulo de drenagem, ou seja, o cristalino fica tão grande que a catarata alcança a pupila e obstrui a drenagem do HA. A produção do HA continua mas não há via de escoamento, o que deixa a íris bojuda e obstrui o trabeculado, além de aumentar a PIO o que impede que o endotélio ative a bomba de Na-K para realizar a deturgescência da córnea, que fica edemaciada e perde a transparência. ● Glaucoma 1. Definição Segunda causa de cegueira irreversível no mundo e a principal causa de cegueira em negros, destaca-se: glaucoma primário de ângulo aberto, primário de ângulo fechado, congênito e de desenvolvimento e secundários. A forma mais comum é o glaucoma primário de ângulo aberto ocorre 2-4% da população > 40 anos, com a tríade: (1) aumento da PIO, (2) alteração típica do nervo óptico, e (3) defeito de campo visual correspondente. 2. Fatores de risco Inclui idade > 40 anos, história familiar (principalmente irmãos), miopia, raça negra (tem esclera mais fina e mais suscetível a lesões), uso de corticoides (associado a glaucomas secundários) e paquimetria fina (espessura da córnea fina, muda a PIO, dá uma estimativa da pressão menor - pacientes < 520 podem estar dentro de uma faixa de normalidade falsa). Atualmente considera-se que a PIO é o principal fator de risco para desenvolvimento do glaucoma, mas nem todo glaucoma terá pressão aumentada. 3. Fisiopatologia Neuropatia óptica, progressiva, multifatorial, associada a alterações anatômicas do nervo óptico e correspondente funcional no campo visual. O nervo óptico evolui com o 12 Layane Silva tempo, aumentando a escavação até chegar ao glaucoma avançado, há degeneração progressiva das células ganglionares da retina. 4. Nervo óptico É o II par, tem 1,5 mm e formado pelas projeções dos axônios das células ganglionares da retina. Possui 1 camada do epitélio pigmentado da retina, seguido dos neurônios das vias ópticas, que tem 4 neurônios, 1o são cones e bastonetes, fotorreceptores que transformam a informação de luz em impulso elétrico e projeta por sinapses até o córtex occipital. As células fotorreceptoras fazem sinapses com as células bipolares que são o 2o neurônio, que fazem sinapses com células ganglionares da retina, que vão projetar longos axônios formando o nervo óptico. O glaucoma é a “morte” dessas células ganglionares. Segmentação anatômica: cabeça, rima neural, e escavação (região mais interna, central e esbranquiçada, é o local da papila da cabeça do nervo óptico no qual não há passagem de axônios das células ganglionares). A ausência de escavação é um quadro de “disco cheio” porque a papila é muito pequena e há 1,2 milhão de nervos que precisam passar por ela - já a escavação aumentada, não tem glaucoma porque o nervo é grande e esses 1,2 milhão de nervos irão passar por ele. Regra ISNT: de acordo com a posição do nervo, os axônios estão entrando em um padrão que a rima inferior deve ser maior do que a superior, que é maior do que a nasal, que é maior do que a temporal. - I: inferior - S: superior - N: nasal - T: temporal Se há quebra no padrão, a escavação começa a ficar maior no sentido vertical e é um sinal de alerta, porque as células ganglionares maiores são as dos sentidos inferior e superior, mais susceptíveis ao dano glaucomatoso. 