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Prévia do material em texto

Linguística 
Básica
Leonardo Teixeira de 
Freitas Ribeiro Vilhagra
Unidade 1
Livro Didático 
Digital
Leonardo Teixeira de Freitas 
Ribeiro Vilhagra
Linguística Básica
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial 
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA
Autor 
LEONARDO TEIXEIRA DE FREITAS 
RIBEIRO VILHAGRA
O AUTOR
Leonardo Teixeira de Freitas Ribeiro Vilhagra
Olá. Meu nome é Leonardo Teixeira de Freitas Ribeiro Vilhagra. 
Sou formado em Letras Português pela Universidade Federal do Espírito 
Santo, tenho mestrado em Estudos Linguísticos pelo Programa de Pós-
Graduação em Estudos Linguísticos pela mesma instituição e também 
MBA em Gestão de Projetos e Equipes E-Learning pela UNIFCV (em 
formação). Possuo experiência técnico-profissional na área de ensino 
de Língua Portuguesa a mais de dez anos. Passei por escolas de ensino 
fundamental e médio, como a rede Salesiano, o Centro Missionário 
Agostiniano, o Centro de Ensino União dos Professores, COC, de pré-
vestibular, como o PUPT (Programa Universidade Para Todos), e no 
ensino superior, como a UFES e, atualmente, na Universidade Vila Velha 
no Espírito Santo. Sou apaixonado pelo que faço e adoro transmitir minha 
experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Fui 
convidado, por causa disso, pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco 
de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta 
fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo, tá bem? Desde já, eu 
desejo bons estudos a todos!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
INTRODUÇÃO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Breve percurso histórico da linguística ............................................. 12
Antiguidade Clássica até a Gramática de Port-Royal ........................................... 12
O Comparativismo Histórico .................................................................................................. 16
Os Neogramáticos ....................................................................................................................... 20
Saussure e o Estruturalismo ..................................................................................................22
Principais teorias linguísticas ................................................................ 25
Gerativismo ..........................................................................................................................................25
A Sociolinguística ............................................................................................................................28
Linguística Textual ......................................................................................................................... 30
Pragmática ...........................................................................................................................................33
Definição e o objeto da linguística ...................................................... 35
O objeto de pesquisa do Gerativismo .............................................................................37
O objeto de pesquisa da Sociolinguística .................................................................... 39
Objeto de pesquisa da Linguística Textual ................................................................... 41
Objeto de pesquisa da Pragmática ....................................................................................42
A linguística e as áreas de investigação e pesquisa ....................44
Áreas de pesquisa e de investigação do Gerativismo .........................................45
Áreas de pesquisa e investigação da Sociolinguística ....................................... 46
Área de pesquisa e investigação da Linguística Textual ................................... 48
Área de pesquisa e investigação da Pragmática .................................................... 50
9
UNIDADE
01
Linguística BásicaLinguística Básica
10
INTRODUÇÃO
Talvez um dos maiores fatores que nos diferenciam do restante dos 
animais é a linguagem. Independente da região, etnia, idade, religião etc., 
todos temos em comum a capacidade de nos comunicar, fato que não 
só nos permite viver em sociedade, como também nos possibilita fazer 
inúmeras ações complexas.
Diante disso, a fim de trazer possíveis respostas sobre o universo, 
nós te convidamos a adentrar à disciplina de Linguística Básica. Nela, 
veremos como se deu início aos primeiros estudos sobre a linguagem, 
quais foram os seus desdobramentos até ela atingir o nível de ciência 
independente, a qual desenvolveu várias linhas teóricas, juntamente com 
seus respectivos objetos de estudo e áreas de investigação.
Como você verá, a linguística está vinculada à inúmeros campos 
de atuação acadêmica e profissional também, como o ensino de línguas, 
a comunicação e afins. Bem, não vamos nos alongar mais, pois daremos 
espaço agora ao nosso conteúdo. 
Assim, desejamos a vocês um bom estudo e que este material 
seja uma excelente oportunidade de aprendizado em relação a esse 
fascinante mundo da linguagem. 
Linguística BásicaLinguística Básica
11
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso objetivo é auxiliar 
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o 
término desta etapa de estudos:
1. Contextualizar brevemente o percurso histórico da linguística;
2. Apresentar as principais teorias linguística;
3. Compreender a definição e o objeto da linguística;
4. Apresentar as áreas de investigação e de pesquisa da linguística;
Animado para conhecer mais sobre esse maravilhoso universo que é 
a Linguística? Então, ao trabalho! 
Linguística BásicaLinguística Básica
12
Breve percurso histórico da linguística
OBJETIVO:
 Ao concluir esta unidade, você será capaz de compreender 
a evolução da linguística enquanto ciência da linguagem, 
desde os primeiros estudos sobre a linguagem até as 
teorias linguísticas modernas, bem como compreender os 
vários objetos de pesquisa e suas áreas de investigação. 
Sentiu-se entusiasmado para aprender mais sobre isso? 
Então vamos estudar! 
Antiguidade Clássica até a Gramática de 
Port-Royal
O primeiro passo que inicia o percurso, mesmo que breve, da 
história da linguística não começa na sua emancipação enquanto ciência 
no início do século XX a partir de Ferdinand de Saussure. Na verdade, 
desde muito tempo atrás, o ser humano já se indagava acerca da natureza 
da linguagem. 
Assim, de acordo, com Lyons (2008) e Mattoso Câmara Jr. (1975), 
um dos principais marcos das primeiras investigações sobre a linguagem 
pode ser encontrada na obra “Crátilo”, de Platão. Nela, escrita a partir dos 
famosos diálogos platônicos, o filósofo apresenta uma discussão entre 
dois pensadores: Crátilo e Hermôgenes.
Basicamente, o primeiro argumentavaque as coisas possuem um 
nome natural, ao passo que o segundo defendia que isso não passava 
de uma convenção, por um acordo prévio (PLATÃO, 1973). Todavia, essas 
abordagens eram mais de cunho filosófico e metafísico. 
Essa abordagem filosófica impulsionou, na época, um estudo o qual 
se objetiva “[...] estabelecer uma relação entre linguagem e lógica, buscando 
sistematizar, através da observação das formas linguísticas, as leis de 
elaboração do raciocínio” (CUNHA, COSTA, MARTELOTTA, 2010, p. 25).
Linguística BásicaLinguística Básica
13
Dava-se início, portanto, as gramáticas tradicionais. Na visão de 
Lyons (2008, p. 21), 
Os gramáticos tradicionais se preocuparam mais ou menos 
exclusivamente com a linguagem literária, padrão; e tendiam 
a desconsiderar ou a condenar como “incorreto” o emprego 
de formas não consagradas ou coloquiais, tanto no falar como 
no escrever. Com frequência, deixavam de compreender que 
a linguagem padrão é, de um ponto de vista histórico, tão 
somente o dialeto regional ou social que adquiriu projeção, 
tornando-se o instrumento da administração, da educação e 
da literatura.
Assim, os estudos sobre a linguagem, por um bom tempo, ficou 
praticamente centrados na formulação das gramaticais, principalmente, 
as de caráter normativo.
IMPORTANTE:
Ao você ler normativo, associe-o com norma, ou seja, 
considerar um modo de se falar uma língua como 
paradigma, algo valorizado, correto e que deve ser seguido 
pelos usuários de um idioma.
Da antiguidade até a Idade Média, a maioria dos estudos gramaticais 
giravam em torno das línguas latinas e grega. Já na transição do medievo 
para a época moderna, começou o período da formação das nações 
europeias. Em virtude disso, as línguas nacionais também passaram a ser 
estudadas:
No Renascimento, começaram a surgir gramáticas das línguas 
vernáculas (Gramática de la lengua castellana, de Antonio de 
Nebrija, 1492; Gramática da linguagem portuguesa, de Fernão 
Linguística BásicaLinguística Básica
14
de Oliveira, 1536; a gramática de João de Barros, 1540), mas 
fortemente inspiradas nas gramáticas clássicas de até então 
(AZEVEDO, apud SPERANÇA-CRISCUOLO, 2014, p. 20).
