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2-Apostila obstetricia

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PhD. Luiz Figueira Pinto
&
PhD. Saulo Andrade Caldas
 
 
Obstetrícia Veterinária
 
 
 
 
Rio de Janeiro
2016
 
 
 
 
Prefácio
 
A Obstetrícia Veterinária é uma especialidade Médica Veterinária
reconhecida, ramo da Clínica Cirúrgica Veterinária, e com campos de
atuação bem definidas na criação e exploração dos animais domésticos. O
caráter preventivo e curativo da especialidade obstétrica colabora para
manutenção de manejos sanitários e nutricionais adequados das fêmeas em
idade reprodutiva.
Na grade curricular do curso de graduação em Medicina Veterinária
da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) a disciplina de
Obstetrícia Veterinária ocupa um lugar de destaque, seja por complementar
a formação clínica cirúrgica e a de fisiopatologia da reprodução quanto por
favorecer a profissionalização dos alunos do curso de Medicina
Veterinária. Isto pode ser constatado ao se verificar a grande casuística da
rotina do Serviço de Obstetrícia no Hospital Veterinário e dos
atendimentos às fêmeas gestantes e parturientes da Fazenda Universitária
da UFRRJ.
Esta obra contempla todo o conteúdo abordado na disciplina de
Obstetrícia Veterinária onde o aluno encontrará os principais temas
obstétricos veterinários com informações e referencias bibliográficas
atualizadas, além de um roteiro de estudos para exercícios.
 
 
Rio de Janeiro
2016
 
 
Luiz Figueira Pinto
Saulo Andrade Caldas
 
 
Prefácio
Índice
A Obstetrícia Veterinária
A pélvis óssea
Pelvimetria
O aparelho reprodutor feminino
Mastologia Veterinária
Anexos do embrião e do feto
Placentas
Circulação sanguínea fetal e neonatal
Aspectos clínicos e fisiológicos da gestação
Aspectos clínicos e fisiológicos do parto e do puerpério
Cesariana
Patologias da gestação
Distocias nos animais domésticos
Distocias fetais
Distocias maternas
Puerpério patológico
Cuidados com o recém-nato
Fetotomia.
A Obstetrícia Veterinária
 
A Obstetrícia tem esta denominação em homenagem às parteiras em
sua ação hábil de assistência ao parto. A raiz da palavra é de origem grega
(obstetrix = estar à frente) e se refere à sua posição em relação à parturiente e
à sua habilidade. O termo Tocologia (do latim tocus = parto) é uma
sinonímia também empregada e que dá origem a diversos termos utilizados
como jargão profissional na especialidade, por exemplo: eutocia, distocia,
ocitocina, etc..
A Obstetrícia Veterinária é uma área de conhecimento que abrange a
clínica médica e cirúrgica, além da fisiopatologia da reprodução animal. A
sua finalidade é o estudo dos fenômenos fisiológicos e patológicos de fases
especiais na vida da fêmea, como a gravidez, o parto e o puerpério, a fim de
garantir a saúde da gestante e de sua prole.
Em medicina veterinária a obstetrícia assume grande importância
devido a ocorrência freqüente de distúrbios da reprodução animal que
comprometem a evolução da gestação e o curso natural do parto, seja nos
animais de companhia ou nos animais de produção.
A prática obstétrica veterinária se apóia no adequado conhecimento
da anatomia descritiva e topográfica da pélvis, assim como dos processos
fisiológicos que regulam a evolução da gestação e do parto. Além disto,
compete ao obstetra veterinário orientar e identificar a adoção de adequado
manejo nutricional e sanitário como parte dos cuidados pré-nupciais e pré-
natais. O perfeito domínio deste conhecimento básico permite ao tocólogo
compreender a origem de certas distocias maternas e fetais e proceder às
manobras cirúrgicas e obstétricas adequadas, com as melhores condições de
preservação das estruturas moles do canal do nascimento e do corpo do feto.
Isto contribui para a manutenção da vida e o retorno ao estado de saúde, tanto
da parturiente quanto do produto. Dessa forma, o obstetra estará atuando de
acordo com as premissas máximas da propedêutica médica, as quais são:
Primum non nocere (em primeiro lugar, não causar o mal), “abster-se do
impossível” e “quando o fizeres faça o da melhor maneira”, enunciadas por
Hipócrates.
 
 
A pélvis óssea
 
A anatomia obstétrica veterinária compreende o estudo da pélvis, das
glândulas mamárias, da circulação fetal, dos anexos embrionários e fetais, e
do cordão umbilical (Quadro 1), por se constituírem locais de importância
clínica e cirúrgica durante a gestação e o parto.
A pélvis óssea no sentido tocológico é o cinturão pélvico que rodeia
parcialmente a cavidade pélvica. É a parte menos flexível da pélvis, mas que
permite certa ampliação no momento do parto (Figuras 1 e 2).
Durante o parto o sacro se desvia algo para cima e os ângulos internos
do ílio se afastam ocorrendo ampliação nos diâmetros vertical e transversal
do canal do nascimento. Quanto mais curto e móvel se apresentar o sacro
mais fácil será o parto.
 
 
 
 
Figura 1. Pélvis óssea bovina. Vista cranial.
Observa-se ainda que no momento do parto há um aumento do
diâmetro da via fetal e uma diminuição do volume do feto, principalmente do
volume cefálico nos primatas, por apresentarem as suturas cranianas que
permitem a compressão do crânio sem prejuízo funcional das estruturas
nervosas.
 
Figura 2. Pélvis óssea bovina. Vista caudal.
 
Osso Ílio
O Ílio é um osso par e irregularmente triangular que apresenta duas
faces, a dorsal e ventral; três bordos, o anterior, o medial e o esterno; e três
ângulos, o interno, o externo e o acetabular. Estas estruturas constituem o
corpo e a asa do ílio (Figura 3).
A face dorsal do Ílio é côncava e constitui a superfície glútea do
ilíaco, onde se inserem os músculos glúteos e dorsais. Apresenta ainda a linha
glútea, que é proeminente na vaca, e que em seu bordo interno se continua
com a espinha isquiática.
A face ventral do Ílio é convexa, sendo denominada de face pélvica.
Apresenta sulcos produzidos pelos vasos e nervos obturadores. Possui uma
parte triangular, rugosa, e que serve de inserção ligamentar; e outra
quadrangular, onde se localiza a linha iliopectínea, por onde correm os vasos
ílio-femurais; e o tubérculo do Psoas, onde se inserem os tendões dos
músculos psoas menor.
 
Figura 3. Osso Íleo. Face dorsal.
O bordo anterior do Ílio é côncavo, grosso e rugoso, serve de apoio
ligamentar para os músculos dorsais, e é denominado de crista do ilíaco. O
bordo medial é côncavo e apresenta a escotadura ciática maior e a espinha
isquiática. E, o bordo esterno é côncavo e rugoso e apresenta um sulco para
os vasos iliolombares.
O ângulo interno do Ílio constitui a porção medial da asa do ílio, e se
denomina de tuberosidade sacral. O Ílio se articula ventro-medialmente com
o Sacro formando a articulação sacro-ilíaca, de grande importância no parto.
O ângulo externo do Ílio é rugoso devido às inserções musculares.
Constitui a porção lateral da asa do Ílio formando a tuberosidade coxal.
O ângulo acetabular pertence ao corpo do Ílio e forma 2/5 do
acetábulo, onde se une ao Ísquio e ao Púbis.
A avaliação obstétrica da pélvis se inicia com a inspeção clínica do
animal em procura de simetria entre as tuberosidades coxais do ílio, a fim de
descartar lesão óssea e irregularidades no canal do nascimento. Neste aspecto
verifica-se que os eqüinos apresentam mais comumente lesão no ângulo
esterno do íÍio provocada por quedas. E, no exame obstétrico do canal do
nascimento, por meio de palpação vaginal, se pesquisa na região acetabular a
presença de irregularidades ósseas, por se constituir em uma região mais
susceptível às fraturas ósseas. A presença de calo ósseo na região do corpo
do ílio próximo ao acetábulo resulta em assimetria e diminuição do diâmetro
do canal do nascimento, o que constitui em obstáculo à passagem do feto
durante o parto vaginal.
 
Osso Ísquio
O osso Ísquio é um osso par e quadrangular que forma a parte caudal
do piso ventral da pélvis. Apresenta duas faces, quatro bordos e quatro
ângulos (Figura 4).
A face pelviana é lisa e côncava nas fêmeas, enquanto que a face
ventral é rugosa e serve de apoio para a inserção dos músculos adutores dos
membros posteriores.
 
Figura 4.Piso ventral da pélvis. Face pelviana.
 
O bordo anterior do osso Ísquio constitui o rebordo posterior do
buraco obturador, que se completa com o osso púbis. O bordo posterior
forma o arco isquiático, que pode ser avaliado por inspeção e palpação
externa quando de um exame obstétrico. Serve de referencial anatômico e
topográfico quando de uma cirurgia corretiva de anaplastia vulvar.
O bordo lateral do Ísquio apresenta a escotadura ciática menor, que se
une a escotadura ciática maior do ílio e serve de apoio para a inserção do
ligamento ciático.
O bordo medial do ísquio forma a sínfise isquiática com o seu
homólogo e que se continua com a sínfise pubiana formando a sínfise
pélvica.
O ângulo ântero–interno do Ísquio se denomina ramo sinfisário e se
articula com o púbis, e o ângulo ântero–externo se denomina ramo acetabular
e apresenta a espinha isquiática, que é proeminente na vaca e na porca.
O ângulo posterior-interno do Ísquio se une com o ísquio homólogo,
enquanto o ângulo posterior-externo forma a tuberosidade isquiática. 
 
Osso Púbis
É o menor dos ossos da pélvis e forma a parte cranial do assoalho
pélvico (Figura 4). Em sua descrição encontram-se duas faces, pélvica e
ventral; três bordos, anterior, medial e posterior; e quatro ângulos, medial,
acetabular e posterior.
A face pelviana do Púbis é lisa e côncava nas fêmeas. Na vaca jovem
pode haver uma tuberosidade pronunciada na parte cranial da sínfise púbica,
o que pode ser causa de contusão ou laceração das partes moles do canal do
nascimento, em uma distocia. A face ventral é convexa e rugosa, onde se
inserem ligamentos. Encontra-se nesta região o sulco púbico que aloja o
plexo vásculo-nervoso oriundo do buraco obturador.
No bordo anterior do Púbis encontra-se a eminência iliopectínea, que
serve de apoio para o músculo pectíneo, e o tubérculo púbico que serve de
inserção para os músculos abdominais e o ligamento mediano do úbere. O
bordo medial, denominado sínfise púbica, constitui a porção cranial da sínfise
púbica, que se articula com o púbis oposto. E, o bordo posterior constitui o
rebordo anterior do buraco obturador, que se completa com o osso ísquio.
Os ângulos púbicos internos do Púbis formam os ramos púbicos
sinfisários e os ângulos externos formam o ramo acetabular e o ramo
isquiático.
 
