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FLUXO HOSPITALAR Várias disposições físicas são adequadas para salas de operação modernas (SO) e áreas cirúrgicas, mas os objetivos de todos os projetos são: a segurança do paciente e a eficiência do trabalho. A área cirúrgica deve ficar próxima às áreas de preparação cirúrgica e de anestesia, cuidados críticos, radiologia e suprimento central. No entanto, ela deve estar isolada do fluxo de tráfego geral. Devido ao constante perigo de contaminação dos pacientes cirúrgicos, a área cirúrgica deve ser dividida claramente em áreas limpa, mista e contaminada. O acesso fácil a cada sala cirúrgica a partir da área de trabalho central assegura um fluxo de tráfego eficiente, reduzindo a contaminação cruzada entre as áreas. As áreas limpas devem ser restritas a um tráfego limpo, e as contaminadas, a um tráfego contaminado. ÁREA LIMPA As áreas limpas incluem SO, áreas de assepsia e salas de suprimentos esterilizados. ÁREA MISTA As áreas mistas englobam os corredores entre as SO e as áreas de enfermeiros, de processamento de instrumentos e suprimentos, área de armazenamento e as salas de serviços. ÁREA CONTAMINADA Áreas contaminadas incluem as salas de preparação anestésica e cirúrgica, os vestiários, as salas de descanso e os escritórios. ESTRUTURA DO CENTRO CIRÚRGICO 1° ÁREA: SALA DE PREPARAÇÃO ANESTÉSICA E CIRÚRGICA É o local adjacente à área cirúrgica onde ocorre o preparo do animal para cirurgia. 2° AREA: SALA DE PARAMENTAÇÃO Local adjacente ou dentro da área cirúrgica. É o local de limpeza onde ocorre a antissepsia das mãos e antebraços, colocação dos aventais estéreis e luvas cirúrgicas (paramentação cirúrgica). 3° ÁREA: SALA DE RECUPERAÇÃO PÓS- OPERATÓRIA Sala adjacente à área cirúrgica. O animal fica em gaiolas individuais com aquecimento (21-25°C) em monitoração completa. Medicamentos para analgesia, AINEs e para emergências devem estar presentes. 4° ÁREA: SALA CIRÚRGICA Circulação de pessoas restrita e de função exclusiva. Sala com ar-condicionado de circulação positiva e sem janelas. Desinfectar os locais com mais transito de pessoas e, no final do dia, desinfectar a sala toda. CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS III PROFILAXIA DA INFECÇÃO TÉCNICA ASSÉPTICA São os métodos e práticas utilizadas para evitar a contaminação cirúrgica. Isso inclui o preparo adequado das instalações, do ambiente, da equipe e do instrumental cirúrgico. Os microrganismos que invadem uma ferida podem ser classificados como exógenos ou endógenos. As fontes exógenas são o ar, instrumentos e fômites cirúrgicos, e o pessoal que transita no ambiente cirúrgico. As fontes endógenas provêm dos tratos respiratório, gastrintestinal, urogenital, e da pele. Tais microrganismos respondem pela maioria das infecções pós-operatórias e septicemias. A disseminação hematógena ou linfática é outra fonte menos comum de infecção endógena. TIPOS: ANTISSEPSIA É o conjunto de manobras que utilizamos para destruir ou impedir o desenvolvimento de microrganismos saprófitas ou patogênicos existentes na pele ou mucosas, bem como instrumentos e demais materiais necessários à intervenção cirúrgica. ASSEPSIA Compreende as precauções que o cirurgião e seus auxiliares tomam com a finalidade de permitir que tanto a ferida cirúrgica como o instrumental utilizado permaneça livre de microrganismos evitando, assim, qualquer contaminação. É todo o conjunto de métodos profiláticos. ESTERILIZAÇÃO Destruição de todos os microrganismos (bactérias, vírus, esporos) sobre alguma coisa. Ele se refere, geralmente, a objetos que entram em contato com tecidos estéreis, ou entram no sistema vascular. DESINFECÇÃO Destruição da maior parte de microrganismos patogênicos presentes em objetos inanimados. FATORES QUE PREDISPÕE INFECÇÕES • Quantidade de microrganismos • Coágulos, seroma e hematoma • Aporte sanguíneo insuficiente • TGI • Sutura menor e com poucos pontos EQUIPAMENTOS CIRÚRGICOS EQUIPAMENTO CRÍTICO Equipamento ou implantes que entram no corpo por baixo da pele ou das membranas mucosas requerem esterilização e são tratados usando uma técnica asséptica. EQUIPAMENTO SEMI-CRÍTICO Equipamentos que entram em contato com a pele ou membranas mucosas apenas para fins cirúrgicos, sem penetração do corpo, devem ser limpos e desinfetados, para reduzir o nível de micro- organismos, mas não é necessário esterilizar • Vaginoscópio EQUIPAMENTO NÃO-CRÍTICO Instrumentos que entram em contato com as mucosas ou com a pele e não estão diretamente associados à cirurgia devem ser limpos e desinfetados terminalmente, mas não exigem um tratamento específico no período entre os pacientes. • Laringoscópio CLASSIFICAÇÃO DAS FERIDAS CIRÚRGICAS POR POTENCIAL PARA INFECÇÃO LIMPAS Realizadas em tecidos estéreis, na ausência de processo infeccioso ou inflamatório, ou técnica asséptica. POTENCIALMENTE CONTAMINADA Flora microbiana pouco numerosa, ocorre a penetração em TGI, respiratório ou urinário, mas sem conteúdo significativo. CONTAMINADA Flora bacteriana abundante, mas sem supuração. INFECTADAS Lesão local causada pela proliferação bacteriana. MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO FÍSICOS POR CALOR ÚMIDO: 1 - EBULIÇÃO Utilização da água no seu ponto de ebulição pelo período de 30 a 60 minutos. É um método precário e serve para a esterilização de instrumental cirúrgico metálico e vidrarias. 2 - AUTOCLAVAGEM É o uso da água em forma de vapor e sob pressão. A temperatura deve atingir 120° a 130°C e a pressão de 1 a 1,5 atm, durante 30 a 40 minutos. Serve para esterilizar panos de campo, aventais, instrumentos de borracha, plásticos e compressas. • 132-135°C por 10-25min FÍSICOS POR CALOR SECO: 1 - ESTUFA DE AR QUENTE A temperatura deve atingir 160° por 60 minutos. É mais adequado para esterilizar o instrumental cirúrgico metálico. • 160° por 2h ou 180° por 1h Os instrumentos vão para a autoclave em embalagens, como a de papel crepado ou panos. As embalagens devem ser fechadas com fitas termossensível e com as datas de esterilização. FÍSICO POR RADIAÇÃO IONIZANTE COBALTO 60 Processo restrito e de uso comercial. QUÍMICO: 1 - A GÁS O Óxido de etileno pode ser usado em instrumentos ópticos, seringas e sondas de borracha. E extremamente tóxico e não pode ser usado em acrílico e itens farmacêuticos. O Formaldeídos (pastilhas) não é mais utilizado pela alta toxicidade, mas se usava para material cirúrgico. 2 - FRIA O Glutaraldeído 2% é ideal para lentes. MÉTODOS DE DESINFECÇÃO 1 - DESINFETANTES Agentes químicos que destroem bactérias patogênicas e vírus, mas não esporos. • Álcool etílico 70% • Isopropopílico 50-70% • Hipoclorito e compostos liberadores de cloro ativo • Iodóforos • Glucomato de clorexidine PREPARO DO PACIENTE LIMPEZA E ANTISSEPSIA Deve ser submetido à tricotomia fora da área “limpa”. Quando possível, prescrever banho 1 a 2 dias antes da data da cirurgia. Conforme o procedimento cirúrgico e a afecção clínica, o paciente deve ser submetido a antibioticoterapia profilática. A antissepsia é feita com álcool iodado 1%, PVPI ou clorexidini alcóolico. PREPARO DO CIRURGIÃO • Pijama cirúrgico de uso exclusivo do CS • Uso de gorro, máscara, propé e jaleco de manga longa • Antissepsia de mãos e antebraços (5-10 escovadas por superfície) CONDUTA NA SALA CIRÚRGICA • Mínimo trânsito • Gorro, máscara, propé e paramentação • Conversação limitada e não tocar objetos estéreis • Postura de equipe CUIDADOS COM O PACIENTE PRÉ-OPERATÓRIO É o momento que acontece desde a primeira consulta clínica-cirúrgica do paciente, diagnóstico, condição do paciente para a cirurgia e condição cirúrgica do paciente.1 - ANAMNESE A anamnese completa obtida com o dono ou o responsável pelos cuidados do cão é essencial para avaliação precisa do processo mórbido subjacente e na identificação de outras anomalias que possam comprometer o resultado da cirurgia 2 - EXAME FÍSICO O animal deve ser sistematicamente avaliado durante o exame físico, e todos os sistemas do corpo devem ser incluídos. A condição geral do animal (condição física, atitude e saúde mental) deve ser avaliada. Animais traumatizados devem passar por um exame neurológico e um exame ortopédico, além de uma avaliação dos sistemas respiratório, gastrointestinal, cardiovascular e urinário. Emergências podem permitir apenas um exame rápido, até que o animal tenha sido estabilizado 3 - EXAMES COMPLEMENTARES O estado físico do animal e o procedimento a ser realizado indicam a extensão da avaliação laboratorial necessária. Hematológico: • Hematócrito • PT • Hemograma completo Bioquímico: • Uréia • Creatinina • FA e ALT Urinálise: • Densidade • Proteína, pH, sangue e glicose 4 - DETERMINAÇÃO DO RISCO CIRÚRGICO E PROGNÓSTICO 5 - ESTABILIZAÇÃO DO PACIENTE O paciente deve ser estabilizado tanto quanto possível antes da cirurgia. Ocasionalmente, a estabilização é impossível, e a intervenção cirúrgica deve ser feita rapidamente; no entanto, a reposição de déficits hídricos e a correção de anomalias acidobásicas e eletrolíticas antes da indução da anestesia 6 - TERMO DE CONSENTIMENTO E RESPONSABILIDADE TRANS-OPERATÓRIO É o momento da cirurgia, na qual ocorre a manutenção do paciente, cuidados com os tecidos, escolha de sutura e seu padrão. PÓS-OPERATÓRIO É acompanhamento do paciente desde o término da cirurgia até sua alta do hospital, na qual entra o tratamento de analgesia pós-cirurgia e observação de sinais e sintomas. INTRODUÇÃO À CIRURGIA CLASSIFICAÇÃO DA