Porém, em 1660, foi elaborada uma gramática a qual se diferenciou 
das anteriores. Com base no racionalismo francês e nas pesquisas de 
René Descartes, surgiu a Gramática de Port-Royal (Grammaire générale et 
raisonnée de Port-Royal).
Escrita por Antoine Arnauld e Claude Lancelot, essa gramática 
[...] representa um corte epistemológico e uma ruptura com o 
modelo latino. Surge como resposta às insatisfações com a 
gramática formal do Renascimento. Inicia-se a busca do rigor 
científico, na ruptura com o método das gramáticas anteriores 
(RANAURO, 2003, p. 253).
Isto é, em vez de se buscar analisar e estruturar uma forma ideal 
de se manifestar uma língua, esse estudo teoriza os princípios e normas 
ideais que regem todas as línguas, bem como explicar a associação 
entre linguagem e pensamento do ser humano, porém com uma postura 
científica ainda incipiente.
Linguística BásicaLinguística Básica
15
Figura - Gramática de Port-Royal
Fonte: https://epistemos.wordpress.com/2009/11/18/la-gramatica-de-port-royal/
Linguística BásicaLinguística Básica
https://epistemos.wordpress.com/2009/11/18/la-gramatica-de-port-royal/
16
Portanto, nesta primeira fase, os estudos sobre a linguagem, mas 
ainda não linguísticos, enfocaram o aspecto gramatical das línguas, 
objetivando descrever e apregoar as regras e normas de uma forma de se 
falar e de escrever uma língua.
REFLITA:
Aproveitando esse momento, convidamos você a refletir 
sobre uma questão: será que os estudos da gramática 
tradicional ainda existem nos dias de hoje? Se sim, são do 
mesmo jeito, ou apresentam formas diferentes?
O Comparativismo Histórico 
Até a gramática de Port-Royal no século XVII, os estudos da 
linguagem praticamente eram centrados nas formulações de gramáticas. 
Porém, gradativamente, houve uma mudança desse paradigma, porque, 
a partir do século XVIII, passou-se a estudar a evolução delas. 
Em 1768, Sir Willians Jones apresentou à Sociedade Asiática de 
Bengali um discurso denominado “On Hindus”, o qual era baseado em 
seus estudos sobre o sânscrito (LYONS, 2008).
VOCÊ SABIA?
Sânscrito é uma língua da região do Nepal e da Índia, além 
de ser empregada nos textos sagrados hindus.
Linguística BásicaLinguística Básica
17
Figura - Sir Willians Jones.
Fonte: Wikimedia Commons | VladiMens | Public domain
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Sir_William_Jones.jpg
SAIBA MAIS:
Se você quiser saber mais sobre Sir Willians Jones, 
sugerimos o seguinte link: https://royalasiaticsociety.org/
sir-william-jones-1746-1794/ 
A partir de seu discurso, Jones mostrou na época uma série de 
similaridades entre as línguas antigas, no caso, o latim, o grego, o persa 
e o próprio sânscrito. Tal descoberta não só trouxe um alvoroço na época 
por comprovar que existia um parentesco entre idiomas de diferentes 
continentes, como também revolucionou a maneira de se estudar as 
línguas e, por sua vez, os estudos da linguagem da época. 
De um modo geral, a pesquisa de Jones era baseada na 
observação de palavras de diferentes línguas a partir do seu nível fonético 
e morfológico, a fim de identificar semelhanças e diferenças ocorridas ao 
longo do tempo. 
Linguística BásicaLinguística Básica
https://royalasiaticsociety.org/sir-william-jones-1746-1794/
https://royalasiaticsociety.org/sir-william-jones-1746-1794/
18
RESUMINDO:
Em outras palavras, a pesquisa dele foi feita por meio de 
um método comparativo-histórico. 
Na visão de Weendwood (2002, p. 103), 
Concorda-se em geral que a mais extraordinária façanha dos 
estudos linguísticos do século XIX foi o desenvolvimento do 
método comparativo, que resultou num conjunto de princípios 
pelos quais as línguas poderiam ser sistematicamente 
comparadas no tocante a seus sistemas fonéticos, estrutura 
gramatical e vocabulário, de modo a demonstrar que eram 
“genealogicamente” aparentadas. 
Aproveitando ainda a fala de Weendwood (2002), queremos 
destacar outros desdobramentos causados pelo surgimento do método 
comparativo-histórico. Um deles é de que foi constatado que as línguas 
mudam de fato ao longo do tempo modo sistemático e também 
geográfico, independentemente dos seres humanos que as falam. 
Além disso, essas, por mudarem constantemente, tinham um caráter 
orgânico, característica advinda das influências do darwinismo da época. 
Outra consequência é a de pesquisadores da época se empenharem em 
procurar a chamada “proto-língua”, ou seja, a língua mãe a qual originou todas. 
Um exemplo desse tipo de investigação linguística pode ser 
encontrado em Lyons (2008, p. 145):
Linguística BásicaLinguística Básica
19
Figura - Exemplo de estudo linguístico a partir do método comparativo-histórico.
 Latim (L) Francês 
(F)
Italiano (I) Espanhol 
(E)
1 Coisa
Cabeça
Cavalo
Cantar
Cachorro
Cabra
Causa
Caput
Caballus
Cantaste
Canis
capra
Chose
Chef
Cheval
Chanter
Chien
Chevre
Cosa
Capo
Cavalo
Cantare
cane
Canecapra
Cosa
Cabo
Caballo
Cantar
 
cabra
2 Planta
Chave
Chuva
Planta
Clavis
Plavia
Plante
Clef
Pluic
Planta
Chiave
pioggiia
Llanta
Llave
llavia
3 Oito
Noite
Fato
Leite
Octo
Nos/
noctis
Factum
Lacte
Huit
Nuit
Fait
lait
Otto
Notte
Fato
Latte
Ocho
Noche
Hecho
leche
4 Filha
Formosa
Filsa
formosus
fille figlia Hija
hermoso
Fonte: Lyons (2008, p. 145).
Somado a isso, existiram outros pesquisadores de destaque na 
época os quais eram adeptos do método comparativo-histórico, como 
Friedrich Schlegel, August Schlegel, Ramus Rask, J. Adelung, Wilhelm 
Von Humboldt, August Schleicher, Hermann Steinthal. 
Por conseguinte, nesta segunda fase, os estudos da linguagem 
passaram a ter uma natureza filológica, ou seja, estudar o desenvolvimento 
de um idioma baseado em documentos históricos.Linguística BásicaLinguística Básica
20
Os Neogramáticos 
Já no final do século XIX, hegemonia dos estudos comparativos-
históricos nos estudos linguísticos encontrou o seu auge. Todavia, isso 
começou a mudar, principalmente, com o surgimento dos Neogramáticos.
Nas universidades alemãs, vários estudos sobre os idiomas 
germânicos e escandinavos começaram a aparecer, porém, diferentemente 
dos comparativistas - históricos, esses pesquisadores olhavam os idiomas 
fazendo um recorte temporal presente, isto é, as “línguas vivas atuais” 
(FARACO, 2005, p. 140), e não mais a partir da sua evolução. 
Somado a isso, esses também começaram a incluir fatores 
individuais dos falantes, a fim de observar quais são os aspectos que 
regulam as alterações nas línguas. Aliás, de todos os níveis de uma língua, 
o fonético é o mais sensível e que mais evidencia as mudanças em um 
idioma. Em virtude disso, os pesquisadores neogramáticos pesquisaram 
mais os aspectos sonoros do que os sintáticos, morfológicos etc. 