Acetábulo
É uma cavidade cotilóide que aloja a cabeça do fêmur, formando a
articulação coxofemoral (Figura 5). O Acetábulo é formado pela fusão do
ângulo acetabular do Ílio, ângulo ântero–externo do Ísquio e o ramo
acetabular do Púbis. Geralmente estão presentes nesta articulação os
ligamentos transverso, redondo e acessório, que promovem a inserção da
cabeça femural na cavidade acetabular. Nos bovinos pode não haver qualquer
ligamento ou estar presente apenas o ligamento redondo.
Figura 5. Vista lateral da pélvis e do acetábulo.
 
Buraco obturador
Acidente anatômico localizado no assoalho da pélvis e constituído
pela união da borda posterior do Púbis com a borda anterior do Ísquio (Figura
6). Encontra-se preenchido pelos músculos obturadores internos e externos e
dá passagem a um complexo vásculo-nervoso (artéria, veia e nervo
obturadores).
 
Figura 6. Face pelviana do assoalho pélvico. Buraco obturador.
 
Sacro
É uma unidade óssea constituída pela fusão de cinco vértebras
(Figuras 7 e 8). A sua forma de crucifixo lhe gerou a denominação (sacro=
sagrado).
Em sua face dorsal, o osso Sacro forma a espinha sacral, formada pela
fusão das apófises espinhosas das vértebras sacrais fusionadas. Os bordos
laterais formam a asa do Sacro, formada pela fusão das apófises transversas
das vértebras sacrais.
Na porção ventral do bordo anterior do osso Sacro, que corresponde à
primeira vértebra sacral, encontra-se o Promontório. Este é um ponto de
referencia importante em pelvimetria e pode se constituir em um obstáculo
para o parto, por contribuir na diminuição do diâmetro da abertura de entrada
do canal do nascimento.
 
Figura 7. Osso Sacro. Face pelviana.
 
Figura 8. Osso Sacro. Face dorsal
 
Diferenças entre as pélvis masculinas e femininas
O diâmetro de entrada é menor nos machos;
O arco isquiático é mais estreito nos machos;
A cavidade pélvica é menor nos machos;
A sínfise pélvica é sinestosada nos machos;
A porção cranial do assoalho pélvico é convexo nos machos e côncavo
nas fêmeas.
 
Causas de luxação coxofemoral na vaca na hora do parto
a) Acetábulo raso;
b) Falta de musculatura dos membros posteriores potente;
c) Pode faltar o ligamento redondo, que é fraco e pequeno quando existe;
d) Andar peculiar jogando as pernas;
e) Falta do ligamento acessório do redondo.
 
Articulações da Pélvis
 Articulação sacro–ilíaca
É uma diartrose entre as asas do osso Sacro e as tuberosidades sacrais
do osso Ílio. Esta articulação tem a finalidade de oferecer estabilidade à
pélvis e certa mobilidade articular na hora do parto.
É de grande importância para a dilatação do canal do nascimento no
parto, seja quando da passagem do feto com a parturiente em estação, ou
quando a parturiente se coloca em decúbito e apóia a tuberosidade coxal do
osso Ílio de encontro ao solo, o que permite a mobilidade do Ílio oposto.
 Articulação lombo–sacra
É uma articulação formada pela última vértebra lombar e a primeira
vértebra sacral. Local de acesso para o emprego da anestesia epidural em
cabra, porca e cadela., empregada em determinados procedimentos
obstétricos.
 Articulação sacrococcígea
É a articulação entre a ultima vértebra sacral e a primeira vértebra
coccígea. É de grande importância obstétrica para o emprego da anestesia
epidural em vacas e éguas.
 
 
 
 Sínfise ísquio–púbica
É uma articulação sinestosada nos machos, mas que apresenta certa
mobilidade nas fêmeas no momento do parto, o que permite certa ampliação
do assoalho do canal do nascimento, contribuindo para o aumento das
dimensões da pélvis na hora do parto.
 Articulação coxofemoral
É uma diartrose entre o acetábulo e a cabeça femural. A vaca
apresenta uma predisposição à luxação coxofemoral em decorrência da
conformação anatômica da cavidade cotilóide. O acetábulo na vaca é raso, a
musculatura do membro pélvico é fraca e estão ausentes os ligamentos
articulares.
 
Ligamentos pélvicos
Os ligamentos pélvicos complementam a pélvis óssea, mantém a
relação entre a pélvis e a coluna vertebral e auxiliam no trabalho das
articulações, principalmente o da articulação sacro–ilíaca. Compreendem os
ligamentos sacro-ilíacos, com suas porções dorsal, lateral e ventral, o sacro–
isquiático e o tendão pré-púbico.
O ligamento sacro–ilíaco dorsal é uma estrutura ligamentar forte, em
forma de cinta, que se insere na tuberosidade sacral e no vértice da espinha
sacral.
O ligamento sacro–ilíaco lateral forma uma lamina triangular espessa
que se insere na frente da tuberosidade sacral, por cima da escotadura ciática
maior e por baixo no bordo lateral do sacro. Este ligamento se une
dorsalmente ao ligamento sacro–ilíaco dorsal, para proporcionar firmeza e
rigidez à articulação sacro–ilíaca.
O ligamento sacro–ilíaco ventral envolve a articulação sacro–ilíaca
ventralmente e preenche o ângulo entre a asa do osso Sacro e a face ventral
da porção medial do osso Ílio.
O ligamento sacro–isquiático, também denominado sacro–ciático ou
simplesmente ligamento isquiático, se apresenta como uma extensa folha
ligamentar quadrangular que completa a parede lateral da cavidade pélvica, e
forma o arcabouço do canal do nascimento. Este ligamento sofre o processo
de embebimento hormonal no momento do parto, o que proporciona um
relaxamento ligamentar, que iguala o diâmetro da abertura caudal ao da
abertura cranial. Este relaxamento proporciona o aparecimento de um sinal
clínico de proximidade do parto, que é o relaxamento da anca, facilmente
identificado na vaca. Na inserção deste ligamento identificam-se os bordos
dorsal, ventral e posterior. O bordo dorsal é lateral ao sacro e às apófises
transversas das trêsprimeiras vértebras coccígeas. O bordo ventral se insere
na espinha ciática e na tuberosidade isquiática, enquanto o bordo posterior se
fusiona com a cabeça vertebral dos músculos semimembranosos. Nos cães
identifica-se o ligamento sacro-tuberoso, que é uma estrutura forte, formado
pelo espessamento da porção caudal do ligamento isquiático, que se insere
no bordo lateral do osso Sacro e na tuberosidade isquiática.
O tendão pré–púbico é o tendão de inserção dos músculos
abdominais, exceto dos transversos abdominais. È fortemente aderido ao
bordo anterior cranial dos ossos Púbis e bastante desenvolvido na vaca, o que
pode modificar as dimensões da pélvis e dificultar o trabalho de parto.
Nervos pélvicos
A inervação da pélvis é promovida pela ramificação dos nervos
ciático, pudendo obturador e femural.
O nervo ciático ou isquiático é o maior nervo do corpo animal, e é
constituído pelas raízes nervosas de L5, L6, S1 e S2. Emerge pelo forame
ciático maior e segue como uma larga cinta plana e que se fusiona em sua
origem com o nervo glúteo posterior.
O nervo pudendo fornece ramificações para a bexiga, uretra e reto,
com o seu ramo pudendo interno; e para o esfíncter anal, músculo
isquiocavernoso, clitóris e vulva, com o seu ramo pudendo externo. 
O nervo obturador é um nervo motor que inerva os músculos
obturador externo, pectíneo, adutor e a porção reto interna do músculo
quadríceps femural. É o nervo mais vulnerável no momento do parto por se
dispor de encontro à face ventral do osso Ílio e ficar sujeito à compressão
pelo feto em sua passagem pelo canal do nascimento. A ocorrência de
traumas por compressão do nervo obturador acarreta em paresia ou paralisia
de um membro posterior, o que mantém a vaca em decúbito lateral, e
constitui uma das etiologias da síndrome da vaca caída.
O nervo femural é derivado das raízes dos nervos lombares L4 e L5 e
sua continuidade forma o nervo safeno.
Artérias e veias da pélvis
A vascularização da pélvis é promovida pela artéria ilíaca interna,
também denominada artéria hipogástrica, ramo da aorta abdominal. As veias
são satélites e se reúnem na veia cava caudal (Quadro 2).
 
 
Roteiro de estudo: Anatomia obstétrica
1. O que significa cinturão pélvico?
2. Quais são os principais acidentes anatômicos presentes no osso Ílio?
3. Quais são as regiões do ílio mais sujeitas a fraturas por traumas?
4. Quais são os principais acidentes anatômicos presentes no osso Ísquio?
5. Qual a região do Ísquio empregada como referencial anatômica em uma
anaplastia vulvar?
6. Quais são os principais acidentes anatômicos presentes no osso Púbis?
7. Quais são as estruturas anatômicas que sofrem lesão em uma desmorrexia
pré-púbica?
8. Explique por que a vaca tem predisposição à luxação coxofemoral na hora
do parto.
9. Onde se localiza o promontório e qual a importância de sua identificação
no exame obstétrico?
10. Cite as articulações que compõem a pélvis óssea.
11. Quais são os ligamentos que compõem a pélvis?
12. Quais são os nervos presentes na região pélvica?
13. Quais são as principais artérias presentes na região pélvica?
 
