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TEMA 09 AÇÕES DE IMPUGNAÇÃO HABEAS CORPUS Aula III Requisitos e Espécies de Habeas corpus

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MÓDULO 8: JÚRI, NULIDADES, 
RECURSOS E AÇÕES DE IMPUGNAÇÃO 
 
TEMA 9 – AÇÕES DE IMPUGNAÇÃO – 
HABEAS CORPUS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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RESUMO 
 
Requisitos e espécies de habeas corpus: 
 
Requisitos: 
Lesão ou perigo de lesão à liberdade de locomoção (causa de pedir). 
 
Antigamente, entendia-se como lesão à liberdade de locomoção apenas a prisão ilegal. Hoje em 
dia, há uma clara amplitude de cabimento do habeas corpus, sendo abrangido “qualquer ato 
constritivo direta ou indiretamente à liberdade” (Nucci), como, por exemplo, recebimento de 
denúncia em ação penal sem justa causa patente, desde que haja clara repercussão na liberdade 
do indivíduo (a ação penal gera constrangimento natural, podendo haver decretação de prisão 
cautelar a qualquer momento, bem como prisão ao final do processo). 
 
Exigência de direito líquido e certo evidenciado por prova pré-constituída. Não há, em regra, 
dilação probatória (doutrina e jurisprudência). 
 
Hipóteses de coação ilegal: art. 648 do CPP (rol exemplificativo). 
 
Petição inicial: CPP, art. 654, § 1º: 
 
§ 1º A petição de habeas corpus conterá: 
a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência ou coação e o de 
quem exercer a violência, coação ou ameaça; 
b) a declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de simples ameaça de coação, 
as razões em que funda o seu temor; 
c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando não souber ou não puder 
escrever, e a designação das respectivas residências. 
 
Não se exige formalismo. Pode ser impetrado por telegrama ou fax, se houver urgência. 
É vedado o exame do mérito da ação penal. Isso porque se trata de medida urgente, o que 
impede o exame acurado das provas dos autos. 
 
Há a possibilidade de trancamento da ação penal quando não houver justa causa (excepcional), 
mas o que se examina aqui é a ilegalidade patente da ação penal (atipicidade da conduta, 
extinção da punibilidade, ausência de indícios de autoria etc.). É vedado o exame aprofundado 
Aula III – Requisitos e Espécies de Habeas 
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das provas. 
 
A ordem de habeas corpus pode ser concedida de ofício pelo magistrado, desde que, é claro, 
possua competência para tal medida e não se trate de decisão própria. No caso de própria 
decisão (ator coator próprio), deve o magistrado simplesmente revogar a medida ilegal nos autos 
do processo correspondente. 
 
Em sede de habeas corpus, não há custas processuais, consubstanciando uma ação judicial 
gratuita (CF, art. 5º, inciso LXXVII). 
 
Espécies: 
 
HC preventivo: 
Verifica-se, nesse caso, a iminência de se consumar a lesão ao direito de locomoção, sendo 
concedido ao paciente o mandado de salvo-conduto. 
 
Há previsão do habeas corpus preventivo no art. art. 660, § 4º, do Código de Processo Penal: 
 
“Se a ordem de habeas corpus for concedida para evitar ameaça de violência ou coação 
ilegal, dar-se-á ao paciente salvo-conduto assinado pelo juiz”. 
 
Saliente-se, contudo, que a ausência de previsão legal não obstaria a aplicabilidade do habeas 
corpus preventivo, tendo em vista a previsão de cunho geral constante na Constituição Federal. 
 
“Por meio dele se visa a impedir que o constrangimento venha e efetivar-se e, por isso, 
expede-se um salvo-conduto, não podendo o paciente, pelo fato que lhe deu origem, vir a 
ser preso ou sofrer ameaça de sê-lo” (Tourinho Filho). 
 
Exemplos: Ida a CPIs para evitar a autoincriminação; ameaça de proibição de entrada no 
Congresso Nacional, em sessão plenária que se iniciará em breve; possibilidade de o advogado 
do investigado ser impedido de participar de perícia ou reconstituição do crime na fase de 
inquérito policial. 
 
HC liberatório ou repressivo: 
Quando tem a finalidade de fazer cessar a ilegalidade já praticada. 
 
Nesse caso, concede-se o alvará de soltura, quando o paciente estiver preso, ou o 
contramandado de prisão, se houver mandado de prisão pendente de cumprimento. 
 