5. PIO Pressão no olho, não está relacionada com a sistêmica, advém de equilíbrio entre produção do HA e o seu escoamento. Há aumento da PIO se houver produção aumentada do HA ou se a drenagem não está ocorrendo - bloqueio pupilar, bloqueio do ângulo (“fecha o ralo”). A medida da PIO depende da espessura corneana, sendo hipoestimada em córneas mais finas e hiperestimadas nas mais espessas - a PIO tem grande flutuação, com picos entre 05:30h e 07:00h em posição supina. - Valor médio PIO: 10-21 mmHg. Aumento da PIO leva à compressão mecânica do nervo óptico, bloqueando o fluxo axoplasmático e cortando a conexão com o corpo geniculado lateral, o que leva à morte as células ganglionares da retina. Drenagem: ocorre pelo trabeculado na junção da íris com a córnea - na gonioscopia, observa-se íris, córnea e estruturas do seio trabeculado, ângulo da câmara anterior e o trabeculado (mais pigmentada, escoa a maior parte do HA), parte será escoado pela base da íris através da via úveo-escleral. - Trabecular ou via convencional (80-95%): ângulo iridocorneano. - Via úveo-escleral ou alternativa (5-20%): raiz da íris e mm ciliar. 6. Classificação Define-se o glaucoma como ângulo aberto ou fechado pela posição no trabeculado, para isso deve-se visualizar pelo menos o esporão escleral, que está abaixo do trabeculado para definir como ângulo aberto, se não for possível visualizar o trabeculado é de ângulo fechado. Glaucoma primário: principal tipo, multifatorial, apenas sabe-se que o paciente possui neuropatia óptica. - Ângulo aberto: mais comum, principal, responsável por 90%, pode-se visualizar o trabeculado. - Ângulo fechado: mais agressivo, há dificuldade maior do fluxo glaucomatoso sair da câmara posterior, ir para a anterior e ser drenado no trabeculado, por vezes a íris toca na córnea, pois o “ralo está fechado” (trabeculado fechado), que pode gerar crise aguda. Glaucoma secundário: quadro com causa identificável, como trauma que evolui com aumento da PIO + lesão do nervo óptico - se houve trauma que causou aumento da PIO mas não foi suficiente para causar neuropatia, é um quadro de hipertensão ocular. Há pacientes que tem condição predisponente a fechar esse ângulo, pode ser feito iridotomia, na qual dispara-se um laser na íris para fazer um orifício para que essa pressão na câmara posterior e anterior fique equalizada - procedimento profilático em pacientes que tem glaucoma de ângulo fechado para evitar crise aguda. 13 Layane Silva 7. Quadro clínico GPAA e GPAF são assintomáticos, tem redução progressiva de campo visual e uma acuidade visual pouco afetada, campo visual se fecha da periferia para o centro (visão tubular, paciente é “cego” na lateral). Crise aguda por fechamento angular: há aumento abrupto da PIO (cerca de 60/70), dor ocular unilateral, cefaléia intensa, hiperemia ocular, redução da acuidade visual, náusea/vômito e presença de halos. - Fatores de risco: uso de antidepressivos, enxaqueca prévia (uso de topiramato). - Tratamento: colírioshipotensores tópicos, inibidores da anidrase carbônica oral (diamox - nome comercial), uso venoso do manitol 20% e encaminhar ao oftalmologista. 8. Diagnóstico A melhor forma é pelo exame do nervo óptico com o oftalmoscópio e a biomicroscopia, as alterações são: (1) “notch” entalhe (perda localizada do anel neuroretiniano), (2) hemorragia em chama de vela, (3) escavação vertical aumentada e (4) assimetria da relação E/D entre os 2 discos. - Perimetria (campo visual): avalia função visual, forma mais utilizada a perimetria branco/branco, necessidade de 50% de perda células ganglionares para surgir um discreto defeito de campo visual. - Tonometria (PIO): tonômetro de aplanação de Goldmann é o padrão ouro na medição da PIO, feito com colírio anestésico, fluoresceína e analisa valor da pressão. - Campo visual (dano funcional): avalia sensibilidade da retina, gera estímulos de luz em vários pontos da retina, e estima quais locais há sensibilidade reduzida. - Paquimetria (espessura da córnea); - Gonioscopia (tipo de glaucoma): define se o ângulo é aberto ou fechado. - OCT (dano anatômico): avalia dano estrutural e progressão da doença, e segmenta o nervo em: (1) superior, (2) inferior, (3) nasal e (4) temporal - regra ISNT. - Retinografia simples (documentação): fotografia do nervo durante a vida para documentar a progressão do glaucoma. 