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Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná Campus Universitário do CEDETEG Curso de Medicina Acadêmicos: Kendra Cauana Esteves, Melany Mariussi, Matheus Arengheri, Nathalia Rodrigues e Victoria Lebedenco Barbosa. TUTORIA IV CASO 1 - DERMATOMIOSITE GUARAPUAVA 2022 S C R I P T S SINAIS E SINTOMAS COMEÇO E DURAÇÃ O RELAÇÃO EPIDEMIOLÓGIC A INTEGRAÇÃO FISIOPATOLÓGIC A PROGNÓS TICO TRATAMENTO (INCLUSIVE TESTES) SEGUIME NTO rash facial > pescoço/ cc crônica mulher, pós menopausa musculoesquel ético pior se miosite mais grave prednisona e histamina sem melhora contínuo prurido tabagismo pele melhor se miosite menos grave Clonazepam, levotiroxina dispneia alcoolismo respiratório paroxetina tosse produtiva hipotireoidismo fadiga doença autoimune na família dados vitais alterados RESUMO DO CASO Mulher, 57 anos, relata eritema facial pruriginoso há 1 ano, sem melhora ao tratamento com Prednisona e Histamin e com progressão para escalpo e pescoço. Tosse produtiva e dispneia duas semanas antes e fadiga intensa. Face, cabeça e mamas. Quadro pulmonar e fadiga. Hipotireoidismo, tabagismo e etilista. eritema progressivo com manifestações sistêmicas Leucocitose VSH: IDADE/2 (mulheres +5) VHS aumentado EXAMES: Mioglobina * CPK: 11000 (<120) LDH * Aldolase: 23,9 (<7) * TGO/TGP * ALT e AST - CPK: enzima presente nos músculos auxiliar da atividade contrátil, quando ocorre a rutura do músculo essa enzima é exposta ao sangue e por isso quando há lesão ela encontra-se elevada. Pode também estar presente no músculo cardíaco e foi usado para IAM. Associado a neoplasia: mama, ovário e colo uterino. TOMOGRAFIA: mostrou neoplasia em ovário tratada a neoplasia - Sem dor; dor apenas na necrotizante que está mais relacionada a neoplasia ainda; geralmente após o uso de estatina. Historico familiar de doença autoimune, tabagista e etilista. DIAGNÓSTICO PRINCIPAL Dermatomiosite (DM) ETIOLOGIA A causa da dermatomiosite ainda é desconhecida (doença idiopática), na etiologia consideram-se as associações com: ● Antígenos de histocompatibilidade: auto-imunidade. Subclassificação em dois grandes grupos imunogenéticos: HLA DRw52 (miosite mais grave e pior diagnóstico) e HLA DRw53 (miosite menos grave e melhor prognóstico) ● Vírus: influenza A, hepatite B, Coxsackie e Picornavírus. Ocorre também após infecção por Echovírus, HIV e HTLV ● Protozoários: Toxoplasma gondii ● Drogas ● Há associação com implante de silicone Alterações imunológicas causadas por esses fatores em indivíduos geneticamente predispostos resulta na doença. As lesões cutâneas e musculares são agravadas pelo sol (uma das prováveis causas é a radiação UV B) CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS/ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ➢ Perda de força muscular simétrica e proximal, com ou sem disfagia ou alteração da musculatura respiratória ➢ Elevação das enzimas musculares séricas; ➢ Exame anatomopatológico de biópsia muscular com anormalidades como degeneração, regeneração, necrose, fagocitose e infiltrado mononuclear intersticial; ➢ Alterações cutâneas típicas: ● Heliotropo (erupção violácea na pálpebra superior); Highlight ● Pápulas de Gottron (pápulas escamosas, eritematosas a violáceas na superfície extensora das articulações metacarpofalângicas e interfalângicas proximais) ● Sinal do Xale: eritema violáceo descamativo simétrico em ombros, joelhos, maléolos, ou dorso e tronco Portanto, Bohan e Peter, em 1975, sugeriram o uso de cinco critérios para diagnosticar a dermatomiosite: 1) fraqueza muscular proximal simétrica que progride ao longo de um período de semanas a meses; 2) níveis séricos elevados de enzimas musculares; 3) eletroneuromiografia anormal; 4) biópsia muscular anormal; 5) presença de manifestações cutâneas típicas de dermatomiosite. Novos critérios, descritos por Dalakas e Hohlfeld, em 2003, destacam a importância da avaliação histológica do músculo, melhorando a especificidade, mas tornando‐se menos sensível. São critérios úteis para avaliação, porém desnecessários em paciente com doença cutânea característica, particularmente aqueles que apresentam fraqueza muscular proximal e enzimas