Acerca disso, Melo e Pimentel ( 2018, p. 500) afirmam que
Diferentemente dos estudos anteriores que buscavam chegar 
a uma língua comum, gênese das demais línguas, chamada 
de indo-europeia, os estudos neogramáticos buscavam dar 
ênfase nas línguas vivas e à investigação que ocasionam as 
mudanças. Fazendo correspondências sistemáticas entre as 
línguas para seus estudos.
Essa mudança de perspectiva trouxe uma visão distinta em relação 
aos comparativistas-históricos, conforme Faraco (2005, p. 141) atesta:
A linguística anterior, como ninguém pode negar, aproximava-
se de seu objeto de investigação , as línguas indo-europeias, 
sem ter previamente construído uma ideia clara de como a 
linguagem humana realmente vive e se desenvolve, que 
Linguística BásicaLinguística Básica
21
fatores operando em conjunto causam a progressão e a 
mudança da substância da fala.
Um dos principais marcos dos neogramáticos é a publicação do 
livro “As investigações morfológicas” (Morphologischen Untersuchungen), 
de Hermann Osthoff e Karl Brugmann, em 1879. 
Figura - Exemplo de estudo linguístico a partir do método comparativo-histórico.
Fonte: Bookdepository
Além de Osthoff e Brugmann, existiram outros pesquisadores 
neogramáticos de destaque, como Theodor Wilhelm Braune, Hermann 
Paul, Berthold Delbrück e Karl Verner.
Linguística BásicaLinguística Básica
https://www.bookdepository.com/Morphologische-Untersuchungen-auf-dem-Gebiete-der-indogermanischen-Sprachen-6-Set-Morphologische-Untersuchungen-auf-dem-Gebiete-der-indogermanischen-Sprachen-4-Hermann-Osthoff/9781108062985
22
Então, após um longo período referente aos estudos sobre a 
linguagem, os neogramáticos foram o último elemento que pavimentou 
a estrada que levou à Linguística a se tornar a ciência que estuda a 
linguagem, principalmente, através de Ferdinand de Saussure. 
Saussure e o Estruturalismo 
A linguística somente passou a ser uma ciência a partir de Ferdinand 
de Saussure, o qual recebeu a alcunha de pai da linguística moderna. 
Nascido em meados do séc. XIX em Genebra na Suíça, Saussure 
estudou física e química, mas também tinha uma formação humanística 
considerável, a qual o levou a se dedicar a diversas línguas, como o grego, 
latim e o sânscrito. Inclusive, o seu doutorado defendido na Universidade 
de Leipzig na Alemanha estava relacionado com o genitivo sânscrito. 
Figura - Ferdinand de Saussure
Fonte: Wikimedia Commons | Opencooper | Public Domain
Linguística BásicaLinguística Básica
23
Já no início do século XX, o mestre genebrino passou a dar aula de 
filologia na Universidade de Genebra. Em 1907, começou a ministrar temas 
sobre o que ele chamou de linguística geral, sendo que elas renderam ao 
pesquisador dois discípulos: Charles Bally e Albert Sechehauge. 
Infelizmente, de maneira precoce, Saussure morre aos 56 anos. 
Contudo, a partir das anotações de seus dois discípulos referentes às aulas 
de seu antigo professor, esses publicam a obra póstuma denominada 
“Curso de Linguística Geral” (Cours de Linguistique Générale). 
Figura - Curso de Linguística Geral
Fonte: Amazon
Desta forma, um dos importantes desdobramentos que a publicação 
do Curso trouxe foi de oficializar a linguística como ciência da linguagem, 
essencialmente, por meio da definição de dois elementos: o objeto de 
estudo e um método de pesquisa relacionado ao primeiro.
Na visão de Saussure, o objeto de estudo do linguista é a língua 
(langue), uma parte essencial da linguagem pela qual os seres humanos 
interagem uns com os outros. Portanto, é papel do linguista, segundo 
o mestre genebrino, de entender e descrever os [...] elementos coesos, 
Linguística BásicaLinguística Básica
24
inter-relacionados, que funcionam a partir de um conjunto de regras, 
[que constituem] uma organização, um sistema, uma estrutura (COSTA, 
2012, p. 114). 
IMPORTANTE:
Por causa disso, a primeira teoria da linguística enquanto 
ciência foi denominada Estruturalismo. 
Assim, com a delimitação da língua como objeto de estudo, 
Saussure também (2012) definiu uma série de pressupostos teórico-
metodológicos voltados à análise desse sistema - mais adiante, vamos 
nos aprofundar acerca disso. 
Nesse viés, é interessante destacar outras diferenças que a 
linguística a partir de Saussuere passou a ter em relação aos estudos da 
linguagem anteriores a ele. Inicialmente, os estudos pré-Saussure estavam 
vinculados e subjulgados diretamente a outras áreas do saber, como a 
Filosofia, a Filologia, a História etc. Por causa disso, os estudos sobre a 
linguagem não possuíam um objeto e um aporte teórico-metodológico 
próprio, estando, assim, em função de objetivos e de maneiras distintas 
de se pesquisar o que se pretendia. 
Em relação às diferenças entre os estudos sobre a linguagem e a 
linguística moderna, podemos apontar alguns exemplos disso. 
Durante a Grécia Antiga até a Era Moderna, período no qual as 
gramáticas eram muito estudadas, a meta era sistematizar as regras 
que regem uma língua e definir uma melhor forma de se falar/escrever 
tal idioma, diferentemente da proposta de Saussure que era analisar, 
compreender e descrever como o sistema de uma língua se comporta. 
Já no que diz respeito ao Comparativismo-Histórico, esse grupo 
tinham uma natureza filológica e privilegiavam a evolução históricas das 
línguas. Já a linguística do mestre genebrino propunha estudar a língua 
enquanto sistema, descartando esse olhar temporal.
Linguística BásicaLinguística Básica
25
Principais teorias linguísticas
Um dos principais motivos deste tópico estar no plural e não no 
singular se deve ao termo de Borges Neto (2004): a pluralidade teórica 
linguística. Segundo o autor, a linguagem é tão complexa e multifacetada, 
que uma teoria não dá conta de abarcar todos os fenômenos linguísticos.
Essa característica, porém, não faz a linguística uma área do 
conhecimento inferior, ou deficitária. Na verdade, segundo Cabral (2014, p. 88), 
“[...] isso é importante na medida em que dá ao pesquisador a liberdade de 
escolher seu objeto teórico – e favorece, também, o desenvolvimento da área”.
Pode-se afirmar que essa pluralidade começou depois da 
publicação do Curso de Linguística Geral. Ou seja, após o estabelecimento 
da linguística enquanto ciência, Segundo Wilson (2012), dois grandes 
polos de pesquisas linguísticas surgiram a partir da obra: O polo formalista 
e o funcionalista. 
O polo formalista deu ênfase à língua enquanto sistema, 
perpetuando e aprofundando os estudos saussurianos, como é o caso do 
Gerativismo. Já o polo funcionalista privilegiou a língua em uso, quando 
ela é aplicada em situações reais de comunicação. Alguns exemplos disso 
são a Sociolinguística, a Linguística Textual e a Pragmática.
Logo, considerando essa fala inicial, vamos discutir neste tópico as 
principais teorias linguísticas em voga não só no Brasil, mas também no 
mundo, apontando suas característicasbásicas e pesquisadores de destaque. 
Gerativismo
DEFINIÇÃO:
O Gerativismo é o ramo da linguística a qual objetiva 
explicar a maneira pela qual o ser humano, a partir de um 
conjunto de regras internalizadas em sua mente, consegue 
criar inúmeras sentenças e enunciados. 