Referências bibliográficas
1. DYCE, K.M.; SACK, W.O.; WENSING, C.J.G. Tratado de anatomia
veterinária. 3º ed. Rio de Janeiro: Elsevier. 2004, 799p.
2. GETTY, Robert; SISSON, Septimus; GROSSMAN, James Daniels.
Sisson/Grossman Anatomia dos animais domésticos. 5. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1986. 2 v.
3. POPESKO, P. Atlas of topographical anatomy of the domestic animals. 2ª
ed. V. 1. Philadelphia: Sauders, 1977, 205p.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pelvimetria
 
O estudo das dimensões da pélvis contribui para compreensão das
características da capacidade da pélvis óssea no parto. Principalmente para as
fêmeas uníparas, em que a proporção materno fetal alcança os limites para a
passagem na via sacra, durante o parto vaginal.
A determinação das dimensões da pélvis óssea se denomina
pelvimetria. Ela pode ser obtida por meio da mensuração direta, o que se
denomina de pelvimetria interna; ou indireta, que por sua vez se denomina de
pelvimetria externa.
Pelvimetria interna
É realizada em peças ósseas com o intuito de estudar as características
pélvicas de uma determinada raça ou espécie. Neste estudo se procura avaliar
o espaço interno da cavidade pélvica e sua capacidade de ampliação
baseando-se nas mensurações dos diferentes diâmetros.
a) Nomenclatura
 - Abertura cranial: é também denominada orifício de entrada do
canal do nascimento. Está delimitada dorsalmente pelo promontório do sacro,
lateralmente pelas linhas iliopectíneas dos ílios, e ventralmente pelas bordas
anteriores dos púbis.
 - Diâmetro Vertical (DV): este diâmetro é também denominado
diâmetro conjugado, verdadeiro ou sacro-púbico. Trata-se de uma linha
imaginária que vai desde o promontório do sacro até a extremidade anterior
da sínfise pubiana. Na vaca o DV é de aproximadamente 22-24 cm enquanto
que na égua o DV é de aproximadamente 21-24 cm.
- Diâmetro Transversal (DT): é também denominado diâmetro
médio ou bi-ilíaco. É formado por uma linha imaginária que passa acima dos
tubérculos dos Psoas, de um lado ao outro. Na vaca o DT é de
aproximadamente 16-18 cm enquanto que na égua o DT é de
aproximadamente 21-24 cm.
 - Eixo Pélvico ou Linha de Condução: é uma linha imaginária
ideal, que une os centros de todos os diâmetros verticais traçados em todo o
trajeto do canal do nascimento e que indica a direção do conduto pélvico.
Consiste na trajetória que o feto realiza na fase expulsiva do parto, sendo,
portanto, a linha por onde se deve conduzir o feto quando se faz necessária a
manobra de tração em uma intervenção obstétrica.
 - Abertura caudal: é a denominação do orifício de saída do
canal do nascimento. Na descrição dos seus limites anatômicos temos
dorsalmente as três primeiras vértebras coccígeas; laterodorsalmente, as
bordas caudais dos ligamentos sacroisquiáticos; lateroventralmente, as
bordas internas dos músculos semimembranosos; e ventralmente, o arco
isquiático.
 
Quadro 1. Classificação das pélvis.
Espécie Forma do
Eixo
Pélvico
Distocia
púbis-
isquio
DV/DT Denominação
da Pélvis
Tipo de
Parto
Vaca Em ͠ "S"
O sacro
reto, ísquio
p/ cima
Longa DV>DT Dolicopélvica Difícil
Égua Em plano
sacro e
ísquio p/
baixo
Curto DV=DT Mesatipélvica Fácil
Ovelha
 
≠ Curta DV<DT Platipélvica Fácil
Cadela ≠ Curta Depende da Fácil
raça
 
Fatores que determinam a marcha rápida do parto
a) Eixo pélvico plano
b) Eixo pélvico curto
c) Eixo pélvico c/ inclinação caudal
d) Grande distância do sacro à tuberosidade isquiática
Outro fator relacionado à facilidade ou dificuldade na parição é a
dimensão fetal. Enquanto o bezerro apresenta um tórax e anca largos,
dificultando o parto, o potro possui o corpo alongado e fino, o que facilita o
parto. 
 
Pelvimetria externa
A pelvimetria externa é um método indireto de obtenção de medidas
da pélvis por mensuração de determinadas partes externas do corpo do
animal, empregando-se determinados coeficientes (Quadro 2).
 
 
Quadro 2: Coeficientes Pelvimétricos.
Valores dos
Coeficientes
VACA ÉGUA OVELHA CABRA
Coeficiente de DV 0,180 0,143 0,180 0,160
Coeficiente de DTs 0,36 0,43 0,51 0,45
Coeficiente DTi - 20 mm - 48 mm + 5 mm + 6 mm
Coeficiente de
Circunferência
3,44 3,60 3,50 3,40
 
a) Nomenclatura:
 
 - Circunferência Pélvica: é a medida da área pélvica em sua
abertura cranial ou de entrada.
 - Diâmetro Transversal Superior ou DTs: é obtido medindo-se a
largura da garupa, que é a distância de uma tuberosidade coxal à outra, e
multiplicando-se pelo coeficiente de DTs.
 - Diâmetro Transversal Inferior ou DTi: é obtido a partir do DTs,
subtraindo o coeficiente de DTi.
 - Diâmetro Vertical ou DV: é obtido a partir da altura do animal,
medido da cernelha ao solo, e multiplicando-se pelo coeficiente de DV.
 - Coeficientes: relações matemáticasentre partes anatômicas do
corpo do animal.
 
Cálculo da Circunferência Pélvica
 
Onde:
DTs = largura da garupa x coeficiente de DTs
DTi = DTs – coeficiente de DTi
DV = altura da cernelha x coeficiente de DV
 
 
 
Roteiro de estudo: Pelvimetria
1. Diferencie pelvimetria interna de pelvimetria externa.
2. Quais são os componentes anatômicos que delimitam o orifício de entrada 
e o de saída do canal do nascimento?
3. Defina o que é DV e DT.
4. Defina eixo pélvico?
5. Cite o tipo de pélvis da vaca, égua, ovelha e cadela.
6. Qual a fórmula empregada para o cálculo da circunferência pélvica? 
7. Quais são os fatores anatômicos que determinam a marcha rápida do parto?
8. Cite as diferenças entre as pélvis masculinas e femininas.
 
Referências bibliográficas
1. DYCE, K.M.; SACK, W.O.; WENSING, C.J.G. Tratado de anatomia
veterinária. 3º ed. Rio de Janeiro: Elsevier. 2004, 799p.
2. GETTY, Robert; SISSON, Septimus; GROSSMAN, James Daniels.
Sisson/Grossman. Anatomia dos animais domésticos. 5. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 1986. 2 v.
3. GRUNERT, E.; BIRGEL, E. H. Obstetrícia veterinária. Porto Alegre:
Sulina. 1982.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O aparelho reprodutor feminino
 
As partes moles do canal do nascimento compreendem a vulva, o
vestíbulo vaginal, a cérvice e o útero. Estas estruturas podem apresentar
modificações em seu trajeto criando obstáculos à passagem do feto no parto.
Com exceção da vulva estas estruturas estão localizadas na cavidade pélvica,
sendo mantidas anatomicamente por ligamentos e um tecido conjuntivo
ricamente hidratado. A condição hormonal na gestação modifica
fisiologicamente a situação topográfica destes órgãos, de modo que o útero se
desloca completamente para a cavidade abdominal, e a vulva adquire
dimensões avantajadas para permitir a passagem do feto. 
Vulva ou pudendo feminino
É a porção externa da genitália feminina. Nos animais domésticos está
constituída por um par de lábios vulvares bem desenvolvidos, pigmentados e
não pilosos, ao contrário da mulher que está constituída por dois pares de
lábios vulvares, os pequenos e os grandes lábios (Figura 1).
O encontro dos lábios vulvares forma uma linha de união em forma
de fenda e disposta em direção dorso-ventral, denominada de rima vulvar, e
que constitui a abertura do canal vaginal. Nos mamíferos quadrúpedes a
porção superior da rima vulvar constitui a comissura dorsal, enquanto que em
sua porção inferior encontra-se a comissura ventral da vulva, que envolve o
clitóris.
 
Figura 1. Vulva de égua.
O exame obstétrico da vulva consiste em se verificar a
homogeneidade e simetria da rima vulvar, suas dimensões, coloração da pele
e da mucosa vulvar, presença ou não de secreções, nodosidades, tumores,
feridas, lacerações ou cicatrizes. Na vaca é comum a ocorrência de tumores,
como papilomas e carcinomas, e cicatrizes provenientes de suturas indevidas;
enquanto que nas éguas, é essencial verificar o posicionamento da comissura
dorsal em relação com o assoalho pélvico, que devem coincidir, a fim de se
descartar a presença de lacerações que possibilitem a ocorrência de
pneumovagina.
Na realização de suturas de contenção, quando da redução de prolapso
vaginal ou uterino, deve-se evitar o tecido vulvar para a fixação dos fios de
sutura, a fim de se evitar a formação de fibroses, que podem prejudicar a
dilatação da vulva no parto. A referência anatômica da fixação das suturas
consiste em se fixar os pontos de sutura na região de transição entre a parte
pilosa e a região glabra (não-pilosa), lateralmente à vulva.
 
