Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
BIOÉTICA CAPÍTULO 4 - PRÁXIS PROFISSIONAL, ENSINO E PESQUISA EM SAÚDE: COMO PROTEGER A HUMANIDADE DELA MESMA? Hermínio Oliveira Medeiros INICIAR Introdução Uma das áreas em que mais se discute a Ética em saúde é nas pesquisas utilizando seres humanos. Podemos dizer que grandes avanços científicos na Medicina foram construídos por meio de experimentos que não respeitaram nenhum preceito ético ao utilizar seres humanos como objeto de pesquisas de forma desumana e cruel? Os cientistas podem, em prol de toda a humanidade, utilizar uns poucos indivíduos em pesquisas para a busca de medicamentos e cura de doenças letais? A justificativa de benefícios para a coletividade foi utilizada por cientistas e nações para que atrocidades e crimes contra a humanidade fossem cometidos. Por outro lado, os homens possuem legitimidade para utilizar animais em pesquisas científicas, como ainda é feito nos laboratórios do mundo todo? E quanto a nós, usuários e consumidores de produtos de laboratórios, possuímos alguma responsabilidade sobre a abordagem ética por parte das empresas? Vamos neste capítulo abordar como a Bioética se relaciona ao exercício profissional em saúde quanto aos direitos e deveres dos pacientes e profissionais, na resolução prática de situações e dilemas ético-legais, e na abordagem ética na pesquisa em saúde. Para tal, vamos analisar a evolução histórica da regulamentação das pesquisas em ciências da saúde até chegarmos às diretrizes internacionais para pesquisas com seres humanos vigentes atualmente e a criação dos comitês de ética em pesquisa. Boa leitura! 4.1 Bioética aplicada ao exercício profissional em saúde Com o vínculo gerado pelos profissionais da equipe do cuidado com o cliente é conferido o poder instituído que lhes permitem conduzir o paciente ao exercício de sua autonomia, fazendo com que mude a sua posição de objeto para a de sujeito de seu tratamento (BOEMER; SAMPAIO, 1997). Sabe-se que a regulamentação do exercício profissional em saúde cabe aos dispositivos legais, mas somente o próprio profissional pode garantir uma assistência livre dos riscos oriundos da imperícia, imprudência, negligência e omissão ético-profissional, na proteção dos direitos do paciente, da sociedade e dos preceitos éticos (BOEMER; SAMPAIO, 1997). Veremos como omissão, imperícia, imprudência e negligência profissional geram prejuízos ao exercício ético da assistência em saúde, levando-nos a buscar o delineamento dos deveres e direitos dos pacientes e profissionais nessa delicada relação entre as partes. 4.1.1 Negligência, imprudência e imperícia Registros de ocorrências éticas mostram que as divergências mais comuns na prática cotidiana em saúde, que têm gerado aumento das judicializações da assistência, são a negligência, imprudência e imperícia. Em se tratando de ocorrências éticas definidas na legislação como erro profissional, podemos classificá-las, segundo Bitencourt et al. (2007), como: imperícia: situação em que o profissional realiza procedimento sem a devida habilitação ou competência, evidenciando despreparo teórico-prático por deficiência de conhecimentos e habilidades, expondo o paciente a riscos e Figura 1 - As profissões, assim como as organizações de saúde, precisam de metas éticas que sejam dinâmicas, bem definidas e divulgadas. Fonte: ChristianChan, Shutterstock, 2018. com alta probabilidade de ocorrência de evento danoso à sua integridade física ou moral. imprudência: ocorrência que advém da conduta profissional de assumir riscos para o paciente na realização de um procedimento para o qual não exista respaldo e que expõe o paciente a riscos desnecessários ou não minimizados. negligência: decorre do não oferecimento dos cuidados necessários ao paciente, sugerindo inatividade, passividade ou ato omissivo. Constitui-se da inércia, passividade, insensibilidade ou omissão, em que o profissional, podendo ou devendo agir de modo padrão, não o faz ou se comporta de maneira diferente. Ao adentrar nesse mundo jurídico que envolve a Bioética, chegamos à importante discussão acerca dos direitos e deveres de pacientes e profissionais da saúde. 4.1.2 Direitos e deveres dos pacientes Há uma drástica diferença nos serviços e produtos oferecidos pelas organizações privadas e públicas de saúde tornando clara que a garantia do acesso e a qualidade se dão mediante questões mercadológicas. Também é visível que a resolutividade da atenção é diretamente influenciada pelo poder econômico do paciente (KOERICH; BACKES; MARCHIORI, 2009). É importante ressaltar que todo paciente tem direito a ser reconhecido e respeitado como cidadão, o que implica participar das decisões relacionadas ao seu cuidado e tratamento e à sua participação em pesquisas científicas. Todo paciente também tem direito a um atendimento humanizado, atencioso e respeitoso à dignidade pessoal, ao sigilo ou segredo profissional; de conhecer a identidade dos profissionais envolvidos em seu tratamento; à informação clara, numa linguagem acessível sobre seu diagnóstico, tratamento e prognóstico; de recusar tratamento e/ou participação em pesquisas e de ser informado sobre as consequências dessa opção e, também, de reclamar do que discorda sem que a qualidade de seu tratamento seja alterada (CHAVES; COSTA; LUNARDI, 2005). Clássico do cinema que aborda o trabalho em humanização da saúde e a dignidade humana, Patch Adams - O Amor é Contagioso (OEDEKERK, 1998) é baseado na história real do médico Hunter Adams, profissional que se utiliza de métodos pouco convencionais para tratar seus pacientes. Figura 2 - A autonomia é direito fundamental da pessoa humana e deve ser respeitada em todos os momentos de seu tratamento. Fonte: Shutterstock, 2018 VOCÊ QUER VER? A Portaria n. 1.820/2009 (BRASIL, 2009), que dispõe sobre os direitos e deveres dos usuários da saúde, determina que todos os pacientes devem assumir a responsabilidade para que seu tratamento e recuperação sejam adequados e sem interrupção, fornecendo as informações e históricos necessários, expressando-se de maneira respeitosa e esclarecedora, seguindo o plano terapêutico proposto pelo profissional, mantendo-o atualizado sobre a sua condição de saúde, assumindo a responsabilidade pela recusa e descumprimento a procedimentos, orientações, exames ou tratamentos recomendados, dentre outros deveres que o tornam sujeito ativo - e não objeto passivo - de seu tratamento, responsabilizando-o, portanto, pelas suas escolhas e atitudes. Do mesmo modo, com o foco na manutenção da harmonia interpessoal entre as partes envolvidas, o que refletirá diretamente no tratamento do paciente, temos a regulamentação de direitos e deveres dos profissionais de saúde. 4.1.3 Direitos e deveres dos profissionais da saúde Os códigos de ética dos profissionais da saúde - englobando aqueles que lidam com o cuidado e com pesquisas científicas - preconizam que as atribuições éticas são focadas no compromisso com a saúde do ser humano e da coletividade. A atuação voltada à promoção, proteção, recuperação e reabilitação da saúde das pessoas, respeitando os preceitos ético-legais, é regida por direitos e deveres que asseguram uma assistência de qualidade (MARREIRO; NITÃO, 2017). No Brasil, as categorias funcionais no campo da saúde têm seus direitos e deveres definidos pelas normas deontológicas contidas em seus códigos de ética que traduzem a conduta ideal que se espera dos profissionais na relação com outros profissionais, pacientes, familiares, organizações e autoridades reguladoras (MARREIRO; NITÃO, 2017). Garota Interrompida (PHELAN; MANGOLD; LOOMER, 1999) conta a história de uma jovem internada em um hospital psiquiátrico, após um diagnóstico incerto, em que práticas suspeitas são utilizadas no tratamento dos pacientes. Esse é um filme interessante para se refletir sobre a rotina dos hospitais psiquiátricos e o estigma da loucura e dos transtornos mentais. Figura 3 - A harmoniosa relação profissional-paciente é regida pelo respeito a direitos e deveres por ambas as partes.Fonte: Ambrophoto, Shutterstock, 2018. VOCÊ QUER VER? A reflexão sistemática sobre a conduta idealizada para o profissional de saúde requer o conhecimento dos direitos e deveres de pacientes e classes, bem como o conhecimento das perspectivas éticas que fundamentam a moralidade na busca da resolução de situações e dilemas ético-legais reais que representam a Bioética na prática. 4.2 Bioética na prática: situações e dilemas ético-legais Tanto nas organizações de saúde quanto nos laboratórios de pesquisas científicas, a Bioética representa fonte fundamental de regulamentação dos limites dos poderes de intervenção dos profissionais na integridade física, psíquica e moral de seus pacientes. Historicamente, sabemos das atrocidades cometidas por profissionais que deveriam proteger os indivíduos, mas que os utilizando como objeto e com a finalidade de satisfazer a obstinação da ciência, justificando-se no benefício em prol da humanidade. Os dilemas éticos são vivenciados no cotidiano da prática profissional em saúde principalmente nas situações em que as pessoas apresentam expectativas, medo, ansiedade, podendo ser ampliada pela aplicação da perspectiva sociocultural vigente ao caso, e até mesmo pela urgência de risco de vida, o que gera altas cargas de estresse aos pacientes, à família e à equipe (OLIVEIRA et al., 2017). Assim, percebe-se que para uma melhor compreensão dos dilemas éticos é necessário que o profissional se exponha à realidade da diversidade de situações que apresenta o exercício de sua profissão, em que se expressam as nuances do cuidado, da ciência e da biotecnologia. Figura 4 - Os dilemas ético-legais em saúde se evidenciam na necessidade de escolha entre opções diferentes de conduta. Fonte: Lukiyanova Natalia frenta, Shutterstock, 2018. 4.2.1 Bioética, ciência e biotecnologia Os aspectos atualmente abordados sobre a sensível relação entre a Ética, a Ciência e a Tecnologia demonstra preocupações com a necessidade visível de humanização das técnicas, visto o poder adquirido pela biotecnologia que permite a realização de manipulações genéticas, transformando e gerando uma humanidade geneticamente modificada, suscitando discussões acerca dos benefícios, riscos e malefícios dessa prática (DOMINGUES, 2004). Novos problemas no campo bioético. Revolução atômica, molecular, genética e cibernética, um novo mundo povoado por seres transgênicos, geneticamente manipulados e biomecânicos. Manipulação da vida humana. Se interessou? Leia o livro Bioética - a ética da vida (BETIOLI, 2005). Outra situação polêmica relacionada ao avanço das ciências biomédicas é a descoberta e o desenvolvimento da utilização das células-tronco, defendida como fonte de melhorias consideráveis das condições de saúde humana e cura de patologias degenerativas e incuráveis. Essas células de grande capacidade