Prévia do material em texto
Linguística Básica Leonardo Teixeira de Freitas Ribeiro Vilhagra Unidade 1 Livro Didático Digital Leonardo Teixeira de Freitas Ribeiro Vilhagra Linguística Básica Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autor LEONARDO TEIXEIRA DE FREITAS RIBEIRO VILHAGRA O AUTOR Leonardo Teixeira de Freitas Ribeiro Vilhagra Olá. Meu nome é Leonardo Teixeira de Freitas Ribeiro Vilhagra. Sou formado em Letras Português pela Universidade Federal do Espírito Santo, tenho mestrado em Estudos Linguísticos pelo Programa de Pós- Graduação em Estudos Linguísticos pela mesma instituição e também MBA em Gestão de Projetos e Equipes E-Learning pela UNIFCV (em formação). Possuo experiência técnico-profissional na área de ensino de Língua Portuguesa a mais de dez anos. Passei por escolas de ensino fundamental e médio, como a rede Salesiano, o Centro Missionário Agostiniano, o Centro de Ensino União dos Professores, COC, de pré- vestibular, como o PUPT (Programa Universidade Para Todos), e no ensino superior, como a UFES e, atualmente, na Universidade Vila Velha no Espírito Santo. Sou apaixonado pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Fui convidado, por causa disso, pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo, tá bem? Desde já, eu desejo bons estudos a todos! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Breve percurso histórico da linguística ............................................. 12 Antiguidade Clássica até a Gramática de Port-Royal ........................................... 12 O Comparativismo Histórico .................................................................................................. 16 Os Neogramáticos ....................................................................................................................... 20 Saussure e o Estruturalismo ..................................................................................................22 Principais teorias linguísticas ................................................................ 25 Gerativismo ..........................................................................................................................................25 A Sociolinguística ............................................................................................................................28 Linguística Textual ......................................................................................................................... 30 Pragmática ...........................................................................................................................................33 Definição e o objeto da linguística ...................................................... 35 O objeto de pesquisa do Gerativismo .............................................................................37 O objeto de pesquisa da Sociolinguística .................................................................... 39 Objeto de pesquisa da Linguística Textual ................................................................... 41 Objeto de pesquisa da Pragmática ....................................................................................42 A linguística e as áreas de investigação e pesquisa ....................44 Áreas de pesquisa e de investigação do Gerativismo .........................................45 Áreas de pesquisa e investigação da Sociolinguística ....................................... 46 Área de pesquisa e investigação da Linguística Textual ................................... 48 Área de pesquisa e investigação da Pragmática .................................................... 50 9 UNIDADE 01 Linguística BásicaLinguística Básica 10 INTRODUÇÃO Talvez um dos maiores fatores que nos diferenciam do restante dos animais é a linguagem. Independente da região, etnia, idade, religião etc., todos temos em comum a capacidade de nos comunicar, fato que não só nos permite viver em sociedade, como também nos possibilita fazer inúmeras ações complexas. Diante disso, a fim de trazer possíveis respostas sobre o universo, nós te convidamos a adentrar à disciplina de Linguística Básica. Nela, veremos como se deu início aos primeiros estudos sobre a linguagem, quais foram os seus desdobramentos até ela atingir o nível de ciência independente, a qual desenvolveu várias linhas teóricas, juntamente com seus respectivos objetos de estudo e áreas de investigação. Como você verá, a linguística está vinculada à inúmeros campos de atuação acadêmica e profissional também, como o ensino de línguas, a comunicação e afins. Bem, não vamos nos alongar mais, pois daremos espaço agora ao nosso conteúdo. Assim, desejamos a vocês um bom estudo e que este material seja uma excelente oportunidade de aprendizado em relação a esse fascinante mundo da linguagem. Linguística BásicaLinguística Básica 11 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Contextualizar brevemente o percurso histórico da linguística; 2. Apresentar as principais teorias linguística; 3. Compreender a definição e o objeto da linguística; 4. Apresentar as áreas de investigação e de pesquisa da linguística; Animado para conhecer mais sobre esse maravilhoso universo que é a Linguística? Então, ao trabalho! Linguística BásicaLinguística Básica 12 Breve percurso histórico da linguística OBJETIVO: Ao concluir esta unidade, você será capaz de compreender a evolução da linguística enquanto ciência da linguagem, desde os primeiros estudos sobre a linguagem até as teorias linguísticas modernas, bem como compreender os vários objetos de pesquisa e suas áreas de investigação. Sentiu-se entusiasmado para aprender mais sobre isso? Então vamos estudar! Antiguidade Clássica até a Gramática de Port-Royal O primeiro passo que inicia o percurso, mesmo que breve, da história da linguística não começa na sua emancipação enquanto ciência no início do século XX a partir de Ferdinand de Saussure. Na verdade, desde muito tempo atrás, o ser humano já se indagava acerca da natureza da linguagem. Assim, de acordo, com Lyons (2008) e Mattoso Câmara Jr. (1975), um dos principais marcos das primeiras investigações sobre a linguagem pode ser encontrada na obra “Crátilo”, de Platão. Nela, escrita a partir dos famosos diálogos platônicos, o filósofo apresenta uma discussão entre dois pensadores: Crátilo e Hermôgenes. Basicamente, o primeiro argumentavaque as coisas possuem um nome natural, ao passo que o segundo defendia que isso não passava de uma convenção, por um acordo prévio (PLATÃO, 1973). Todavia, essas abordagens eram mais de cunho filosófico e metafísico. Essa abordagem filosófica impulsionou, na época, um estudo o qual se objetiva “[...] estabelecer uma relação entre linguagem e lógica, buscando sistematizar, através da observação das formas linguísticas, as leis de elaboração do raciocínio” (CUNHA, COSTA, MARTELOTTA, 2010, p. 25). Linguística BásicaLinguística Básica 13 Dava-se início, portanto, as gramáticas tradicionais. Na visão de Lyons (2008, p. 21), Os gramáticos tradicionais se preocuparam mais ou menos exclusivamente com a linguagem literária, padrão; e tendiam a desconsiderar ou a condenar como “incorreto” o emprego de formas não consagradas ou coloquiais, tanto no falar como no escrever. Com frequência, deixavam de compreender que a linguagem padrão é, de um ponto de vista histórico, tão somente o dialeto regional ou social que adquiriu projeção, tornando-se o instrumento da administração, da educação e da literatura. Assim, os estudos sobre a linguagem, por um bom tempo, ficou praticamente centrados na formulação das gramaticais, principalmente, as de caráter normativo. IMPORTANTE: Ao você ler normativo, associe-o com norma, ou seja, considerar um modo de se falar uma língua como paradigma, algo valorizado, correto e que deve ser seguido pelos usuários de um idioma. Da antiguidade até a Idade Média, a maioria dos estudos gramaticais giravam em torno das línguas latinas e grega. Já na transição do medievo para a época moderna, começou o período da