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Questão
Caio foi preso em flagrante na posse de 15 porções individualizadas de cocaína e 5 porções de maconha, tendo sido incurso na prática do crime previsto no art. 33, caput, da Lei nº 11.343/06. O juiz competente houve por bem converter a prisão em flagrante em prisão preventiva, fundamentando tal decisão exclusivamente na gravidade abstrata do crime imputado ao agente, embora este seja primário e ostente bons antecedentes, além de ter ocupação lícita e residência fixa. Você, na condição de defensor, resolve impetrar habeas corpus em favor de Caio.
Especifique:
a) a autoridade competente para o julgamento do habeas corpus; 
A autoridade competente para o julgamento do habeas corpus será o Tribunal de Justiça ou o Tribunal Regional Federal, uma vez que a autoridade coatora foi o magistrado de primeiro grau. 
b) os requisitos da petição inicial; 
Em relação à aptidão da petição inicial (pressuposto processual de validade), deverá o impetrante observar os requisitos específicos previstos no art. 654, § 1º, do Código de Processo Penal, como a especificação do nome do paciente e da autoridade coatora; a descrição fática da coação ilegal e as razões jurídicas correspondentes; e a assinatura do impetrante. 
c) a fundamentação normativa; 
Deverá o defensor, portanto, ressaltar que a gravidade abstrata do delito não é suficiente para, por si só, justificar a segregação cautelar, conforme amplamente delineado pela jurisprudência pátria.1 E, no presente caso, as condições pessoais do agente são favoráveis, ao passo que a quantidade de droga é pequena, de maneira a justificar a concessão da liberdade provisória.
O pedido liminar encontra cabimento na espécie, por se tratar de uma ação de conhecimento.
1 Por todos: “PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. SÚMULA 691/STF. FLAGRANTE ILEGALIDADE. SUPERAÇÃO. TRÁFICO DE DROGAS. PRISÃO PREVENTIVA. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL CARACTERIZADO. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA, DE OFÍCIO. 1. Nos termos do Enunciado n. 691 da Súmula do Supremo Tribunal Federal, não é cabível habeas corpus contra indeferimento de pedido de liminar em outro writ, salvo em casos de flagrante ilegalidade ou teratologia da decisão singular, sob pena de indevida supressão de instância. No caso, observa-se flagrante ilegalidade a permitir a superação do referido óbice sumular. 2. A prisão preventiva do paciente foi decretada com base em fundamentos genéricos relacionados à gravidade abstrata e no caráter hediondo do crime de tráfico de drogas. Não foram apontados dados concretos a justificar a segregação provisória, nos termos do que dispõe o art. 312 do Código de Processo Penal. Nem mesmo a quantidade do entorpecente apreendido - 10,637 gramas de cocaína - pode ser considerada relevante a ponto de autorizar, por si só, a custódia cautelar do paciente, sobretudo quando considerada sua primariedade e seus bons antecedentes.3. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida, de ofício, para revogar a prisão preventiva do paciente, mediante a aplicação das medidas cautelares previstas no art. 319 do Código de Processo Penal, a critério do Juízo de primeiro grau.” (HC 411.792/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 19/10/2017, DJe 25/10/2017). 
d) a possibilidade de pedido liminar; 
Deverá tal pedido observar os requisitos da tutela cautelar, com a demonstração do periculum in mora e do fumus boni iuris, ambos lastreados em prova pré-constituída. A fundamentação legal, por sua vez, embora desnecessária porque decorrente da própria natureza jurídica do instituto do habeas corpus, poderá ser realizada com fulcro nos arts. 649 e 660, § 2º, ambos do Código de Processo Penal. 
e) o conteúdo do pedido final. 
Já o pedido final, por fim, consistirá no requerimento de concessão da ordem de habeas corpus, fazendo cessar a coação ilegal em questão, com a revogação da prisão preventiva e a expedição de alvará de soltura. Poderá o impetrante pugnar, subsidiariamente, se assim entender a autoridade competente, pela fixação de medidas cautelares diversas da prisão, caso a liberdade provisória sem fiança não se mostre possível.