regenerativa geram polêmica por conta de sua origem em embriões recém- fecundados, órgãos de fetos abortados e células maduras do cordão umbilical. O dilema é a utilização de fetos gerados exclusivamente para essa finalidade por fertilização in-vitro (NASCIMENTO; MOURA, 2014; VEATCH, 2014). VOCÊ SABIA? Várias pesquisas científicas utilizam insetos, como a mosca da fruta (Drosophila melanogaster), como modelo experimental. Apesar de os países nem sempre possuírem leis que regulamentam a pesquisa em vertebrados como ratos, coelhos e macacos, a Suécia já possui amparo legal para pesquisa em invertebrados (LIRA et al., 2016). Para mais informações acesse: <http://publicacoes.unifran.br/index.php/investigacao/article/view/1197/829 (http://publicacoes.unifran.br/index.php/investigacao/article/view/1197/829)>. VOCÊ QUER LER? http://publicacoes.unifran.br/index.php/investigacao/article/view/1197/829 Temas como a capacidade de prolongar a vida de uma pessoa por meio de artificialização, a capacidade de alteração das características sexuais de um indivíduo e a modelagem do ser humano perfeito pela engenharia genética soam pejorativamente para alguns grupos que defendem que a manipulação da vida pelo homem levará ao fim da humanidade como a conhecemos, sendo este o principal foco de discussão da bioética contemporânea. 4.2.2 Bioética contemporânea No pluralismo da sociedade contemporânea, já não se pode abordar as situações de natureza deontológica na área da bioética da saúde numa visão puramente dualista, jurídica ou simplista de “certo” ou “errado”. Os dilemas ético-legais atuais extrapolaram o âmbito das normas e não podem ser simplesmente encontrados redigidos em um código, mas, sim, na essência ontológica do homem (GOMES, 2014). O filósofo Michel Foucault em Microfísica do poder (FOUCAULT, 2011) traz uma abordagem de como o poder se expressa na sociedade e sua real relação com a prática da ciência e o exercício da Medicina, da Psiquiatria e do Direito, bem como a influência das questões ligadas ao corpo, à estética, à sexualidade e o papel dos intelectuais e do Estado nesse contexto. No âmbito da bioética global, temos o surgimento de problemas que nos levam a refletir sobre os riscos das mutações na engenharia genética, a produção de alimentos transgênicos, a utilização de inseticidas nas lavouras, as complexas questões da sexualidade humana, a proteção do meio ambiente em relação à segurança alimentar e ao poder econômico, chamando à responsabilidade moral cientistas e inventores no estabelecimento de novos limites fronteiriços para a sua própria ciência (LUSTOSA, 2008). VOCÊ QUER LER? Desse modo, a Bioética deve ser um farol de orientação que exprima juízos morais universais, fomentando a tolerância e o respeito às diferenças sociais em geral, prezando pela proteção dos indivíduos e regulamentando, tanto o cuidado à saúde como a aplicação da ética, nas importantes e polêmicas pesquisas científicas que envolvam experimentação com seres humanos (GOMES, 2014). Figura 5 - A ciência desenvolvida pelo homem pode ser utilizada contra a própria humanidade, por isso a necessidade de limites bioéticos rígidos. Fonte: Sergey Nivens, Shutterstock, 2018. 4.3 Ética e Pesquisa em Saúde A evolução das ciências da vida e da saúde é manchada por ocorrências de experimentações visivelmente opostas à dignidade humana. Podemos citar como exemplo clássico os acontecimentos da Segunda Guerra Mundial que suscitaram o surgimento da Bioética como uma nova vertente de conhecimento de defesa dos seres humanos (OLIVEIRA; ANJOS FILHO, 2006). A vacina contra a poliomielite foi desenvolvida pelo médico polonês Albert Sabin. Figura importante por sua descoberta, no entanto, realizou pesquisas polêmicas quanto à Ética permitida em seu tempo. Sabin testou a vacina em si próprio e ainda estudou a dengue em indivíduos de autonomia limitada, como presos americanos, inoculando neles o vírus da doença. Enquanto alternativas são buscadas para por fim à utilização de seres humanos como objeto de pesquisa - sem que também se faça uso de outros animais, os laboratórios e pesquisadores são historicamente acusados pela sociedade de crueldade contra a humanidade e a natureza. Até que isso seja possível, mantém-se a necessidade de se dosar a equação risco/beneficio, considerando se os possíveis benefícios são suficientes para justificar a exposição das pessoas ao experimento. Como regra geral, deve-se evitar, sempre que possível, a realização de experimentos com populações vulneráveis, lembrando-se que o ser humano não pode ser enxergado como mero instrumento (OLIVEIRA; ANJOS FILHO, 2006), como preconizado nos históricos códigos e declarações redigidos com a finalidade de proteger a humanidade da ciência e dos riscos inerentes à experimentação em humanos. VOCÊ O CONHECE? 