Linguística BásicaLinguística Básica
26
Ele surgiu, a fim de contestar o Estruturalismo saussureano, o 
Distribucionalismo de Bloomfield e do Behaviorismo de Skinner. 
Logo, se você encontrar temas, como competência e desempenho 
linguístico, gramática gerativa, Dispositivo de Aquisição de Linguagem, 
princípios e parâmetros, esses fazem parte do interesse do Gerativismo.
O cerne dessa teoria linguística está intrinsecamente associada ao 
seu fundador: Noam Chomsky. Em 1957, quando lecionava no MIT nos 
EUA, Chomsky publicou o livro “Estruturas Sintáticas” (Syntactic Structures).
Figura - Noam Chomsky
Fonte: Wikimedia Commons | File Upload Bot (Magnus Manske) | CC BY 2.0 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Noam_Chomsky_Toronto_2011.jpg
Para Chomsky (1972), todos os seres humanos falam e entendem 
uma língua, pois existe um dispositivo inato presente em nossa mente, a 
faculdade da linguagem. Assim, todos nós temos internalizados em nossos 
cérebros um conjunto de regras e de normas as quais utilizamos para 
construir e gerar infinitas frases e sentenças. Por isso que é denominado 
Gerativismo.
Linguística BásicaLinguística Básica
27
Esse posicionamento de que a linguagem humana possui um 
caráter natural, na visão gerativista, pode parecer inconsistente, porém, 
conforme Kenedy (2010, p. 129) nos mostra, 
[...] excluindo-se os casos patológicos graves, todos os 
indivíduos humanos, de todas as raças , em qualquer condição 
social, em todas as regiões do planeta e em todos os tempos 
da história foram e são capazes de manifestar, ao cabo de 
alguns anos de vida e sem receber instrução explícita para 
tanto, uma competência linguística - a capacidade natural e 
inconsciente de produzir e entender frases.
Logo, devido a isso, Chomsky (1972) notou que existe um caráter 
universal da linguagem humana, a qual é regida por uma Gramática 
Universal (GU). Desta forma, com o intuito de descrever a GU, foi 
desenvolvido duas outras teorias, as chamadas Princípios e Parâmetros. 
Na visão de Kenedy (2010, p. 135),
As pesquisas da teoria de princípios e parâmetros foram 
e são desenvolvidas sobretudo na área da sintaxe, pois é 
exatamente nas estruturas sintáticas que mais evidentemente 
se percebem as grandes semelhanças entre todas as línguas 
do mundo, mesmo entre aquelas que não possuem nenhum 
parentesco.
Como bem atestou Kenedy (2010), em virtude dessa preocupação 
de investigar tais conjuntos de normas e regras de caráter universal, o 
Gerativismo acabou privilegiando o nível sintática da língua, pois é a partir 
dela que as diversas combinações entre palavras, frases, orações etc. 
são feitas, bem como os aspectos universais das línguas. Por sua vez, 
essa postura teórico-metodológica acabou não considerando elementos 
extralinguísticos, muito menos a heterogeneidade dos idiomas. 
Linguística BásicaLinguística Básica
28
A Sociolinguística
A Sociolinguística é o ramo da linguística que estuda a língua 
inseridas nas comunidades de fala, associando aspectos formais 
(elementos da própria língua) com fatores externos a ela (elementos 
sociais). Ela foi fruto das contribuições teóricas de Ferdinand de Saussure 
(Dicotomia Língua x Fala), de Antoine Meillet (Língua como fato social) e 
Bakhtin (Língua possui natureza ideológica).
Assim, ao você se deparar com os termos variação linguística, 
comunidades linguísticas, preconceito linguístico, contato linguístico, 
políticas linguísticas, fatalmente estarão relacionadas com esta área da 
linguística.
O principal nome da Sociolinguística é William Labov. 
SAIBA MAIS:
Caso queira ver um pouco acerca da vida de Labov, 
orientamos você a acessar o seguinte link https://www.
youtube.com/watch?v=xVqDqhZ6dt4
Figura - William Labov.
Fonte: https://omnia.sas.upenn.edu/story/william-labov-named-2013-franklin-institute-
laureate.
Linguística BásicaLinguística Básica
https://www.youtube.com/watch?v=xVqDqhZ6dt4
https://www.youtube.com/watch?v=xVqDqhZ6dt4
https://omnia.sas.upenn.edu/story/william-labov-named-2013-franklin-institute-laureate
https://omnia.sas.upenn.edu/story/william-labov-named-2013-franklin-institute-laureate
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A grande contribuição de Labov é que, além de praticamente 
fundar a Sociolinguística, ele propôs uma mudança de perspectiva das 
estruturas das línguas, principalmente, observando a questão da variação 
linguística. 
De acordo com o autor, as línguas não são homogêneas, pois elas 
são afetadas pelo fenômeno da variação, isto é, a existência de duas, 
ou mais formas de se manifestar uma unidade linguística (seja nos mais 
variados níveis, como o fonético, o morfológico, o sintático etc.) dentro de 
um mesmo idioma, denominada variantes (LABOV, 2008).
SAIBA MAIS:
Para aprofundar um pouco nessa discussão, sugerimos 
o vídeo “Variação linguística diversidade de usos da 
língua - não sou burro”. Fonte: https://www.youtube.com/
watch?v=TP3XZPWptN8
Assim, no que tange ao papel da Sociolinguística, Mollica (2008, p. 
11) afirma que ela pretende
[...] investigar o grau de estabilidade ou de mutabilidade da 
variação, diagnosticar as variáveis que têm efeito positivo ou 
negativo sobre a emergência dos usos linguísticos alternativos 
e prever seu comportamento regular e sistemático.
Somado a isso, essa vertente linguística também pode analisar a 
relação entre uma variante de prestígio e outra marginalizada, observando 
se existem propostas políticas associadas a elas, por exemplo, se nos 
currículos escolares elas são retratadas e ensinadas.
Linguística BásicaLinguística Básica
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Linguística Textual
DEFINIÇÃO:
A Linguística Textual é a vertente da linguística que estuda 
o texto, desde a sua concepção até a sua compreensão. 
Ela nasceu nos anos 60 na Europa, principalmente, na 
Alemanha, em resposta a uma série de questionamentos e 
de limites teóricos do Estruturalismo (ROCHA; SILVA, 2017). 
Logo, caso você se esbarre com algum tema envolvendo 
textualidade, coesão e coerência, intertextualidade, anáforas, 
referenciação, processamento textual, progressão textual, gênero textual, 
produção textual etc., com certeza estarão relacionados com a Linguística 
Textual.
Conforme falamos anteriormente, o desenvolvimento desse ramo 
da linguística está associado diretamente a estudos que vão além do 
sistema da língua do Estruturalismo. 
IMPORTANTE:
Neste contexto, ao falarmos “além do sistema da língua”, 
associe diretamente a texto, inclusive, vamos falar sobre ele 
mais adiante.
Assim, uma das obras que foi considerada balizar da Linguística 
Textual é a “Introdução à Linguística Textual” (Einführung in die textlinguistik) 
dos pesquisadores da universidade de Leipzig, Robert Beaugrande e 
Wolfang Dressler.
Linguística BásicaLinguística Básica
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Figura - Introdução à Linguística Textual (Einführung in die textlinguistik)
Fonte: Amazon
Uma das contribuições relevantes que os autores deram e que 
abriram espaço para a Linguística Textual está no conceito de texto 
produzido por eles. Segundo Beaugrande e Dressler (1983), o texto é uma 
unidade de sentido pela qual todos os seres humanos se comunicam, 
indo além de um amontoado de frases e palavras.