________________________________________________________________________
Questão
Quanto ao habeas corpus, é correto afirmar: 
Resposta
O direito de locomoção tutelado pelo habeas corpus não se resume à liberdade de ir e vir.
Fundamentação: Conforme estudamos, o direito de locomoção confunde-se, na maioria das vezes, com o direito de ir e vir. Entretanto, também são tuteladas outras liberdades individuais, como a de ficar (estar) e de reunir-se pacificamente. 
Quanto às demais alternativas, é preciso salientar que o habeas corpus possui natureza jurídica de ação constitucional; 
A primeira previsão constitucional brasileira ocorreu em 1.891; e 
Não houve previsão expressa da figura do habeas corpus na Magna Carta de 1.251, encontrando-se implícita na noção de devido processo legal."
Periculum In Mora
Traduz-se, literalmente, como “perigo na demora”. Para o direito brasileiro, é o receio que a demora da decisão judicial cause um dano grave ou de difícil reparação ao bem tutelado.
Isso frustraria por completo a apreciação ou execução da ação principal.
Portanto, juntamente com o fumus boni iuris, o periculum in mora é requisito indispensável para a proposição de medidas com caráter urgente (medidas cautelares, antecipação de tutela).
A configuração do periculum in mora exige a demonstração de existência ou da possibilidade de ocorrer um dano jurídico ao direito da parte de obter uma tutela jurisdicional eficaz na ação principal.
Fumus Boni Iuris
Traduz-se, literalmente, como “fumaça do bom direito”. É um sinal ou indício de que o direito pleiteado de fato existe.
Não há, portanto, a necessidade de provar a existência do direito, bastando a mera suposição de verossimilhança.
Esse conceito ganha sentido especial nas medidas de caráter urgente, juntamente com o periculum in mora.
Fonte: STF (Glossário Jurídico).
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Questão
Em determinado caso, o magistrado competente indeferiu a petição inicial de um habeas corpus. Como fundamento, mencionou que a pessoa jurídica não possui legitimidade ativa para impetrar habeas corpus e que a autoridade coatora apontada na exordial também carece de legitimidade passiva ad causam, já que tal pessoa não pode ser um particular. Ademais, afirmou o magistrado que o impetrante não possui interesse de agir, tendo em vista a inadequação da via do habeas corpus em questão, já que seria possível o ajuizamento de uma ação judicial comum para discutir a suposta coação ilegal à liberdade de locomoção do paciente.
Pergunta-se: andou bem o magistrado? Qual seria o instrumento processual cabível para questionar tal decisão? 
Resposta
O magistrado não decidiu de maneira acertada, por diversos motivos.
Em primeiro lugar, conforme estudamos, a pessoa jurídica pode, sim, impetrar habeas corpus, possuindo legitimidade ativa para a causa, como ocorre nos casos da OAB, sindicatos e associações em geral.
Também estudamos, de mais a mais, que a pessoa física pode ser autoridade coatora, haja vista a eficácia horizontal dos direitos fundamentais, desde que seja a responsável pelo ato coator prejudicial à liberdade de locomoção de terceiro.
A fundamentação inerente à ausência de interesse de agir encontra-se totalmente equivocada, porquanto o mero fato de existir outra via processual à disposição do impetrante, como uma ação de conhecimento comum, não retira seu interesse para a impetração de um habeas corpus, sobretudo nos casos onde, além de uma ilegalidade flagrante, há urgência para a apreciação da coação ilegal por parte da autoridade judicial competente.
Se assim não fosse, haveria uma patente hipótese de cerceamento do direito de ação do interessado, o qual não teria sua pretensão examinada em tempo hábil pelo Poder Judiciário, em clara violação aos princípios processuais penais, sobretudo o devido processo legal.Por fim, o recurso cabível para a impugnação da referida decisão é o recurso em sentido estrito, nos termos do art. 581, inciso X, do Código de Processo Penal. De todo modo, um novo habeas corpus poderá ser impetrado perante o Tribunal competente, tendo a mesma causa de pedir e idêntico pedido, desde que demonstrada a urgência na apreciação da medida e a insuficiência do RESE, salientando que a autoridade coatora, agora, seria o magistrado prolator de tal decisão. 