4.3.1 Histórico da regulamentação das pesquisas com seres humanos Com a derrota dos nazistas na Segunda Guerra, o mundo tomou conhecimento das atrocidades cometidas pelos cientistas em nome do desenvolvimento da ciência. O fato gerou uma grande "crise de consciência" coletiva na comunidade científica culminando na elaboração de normas regulamentadorasno intuito de proteger a humanidade de situações semelhantes e proteger os direitos humanos, a integridade e a dignidade dos indivíduos participantes de pesquisas científicas (GARRAFA; PRADO, 2001). VOCÊ SABIA? A Segunda Guerra Mundial foi marcada pela grande utilização de seres humanos em pesquisa de forma desumana e cruel sem a adoção de nenhum critério ético. Os nazistas, por exemplo, criaram a técnica do reaquecimento rápido forçando os prisioneiros à hipotermia ao permanecerem em tanques de água gelada e, em seguida, buscavam métodos de restabelecimento de sua temperatura corporal. Diversos prisioneiros morreram nos testes (UNITED STATES HOLOCAUST MEMORIAL MUSEUM, 2018). Quer saber mais? Acesse: <https://www.ushmm.org/wlc/ptbr/article.php? ModuleId=10005168 (https://www.ushmm.org/wlc/ptbr/article.php?ModuleId=10005168)>. De acordo com Albuquerque (2013), destacam-se dentre os documentos publicados o Código de Nuremberg (1947), a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), a Declaração de Helsinki (1964, revisada em 1975, 1983, 1989, 1996 e 2000), a Convenção Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (1966), as Diretrizes Internacionais para Revisão Ética de Estudos Epidemiológicos (1991) e as Diretrizes Éticas Internacionais sobre Pesquisa Biomédica Envolvendo Seres Humanos (1993). 4.3.2 O Código de Nuremberg e a Declaração de Helsinki No ano de 1947, após o fim da Segunda Guerra Mundial, formou-se uma corte de juízes americanos para o julgamento dos médicos nazistas pelos crimes cometidos nas experimentações com prisioneiros nos campos de concentração. Esse evento expôs a crueldade e os crimes contra a humanidade em nome da ciência nazista https://www.ushmm.org/wlc/ptbr/article.php?ModuleId=10005168 (DINIZ; CORREA, 2001). O julgamento produziu um documento conhecido como Código de Nuremberg em que um conjunto de normas éticas para a pesquisa clínica foi apresentado ao mundo (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 1949). Como evolução dessa declaração, em 1964, a Associação Médica Mundial elaborou a Declaração de Helsinki. O documento reunia princípios éticos a serem respeitados pelos médicos e demais participantes de pesquisas clínicas envolvendo experimentações em seres humanos (ASSOCIAÇÃO MÉDICA MUNDIAL, 1964). A Declaração de Helsinki foi um marco importante da Bioética pela sua grande aceitação mundial pela comunidade médica e como referência mundial das diretrizes éticas para pesquisas com seres humanos (GARRAFA; PRADO, 2001). Pela evolução desses documentos, podemos traçar uma linha do tempo que se inicia na instituição do Código de Nuremberg, segue-se para a hegemonia da Declaração de Helsinki e avança com a adoção da Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos (ALBUQUERQUE, 2013). Figura 6 - Pelo histórico criminoso, as pesquisas com seres humanos merecem regulamentação rígida e fiscalização intensa. Fonte: Photobank gallery, Shutterstock, 2018. 4.3.3 Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos No ano de 1948, a Assembleia Geral das Nações Unidas promulga, pela primeira vez, a proteção universal dos direitos humanos com o estabelecimento da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Considerando a necessidade de proteção com respaldo e força de lei, a declaração aborda o reconhecimento da dignidade humana, do fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo. Também promove a proteção da humanidade pelo respeito aos direitos humanos em contraposição a atos cruéis e bárbaros já relatados pela história do homem (ASSEMBLEIA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS, 1948). Somente em 2005, com a formalização da Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA, 2005), consolida-se uma interface entre a bioética e os direitos humanos. Tal declaração aborda especificamente a pesquisa científica envolvendo seres humanos em vários de seus artigos trazendo à luz da lei temas como benefício e dano, autonomia e responsabilidade individual, vulnerabilidade e consentimento livre e esclarecido. É considerada como marco de referência ético-normativo para as nações na elaboração de sua regulamentação própria sobre a temática das pesquisas envolvendo seres humanos. No Brasil, existia a Resolução n. 001/1988 aprovando as normas de pesquisa em saúde, que foi atualizada pela Resolução n.196/1996 até chegar a evolução para a Resolução n. 466/2012 em que as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos apresentam forte influência das deliberações constantes da Declaração da UNESCO de 2005 (BRASIL, 1988; BRASIL, 1996; BRASIL, 2012; ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA, 2005). Para atender a legislação, uma importante ferramenta da expressão da autonomia dos pacientes foi adotada no controle das pesquisas envolvendo seres humanos: o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. 4.3.4 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido É dever do profissional explicar aos pacientes as intervenções a serem executadas, as técnicas utilizadas e os possíveis resultados e riscos, tanto na realização de procedimentos quanto em participações em pesquisas científicas. Padronizou-se para essa finalidade o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) como ferramenta de comunicação e acordo entre as partes. O TCLE se confirma como importante instrumento de proteção dos profissionais e pacientes, uma vez que explicita o esclarecimento e a autorização para a realização das intervenções. No entanto, sua redação deve contemplar a possibilidade de efeitos não desejados, mas que, uma vez previstos e previamente esclarecidos, demonstram declaração da boa-fé do profissional (OLIVEIRA; PIMENTEL; VIEIRA, 2010). Assim, respeitadas as condições que irão garantir o respeito e a confiança, o TCLE é um importante instrumento que deve ser implantado e utilizado no cotidiano dos profissionais de saúde. A formatação do documento respeitando a legislação respalda os profissionais em possíveis ações judiciais junto aos órgãos de regulação, como os conselhos de classe profissional. 