Vestíbulo vaginal
Nos animais domésticos, o vestíbulo vaginal é longo e situado
internamente, enquanto que na mulher é curto e constitui uma parte do
pudendo feminino. Encontram-se as seguintes estruturas anatômicas no
vestíbulo vaginal dos animais domésticos:
 Óstio ou meato externo da uretra: localizado no assoalho do vestíbulo
vaginal, e constitui o limite com a vagina;
 Divertículo sub-uretral: localizado imediatamente após o meato uretral
externo, como uma depressão em fundo de saco;
 Desembocadura dos ductos de Gartner: ambém denominados ductos
epoóforos longitudinais, situados a cada lado da desembocadura da uretra, e
bastante desenvolvidos nos ruminantes domésticos;
 Glândulas vestibulares maiores ou de Bartholin: situadas nas paredes
laterais, e tem a função de lubrificação no coito;
 Glândulas vestibulares menores: situadas na parede ventral;
 Clitóris: órgão erétil da fêmea cuja origem embriológica é a mesma do
pênis. Situa-se no assoalho do vestíbulo vaginal e próximo à comissura
ventral da vulva, envolvido pelos lábios vulvares. A sua porção saliente
constitui a glande do clitóris, que está protegido por uma prega da mucosa, o
prepúcio do clitóris. A glande está presa ao corpo do clitóris, o qual é
constituído pela união de dois ramos provenientes da tuberosidade isquiática.
Vagina
É o órgão copulador feminino. Consiste em uma estrutura tubular que
se estende horizontalmente através da cavidade pélvica, desde o colo do útero
até o vestíbulo vaginal. A separação anatômica entre o vestíbulo vaginal e a
vagina se faz por uma prega transversal, denominada prega himenal, ou
simplesmente hímen, presente nas virgens e nulíparas, como ocorre nas
espécies humana, eqüina e suína. Nas fêmeas que já pariram o hímen
constitui as carúnculas himenais. A vagina e o vestíbulo vaginal constituem a
parte mole do canal do nascimento.
O canal vaginal possui uma grande capacidade de dilatação limitada
apenas pela parede óssea da pélvis. Fisiologicamente se dilata quando da
penetração do pênis ou da passagem do feto. Normalmente o seu espaço é
virtual, estando as paredes dorsal e ventral colabadas, ficando a cavidade
vaginal reduzida a uma fenda transversal.
Topograficamente o canal vaginal relaciona-se dorsalmente com o
reto; lateralmente, com a parede pélvica; e, ventralmente com a bexiga e a
uretra. Mede cerca de 15 a 20 cm, e o vestíbulo vaginal de 7 a 10 cm, de
comprimento, na Vaca. Em sua porção caudal forma um fundo de saco que se
denomina fórnix vaginal, tendo no centro o cérvix.
Podem estar presentes na parede vaginal os canais de Gartner, que
consistem em vestígios embrionários dos ductos paramesonéfricos ou ductos
de Wolff. Estas estruturas podem encistar projetando-se para a luz do canal
do nascimento e dificultar a progressão do feto no parto.
Cérvix ou colo uterino
É uma estrutura essencialmente muscular que exerce a função de
esfíncter, e que se projeta caudalmente na vagina. Anatomicamente, o cérvix
é caracterizado por várias proeminências. Nos ruminantes estas
proeminências têm a forma transversa ou espiralada com saliências fixas
conhecidas por anéis, que apresentam vários graus de desenvolvimento nas
diferentes espécies.
Na vaca os anéis cervicais são proeminentes (geralmente em número
de quatro anéis), e na ovelha adaptam-se um no outro ocluindo a cérvix com
segurança.
Na porca os anéis cervicais dispõem-se em forma de saca-rolhas
adaptando-se à extremidade torcida em espiral do pênis no macho.
Na égua são características e visíveis as dobras na mucosa da cérvix e
as alças que se projetam para dentro da vagina. A cérvix da égua é muscular,
e não cartilaginosa.
Em todas as espécies, a cérvix permanece firmemente fechada, exceto
durante o cio, quando relaxa levemente e permite a entrada do
espermatozóide no útero, e também no parto para a saída do feto. As
reentrâncias da cérvix têm a função de aumentar a superfície de contato para
produção de muco pela mucosa. A maior atividade secretora destas células
ocorre no cio, onde o muco facilitará a movimentação dos espermatozóides.
As criptas cervicais são mais desenvolvidas na vaca do que em outras
espécies domésticas. A secreção de muco cervical é estimulada pelos
estrógenos ovarianos e inibida pela progesterona. As alterações mais
favoráveis das propriedades do muco cervical, como aumento na quantidade,
viscosidade, cristalização e pH, assim como a diminuição da viscosidade e do
conteúdocelular, ocorrem durante o cio e a ovulação; elas se invertem
durante a fase luteínica, na qual a penetração dos espermatozóides na cérvix é
inibida.
Durante a gestação, o muco que oclui o canal cervical é altamente
viscoso, espesso, turvo e não se cristaliza; deste modo, age como barreira
eficiente contra o trânsito espermático e invasão bacteriana no útero,
prevenindo infecções uterinas.
Na fase de dilatação do parto a cérvix se dilata por um mecanismo
antagônico às metrossístoles, como todo esfíncter em um órgão tubular,
libera o tampão mucoso e permite a passagem do feto e das membranas fetais
na fase de expulsão do parto.
A dilatação da cérvix ocorre da luz uterina para a luz vaginal, em
processo denominado de apagamento do colo, aonde cada anel cervical se
dilata por vez. 
Útero
É o órgão na qual o ovo se implanta ou faz a nidação, e se desenvolve
em embrião e em feto, até o nascimento. O útero permite o transporte
espermático e possui mecanismos de controle luteolítico. É altamente
especializado e adaptado para aceitar e nutrir o(s) produto(s) da concepção,
desde a implantação ou nidação até o parto. Produz um fluido endometrial
produzido pelas glândulas endometriais, denominado de leite uterino, que
cria um ambiente favorável para a captação espermática e condições
nutritivas para o blastocisto.
É composto de dois cornos uterinos, um corpo e uma cérvix (colo).
As proporções relativas, assim como a forma e disposição dos corpos, variam
de espécie para espécie.
O útero da porca é do tipo bicornual. Os cornos são dobrados ou
convolutos, podendo atingir de 4 a 5 metros de comprimento, enquanto que o
corpo uterino é curto. Este comprimento é uma adaptação anatômica para
carregar satisfatoriamente a leitegada.
O útero bipartido é típico da vaca, ovelha e égua. Estas fêmeas
apresentam um septo que separa os dois cornos e um proeminente corpo
uterino. Superficialmente o corpo do útero da vaca e da ovelha parece ser
maior do que ele é realmente, isto porque as porções caudais dos cornos são
ligadas pelo ligamento intercornual. As paredes laterais do útero são unidas
às paredes pélvicas e abdominal pelo ligamento largo.
O útero é constituído por uma membrana mucosa interna
(endométrio), uma camada intermediária de músculos lisos (miométrio) e
uma fina camada serosa externa (perimétrio ou serosa). O endométrio é uma
estrutura mucosa glandular que varia em espessura e vascularização, de
acordo com a presença de hormônios ovarianos durante o ciclo estral e a
gestação. O miométrio é uma porção muscular da parede uterina, constituído
de fibras musculares transversais, oblíquas e circulares.
O útero amplia o seu tamanho consideravelmente durante a gestação,
por hipertrofias e hiperplasias celulares, sendo capaz de reabsorver
rapidamente estas células no puerpério. 
Durante a gestação o útero da vaca se dispõe com a sua curvatura
maior em posição dorsal, o que torna o órgão instável e predisposto a torção
uterina no terço final da gestação. Enquanto que na égua a disposição ventral
da curvatura maior do útero favorece a ocorrência de defeito de
posicionamento fetal na hora do parto. O útero convoluto da porca favorece a
ocorrência de flexão uterina na hora do parto, de difícil diagnóstico.
Ovidutos ou trompas uterinas
São dois tubos pares que recolhem os óvulos de cada ovário, permite
a sua fertilização e a sua condução até o respectivo corno uterino. Os
ovidutos são revestidos pelo mesossalpinge, que é uma prega peritonial
derivada do extrato lateral do ligamento largo. A migração do óvulo e do ovo
ou zigoto, em sua luz é possível graças à corrente de liquido peritoneal em
direção ao útero, promovida pelo movimento dos cílios da mucosa e pela
peristalse da camada muscular.
O oviduto é dividido em infundíbulo, ampola e istmo. O infundíbulo
constitui-se na porção proximal ovariana dos ovidutos e possui fímbrias ou
franjas que envolvem os ovários e se movimentam em direção aos folículos
dominantes permitindo que os ovócitos sejam capturados. A ampola tubárica
é a porção intermediaria e mais dilatada das trompas e onde ocorre a
fecundação. O istmo liga-se diretamente ao corno uterino; durante o cio o
istmo contrai sua musculatura e movimenta seus cílios, no sentido corno-
ampola, o que ajuda os espermatozóides a alcançarem o óvulo. Após a
ovulação o sentido da peristalse se inverte e passa a ser no sentido ampola-
corno, transportando o óvulo fecundado para o útero. O comprimento do
oviduto de uma vaca é, em média, de 15 a 30 cm.
A presença de disfunções nervosas ou de processos inflamatórios
pode interferir na peristalse tubárica e no movimento ciliar e acarretarem
gravidez ectópica ou tubárica.
Ovários
Os ovários são dois órgãos nodulares de forma e volume variáveis
com a espécie animal e com a fase do ciclo estral. Estão situados na entrada
da pélvis, numa localização inconstante. Na Égua tem a forma de feijão, e
estão situados imediatamente abaixo da 4ª ou 5ª vértebra lombar; na Vaca,
tem a forma de amêndoas, e estão localizados nos bordos laterais da entrada
da pélvis, aproximadamente em frente às artérias ilíacas externas. E, na
Cadela, atrás do pólo caudal dos rins, abaixo da 3ª ou 4ª vértebra lombar,
aproximadamente na metade da distancia entre a última costela e a crista do
ílio. Na Cadela estão comumente revestidos pela bolsa ovariana e por uma
camada de gordura. Os ovários da Porca assemelham-se a um cacho de uvas,
em decorrência da presença dos múltiplos folículos salientes e dos corpos
lúteos.
Os ovários são constituídos pelo córtex, que contém folículos
ovarianos e/ou corpos lúteos em vários estágios de desenvolvimento e
regressão, e pela medula ovariana constituída de tecido conjuntivo fibro-
elástico, e responsável pela foliculogênese, ovogênese, produção de
estrógenos, formação de corpo lúteo e produção de progesterona.
Cada ovário é sustentado pelo ligamento mesovário, proveniente do
ligamento largo e que se projeta para o corno do útero formando o
mesossalpinge e o ligamento próprio do ovário. Na Cadela e Gata encontra-se
ainda o ligamento suspensório do ovário, de natureza mais fibrosa.
 
 
 
 
Roteiro de estudo: O aparelho reprodutor feminino
1. Quais são as estruturas que compõem a parte mole do canal do
nascimento?
2. O que vem a ser rima vulvar?
3. Qual a alteração anatômica que predispõe a égua à pneumovagina?
4. Qual o cuidado anatômico a ser seguido quando da realização de suturas de
contenção na redução de prolapsos? E por que?
5. Quais são as estruturas anatômicas presentes no vestíbulo vaginal?
6. Qual a estrutura que delimita o vestíbulo vaginal da vagina?
7. Qual a origem de uma estrutura cística no canal vaginal?
8. O que vem a ser tampão mucoso?
9. Explique o processo de apagamento do colo uterino.
10. O que vem a ser “leite uterino”?
11. Por que a vaca é predisposta à torção uterina?
12. Por que a égua é predisposta à distocia fetal por defeito de
posicionamento fetal?
13. Por que a porca é predisposta à flexão de útero na hora do parto?
14. Quais os ligamentos que sustentam os ovários em sua posição
anatômica?
 
Referências bibliográficas
1. DYCE, K.M.; SACK, W.O.; WENSING, C.J.G. Tratado de anatomia
veterinária. 3º ed. Rio de Janeiro: Elsevier. 2004, 799p.
2. GETTY, Robert; SISSON, Septimus; GROSSMAN, James Daniels. 
Sisson/Grossman. Anatomia dos animais domésticos. 5. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1986. 2 v.
 