musculares elevadas. Além disso, o curso clínico das lesões cutâneas da dermatomiosite não é necessariamente paralelo ao da doença muscular, e pode preceder ou seguir a miosite. Em mais da metade dos pacientes, as manifestações cutâneas precedem o envolvimento muscular em meses ou anos. Além disso, a atividade da doença muscular não é refletida pela atividade da doença cutânea. O envolvimento cutâneo pode ser dividido em sete tipos: patognomônico, característico, compatível, menos comum, raro, descrito recentemente e manifestações cutâneas não específicas. As manifestações cutâneas patognomônicas (heliotropo e pápulas de Gottron) e outras são especificadas a seguir: Pápulas de Gottron: consistem em pápulas eritemato‐violáceas cobrindo as articulações interfalangeanas e metacarpofalangeanas, como já citado neste resumo. Heliotropo: eritema rosa a violáceo, com ou sem edema, envolvendo a pele periorbitária. A pálpebra superior é a mais acometida, como já citado neste resumo. Sinal de Gottron: máculas eritemato‐violáceas sobre outras articulações, como cotovelos ou joelhos. Fotossensibilidade: o quadro clínico é marcado por intensa fotossensibilidade, com lesões eritemato‐violáceas no couro cabeludo, pescoço, ombros, superfícies extensoras das extremidades superiores, parte superior do tórax (“sinal do decote em V”) e parte superior das costas (“sinal do xale”). O eritema malar atinge o sulco nasolabial em oposição ao eritema malar no LE, que o poupa. Prurido: pode ser intenso e persistente, afetando a qualidade de vida dos pacientes. Além disso, sua presença pode ser útil para distinguir clinicamente a dermatomiosite dos quadros de LE, onde não há prurido marcante. Muitas vezes, é resistente ao tratamento com anti‐histamínicos e corticosteroides tópicos. Lesões eritemato‐escamosas nas laterais das coxas também podem estar presentes (“sinal do coldre”). Lesões no couro cabeludo: o envolvimento do couro cabeludo é caracterizado por placas atróficas, eritematosas e escamosas. O prurido nessa região é marcante, maior do que se pode apreciar a partir dos achados clínicos. Essas manifestações da dermatomiosite podem ser diagnosticadas erroneamente, principalmente na fase inicial, como dermatite seborreica ou psoríase. Pode ocorrer alopecia leve a moderada, não cicatricial. Lesões nas dobras ungueais: telangiectasia periungueal (aparentes ou por microscopia digital), hipertrofia e distrofia cuticular e pequenos infartos hemorrágicos são alterações típicas das pregas ungueais. Vasculite: pode se manifestar como púrpura palpável, lesões semelhantes à urticária, livedo reticular, infarto periungueal, ulceração digital ou oral; menos comumente, como lesões vesico‐bolhosas, erosivas, necróticas e ulcerativas. As manifestações de vasculite cutânea ocorrem principalmente na dermatomiosite juvenil, e geralmente como vasculite leucocitoclástica. A presença de lesões cutâneas vesico‐bolhosas e erosivas ou vasculite cutânea deve levar a uma investigação diagnóstica para possível malignidade subjacente. Erupções vesicobolhosas: vesículas ou bolhas podem se desenvolver, raramente, nas superfícies dorsais das mãos ou antebraços, e em outras áreas. Essas erupções podem ser causadas por fotossensibilidade, com achados histopatológicos de degeneração por liquefação da camada basal da epiderme, edema subepidérmico, deposição de mucina na derme superior ou complicações de doenças bolhosas autoimunes. Lesões na mucosa oral: o envolvimento da mucosa oral inclui telangiectasias, edema, erosões, úlceras e áreas semelhantes à leucoplasia. A telangiectasia gengival provavelmente representa um achado diagnóstico análogo à telangiectasia da prega ungueal. A hipossalivação é comum e pode explicar um aumento da prevalência de cárie dentária nesses pacientes. A biópsia de pele pode ajudar a diferenciar a dermatomiosite de outras doenças papulo‐escamativasou eczematosas, mas não pode ser usada para distinguir dermatomiosite do LE. Classicamente, a biópsia de pele na dermatomiosite demonstra hiperceratose, atrofia epidérmica, dermatite da interface vacuolar, espessamento da membrana basal, edema dérmico, incontinência pigmentar, depósitos de mucina e um infiltrado perivascular