9. Propedêutica Avaliar o tamanho da escavação do disco através da visualização do disco óptico na oftalmoscopia. Divide-se o disco óptico subjetivamente em 10 partes, sendo que: - escavação < 0,5 provavelmente é normal. - escavação entre 0,6-0,7 é possivelmente anormal. - escavação > 0,7 provavelmente é anormal. Assimetria de escavação entre um olho e outro > 0,2 é muito provavelmente uma alteração glaucomatosa. - Curva tensional sem colírios: pressão ao longo do dia. 10. Tratamento Retarda a doença atingindo uma PIO alvo que é a pressão estimada para que a doença não progrida, calculada pela severidade da lesão glaucomatosa, idade, velocidade de progressão e expectativa de vida. Tratamento clínico: uso de colírios ou laser (trabeculoplastia) e cirurgia - são usadas drogas que (1) aumentam o escoamento do HA, como brimonidina, pilocarpina e prostaglandina (droga de primeira escolha na ausência de contraindicações), e (2) diminuem sua produção, como brimonidina, timolol e inibidores da anidrase carbônica, tópica ou sistêmica. - Análogos de prostaglandina (1a escolha): latanoprosta, travoprosta, bimatoprosta - aumenta a drenagem uveoescleral e tem efeitos colaterais locais (aumento dos cílios, pigmentação da íris e tecido periocular). - Betabloqueadores: maleato de timolol - reduz produção, não prescrever em asmáticos, DPOC e bloqueios cardíacos. - Inibidores da anidrase carbônica: dorzolamida, brinzolamida e acetazolamida (sistêmica) - tópico ou oral, reduz produção, contraindicado em alérgico a sulfonamidas. - Alfa-agonista: brimonidina - reduz produção e aumenta drenagem uveoescleral (dupla-via). Tratamento cirúrgico: trabeculectomia, que é uma fístula protegida, pode-se recorrer à colocação de implantes de drenagem, que levam o HA da camada anterior para o reservatório do implante situado no equador do olho. - perda de 24dB equivale à cegueira. Pode-se colocar um novo implante ou recorrer-se à destruição do corpo ciliar, que produz HA por “ciclos destrutivos” - ciclocriocoagulação, ciclofotocoagulação transescleral e endociclofotocoagulação. 11. Glaucoma em crianças 14 Layane Silva A criança nasce com glaucoma (congênito) ou desenvolve o glaucoma na primeira infância (infantil)ou desenvolve o glaucoma de forma mais tardia (juvenil). São mais agressivos, bilaterais, associados a disgenesias angulares (má formação do ângulo iridocorneano), tem membranas para fechar/diminuir as correntes. Há aumento grande da pressão formando o buftalmo (olho de boi) pois o olho é maleável, descompensação do endotélio, causando edema de córnea, fotofobia e o lacrimejamento que leva a blefaroespasmo (criança se recusa a abrir o olho). - Tratamento: (1) goniotomia, um instrumento que abre o ângulo ou (2) trabeculotomia, meio pelo qual se entra “por fora” e tenta romper a membrana. Nos glaucomas juvenis e congênitos há sensação de cura, mas o que perdeu de célula não é reconstituído, pois é formado por neurônios, evita-se a progressão da doença. ● Anatomia da orelha 1. Orelha Responsável pela audição e equilíbrio, sendo que a externa e média realizam a transferência de som para a interna. Orelha externa/Ouvido externo: formada pelo pavilhão auricular e meato acústico externo. Orelha média/Ouvido médio: espaço aéreo no qual estão localizados os ossículos da audição. Orelha interna/Ouvido interno: contém o labirinto membranáceo, tem como principais divisões o labirinto coclear e labirinto vestibular. Membrana timpânica separa a orelha externa da média e tuba auditiva conecta a orelha média à nasofaringe. (1) Ouvido externo e médio: pavilhão auricular, conduto auditivo interno, membrana timpânica, martelo, bigorna e estribo, tuba auditiva ou trompa de Eustáquio. (2) Ouvido interno: cóclea, faz parte do labirinto anterior e o posterior que é tem canais semicirculares e vestíbulo. 