 
 
 
Mastologia Veterinária
 
A presença das glândulas mamárias caracteriza e dá nome à classe dos
Mamíferos (Classe MAMMALIA), grupo mais desenvolvido do Reino
Animal.
O aparelho mamário é uma estrutura adaptativa que surgiu em dado
momento no processo da evolução animal e que permitiu o aleitamento
materno, característica comum dos Mamíferos, e que se constitui em um dos
cuidados à prole, e que alcança o máximo na espécie humana. A avançada
especialização funcional dos Mamíferos se reflete na fragilidade de suas
crias, que requerem cuidados maternos especiais e quedevem ser
continuados no pós-parto por um tempo variável de acordo com as
características da espécie animal.
A fase de amamentação consiste na fase oral do desenvolvimento do
indivíduo, tão necessária para o adequado desenvolvimento imunológico,
digestivo e psicológico, e que favorece a uma adequada adaptação ambiental
e social do indivíduo.
As glândulas mamárias se desenvolvem na gestação e alcançam o seu
máximo desenvolvimento na época do parto, quando o organismo materno se
prepara para a amamentação. Estes dois períodos são os de maiores
exposições a distúrbios patológicos, principalmente os de natureza
traumáticas ou infecciosas, sendo de interesse da obstetrícia o incremento de
medidas preventivas e curativas.
A vaca leiteira ocupa uma posição de destaque entre as fêmeas
domésticas, pois o leite bovino é um alimento de primeira necessidade na
alimentação humana, o que denota a responsabilidade da obstetrícia
veterinária em procurar soluções para os problemas de saúde animal que
acarretam decréscimo da reprodução animal e da produção leiteira.
A casuística das patologias mamárias nos animais domésticos difere
em relação a cada espécie. Enquanto que nas cadelas e gatas predominam a
ocorrência de neoplasias e represamento lácteo ("empedramento"), nos
ruminantes observa-se freqüentemente traumatismo por pisaduras, lacerações
por objetos cortantes e processos infecciosos intramamário. A égua e a porca
são as espécies de animais domésticos menos acometidos por mastopatias.
Desenvolvimento do aparelho mamário
A glândula mamaria histologicamente é uma glândula túbulo-alveolar
composta derivada do folheto embrionário ectodérmico. Nos grandes
animais, aproximadamente por volta da 6ª semana do desenvolvimento
embrionário, surgem duas cristas ectodérmicas paralelas denominadas linhas
do leite, que com o desenvolvimento tornam-se descontínuas, formam
aglomerações celulares, e surgem nódulos de células epidérmicas que se
infiltram na derme e dão origem aos botões mamários. Ao nascimento estão
presentes as cisternas da glândula e dos tetos, além doas estruturas para
formação dos condutos galactóforos.
Na puberdade com elevação dos níveis de estrógenos circulantes há
crescimento e ramificação dos condutos galactóforos, e durante a gestação
com a produção de progesterona surgem os condutos galactóforos mais finos
e os alvéolos mamários. A liberação de prolactina durante a parição e a
amamentação provoca a secreção de leite, e a glândula mamária alcança o seu
pleno desenvolvimento.
Anatomia do aparelho mamário dos Bovinos
Em todos os Mamíferos, desde os Monotrematas até os Placentários, a
glândula mamária possui estrutura anatômica semelhante, ficando as
diferenças relacionadas à sua arquitetura, no número de unidades glandulares,
na posição ou distribuição ventral, e na forma anatômica.
De modo geral, as glândulas mamárias estão estruturadas da seguinte
forma:
a. Parênquima glandular do úbere
O tecido glandular está constituído por um epitélio secretor cujas
células se agrupam em ácinos denominados de alvéolos. Estas células
secretoras alveolares retiram do sangue os ingredientes para a síntese do leite.
Os alvéolos são estruturas diminutas que variam de 100 a 300 micra
de tamanho e apresentam uma forma de saculações ou de pêra, cuja parede
consiste de um simples extrato de células epiteliais, e um curto capilar
lactífero que se comunica com um canalículo um pouco mais calibroso
denominado de dúctilo de 1ª ordem. Cada alvéolo é circundado por uma
camada de células mioepiteliais estreladas e por um delicado estroma no qual
repousa um fino reticulo capilar.
O parênquima da glândula mamaria está constituído por um agregado
de ácinos e tabiques conjuntivos. Certos números de alvéolos, em grupo de
até 200 unidades, são unidos por um duto comum e estes alvéolos são
envolvidos por tecido conjuntivo mais espesso, dando origem a um lobo
mamário. A secreção deste lobo mamário ocorre por um duto comum. Os
lobos por sua vez formam a glândula.
 
 
b. Vias excretoras do úbere
A drenagem do leite se faz dos alvéolos para os dúctilos através do
capilar lactífero. À medida que os canalículos se confluem formam os
dúctilos de 2ª ordem, que por sua vez, se reúnem para constituírem os
dúctilos de 3ª ordem, e assim sucessivamente, até os dúctilos de 7ª ordem,
denominados canais galactóforos ou ductos excretores. Os canais
galactóforos desembocam na cisterna da glândula. Desta o leite passa para a
cisterna do teto e vai ao exterior através do canal do teto. Esta saída é
controlada pelo esfíncter do teto. Este esfíncter é mantido em constante baixa
pressão por impulso do sistema nervoso autônomo, e se a inervação for
bloqueada neste ponto o leite da vaca tende a gotejar.
Na parte superior do canal do teto fica localizada a roseta de
Fürstemberg, que apresenta de quatro a oito membranas radiais, que evitam o
escapamento do leite sem a necessidade de contração dos músculos dos
esfíncteres. Além disto, o canal estriado (ductos papilares) impede a saída do
leite do úbere antes da ordenha e evita a entrada de bactérias e outros
elementos nocivos para o interior da glândula.
c. Mecanismo suspensório do úbere
Nas vacas de alta produção o úbere pode alcançar mais de 40 Kg, o
que requer uma resistente estrutura ligamentar conjuntiva para sustentação.
O estroma conjuntivo presente na glândula mamária é formado por
um sistema de fibras conectivo-elásticas envolvendo os ácinos e os ductos
excretores, que formam uma trama conjuntiva, que sustenta de modo perfeito
o sistema secretor e excretor, sem que o peso da glândula se faça sentir sobre
os canalículos menores.
Na vaca encontram-se os seguintes ligamentos de sustentação do
úbere: ligamento suspensório mediano, o qual se origina a partir dos tendões
da parede abdominal (túnica flava), que separa a glândula direita da esquerda;
e, os ligamentos laterais superficiais e profundos, os quais se originam no
tendão pré-púbico e tendão sub-púbico, ao longo da superfície ventral da
pélvis óssea. Os ligamentos laterais são principalmente fibrosos e os mediais
contém muitas fibras elásticas.
d. Vascularização do úbere
Para a síntese do leite é necessária uma abundante irrigação
sanguínea. As vacas de alta produção necessitam em torno de 500 litros de
sangue circulante nos alvéolos glandulares para cada litro de leite secretado.
Enquanto que nas vacas de baixa produção esta proporção chega a 1000:1.
As artérias pudendas externas deixam o abdome através do canal
inguinal e originam as artérias mamarias cranial e caudal, as quais se
anastomosam com as artérias perineais. A artéria subcutânea abdominal é
ramo da artéria mamaria. As veias são duas a três vezes mais calibrosas que
as artérias e são satélites destas.
e. Sistema linfático do úbere
O sistema linfático da glândula mamária dos bovinos está
representado pelo linfonodo retro mamário ou supra-mamário, que se
encontram na parte caudal entre os dois quartos mamários caudais.
.f. Inervação do úbere
O aparelho mamário recebe inervações somática e autônoma. Os
nervos espinhais L1, L2, L3 e L4 e o nervo perineal possuem fibras aferentes
sensoriais provenientes da parte anterior do úbere, parede abdominal
adjacente e períneo. O sistema nervoso autônomo simpático controla o fluxo
de sangue e inerva os músculos lisos e os esfíncteres do teto. 
Anatomia do aparelho mamário das cadelas
Comumente os cães possuem cinco pares de glândulas mamárias, que
são nomeadas de acordo com sua localização. O primeiro par de glândulas é
denominado de torácica cranial, o segundo par é denominado de torácica
caudal, o terceiro par é denominado de abdominal cranial, o quarto par é
denominado de glândulas abdominais caudais e o quinto par é denominado de
glândulas inguinais.
É observada distinta separação na linha média, entre as cadeias
mamárias direita e esquerda. A irrigação sanguínea das glândulas mamárias
nos cães provém dos ramos externais das artériastorácica interna, intercostal
e torácica lateral (Glândulas 1 e 2); da artéria epigástrica superficial cranial
(Glândula 3), e das artérias epigástrica superficial caudal, epigástrica
profunda cranial, abdominal segmentada, labial e ilíaca circunflexa profunda
(Glândulas 4 e 5). A drenagem venosa das glândulas é bastante similar à
irrigação arterial, exceto que pequenas veias podem cruzar a linha média
entre as glândulas direita e esquerda.
Os vasos linfáticos podem cruzar a linha média e podem penetrar nas
paredes abdominal e torácica. O linfonodo axilar recebe a drenagem linfática
das glândulas 1 e 2, e o linfonodo inguinal superficial recebe a drenagem das
glândulas 4 e 5. Os linfáticos da terceira glândula mamária comumente
drenam através do linfonodo axilar, mas podem drenar caudalmente.
Os linfonodos inguinais superficiais, também chamados de linfonodos
mamários nas fêmeas, além de fazerem a drenagem linfática das mamas
caudais, fazem a drenagem da pele e tecido subcutâneo do abdome, da vulva
e membros pélvicos. Estão situados na gordura inguinal entre a parede
abdominal ventral e a mama inguinal, e geralmente encontram-se de dois a
quatro linfonodos. Estes linfonodos drenam, através do anel inguinal, para os
linfonodos ilíacos mediais, situados na cavidade abdominal.
O linfonodo axilar está localizado junto ao plexo axilar, envolto em
uma massa de gordura ventral à artéria torácica dorsal, na região entre a
primeira e a segunda costela. Podem estar presentes dois linfonodos de cada
lado. O linfonodo axilar drena as primeiras mamas craniais, a pele, o tecido
celular subcutâneo e parte da musculatura dos membros torácicos.
A drenagem linfática pode seguir para a veia jugular comum ou
formar conexões com os troncos traqueais e ducto torácico. A mama torácica
cranial drena somente para o linfonodo axilar, através de um canal linfático
isolado. A mama torácica caudal pode drenar apenas para o linfonodo axilar
e/ou para o inguinal. A mama abdominal cranial pode drenar para o linfonodo
axilar, inguinal ou ambos. A mama abdominal caudal e a mama inguinal
drenam para o linfonodo inguinal.
Podem existir conexões linfáticas plexiformes entre as mamas
torácica caudal e as abdominais, o que pode explicar a drenagem da mama
torácica caudal para o linfonodo inguinal e da mama abdominal caudal para o
linfonodo axilar. As duas mamas torácicas e a abdominal cranial podem
drenar ainda para os linfonodos externais craniais, que são pouco estudados
por não serem acessíveis à cirurgia. Comunicações linfáticas entre as cadeias
esquerda e direita não são observadas.
Anatomia do aparelho mamário das gatas
As gatas possuem de quatro a cinco pares de glândulas mamárias, que
são nomeadas de acordo com sua localização. O primeiro e o segundo par de
glândulas torácicas são denominadas, respectivamente, de torácica cranial e
caudal; As glândulas do terceiro e do quarto par são denominadas,
respectivamente, de glândulas abdominais craniais e caudais, e o quinto par
de glândulas inguinais.
As glândulas mamárias nas gatas são muito pequenas nas fêmeas
virgens e não gestantes e desenvolvem-se bastante nas fêmeas paridas e
lactantes. São recobertas por pêlos, que podem esconder completamente as
papilas mamárias. As tetas (papilas da mama) são curtas e em seus ápices
apresentam de seis a 12 pequenos orifícios dos ductos excretores.
A irrigação sanguínea das glândulas mamárias torácicas provém dos
ramos externais das artérias torácica interna, intercostal, torácica lateral e
epigástrica profunda cranial; a das glândulas abdominais provém das artérias
epigástrica superficial cranial, epigástrica superficial caudal e abdominal
segmentada, e a irrigação das glândulas inguinais provém das artérias labial e
ilíaca circunflexa profunda. A drenagem venosa é bastante similar à irrigação
arterial. Os vasos linfáticos podem cruzar a linha média e penetrar nas
paredes abdominal e torácica.
Fisiologia da secreção láctea
A secreção do leite se faz por três tipos de secreção: tipo Holócrino,
resultante da desintegração total da célula epitelial que se transforma em
parte da secreção (glândulas sebáceas); tipo Apócrino, em que ocorre ruptura
parcial da membrana plasmática e a saída parcial dos produtos secretados
(glândula mamária); e o tipo Merócrino, em que o movimento dos produtos
secretados através da membrana plasmática ocorre sem injuria desta
membrana (salivar e sudorípara). Portanto, o leite provém da síntese e
filtração de material proveniente do sangue, em um processo continuo e
reversível. A secreção do leite é desencadeada pela liberação de prolactina
durante a parição e ordenhas.
A ejeção do leite
A ejeção do leite é provocada por reflexo neuro-hormonal em
resposta à estimulação de receptores no teto ou outro estimulo associado à
ordenha. Estes estímulos alcançam o hipotálamo e causam liberação de
ocitocina pelo lobo posterior da hipófise. A ocitocina promove contração das
células mioepiteliais que envolvem os alvéolos forçando o leite dos alvéolos
em direção aos ductos mamários. A interferência de distúrbios emocionais,
como o medo e o estresse, provoca a inibição da ejeção de leite em animais
em lactação devido à ativação do sistema neuro-adrenal com liberação de
adrenalina. A adrenalina provoca vaso constrição local, o que impede a
atuação da ocitocina e promove contração dos esfíncteres do teto.
 