4.4 Órgãos de regulação da Ética Devido às exigências geradas pela complexidade da assistência em saúde e da pesquisa envolvendo seres humanos e animais, diversos órgãos de regulação da ética, denominados Comissões ou Comitês de Ética, atuam no âmbito das instituições de saúde e laboratórios de pesquisa (GOLDIM; FRANCISCONI, 2004). Os comitês são responsáveis pela fiscalização do cumprimento da ética pelas profissões nos ambientes hospitalares (Medicina e Enfermagem, por exemplo), nas pesquisas científicas (Comitês de Ética em Pesquisa), tendo também função informativa e educativa (BATISTA; ANDRADE; BEZERRA, 2012). Seguindo o exemplo das Comissões de Ética e Deontologia Médica, surgiram as Comissões de Ética em Pesquisa em Saúde, que utilizam seres humanos e, posteriormente, animais, e, mais recentemente, as Comissões de Bioética (GOLDIM; FRANCISCONI, 2004). 4.4.1 Comitês de Ética Hospitalar O Conselho de Medicina, e posteriormente o Conselho de Enfermagem, impuseram às instituições de saúde brasileiras que fossem constituídas de Comissões de Ética e Deontologia profissional. Estas comissões zelam pela observação das responsabilidades inerentes ao exercício profissional contidos nos códigos de ética e orientam na resolução de dilemas ético-legais. Atualmente, surgiram nos hospitais os Comitês de Bioética com o objetivo de avaliar internamente situações e dilemas morais provenientes do cotidiano da instituição como, por exemplo, questões éticas envolvendo hemotransfusões de sangue em testemunhas de Jeová, ou até mesmo tomadas de decisão em casos complexos em saúde, como obstinação terapêutica (GOLDIM; FRANCISCONI, 2004). Figura 7 - O emprego de animais de laboratório é uma prática amplamente utilizada e deve ser regulado por Comitês de Ética em pesquisa para utilização de animais (CEUAs). Fonte: Yurchyks, Shutterstock, 2018. Algumas instituições hospitalares são centrosde pesquisa clínica, contribuindo para o desenvolvimento de novas terapias, tecnologias e medicamentos, sendo, portanto, passível da ação obrigatória dos Comitês de Ética em Pesquisa envolvendo seres humanos, uma vez que os pacientes da instituição podem ser participantes dos projetos de pesquisa científicas ali realizados. 4.4.2 Comitês de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos – CEP Os Comitês de Ética em Pesquisa (CEPs) possuem constituição multidisciplinar e são responsáveis por avaliar todas as pesquisas científicas envolvendo seres humanos, em todas as suas etapas. Os CEPs têm função educativa e fiscalizadora garantindo o respeito aos direitos humanos durante a participação dos indivíduos na pesquisa, regulando desde a utilização de dados dos pacientes, amostras biológicas, até informações genéticas da pessoa viva ou mesmo após a sua morte (BATISTA; ANDRADE; BEZERRA, 2012; GOZZO, 2012). Cabe aos CEPs à implementação e obrigatoriedade de aplicação dos termos de consentimento livre e esclarecido (TCLE) protegendo a autonomia dos pacientes, em que estes atestam ciência de suas condições, possíveis benefícios e riscos como sujeitos da pesquisa, autorizando ou não a sua participação (OLIVEIRA; PIMENTEL; VIEIRA, 2010). 4.4.3 O Bioterismo e os Comitês de Ética em pesquisa para utilização de animais (CEUAs) O bioterismo é a técnica de produção de animais para pesquisas científicas, e a vivissecção é a experimentação em animais vivos. Ambas são utilizadas pelos cientistas há mais de um século no desenvolvimento de medicamentos, procedimentos cirúrgicos e terapias, considerando-se as semelhanças entre os animais e os seres humanos com relação à anatomia, fisiologia e patologia. Toda instituição que realiza experimentação com animais, como um hospital-escola, deve obrigatoriamente instituir um Comitê de Ética em Pesquisa para Utilização de Animais (CEUAs), órgão regulamentador específico para esse fim. Devido à insuficiência de legislação acerca desse tipo de experimentação, as instituições de ensino e pesquisa se pautam nas diretrizes em pesquisa com animais de 1979 quando foi publicada no Brasil a Lei n. 6.638 estabelecendo as Normas para a Prática Didático-Científica da Vivissecção de Animais (BRASIL, 1979). VOCÊ SABIA? Peter Singer, um importante filósofo contemporâneo, causou polêmica de ordem mundial devido aos relatos e denúncias das cruéis condições a que coelhos eram submetidos pela indústria de cosméticos. Você pode encontrar mais informações sobre o caso no livro Libertação Animal (SINGER, 2013). Em 1998, foi sancionada no Brasil a Lei de Crimes Ambientais que em seu capítulo V, seção I, art. 32, estabelece que é crime praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos, mesmo que para fins de experimentação científica, sob pena de detenção por um período de três meses a um ano e multa. Em 2008, foi sancionada ainda a Lei 11.794, estabelecendo procedimentos para uso científico de animais (BRASIL, 1998; BRASIL 2008). CASO O Hospital da Universidade de Nova Romana participa de pesquisas científicas e utiliza seus pacientes como sujeitos das pesquisas. Seus