composto de linfócitos CD4+. Esses achados são encontrados nas lesões patognomônicas e características da dermatomiosite; entretanto, não são vistas nas “mãos de mecânico”, paniculite, vasculite cutânea, urticária, eritema flagelado e hiperceratose folicular. Dermatomiosite. À esquerda: eritema característico na região cervical posterior e dorso superior (“sinal do xale”). À direita: eritema no dorso das mãos (sinal de Gottron) FISIOPATOLOGIA A dermatomiosite consiste em uma doença idiopática inflamatória crônica, mais especificamente uma miopatia inflamatória, afetando a pele, musculatura estriada, bem como outros órgãos. Sua patogênese possui caráter multifatorial, incluindo tanto mecanismos humorais e celulares e está relacionado à microvasculopatia mediada por complemento, de modo que depósitos de complexos C5b-9 acabam atacando a junção dermoepidérmica e em vasos presentes na camada da derme. O mecanismo humoral da dermatomiosite consiste na base da microangiopatia muscular. O complexo C5b-9, presente nas arteríolas musculares, são os causadores da formação de microtrombos, que ocorre a partir da ativação de citocinas pró-inflamatórias que convertem o potencial anti-trombótico em pró-trombótico. Dessa forma, as alterações vasculares parecem ser as primeiras manifestações dessa enfermidade, visto que o endotélio capilar encontra-se no centro primário dessa resposta imune, sendo seguidas de outras alterações, como nas fibras musculares. Quanto aos mecanismos celulares, são principalmente ativados pela apoptose, pela lesão vascular primária, indicada a partir da liberação de IL1, bem como pela presença de IL1 alfa, TNF alfa e o aumento de expressão das MHC I no infiltrado inflamatório muscular. A radiação UV induz apoptose e translocação de autoantígenos, culminando na formação de bolhas nas membranas plasmáticas e exposição dos corpos apoptóticos ao sistema imune, gerando respostas mediadas pelas células T e anticorpos, a partir do fator quimiotáxico TNF alfa. TRATAMENTO/PROGNÓSTICO Corticosteróides são a base para o tratamento dessa patologia, para reduzir a inflamação (Prednisona), bem como imunossupressores. Além disso, Hidroxicloroquina é usada para aliviar sintomas dermatológicos, como a sensibilidade à luz. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS Os diagnósticos diferenciais incluem doenças como: ● erupção polimorfa à luz; ● lúpus eritematoso sistêmico (LES); ● líquen plano; ● linfoma cutâneo; ● dermatite de contato, dermatite seborréica, dermatite atópica; ● psoríase; ● rosácea; ● triquinose; ● infecção por HIV; ● doença de Lyme. ● Artrite Reumatoide ● Esclerodermia LES: ● Trata-se de uma doença autoimune, que apesar de ser caracterizada pelas suas diversas manifestações clínicas, a presença de lesões eritematosas, bem como, fadiga e dores musculares e articulares, assim como aquelas vistas nesse caso, são frequentes. No entanto, o rash do LES é mais avermelhado em contraste com o violáceo da DM e atinge mais as áreas malares do que as periorbitais. As lesões no dorso dos dedos são interarticulares, ao contrário das pápulas de Gottron, que ocorrem justo acima das articulações, além de a miosite no LES não ser tão grave. Linfoma cutâneo: ● Trata-se de um tipo de linfoma não-Hodgkin, neoplasia que se origina dos linfócitos. Os linfomas cutâneos afetam primariamente a pele, e podem ser classificados em linfomas de células T e de células B. Dentre os linfomas de células T, o mais comum é a micose fungoide e dentre os linfomas de células B, o linfoma centrofolicular e o linfoma da zona marginal. ○ Micose fungoide: se apresenta como placas avermelhadas, descamativas, que coçam, podendo se confundir com alergias ou irritações da pele. Podem afetar qualquer parte do corpo, mas frequentemente acometem os glúteos e as mamas (áreas duplamente cobertas pelas roupas). Eventualmente, formam-se tumores e eritrodermia (vermelhidão e descamação generalizadas em mais de 90% da superfície da pele). ○ Linfoma centrofolicular e da zona marginal apresentam-se como nódulos avermelhados e endurecidos, e afetam principalmente a cabeça e as porções superiores do tórax e dorso.
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