 
 
 
 
 
Mastopatias em Bovinos
 
a) Papilomatose bovina
A papilomatose é a principal neoplasia cutânea bovina que acomete o
úbere, que é uma enfermidade neoplásica benigna ocasionada pelo vírus
Bovine papillomavirus (BPV), da família Papillomaviridae, que infecta as
células basais do epitélio.
A incidência de papilomatose cutânea bovina é considerável, podendo
atingir de 30 a 75% do rebanho, o que resulta em sérios prejuízos à produção
animal. Os animais jovens são mais afetados que os adultos.
Um animal acometido por papilomatose pode disseminar o vírus por
contato direto com lesões ou irritações da pele ou mucosas, por contato
sexual ou indiretamente por objetos contaminados. Quando infectado o
animal produz resposta imunocelular e a extensão e duração da enfermidade
estão relacionados à idade, à receptividade genética, ao manejo inadequado e
à imunodeficiência.
Os papilomas podem ocorrer em qualquer região do corpo do animal,
e inclusive abranger as regiões urogenital e orofaríngea. Estas regiões
afetadas podem resultar em problemas relacionados com a fertilidade e
diminuição da produtividade. A presença de papilomas no úbere dificulta a
ordenha e predispõe a ocorrência de mamite.
Umas das ocorrências comuns no rebanho acometido por papiloma é
o alto índice de miíases, o que colabora para aumentar o prejuízo na produção
animal.
O controle da papilomatose na pecuária bovina nacional é de grande
importância devido a sua alta incidência e por contribuir para perdas
econômicas. Os animais afetados apresentam diminuição da produção
leiteira, sofrem desvalorização quando comercializados e há depreciação do
couro. 
A literatura especializada apresenta inúmeros tratamentos para a
papilomatose, mas a grande maioria revelou-se insatisfatória na prática de
campo. Os principais tratamentos conhecidos consistem no implante autólogo
pedunculado de papiloma, na auto-hemoterapia, nas vacinas autógenas, e nos
medicamentos antipapilomatosos injetáveis ou tópicos.
O emprego da técnica de implante axilar de papilomas apresenta bons
resultados, no entanto requer intervenção cirúrgica e seus resultados
demoram até dois meses para se evidenciar. A utilização de vacinas
autógenas, apesar de desenvolver alguma resposta imunitária, é preparada
com uma cepa viral e torna-se onerosa pelo tratamento individual e
laboratorial; e apesar da auto-hemoterapia apresentar bons resultados, requer
mão-de-obra especializada e pode debilitar ainda mais o animal, da mesma
forma que a remoção cirúrgica dos papilomas seguida de cauterização local.
Enquanto que o emprego de drogas à base de clorobutanol, podofilina, ácidosulfúrico ou azul de metileno, associado ou não a outros tratamentos, não
apresenta uma boa relação custo-benefício.
Há de se considerar que a papilomatose é uma enfermidade
autolimitante e a resposta clínica ao tratamento pode variar. E, é reconhecido
que a cura espontânea pode ocorrer na dependência da capacidade de resposta
humoral e citomediada. Na comparação entre a eficiência da repetição entre
os diversos tratamentos, o porcentual de recuperação tem variado entre 15 a
50%, sendo que a autovacina apresenta os melhores resultados. E, apesar de
pouco conhecido, o adequado emprego do medicamento homeopático Thuya
ocidentalis 6CH pode colaborar para controlar e diminuir a morbidade desta
enfermidade.
b) Carcinoma mamário em ruminantes
O carcinoma de células escamosas (CCE) é um tumor maligno dos
queratinócitos. É também conhecido como carcinoma de células espinhosas,
carcinoma espinocelular ou carcinoma epidermóide. Existem muitos fatores
que estão associados ao desenvolvimento de carcinomas de células
escamosas, incluindo a exposição prolongada à luz ultravioleta, falta de
pigmento na epiderme, perda de pêlos ou cobertura de pêlos muito esparsa
nos locais afetados (RAMOS et al., 2007). O tumor pode ocorrer em
diferentes localizações nas diferentes espécies. Nos bovinos os carcinomas
de células escamosas ocorrem primariamente nas junções muco-cutâneas,
particularmente nas pálpebras e vulva (RAMOS et al., 2007).
Carcinomas mamários em vacas quase nunca são encontrados nos
EUA (KENNY, 1942). E, o que se observa é que os carcinomas de células
escamosas envolvendo a pele do úbere, com invasão da glândula mamária é
muito mais comum que neoplasias primárias do parênquima. Povey &
Osborne (1969) encontraram 21 tumores mamários bovinos em sua revisão
literária desde 1902, e adicionaram um caso deles próprios. Eles encontraram
relatos de nove carcinomas, com fibromas em repouso, fibrossarcomas,
adenomas papilares, osteomas, e adenofibromas.
Neoplasias mamárias também são raramente encontradas em cabras,
exceto quando estas vivem até atingir idades avançadas, como na Índia
(SINGH & LYER, 1972). Na África do Sul, em cabras da raça Saanen e
Angorá esta neoplasia é encontrada mais no úbere e geralmente vem
associada a papilomas (SMITH, 2006).
c) Lesões traumáticas pérfuro-cortantes no Úbere Bovino
As lesões traumáticas da glândula ou dos tetos mamários são
freqüentes em gados leiteiros, juntamente com estenose dos ductos mamários,
o que podem requerer correção cirúrgica. Além disto, a presença de mastites
crônicas e miíases podem acarretar na necessidade de procedimentos
cirúrgicos para sua resolução.
As mastites crônicas e as miíases resultam em fibrose do parênquima
glandular mamário e dificuldade de drenagem das transudações patológicas,
com conseqüente irresolução do processo patológico. Estes casos podem
requerer debridamento da ferida, no caso das miíases, e da ressecção
cirúrgica total do teto no caso das mastites supurativas crônicas. Estes
procedimentos são complementados com a irrigação profunda de solução de
iodo na ferida cirúrgica.
Para a correção de determinados processos patológicos do teto
mamário de vacas há um grupo de instrumental especial que podem ser
utilizados nos procedimentos cirúrgicos, conforme descrito a seguir:
 Lanceta de Hug e bisturi de Steffen: são úteis para seccionar lactólitos,
cálculos e cistos lácteos no interior do conduto do úbere e podem ser também
empregados para ampliar este conduto;
 Evacuador suíço: é utilizado para dilatar os condutos lácteos estreitados;
 Evacuador de HUG: além de ser utilizado para dilatar o conduto lácteo
pode ser utilizado para recolher pequenos lactólitos ou papilomas no interior
da cisterna da glândula mamária;
 Evacuador DANES: é útil para ampliar o esfíncter do teto mediante três
cortes simultâneos no canal estriado ou no conduto do úbere;
 Cureta de ULLNER: empregado para eliminar fibroses cicatriciais ou
papilomas do conduto ou cisterna da glândula mamária.
 