profissionais se dedicam a experimentos com doenças infectocontagiosas para a produção de vacinas e medicamentos. Recentemente, os pesquisadores divulgaram a necessidade de trabalharem com pessoas que se curaram espontaneamente de algumas infecções para, com isso, compararem alguns parâmetros biológicos com os doentes. Um médico pesquisador solicitou à enfermagem que coletasse informações de todos os pacientes admitidos no hospital sobre doenças prévias e, caso encontrasse algum que se encaixasse no perfil necessário, que realizasse a coleta de sangue. A solicitação do médico logo chegou ao conhecimento do Comitê de Ética em Pesquisa da instituição. Após a análise do CEP, os profissionais envolvidos foram punidos por infração ética. De acordo com o parecer da comissão, os pacientes não foram informados da pesquisa, seus objetivos, possíveis benefícios e riscos, sendo submetidos a questionário e entrevista e coleta de material biológico sem autorização expressa. Assim, a prática profissional, o ensino e a pesquisa em saúde são controlados a todo o momento por normas bioéticas, conselhos profissionais e comitês de ética que nada mais fazem que proteger os pacientes e sujeitos das pesquisas científicas da obstinação da ciência e de seus representantes. Devido aos acontecimentos históricos que evidenciaram práticas indevidas realizadas em animais e seres humanos, estamos a cada dia evoluindo nossos documentos reguladores para acompanhar a rápida atualização da bioética originária de dilemas biomédicos, científicos e biotecnológicos da contemporaneidade. Síntese No capítulo que acabamos de concluir, pudemos estudar como a prática profissional e a pesquisa científica comprovaram, historicamente, a necessidade da constituição de documentos e órgãos reguladores ao exercício de profissionais de saúde e cientistas, fixando seus limites à atuação e intervenção no organismo humano. Neste capítulo, você teve a oportunidade de: entender a aplicação da Bioética na prática profissional; diferenciar os conceitos de negligência, imprudência e imperícia; compreender os direitos e deveres dos pacientes e profissionais da saúde; analisar situações e dilemas ético-legais ligados à ciência e à biotecnologia contemporâneas; conhecer a evolução dos documentos oficiais de regulamentação bioéticos para exercício profissional e pesquisa científica envolvendo seres humanos; conhecer as atribuições dos órgãos de regulação da Bioética como os Comitês de Ética Hospitalar e os Comitês de Ética em Pesquisa envolvendo seres humanos e animais de laboratório. Referências bibliográficas ALBUQUERQUE, A. Para uma ética em pesquisa fundada nos Direitos Humanos. Rev. Bioét., Brasília , v. 21, n. 3, p. 412-422, dez. 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983- 80422013000300005&lng=en&nrm=iso (http://www.scielo.br/scielo.php? script=sci_arttext&pid=S1983-80422013000300005&lng=en&nrm=iso)>. Acesso em: 14/01/2018. ASSEMBLEIA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Organização das Nações Unidas, Paris, 1948. Disponível em: <http://www.onu.org.br/img/2014/09/DUDH.pdf (http://www.onu.org.br/img/2014/09/DUDH.pdf)>. Acesso em: 14/01/2018. ASSOCIAÇÃO MÉDICA MUNDIAL. Estabelece a Declaração de Helsinki I. Adotada na 18ª. Assembleia Médica Mundial, Helsinki, Finlândia 1964. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/bioetica/helsin1.htm (http://www.ufrgs.br/bioetica/helsin1.htm)>. Acesso em: 14/12/2017. BATISTA, K. T.; ANDRADE, R. R.; BEZERRA, N. L. O papel dos comitês de ética em pesquisa. Rev. Bras. Cir. Plást., São Paulo , v. 27, n. 1, p. 150-155, mar. 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php? script=sci_arttext&pid=S1983-51752012000100025&lng=en&nrm=iso (http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983- 51752012000100025&lng=en&nrm=iso)>. Acesso em: 14/01/2018. BETIOLI. A. B. Bioética - a ética da vida. 2.ed. São Paulo: LTR Editora, 2015. BITENCOURT, A. G. V. et al. Análise do erro médico em processos ético-profissionais: implicações na educação médica. Rev. bras. educ. med., Rio de Janeiro, v. 31, n. 3, p. 223-228, dez. 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php? script=sci_arttext&pid=S0100-55022007000300004&lng=pt&nrm=iso (http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100- 55022007000300004&lng=pt&nrm=iso)>. Acesso em: 13/01/2018. BOEMER, M. R.; SAMPAIO, M. A. O exercício da enfermagem em sua dimensão bioética. Rev. latino-am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 5 , n. 2 , p. 33-38 , abr. 1997. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/rlae/article/download/1235/1256 (https://www.revistas.usp.br/rlae/article/download/1235/1256).>. Acesso em: 13/01/2018. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-80422013000300005&lng=en&nrm=isohttp://www.onu.org.br/img/2014/09/DUDH.pdf http://www.ufrgs.br/bioetica/helsin1.htm http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-51752012000100025&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-55022007000300004&lng=pt&nrm=iso https://www.revistas.usp.br/rlae/article/download/1235/1256 BRASIL. Lei n. 6.638, de 8 de maio de 1979. Estabelece normas para a prática didático-científica da vivissecção de animais e determina outras providências. Brasília, DF, 1979. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/1970- 1979/L6638.htm (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/1970-1979/L6638.htm)>. Acesso em: 7/02/2018. ____. Lei n. 11.794, de 8 de outubro de 2008. Regulamenta o inciso VII do § 1º do art. 225 da Constituição Federal, estabelecendo procedimentos para o uso científico de animais; revoga a Lei n. 6.638, de 8 de maio de 1979 e dá outras providências. Brasília, DF, 2008. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11794.htm#art27 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11794.htm#art27)>. Acesso em: 7/02/2018. ____. Lei n. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Brasília, DF, 1998. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/L9605.htm (http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/L9605.htm)>. Acesso em: 7/02/2018. ____. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS n. 1.820, de 13 de agosto de 2009. Dispõe sobre os direitos e deveres dos usuários da saúde. Brasília, DF, 2009. Disponível em:<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2009/prt1820_13_08_2009.html (http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2009/prt1820_13_08_2009.html)>. Acesso em: 13/01/2018. ____. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução n. 001, de 1988. Aprova as normas de pesquisa em saúde. Brasília, DF, 1988. Disponível em: < http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/1988/Reso01.doc (http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/1988/Reso01.doc)>. Acesso em: 13/12/2017. ____. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução n. 196/1996. Normas e diretrizes regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Brasília, DF, 1996. Disponível em: <http://conselho.saude.gov.br/web_comissoes/conep/aquivos/resolucoes/23_o ut_versao_final_196_encep2012.pdf (http://conselho.saude.gov.br/web_comissoes/conep/aquivos/resolucoes/23_out_v ersao_final_196_encep2012.pdf)>. Acesso em: 15/12/2017. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/1970-1979/L6638.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11794.htm#art27 http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/L9605.htm http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2009/prt1820_13_08_2009.html http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/1988/Reso01.doc http://conselho.saude.gov.br/web_comissoes/conep/aquivos/resolucoes/23_out_versao_final_196_encep2012.pdf ____. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução n. 466, de 12 de dezembro de 2012. Aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Brasília, DF, 2012. Disponível em: <http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/reso466.pdf (http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/reso466.pdf)>. Acesso em: 14/01/2018. CHAVES, P. L.; COSTA, V. T.; LUNARDI, V. L. A enfermagem frente aos direitos de pacientes hospitalizados. Texto contexto - enferm., Florianópolis , v. 14, n. 1, p. 38- 43, mar. 2005. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php? script=sci_arttext&pid=S0104-07072005000100005&lng=pt&nrm=iso (http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104- 07072005000100005&lng=pt&nrm=iso)>. Acesso em: 13/01/2018. DINIZ, D.; CORREA, M. Declaração de Helsinki: relativismo e vulnerabilidade. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 17, n. 3, p. 679-688, jun. 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102- 311X2001000300022&lng=en&nrm=iso (http://www.scielo.br/scielo.php? script=sci_arttext&pid=S0102-311X2001000300022&lng=en&nrm=iso)>. Acesso em: 14/01/2018. DOMINGUES, I. Ética, ciência e tecnologia. Kriterion, Belo Horizonte, v. 45, n. 109, p. 159-174, jun. 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php? script=sci_arttext&pid=S0100-512X2004000100007&lng=en&nrm=iso (http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100- 512X2004000100007&lng=en&nrm=iso)>. Acesso em: 14/01/2018. FOUCAULT, M. Microfísica do poder. 9. ed. São Paulo: Editora Graal, 2011. GARRAFA, V.; PRADO, M. M. Mudanças na Declaração de Helsinki: fundamentalismo econômico, imperialismo ético e controle social. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 17, n. 6, p. 1489-1496, dez. 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102- 311X2001000600020&lng=en&nrm=iso (http://www.scielo.br/scielo.php? script=sci_arttext&pid=S0102-311X2001000600020&lng=en&nrm=iso)>. Acesso em: 14/01/2018. GOLDIM, J. R.; FRANCISCONI, C. F. Os Comitês de Ética Hospitalar. Bioética. Portal de Bioética. UFRGS: 2004. Disponível em: <https://www.ufrgs.br/bioetica/comitatm.htm (https://www.ufrgs.br/bioetica/comitatm.htm)>. Acesso em: 14/01/2018. http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/reso466.pdf http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072005000100005&lng=pt&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2001000300022&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-512X2004000100007&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2001000600020&lng=en&nrm=iso https://www.ufrgs.br/bioetica/comitatm.htm GOMES, J. B. O Juramento de Hipócrates: uma antevisão referencial da Bioética contemporânea. In: ANGOTTI NETO, Hélio (org.). Mirabilia Medicinæ. v. 2, n. 1, 2014. Disponível em: <http://www.revistamirabilia.com/sites/default/files/medicinae/pdfs/med2014-01- 02.pdf (http://www.revistamirabilia.com/sites/default/files/medicinae/pdfs/med2014-01- 02.pdf)>. Acesso em: 13/01/2018. GOZZO, D.; LIGIERA, W. R.. Bioética e direitos fundamentais. São Paulo: Saraiva, 2012. KOERICH, M. S.; BACKES, D. S.; MARCHIORI, M. C. Pacto em defesa da saúde: divulgando os direitos dos usuários pela pesquisa-ação. Rev. Gaúcha Enferm. (Online), Porto Alegre , v. 30, n. 4, p. 677-684, dez. 