CIRURGIA SEGUNDO A PERDA DE SANGUE: CRUENTA Há perda de sangue. INCRUENTA Quase sem perda de sangue. SEGUNDO A FINALIDADE: EXTREMA URGÊNCIA OU EMERGÊNCIA É feita a cirurgia sem ou com pré-operatório muito curto pois o paciente corre risco eminente de vida. RELATIVA URGÊNCIA O paciente precisa da cirurgia para ter uma sobrevida, porém, para a realização da cirurgia, é necessário a sua estabilização, assim a cirurgia é adiada para algumas horas ou até no próximo dia. SEM URGÊNCIA É possível o preparo total do paciente para a cirurgia. ELETIVAS São cirurgias de escolhas. EXPERIMENTAIS Realizadas com a finalidade de estudos. SEGUNDO A TÉCNICA EMPREGADA: CONSERVADORAS Quando conservamos um tecido ou órgão. MULTILADORAS Quando há necessidade de extirpar o órgãos, total ou parcialmente. REPARADORAS Quando faz a reparação do tecido ou órgãos afetado. SEGUNDO O PROGNÓSTICO: LEVE Sem risco eminente GRAVE Risco de vida pós-cirúrgico. DIVISÃO DAS OPERAÇÕES: PREPARATÓRIAS São aquelas que precedem o ato operatório propriamente dito, como a contenção do paciente, a tricotomia, a anestesia e a profilaxia da infecção. GERAIS São as realizadas em qualquer região do corpo. ESPECIAIS São realizadas em regiões específicas ou determinadas. NOMENCLATURA CIRÚRGICA Visa identificar corretamente as diferentes intervenções cirúrgicas realizadas. A nomenclatura ou terminologia cirúrgica baseia-se em um radical que se refere ao órgão que está sendo abordado e em um sufixo que indica a manobra que está sendo executada. TEMPOS CIRÚRGICOS É composta por três tempos: diérese, hemostasia e síntese. DIÉRESE São manobras manuais e instrumentais que visam afastar os tecidos com finalidade terapêutica. DIÉRESE CRUENTA: Divisão dos tecidos com perda de sangue. 1 - ARRANCAMENTO Manobra manual feita por rompimento. É feita em nervos, vasos e orquiectomia de bezerros. 2 - CURETAGEM Utiliza a cureta e tem por finalidade eliminar tecidos superficiais neoformados indesejáveis. Ativa a cicatrização em feridas ulceradas. 3 - DEBRIDAMENTO Utiliza a tesoura ou bisturi para eliminar bridas (aderências). Bridas são tecidos neoformados, resultantes da cicatrização ou circundando tumores, que dificultam a extirpação. 4 - DESLOCAMENTO Manobra manual ou com tesoura romba fechada, que visa promover uma cicatrização mais rápida e menos volumosa. É realizada para liberação de saco herniário, tumores e etc. 5 - ESCARIFICAÇÃO Raspado mais superficial do tecido. Utiliza-se cureta ou lâmina de bisturi. 6 - EXÉRESE Eliminação de determinada estrutura anatômica, como de ressecção de tumores, de saco herniário. É realizado com bisturi, tesoura, serra, etc. 7 - FORMAÇÃO DE FÍSTULA Exteriorização de um órgão oco realizado com tesoura ou bisturi. 8 - FRATURA Realizado com fio serra, serra e etc. 9 - LIBERAÇÃO DE ADERÊNCIA Técnica manual ou realizada com tesoura romba fechada. 10 - PUNÇÃO Realizado com agulha ou trocáter. 11 - DIVULSÃO Afastamento do tecido sem secção, podendo ser manual ou instrumental. 12 - PUNÇÃO-INCISÃO Técnica realizada com bisturi para drenagem de abscesso. 13 - INCISÃO Realizada com bisturi ou tesoura, seguindo os seguintes princípios: • Evitar corte biselado (torto) • Evitar incisão em tecidos fora do plano cirúrgico • Incisão em um só tempo • O bisturi deve ser utilizado para incisionar a pele, depois, usa-se a tesoura DIÉRESE INCRUENTA: Incisão sem perda de sangue, utiliza-se o bisturi elétrico (secção por passagem de corrente elétrica de alfa sequência), raio laser (cirurgia oftálmica) ou criobisturi. HEMOSTASIA São manobras manuais e instrumentais que visam evitar, prevenir ou deter a hemorragia ou impedir a circulação temporária em determinada área. Finalidades: • Limpeza da área operativa, pois o sangue dificulta a visualização • Evitar choque e hipóxia tecidual • Evitar coágulos nas bordas das feridas pois estes são meios de cultura CLASSIFICAÇÃO: EXTERNA O sangue flui para o exterior INTERNA O sangue tende a se acumular no interstício dos tecidos (equimoses) ou em cavidades neoformadas (hematomas). TIPOS: PREVENTIVA • Torniquete • Faixa de Esmarch TEMPORÁRIA • Tamponamento com gaze • Compressão digital ou instrumental • Pinça hemostática DEFINITIVA • Ligadura ou transfixação com fios de sutura MÉTODOS: FÍSICOS • Compressão circular. Não se deve usar em regiões infectadas, utiliza-se o torniquete e a faixa de Esmarch • Compressão digital (apenas preventiva) • Compressão indireta. É temporária, usa-se em hemorragias capilares ou subcutânea com a ajuda de algodão ou gase • Pinças hemostáticas (temporária ou definitiva) • Ligadura por laçada ou transfixação • Ligadura em massa. É feita quando não é possível a individualização de um vaso • Torção • Eletrocoagulação (eletrobisturi) • Termocauterização SÍNTESE É o conjunto de manobras manuais e instrumentais, através do uso de fios e outros materiais, que visa restabelecer a condição anatômica funcional dos tecidos. Condições para uma boa cicatrização: 1. Anti-sepsia e assepsia 2. Hemostasia perfeita 3. Abolição do “espaço morto” 4. Bordas das feridas limpas e regulares 5. Ausência de corpo estranho e tecido morto 6. Posição anatômica correta 7. Tração moderada dos nós 8. Escolha correta dos instrumentais e materiais de sutura Materiais de sutura: • Fios • Grampos • Grampeadores • Adesivos sintéticos e biológicos INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA É todo o conjunto de objetos, instrumentos e equipamentos que entram em contato direto ou indireto com a região operatória, utilizados para a execução de determinado procedimento cirúrgico A colocação dos instrumentos na mesa de instrumentação deve seguira mesma ordem usada na classificação dos mesmos: 1. Diérese 2. Preensão 3. Hemostasia 4. Exposição 5. Especial 6. Síntese As setas além de indicar a orientação de sentido, indicam também a ordem de disposição dos instrumentos ela também indica que o instrumental cirúrgico é disposto de instrumentos atraumáticos para os mais traumáticos entre as diferentes classificações e mesmo dentro de uma mesma categoria. As pinças anatômicas são menos traumáticas que as pinças dente-de-rato, a pinça hemostática Halsted (mosquito) são menos traumáticas que as pinças Kelly e assim sucessivamente. Esse é o esquema mais utilizado. MATERIAIS DE DIÉRESE BISTURI É constituído por um cabo reto com encaixe em uma das extremidades para uma lâmina desmontável e descartável. O cabo n°3 é destinado para lâminas pequenas (de números 9 a 17) em cirurgias mais delicadas, cujos formatos são variáveis e adaptados para determinada função, sendo as mais usadas as de n°11 e 15. O cabo n°4 é usado habitualmente e se destina a lâminas maiores (de números 18 a 50) e as mais empregadas são as de número 22 e 23. Há, entretanto, bisturis de lâminas fixas. TESOURA Sua função principal é a de cortar tecidos orgânicos e materiais como gaze, fios, borrachas, e promover a dissecção e divulsão dos tecidos. Seu comprimento é variável em função da profundidade do campo de ação, de acordo com o tipo de estrutura se mais delicada ou mais robusta, de acordo com o tecido a ser seccionado. A ponta de tesoura pode ser reta ou curva para acompanhar a forma da incisão e pontas rombas ou agudas para facilitar a penetração ou o tipo de corte PREENSÃO São aqueles destinados a agarrar (segurar, apreender) tecidos, chamados de pinças de dissecção. Existe um modelo de pinças dente-de-rato que deve ser aplicado somente na confecção de pontos na pele ou em outros materiais como campos, borrachas, etc. O outro modelo possui estrias transversais nas faces internas das pontas. As pinças têm comprimentos variáveis, pontas de espessuras diferentes, podendo ser retas, angulares ou curvas. MATERIAIS DE HEMOSTASIA São chamados de pinças hemostáticas, destinadas ao pinçamento de pequenos vasos sangrantes pela ligadura e também para pinçar fios de sutura e tecidos orgânicos como aponeuroses, peritônio, etc. Tipos: • Pinça Halsted (mosquito): de tamanho pequeno e delicado, pontas finas. È usado para vasos, em estruturas orgânicas nobres e para pinçamento de fios finos para sutura • Pinça Kelly: suas pontas são menores que as da pinça Kocher. É usada para vasos, fios grossos e pinçamento pela ponta de tecidos. Suas pontas possuem ranhuras em dois terços de sua extensão • Pinça Rochester: é uma pinça hemostática robusta usada para pinçamento de pedículos e órgãos circundados com vasos • Pinça Kocher: suas pontas são mais longas e robustas e possui dentes-derato, o que a torna mais traumática que as demais. É usada para pinçamentos transversais em tecidos ou pinçamento pela ponta para a tração de aponeuroses MATERIAIS DE EXPOSIÇÃO Constituem-se de afastadores, ou seja, elementos mecânicos para afastar os tecidos seccionados ou separados, expondo planos anatômicos ou órgãos subjacentes. O afastamento bem realizado facilita muito o ato operatório. Existem dois tipos principais: • Afastadores dinâmicos • Afastadores auto-estáticos MATERIAL ESPECIAL BÁSICO • Pinças ou clampes intestinais: pinças longas usadas aos pares. Promove hemostasia, evita a saída de conteúdo intestinal e apresentando as bordas para a sutura • Pinças de preensão atraumáticas (Babcock, Duval): servem para a preensão de tecidos delicados ou vísceras. Possui ampla superfície de contato e com ranhuras, causando trauma mínimo aos tecidos • Pinça de preensão traumática (Allis): possui maior poder de preensão por denteamento fino nas superfícies de contato • Pinças