Porém, é importante ressaltar que, no caso dos autores anteriores, 
eles falam em texto no sentido estrito, pois, como Fávero (2009, p. 7),
Texto em sentido amplo, designando toda e qualquer 
manifestação da capacidade textual do ser humano (uma 
música, um filme, uma escultura, um poema, etc.) e, em se 
tratando de linguagem verbal, temos o discurso, atividade 
comunicativa de um sujeito, numa situação de comunicação 
Linguística BásicaLinguística Básica
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dada, englobando o conjunto de enunciados produzidospelo 
locutor (ou pelo locutor e interlocutor, no caso dos diálogos) e 
o evento de sua enunciação.
Desta forma, independente de sua extensão, seja uma linha, ou a 
Ilíada, o texto diz respeito mais a um fenômeno dinâmico, do que estático, 
uma vez que isso envolve tanto a produção dele, quanto a leitura e 
interpretação. 
Figuras - Poema “Amor / Humor” de Oswald de Andrade e a obra “Ilíada” de Homero
Fonte: Andrade (adaptado, 1991) e Amazon 
Inclusive, nessa perspectiva teórica, o texto se transforma não em 
um produto, mas sim em um processo por meio do qual os seres humanos 
se comunicam e os sentidos são construídos entre o(s) produtor(es) e o(s) 
leitor(es) do texto.
Linguística BásicaLinguística Básica
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Pragmática
DEFINIÇÃO:
A Pragmática é a vertente da linguística que pesquisa 
a língua em uso, envolvendo também a relação entre a 
interação social e os seus interlocutores. 
Ela surgiu como desdobramento dos estudos da Filosofia da 
Linguagem e também em resposta à falta de investigações sobre as 
manifestações individuais da linguagem humana em situações reais nas 
quais essa é empregada (WEEDWOOD, 2002). 
Logo, se você entrar em contato com temas como atos de fala, 
máximas conversacionais, implicatura conversacional, pressuposição e 
subentendido, princípios da comunicação, com certeza estará entrando 
também em contato com a Pragmática.
Essa vertente linguística foi fundada por John Austin, o qual é 
estudado e revisitado até hoje. 
Figura - Jonh Austin.
Fonte: Wikipedia 
Linguística BásicaLinguística Básica
34
Em 1962 na Inglaterra, Austin publicou o livro “Quando dizer é fazer” 
(How to Do Things with Words), dando início aos estudos pragmáticos. 
Ademais, a só pelo título da obra, já podemos compreender um pouco 
mais sobre a Pragmática. 
Para o autor, comunicar-se é um ato, isto é, os seres humanos, 
independente de sua origem, não se comunicam apenas empregando 
morfemas, palavras, frases, orações, mas também possuem intenções de 
agir sobre o outro, através do que ele chama de atos de fala (AUSTIN, 1962). 
Inclusive, através do desenvolvimento da Pragmática por meio de 
Austin, Wilson (2008) nos mostra que isso foi muito relevante, porque 
possibilitou que outros fatores pudessem também ser pesquisados da 
linguística, como o papel das convenções sociais, bem como a aplicação 
desses nos momentos comunicativos, as intenções dos interlocutores no 
momento da fala etc.
SAIBA MAIS:
Caso queira saber um pouco mais acerca dessa teoria 
linguística, nós te convidamos a assistir ao seguinte vídeo 
da professora Lúcia de Assis: https://www.youtube.com/
watch?v=WWahZ22J7OE.
Linguística BásicaLinguística Básica
https://www.youtube.com/watch?v=WWahZ22J7OE
https://www.youtube.com/watch?v=WWahZ22J7OE
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Definição e o objeto da linguística
Lembra-se de que, com a publicação de o Curso de Linguística 
Geral, a linguística passou a ser uma ciência, uma vez que ela passou a 
ter um método, como também elegeu um objeto de pesquisa próprio, no 
caso, a língua? 
Pois bem, neste tópico, vamos discutir acerca do objeto de estudo 
e, por sua vez, da possível definição da linguística enquanto área do 
conhecimento. 
Em primeiro lugar, vamos nos recordar qual é a definição de 
Saussure acerca da linguagem. Para ele, 
[...] a linguagem é multiforme e heteróclita; um cavaleiro de 
diferentes domínios, ao mesmo tempo física, fisiológica e psíquica, 
ela pertence além disso ao domínio individual e ao domínio social; 
não se deixa classificar em nenhuma categoria de fatos humanos, 
pois não se sabe como inferir sua unidade. (SAUSSURE, 2012, p. 17).
Assim, ela é muito ampla e diversa, atravessando inúmeros aspectos 
e níveis. Inclusive, vale ressaltar que tal afirmação é coerente, uma vez 
que existe a linguagem musical, a das artes plásticas e visuais etc.
Figura - A linguagem das artes plásticas e musical 
Fonte: Freepik
Linguística BásicaLinguística Básica
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Por causa disso, o mestre genebrino nos alerta que 
Mas o que é a língua? Para nós, ela não se confunde com a 
linguagem; é somente uma parte determinada, essencial dela, 
indubitavelmente. É, ao mesmo tempo, um produto social 
da faculdade de linguagem e um produto de convenções 
necessárias, adotadas pelo corpo social para permitir o exercício 
desta faculdade nos indivíduos (SAUSSURE, 2012, p. 17).
Desta forma, o objeto da linguística é estudar a linguagem humana 
em seu caráter verbal, isto é, a língua. 
DEFINIÇÃO:
Esse fato nos leva a uma possível definição da linguística: 
A Linguística Pura de Saussure é constituída 
por todas as manifestações da língua humana, 
sem considerar apenas a linguagem correta, 
mas sim todas as expressões” (SILVA; CASTRO, 
2017, p. 36).
Dialogando com as pesquisadoras anteriores, Martinet complementa 
a definição, dizendo que
A linguística é o estudo científico da linguagem humana. Diz-
se que um estudo é científico quando se baseia na observação 
dos fatos e se abstém de propor qualquer escolha entre tais 
fatos, em nome de certos princípios estéticos ou morais. 
‘Científico’ opõe-se a ‘prescritivo’. No caso da linguística, 
importa especialmente insistir no caráter científico e não 
prescritivo do estudo (MARTINET, 1978, 11). 
Linguística BásicaLinguística Básica
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É por isso que é atribuído a paternidade da linguística enquanto 
ciência a Saussure e não aos estudos sobre a linguagem antes dele, como 
é o caso das gramáticas gregas e dos neogramáticos, os quais buscavam 
estudar uma língua e prescrever uma forma ideal e tida como correta, 
muito menos aos comparativistas-históricos cujo objetivo era descrever e 
comparar idiomas ao longo do tempo, mas em um viés filológico.
Porém, devemos nos lembrar que a linguística é uma ciência 
relativamente nova, com pouco mais de 100 anos. E, desde a sua 
fundação, o seu objeto de estudo foi se expandindo, à medida que outras 
teorias foram sendo desenvolvidas.
IMPORTANTE:
Sobre esse fato, é relevante nos recordarmos da fala de 
Cabral (2014, p. 88) no que diz respeito à pluralidade de 
teorias linguísticas:
É de suma importância que cada vez mais teorias façam 
parte da linguística, para que cada recorte feito possa ser 
aprofundado, abdicando do todo, mas detendo-se com 
atenção especial a sua teoria e seu respectivo objeto.
Cada teoria linguística, portanto, acaba criando um novo recorte de 
pesquisa em relação à vasta e plurifacetada linguagem humana. 
Aliás, ficou curioso para saber como isso é feito? Então veja os 
tópicos que virão a seguir: 
O objeto de pesquisa do Gerativismo
O Gerativismo, como você viu anteriormente, pesquisa a capacidade 
humana de gerar e entender uma língua a partir do viés inatista, isto é, 
tirando os casos patológicos, todos nascemos com uma aptidão natural 
de falar uma língua. 