formação das nações europeias. Em virtude disso, as línguas nacionais também passaram a ser estudadas: No Renascimento, começaram a surgir gramáticas das línguas vernáculas (Gramática de la lengua castellana, de Antonio de Nebrija, 1492; Gramática da linguagem portuguesa, de Fernão Linguística BásicaLinguística Básica 14 de Oliveira, 1536; a gramática de João de Barros, 1540), mas fortemente inspiradas nas gramáticas clássicas de até então (AZEVEDO, apud SPERANÇA-CRISCUOLO, 2014, p. 20). Porém, em 1660, foi elaborada uma gramática a qual se diferenciou das anteriores. Com base no racionalismo francês e nas pesquisas de René Descartes, surgiu a Gramática de Port-Royal (Grammaire générale et raisonnée de Port-Royal). Escrita por Antoine Arnauld e Claude Lancelot, essa gramática [...] representa um corte epistemológico e uma ruptura com o modelo latino. Surge como resposta às insatisfações com a gramática formal do Renascimento. Inicia-se a busca do rigor científico, na ruptura com o método das gramáticas anteriores (RANAURO, 2003, p. 253). Isto é, em vez de se buscar analisar e estruturar uma forma ideal de se manifestar uma língua, esse estudo teoriza os princípios e normas ideais que regem todas as línguas, bem como explicar a associação entre linguagem e pensamento do ser humano, porém com uma postura científica ainda incipiente. Linguística BásicaLinguística Básica 15 Figura - Gramática de Port-Royal Fonte: https://epistemos.wordpress.com/2009/11/18/la-gramatica-de-port-royal/ Linguística BásicaLinguística Básica https://epistemos.wordpress.com/2009/11/18/la-gramatica-de-port-royal/ 16 Portanto, nesta primeira fase, os estudos sobre a linguagem, mas ainda não linguísticos, enfocaram o aspecto gramatical das línguas, objetivando descrever e apregoar as regras e normas de uma forma de se falar e de escrever uma língua. REFLITA: Aproveitando esse momento, convidamos você a refletir sobre uma questão: será que os estudos da gramática tradicional ainda existem nos dias de hoje? Se sim, são do mesmo jeito, ou apresentam formas diferentes? O Comparativismo Histórico Até a gramática de Port-Royal no século XVII, os estudos da linguagem praticamente eram centrados nas formulações de gramáticas. Porém, gradativamente, houve uma mudança desse paradigma, porque, a partir do século XVIII, passou-se a estudar a evolução delas. Em 1768, Sir Willians Jones apresentou à Sociedade Asiática de Bengali um discurso denominado “On Hindus”, o qual era baseado em seus estudos sobre o sânscrito (LYONS, 2008). VOCÊ SABIA? Sânscrito é uma língua da região do Nepal e da Índia, além de ser empregada nos textos sagrados hindus. Linguística BásicaLinguística Básica 17 Figura - Sir Willians Jones. Fonte: Wikimedia Commons | VladiMens | Public domain https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Sir_William_Jones.jpg SAIBA MAIS: Se você quiser saber mais sobre Sir Willians Jones, sugerimos o seguinte link: https://royalasiaticsociety.org/ sir-william-jones-1746-1794/ A partir de seu discurso, Jones mostrou na época uma série de similaridades entre as línguas antigas, no caso, o latim, o grego, o persa e o próprio sânscrito. Tal descoberta não só trouxe um alvoroço na época por comprovar que existia um parentesco entre idiomas de diferentes continentes, como também revolucionou a maneira de se estudar as línguas e, por sua vez, os estudos da linguagem da época. De um modo geral, a pesquisa de Jones era baseada na observação de palavras de diferentes línguas a partir do seu nível fonético e morfológico, a fim de identificar semelhanças e diferenças ocorridas ao longo do tempo. Linguística BásicaLinguística Básica https://royalasiaticsociety.org/sir-william-jones-1746-1794/ https://royalasiaticsociety.org/sir-william-jones-1746-1794/ 18 RESUMINDO: Em outras palavras, a pesquisa dele foi feita por meio de um método comparativo-histórico. Na visão de Weendwood (2002, p. 103), Concorda-se em geral que a mais extraordinária façanha dos estudos linguísticos do século XIX foi o desenvolvimento do método comparativo, que resultou num conjunto de princípios pelos quais as línguas poderiam ser sistematicamente comparadas no tocante a seus sistemas fonéticos, estrutura gramatical e vocabulário, de modo a demonstrar que eram “genealogicamente” aparentadas. Aproveitando ainda a fala de Weendwood (2002), queremos destacar outros desdobramentos causados pelo surgimento do método comparativo-histórico. Um deles é de que foi constatado que as línguas mudam de fato ao longo do tempo modo sistemático e também geográfico, independentemente dos seres humanos que as falam. Além disso, essas, por mudarem constantemente, tinham um caráter orgânico, característica advinda das influências do darwinismo da época. Outra consequência é a de pesquisadores da época se empenharem em procurar a chamada “proto-língua”, ou seja, a língua mãe a qual originou todas. Um exemplo desse tipo de investigação linguística pode ser encontrado em Lyons (2008, p. 145): Linguística BásicaLinguística Básica 19 Figura - Exemplo de estudo linguístico a partir do método comparativo-histórico. Latim (L) Francês (F) Italiano (I) Espanhol (E) 1 Coisa Cabeça Cavalo Cantar Cachorro Cabra Causa Caput Caballus Cantaste Canis capra Chose Chef Cheval Chanter Chien Chevre Cosa Capo Cavalo Cantare cane Canecapra Cosa Cabo Caballo Cantar cabra 2 Planta Chave Chuva Planta Clavis Plavia Plante Clef Pluic Planta Chiave pioggiia Llanta Llave llavia 3 Oito Noite Fato Leite Octo Nos/ noctis Factum Lacte Huit Nuit Fait lait Otto Notte Fato Latte Ocho Noche Hecho leche 4 Filha Formosa Filsa formosus fille figlia Hija hermoso Fonte: Lyons (2008, p. 145). Somado a isso, existiram outros pesquisadores de destaque na época os quais eram adeptos do método comparativo-histórico, como Friedrich Schlegel, August Schlegel, Ramus Rask, J. Adelung, Wilhelm Von Humboldt, August Schleicher, Hermann Steinthal. Por conseguinte, nesta segunda fase, os estudos da linguagem passaram a ter uma natureza filológica, ou seja, estudar o desenvolvimento de um idioma baseado em documentos históricos.Linguística BásicaLinguística Básica 20 Os Neogramáticos Já no final do século XIX, hegemonia dos estudos comparativos- históricos nos estudos linguísticos encontrou o seu auge. Todavia, isso começou a mudar, principalmente, com o surgimento dos Neogramáticos. Nas universidades alemãs, vários estudos sobre os idiomas germânicos e escandinavos começaram a aparecer, porém, diferentemente dos comparativistas - históricos, esses pesquisadores olhavam os idiomas fazendo um recorte temporal presente, isto é, as “línguas vivas atuais” (FARACO, 2005, p. 140), e não mais a partir da sua evolução. Somado a isso, esses também começaram a incluir fatores individuais dos falantes, a fim de observar quais são os aspectos que regulam as alterações nas línguas. Aliás, de todos os níveis de uma língua, o fonético é o mais sensível e que mais evidencia as mudanças em um idioma. Em virtude disso, os pesquisadores neogramáticos pesquisaram mais os aspectos sonoros do que os sintáticos, morfológicos etc. Acerca disso, Melo e Pimentel ( 2018, p. 500) afirmam que Diferentemente dos estudos anteriores que buscavam chegar a uma língua comum, gênese das demais línguas, chamada de indo-europeia, os estudos neogramáticos buscavam dar ênfase nas línguas vivas e à investigação que ocasionam as mudanças. Fazendo correspondências sistemáticas entre as línguas para seus estudos. Essa mudança de perspectiva trouxe uma visão distinta em relação aos comparativistas-históricos, conforme Faraco (2005, p. 141) atesta: A linguística anterior, como ninguém pode negar, aproximava- se de seu objeto de investigação , as línguas indo-europeias, sem ter previamente construído uma ideia clara de como a linguagem humana realmente vive e se desenvolve, que Linguística BásicaLinguística Básica 21 fatores operando em conjunto causam a progressão e a mudança da substância da fala. Um dos principais marcos dos neogramáticos é a publicação do livro “As investigações