vasculares para hemostasia temporária (Porrs, “bulldog”): são pinças atraumáticas e possuem denteamento especial que permite realizar a hemostasia sem lesionar os vasos • Pinças de campo (Backaus): têm pontas agudas ou dentes para fixar os panos de campo à pele, prender os campos entre si ou fixar objetos nos campos MATERIAL DE SÍNTESE São destinados a realizar as manobras necessárias para a reunião dos tecidos entre si: porta-agulhas e agulhas, principalmente. Existem dois modelos principais de porta-agulhas: • Porta-agulha de Hegar (Hegar-Mayo): possui argolas na extremidade das hastes e possui a mesma empunhadura e mesmo manuseio da pinça hemostática. É ideal para suturas em profundidade devidos às suas hastes longas e estreitas. É usado também para transfixação de estruturas rígidas como osso e pele • Porta-agulha de Mathieu: as duas hastes são curvas com cremalheira nas extremidades livres e mola entre elas para mantê-lo aberto. É ideal para trabalho em superfície e é manipulado em posição empalmada. MATERIAIS DE SUTURA FIOS DE SUTURA Fio de sutura é uma porção de material sintético ou derivado de fibras vegetais ou estruturas orgânicas, flexível, de secção circular e com diâmetro muito reduzido em relação ao comprimento. Fio absorvível é aquele que perde sua força tênsil em menos de 60 dias. Alguns fios classificados como inabsorvíveis são biodegradáveis. A seda perde metade de sua força tênsil em um ano, o algodão, 50% e o nylon, 12% no mesmo período. Subclassificações podem ser baseadas na origem da matéria prima (mineral, vegetal ou sintético), no número de filamentos (mono/multifilamentado) ou ainda, no tratamento superficial e tingimento na degradação enzimática. CLASSIFICAÇÃO INABSORVÍVEIS: 1 - DE ORIGEM ANIMAL, VEGETAL OU MINERAL Seda, linho e algodão e aço, respectivamente. À exceção do aço, são de ótimo manuseio. Todos podem produzir reação tipo corpo estranho. 2 - SINTÉTICOS Nylon, perlon, poliéster e polipropileno adaptados como fios inabsorvíveis apresentam reação tecidual menor; oferecem alguma dificuldade quanto ao manuseio e mostram facilidade em desatar o nó (por isto exigem superposição de seminós de segurança. São os mais inertes de todos os fios. Os fios inabsorvíveis sintéticos multifilamentados são fabricados a partir de fibras que são trançadas, o que torna o manuseio mais fácil. ABSORVÍVEIS: 1 - DE ORIGEM ANIMAL OU ORGÂNICO Cataguete. É fabricado a partir do intestino do carneiro, boi ou porco. Introduzido no organismo, instala-se reação inflamatória que leva à degradação e absorção do fio, sempre acompanhada de reação tecidual. A absorção do categute simples leva à perda de sua capacidade tensiva em 1-2 semanas. Usado inicialmente em suturas de órgãos cavitários em geral, suturas de músculos e fáscias musculares e na redução de espaço morto. 2 - SINTÉTICOS São copolímeros derivados de açúcares, lentamente reabsorvidos por hidrólise (60 a 180 dias); podem ser multi ou monofilamentados. Os fios absorvíveis sintéticos são hidrolisados e por isso têm a presença de um éster de cadeia alifática que os torna hidroliticamente instáveis. São, portanto, absorvidos por hidrólise num período de 60 a 90 dias. A amônia acelera a degradação dos fios absorvíveis sintéticos e devem ser evitados em locais onde haja amônia, portanto não são utilizados no sistema urinário em presença de infecções • Ácido poliglicólico (Dexon®) • Poliglactina 910 (Vicryl®) • Polidioxanona (PDS®) • Poligliconato (Maxon®) SUBCLASSIFICAÇÃO MULTIFILAMENTADOS • Ácido poliglicólico (Dexon): ótima resistência tênsil, mínima reação inflamatória. Perde 50% da resistência em 14 dias, e é completamente reabsorvível em 90 dias • Poliglactina 910 (Vicryl): é um copolímero de ac. glicólico e glicolático,totalmente absorvível por hidrólise em 60-90 dias Ambos são indicados para suturas internas. MONOFILAMENTADOS • Originados da síntese de poliéster-poli-P- diaxone; reabsorvido totalmente em 180 dias. Em um mês, 60% da força tênsil ainda é preservada • O Poligliconato mantém as mesmas características dos sintéticos absorvíveis, com a vantagem de que em 14 dias sua força tênsil está íntegra SELEÇÃO DO FIO Deve ser sempre baseada nas propriedades biológicas do fio e na situação clínica do paciente. O princípio da seleção do fio de sutura é baseado na resistência que deve ser pelo menos igual ao tecido a ser suturado: Pele/fáscia > estômago/ID > bexiga A velocidade em que a sutura perde força e a ferida adquire força devem ser compatíveis. Levar em consideração alterações biológicas provocadas pela sutura e as propriedades mecânicas do fio devem ser semelhantes às do tecido. PELE • Monofilamento de náilon e prolipropileno são mais indicados • Evitar: fios com capilaridade ou reativos SUBCUTÂNEO • Absorvíveis sintéticos são preferíveis devido a baixa reatividade FÁSCIA • Fios não absorvíveis: necessidade de prolongada resistência • Absorvíveis sintéticos (preferível) ou categute (cromado) • OBS: categute está em desuso MÚSCULO • Sintéticos absorvíveis ou não absorvíveis • Miocárdio: náilon ou polipropileno VÍSCERAS OCAS • Categute cirúrgico • Absorvíveis sintéticos e não absorvíveis monofilamentados • Evitar: não absorvíveis multifilamentados e seda na vesícula urinária TENDÃO • Náilon e aço inoxidável são os mais utilizados • Polidioxanona e poligliconato também são usados VASOS SANGUÍNEOS • Polipropileno (menos trombogênicos) • Náilon, poliéster revestido e outros NERVO • Náilon e Polipropileno (baixa reatividade) PORTA-AGULHAS E AGULHAS PORTA-AGULHA São instrumentos especiais usados para prender as agulhas, facilitando a introdução destas nos tecidos, durante a execução das suturas. Os modelos mais utilizados em medicina veterinária são o posta agulha de Mayo-Hegar e Mathieu. O porta agulha de Mayo-Hegar tem argolas na extremidade das hastes, tendo empunhadura e manuseio como das pinças hemostáticas. É ideal para suturas em profundidade devido às hastes serem longas e estreitas. O porta agulha de Mathieu tem as duas hastes curvas com cremalheira na extremidade livre e mola entre elas para mantê-lo aberto. É ideal para trabalho em superfície, sendo manipulado em posição espalmada. AGULHAS São instrumentos de sutura, nos quais os fios são acoplados ou montados, a fim de serem introduzidos nas bordas das feridas. Podem variar de conformação de acordo com as necessidades dos tecidos a suturar, tipo de fio e localização da área a suturar. Em geral são medidas em milímetros de comprimento. Classificação: • Traumáticas: agulha que ocasiona trauma tecidual devido a diferença ente o diâmetro da agulha e fio. Não tem o fio acoplado. São utilizadas em tecidos resistentes como aponeurose e pele • Atraumáticas: os fios já vêm montados (encastoados) no fundo da agulha para que não haja uma diferença no diâmetro do fio e do fundo da agulha. São utilizadas em tecidos mais delicados. Os fios com agulha encastoada podem ter 1 ou 2 agulhas montadas, sendo estes últimos utilizados mais em suturas cardiovasculares PARAMENTAÇÃO SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO Tem como função a reprodução sexuada das espécies pela fusão do gameta masculino (espermatozoide) ao feminino (ovócito). ANATOMIA O escroto é uma evaginação da pele que tem por função envolver os testículos. Está localizado na porção extra-abdominal. Abaixo do escroto encontra- se a túnica de Darthus que é responsável pela formação do septo testicular. Os testículos têm duas funções: a primeira é a função exócrina pela produção dos gametas masculinos nos túbulos seminíferos. A segunda, é a função endócrina pela produção de hormônios andrógenos, como a testosterona, produzida pelas células de Leydig e estrógeno pelas células de Sertoli quando atingem a puberdade. Para o testículo ter as suas atividades exócrinas e endócrinas em plenitude, ele precisa estar de 3-4° C a menos que a temperatura média do corpo do animal (37,5-38°C). Para o bom funcionamento dos testículos eles são formados por um complexo de termorregulação. O m. cremaster tem a capacidade de abaixar ou elevar os testículos com a parede corpórea dependendo da temperatura necessária. O plexo pampiniforme é formado pelas veias testiculares que estão entrelaçadas em uma forma espiralada na artéria testicular, formando uma contra- corrente, para que ocorra o resfriamento do sangue arterial que entra nos testículos pelas veias testiculares. O testículo é envolto pela túnica vaginal que é um envoltório feito pelo próprio peritônio. Durante a deiscência testicular, a gônada migra caudalmente dentro do abdômen para o anel inguinal interno, atravessa a parede abdominal e emerge no anel inguinal superficial. O testículo completa a migração localizando-se totalmente na bolsa testicular. A descida é precedida pela formação do processo vaginal que envolve o ligamento inguinal do testículo (gobernaculum testis), que orienta a descida. A descida dos testículos é favorecida pela pressão intra-abdominal e pela testosterona. O cão e o gato podem demorar até 6 meses para o testículo ocupar a posição extra-abdominal. O epidídimo encontra-se lateralmente ao testículo e é dividido em três partes: cabeça, corpo e cauda e é responsável pela maturação dos espermatozoides. Os espermatozoides maduros estão localizados na cauda do epidídimo, da qual desemboca o ducto deferente para se conectar a uretra pélvica. O ducto deferente é responsável por conectar a caudal do epidídimo na uretra pélvica. A