Linguística BásicaLinguística Básica
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Considerando isso, segundo Vitral (1992, p. 69) o Gerativismo, 
[...] vai se ocupar, privilegiadamente, da sintaxe das línguas, 
mas não é a sintaxe das línguas seu objeto de estudo. A 
sintaxe das línguas é apenas um meio para se descrever uma 
entidade teórica chamada de Gramática Universal. Este é o 
objeto de estudo da Gramática Gerativa.
Com o intuito de detalhar a Gramática Universal, foram desenvolvidos 
outros dois conceitos, os princípios e os parâmetros. Assim, todos esses 
elementos estão ligados ao objeto de estudo do Gerativismo.
A fim de ilustrar melhor tal objeto, vamos empregar o exemplo do 
termo sintático sujeito.
1. Carlos saiu agora
2. Charles left new
A sentença (1) é da língua portuguesa e a sentença (2) é da língua 
inglesa.
A segunda é a tradução da primeira. Contudo, observem que, 
sintaticamente, ambas são iguais, isto é, estão ordenadas a partir do 
sujeito > verbo> complementos.
Agora, notem o outro exemplo:
3. Gabriela falou que vai se casar
4. Gabriela said that she is going to get married
Novamente, a sentença (3) é da língua portuguesae a sentença (4) é 
da língua inglesa, sendo que a segunda é a tradução da primeira. Todavia, 
notem que a segunda oração na sentença (3) possui o sujeito oculto (que 
vai se casar). 
Linguística BásicaLinguística Básica
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Já em (4), a segunda oração possui sujeito manifestado por meio 
do pronome “she” (she is going…). Isso se deve, porque, na língua inglesa, 
sempre deve haver a manifestação do sujeito. 
Em função disso, segundo a afirmação de Kenedy (2010, p. 137), o
[...] “princípio” as propriedades gramaticais que são válidas para 
todas as línguas naturais, ao passo que “parâmetro” deve ser 
compreendido como as possibilidades [...] de variação entre 
as línguas.
Nesse viés, um princípio das línguas é de que existe o termo 
sintático “sujeito”, o qual interage com o “verbo” e com o “complemento”. 
Por decorrência disso, o parâmetro é que o sujeito pode não aparecer 
em algumas sentenças do português, mas sempre vai se manifestar no 
inglês. Logo, tais aspectos integram uma parte da Gramática Universal 
gerativista. 
O objeto de pesquisa da Sociolinguística
A Sociolinguística, de acordo como foi exposto anteriormente, é 
uma teoria linguística a qual pesquisa a língua dentro de uma comunidade 
específica de falantes, analisando os elementos linguísticos e sociais e 
também enfocando nas denominadas variantes.
Desta forma, para Luchessi e Araújo (2016, p. 71), o objeto de estudo 
da Sociolinguística é 
[...] os padrões de comportamento linguístico observáveis dentro 
de uma comunidade de fala e os formaliza analiticamente 
através de um sistema heterogêneo, constituído por unidades 
e regras variáveis.
Linguística BásicaLinguística Básica
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Considerando isso, vamos te mostrar um exemplo de objeto de 
pesquisa desse ramo da linguística: 
Na língua Portuguesa falada no Brasil, manifestar a palavra que 
designa a terceira pessoa do discurso pode ser feita a partir de mais de 
uma forma:
Variante 1 - Nós pescamos o peixe.
Variante 2 - A gente pesca o peixe.
Ou ainda. Na língua Portuguesa falada no Brasil, pronunciar a 
palavra “nós” pode ocorrer de duas formas diferentes:
Variante 3 - Nós [n′os] “nós”.
Variante 4 - Nós [ n′oiz] “nóiz”.
Note que a manifestação da unidade linguística “nós” pode ocorrer 
de duas formas distintas em relação ao nível fonético da língua, ou seja, 
ao som.
Já a manifestação da unidade linguística “terceira pessoa do 
discurso”, também pode ocorrer de duas formas possíveis, ou seja, 
a partir do “nós” e do “a gente. Esse aspecto, por sua vez, está no nível 
morfológico, ou seja, no nível da palavra. 
Nesse viés, o sociolinguista registra essas variantes, no geral, isso 
é gravado, trata o material, contabiliza a frequência disso e observa quais 
elementos extralinguísticos estão relacionados a tais manifestações, 
ou seja, qual grupo social fala mais uma variante e não outra, qual é a 
mais bem aceita, qual é estigmatizada, qual gênero tal variante é mais 
recorrente etc.
Aliás, ressaltamos que a sociolinguística não julga qual dessas 
variantes é a melhor, é a forma ideal a ser usada pelos falantes da língua 
portuguesa, diferentemente da gramática normativa tradicional. 
Linguística BásicaLinguística Básica
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Objeto de pesquisa da Linguística Textual
Relembrando brevemente sobre a Linguística Textual, essa é a 
vertente da linguística que se ocupa a estudar os fenômenos linguísticos 
associados ao texto, ou seja, os fatores de produção, de recepção e de 
interpretação (FÁVERO; KOCH, 2000, p. 11).
Quer ver um exemplo de objeto de estudo da Linguística Textual? 
Então veja abaixo:
1. Joana foi à feira. A esposa do Marcos voltou com tomates frescos.
Neste caso, para essa teoria linguística, (1) é um texto, ainda que seja 
formado por uma linha. Isso se deve, porque não importa a sua extensão, 
mas sim se há uma unidade linguística de sentido completo que promove 
a interação entre os falantes de uma língua.
Sabendo disso, vamos nos aprofundar mais nesse objeto de 
estudo. No texto (1), existem dois termos destacados: “Joana” e “A esposa 
do Marcos”. Embora sejam termos diferentes, ambos agem de maneira 
articulada e auxiliam no estabelecimento de sentido do texto.
O agir de maneira articulada se deve ao fato de “a esposa do 
Marcos”, nesse texto, funcionar como um sinônimo de “Joana”, uma vez 
que, na língua portuguesa, “Joana” é uma palavra feminina, bem como “a 
esposa”. 
Além disso, é estabelecido um sentido ligado a uma história 
envolvendo Joana, uma vez que, por meio do processamento textual, 
pode-se inferir que se existe uma narrativa, ou seja, narra-se uma sucessão 
de fatos envolvendo a personagem em questão. Por meio disso, podemos 
compreender que ela, além de ser mulher, é casada com Marcos e possui 
o hábito de ir à feira de sua cidade.
Vale frisar que o fenômeno textual em questão é denominado 
correferência essa análise só foi possível, porque não ficamos restritos à 
frase, mas sim a uma unidade maior, o texto.
Linguística BásicaLinguística Básica
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SAIBA MAIS:
Ficou interessado em conhecer um pouco mais sobre a 
correferência textual? se sim, nós te indicamos o seguinte 
artigo: KOCH, I. G. V.; MARCUSCHI, L. A. Processos de 
referenciação na produção discursiva. DELTA, 14, nº 
especial, p. 169-190, 1998.
Objeto de pesquisa da Pragmática
Conforme vimos antes, a Pragmática é uma vertente da linguística 
cujo objetivo é estudar a língua em seu contexto de uso a partir não só dos 
elementos linguísticos em si, mas também dos elementos além desses, 
como o contexto, as intenções entre os interlocutores etc. Desta forma, o 
objeto de pesquisa está relacionado ao sentido.
Isso pode parecer um pouco abstrato de início, mas te convido a 
observar o exemplo a seguir. Imagine duas situações diferentes.