2. Orelha externa Há o pavilhão auricular (concha), que capta o som, e o meato acústico externo, que conduz o som até a membrana timpânica. Pavilhão auricular: placa irregular de cartilagem elástica coberta por pele formada por depressões e elevações: - Concha: depressão mais profunda; - Hélice: margem elevada da orelha. A cartilagem do pavilhão é contínua com a do meato acústico externo (conduto auditivo externo), ao movimentar o pavilhão, movimenta o conduto. - Lóbulo (não cartilagíneo): tecido fibroso e adiposo, ricamente vascularizado (A. temporal superficial e auricular posterior, ramos da carótida externa). - Trago: projeção linguiforme superposta ao poro acústico externo. - Irrigação arterial: Aa. auricular posterior e temporal superficial. - Inervação: (1) N. auricular magno que supre a face cranial (medial) e a parte posterior (hélice, antélice e lóbulo) da face lateral, (2) N. auriculotemporal, ramo do NC V3, supre a pele da parte anterior da face lateral da orelha externa, inclusive margem da concha, ramo da hélice e trago. - Drenagem linfática: (1) face lateral da ½ superior da orelha drena para os linfonodos parotídeos superficiais, (2) face cranial da ½ superior da orelha drena para os linfonodos mastóideos e linfonodos cervicais profundos e (3) o restante da orelha drena para os linfonodos cervicais superficiais. Meato acústico externo: canal sinuoso, que segue pela parte timpânica, ⅓ lateral, tem formato sigmóide, cartilagíneo e tem pele contínua com a do pavilhão e os ⅔ mediais ósseos, coberto por pele fina e contínua com a camada externa da membrana timpânica. - Porção cartilaginosa: glândulas ceruminosas e sebáceas no tecido subcutâneo produzem cerume. - Porção óssea: não tem glândulas/pelos. 3. Orelha média Câmara estreita e cheia de ar na parte petrosa do temporal, dividido em: (1) cavidade timpânica (interno à membrana timpânica) e (2) recesso epitimpânico (superior). Unida na parte anteromedial à parte nasal da faringe pela tuba auditiva e na parte posterossuperior às células mastóideas pelo antro mastóideo. Revestida por túnica mucosa que é contínua com o revestimento da tuba auditiva, células mastóideas e antro mastóideo. Composto por ossículos da audição (martelo, bigorna e estribo), músculos estapédio e tensor do tímpano, N. do corda do tímpano e plexo timpânico de nervos. Membrana timpânica: estrutura cinza-perolada, cônica, 1 cm de diâmetro, fina, semitransparente na extremidade medial do meato acústico externo, coberta por pele fina e túnica mucosa da orelha média. 15 Layane Silva A parte côncava voltada para o meato acústico externo e a convexa para ouvido médio (depressão central cônica rasa cujo pico é o umbigo da membrana timpânica). - Parte tensa: estrutura sem fibras, responsável pela audição tem 3 camadas (pele,fibras colágenas, mucosa do ouvido médio). - Parte flácida: membrana fina acima do processo lateral do martelo, forma a parede lateral do recesso superior da cavidade timpânica, tem 2 camadas (pele e mucosa). A membrana timpânica movimenta-se em resposta às vibrações do ar que atravessam o meato acústico externo, e são transmitidos pelos ossículos da audição pela orelha média até a interna. - Inervação: N. auriculotemporal (pele das paredes superior e anterior do meato acústico externo e ⅔ supero anteriores da face externa da membrana), ramo auricular do nervo vago (pele das paredes posterior e inferior do meato acústico e o ⅓ posteroinferior da membrana timpânica), e (3) N. glossofaríngeo (face interna da membrana timpânica). - Divisão: passando uma linha vertical e perpendicular ao martelo, há 4 quadrantes: ântero-inferior, ântero-superior, póstero-inferior, póstero-superior. Parede tegmental: tegme timpânico, separa a cavidade timpânica da dura-máter no assoalho da fossa média. Parede jugular: separa a cavidade timpânica do bulbo superior da veia jugular interna. Parede membranácea: convexidade em pico da membrana timpânica, formada superiormente pela parede óssea lateral do recesso epitimpânico. Parede labiríntica: separa a cavidade timpânica da orelha interna, tem o promontório da parede labiríntica (parte inicial da cóclea, janelas oval e redonda) que comunica com a orelha interna. Parede mastóidea: une a cavidade timpânica às células mastóideas. Parede carótida: separa a cavidade timpânica do canal carótico, na parte superior, abre a tuba auditiva e canal para o M. tensor do tímpano. Antro mastóideo: cavidade no processo mastóide do temporal, separado da fossa média do crânio pelo tegme timpânico, forma a parede tegmental das cavidades e faz parte do assoalho da parte lateral da fossa média. Tuba auditiva: comunica a cavidade timpânica à nasofaringe, onde se abre posteriormente ao meato nasal inferior, ⅓ posterolateral ósseo e o restante cartilagíneo, revestida por túnica mucosa contínua com a túnica da cavidade timpânica e com a da nasofaringe. - Ventilação: permite que o ar entre na rinofaringe para o ouvido médio. - Equalização das pressões: iguala a pressão na orelha média à pressão atmosférica, permitindo o livre movimento da membrana timpânica. - Proteção: tem porção óssea e cartilaginosa e um coxim de gordura, se mantém fechada e só abre na deglutição e bocejo, porque a musculatura abre parte cartilaginosa. Evita que algo suba para o ouvido médio - tem percurso ascendente, istmo estreito (entre porção cartilaginosa e óssea) e coluna de ar (formada quando abre). - Drenagem: pega qualquer secreção ou material do ouvido médio e joga para a rinofaringe. A criança tem problemas de ouvido médio (otites médias) com mais frequência que no adulto, pois a tuba auditiva porque ela é mais horizontalizada e mais curta. Músculo do tensor do tímpano: curto, surge da face superior da parte cartilagínea da tuba, asa maior do esfenóide e parte petrosa do temporal no processo cocleariforme, inserido na base do manúbrio, tensionando a membrana timpânica, reduzindo oscilações, suprido pelo N. mandibular. Músculo estapédio: pequeno, está no interior da eminência piramidal, seu tendão entra na cavidade timpânica emergindo do forame puntiforme, inserido no colo do estribo, tracionando-o posteriormente e inclina sua base na janela do vestíbulo, tensionando o ligamento anular, impedindo o movimento excessivo do estribo, suprido pelo nervo facial. Martelo: fixa-se à membrana timpânica, atua como alavanca com o mais longo de seus processos e o cabo. - Cabeça: arredondada e superior, situa-se no recesso epitimpânico, articula-se com a bigorna. - Colo: situa-se contra a parte flácida da membrana timpânica: a corda do tímpano, atravessa a face medial. - Cabo: inserido na membrana timpânica, com sua extremidade no umbigo - o martelo move-se com a membrana, o tendão do tensor do tímpano se insere no cabo perto do colo. Bigorna: localizada entre martelo e estribo e articula-se com eles, tem 1 corpo e 2 ramos. - Corpo grande: situa-se no recesso epitimpânico, onde se articula com a cabeça do martelo. 16 Layane Silva - Ramo longo: paralelo ao cabo do martelo, sua extremidade interna articula-se com o estribo pelo processo lenticular, uma projeção em direção medial. - Ramo curto: está unido por ligamento à parede posterior da cavidade timpânica. Estribo: menor ossículo, tem 1 cabeça, 2 ramos e 1 base. - Cabeça: voltada lateralmente, articula-se com bigorna. - Base: encaixa-se na janela do vestíbulo na parede medial da cavidade timpânica: base oval está fixada às margens da janela do vestíbulo, menor que a membrana timpânica, aumenta 10 vezes a força vibratória do estribo. Faz movimento de entrada e saída do líquido no ouvido interno, e ao se proteger de sons altos, o tensionamento dos músculos reduz a taxa de vibração, assim, a proteção associa-se à transmissão da vibração tímpano-ossicular. 