passagem dessas estruturas é feita pelo anel inguinal que é uma abertura fisiológica responsável pela passagem de vasos. A uretra é dividida em pélvica e abdominal. As glândulas anexas são compostas pela próstata e pela ampola do deferente e são responsáveis para fluidificar a uretra, regulando o pH da uretra, e aumentando o volume do ejaculado e servindo como substrato energético. A próstata está localizada ventro-caudal à bexiga e ventral ao reto, ela possui dois lóbulos, o direito e o esquerdo, que são simétricos e de superfície lisa e com um sulco mediano central. Cão: Gato: AFECÇÕES TESTICULARES ANOMALIAS CONGÊNITAS ANORQUIDISMO Ausência de ambos os testículos. MONORQUIDISMO Ausência de um testículo. ANOMALIAS HEREDITÁRIAS 1 - CRIPTORQUIDISMO É a não migração de um ou ambos os testículos até o saco escrotal. É uma afecção hereditária, autossômica e ligada ao sexo. É comum em raças toys e pequenas. Fases da descida testicular: 1º Descida abdominal 2º Descida inguinal 3º Descida extra-andominal Os testículos possuem a mesma origem embrionária que os rins e, partir dos 30-40 dias de desenvolvimento fetal os testículos se separam do rim, ficando caudal ao rim e iniciando sua descida. A descida abdominal acontece, aproximadamente, 30 dias antes do parto, assim os testículos vão em direção ao anel inguinal pela ação do gubernáculo. A partir do parto e em até 15 dias de vida acontece a descida inguinal; os testículos começam a passar pelo anel inguinal. A descida inguinal acontece após a descida inguinal, nesse momento os testículos se encontram na região subcutânea e se movem em direção a bolsa escrotal para preenchê-lo. A descida extra-abdominal pode demorar, fisiologicamente, até 6 meses. DIAGNÓSTICO A falha mais comum geralmente encontrada é na descida abdominal (na maioria das vezes o testículo encontra-se lateral à bexiga). O diagnósticoé feito por US. Quando a falha na descida extra-abdominal o testículo é retido na região subcutânea, sendo possível, assim o diagnóstico por palpação. Falhas mais comuns na descida testicular: Abdominal > extra-abdominal > inguinal TRATAMENTO Orquiectomia (OSH) bilateral pois testículos ectópicos aumentam em até 14x as chances de neoplasias e torções testiculares. O animal deve também ser retirado da reprodução. 2 - TORÇÃO TESTICULAR A torção testicular é uma condição rara em cães e animais de qualquer idade são susceptíveis, apesar da inexistência de predisposição racial, cães criptorquidas são mais propensos a desenvolver essa patologia pela maior rotação na bolsa testicular. Traumas no ligamento testicular e após a execução de exercícios intensos podem gerar também torção testicular. A torção resulta em um infarto venoso, com testículo e epidídimo tornando-se hemorrágicos. Devido à obstrução venosa, edema e inflamação, o testículo na maioria das vezes apresenta-se aumentado de tamanho e podendo evoluir para necrose testicular SINTOMAS • Dor e distensão abdominal • Edema • Êmese • Disúria, hematúria e febre DIAGNÓSTICO • Sintomas • US. Observar que a circulação sanguínea está interrompida TRATAMENTO OSH e tratamento suporte. INFLAMATÓRIO E INFECCIOSAS ORQUITE Inflamação do testículo. Geralmente associado a refluxos provenientes da bexiga, uretra e próstata para o ducto deferente ou por via hematógena por agentes: E. coli, Stafilococos, Streptococous, Mycoplasma e Brucella canis. É indicado a OSH como tratamento em orquites agudas e graves pois ocorre a formação de abscessos e fístulas do parênquima testicular. NEOPLASIAS 1 - NEOPLASIAS TESTICULARES As neoplasias testiculares mais comuns em cães são: tumor das células de Sertoli (sertolinoma), nas células de intersticiais (Leydigomas) e nas células germinativas (Seminomas). Os sertolinomas são os mais comuns. Os autores afirmam ainda que metástases de tumores testiculares não são frequentes, embora os tumores de células de Sertoli e seminomas possam produzi-las em alguns casos. Cães criptorquídicos têm 13,6 vezes maiores riscos de tumores testiculares do que os normais, e animais com hérnia inguinal têm 4,7 vezes aumentados os riscos de tumores testiculares. SINTOMAS GERIAS • Dor e aumento de volume testicular • Dermatite na bolsa escrotal SERTOLINOMAS É a neoplasia testicular mais comum e de comportamento maligno (20-30%). E estão associados a machos com testículos ectópicos. A metástase é geralmente nos linfonodos inguinais e com síndromes paraneoplásicas. Sintomas: • Síndroma de feminilização por hiperestrogenismo (alopecia simétrica bilaterial, pele adelgaçada com pigmentação, ginecomastia e atrofia peniana) SEMINOMAS Pode acometer os testículos normais ou ectópicos, uni ou bilateralmente. Tumor característico por formar grandes massas, mas de comportamento benigno. LEYDIGOMAS Tumor que acomete os testículos e a bolsa escrotal, mas de comportamento benigno. Pode ocorrer hiperplasia das glândulas perineais, hérnia perineal e hiperplasia de prostáta pelo aumento da testosterona. DIAGNÓSTICO GERAL US. TRATAMENTO GERAL • OSH • Quimioterapia (Doxorrubicina ou Carboplatina) TÉCNICA CIRÚRGICA ORQUIECTOMIA (OSH) CÃES A OSH pode ser feita de forma aberta ou fechada. Refere-se OSH aberta quando a incisão da túnica vaginal. Em cães a OSH é feita pré-escrotal pois diminui as possibilidades de edema escrotal e causa menos desconforto abdominal. 1º Incisionar a região escrotal ou pré-esceotal 2º Expor o testículo na incisão 3º Incisionar a túnica vaginal e separá-la do testículo para total visualização do testículo 4º Expor o cordão espermático e pregar 3 pinças hemostáticas, na qual as 2 primeiras pinças permanecerão no paciente e a última pinça para o testículo que será retirado 5º Incisionar entra a segunda e terceira pinça para retirada do testículo 6º Fazer ligadura para hemostasia definitiva. A primeira ligadura será feita abaixo da primeira pinça, após dado o primeiro nó, retirar a primeira pinça. Dar mais outros 5 nós. 7º Retirar a segunda pinça após ter dado todos os nós 8º Suturar a túnica vaginal Hemostasia no gato: • Ligadura com fio • O ducto deferente enrolado nos vasos • Ligadura com o cordão espermático nele mesmo AFECÇÕES PROSTÁTICAS HIPERPLASIA PROSTÁTICA BENIGNA (HPB) A HPB é uma enfermidade caracterizada tanto pelo aumento do número de células (hiperplasia) como pelo aumento do tamanho celular (hipertrofia). Trata-se de uma alteração do envelhecimento, que ocorre apenas em duas espécies: cães e homem. Em cães, a hiperplasia prostática benigna está associada com a relação androgênio-estrogênio, a qual pode aumentar o número de receptores para andrógenos. Mesmo com a diminuição da produção de androgênio junto com o envelhecimento do animal e com o aumento da produção estrogênica a hiperplasia se desenvolve, também chamada de metaplasia escamosa. Com o envelhecimento, ocorre aumento aparente na sensibilidade do crescimento da glândula prostática pela testosterona, uma vez que a secreção de testosterona e as concentrações de dihidrotestosterona e testosterona prostática diminuem com a idade. Devido às mudanças no catabolismo e ao aumento na sua ligação aos receptores, a dihidrotestosterona se acumula. A hiperplasia é comum em animais a partir de 5 anos de idade, sem predisposição de raça e muitas vezes não há manifestação clínica patológica significativa, podendo levar, em outros casos em sua evolução, a outros processos inflamatórios agudos e crônicos, bacterianos, abscessos, neoplasias e formações císticas. Cães castrados não apresentam; a castração regride a hiperplasia. SINTOMAS O aumento da próstata acaba comprimindo o cólon descendente e o reto. • Tenesmo e fezes em fita • Sem dor à palpação • Lóbulos e sulco com simetria e textura normal, porém aumentados • Hematúria, retenção urinária e disúria • Corrimento uretral • Infecções recidivantes no trato urinário • Febre, depressão, anorexia, êmese e diarreia • Complicações: fecaloma e hérnia cranial DIAGNÓSTICO EXAME FÍSCO Palpação retal. EXAMES DE IMAGEM • US: tecidos prostáticos hiperecogênicos • RX EXAMES LABORATORIAIS Biópsia aspirativa guiada por US. TRATAMENTO OSH PROSTATITES A HPB e outras condições que promovem alteração na arquitetura normal da glândula prostática (metaplasia, neoplasia ou cistos) predispõem à infecção, por interferirem nas defesas normais do organismo, ou por proporcionarem um meio ideal para o crescimento de microrganismos. A prostatite é definida como uma infecção da próstata, com ou sem a formação de abscessos. A prostatite bacteriana acomete principalmente cães adultos e não castrados. A Escherichia coli é o organismo mais frequentemente isolado, porém a infecção por Staphylococcus aureus, Klebsiella spp., Proteus mirabilis, Mycoplasma canis, Pseudômonas aeruginosa, Enterobacter spp., Streptococcus spp., Pasteurella spp., Haemophilus spp. ou Brucella canis pode ocorrer. Os microrganismos rotineiramente envolvidos na prostatite são os mesmos presentes em infecções do trato urinário, o que sugere que a infecção ocorra de forma ascendente SINTOMAS • Mesmos sintomas da HPB • Na forma crônica a próstata pode estar sensível ao toque e com aumento de volume e, na forma crônica, sem dor ao toque, com aumento de volume discreto e assimétrica • A superfície vai estar eritematosa CISTOS PROSTÁTICOS Os cistos prostáticos podem ser caracterizados como de retenção ou paraprostáticos. Os de retenção (internos) ocupam o parênquima e são causados pelo acúmulo de secreções prostáticasdentro do órgão como