Figura - Situação 1
Figura: Freepik
Linguística BásicaLinguística Básica
43
Antes de irem ao casamento, o marido chega para a mulher e 
pergunta a ela: “Meu bem, como estou?”. No que tange a isso, ela responde 
a seguinte sentença: “hummm... bonito, hein!”. 
Agora, imagine a segunda situação:
Figura - Situação 2
Figura: Freepik
Durante uma aplicação de prova na escola, um estudante está 
colando do outro, mas acaba sendo flagrado pela professora, a qual diz o 
seguinte: “hummm... bonito, hein!”.
Observem que nós temos a mesma sentença. Mas, essa foi 
empregada diferentemente na situação 1 e na 2. Na primeira, há um objetivo 
de elogio, enquanto que, na segunda, há um objetivo de repreensão por 
meio da ironia. 
Se fôssemos analisar apenas no nível da estrutura, ou seja, das 
palavras, isso não seria possível, uma vez que existem elementos 
extralinguísticos, tais quais o contexto de uso, as intenções dos 
interlocutores, os interlocutores etc. 
Linguística BásicaLinguística Básica
44
A linguística e as áreas de investigação e 
pesquisa
Neste tópico, veremos as principais áreas de investigação e 
pesquisa voltados à linguística. Para tal, é importante te relembrar das 
contribuições de Borges Neto (2004) e Cabral (2014) no que tange ao 
pluralismo teórico da linguística.
Segundo os autores, em virtude do caráter complexo que a 
linguagem possui, foram desenvolvidas teorias linguísticas destinadas a 
estudar uma face dela. Em consequência disso, também foram escolhidos 
objetos de pesquisa específicos para cada linha teórica. 
Logo, esses fatores anteriores acabam desenvolvendo também às 
áreas de pesquisa e de investigação linguística, isto é, campos específicos 
compostos por temas de estudos associados a determinados fenômenos 
da linguagem. 
IMPORTANTE:
Contudo, é interessante destacar que ao falarmos “área” 
não entenda como um espaço físico, delimitado e fechado, 
mas sim tal qual um domínio que é se expande, é poroso e 
que pode ser acessado não só por uma, mas também por 
outras teorias. 
Bem, fazendo essas ponderações iniciais, vamos conhecer algumas 
das principais áreas de pesquisa e de investigação linguísticas.Linguística BásicaLinguística Básica
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Áreas de pesquisa e de investigação do 
Gerativismo
NOTA:
Ao se optar pela teoria linguística gerativista, a área de 
pesquisa e de investigação acabam se voltando para temas 
relacionados à descrição e à compreensão da faculdade 
da linguagem como uma capacidade natural humana. Em 
função disso, podemos evidenciar alguns exemplos disso, 
conforme veremos a seguir.
Uma área que pode ser estudada com base no Gerativismo diz 
respeito à aquisição de linguagem, a qual pesquisa a maneira como uma 
pessoa consegue entender uma língua (LORANDI; CRUZ; SCHERER, 2011).
Isso se deve, porque, como a teoria gerativista se interessa pela 
faculdade da linguagem do ponto de vista inatista, a maneira pela qual 
os seres humanos desenvolvem a linguagem é uma questão relevante 
para a área. 
Assim, um exemplo disso pode ser encontrado na tese de doutorado 
de Vicente Cerqueira denominada “A sintaxe do possessivo no português 
brasileiro”. 
Essa pesquisa se encontra na área de aquisição de linguagem, 
porque ela examinou a manifestação dos pronomes possessivos da 
língua portuguesa (“meus” e “seus”) de maneira oral. Segundo o autor, 
basicamente, os possessivos eram encontrados após o substantivo, 
porém, com o tempo, as crianças estudadas começaram a colocar antes 
daquele, evidenciando uma competência linguística delas autônoma 
(CERQUEIRA, 1999). 
ACESSE:
Caso queria ler na íntegra essa tese, você pode encontrá-
la no seguinte link: http://repositorio.unicamp.br/jspui/
handle/REPOSIP/271038.
Linguística BásicaLinguística Básica
46
Além disso, existe outra área ligada ao Gerativismo que é o ensino 
de língua portuguesa. Isso pode ser visto no artigo “Linguística Gerativa e 
Gramática na Educação Básica” de Talita da Silva e Eloisa Pilati.
Depois de uma revisão bibliográfica dos principais conceitos do 
Gerativismo aliados aos trabalhos acerca da realidade das aulas de 
língua portuguesa na educação básica, as autoras observaram que os 
pressupostos teóricos dessa teoria linguística podem otimizar as aulas 
envolvendo o ensino da gramática, oferecendo 
[...] ao aluno um aprendizado que gera a reflexão e a 
compreensão da língua e de seus fenômenos, e não a 
memorização de normas que, na maioria das vezes, não 
trazem sentido algum ao aluno (SILVA; PILATI, 2017, p. 62).
SAIBA MAIS:
Se tiver animado em se aprofundar no trabalho, esse pode 
ser encontrado no seguinte link: http://e-revista.unioeste.
br/index.php/linguaseletras/article/view/13100/pdf
Áreas de pesquisa e investigação da 
Sociolinguística
A Sociolinguística está vinculada à área de pesquisa e de 
investigação que envolve diretamente as línguas e a sociedade, 
principalmente, em relação ao fenômeno da variação. Sabendo disso, a 
seguir, evidenciaremos algumas dessas que podem ser pesquisados a 
partir dessa perspectiva teórica.
Inicialmente, uma possível área que pode ser explorada é a 
denominada políticas linguísticas, isto é, o campo que trata da correlação 
entre línguas e poder à nível de Estado (CALVET, 2007). 
Linguística BásicaLinguística Básica
http://e-revista.unioeste.br/index.php/linguaseletras/article/view/13100/pdf
http://e-revista.unioeste.br/index.php/linguaseletras/article/view/13100/pdf
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Com os estudos sobre variação linguística, foi observado que 
existem relações de poder entre variantes de prestígio e marginalizadas, 
necessitando, por exemplo, de políticas públicas direcionadas à 
preservação, ou à manutenção dessas, principalmente, no que tange às 
comunidades sem muita expressão política (quilombolas, pomeranos, 
indígenas etc.).
Assim, uma pesquisa que ilustra isso é o artigo “Projeto Escolas 
Interculturais Bilíngues de Fronteira, de Karina Thomaz . 
Nesse trabalho, a autor examina, por meio dos documentos oficiais 
formulados pelo MERCOSUL, que política linguística fundamenta o Projeto 
“Escolas Interculturais Bilíngues de Fronteira”, enfocando instituições de 
ensino tanto brasileiras, quanto argentinas. 
SAIBA MAIS:
Caso tenha curiosidade sobre essa área, você pode assistir 
à entrevista de Xoán Langares, professor , o qual explana 
sobre o que é políticas linguísticas, a questão do bilinguismo 
e as línguas em um contexto geopolítico atual. https://
www.youtube.com/watch?v=mgbJIE3XPkA professor Xoán 
Lagares
Um outro possível tema diz respeito ao Atlas Linguístico. 
DEFINIÇÃO:
O Atlas Linguístico é um mapa que evidencia a disposição e 
distribuição dos falantes de uma língua em relação às suas 
próprias variantes.
Nas palavras de Cardoso e Mota (2012, p. 885),
O Projeto Atlas Linguístico do Brasil (Projeto ALiB) constitui-
se na primeira tentativa, em nível nacional, de descrição do 
Linguística BásicaLinguística Básica
https://www.youtube.com/watch?v=mgbJIE3XPkA professor Xo%C3%A1n Lagares
https://www.youtube.com/watch?v=mgbJIE3XPkA professor Xo%C3%A1n Lagares
https://www.youtube.com/watch?v=mgbJIE3XPkA professor Xo%C3%A1n Lagares
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português brasileiro com base em dados coletados, in loco, 
nas diversas regiões geográficas, a partir da investigação em 
uma rede de pontos que se estende do Oiapoque (ponto 001) 
ao Chuí (ponto 250). Trata-se, portanto, de um projeto que se 
desenvolve no campo da variação linguística.