Se não houver prisão envolvida no caso, como, por exemplo, na hipótese de excepcional 
trancamento da ação penal, haverá tão somente a expedição de um ofício destinado à autoridade 07
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coatora com o fim de fazer cessar a violação ao direito de locomoção do paciente. 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
“A mera existência de um procedimento criminal contra alguém, uma vez detectada a falta de 
justa causa, já dá ensejo à impetração de habeas corpus, independentemente até mesmo de 
uma aferição da real ameaça à liberdade de locomoção do acusado. Isto porque, se fôssemos 
exigir em toda impetração de habeas corpus essa real ameaça à liberdade de locomoção, 
estaríamos retrocedendo, e muito, no avanço jurisprudencial e doutrinário até aqui alcançado, 
para só se admitir o remédio heróico em caso de prisão já efetivada ou na iminência concreta de 
sê-lo (p. ex., com a expedição de mandado de prisão ou ameaça ilegal de prisão por qualquer 
autoridade), o que de fato, como visto, não ocorre. 
(...) 
Assim, quando falta justa causa para o inquérito policial ou processo penal o que se requer com 
a impetração do habeas corpus é o trancamento do procedimento, já que não há razão para seu 
prosseguimento. A decisão que resolve pelo trancamento do inquérito policial, ou da ação penal, 
é sentença meramente processual, com objetivo de impedir a tramitação de procedimento 
manifestamente ilegal. Logo, não se trata de julgamento antecipado, tampouco se reporta ao 
mérito material do caso concreto por sua improcedência. (...).” 
 
Para a íntegra do texto, segue o respectivo link: 
 
O habeas corpus processual: instrumento para combater a coação ilegal 
 
JURISPRUDÊNCIA 
 
“RECURSO ORDINÁRIO. HABEAS CORPUS PREVENTIVO. CONCUSSÃO E CORRUPÇÃO 
PASSIVA. DELEGADA DE POLÍCIA. PRISÃO PREVENTIVA REQUERIDA PELA ACUSAÇÃO. 
PEDIDO DE EXPEDIÇÃO DE SALVO-CONDUTO VISANDO IMPEDIR A DECRETAÇÃO DA 
MEDIDA EXTREMA. INSTRUÇÃO CRIMINAL JÁ ENCERRADA. MERA EXPECTATIVA JÁ 
SUPERADA. AUSÊNCIA DE AMEAÇA CONCRETA AO DIREITO DE LOCOMOÇÃO. 
INCABIMENTO DO REMÉDIO CONSTITUCIONAL PARA O FIM PRETENDIDO. ILEGALIDADE 
AUSENTE. RECLAMO IMPROVIDO. 1. Somente é cabível o habeas corpus preventivo quando 
há fundado receio de ocorrência de ofensa à liberdade de locomoção iminente. 2. A mera 
suposição ou expectativa de que a prisão poderá ser determinada não constitui ameaça concreta 
à liberdade de locomoção, capaz de justificar o manejo do habeas corpus para o fim pretendido. 
3. Encerrada a fase instrutória e verificada a ausência de pronunciamento a respeito da 
segregação cautelar requerida pela acusação quando da denúncia, o fundado receio de que a 
recorrente viesse a ter a sua liberdade tolhida restou superado, não havendo o que se falar, 
portanto,em risco concreto ou em ameaça de prisão. 4. Inviável utilizar o remédio constitucional 
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http://ambito-juridico.com.br/site/?artigo_id=9776&n_link=revista_artigos_leitura
para obstar eventuais ilegalidades ou constrangimentos ainda não acontecidos e sem 
comprovação (fundado receio) de que realmente ocorrerão, concedendo-se à agente, em caráter 
definitivo e permanente, salvo-conduto relativamente à ação penal a que responde. 5. Situações 
posteriores podem vir a ocorrer que justifiquem a segregação cautelar, nos termos do art. 312 
do CPP, ou mesmo a imposição de medidas diversas, previstas no art. 319 do CPP. 6. Recurso 
ordinário em habeas corpus improvido. (STJ, RHC 47.424/PA, Rel. Ministro JORGE MUSSI, 
QUINTA TURMA, julgado em 18/06/2014, DJe 01/08/2014). 
 
“PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO. NÃO 
CABIMENTO. HOMICÍDIO QUALIFICADO. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. AUSÊNCIA DE 
JUSTA CAUSA. NÃO CONFIGURAÇÃO. INDÍCIOS MÍNIMOS DE AUTORIA. PRESENÇA. 
EXCLUDENTE DE ILICITUDE. LEGITIMA DEFESA. NECESSIDADE DE AMPLO REEXAME DA 
MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. INVIABILIDADE. EXCESSO DE PRAZO PARA 
CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL. ALEGAÇÃO SUPERADA COM O RECEBIMENTO 
DA DENUNCIA. WRIT NÃO CONHECIDO. I - A Terceira Seção desta Corte, seguindo 
entendimento firmado pela Primeira Turma do col. Pretório Excelso, sedimentou orientação no 
sentido de não admitir habeas corpus em substituição ao recurso adequado, situação que implica 
o não conhecimento da impetração, ressalvados casos excepcionais em que, configurada 
flagrante ilegalidade apta a gerar constrangimento ilegal, seja possível a concessão da ordem 
de ofício. II - O trancamento da ação penal, por ausência de justa causa, somente é possível 
quando se constata, prima facie, a atipicidade da conduta, a incidência de causa de extinção da 
punibilidade, a ausência de indícios de autoria ou de prova da materialidade do delito, hipóteses 
que não ocorrem na espécie. III - No presente caso, a exordial acusatória se baseou em prova 
da materialidade e indícios de autoria, ainda que mínimos, colhidos em elementos da fase 
extrajudicial, notadamente dois laudos periciais e oitiva de uma testemunha. IV - Segundo 
pacífica jurisprudência desta Corte Superior, a propositura da ação penal exige tão somente a 
presença de indícios mínimos de autoria, prevalecendo, nesta fase, o princípio do in dubio pro 
societate. V - O acolhimento da tese defensiva acerca da excludente de ilicitude da legítima 
defesa demandaria, necessariamente, amplo reexame da matéria fático-probatória, 
procedimento a toda evidência incompatível com a via estreita do habeas corpus. VI - Recebida 
a denúncia, fica prejudicada a alegação de irregularidades no inquérito policial, inclusive excesso 
de prazo para a sua conclusão. Habeas corpus não conhecido.” (STJ, HC 404.593/PR, Rel. 
Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 24/10/2017, DJe 30/10/2017). 
 
“RECURSO EM HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL. LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE. 
TRÁFICO DE ENTORPECENTES. ART. 33 DA LEI N. 11.343/2006. VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO. 
ILEGALIDADE DA PROVA QUE FUNDAMENTA A DENÚNCIA. PLEITO DE TRANCAMENTO. 
VIABILIDADE. NÃO CARACTERIZADA FLAGRÂNCIA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL 
CONFIGURADO. REVOGAÇÃO DA CUSTÓDIA CAUTELAR. PRECEDENTES DESTE 
SUPERIOR TRIBUNAL. 1. O trancamento da ação penal na via estreita do habeas corpus 
somente é possível, em caráter excepcional, quando se comprovar, de plano, a inépcia da 
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denúncia, a atipicidade da conduta, a incidência de causa de extinção da punibilidade ou a 
ausência de indícios de autoria ou de prova da materialidade do delito. 2. Em relação ao direito 
de qualquer pessoa à preservação de seu domicílio, a Constituição da República estabelece que 
a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do 
morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o 
dia, por determinação judicial (art. 5º, XI). 3. Sobre o asilo inviolável do indivíduo, o Supremo 
Tribunal Federal, em sede de recurso extraordinário, submetido à sistemática da repercussão 
geral, fixou a tese de que entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo 
em período noturno, quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a 
posteriori, que indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de 
responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade dos atos 
praticados (RE n. 603.616/TO, Ministro Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, DJe 10/5/2016). 4. 
Inexiste justa causa para ação penal em razão da evidente violação de domicílio para produção 
de provas consequentemente ilícitas, a provocar o trancamento da ação penal proposta em 
desfavor do recorrente. 5. Ausente fundamentação concreta para a determinação de prisão 
cautelar. 6. Recurso em habeas corpus provido para, ao trancar Ação Penal n. 0000548-
40.2017.8.26.0548/SP, conceder a liberdade ao recorrente, consoante os fundamentos do voto.” 
(STJ, RHC 88.983/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 
19/10/2017, DJe 27/10/2017). 
 
FONTE BIBLIOGRÁFICA 
 
NUCCI, Guilherme de Souza. Código de processo penal comentado. 16ª ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2017. Notas aos arts. 647 a 667. 
 
______. Habeas corpus. 2ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017. 
 
TORON, Alberto Zacharias. Habeas corpus: controle do devido processo legal - questões 
controvertidas e de processamento do writ. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017. 
 
PACELLI, Eugênio. Curso de processo penal. 17ª ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 967-988. 
 
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo penal. 35ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013. 
v. 4. p. 635-692. 
 
BUSANA, Dante. O habeas corpus no Brasil. São Paulo, Atlas, 2009. 
 
MIRANDA, Pontes de. História e prática do habeas-corpus: direito 
constitucional processual comparado. 3ª ed. São Paulo: Bookseller, 
2007. 2 v. 
 
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