morfológicas” (Morphologischen Untersuchungen), de Hermann Osthoff e Karl Brugmann, em 1879. Figura - Exemplo de estudo linguístico a partir do método comparativo-histórico. Fonte: Bookdepository Além de Osthoff e Brugmann, existiram outros pesquisadores neogramáticos de destaque, como Theodor Wilhelm Braune, Hermann Paul, Berthold Delbrück e Karl Verner. Linguística BásicaLinguística Básica https://www.bookdepository.com/Morphologische-Untersuchungen-auf-dem-Gebiete-der-indogermanischen-Sprachen-6-Set-Morphologische-Untersuchungen-auf-dem-Gebiete-der-indogermanischen-Sprachen-4-Hermann-Osthoff/9781108062985 22 Então, após um longo período referente aos estudos sobre a linguagem, os neogramáticos foram o último elemento que pavimentou a estrada que levou à Linguística a se tornar a ciência que estuda a linguagem, principalmente, através de Ferdinand de Saussure. Saussure e o Estruturalismo A linguística somente passou a ser uma ciência a partir de Ferdinand de Saussure, o qual recebeu a alcunha de pai da linguística moderna. Nascido em meados do séc. XIX em Genebra na Suíça, Saussure estudou física e química, mas também tinha uma formação humanística considerável, a qual o levou a se dedicar a diversas línguas, como o grego, latim e o sânscrito. Inclusive, o seu doutorado defendido na Universidade de Leipzig na Alemanha estava relacionado com o genitivo sânscrito. Figura - Ferdinand de Saussure Fonte: Wikimedia Commons | Opencooper | Public Domain Linguística BásicaLinguística Básica 23 Já no início do século XX, o mestre genebrino passou a dar aula de filologia na Universidade de Genebra. Em 1907, começou a ministrar temas sobre o que ele chamou de linguística geral, sendo que elas renderam ao pesquisador dois discípulos: Charles Bally e Albert Sechehauge. Infelizmente, de maneira precoce, Saussure morre aos 56 anos. Contudo, a partir das anotações de seus dois discípulos referentes às aulas de seu antigo professor, esses publicam a obra póstuma denominada “Curso de Linguística Geral” (Cours de Linguistique Générale). Figura - Curso de Linguística Geral Fonte: Amazon Desta forma, um dos importantes desdobramentos que a publicação do Curso trouxe foi de oficializar a linguística como ciência da linguagem, essencialmente, por meio da definição de dois elementos: o objeto de estudo e um método de pesquisa relacionado ao primeiro. Na visão de Saussure, o objeto de estudo do linguista é a língua (langue), uma parte essencial da linguagem pela qual os seres humanos interagem uns com os outros. Portanto, é papel do linguista, segundo o mestre genebrino, de entender e descrever os [...] elementos coesos, Linguística BásicaLinguística Básica 24 inter-relacionados, que funcionam a partir de um conjunto de regras, [que constituem] uma organização, um sistema, uma estrutura (COSTA, 2012, p. 114). IMPORTANTE: Por causa disso, a primeira teoria da linguística enquanto ciência foi denominada Estruturalismo. Assim, com a delimitação da língua como objeto de estudo, Saussure também (2012) definiu uma série de pressupostos teórico- metodológicos voltados à análise desse sistema - mais adiante, vamos nos aprofundar acerca disso. Nesse viés, é interessante destacar outras diferenças que a linguística a partir de Saussuere passou a ter em relação aos estudos da linguagem anteriores a ele. Inicialmente, os estudos pré-Saussure estavam vinculados e subjulgados diretamente a outras áreas do saber, como a Filosofia, a Filologia, a História etc. Por causa disso, os estudos sobre a linguagem não possuíam um objeto e um aporte teórico-metodológico próprio, estando, assim, em função de objetivos e de maneiras distintas de se pesquisar o que se pretendia. Em relação às diferenças entre os estudos sobre a linguagem e a linguística moderna, podemos apontar alguns exemplos disso. Durante a Grécia Antiga até a Era Moderna, período no qual as gramáticas eram muito estudadas, a meta era sistematizar as regras que regem uma língua e definir uma melhor forma de se falar/escrever tal idioma, diferentemente da proposta de Saussure que era analisar, compreender e descrever como o sistema de uma língua se comporta. Já no que diz respeito ao Comparativismo-Histórico, esse grupo tinham uma natureza filológica e privilegiavam a evolução históricas das línguas. Já a linguística do mestre genebrino propunha estudar a língua enquanto sistema, descartando esse olhar temporal. Linguística BásicaLinguística Básica 25 Principais teorias linguísticas Um dos principais motivos deste tópico estar no plural e não no singular se deve ao termo de Borges Neto (2004): a pluralidade teórica linguística. Segundo o autor, a linguagem é tão complexa e multifacetada, que uma teoria não dá conta de abarcar todos os fenômenos linguísticos. Essa característica, porém, não faz a linguística uma área do conhecimento inferior, ou deficitária. Na verdade, segundo Cabral (2014, p. 88), “[...] isso é importante na medida em que dá ao pesquisador a liberdade de escolher seu objeto teórico – e favorece, também, o desenvolvimento da área”. Pode-se afirmar que essa pluralidade começou depois da publicação do Curso de Linguística Geral. Ou seja, após o estabelecimento da linguística enquanto ciência, Segundo Wilson (2012), dois grandes polos de pesquisas linguísticas surgiram a partir da obra: O polo formalista e o funcionalista. O polo formalista deu ênfase à língua enquanto sistema, perpetuando e aprofundando os estudos saussurianos, como é o caso do Gerativismo. Já o polo funcionalista privilegiou a língua em uso, quando ela é aplicada em situações reais de comunicação. Alguns exemplos disso são a Sociolinguística, a Linguística Textual e a Pragmática. Logo, considerando essa fala inicial, vamos discutir neste tópico as principais teorias linguísticas em voga não só no Brasil, mas também no mundo, apontando suas característicasbásicas e pesquisadores de destaque. Gerativismo DEFINIÇÃO: O Gerativismo é o ramo da linguística a qual objetiva explicar a maneira pela qual o ser humano, a partir de um conjunto de regras internalizadas em sua mente, consegue criar inúmeras sentenças e enunciados. Linguística BásicaLinguística Básica 26 Ele surgiu, a fim de contestar o Estruturalismo saussureano, o Distribucionalismo de Bloomfield e do Behaviorismo de Skinner. Logo, se você encontrar temas, como competência e desempenho linguístico, gramática gerativa, Dispositivo de Aquisição de Linguagem, princípios e parâmetros, esses fazem parte do interesse do Gerativismo. O cerne dessa teoria linguística está intrinsecamente associada ao seu fundador: Noam Chomsky. Em 1957, quando lecionava no MIT nos EUA, Chomsky publicou o livro “Estruturas Sintáticas” (Syntactic Structures). Figura - Noam Chomsky Fonte: Wikimedia Commons | File Upload Bot (Magnus Manske) | CC BY 2.0 https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Noam_Chomsky_Toronto_2011.jpg Para Chomsky (1972), todos os seres humanos falam e entendem uma língua, pois existe um dispositivo inato presente em nossa mente, a faculdade da linguagem. Assim, todos nós temos internalizados em nossos cérebros um conjunto de regras e de normas as quais utilizamos para construir e gerar infinitas frases e sentenças. Por isso que é denominado Gerativismo. Linguística BásicaLinguística Básica 27 Esse posicionamento de que a linguagem humana possui um caráter natural, na visão gerativista, pode parecer inconsistente, porém, conforme Kenedy (2010, p. 129) nos mostra, [...] excluindo-se os casos patológicos graves, todos os indivíduos humanos, de todas as raças , em qualquer condição social, em todas as regiões do planeta e em todos os tempos da história foram e são capazes de manifestar, ao cabo de alguns anos de vida e sem receber instrução explícita para tanto, uma competência linguística - a capacidade natural e inconsciente de produzir e entender frases. Logo, devido a isso, Chomsky (1972) notou que existe um caráter universal da linguagem humana, a qual é regida por uma Gramática Universal (GU). Desta forma, com o intuito de descrever a