Correção cirúrgica das feridas pérfuro-cortantes dos tetos mamários
 
Lacerações traumáticas dos tetos mamários com arames farpados e
objetos pontiagudos são comuns na espécie bovina. Se a lesão ocorrer nas
primeiras seis horas podem ser suturadas; com até 12 horas os bordos da
ferida deverão ser debridados e suturados; e, nas feridas instaladas com 24
horas ou mais deverá ser conduzida a cicatrização por segunda intenção.
Os fatores que afetam a evolução e prognóstico das lesões traumáticas
do teto são: envolvimento da cisterna do teto, direção da ferida (feridas
longitudinais são de melhor resolução que as transversais), integridade do
aporte sanguíneo, presença de infecção e quantidade de pele perdida (Figura
1).
 
Figura 1. Lesão pérfuro-cortante com comprometimento da cisterna
da teta.
 
As feridas superficiais devem ser consideradas contaminadas e o
tratamento consiste em realização de limpeza profunda, com água e sabão,
seguido de aplicação de anti-séptico diluído não irritante, como o Povidine®
ou Clorexidine®. Estas feridas não recebem sutura, mas podem necessitar de
debridamento dos tecidos traumatizados e/ou necrosados.
As feridas profundas, que além da pele envolvem planos mais
profundos como subcutâneo e músculos do canal do teto, requerem
procedimentos cirúrgicos mais extensos. Estes casos requerem o emprego de
anestesia local com lidocaína 2%, sem vasoconstrictor, e colocação de
garrote, ao redor da base do teto, após limpeza higiênica. A seguir, a ferida é
debridada e revitalizada, o que é seguido por rafia dos planos incididos. O
plano muscular pode ser reparado com sutura tipo contínua, com fio de sutura
monofilamentoso absorvível (categute 000), e a pele, pode ser suturada com
pontos simples interrompidos, com fio de nylon 0,40 (fio de pesca).
As lesões traumáticas dos tetos que alcançam a cisterna do teto
requerem debridamento de todos os planos anatômicos, o que inclui a mucosa
do canal do teto. A rafia destas feridas pode ser executada de quatro modos:
a) sutura contínua (Técnica de Lazzeri); b) sutura de Donatti (“U” vertical);
c) sutura de Wolff (“U” horizontal); e, d) sutura com pontos simples verticais
em “8”.
A técnica preconizada pelos professores da disciplina de Obstetrícia
Veterinária da UFRRJ é a de sutura contínua com fio de nylon (Técnica de
Lazzeri), conforme segue: introdução da agulha de sutura dorso lateralmente
à comissura dorsal da ferida cirúrgica seguido pela realização de sutura
contínua do plano submucoso até alcançar o plano ventrolateral da comissura
ventral da ferida cirúrgica. Neste plano de sutura a extremidade do fio
remanescente na entrada da ferida é de aproximadamente 10cm, e antes de se
iniciar o segundo plano de sutura se estica as extremidades do fio para se
aproximar os bordos da mucosa, fechando-se com isto o canal do teto. Então
se inicia a sutura do plano subcutâneo, introduzindo a agulha de sutura na
pele, ventrolateralmente à comissura ventral da ferida, prévia colocação de
“capton” ventral, e faz-se a sutura contínua do plano subcutâneo até ser
alcançado a comissura dorsal da ferida, quando se promove a saída da agulha
de sutura na região dorso lateral oposto à sua entrada inicial. Deste modo,
têm se duas extremidades de fio de sutura que devem ser atadas após
colocação do “capton” dorsal. O fio recomendado é o fio de pesca nᵒ 020.
No pós-operatório das cirurgias de teto é recomendado a higiene local
diária seguida da aplicação de pomadas cicatrizantes e repelentes até a
retirada dos pontos de pele, após transcorridos 10 dias. Nas feridas profundas
que alcançam o canal do teto deve-se utilizar antibiótico intramamário diário
até a retirada dos pontos, prévia drenagem do leite com sonda estéril.
 
Correção cirúrgica dos defeitos embrionários do úbere
bovino
 
Os principais defeitos embrionários que ocorrem no úbere bovino são:
tetas supranumerárias, tetas duplas unidas (funcionais), tetas cegas (tetas sem
orifícios), polimastia e politelia, ea presença de mamilo ao longo da linha
mamária embriológica.
As tetas supranumerárias (Figura 2) é a anomalia mais comum no
úbere bovino, e ocorre com menor incidência em cabras. É uma anomalia
congênita e hereditária que ocorre principalmente por uma má formação da
linha do leite, também denominadas de cristas ectodérmicas paralelas. Os
tetos anômalos tendem a ser pequenos, comumente caudais ou anexados ao
teto normal. A remoção cirúrgica é o procedimento mais indicado em caso de
mama supranumerária e em animais jovens (até nove meses de idade).
 
Figura 2. Teta supranumerária.
A amputação dos tetos também pode ser indicada em vacas com
danos graves onde a cirurgia reconstrutiva e o retorno à função normal não
podem ser esperados.
O procedimento deverá ser realizado com administração de anestesia
local a base de lidocaína a 2% (sem vaso constritor), ao redor do teto, seguido
por anti-sepsia com produtos a base de iodo; a diérese será realizada
eqüidistante um a dois cm distal à junção úbere-teto; a mucosa deverá ser
fechada através de sutura contínua na submucosa (fio absorvível) e sutura
com fios inabsorvíveis na pele (pontos simples ou clipes de metal); antes do
término da sutura deve-se administrar antibiótico intramamário.
Na mamite gangrenosa, o procedimento será semelhante ao indicado
anteriormente, porém utilizar garrote na junção com o úbere e remove-lo após
dois dias, para permitir melhor drenagem do conteúdo. Higiene local diária e
emprego de soluções diluídas de H2O2 são úteis.
 
Neoplasias mamárias nas cadelas e gatas
A neoplasia de mama é o tumor mais freqüente nas fêmeas canina e
felina. Nas cadelas os tumores de mama representam aproximadamente 52%
de todas as neoplasias, sendo que, no momento do diagnóstico clínico metade
delas já possui caráter maligno e ocorre na proporção de um macho para cada
99 fêmeas.
O estudo oncológico comparativo do câncer de mama revela uma
relativa semelhança entre a ocorrência na mulher e na cadela. Entre estas,
podem ser citadas: faixa etária de aparecimento, morfologia, efeito protetor
da ovariohisterectomia, presença de receptores de estrógeno e progesterona
na massa tumoral, órgãos alvo de metástase, evolução clínica e a
hereditariedade em alguns casos.
Na cadela cerca de 50% dos tumores mamários são malignos. E,
cadelas com tumores mamários benignos apresentam um risco três vezes
superior de desenvolverem neoplasias malignas. Os tumores mamários
afetam principalmente cadelas não castradas, sendo a idade média de
manifestação entre os 10 e 11 anos Estudos recentes indicam que as cadelas
não castradas apresentam um risco de 25% de desenvolverem tumores de
mama, e a prática de ovariohisterectomia em cadelas jovens reduz
significativamente o risco de desenvolvimento destes.
O tratamento de eleição para os tumores de mama na cadela e na gata
é a excisão cirúrgica, exceto no caso do carcinoma inflamatório ou quando
existem metástases à distância.
Em 2010, foi realizado o “I Encontro de Patologia Mamária em
Cadelas” que reuniu profissionais de vários estados brasileiros como
patologistas, clínicos, cirurgiões e oncologistas para a discussão e definição
de parâmetros que possam nortear o diagnóstico, prognóstico e o tratamento
das neoplasias mamárias na espécie canina. Como resultado foi elaborado um
documento de consenso nacional que apresenta métodos padronizados
referentes ao diagnóstico anatomopatológico, fatores considerados preditivos
e prognósticos na doença, bem como as condutas terapêuticas (cirurgia e
quimioterapia). A iniciativa evoluiu para o II Encontro de Patologia Mamária,
onde foram discutidos os resultados observados a partir do documento
publicado em 2011. Os pontos que geraram maior discordância foram sobre a
técnica cirúrgica que melhor se emprega em cada estadiamento e tipo
histológico das neoplasias, bem como os protocolos quimioterápicos
adjuvantes a serem utilizados, além da associação da ovariohisterectomia no
mesmo procedimento cirúrgico.
 
Etiopatogenia das neoplasias mamárias
A etiologia da neoplasia maligna de mama é multifatorial, com a
participação de componentes genéticos, ambientais, nutricionais e
principalmente hormonais.
Os hormônios estimulam a proliferação celular predispondo às
alterações genéticas que darão origem à célula neoplásica. O estrógeno, a
prolactina, a progesterona, os andrógenos e até mesmo os hormônios
tireoidianos estão envolvidos na carcinogênese mamária.
A principal neoplasia maligna nas cadelas e gatas é o carcinoma
simples, que é constituído apenas por um tipo de célula, epiteliais luminais ou
mioepiteliais. Consoante a sua diferenciação e comportamento biológico,
este tipo de tumor subdivide-se em três tipos, ordenados por grau crescente
de malignidade: carcinoma túbulo-papilífero, carcinoma sólido e carcinoma
anaplásico.
A neoplasia benigna mais comum na cadela é o tumor misto benigno,
que é raro na gata. Este tipo de neoplasia resulta da proliferação de células
epiteliais luminais e mioepiteliais, associadas às células de tipo
mesenquimatoso, produtoras de tecido fibroso.
O adenoma complexo é uma neoplasia benigna mais comum na
cadela do que na gata e é constituída por células epiteliais luminais e por
células morfologicamente semelhantes a mioepiteliais, de baixo índice
mitótico. O adenoma simples é de ocorrência rara na cadela e na gata, assim
como o papiloma ductal.
 