resultado de obstruções dos ductos. Os cistos paraprostáticos (externos) não têm comunicação com a próstata, e alguns autores sugerem que sejam resquícios embrionários dos ductos de Müller. Os cistos estão mais comumento localizados na região periuretral. O tamanho e a quantidade de cistos podem alterar as dimensões, a simetria e a textura da glândula prostática. SINTOMAS • Superfície irregular, com aumento de volume, sem dor e não-eritematoso DIAGNÓSTICO EXAME FÍSCO Palpação retal. EXAMES DE IMAGEM • US: tecidos prostáticos hiperecogênicos • RX EXAMES LABORATORIAIS • PAAF e/ou biópsia aspirativa guiada por US. É achado líquido prostático asséptico (raro a presença de leucócitos e bactérias) e com presença de células epiteliais. TRATAMENTO CLÍNICO • ANTB: Amoxicilina com clavulanato, Cefalosporinas ou Quinolonas • AINE: Dipirona • Fluidoterapia CIRÚRGICO • OSH: cistos pequenos • Omentalização ou marsupialização: cistos médios e grandes ABSCESSOS PROSTÁTICOS Os abscessos prostáticos geralmente são resultado de infecção bacteriana ascendente que ultrapassa os mecanismos de defesa da uretra e coloniza o parênquima prostático. Podem ser secundários à prostatite bacteriana supurativa, que leva à formação de microabscessos no parênquima, os quais se coalescem, formando um abscesso único, ou ainda, como resultado da contaminação de cistos de retenção, paraprostáticos ou metaplásicos. Os principais microrganismos envolvidos são Escherichia coli, Staphylococcus spp. e Proteus spp. Na abscedação, a próstata está assimétrica e aumentada. SINTOMAS • Superfície irregular, com aumento de volume e com dor e eritematose • Febre • Secreção uretral DIAGNÓSTICO EXAME FÍSCO Palpação retal. EXAMES DE IMAGEM • US: tecidos prostáticos hiperecogênicos • RX EXAMES LABORATORIAIS • Biópsia aspirativa guiada por US. É achado líquido prostático séptico. • Leucocitose com desvio à esquerda • Cultura do líquido prostático para antibiograma TRATAMENTO CLÍNICO • ANTB: Amoxicilina com clavulanato, Cefalosporinas ou Quinolonas • AINE: Dipirona • Fluidoterapia CIRÚRGICO • OSH • Colocação de drenos cirúrgicos ou fazer omentalização NEOPLÁSICA A incidência de neoplasias prostáticas no cão é baixa, todavia podem ser observados adenocarcinoma, carcinoma das células de transição, carcinoma das células escamosas, leiomiossarcoma e fibrossarcoma; de forma rara, o linfoma também é descrito. SINTOMAS • Perda de peso, claudicação e fraqueza nos membros pélvicos • Tenesmo e disquezia • Incontinência urinária • Metástase pulmonar DIAGNÓSTICO EXAME FÍSICO Durante a palpação retal, a glândula pode apresentar- se endurecida e irregular, podendo estar aderida ao canal pélvico. EXAMES DE IMAGEM • RX: prostatomegalia, mineralização do tecido prostático, com contorno irregular, linfadenopatia regional e sinais de metástase nos pulmões ou ossos • US: prostatomegalia, com contorno irregular e padrão de ecogenicidade mista. Ainda, podem-se evidenciar áreas de calcificações no interior da próstata, indicadas por ecos brilhantes que produzem sombra, os quais, quando presentes, são considerados sinais de malignidade EXAMES LABORATORIAIS PAAF e/ou biópsia TRATAMENTO • Prostatectomia total • QT • Radioterapia AFECÇÕES DE PREPÚCIO E PÊNIS FIMOSE A incapacidade de protusão do pênis a partir do prepúcio ou bainha peniana caracteriza a fimose que é uma condição em que o pênis fica preso na cavidade prepucial. Em geral ocorre quando a abertura do prepúcio é pequena, impedindo a exposição do pênis. A incapacidade de expor o pênis causa irritação e infecções prepuciais secundárias a retenção de urina no prepúcio e pode ser observada como causa de urina acumulada no prepúcio. Pode ser congênita ou adquirida. SINTOMAS • Distensão prepucial por urina • Não visualização do orifício prepucial • Corrimento prepucial purulento ou hemorrágico TRATAMENTO Reconstrução do orifício prepucial. PARAFIMOSE É uma condição em que o pênis é impedido de retrair- se para a cavidade prepucial. É mais comum após a ereção, mas pode estar associado à cópula, traumatismo e neoplasia. O pênis fica exposta por causa da formação de dobras no prepúcio. A circulação do pênis fica comprometida pelo prepúcio. SINTOMAS Pênis edemaciado, exposto e dolorido (até com necrose). TRATAMENTO CLÍNICO • Compressas geladas, lavar, lubrificar e tentar reposicionar o pênis CIRÚRGICO • OSH • Correção cirúrgica do orifício prepucial • Amputação peniana ABDOMÊN LAPAROTOMIA A celiotomia é uma incisão cirúrgica na cavidade abdominal; o termo laparotomia também é utilizado como sinônimo, embora tecnicamente se refira a uma incisão no flanco. Essa técnica é indicada para fins diagnósticas e/ou terapêuticas. ANATOMIA O abdômen é delimitado cranialmente pelo m. do diafragma respiratório e, caudalmente, pelo m. do diafragma pélvico. Na linha média ventral do abdômen há uma fina camada branca e fibrosa chamada linha Alba. Essa linha passa pela cicatriz do umbigo. Ao redor dos dois lados da linha Alba encontra-se o m. reto do abdômen. Ao redor dos dois lados do m. reto do abdômen, encontra-se, lateralmente, um conjunto de músculos: o m. oblíquo abdominal interno (OAI), m; oblíquo abdominal externo (OAE) e transverso do abdômen (TA). TIPOS DE LAPAROTOMIA LINHA MÉDIA VENTRAL A incisão é feita seguindo a linha Alba. Esse é o melhor tipo de corte pela ampla visualização e acesso de todos os órgãos. Outro ponto importante é que o corte pela linha Alba é menos cruenta e não lesa nenhum outro músculo, causando menos dor. Subtipos de incisão: • Pré-umbilical: do umbigo pra cima • Retroumbilical: do umbigo pra baixo • Pré e retroumbilical: corte do xifóide ao púbis FLANCO Abertura na região do flanco. PARACOSTAL É a abertura paralela a última costela. PARAMEDIANA É a abertura paralela à linha Alba. TÉCNICA CIRÚRGICA • Jejum, MPA, tricotomia em todo abdômen ventral e antissepesia • O animal é posto em decúbito dorsal com quatro panos de campos. Os panos de campos são presos pelas pinças Backhaus ou suturados • A primeira incisão com bisturi é feita bem no meio do abdômen (entre as mamas). Após a incisão, divulsionar com as pinlas romba fina ou romba-romba o tecido subcutâneo e separá-lo. Em cães machos, pince o prepúcio e prenda-o lateralmente. A incisão de pele torna-se paramediana na região do prepúcio. Incise a musculatura na linha alba, como descrito anteriormente • Colocar o segundo plano de panos de campos e os prender com pinças Backhaus • Visualizar o m. reto do abdômen e a linha Alba • Com as pinças Allis, tracionar o m. reto do abdômen e, com o bisturi, incisionar a linha Alba • Após o corte com o bisturi, aumentar o plano cirúrgico com a tesoura (pré-umbilical, retroumbilical ou pré e retroumbilical) • Usar os afastadores de Farabeuf para melhor visualização • Sutura do m. reto do abdômen e da fáscia externa com fio de nylon • Sutura do subcutâneo com fio de poliglecaprone ou poliglactina • Sutura da pele com fio de nylon SISTEMA REPRODUTOR FEMINO PIOMETRA ETIOLOGIA É um processo inflamatório de origem endócrino- hormonal, associado em sua evolução às infecções bacterianas, constituindo um severo complexo patológico, caracterizado por acúmulo de exsudato muco-purulento ou purulento nas cavidades e no lúmen do útero e do trato genital tubular. O aparecimento da piometra acontece mais comumente no diestro, mas pode ocorrer em qualquer fase do ciclo estral. No diestro o a cadela está sob influência da progesterona pelo aparecimento docorpo lúteo. A estimulação progestacional crônica e repetida pode levar à resposta exagerada e anormal do endométrio, denominada hiperplasia endometrial cística (HEC). O aumento do nível da progesterona estimula o crescimento e a atividade secretora das glândulas endometriais e reduz a atividade miometrial, permitindo o acúmulo de secreções glandulares uterinas. Em contrapartida, ocorre a diminuição da circulação uterina, dos sistemas de defesa do útero e das contrações uterinas que somadas ao fechamento do colo uterino produzem a retenção de líquido dentro do órgão e a abertura do colo uterino durante o estro permitindo a entrada de bactérias. Assim, ocorre a infecção ascendente de bactérias (E. coli > Estreptococous > Estafilococus) que antes na porção inferior do trato genital. EPIDEMIOLOGIA Doença comum em cadelas, adultas (8-10 anos de idade) e não-castradas. Cadelas com ciclos estrais irregulares, velhos e com pseudociese tem predisposição a doença. SINTOMAS • Febre, desidratação, apatia e dor • PU/PD • Êmese e diarréia • Aumento do volume do útero • Secreção vaginal quando com cérvix aberta • Glomerulonefrite imunomediada por depósito de imunocomplexos DIAGNÓSTICO EXAMES DE IMAGEM US com aumento dos cornos e com conteúdo anecogênico. EXAMES LABORATORIAIS • Leucocitose • Aumento de ureia e creatinina TRATAMENTO CLÍNICO • Fluidoterapia com RL • Tratamento suporte: anti-emético • AINE: buscopan • ANTB: Trimetropin, Ampicilina, Amoxicilina com clavulanato ou Cefazolina CIRÚRGICO Laparotomia pela linha média ventral pré e retroumbilical e ovariosalpingohisterectomia (OSH). OVÁRIOSALPINGOHISTERECTOMIA A ovariosalpingohisterectomia (OSH) consiste na retirada dos ovários, ovidutos, do útero e dos ligamentos que os sustentam (ligamento suspensório do ovário e ligamento largo do útero). ANATOMIA Os ovários estão localizados caudal aos rins, no nível da 3°-4° vértebra lombar. O ovário direito é mais cranial que o esquerdo, assim como o rim. Cada ovário é suspenso da