4. Orelha interna Órgão vestibulococlear atua na recepção do som e mantém o equilíbrio, embutida na parte petrosa do temporal, formada por sacos e ductos do labirinto membranáceo. Estruturas são: janela oval, platina do estribo, janela redonda, vestíbulo, canais semicirculares (anterior, posterior e lateral). Labirinto ósseo: espaço cheio de líquido composto por cavidades (cóclea, vestíbulo e canais semicirculares) na cápsula ótica da parte petrosa do temporal. - Cóclea (labirinto anterior): parte em forma de concha do labirinto ósseo que contém ducto coclear, responsável pela audição, o canal espiral começa no vestíbulo e faz 2,5 voltas ao redor do modíolo. Contém canais para os vasos sanguíneos e distribuição dos ramos do nervo coclear, seu ápice está direcionado lateral, anterior e inferiormente como o eixo da membrana timpânica. A grande volta basal forma o promontório da parede labiríntica da cavidade timpânica, onde o labirinto ósseo comunica-se com o espaço subaracnóideo superior ao forame jugular pelo aqueduto da cóclea (janela da cóclea), fechada pela membrana timpânica secundária. - Vestíbulo (labirinto posterior): pequena câmara oval, contém utrículo, sáculo e labirinto vestibular, sua parede lateral tem a janela do vestíbulo ocupada pela base do estribo, há canais semicirculares e fossa posterior. O aqueduto estende-se até a face posterior da parte petrosa do temporal, onde se abre posterolateral ao meato acústico interno e passa o ducto endolinfático e 2 vasos sanguíneos. - Canais semicirculares: comunicam-se com o vestíbulo do labirinto ósseo, situam-se posterossuperiormente ao vestíbulo, forma ⅔ de círculo e tem 1,5 mm de diâmetro, exceto onde há a ampola óssea, alojados nos canais estão os ductos semicirculares. Labirinto membranáceo: sacos e ductos comunicantes que estão suspensos no labirinto ósseo, contém endolinfa, suspenso na perilinfa adjacente por filamentos ou ligamento espiral, que participam da estimulação dos órgãos de equilíbrio e audição. - Parte interna: endolinfa - líquido aquoso rico em K e pobre em Na (líquido intracelular). - Parte externa: perilinfa - líquido rico em Na e pobre em K (líquido extracelular). - Ligamento espiral: espessamento espiral do revestimento periosteal do canal da cóclea, fixa o ducto coclear ao canal espiral da cóclea, e o labirinto vestibular é suspenso por filamentos que atravessam a perilinfa. - Labirinto vestibular: equilíbrio, possui utrículo e sáculo (sacos comunicantes), ducto utriculossacular, 3 ductos semicirculares, e ducto endolinfático. - Ductos semicirculares: uma ampola que contém crista ampular, funciona como sensor de aceleração ou desaceleração rotacional da cabeça, registrando os movimentos da endolinfa, estimula o N. vestibular, cujos corpos estão nos gânglios vestibulares. - Ducto endolinfático: atravessa o aqueduto do vestíbulo e emerge pelo osso da fossa posterior, onde se expande o saco endolinfático (bolsa cega entre as 2 camadas da dura-máter na face posterior da parte petrosa do temporal, reservaexcesso de endolinfa formada pelos capilares sanguíneos no labirinto membranáceo). - Máculas do utrículo e sáculo: sensíveis à gravidade e aceleração linear ou desaceleração. - Labirinto coclear: audição, formado pelo ducto coclear ocupando o canal espiral. - Ducto coclear: tubo espiral, fechado em uma extremidade e triangular ao corte transversal, suspenso pelo canal coclear entre o ligamento espiral e a lâmina espiral óssea do modíolo. Meato acústico interno: canal estreito cujo poro acústico interno está na parte posteromedial, alinhado com meato acústico externo, seguem N. facial e vestibulococlear, que divide-se em N. coclear e vestibular. Audição: o som movimenta a membrana timpânica que movimenta os ossículos que movimentam líquidos do ouvido 17 Layane Silva interno. A audição se dá a partir da transmissão de um meio de baixa impedância (ar) para uma zona de alta dificuldade. 