Estadiamento Clínico Tumoral (Sistema TNM)
Um tratamento de sucesso dos tumores depende da erradicação de
todas as células neoplásicas e para isto é necessário conhecer a extensão total
da doença, nomeadamente a neoplasia primária e a sua localização, e a
possibilidade de recidiva ou de metastização. E, ao se classificar uma
neoplasia mamária, o clínico pode fornecer informações precisas ao
patologista sobre o material enviado para análise.
O estadiamento clínico consiste na avaliação da progressão do
processo neoplásico no organismo. Um sistema muito utilizado para este
processo é o Sistema TNM (Tumor - Nódulo linfático - Metástase). Este
sistema de classificação foi desenvolvido por Pierre Denoix, entre os anos de
1943 e 1952, para a classificação das neoplasias malignas (Instituto Nacional
de Câncer do Ministério da Saúde, 2004), e tem como princípio a
determinação da extensão da doença durante o exame clínico antes do
planejamento do tratamento. O emprego do sistema TNM permite determinar
o prognóstico, planejar o tratamento e avaliar os seus resultados e facilitar a
troca de informações entre médicos.
Segundo o sistema de classificação TNM, o estadiamento clínico
compreende a determinação de três parâmetros clínicos, os quais são:
tamanho da neoplasia primária (T), metastização para os linfonodos regionais
(N), e a metastização à distância (M).
O tamanho da neoplasia primária (T) deve ser aferido criteriosamente,
pois as neoplasias malignas são caracterizadas por um padrão de crescimento
invasivo e infiltrativo, e a tendência para recidiva vai depender
principalmente da remoção da totalidade ou não da neoplasia, e menos das
suas demais características.
A metastização para os linfonodos regionais (N) pode ocorrer
principalmente nos carcinomas, linfomas, melanomas, mastocitomas, e nos
sarcomas de tecidos moles. A sua definição pode ser realizada por palpação
regional e confirmada por histopatologia da amostra retirada cirurgicamente.
A metastização à distância (M) pode ocorrer por disseminação
hematógena de neoplasias malignas, como nos sarcomas de tecidos moles,
nos osteossarcomas e nos melanomas malignos. A disseminação por via
linfática é peculiar aos carcinomas e mastocitomas. O local preferencial de
metastização depende da localização da neoplasia primária, sendo o fígado e
o pulmão, dois órgãos bastante atingidos numa primeira fase de metastização.
Mas, podem ocorrer metástases em outros órgãos, como a pele, os ossos, o
cérebro, a medula espinhal e órgãos internos como o baço, os rins e o
coração. A detecção de metástases é problemática, isto porque, as neoplasias
só se tornamdetectáveis num estádio relativamente tardio do seu
desenvolvimento.
O estadiamento clínico das neoplasias mamárias é importante como
indicador de prognóstico e na definição seqüencial do tratamento. A
Organização Mundial de Saúde estabeleceu o sistema TNM, criado por Owen
em 1980, para classificação das neoplasias mamárias na mulher, e que foi
adaptado por Caixinha (2011), para as cadelas e gatas (Tabela 1).
Desta forma, a categorias T1 a T3 são ainda classificáveis de a, b ou c
consoante o tumor não esteja aderente, esteja aderente aos planos superficiais
ou esteja aderente aos planos profundos, respectivamente. Nos casos em que
se verifique a presença de múltiplas neoplasias, considera-se sempre a fase da
neoplasia de categoria T mais elevada, ou seja, a de maior gravidade.
A categoria N1 apresenta também subdivisões em a e b,
correspondendo a primeira a linfonodos móveis e a segunda a linfonodos
fixos aos tecidos adjacentes.
Quanto à existência de metástases (M), Peleteiro e Correia (1993)
consideram a existência de uma categoria não contemplada na tabela 1, que
diz respeito à impossibilidade de avaliar a existência de metástases,
designada Mx.
 
 
 
Tabela 1. Classificação TNM dos tumores mamários de canídeos e felídeos
(2).
 
Uma vez classificada uma neoplasia ou um conjunto de neoplasias
pelo sistema TNM, é possível estabelecer-se em qual fase ou estádio de
evolução do processo neoplásico mamário encontra-se a cadela (Estádio de I
a V) ou a gata (Estádio de I a IV), conforme apresentado na Tabela 2.
Tabela 2. Estadiamento dos tumores mamários de Canídeos e
Felídeos (2).
 
Tratamento cirúrgico das neoplasias mamárias
 
O tratamento de eleição para os tumores de mama continua a ser a
excisão cirúrgica, exceto no caso do carcinoma inflamatório ou quando
existem metástases à distância. Existem outros tratamentos complementares
como a quimioterapia, radioterapia, terapia hormonal e imunomoduladores,
que começam a ganhar importância em Medicina Veterinária. No entanto,
suas utilizações encontram-se limitadas pela escassez de informação sobre os
mesmos. 
A escolha da técnica cirúrgica é geralmente determinada pelo
tamanho do tumor, fixação aos tecidos adjacentes, número e localização das
lesões e probabilidade de se conseguir a cura local. As principais técnicas
usualmente empregadas para a exérese de massas tumorais mamárias são a
nodulectomia, e as mastectomias simples, regional, unilateral e bilateral.
O protocolo cirúrgico nos tumores de mama adotado na disciplina de
Obstetrícia Veterinária da UFRRJ consiste nos procedimentos descritos a
seguir.
Nas cadelas e gatas diagnosticadas como portadoras de tumores de
mama devem ser realizados o Estadiamento Tumoral e os seguintes exames
complementares: hemograma completo, exame radiográfico da cavidade
torácica e eletrocardiograma, para determinação do risco cirúrgico e previsão
prognóstica.
Para o Estadiamento Tumoral são consideradas as dimensões do
tumor primário (T), se livre (Ta) ou aderido a planos anatômicos superficiais
(Tb) ou profundos (Tc); a existência de metastização aos linfonodos
regionais, se presente e livres (N1) ou fixos (N1b) aos tecidos adjacentes. A
pesquisa de metástases à distância será realizada a partir da avaliação
radiográfica simples do tórax (M0, ausente; e M1, presente).
Para as mastectomias em que o Estadiamento Tumoral indicar
remoção dos linfonodos regionais pode ser empregado o corante azul patente
(0,5 a 1 ml na região próximo ao tumor) por via subcutânea, e assim os
linfonodos sentinelas ficarão corados com a cor azul, facilitando sua
identificação e posterior exérese.
Nas cadelas e gatas classificadas nos estádios I, II e III, e I e II,
respectivamente, de acordo com as tabelas 1 e 2, serão realizadas a
mastectomia associada à exérese do linfonodo regional; nas classificadas no
estádio IV e III, respectivamente, serão realizadas a mastectomia associada à
exérese do linfonodo regional seguida por quimioterapia; nas classificadas no
estádio V e IV, respectivamente, serão realizados exclusivamente o
tratamento quimioterápico.
Em relação à quantidade de tumores e localização será realizada a
mastectomia torácica total direita e/ou esquerda, com exérese do linfonodo
regional, na presença de um ou mais tumores exclusivamente nos
parênquimas mamários torácicos direito ou esquerdo (Mamas I e II); a
mastectomia inguinal total direita e/ou esquerda, com exérese do linfonodo
regional será realizada na presença de um ou mais tumores exclusivamente
nos parênquimas mamários inguinais direito ou esquerdo (Mamas III, IV e V,
nas cadelas e Mamas III e IV, nas gatas); e, a mastectomia tóraco-inguinal
direita e/ou esquerda, com exérese do linfonodo regional será realizada na
presença de um ou mais tumores nos parênquimas mamários torácicos e nos
parênquimas mamários inguinais direito e/ou esquerdo.
Procedimentos anestesiológicos nas mastectomias de cadelas e gatas
Na pré-anestesia para os procedimentos cirúrgicos preconizados são
empregados um dos seguintes pré-anestésicos,: Acepromazina a 0,2%, na
dose de 0,2mg/kg); Cloridrato de Tramadol a 5%, na dose de (2mg/kg);
Cloridrato de Xilazina a 2%, na dose de 2 mg/kg; ou Diazepan a 0,5% , na
dose de 0,5 mg/kg, todos por via intramuscular. 
A indução anestésica geral será realizada com a substância
diisopropilfenol a 1% (Propofol), na dose de 14 a 16 mg/kg, por via
intravenosa.
A manutenção anestésica geral será realizada com os anestésicos
voláteis Isoflurano ou Halotano, em circuito fechado de anestesia.
 
Técnicas cirúrgicas nas mastectomias de cadelas e gatas
a) Mastectomias Torácicas Direita e/ou Esquerda (Quadrantectomia
Torácica): incisão elíptica ao redor das Mamas Torácicas I e II, direita ou
esquerda, distantes entre 2 a 3 cm lateralmente às tetas. A seguir, é realizada
dissecção digital, com o emprego de compressa de gaze, separando o
parênquima mamário do plano aponeurótico adjacente, seguindo um plano de
clivagem anatômica. A seguir, é realizada hemostasia dos vasos sanguíneos
regionais (artéria e veia epigástrica superficial cranial e seus ramos)
seccionados, com pinça hemostática e ligadura com categute simples 00 ou
000, e exérese do linfonodo axilar adjacente à Mama I, direita ou esquerda. 
A rafia da pele deve ser realizada com pontos simples e fio de nylon 0 ou 00.
 
b) Mastectomias Inguinais e Abdominais Direita e/ou Esquerda
(Quadrantectomia Inguinal): incisão elíptica ao redor das Mamas
abdominais I e II e Inguinais, direita ou esquerda, nas cadelas, distantes entre
2 a 3 cm lateralmente às tetas. A seguir, é realizada dissecção digital, com o
emprego de compressa de gaze, separando o parênquima mamário do plano
aponeurótico adjacente, seguindo um plano de clivagem anatômica. A seguir,
será realizado hemostasia dos vasos sanguíneos regionais (artéria e veia
epigástrica superficial caudal e seus ramos) seccionados, com pinça
hemostática e ligadura com categute simples 00 ou 000, pinçamento, ligadura
e secção do plexo vásculo-nervoso inguinal, junto ao anel inguinal, direito ou
esquerdo, seguido pela exérese do linfonodo axilar, direito ou esquerdo,
adjacente à Mama IV na gata, e Mama V na cadela. Deve ser inserido um
dreno tipo Pen-Rose no plano subcutâneo, com drenagem lateral à
extremidade caudal da ferida cirúrgica. A rafia da pele deve ser realizada com
pontos simples e fio de nylon 0 ou 00.
c) Mastectomias Tóraco-Inguinais Direita ou Esquerda: incisão elíptica
(Figura 3) ao redor das Mamas I, II, III, IV e V, direita ou esquerda, nas
cadelas, e I, II, III e IV, direita ou esquerda, nas gatas, distantes entre 2 a 3
cm lateralmente às tetas. A seguir, deve ser realizada dissecção digital, com o
emprego de compressa de gaze, separando o parênquima mamário do plano
aponeurótico adjacente, seguindo um plano de clivagem anatômica. A seguir,
é realizada hemostasia dos vasos sanguíneos regionais (artérias e veias
epigástricas superficiais craniais e caudais) (Figura 4) seccionados, com pinça
hemostática e ligadura com

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