parede do corpo pelo mesovário (prega do peritônio). O ovário na cadela é recoberto pela bolsa ovariana. Os ovários estão presos à parede abdominal pelo ligamento suspensório ovariano e por alguns outros ligamentos do próprio ovário. A vascularização é feita pela a. aorta e pela v. cava. O ovário direito recebe sangue da a. aorta, formando a a. ovariana direita; o mesmo acontece com o ovário esquerdo, formando a a. ovariana esquerda. O retorno venoso é feito pela v. cava, ligando diretamente ao ovário direito, formando a v. ovariana direita. Diferentemente do lado direito, a v. ovariana esquerda surge a partir da v. renal esquerda. O pedículo ovariano é formado pela a. ovariana, v. ovariana e lig. suspensório do ovário de ambos os lados. Compõe-se o útero de um par de cornos, corpo e cérvix. Encontra-se na cavidade abdominal e apenas a cérvix ocupa a cavidade pélvica. Os cornos uterinos são estruturas tubulares longas, que se extendem da tuba para o corpo uterino. Cada ovário é ligado a seu corno correspondente pelo ligamento próprio do ovário. Os cornos uterinos estendem-se caudalmente no abdômen e encontram um corpo único, de aproximadamente 1/5 da extensão dos mesmos. O corpo encontra-se com a cérvix, estrutura curta e grossa que conecta útero e vagina. Durante a gestação, ela permanece fechada, conferindo proteção ao útero contra agentes externos. Após a secção do útero forma-se o coto uterino com a ligadura. A vascularização uterina vem da a. aorta, das a. ovarianas, das a. das tubas ovarianas até chegar no útero formando a a. uterina. O retorno venoso é pela v. ovariana, v. das tubas uterinas e v. vaca. TÉCNICA CIRÚRGICA • Técnica chamada de: OSH das 3 pinças • O abdome é abordado pela linha média ventral com uma incisão pré-retroumbilical. Os ovários são identificados, eles encontram-se ligados ao terço médio e ventral da última ou das últimas costelas pelo ligamento suspensório • O ligamento largo é perfurado com um instrumento de ponta romba na região caudal à artéria e veias ovarianas • O ovário é elevado o máximo possível da cavidade abdominal, 3 pinças hemostáticas curvas são colocadas no pedículo que contém a artéria e a veia ovariana • Todas as pinças são aplicadas proximalmente ao ovário, da mesma maneira, com as pontas dirigidas para cima • As pontas devem ser grandes o suficiente para prender o pedículo por inteiro • O pedículo pinçado é seccionado entre a pinça média e a superior, sendo este pedículo, a pinça inferior é liberada enquanto a tração na ligadura é mantida, isso apertará ao máximo o nó • A ligadura é finalizada com uma laçada distal a primeira, liberando-se a última pinça • O mesmo procedimento é repetido no outro ovário • Ligadura 1: lig. suspensório do ovário E, a. ovariana e v. ovariana E • Ligadura 2: lig. suspensório do ovário D, a. ovariana e v. ovariana D • Ligadura 4: a. e v. uterina E + D e coto uterino (são feitas duas ligaduras em úteros pequenos e não-edemaciados e quatro ligaduras em úteros grandes, com muita gordura ou com patologias) ORELHA ANATOMIA A orelha do cão e do gato compõe-se de três porções: a orelha externa, média e a interna. Juntos, esses componentes são responsáveis pela identificação e localização da direção do som e percepção constante da posição da cabeça em relação à gravidade, permitindo detectar sua aceleração e rotação durante o movimento. ORELHA EXTERNA O meato auditivo externo serve para conduzir as ondas sonoras até o tímpano, e se insere nas porções vertical e horizontal do canal auditivo externo. A orelha externa é composta de uma porção vertical e outra horizontal unida em forma de “L” para formar um tubo cartilaginoso cônico que conduz as ondas sonoras até o tímpano. O conduto auditivo externo inicia sua porção horizontal proximamente junto ao osso temporal e termina distalmente sua porção vertical nos componentes cartilaginosos da base do pavilhão auricular. ORELHA MÉDIA A orelha média é formada pela cavidade ou bula timpânica, delimitada em sua porção ventral pela cúpula óssea da bula timpânica (porção cavitária do osso temporal) e em sua porção dorsal por uma pequena câmara óssea tubular, o processo epitil timpânico. A tuba auditiva insere-se na região rostral da bula e estende-se até a nasofaringe. O tímpano é uma membrana fina, semitransparente, com um contorno arredondado, elíptico, com tamanho médio. A membrana timpânica (MT) divide a orelha externa da orelha média e está localizada na câmara dorsal da bula timpânica (BT). essa membrana divide-se em duas porções: a pars flácida e pars tensa. Na orelha média, são encontrados os três ossículos timpânicos (martelo, bigorna e estribo), distribuídos lateromedial, respectivamente, e a janela da cóclea, estrutura que divide a orelha média da interna. Existem dois pequenos músculos na orelha média, o tensor do tímpano e o estapédio, que podem alterar as relações dos ossículos auditivos, através da fixação destes à parede do recesso epitimpânico por vários ligamentos. A inervação desses músculos é através dos nervos trigêmeo e nervo facial, esse fato pode explicar as alterações neurológicas evidenciadas em otites médias. ORELHA INTERNA A orelha interna, é a responsável por receber os sinais auditivos, manter o equilíbrio e a posição dos olhos, tronco e membros. Está localizada no labirinto da porção petrosa do osso temporal e é composta pela cóclea, vestíbulo e canais semicirculares. Os três órgãos contidos no labirinto ósseo são: a cóclea, os canais semicirculares e o vestíbulo. OTOHEMATOMA ETIOLOGIA São coleções de sangue no pavilhão auricularque apresentam a forma de tumefações flutuantes, em massas ou nódulos de dimensões variadas. Os fatores que desencadeiam a sua formação é: movimentos bruscos da cabeça devido á dor e coceiras na orelha, inflamações crônicas e agudas, ectoparasitas (ácaros), corpos estranhos, tumores e pólipos no canal auditivo. Todos esses fatores aumentam a fragilidade capilar do pavilhão auditivo. O traumatismo pode ocasionar rompimento de vasos sanguíneos e o extravasamento de sangue entre a pele e a cartilagem, que cessa quando a pressão interna se iguala à pressão das artérias afetadas. As hemorragias ocorrem entre as camadas da cartilagem ou placa cartilaginosa auricular e a fibrina é depositada na parede do otohematoma, promovendo a formação de um seroma sanguinolento. Com o estabelecimento de um estado crônico, a fibrose e a contração promovem espessamento e a deformação da orelha. EPIDEMIOLOGIA O otohematoma ocorre principalmente em raças de orelhas pendentes (Pastor Alemão, Cocker Spaniel, Basset Houd, Golden Retriver e Labrador), sem predisposição sexual, de idade entre 3-7 anos e em raças de médio a grande porte. SINTOMAS Caracterizam-se por tumefações flutuantes, tensas, que variam de tamanho e, na maioria das vezes, dolorosas que podem estar em uma ou ambas as orelhas. DIAGNÓSTICO EXAME FÍSICO • Palpação de orelha com presença de conteúdo líquido, além do histórico de comportamento clínico do animal (prurido auricular) TRATAMENTO CLÍNICO • Bandagem • ANTBs preventivos: Amoxicilina com clavulanato ou Enrofloxacino • AINEs: Meloxicam ou Carvoprofeno • ou AIE: Prednisolona • Acompanhar a cicatrização e o restabelecimento da colagem da cartilagem CIRÚRGICO: DRENAGEM COM AGULHA É a técnica mais simples para correção de otohematoma, mas de mais baixa eficácia. Deve ser feito apenas em otohematomas de coleção líquida e fluída e, preferencialmente, na extremidade distal da orelha. É essencial que a formação seja pequena e que não tenha mais de 7 dias. Não é necessário anestesia, apenas contenção do animal ou sedativos. Fazer a tricotomia e antissepsia da superfície côncava da orelha e drenar o líquido com a agulha e seringa. DRENAGEM E COLOCAÇÃO DE DRENOS Os drenos e as cânulas também são usados como meio de providenciar uma drenagem a longo tempo, mas só podem ser usados se a quantidade de fibrina no hematoma for mínima. É o melhor método pois se restabelece a colagem da cartilagem. Ficar com o dreno de 15-20 dias. Esta técnica consiste em aplicar um dreno tubular de silicone através de duas incisões com 4 a 7 mm de comprimento, feitas nas extremidades distal e proximal do hematoma. Estas duas incisões permitem também a extracção manual do sangue e dos coágulos. Após a colocação do tubo com uma pinça hemostática, são feitas duas suturas simples de sustentação, uma em cada incisão, com fio 3- 0 monofilamentoso de nylon ou de polipropileno. INCISÃO, DRENAGEM E SUTURA Esta técnica é recomendada sobretudo para hematomas grandes ou crónicos, que apresentam a parede espessada. É o método mais invasivo pois ocorre a drenagem por todo o hematoma e é necessário anestesia geral. Ficar com os pontos de 15-20 dias. O animal deve ser posicionado em decúbito lateral, com o lado cuja orelha está afetada voltado para cima. O primeiro passo consiste em fazer a tricotomia da orelha, tanto da face externa como da interna, e prepará-la assepticamente para a cirurgia. Coloca-se, então, uma compressa estéril ou um pedaço de algodão no canal auditivo para absorver o sangue proveniente do hematoma. Realiza-se uma incisão na superfície côncava do pavilhão auricular, sobre todo o comprimento do otohematoma e retiram-se uns milímetros de pele e cartilagem para evitar um encerramento rápido da ferida cirúrgica. Os coágulos de fibrina são removidos e a cavidade é irrigada com uma solução salina. As suturas devem ter 0,5 a 1 cm de comprimento e devem