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983- 14472009000400014&lng=pt&nrm=iso (http://www.scielo.br/scielo.php? script=sci_arttext&pid=S1983-14472009000400014&lng=pt&nrm=iso)>. Acesso em: 13/01/2018. LIRA, M. G. S. et al. Bioética e uso de animais invertebrados em pesquisa: uma abordagem histórico-legislativa. Revista Investigação. Franca, v. 15, n. 1, p. 143-149, 2016. Disponível em: <http://publicacoes.unifran.br/index.php/investigacao/article/view/1197/829 (http://publicacoes.unifran.br/index.php/investigacao/article/view/1197/829)>. Acesso em: 9/01/2018. LUSTOSA, M. L. V. Bioética na cultura contemporânea: análise ético-filosófica sobre o conflito potencial da tecnociência. ethic@: Revista Internacional de Filosofia da Moral. Florianópolis, v.7, n. 2, 2008. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/ethic/article/view/1677- 2954.2008v7n2p179/16244 (https://periodicos.ufsc.br/index.php/ethic/article/view/1677- 2954.2008v7n2p179/16244)>. Acesso em: 13/01/2018. MARREIRO, L. A. A;. NITÃO, F. F. Direitos e Deveres do Profissional de Saúde e do Usuário: uma abordagem a luz da literatura. 20º Congresso Brasileiro dos Conselhos de Enfermagem. Rio de Janeiro, 2017. NASCIMENTO, E. R.; MOURA, M. A. A. Bioética e o avanço da ciência nas descobertas das células-tronco: células-tronco estaminais e embrionárias. Revista de Cultura Teológica. São Paulo, Ano XXII; n .84; jul./dez. 2014. Disponível em: http://www.revistamirabilia.com/sites/default/files/medicinae/pdfs/med2014-01-02.pdf http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-14472009000400014&lng=pt&nrm=isohttp://publicacoes.unifran.br/index.php/investigacao/article/view/1197/829 https://periodicos.ufsc.br/index.php/ethic/article/view/1677-2954.2008v7n2p179/16244 <https://revistas.pucsp.br/index.php/culturateo/article/download/21656/15906 (https://revistas.pucsp.br/index.php/culturateo/article/download/21656/15906)>. Acesso em: 14/01/2018. OEDEKERK, S. Patch Adams - O Amor é Contagioso. Direção: Tom Shadyac. Produção: Mike Farrell, Marvin Minoff, Barry Kemp, Charles Newirth. Estados Unidos, 1998. OLIVEIRA, T. A. V. A. et al. Vivências de dilemas éticos pela equipe cirúrgica frente às iatrogenias. Revista de Enfermagem - UFPE on line., Recife, v. 11, n. 7, p.2795-802, jul., 2017. Disponível em: <https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/viewFile/23455/1916 8 (https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/viewFile/23455/1916 8)>. Acesso em: 13/01/2018. OLIVEIRA, P. H.; ANJOS FILHO, R. N. Bioética e pesquisas em seres humanos. Revista da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. São Paulo, v. 101 p. 1187- 1227, jan./dez. 2006. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/rfdusp/article/viewFile/67739/70347 (https://www.revistas.usp.br/rfdusp/article/viewFile/67739/70347)>. Acesso em: 14/01/2018. OLIVEIRA, V. L.; PIMENTEL, D.; VIEIRA, M. J. O uso do termo de consentimento livre e esclarecido na prática médica. Revista Bioética. Brasília, v. 18, n. 3, p. 705-724, 2010. Disponível em: <http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/viewFile/595/6 01 (http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/viewFile/595/6 01)>. Acesso em: 14/01/2018. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Código de Nuremberg. 1949. Versão em Português no Informe Epidemiológico do SUS Ano IV – 1995. Disponível em: <http://www.dhnet.org.br/direitos/anthist/nuremberg/codigo_nuremberg.pdf (http://www.dhnet.org.br/direitos/anthist/nuremberg/codigo_nuremberg.pdf)>. Acesso em: 14/12/2017. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA. Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos. Paris: Unesco; 1997. Tradução e revisão final sob a responsabilidade da Cátedra UNESCO de Bioética da Universidade de Brasília (UnB) e da Sociedade Brasileira de Bioética (SBB). https://revistas.pucsp.br/index.php/culturateo/article/download/21656/15906 https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/viewFile/23455/19168 https://www.revistas.usp.br/rfdusp/article/viewFile/67739/70347 http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/viewFile/595/601 http://www.dhnet.org.br/direitos/anthist/nuremberg/codigo_nuremberg.pdf Tradução: Ana Tapajós e Mauro Machado do Prado Revisão: Volnei Garrafa. 2005. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/declaracao_univ_bioetica_dir_hum.pd f (http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/declaracao_univ_bioetica_dir_hum.pd f)>. Acesso em: 8/12/2017. PHELAN, A. H.; MANGOLD, J.; LOOMER, L. Garota interrompida. Direção: James Mangold. Produção: Douglas Wickum. Estados Unidos, 1999. SINGER, P. Libertação animal. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2013. UNITED STATES HOLOCAUST MEMORIAL MUSEUM. As experiências médicas nazistas. Enciclopédia do Holocausto. 2018. Disponível em: <https://www.ushmm.org/wlc/ptbr/article.php?ModuleId=10005168 (https://www.ushmm.org/wlc/ptbr/article.php?ModuleId=10005168)>. Acesso em: 9/01/2018. VEATCH, R. M. Bioética. Tradução Daniel Vieira. Revisão técnica Gisele Joana Gobbetti. 3 ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/declaracao_univ_bioetica_dir_hum.pdf https://www.ushmm.org/wlc/ptbr/article.php?ModuleId=10005168
Compartilhar