GU, foi desenvolvido duas outras teorias, as chamadas Princípios e Parâmetros. Na visão de Kenedy (2010, p. 135), As pesquisas da teoria de princípios e parâmetros foram e são desenvolvidas sobretudo na área da sintaxe, pois é exatamente nas estruturas sintáticas que mais evidentemente se percebem as grandes semelhanças entre todas as línguas do mundo, mesmo entre aquelas que não possuem nenhum parentesco. Como bem atestou Kenedy (2010), em virtude dessa preocupação de investigar tais conjuntos de normas e regras de caráter universal, o Gerativismo acabou privilegiando o nível sintática da língua, pois é a partir dela que as diversas combinações entre palavras, frases, orações etc. são feitas, bem como os aspectos universais das línguas. Por sua vez, essa postura teórico-metodológica acabou não considerando elementos extralinguísticos, muito menos a heterogeneidade dos idiomas. Linguística BásicaLinguística Básica 28 A Sociolinguística A Sociolinguística é o ramo da linguística que estuda a língua inseridas nas comunidades de fala, associando aspectos formais (elementos da própria língua) com fatores externos a ela (elementos sociais). Ela foi fruto das contribuições teóricas de Ferdinand de Saussure (Dicotomia Língua x Fala), de Antoine Meillet (Língua como fato social) e Bakhtin (Língua possui natureza ideológica). Assim, ao você se deparar com os termos variação linguística, comunidades linguísticas, preconceito linguístico, contato linguístico, políticas linguísticas, fatalmente estarão relacionadas com esta área da linguística. O principal nome da Sociolinguística é William Labov. SAIBA MAIS: Caso queira ver um pouco acerca da vida de Labov, orientamos você a acessar o seguinte link https://www. youtube.com/watch?v=xVqDqhZ6dt4 Figura - William Labov. Fonte: https://omnia.sas.upenn.edu/story/william-labov-named-2013-franklin-institute- laureate. Linguística BásicaLinguística Básica https://www.youtube.com/watch?v=xVqDqhZ6dt4 https://www.youtube.com/watch?v=xVqDqhZ6dt4 https://omnia.sas.upenn.edu/story/william-labov-named-2013-franklin-institute-laureate https://omnia.sas.upenn.edu/story/william-labov-named-2013-franklin-institute-laureate 29 A grande contribuição de Labov é que, além de praticamente fundar a Sociolinguística, ele propôs uma mudança de perspectiva das estruturas das línguas, principalmente, observando a questão da variação linguística. De acordo com o autor, as línguas não são homogêneas, pois elas são afetadas pelo fenômeno da variação, isto é, a existência de duas, ou mais formas de se manifestar uma unidade linguística (seja nos mais variados níveis, como o fonético, o morfológico, o sintático etc.) dentro de um mesmo idioma, denominada variantes (LABOV, 2008). SAIBA MAIS: Para aprofundar um pouco nessa discussão, sugerimos o vídeo “Variação linguística diversidade de usos da língua - não sou burro”. Fonte: https://www.youtube.com/ watch?v=TP3XZPWptN8 Assim, no que tange ao papel da Sociolinguística, Mollica (2008, p. 11) afirma que ela pretende [...] investigar o grau de estabilidade ou de mutabilidade da variação, diagnosticar as variáveis que têm efeito positivo ou negativo sobre a emergência dos usos linguísticos alternativos e prever seu comportamento regular e sistemático. Somado a isso, essa vertente linguística também pode analisar a relação entre uma variante de prestígio e outra marginalizada, observando se existem propostas políticas associadas a elas, por exemplo, se nos currículos escolares elas são retratadas e ensinadas. Linguística BásicaLinguística Básica 30 Linguística Textual DEFINIÇÃO: A Linguística Textual é a vertente da linguística que estuda o texto, desde a sua concepção até a sua compreensão. Ela nasceu nos anos 60 na Europa, principalmente, na Alemanha, em resposta a uma série de questionamentos e de limites teóricos do Estruturalismo (ROCHA; SILVA, 2017). Logo, caso você se esbarre com algum tema envolvendo textualidade, coesão e coerência, intertextualidade, anáforas, referenciação, processamento textual, progressão textual, gênero textual, produção textual etc., com certeza estarão relacionados com a Linguística Textual. Conforme falamos anteriormente, o desenvolvimento desse ramo da linguística está associado diretamente a estudos que vão além do sistema da língua do Estruturalismo. IMPORTANTE: Neste contexto, ao falarmos “além do sistema da língua”, associe diretamente a texto, inclusive, vamos falar sobre ele mais adiante. Assim, uma das obras que foi considerada balizar da Linguística Textual é a “Introdução à Linguística Textual” (Einführung in die textlinguistik) dos pesquisadores da universidade de Leipzig, Robert Beaugrande e Wolfang Dressler. Linguística BásicaLinguística Básica 31 Figura - Introdução à Linguística Textual (Einführung in die textlinguistik) Fonte: Amazon Uma das contribuições relevantes que os autores deram e que abriram espaço para a Linguística Textual está no conceito de texto produzido por eles. Segundo Beaugrande e Dressler (1983), o texto é uma unidade de sentido pela qual todos os seres humanos se comunicam, indo além de um amontoado de frases e palavras. Porém, é importante ressaltar que, no caso dos autores anteriores, eles falam em texto no sentido estrito, pois, como Fávero (2009, p. 7), Texto em sentido amplo, designando toda e qualquer manifestação da capacidade textual do ser humano (uma música, um filme, uma escultura, um poema, etc.) e, em se tratando de linguagem verbal, temos o discurso, atividade comunicativa de um sujeito, numa situação de comunicação Linguística BásicaLinguística Básica 32 dada, englobando o conjunto de enunciados produzidospelo locutor (ou pelo locutor e interlocutor, no caso dos diálogos) e o evento de sua enunciação. Desta forma, independente de sua extensão, seja uma linha, ou a Ilíada, o texto diz respeito mais a um fenômeno dinâmico, do que estático, uma vez que isso envolve tanto a produção dele, quanto a leitura e interpretação. Figuras - Poema “Amor / Humor” de Oswald de Andrade e a obra “Ilíada” de Homero Fonte: Andrade (adaptado, 1991) e Amazon Inclusive, nessa perspectiva teórica, o texto se transforma não em um produto, mas sim em um processo por meio do qual os seres humanos se comunicam e os sentidos são construídos entre o(s) produtor(es) e o(s) leitor(es) do texto. Linguística BásicaLinguística Básica 33 Pragmática DEFINIÇÃO: A Pragmática é a vertente da linguística que pesquisa a língua em uso, envolvendo também a relação entre a interação social e os seus interlocutores. Ela surgiu como desdobramento dos estudos da Filosofia da Linguagem e também em resposta à falta de investigações sobre as manifestações individuais da linguagem humana em situações reais nas quais essa é empregada (WEEDWOOD, 2002). Logo, se você entrar em contato com temas como atos de fala, máximas conversacionais, implicatura conversacional, pressuposição e subentendido, princípios da comunicação, com certeza estará entrando também em contato com a Pragmática. Essa vertente linguística foi fundada por John Austin, o qual é estudado e revisitado até hoje. Figura - Jonh Austin. Fonte: Wikipedia Linguística BásicaLinguística Básica 34 Em 1962 na Inglaterra, Austin publicou o livro “Quando dizer é fazer” (How to Do Things with Words), dando início aos estudos pragmáticos. Ademais, a só pelo título da obra, já podemos compreender um pouco mais sobre a Pragmática. Para o autor, comunicar-se é um ato, isto é, os seres humanos, independente de sua origem, não se comunicam apenas empregando morfemas, palavras, frases, orações, mas também possuem intenções de agir sobre o outro, através do que ele chama de atos de fala (AUSTIN, 1962). Inclusive, através do desenvolvimento da Pragmática por meio de Austin, Wilson (2008) nos mostra que isso foi muito relevante, porque possibilitou que outros fatores pudessem também ser pesquisados da linguística, como o papel das convenções sociais, bem como a aplicação desses nos momentos comunicativos, as intenções dos interlocutores no momento da fala etc. SAIBA MAIS: Caso queira saber um pouco mais acerca dessa teoria linguística, nós te convidamos a assistir ao seguinte vídeo da professora Lúcia de Assis: https://www.youtube.com/ watch?v=WWahZ22J7OE. Linguística BásicaLinguística Básica https://www.youtube.com/watch?v=WWahZ22J7OE https://www.youtube.com/watch?v=WWahZ22J7OE 35 Definição e o objeto da linguística Lembra-se de que, com a publicação de o Curso de Linguística Geral, a linguística passou a ser uma ciência, uma vez que ela passou a ter um método, como também elegeu um objeto de pesquisa próprio, no caso, a língua? Pois bem, neste tópico, vamos discutir acerca do objeto de estudo e, por sua vez, da possível definição da linguística enquanto área do conhecimento. Em primeiro lugar, vamos nos recordar qual é a definição de Saussure acerca da linguagem. Para ele, [...] a linguagem é multiforme e heteróclita; um cavaleiro de diferentes domínios, ao mesmo tempo física, fisiológica e psíquica, ela pertence além disso ao domínio individual e ao domínio social; não se deixa classificar em nenhuma categoria de fatos humanos, pois não se sabe como inferir sua unidade. (SAUSSURE, 2012, p. 17). Assim, ela é muito ampla e diversa, atravessando inúmeros aspectos e níveis. Inclusive, vale ressaltar que tal afirmação é coerente, uma vez que existe a linguagem musical, a das artes plásticas e visuais etc. Figura - A linguagem das artes plásticas e musical Fonte: Freepik Linguística BásicaLinguística Básica 36 Por causa disso, o mestre genebrino nos alerta que Mas o que é a língua? Para nós, ela não se confunde com a linguagem; é somente uma parte determinada, essencial dela, indubitavelmente. É, ao mesmo tempo, um produto social da faculdade de linguagem e um produto de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social para permitir o exercício desta faculdade nos indivíduos (SAUSSURE, 2012, p. 17). Desta forma, o objeto da linguística é estudar a linguagem humana em seu caráter verbal, isto é, a língua. DEFINIÇÃO: Esse fato nos leva a uma possível definição da linguística: A Linguística Pura de Saussure é constituída por todas as manifestações da língua humana, sem considerar apenas a linguagem correta, mas sim todas as expressões” (SILVA; CASTRO, 2017, p. 36). Dialogando com as pesquisadoras anteriores, Martinet complementa a definição, dizendo que A linguística é o estudo científico da linguagem humana. Diz- se que um estudo é científico quando se baseia na observação dos fatos e se abstém de propor qualquer escolha entre tais fatos, em nome de certos princípios estéticos ou morais. ‘Científico’ opõe-se a ‘prescritivo’. No caso da linguística, importa especialmente insistir no caráter científico e não prescritivo do estudo (MARTINET, 1978, 11). Linguística BásicaLinguística Básica 37 É por isso que é atribuído a paternidade da linguística enquanto ciência a Saussure e não aos estudos sobre a linguagem antes dele, como é o caso das gramáticas gregas e dos neogramáticos, os quais buscavam estudar uma língua e prescrever uma forma ideal e tida como correta, muito menos aos comparativistas-históricos cujo objetivo era descrever e comparar idiomas ao longo do tempo, mas em um viés filológico. Porém, devemos nos lembrar que a linguística é uma ciência relativamente nova, com pouco mais de 100 anos. E, desde a sua fundação, o seu objeto de estudo foi se expandindo, à medida que outras teorias foram sendo desenvolvidas. IMPORTANTE: Sobre esse fato, é relevante nos recordarmos da fala de Cabral (2014, p. 88) no que diz respeito à pluralidade de teorias linguísticas: É de suma importância que cada vez mais teorias façam parte da linguística, para que cada recorte feito possa ser aprofundado, abdicando do todo, mas detendo-se com atenção especial a sua teoria e seu respectivo objeto. Cada teoria linguística, portanto, acaba criando um novo recorte de pesquisa em relação à vasta e plurifacetada linguagem humana. Aliás, ficou curioso para saber como isso é feito? Então veja os tópicos que virão a seguir: O objeto de pesquisa do Gerativismo O Gerativismo, como você viu anteriormente, pesquisa a capacidade humana de gerar e entender uma língua a partir do viés inatista, isto é, tirando os casos patológicos, todos nascemos com uma aptidão natural de falar uma língua. Linguística BásicaLinguística Básica 38 Considerando isso, segundo Vitral (1992, p. 69) o Gerativismo, [...] vai se ocupar, privilegiadamente, da sintaxe das línguas, mas não é a sintaxe das línguas seu objeto de estudo. A sintaxe das línguas é apenas um meio para se descrever uma entidade teórica chamada de Gramática Universal. Este é o objeto de estudo da Gramática Gerativa. Com o intuito de detalhar a Gramática Universal, foram desenvolvidos outros dois conceitos, os princípios e os parâmetros. Assim, todos esses elementos estão ligados ao objeto de estudo do Gerativismo. A fim de ilustrar melhor tal objeto, vamos empregar o exemplo do termo sintático sujeito. 1. Carlos saiu agora 2. Charles left new A sentença (1) é da língua portuguesa e a sentença (2) é da língua inglesa. A segunda é a tradução da primeira. Contudo, observem que, sintaticamente, ambas são iguais, isto é, estão ordenadas a partir do sujeito > verbo> complementos. Agora, notem o outro exemplo: 3. Gabriela falou que vai se casar 4. Gabriela said that she is going to get married Novamente, a sentença (3) é da língua portuguesae a sentença (4) é da língua inglesa, sendo que a segunda é a tradução da primeira. Todavia, notem que a segunda oração na sentença (3) possui o sujeito oculto (que vai se casar). Linguística BásicaLinguística Básica 39 Já em (4), a segunda oração possui sujeito manifestado por meio do pronome “she” (she is going…). Isso se deve, porque, na língua inglesa, sempre deve haver a manifestação do sujeito. Em função disso, segundo a afirmação de Kenedy (2010, p. 137), o [...] “princípio” as propriedades gramaticais que são válidas para todas as línguas naturais, ao passo que “parâmetro” deve ser compreendido como as possibilidades [...] de variação entre as línguas. Nesse viés, um princípio das línguas é de que existe o termo sintático “sujeito”, o qual interage com o “verbo” e com o “complemento”. Por decorrência disso, o parâmetro é que o sujeito pode não aparecer em algumas sentenças do português, mas sempre vai se manifestar no inglês. Logo, tais aspectos integram uma parte da Gramática Universal gerativista. O objeto de pesquisa da Sociolinguística A Sociolinguística, de acordo como foi exposto anteriormente, é uma teoria linguística a qual pesquisa a língua dentro de uma comunidade específica de falantes, analisando os elementos linguísticos e sociais e também enfocando nas denominadas variantes. Desta forma, para Luchessi e Araújo (2016, p. 71), o objeto de estudo da Sociolinguística é [...] os padrões de comportamento linguístico observáveis dentro de uma comunidade de fala e os formaliza analiticamente através de um sistema heterogêneo, constituído por unidades e regras variáveis. Linguística BásicaLinguística Básica 40 Considerando isso, vamos te mostrar um exemplo de objeto de pesquisa desse ramo da linguística: Na língua Portuguesa falada no Brasil, manifestar a palavra que designa a terceira pessoa do discurso pode ser feita a partir de mais de uma forma: Variante 1 - Nós pescamos o peixe. Variante 2 - A gente pesca o peixe. Ou ainda. Na língua Portuguesa falada no Brasil, pronunciar a palavra “nós” pode ocorrer de duas formas diferentes: Variante 3 - Nós [n′os] “nós”. Variante 4 - Nós [ n′oiz] “nóiz”. Note que a manifestação da unidade linguística “nós” pode ocorrer de duas formas distintas em relação ao nível fonético da língua, ou seja, ao som. Já a manifestação da unidade linguística “terceira pessoa do discurso”, também pode ocorrer de duas formas possíveis, ou seja, a partir do “nós” e do “a gente. Esse aspecto, por sua vez, está no nível morfológico, ou seja, no nível da palavra. Nesse viés, o sociolinguista registra essas variantes, no geral, isso é gravado, trata o material, contabiliza a frequência