1. Ondas sonoras entram na orelha externa e causam vibração da membrana timpânica. 2. Vibrações iniciadas na membrana timpânica são transmitidas pelos ossículos e suas articulações. 3. A base do estribo vibra com maior força e menor amplitude na janela do vestíbulo. 4. Vibrações da base do estribo geram ondas de pressão na perilinfa da rampa do vestíbulo. 5. Ondas de pressão na rampa do vestíbulo deslocam a lâmina basilar do ducto coclear. - Ondas curtas (agudas) causam deslocamento perto da janela do vestíbulo. - Ondas mais longas (graves) causam deslocamento distante, perto do helicotrema, no ápice da cóclea. O movimento da lâmina basilar curva células pilosas do órgão espiral, libera neurotransmissor, que estimula potenciais de ação pelo N. coclear até o encéfalo. 6. Vibrações são transferidas pelo ducto coclear até a perilinfa da rampa do tímpano. 7. Ondas de pressão na perilinfa são dissipadas pela membrana timpânica secundária na janela da cóclea até o ar da cavidade timpânica. ● Otite externa 1. Otite externa difusa Também chamada de “orelha do nadador”. Inflamação difusa do conduto auditivo externo (CAE) que pode atingir o pavilhão auricular, tem início agudo, comum em locais quentes e úmidos. - Fatores de risco: orelhas traumatizadas por cotonóides e/ou introdução de objetos. - Fisiopatologia: lavagens excessivas removem a camada de cerúmen, elevando o pH e macerando a pele, causando acúmulo de restos epiteliais, que associado ao clima tropical, favorecem a proliferação de patógenos e infecção. - Etiologia: Pseudomonas aeruginosa, Proteus mirabilis, estreptococos e bacilos Gram-negativos - exceto se for furunculose, que é causada por Staphylococcus aureus. - Quadro clínico: otalgia e dor à manipulação do pavilhão auricular, hipoacusia pela presença de edema (dificuldade a passagem do ar e som), zumbido e otorreia densa. - Sinais: edema de conduto, hiperemia e secreção espessa com debris epiteliais. - Tratamento: limpeza adequada após regressão da inflamação em casos graves, evitando entrada de água no ouvido; analgesia com ATB tópico e oral (se edema ultrapassa os limites do conduto auditivo externo; corticoide tópico (em gotas ou curativos otológicos) e oral (se edema importante); proteção otológica (evitar molhar o ouvido). 2. Otite externa localizada Também chamada de otite externa circunscrita ou furunculose. Infecção do conjunto folículo piloso + glândula sebácea no ⅓ externo do conduto auditivo externo, que resulta da obstrução da unidade sebácea. - Etiologia: germes Gram-positivos, principalmente Staphylococcus aureus. - Quadro clínico: otalgia e dor à manipulação do pavilhão auricular e perda auditiva condutiva. - Sinais: edema circunscrito de conduto auditivo externo (bem localizado), hiperemia e flutuação local (“olho” do furúnculo). - Tratamento: limpeza; analgesia; calor local com compressas por 15 minutos de 3-4 vezes/dia; ATB e corticoide tópico na forma de curativos otológicos e cremes; ATB oral (primeira escolha) - se persistir, incisão e drenagem. 