posicionar-se verticalmente, paralelamente às artérias auriculares que se localizam na superfície convexa, com um padrão de pontos em “U” verticais ou com pontos simples transfixantes, abrangendo toda a espessura do pavilhão auricular, isto é pele-cartilagem-pele, ou só a pele da superfície côncava e a cartilagem. Os fios de sutura devem ser 3-0 ou 4-0 monofilamentosos de material não absorvível, como o propileno ou o nylon, ou absorvível como a polidioxanona, o poliglecaprone 25 ou o poligliconato. É recomendado deixar um espaço de pelo menos 0,5 cm entre a incisão e a sutura. RESSECÇÃO LATERAL DO CANAL AUDITIVO VERTICAL A ressecção do canal auditivo lateral aumenta a drenagem e melhora a ventilação do canal auditivo. Também facilita a colocação de agentes tópicos dentro do canal horizontal. Essa técnica é conhecida como “Procedimento Zepp”. Indicações: • Estenose do canal por hiperplasia do epitélio • Lesões neoplásicas da parede lateral • Otite externa crônica TÉCNICA CIRÚRGICA • Posicionar o animal em decúbito lateral com a cabeça elevada em uma toalha • Colocar o campo cirúrgico ao redor da orelha com todo o pavilhão auricular envolto no local da cirurgia • Delimitar a extensão do canal auditivo ventral com uma pinça • Marcar um local abaixo do canal auditivo horizontal, que é a metade do comprimento do canal auditivo vertical • Fazer duas incisões paralelas na pele lateral do canal auditivo vertical que se estendam desde o tragus ventralmente ao local marcado • Aumentar, ainda, 1/3 da incisão • Ligar as incisões na pele ventralmente e, usando uma combinação de dissecção cortante e contundente, rebater o retalho de pele dorsal, expondo a parede cartilaginosa lateral do canal auditivo vertical • Durante a dissecção, ficar o mais próximo possível da cartilagem do canal auditivo para evitar inadvertidamente danos ao nervo facial • Observar a glândula parótida na medida ventral da incisão e evitar danificá-la. Localizando-se no aspecto dorsal da cabeça do animal, utilizar tesouras Mayo para cortar o canal vertical • Repitir o processo, começando pela incisura intertrágica (aspecto caudal ou lateral do conduto auditivo externo) • Não permitir que as incisões convirjam para o aspecto lateral do canal, ou o escorredor será demasiado estreito • Certificar-se de estender as incisões até o início do canal horizontal, ou o escorredor não ficará na posição horizontal contra a pele. Rebater o flap cartilaginoso distalmente e inspecionar a abertura do canal horizontal; se indicado, obter culturas • Ocasionalmente, a abertura pode ser ampliada, fazendo dois cortes pequenos nos aspectos cranial e caudal. Ressecar a metade distal da aba da cartilagem para fazer o escorredor e retirar a aba da pele • . O ligamento entre as abas horizontais e verticais geralmente funciona como uma dobradiça para permitir ao escorredor ficar na posição horizontal, mas, em alguns casos, marcar a cartilagem no lado ventral do escorredor facilita isso • Colocar suturas de monofilamento absorvíveis ou não absorvíveis (3-0 ou 4-0) a partir do tecido epitelial da pele • Começar a suturar a abertura do canal horizontal, em seguida, suturar o escorredor. Por último, suturar os aspectos cranial e caudal da parede medial do canal auditivo vertical na pele Precauções: • Antes da cirurgia, realizar cultura e antibiograma para entrar com um antibiótico eficaz • Administrar o antibiótico eficaz antes, durante e depois da cirurgia (até 30 dias). • Deiscência de pontos: abertura espontânea dos pontos por necrose tecidual. Caso aconteça isso, deixar cicatrizar por segunda intenção ABLAÇÃO DO CANAL VERTICAL Ablação do canal vertical pode ser executada quando o canal vertical todo está doente, mas o canalhorizontal está normal. Pode ser a técnica de escolha quando neoplasia está confinada ao canal vertical ou em alguns animais com otite externa crônica. Remoção total do canal vertical pode resultar em menos exsudação e menos dor pós- operatória. Esta técnica pode proporcionar uma melhor aparência estética do ouvido do que é fornecido pela ressecção do canal auditivo lateral quando uma grande quantidade de tecido hiperplásico está presente em torno do canal vertical. Indicações: • Otite hiperplásica irreversível • Trauma ou neoplasia no canal vertical TÉCNICA CICÚRGICA • Fazer uma incisão em “T”. Fazer uma incisão paralela ao bordo do tragus e outra incisão longitudinal ao longo do conduto auditivo vertical • Abrir e disseccionar a pele em busca do canal auditivo vertical • Continuar a incisão horizontal através da cartilagem ao redor do meato acústico externo com uma lâmina de bisturi. Retirar o máximo de tecido doente na superfície média do pavilhão auricular quanto possível, mas não danificar os principais ramos da grande artéria auricular • Usar tesoura Mayo curvadas para dissecar em torno das faces proximais e mediais do canal vertical. Durante a dissecção, ficar o mais próximo possível da cartilagem do canal auditivo para evitar inadvertidamente danos ao nervo facial • Libertar canal vertical inteiro de todos os anexos musculares e fasciais • Seccionar o canal vertical ventralmente 1 a 2 cm dorsais ao canal horizontal e enviá-lo para exame histológico • Incisar o restante do canal vertical, cranial e caudal para criar abas dorsal e ventral • Refletir o retalho ventral para baixo, e suturar a pele para um escorredor usando suturas de monofilamento absorvíveis ou não absorvível (2-0 para 4-0). Suturar a aba dorsal para a pele e fechar o tecido subcutâneo com um material capaz de absorver a sutura (2-0 ou 3- 0). Em seguida, fechar a pele em formato de T Precauções: • Antes da cirurgia, realizar cultura e antibiograma para entrar com um antibiótico eficaz • Administrar o antibiótico eficaz antes, durante e depois da cirurgia (até 30 dias). • Deiscência de pontos: abertura espontânea dos pontos por necrose tecidual. Caso aconteça isso, deixar cicatrizar por segunda intenção ABLAÇÃO TOTAL DO CONDUTO AUDITIVO EXTERNO É indicado em animais com otite externa crônica que não respondem bem ao tratamento médico adequado, em casos de intensa calcificação e ossificação da cartilagem auricular, ou quando hiperplasia epitelial grave se estende para além do pavilhão auricular ou do canal auditivo vertical. O procedimento geralmente é realizado em animais nos quais ressecções do ouvido lateral falharam, e pode ser benéfico para aqueles com canais auditivos gravemente estenosados ou em neoplasias. TÉCNICA CIRÚRGICA • Fazer uma incisão em “T”. Fazer uma incisão paralela ao bordo do tragus e outra incisão longitudinal ao longo do conduto auditivo vertical • Abrir e dissecionar a pele em busca de todo o canal auditivo externo • Continuar a incisão horizontal através da cartilagem ao redor do meato acústico externo com uma lâmina de bisturi • Tomar cuidado com a glândula salivar parótida e o nervo fácil • Levantar todo o cone de cartilagem e dissecar todo o canal horizontal. Dissecar bem rente ao osso da crânio (bula timpânica) • Após a dissecção do cone cartilagionoso o meato acústico estará exposto • Curetar toda a secreção do meato acústico e lavá-lo com soro fisiológico • Fechar o tecido subcutâneo com fio absorvível (2-0 ou 3-0), e fechar a pele em formato de T. Se a drenagem for desejada, usar dissecação romba para saída de um dreno de Penrose (14 a 12 polegadas de largura) ou tubo de borracha macia ventral da incisão em uma área dependente (por meio de uma incisão separada), ou usar a drenagem por aspiração fechada (p. ex., o cateter de borboleta, vacutainer tubular) • A extremidade do dreno perto da cavidade timpânica pode ser protegida com uma única sutura de categute cromado (4-0 ou 5-0). Fixar a drenagem para a pele no local da saída (ventro-caudal à incisão). Precauções: • Antes da cirurgia, realizar cultura e antibiograma para entrar com um antibiótico eficaz • Administrar o antibiótico eficaz antes, durante e depois da cirurgia (até 30 dias). • Deiscência de pontos: abertura espontânea dos pontos por necrose tecidual. Caso aconteça isso, deixar cicatrizar por segunda intenção GLÂNDULAS SALIVARES ANATOMIA Os cães possuem inúmeras glândulas salivares menores distribuídas ao longo de toda a cavidade oral (lábios, bochecha, língua, palato, faringe e esôfago) e quatro pares de glândulas maiores, são elas: as parótidas, sublinguais, zigomáticas e submandibulares. A glândula parótida é uma glândula serosa e possui anatomia triangular e localiza-se próxima ao conduto auditivo dos cães. A glândula sublingual localiza-se abaixo da língua; próximo ao ramo horizontal da mandíbula. A glândula zigomática, também conhecida como orbitária, é ovoide e irregular, relacionando-se aos músculos masséter e temporal e ao arco zigomático. A glândula mandibular é grande e ovoide, estendendo-se da fossa atlantal até o osso basi- hióide, sendo parcialmente recoberta pela parótida. MUCOCELE ETIOLOGIA É uma afecção benigna causada pela obstrução (parciais ou totais) por sialólitos, ruptura ou trauma do ducto coletor causando extravasamento e acúmulo de saliva no tecido conjuntivo adjacente. A saliva extravasada induz reação inflamatória nos tecidos vizinhos e para que o conteúdo salivar extravasado não atinja outros locais, forma-se um tecido de granulação circundando-o e por essa razão, a mucocele é caracterizada como um pseudocisto. Podem ser formadas na região cervical ventral, sublingual, faríngea, parotídea ou zigomática, de acordo com a