disso e observa quais elementos extralinguísticos estão relacionados a tais manifestações, ou seja, qual grupo social fala mais uma variante e não outra, qual é a mais bem aceita, qual é estigmatizada, qual gênero tal variante é mais recorrente etc. Aliás, ressaltamos que a sociolinguística não julga qual dessas variantes é a melhor, é a forma ideal a ser usada pelos falantes da língua portuguesa, diferentemente da gramática normativa tradicional. Linguística BásicaLinguística Básica 41 Objeto de pesquisa da Linguística Textual Relembrando brevemente sobre a Linguística Textual, essa é a vertente da linguística que se ocupa a estudar os fenômenos linguísticos associados ao texto, ou seja, os fatores de produção, de recepção e de interpretação (FÁVERO; KOCH, 2000, p. 11). Quer ver um exemplo de objeto de estudo da Linguística Textual? Então veja abaixo: 1. Joana foi à feira. A esposa do Marcos voltou com tomates frescos. Neste caso, para essa teoria linguística, (1) é um texto, ainda que seja formado por uma linha. Isso se deve, porque não importa a sua extensão, mas sim se há uma unidade linguística de sentido completo que promove a interação entre os falantes de uma língua. Sabendo disso, vamos nos aprofundar mais nesse objeto de estudo. No texto (1), existem dois termos destacados: “Joana” e “A esposa do Marcos”. Embora sejam termos diferentes, ambos agem de maneira articulada e auxiliam no estabelecimento de sentido do texto. O agir de maneira articulada se deve ao fato de “a esposa do Marcos”, nesse texto, funcionar como um sinônimo de “Joana”, uma vez que, na língua portuguesa, “Joana” é uma palavra feminina, bem como “a esposa”. Além disso, é estabelecido um sentido ligado a uma história envolvendo Joana, uma vez que, por meio do processamento textual, pode-se inferir que se existe uma narrativa, ou seja, narra-se uma sucessão de fatos envolvendo a personagem em questão. Por meio disso, podemos compreender que ela, além de ser mulher, é casada com Marcos e possui o hábito de ir à feira de sua cidade. Vale frisar que o fenômeno textual em questão é denominado correferência essa análise só foi possível, porque não ficamos restritos à frase, mas sim a uma unidade maior, o texto. Linguística BásicaLinguística Básica 42 SAIBA MAIS: Ficou interessado em conhecer um pouco mais sobre a correferência textual? se sim, nós te indicamos o seguinte artigo: KOCH, I. G. V.; MARCUSCHI, L. A. Processos de referenciação na produção discursiva. DELTA, 14, nº especial, p. 169-190, 1998. Objeto de pesquisa da Pragmática Conforme vimos antes, a Pragmática é uma vertente da linguística cujo objetivo é estudar a língua em seu contexto de uso a partir não só dos elementos linguísticos em si, mas também dos elementos além desses, como o contexto, as intenções entre os interlocutores etc. Desta forma, o objeto de pesquisa está relacionado ao sentido. Isso pode parecer um pouco abstrato de início, mas te convido a observar o exemplo a seguir. Imagine duas situações diferentes. Figura - Situação 1 Figura: Freepik Linguística BásicaLinguística Básica 43 Antes de irem ao casamento, o marido chega para a mulher e pergunta a ela: “Meu bem, como estou?”. No que tange a isso, ela responde a seguinte sentença: “hummm... bonito, hein!”. Agora, imagine a segunda situação: Figura - Situação 2 Figura: Freepik Durante uma aplicação de prova na escola, um estudante está colando do outro, mas acaba sendo flagrado pela professora, a qual diz o seguinte: “hummm... bonito, hein!”. Observem que nós temos a mesma sentença. Mas, essa foi empregada diferentemente na situação 1 e na 2. Na primeira, há um objetivo de elogio, enquanto que, na segunda, há um objetivo de repreensão por meio da ironia. Se fôssemos analisar apenas no nível da estrutura, ou seja, das palavras, isso não seria possível, uma vez que existem elementos extralinguísticos, tais quais o contexto de uso, as intenções dos interlocutores, os interlocutores etc. Linguística BásicaLinguística Básica 44 A linguística e as áreas de investigação e pesquisa Neste tópico, veremos as principais áreas de investigação e pesquisa voltados à linguística. Para tal, é importante te relembrar das contribuições de Borges Neto (2004) e Cabral (2014) no que tange ao pluralismo teórico da linguística. Segundo os autores, em virtude do caráter complexo que a linguagem possui, foram desenvolvidas teorias linguísticas destinadas a estudar uma face dela. Em consequência disso, também foram escolhidos objetos de pesquisa específicos para cada linha teórica. Logo, esses fatores anteriores acabam desenvolvendo também às áreas de pesquisa e de investigação linguística, isto é, campos específicos compostos por temas de estudos associados a determinados fenômenos da linguagem. IMPORTANTE: Contudo, é interessante destacar que ao falarmos “área” não entenda como um espaço físico, delimitado e fechado, mas sim tal qual um domínio que é se expande, é poroso e que pode ser acessado não só por uma, mas também por outras teorias. Bem, fazendo essas ponderações iniciais, vamos conhecer algumas das principais áreas de pesquisa e de investigação linguísticas.Linguística BásicaLinguística Básica 45 Áreas de pesquisa e de investigação do Gerativismo NOTA: Ao se optar pela teoria linguística gerativista, a área de pesquisa e de investigação acabam se voltando para temas relacionados à descrição e à compreensão da faculdade da linguagem como uma capacidade natural humana. Em função disso, podemos evidenciar alguns exemplos disso, conforme veremos a seguir. Uma área que pode ser estudada com base no Gerativismo diz respeito à aquisição de linguagem, a qual pesquisa a maneira como uma pessoa consegue entender uma língua (LORANDI; CRUZ; SCHERER, 2011). Isso se deve, porque, como a teoria gerativista se interessa pela faculdade da linguagem do ponto de vista inatista, a maneira pela qual os seres humanos desenvolvem a linguagem é uma questão relevante para a área. Assim, um exemplo disso pode ser encontrado na tese de doutorado de Vicente Cerqueira denominada “A sintaxe do possessivo no português brasileiro”. Essa pesquisa se encontra na área de aquisição de linguagem, porque ela examinou a manifestação dos pronomes possessivos da língua portuguesa (“meus” e “seus”) de maneira oral. Segundo o autor, basicamente, os possessivos eram encontrados após o substantivo, porém, com o tempo, as crianças estudadas começaram a colocar antes daquele, evidenciando uma competência linguística delas autônoma (CERQUEIRA, 1999). ACESSE: Caso queria ler na íntegra essa tese, você pode encontrá- la no seguinte link: http://repositorio.unicamp.br/jspui/ handle/REPOSIP/271038. Linguística BásicaLinguística Básica 46 Além disso, existe outra área ligada ao Gerativismo que é o ensino de língua portuguesa. Isso pode ser visto no artigo “Linguística Gerativa e Gramática na Educação Básica” de Talita da Silva e Eloisa Pilati. Depois de uma revisão bibliográfica dos principais conceitos do Gerativismo aliados aos trabalhos acerca da realidade das aulas de língua portuguesa na educação básica, as autoras observaram que os pressupostos teóricos dessa teoria linguística podem otimizar as aulas envolvendo o ensino da gramática, oferecendo [...] ao aluno um aprendizado que gera a reflexão e a compreensão da língua e de seus fenômenos, e não a memorização de normas que, na maioria das vezes, não trazem sentido algum ao aluno (SILVA; PILATI, 2017, p. 62). SAIBA MAIS: Se tiver animado em se aprofundar no trabalho, esse pode ser encontrado no seguinte link: http://e-revista.unioeste. br/index.php/linguaseletras/article/view/13100/pdf Áreas de pesquisa e investigação da Sociolinguística A Sociolinguística está vinculada à área de pesquisa e de investigação que envolve diretamente as línguas e a sociedade, principalmente, em relação ao fenômeno da variação. Sabendo disso, a seguir, evidenciaremos algumas dessas que podem ser pesquisados a partir dessa perspectiva teórica. Inicialmente, uma possível área que pode ser explorada é a denominada políticas