3. Otite externa necrosante Também chamada de otite externa maligna. Infecção que inicia no conduto auditivo externo e se dissemina para o osso temporal e ossos da base do crânio, tem caráter progressivo e potencialmente fatal. Acomete imunodeprimidos, idosos, insulinodependentes e pacientes submetidos a quimioterapia - atualmente possui menor morbimortalidade. - Complicações: pode envolver base do crânio por canais vasculares, fossa infratemporal, músculos, mastóide, parótida, ATM, pares cranianos VII, IX, X, XI e XII, ápice petroso - pode levar à trombose. - Fisiopatologia: inicia como otite externa normal e o microrganismo se instala na junção ósteo cartilaginosa, seguindo para o osso temporal, pode disseminar para fissuras de Santorini, forame estilomastoideo ou sutura tímpano mastoidea, causa osteíte e osteomielite (inflamação que destrói ossos) e necrose de tecidos moles. - Quadro clínico: otalgia e otorreia em imunocomprometidos, que não melhoram ao tratamento, evolui com piora da otalgia, cefaléia, dor em ATM, piora da otorreia (piossanguinolenta), hipoacusia, hiperemia e edema 18 Layane Silva de pavilhão - raramente febre e sinais de toxemia (não ocorre em imunocomprometidos pela ausência de mediadores inflamatórios e imunológicos). - Sinais: edema de conduto auditivo externo, hiperemia, tecido de granulação na junção osteocartilaginosa (pólipo), secreção fluida, sinais de mastoidite, trombose de seio sigmóide, abscesso cerebral e paralisia de nervos. O controle de cura é clínico, em casos mais graves, utilizar cintilografia. - Diagnóstico: história clínica, cultura com antibiograma (iniciar tratamento antes do resultado, que será usado para trocar o ATB se necessário), anatomopatológico para diferenciar de carcinoma, tomografia com contraste para avaliar acometimento ósseo e extensão, ressonância magnética para avaliar acometimento intracraniano e trombose de seios e grandes vasos e complicação de partes moles, exames laboratoriais (VHS e PCR), cintilografia com tecnécio e gálio para avaliar osteomielite. - Tratamento: ATB oral em dose maior do que a usual (se estágio avançado, solicitar internamento e ATB endovenoso), limpeza e retirada de tecidos desvitalizados por cauterização química (queima de tecido inflamatório) + curativos (1-2 vezes/semana) e cirurgia a depender do caso. ● Faringoamigdalites 1. Anatomia da faringe Tubo musculofibroso que se estende da base do crânio (inserida no tubérculo faríngeo do osso occipital e parte petrosa do osso temporal) até borda inferior da cartilagem cricóide. Posteriormente, sobre a superfície anterior do arco do atlas e do corpo das 5 vértebras cervicais com tecido conjuntivo (espaço retrofaríngeo). Avaliar palato duro e mole, úvula, arco palatoglosso (pilar anterior), arco palatofaríngeo (pilar posterior), parede posterior da orofaringe, língua, freio lingual, vestíbulo (entre a porção do lábio da bochecha e dente), mucosa jugal, assoalho de boca e laterais da língua. a. Nasofaringe Recebe abertura para cavidade nasal (cóano) e para o ouvido médio (tuba auditiva), tem mucosa revestida por epitélio colunar ciliado similar ao da cavidade nasal. Estende-se da base do crânio até o nível do velum, é larga posteriormente, e lateralmente forma os recessos faríngeos ou fosseta de Rosenmuller que contém o toro tubário, projeção do lábio posterior da abertura da tuba. - Prega salpingofaríngea: região abaixo do lábio posterior do toro tubário inserida no M. salpingofaríngeo. - Bursa faríngea: pequeno divertículo na linha média da parede posterior da faringe, resulta da adesão entre endoderma faríngeo e a notocorda (cisto de Thornwaldt). - Hipófise faríngea: saco de Rathke, acima e anterior à bursa, perto da articulação vomeroesfenoidal e profundamente à mucosa ou periósteo. b. Orofaringe Tem abertura para boca e laringe, tem epitélio estratificado escamoso. Sua parede anterior é formada pela superfície posterior do palato mole, as cavidades oral e faríngea são contínuas pelo istmo das fauces limitadas pelo palato mole, arcos palatinos, dorso da
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