glândula e ducto salivar afetado. São mais frequentes na glândula sublingual (rânula) e mandibular. As mucoceles possuem etiologia infecciosa, traumática (após cirurgias glandulares, auto mordiscamentos linguais, feridas por mordedura, uso de enforcadores ou coleiras apertadas, acidentes balísticos, fornecimento de osso na alimentação) EPIDEMIOLOGIA Não há predisposição sexual e racial em cães, porém os poodles, Pastores Alemães, Yorkshires e Dachshunds são os mais comumente afetados. Os poucos casos relatados na espécie felina foram de animais sem raça definida. SINTOMAS • Aumento de volume ventral, flutuante e indolor na região cervical • Dificuldade na apreensão dos alimentos • Disfagia e movimentos anormais na língua • Dispneia • Exoftalmia, estrabismo e inchaço periocular DIAGNÓSTICO É baseado no exame físico pela palpação do volume e da glândula salivar e pela punção do local. É feita a paracentese do local de carácter viscoso, espesso, translúcido e de coloração amarelo-palha a avermelhada. Pode ainda ser feito a sialografia e a biópsia do material excitado. TRATAMENTO CLÍNICO Drenagem no conteúdo salivar acumulado do tecido subcutâneo com agulha de amplo calibre. CIRÚRGICO: É baseado na posição da mucocele. CERVICAL Realizar a sialoadenectomia das glândulas submandibulares e linguais dos dois lados, além da drenagem da mucocele. Técnica cirúrgica: • Incisar a pele, o tecido subcutâneo e o músculo platisma do ângulo da mandíbula caudalmente para a veia jugular externa a fim de expor a cápsula fibrosa da glândula mandibular • Evitar o ramo do segundo nervo cervical que passa pela cápsula, incisar a cápsula e dissecá-la a partir das glândulas salivar mandibular e sublingual monostomática • Ligar a artéria (ramo da grande artéria auricular) e veia à medida que são encontradas no aspecto medial do dorso da glândula.Continuar dissecando cranialmente, seguindo o ducto mandibular, o ducto sublingual e as glândulas sublinguais polistomática em direção à boca • Incisar a fáscia entre o masseter e os músculos digástricos. Expor todo o complexo de glândulas salivares mandibular e sublingual, por retração do músculo digástrico e aplicação de tração caudal na glândula mandibular • Se necessário, executar miotomia do músculo digástrico ou fazer um túnel do complexo ducto-glândula sublingual caudal sob o músculo digástrico para melhorar a visualização • Dissecar (divulsão digital ou dissecção cortante) rostralmente até identificar o ramo lingual do nervo trigêmeo e apenas os ductos permanecerem no complexo • Evitar traumatizar os nervos lingual e hipoglosso • Tentar identificar o defeito da glândula do ducto causando a mucocele, porque falha em identificar esse defeito pode indicar que a mucocele origina-se a partir do complexo do ducto glandular contralateral • Ligar e transeccionar o complexo glândula- ducto mandibular sublingual caudalmente ao nervo lingual • Colocação de dreno ou marsupialização SUBLINGUAL (RÂNULA) Técnica cirúrgica: • Drenar mucoceles sublinguais (rânulas) por excisão de uma secção elíptica, em toda a espessura da parede mucocele • Suturar o revestimento de tecido de granulação para a mucosa sublingual (marsuapialização) para estimular a drenagem durante vários dias • Drenar as mucoceles faríngeas por aspiração ou por marsupialização • Excisar o tecido da faringe redundante para evitar a obstrução das vias respiratórias após a mucocele ter sido evacuada SISTEMA DIGESTÓRIO ESÔFAGO ANATOMIA As porções cervical e torácica proximal do esôfago estão à esquerda da linha média, entretanto, o esôfago está ligeiramente à direita da linha média, desde a bifurcação traqueal até o estômago. As camadas da parede do esôfago incluem mucosa, submucosa, muscular e adventícia. A submucosa é a camada de sustentação do esôfago e deve ser incorporada a todas as suturas. O esôfago canino normal tem estriações lineares na mucosa por toda a sua extensão. A porção distal do esôfago felino normalmente tem dobras circulares na mucosa que formam um padrão em espinha de peixe com contraste positivo. A irrigação sanguínea do esôfago cervical vem de ramos das artérias tireóidea e subclávia. As artérias broncoesofágicas e ramos de segmentos da aorta irrigam o esôfago torácico. O esôfago abdominal é irrigado por ramos das artérias gástrica e frênica esquerdas. Os ramos intramurais dividem-se e anastomosam-se na camada submucosa. O fluxo sanguíneo colateral das porções cervical e abdominal do esôfago pode irrigar o esôfago torácico com adequado fluxo sanguíneo se o sistema vascular intramural estiver intacto. ESOFAGOSTOMIA É a criação de uma abertura no esôfago para colocação de um tubo de alimentação. É indicado em anorexia e distúrbios da cavidade oral ou faringe. É contraindicado em qualquer distúrbio esofágico. TÉCNICA CIRÚRGICA • A região do ângulo da mandíbula até o início do tórax deve ser preparada assepticamente. A cavidade oral deve ser mantida aberta • Colocar o paciente em decúbito lateral direito • A sonda deve ser posta na porção final do esôfago. Usar os espaços intercostais como referência, a sonda deve ficar entre o 7-8° EIC • Colocar uma pinça curva na boca do paciente, passando a orofaringe e forçando-a contra a pele do pescoço para lateralizar o esôfago • Com a pinça, separar as outras estruturas (v. jugular) e pressionar a parede do esôfago contra a pele • Pressionar a pinça contra a parede do esôfago até a pinça fazer uma saliência sobre a pele • Perfurar a região na qual a ponta da pinça está exteriorizando a sua ponta. Fazendo uma comunicação do esôfago com o meio externo • Pinçar a sonda esofágica com a pinça o puxando para dentro do esôfago até sair pela cavidade oral • Posicionar a sonda na cavidade oral para empurrá-la do lado certo para o esôfago • Suturar a sonda na forma “sutura chinesa”. Prender o fio na sonda e na pele até a sonda ficar firme Após colocação, as sondas esofágicas podem ser mantidas por semanas ou meses, desde que seja feito limpezas periódicas. A sonda é removida com corte do fio de ancoragem e tração. A ferida cicatriza por segunda intenção após a remoção do tubo (em 4 a 5 dias). ESTÔMAGO SÍNDROME DA DILATAÇÃO E TORÇÃO GÁSTRICA (SDTG) Síndrome aguda caracterizada por dilatação rápida e significativa do estômago por conteúdo líquido e gasoso associado ao seu mau posicionamento com concomitante disfunção cardiorrespiratória e evoluindo para o choque. ETIOLOGIA A aerofagia na ingestão rápida, hiperventilação e anormalidades da motilidade esofagiana também foram associadas com DTG recorrente. A eructação prejudicada pode resultar de junção gastroesofagiana anatômica ou funcionalmente anormal. A conformação corporal em cães com peito profundo e estreito, afrouxamento dos ligamentos hepatoduodenal e hepatogástrico, dieta rica em carboidratos, alta granulação, alimentação em plataforma elevada, frequência de alimentação, exercício pós-prandial, ingestão de grande volume de alimentos, eructação defeituosa ou vômito após a alimentação e aumento da produção ou ingestão de gás gástrico também estão correlacionados. EPIDEMIOLOGIA A doença ocorre com maior frequência em cães de raças grandes e gigantes (Great Dane, Labrador, Pastor Alemão, Setter Irlândes, São Bernado, Bernese e Dobermann). Alguns cães de raças pequenas também podem sofrer da síndrome (Basset, Bulldog e Poodle). É raro em gatos e animais com idade entre 2 meses a 1 anos. A médias de animais mais acometidos está na faixa de 6 anos de idade. Não há predisposição sexual, mas os machos são mais frequentemente acometidos podendo até haver hereditariedade. Animais submetidos a esplenomegalia ou esplenectomima estão mais sujeitos à síndrome. FISIOPATOLOGIA Geralmente, ocorre primeira a dilatação gástrica (DG) e, secundariamente, a torção gástrica (TG). Estômago normal > disfunção do esfíncter gastroesofágico e pilórico > DG > DTG A DG acontece pela aerofagia na alimentação somadas pela fermentação de alimentos com muita quantidade de carboidratos e pela difusão sanguínea decorrente de alterações metabólicas que aumentam de modo gradativo o acúmulo de ar. O aumento de volume no estômago promove estase sanguínea, congestão local e deslocamento de líquido para o seu interior. Também ocorre maior liberação das secreções gástricas e, conforme se acumulam, aumento também gás gástrico. A anormalidade fundamental associada a TG é a frouxidão dos ligamentos hepatoduodenal e hepatogástrico que resulta em elevado grau de mobilidade do estômago dentro do abdome, permitindo que ele gire em torno do seu eixo longitudinal. Em geral, o estômago sofre rotações em sentido horário. A rotação pode ser de 90-360°, mas, geralmente é de 220-270°. Quando o estômago gira, o piloro e o duodeno deslocam-se ventralmente e para esquerda da linha média localizando-se entre o esôfago e o estômago. Quanto maior o grau de torção pior é o prognóstico do animal. A torção do estômago no sentido anti-horário também é possível. Ocorre necrose no estômago (com início no fundo). Como o baço está fixado à curvatuva maior do estômago pelo ligamento gastroesplênico, a torção do estômago quase sempre desloca o baço para o lado ventral direito do abdome e causa congestão esplênica e esplenomegalia. O omento insere-se na curvatura maior do estômago, por isso geralmente é encontrado cobrindo a porção ventral do estômago rotacionado. A SDTG causa compressão de vasos abdominais principais
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