linguísticas, isto é, o campo que trata da correlação entre línguas e poder à nível de Estado (CALVET, 2007). Linguística BásicaLinguística Básica http://e-revista.unioeste.br/index.php/linguaseletras/article/view/13100/pdf http://e-revista.unioeste.br/index.php/linguaseletras/article/view/13100/pdf 47 Com os estudos sobre variação linguística, foi observado que existem relações de poder entre variantes de prestígio e marginalizadas, necessitando, por exemplo, de políticas públicas direcionadas à preservação, ou à manutenção dessas, principalmente, no que tange às comunidades sem muita expressão política (quilombolas, pomeranos, indígenas etc.). Assim, uma pesquisa que ilustra isso é o artigo “Projeto Escolas Interculturais Bilíngues de Fronteira, de Karina Thomaz . Nesse trabalho, a autor examina, por meio dos documentos oficiais formulados pelo MERCOSUL, que política linguística fundamenta o Projeto “Escolas Interculturais Bilíngues de Fronteira”, enfocando instituições de ensino tanto brasileiras, quanto argentinas. SAIBA MAIS: Caso tenha curiosidade sobre essa área, você pode assistir à entrevista de Xoán Langares, professor , o qual explana sobre o que é políticas linguísticas, a questão do bilinguismo e as línguas em um contexto geopolítico atual. https:// www.youtube.com/watch?v=mgbJIE3XPkA professor Xoán Lagares Um outro possível tema diz respeito ao Atlas Linguístico. DEFINIÇÃO: O Atlas Linguístico é um mapa que evidencia a disposição e distribuição dos falantes de uma língua em relação às suas próprias variantes. Nas palavras de Cardoso e Mota (2012, p. 885), O Projeto Atlas Linguístico do Brasil (Projeto ALiB) constitui- se na primeira tentativa, em nível nacional, de descrição do Linguística BásicaLinguística Básica https://www.youtube.com/watch?v=mgbJIE3XPkA professor Xo%C3%A1n Lagares https://www.youtube.com/watch?v=mgbJIE3XPkA professor Xo%C3%A1n Lagares https://www.youtube.com/watch?v=mgbJIE3XPkA professor Xo%C3%A1n Lagares 48 português brasileiro com base em dados coletados, in loco, nas diversas regiões geográficas, a partir da investigação em uma rede de pontos que se estende do Oiapoque (ponto 001) ao Chuí (ponto 250). Trata-se, portanto, de um projeto que se desenvolve no campo da variação linguística. Inclusive, sobre a importância desse projeto, podemos citar a fala de Paim ( p. 73), o qual diz que [...] um atlas linguístico pode ser de extrema importância para os estudos da língua, além de salvaguardar a memória sociolinguística de um povo (documentação da história da língua), pode ser um poderoso instrumento para as políticas linguísticas (principalmente no que tange às políticas de ensino), constituindo-se como um tesouro muito valioso para vários ramos da ciência. SAIBA MAIS: Caso tenha ficado interessado sobre o Atlas Linguístico brasileiro, você pode acessar o link a seguir: https://alib. ufba.br/atlas-nacionais. Área de pesquisa e investigação da Linguística Textual De acordo com o que foi exposto antes, a Linguística Textual é a teoria linguística que investiga os vários fenômenos ligados ao texto. Acerca disso, vamos apresentar algumas áreas de pesquisa de tal vertente. Uma área que pode ser pesquisada com base nessa teoria é o processamento textual. Relembrando de que o texto é uma unidade de comunicação pela qual o sentido é construído, isto é, processado, para que Linguística BásicaLinguística Básica https://alib.ufba.br/atlas-nacionais https://alib.ufba.br/atlas-nacionais 49 isso ocorra, os seres humanos dispõem de uma série de conhecimentos de natureza cognitiva, no caso, o linguístico, o enciclopédico e o interacional (FÁVERO; KOCH, 2000). Logo, um exemplo disso pode ser encontrado no artigo “A linguística de texto e o processamento textual de tirinhas no ENEM”, de Dikson e Rocha (2015). Nele, os autores analisam como ocorre o processamento textual em uma questão do ENEM que contém uma história em quadrinho. Após isso, eles concluem que tal processamento textual concebido pela Linguística Textual é de extrema importância, uma vez que esclarecem as etapas da compreensão e da interpretação de textos, ainda mais se tratando de um ambiente de concurso referente ao Exame Nacional do Ensino Médio. SAIBA MAIS: Desta forma, se você ficou entusiasmado com essa pesquisa, você pode ter acesso de maneira completa no seguinte link: http://www.linguasagem.ufscar.br/index. php/linguasagem/article/view/103. Somado ao caso anterior, também existe a área da produção textual, a qual está diretamente ligada aos gêneros textuais. DEFINIÇÃO: Para Marcuschi (2002), esses são textos os quais possuem uma função social, manifestam-se em situações cotidianas de comunicação e apresentam uma série de características de composição específica. Uma pesquisa que ilustra a área da produção a partir dos gêneros textuais é o artigo de Zilda Aquino e Gabriela Dioguardi denominado “Aprender a argumentar, argumentando:o gênero tweet no ensino de língua materna”. Linguística BásicaLinguística Básica http://www.linguasagem.ufscar.br/index.php/linguasagem/article/view/103 http://www.linguasagem.ufscar.br/index.php/linguasagem/article/view/103 50 Os autores analisam, nesse trabalho, o gênero textual digital tweet e descrevem a sua aplicação voltada ao ensino da argumentação nas aulas de língua portuguesa. Na visão delas, os resultados da análise evidenciam que os procedimentos empregados na análise do objeto de pesquisa, [...] além de motivarem os alunos em termos da observação de textos que realmente circulam nas interações diárias em sociedade, propiciaram a aprendizagem de gêneros da ordem do argumentar (AQUINO; DIOGUARDI, 2015, p. 60). SAIBA MAIS: Logo, se você ficou curioso em relação ao trabalho anterior, é possível acessá-lo através de: https://www.revistas.usp. br/linhadagua/article/download/96140/pdf/. Área de pesquisa e investigação da Pragmática No tópico passado, vimos que a Pragmática é a teoria linguística destinada ao estudo da linguagem humana em uso e das intenções dos interlocutores relacionadas a ela dentro de um contexto real (WEEDWOOD, 2002). Recapitulando brevemente a sua definição, vamos apresentar algumas áreas de pesquisa e de investigação dela. Dentro da perspectiva teórica da Pragmática, uma área que pode ser estudada diz respeito à própria interpretação textual. Isso pode ser observado no artigo de Penha Lins chamado “A Pragmática e a Análise de Textos”. Nele, a autora se propõe a apresentar alguns conceitos dessa linha teórica, como a Relevância, a Polidez e as Máximas Conversacionais. Depois disso, ela analisa a maneira pela qual eles podem ser aplicado no momento de se interpretar algum texto. Linguística BásicaLinguística Básica https://www.revistas.usp.br/linhadagua/article/download/96140/pdf/ https://www.revistas.usp.br/linhadagua/article/download/96140/pdf/ 51 Sobre isso, Lins (2008, p. 175) conclui que Em nossas interações do dia-a-dia, existe mais do que uma troca de palavras: há uma dança social, e nós, enquanto ouvintes, devemos ficar atentos ao ritmo da comunicação. A Pragmática lida com essas mensagens veladas. SAIBA MAIS: Desta forma, caso você tenha um interesse acerca do trabalho da autora, segue o link dele: periodicos.ufes.br/ contextoslinguisticos/article/view/5214/3898. Além desse caso anterior, outro que podemos citar é a aplicação dessa teoria linguística na área publicitária. Isso é visto na dissertação de Reginaldo Moreira denominada “(Des)cortesia linguística na nova pragmática e a problemática da intencionalidade nos atos de fala violentos na publicidade brasileira; quem é o responsável?”