Inclusive, sobre a importância desse projeto, podemos citar a fala 
de Paim ( p. 73), o qual diz que 
[...] um atlas linguístico pode ser de extrema importância 
para os estudos da língua, além de salvaguardar a memória 
sociolinguística de um povo (documentação da história da 
língua), pode ser um poderoso instrumento para as políticas 
linguísticas (principalmente no que tange às políticas de 
ensino), constituindo-se como um tesouro muito valioso para 
vários ramos da ciência.
SAIBA MAIS:
Caso tenha ficado interessado sobre o Atlas Linguístico 
brasileiro, você pode acessar o link a seguir: https://alib.
ufba.br/atlas-nacionais.
Área de pesquisa e investigação da 
Linguística Textual
De acordo com o que foi exposto antes, a Linguística Textual é 
a teoria linguística que investiga os vários fenômenos ligados ao texto. 
Acerca disso, vamos apresentar algumas áreas de pesquisa de tal vertente.
Uma área que pode ser pesquisada com base nessa teoria é o 
processamento textual. Relembrando de que o texto é uma unidade de 
comunicação pela qual o sentido é construído, isto é, processado, para que 
Linguística BásicaLinguística Básica
https://alib.ufba.br/atlas-nacionais
https://alib.ufba.br/atlas-nacionais
49
isso ocorra, os seres humanos dispõem de uma série de conhecimentos 
de natureza cognitiva, no caso, o linguístico, o enciclopédico e o 
interacional (FÁVERO; KOCH, 2000).
Logo, um exemplo disso pode ser encontrado no artigo “A linguística 
de texto e o processamento textual de tirinhas no ENEM”, de Dikson e 
Rocha (2015). 
Nele, os autores analisam como ocorre o processamento textual em 
uma questão do ENEM que contém uma história em quadrinho. Após isso, 
eles concluem que tal processamento textual concebido pela Linguística 
Textual é de extrema importância, uma vez que esclarecem as etapas da 
compreensão e da interpretação de textos, ainda mais se tratando de um 
ambiente de concurso referente ao Exame Nacional do Ensino Médio. 
SAIBA MAIS:
Desta forma, se você ficou entusiasmado com essa 
pesquisa, você pode ter acesso de maneira completa no 
seguinte link: http://www.linguasagem.ufscar.br/index.
php/linguasagem/article/view/103.
Somado ao caso anterior, também existe a área da produção textual, 
a qual está diretamente ligada aos gêneros textuais.
DEFINIÇÃO:
Para Marcuschi (2002), esses são textos os quais possuem 
uma função social, manifestam-se em situações cotidianas 
de comunicação e apresentam uma série de características 
de composição específica.
Uma pesquisa que ilustra a área da produção a partir dos gêneros 
textuais é o artigo de Zilda Aquino e Gabriela Dioguardi denominado 
“Aprender a argumentar, argumentando:o gênero tweet no ensino de 
língua materna”.
Linguística BásicaLinguística Básica
http://www.linguasagem.ufscar.br/index.php/linguasagem/article/view/103
http://www.linguasagem.ufscar.br/index.php/linguasagem/article/view/103
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Os autores analisam, nesse trabalho, o gênero textual digital tweet e 
descrevem a sua aplicação voltada ao ensino da argumentação nas aulas 
de língua portuguesa. 
Na visão delas, os resultados da análise evidenciam que os 
procedimentos empregados na análise do objeto de pesquisa, 
[...] além de motivarem os alunos em termos da observação 
de textos que realmente circulam nas interações diárias em 
sociedade, propiciaram a aprendizagem de gêneros da ordem 
do argumentar (AQUINO; DIOGUARDI, 2015, p. 60).
SAIBA MAIS:
Logo, se você ficou curioso em relação ao trabalho anterior, 
é possível acessá-lo através de: https://www.revistas.usp.
br/linhadagua/article/download/96140/pdf/.
Área de pesquisa e investigação da 
Pragmática
No tópico passado, vimos que a Pragmática é a teoria linguística 
destinada ao estudo da linguagem humana em uso e das intenções dos 
interlocutores relacionadas a ela dentro de um contexto real (WEEDWOOD, 
2002). Recapitulando brevemente a sua definição, vamos apresentar 
algumas áreas de pesquisa e de investigação dela.
Dentro da perspectiva teórica da Pragmática, uma área que pode ser 
estudada diz respeito à própria interpretação textual. Isso pode ser observado 
no artigo de Penha Lins chamado “A Pragmática e a Análise de Textos”.
Nele, a autora se propõe a apresentar alguns conceitos dessa linha 
teórica, como a Relevância, a Polidez e as Máximas Conversacionais. 
Depois disso, ela analisa a maneira pela qual eles podem ser aplicado no 
momento de se interpretar algum texto.
Linguística BásicaLinguística Básica
https://www.revistas.usp.br/linhadagua/article/download/96140/pdf/
https://www.revistas.usp.br/linhadagua/article/download/96140/pdf/
51
Sobre isso, Lins (2008, p. 175) conclui que
Em nossas interações do dia-a-dia, existe mais do que uma 
troca de palavras: há uma dança social, e nós, enquanto 
ouvintes, devemos ficar atentos ao ritmo da comunicação. A 
Pragmática lida com essas mensagens veladas.
SAIBA MAIS:
Desta forma, caso você tenha um interesse acerca do 
trabalho da autora, segue o link dele: periodicos.ufes.br/
contextoslinguisticos/article/view/5214/3898.
Além desse caso anterior, outro que podemos citar é a aplicação 
dessa teoria linguística na área publicitária. Isso é visto na dissertação 
de Reginaldo Moreira denominada “(Des)cortesia linguística na nova 
pragmática e a problemática da intencionalidade nos atos de fala violentos 
na publicidade brasileira; quem é o responsável?”.
O autor examina processos ligados a ações publicitárias que foram 
alvo de denúncias junto ao CONAR a partir dos conceitos de atos de fala 
descorteses e sem polidez. Segundo as conclusões de Moreira (2016, p. 138), 
Inferimos que essas campanhas publicitárias ofensivas 
e desrespeitosas associadas às agências de publicidade 
e propaganda que criam não representam a essência do 
profissional do publicitário, pois seu compromisso primeiro 
é criar e manter uma imagem positiva do anunciante, não 
associando a marca às experiências negativas, como o 
desrespeito, a violência linguística e à descortesia no discurso 
publicitário.
Linguística BásicaLinguística Básica
52
SAIBA MAIS:
Você gostou dessa pesquisa da qual falamos? Se sim, 
você pode acessá-la no seguinte link: http://www.uece.
br/posla/dmdocuments/DISSERTA%C3%87%C3%83O__
REGINALDO%20GURGEL_.pdf.
Linguística BásicaLinguística Básica
http://www.uece.br/posla/dmdocuments/DISSERTA%C3%87%C3%83O__REGINALDO GURGEL_.pdf
http://www.uece.br/posla/dmdocuments/DISSERTA%C3%87%C3%83O__REGINALDO GURGEL_.pdf
http://www.uece.br/posla/dmdocuments/DISSERTA%C3%87%C3%83O__REGINALDO GURGEL_.pdf
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REFERÊNCIAS
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argumentado: o genêro tweet no ensino de língua materna. Linha D’Água 
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Acesso em: 3 de out. de 2019.
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Mário Eduardo (Org.). Manual de linguística. 1. ed., 2ª reimpr. São Paulo: 
Contexto, 2012.
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Leonardo Teixeira de Freitas Ribeiro Vilhagra
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