. O autor examina processos ligados a ações publicitárias que foram alvo de denúncias junto ao CONAR a partir dos conceitos de atos de fala descorteses e sem polidez. Segundo as conclusões de Moreira (2016, p. 138), Inferimos que essas campanhas publicitárias ofensivas e desrespeitosas associadas às agências de publicidade e propaganda que criam não representam a essência do profissional do publicitário, pois seu compromisso primeiro é criar e manter uma imagem positiva do anunciante, não associando a marca às experiências negativas, como o desrespeito, a violência linguística e à descortesia no discurso publicitário. Linguística BásicaLinguística Básica 52 SAIBA MAIS: Você gostou dessa pesquisa da qual falamos? Se sim, você pode acessá-la no seguinte link: http://www.uece. br/posla/dmdocuments/DISSERTA%C3%87%C3%83O__ REGINALDO%20GURGEL_.pdf. Linguística BásicaLinguística Básica http://www.uece.br/posla/dmdocuments/DISSERTA%C3%87%C3%83O__REGINALDO GURGEL_.pdf http://www.uece.br/posla/dmdocuments/DISSERTA%C3%87%C3%83O__REGINALDO GURGEL_.pdf http://www.uece.br/posla/dmdocuments/DISSERTA%C3%87%C3%83O__REGINALDO GURGEL_.pdf 53 REFERÊNCIAS AQUINO, Zilda; DIOGARDI, Gabriela. Aprender a argumentar, argumentado: o genêro tweet no ensino de língua materna. Linha D’Água (Online), São Paulo, v. 28, n. 1, p. 45-62 , jun. 2015. ARAÚJO, S. ; LUCCHESI, Dante . Um estudo contrastivo sobre a concordância verbal em Feira de Santana e em Luanda. PAPIA: Revista Brasileira de Estudos do Contato Linguístico, v. 26, p. 71-99, 2016. AUSTIN, Jonh. How to do things with words. Cambridge. Havard University Press, 1962. ANDRADE, Oswald. Primeiro caderno de poesia do aluno Oswald de Andrade. São Paulo: Globo, 1991. BEAUGRANDE, R. A.; DRESSLER, W. U. Introduction to text linguistics. London: Longman, 1983. BORGES NETO, José. Ensaios da filosofia da linguística. São Paulo: Parábola, 2004. CABRAL, Marina da Silva. Um breve percurso sobre a história da linguística e suas influências na sociolinguística. Revista Acadêmica de Letras Português uox, n. 02, 2014/1. CALVET, L. J. As políticas linguísticas. São Paulo: Parábola: IPOL, 2007. CARDOSO, Suzana Alice; MOTA, Jacyra Andrade. Projeto Atlas Linguístico do Brasil: Antecedentes e estágio atual. Alfa, São Paulo, 56 (3): 855-870, 2012. CERQUEIRA, Vicente Cruz. A sintaxe do possessivo no português brasileiro. 1996. 214f. Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem, Campinas, SP. Disponível em: <http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/271038>. Acesso em: 3 de out. de 2019. Linguística BásicaLinguística Básica http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/271038 54 COSTA, Marcos Antonio. Estruturalismo. In: MARTELOTTA, Mário Eduardo (Org.). Manual de Linguística. 1ª.ed., São Paulo: Contexto, 2009, p.113-126. CHOMSKY, N. Syntactic Structures. Paris: Mouton, 1972. CUNHA, C. F.; COSTA, S. B. B.; MARTELOTTA, M. E. Estruturalismo in: MARTELOTTA, Mário Eduardo (org.). Manual de linguística. São Paulo: Contexto.2010, p. 25. FARACO, Carlos Alberto. Linguística Histórica: Uma introdução ao estudo histórico da língua. Parabola 2° edição, 2005. DIKSON, Dennys; ROCHA, Macicleide Barros da. A linguística de texto e o processamento textual de tirinhas no ENEM. Linguasagem, São Carlos, v. 24 (1): 2015. FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e coerências textuais. 11ª ed. São Paulo: Ática, 2009. FÁVERO, Leonor Lopes; KOCH, Ingedore G. Villaça. Linguística textual: introdução. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2000. KENEDY, Eduardo. Gerativismo. In: MARTELOTTA, Mário Eduardo (Org.). Manual de Linguística. 1ª.ed., São Paulo: Contexto, 2009, p.127-140. LABOV, William. Padrões sociolinguísticos. São Paulo: Parábola, 2008. LINS, Maria da Penha Pereira. A Pragmática e a Análise de Textos. Revista (Con) Textos Linguísticos, v. 2, n. 2, 2008. Disponível em: periodicos.ufes.br/contextoslinguisticos/article/view/5214/3898. Acesso em 04 de out. de 2019. LORANDI, Aline; CRUZ, Carina Rebello; SCHERER, Ana Paula Rigatti. Aquisição da linguagem. Verba Volant, v. 2, nº 1. Pelotas: Editora e Gráfica Universitária da UFPel, 2011. Disponível em: http://www.ufrgs.br/ labico/2011-Aquisicao-da-Linguagem.pdf. Acesso em 03 de outubro de 2019. Linguística BásicaLinguística Básica http://periodicos.ufes.br/contextoslinguisticos/article/view/5214/3898 http://www.ufrgs.br/labico/2011-Aquisicao-da-Linguagem.pdf http://www.ufrgs.br/labico/2011-Aquisicao-da-Linguagem.pdf http://www.ufrgs.br/labico/2011-Aquisicao-da-Linguagem.pdf 55 LYONS, John. Linguagem e linguística: uma introdução. Rio de Janeiro: LTC, 2008. MARCUSCHI, Luiz Antonio. Gêneros textuais: definição e funcionalidade In: DIONÍSIO, Angela et al. (Org.). Gêneros textuais & ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002, p. 19-36 MARTINET, André. Elementos de linguística geral. 8 ed. Lisboa: Martins Fontes, 1978. MATTOSO CÂMARA Jr., Joaquim. Princípios de Lingüística Geral como Fundamento para os Estudos Superiores da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Briguiet, 1975. MELO, W. C.; PIMENTEL, R. G. Análise Didática: Gramática Comparativa e Neogramática. In: V Jornada de Didática, 2018, Londrina. 2018- Anais da V Jornada de Didática e IV Seminário de Pesquisa do CEMAD: Saberes e práticas da docência:, 2018. MOLLICA, M. C. Fundamentação teórica: conceituação e delimitação. In: MOLLICA, M. C.; BRAGA, M. L. (Orgs.). Introdução à Sociolingüística: o tratamento da variação. São Paulo: Contexto, 2008. MOREIRA, Reginaldo Gurgel. (Des)Cortesia linguística na nova pragmática e a problemática da intencionalidade nos atos de fala violentos na publicidade brasileira: quem é o responsável? Dissertação (mestrado acadêmico) - Universidade Estadual do Ceará, Centro de Humanidades, Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada, Fortaleza,2016. PLATÃO. Diálogos. Volume IX. Teeteto – Crátilo. Coleção Amazônica. Pará: Universidade Federal do Pará, 1973. RANAURO, Hilma. O legado de Jerônimo Soares Barbosa. Revista Portuguesa de Humanidades, n.º 7, fascs. 1-2, Universidade Católica Portuguesa, Faculdade de Filosofia de Braga, Braga/Portugal, ano 2003. p.253-265. Linguística BásicaLinguística Básica 56 ROCHA, Max Silva da; SILVA, Maria Margarete de Paiva. A linguística textual e a construção do texto: um estudo sobre os fatores de textualidade. Revista Digital dos Programas de Pós-Graduação do Departamento de Letras e Artes da UEFS Feira de Santana, v. 18, n. 2, p. 26-44, maio-agosto 2017. SAUSSURE, Ferdinand. Curso de Linguística Geral. São Paulo: Cultrix, 2012. SILVA, Isabela Chaves da; CASTRO, Cândida Assumpção. Português como língua estrangeira: uma nova perspectiva para formar professores. RevISE – Revista Interdisciplinar do Instituto de Educação de Ananindeua (Online) ISSN: 2359 – 4861 Vol. 7, N. 7 Maio/2017. SILVA, Talita Gleycilane Mendes da; PILATI, Eloisa Nascimento Silva. Linguística Gerativa e Gramática na Educação Básica. Revista línguas e letras, v. 18, n. 41, 2017. SPERANÇA-CRISCUOLO, AC. Breve histórico dos estudos linguísticos e sua influência no ensino da língua. In: Funcionalismo e cognitismo na sintaxe do português: uma proposta de descrição e análise de orações subordinadas substantivas para o ensino [online]. São Paulo: Editora UNESP, 2014, pp. 17-27. VITRAL, L. Structure de la proposition et syntaxe du mouvement en portuguais brésilien. Tese de doutorado, Universidade de Paris VIII, 1992. WEEDWOOD, Bárbara. História concisa da linguística. Trad. Marcos Bagno. São Paulo: Parábola Editorial, 2002. WILSON, Vitória. Motivações pragmáticas. In: MARTELOTTA, Mário Eduardo (Org.). Manual de linguística. 1. ed., 2ª reimpr. São Paulo: Contexto, 2012. Linguística BásicaLinguística Básica Leonardo Teixeira de Freitas Ribeiro Vilhagra Linguística Básica Breve percurso histórico da linguística Antiguidade Clássica até a Gramática de Port-Royal O Comparativismo Histórico Os Neogramáticos Saussure e o Estruturalismo Principais teorias linguísticas Gerativismo A Sociolinguística Linguística Textual Pragmática Definição e o objeto da linguística O objeto de pesquisa do Gerativismo O objeto de pesquisa da Sociolinguística Objeto de pesquisa da Linguística Textual Objeto de pesquisa da Pragmática A linguística e as áreas de investigação e pesquisa Áreas de pesquisa e de investigação do Gerativismo Áreas de pesquisa e investigação da Sociolinguística Área de pesquisa e investigação da Linguística Textual Área de pesquisa e investigação da Pragmática