Questão
Não compete ao Supremo Tribunal Federal julgar ações de habeas corpus impetradas contra: 
Resposta
Governador do Distrito Federal
Fundamentação: Segundo o art. 105, inciso I, alínea c, da Constituição Federal, compete ao Superior Tribunal de Justiça julgar habeas corpus que possui como autoridades coatoras, dentre outras, os Governadores do Estado e do Distrito Federal. Nos demais casos, a competência é, de fato, do Supremo Tribunal Federal.
_________________________________________________________________________
Questão
Beltrano foi denunciado pela suposta prática do crime de estelionato, porque teria prometido a seu cliente a vitória em um processo judicial trabalhista, o que acabou não se concretizando. O juiz competente houve por bem receber a denúncia, sob o entendimento genérico de que não seria caso de absolvição sumária, existindo prova da materialidade delitiva e indícios de autoria.
Indaga-se: seria cabível a impetração de um habeas corpus no caso em exame?
Resposta
Na condição de advogado, seria possível a impetração de um habeas corpus perante o Tribunal de Justiça competente com o fim de se buscar o imediato trancamento da ação penal.
Embora se trate de uma medida excepcional, o trancamento da ação penal em sede de habeas corpus é cabível quando estiver evidenciada, de maneira flagrante e com lastro em prova préconstituída, a atipicidade da conduta, a extinção da punibilidade ou a patente ausência de indícios de autoria. Nesse sentido, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é pacífica: HC 95.058/ES, Rel. Min. Ricardo Lewandowski; HC 89.398/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia; HC 84.738/PR, Rel. Min. Marco Aurélio; e HC 92.183/PE, Rel. Min. Carlos Britto.
Portanto, deverá o advogado impetrante sustentar a cristalina atipicidade da conduta descrita na denúncia, inexistindo sequer menção à fraude e ao induzimento da vítima a erro, razão pela qual, segundo a argumentação defensiva, tal conduta de Beltrano não constituiria crime de estelionato por não se amoldar ao tipo penal correspondente, tornando de rigor o trancamento imediato da ação penal por ausência de justa causa.
Nesse caso, a ordem de habeas corpus não resultará na expedição de alvará de soltura ou contramandado de prisão, mas tão somente na expedição de um ofício destinado à autoridade coatora, determinando o imediato trancamento da ação penal em tela. 
 Questão
As hipóteses de coação ilegal previstas em lei são meramente exemplificativas.
Fundamentação: Conforme vimos, o rol previsto no art. 648 do Código de Processo Penal é exemplificativo, e não taxativo. É impossível o legislador prever todas as hipóteses de coação ilegal, porquanto são mutáveis e ajustáveis ao caso concreto, de modo que, a fim de se evitar lesões em geral aos direitos do paciente, se entende que outras medidas ilícitas podem ser consideradas como coação ilegal. O que importa, aqui, é a violação ao direito de locomoção no caso concreto, e não a forma prescrita em lei para esta violação.
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Questão
Maria, então primária, foi sentenciada à pena de 5 anos e 4 meses de reclusão, em regime inicial fechado, além de 13 dias-multa, pela prática do crime de roubo majorado, tendo a sentença condenatória já transitado em julgado. Entretanto, em sede de execução definitiva da pena, Maria já cumpriu pena em regime inicial fechado por período superior a 3 anos, não tendo sido, até o presente momento, concedida a progressão de regime prisional ou qualquer outro benefício, como o livramento condicional.
Você, na qualidade de defensor de Maria, peticionou nos autos da execução penal, a fim de obter o benefício da progressão prisional em favor da sentenciada, tendo o magistrado competente indeferido tal pleito.
Poderá ser impetrado habeas corpus contra a decisão proferida pelo magistrado ou somente será cabível o recurso de agravo em execução, próprio à discussão de tal matéria? 
Resposta
No âmbito de matéria inerente à execução penal, em regra, o instrumento mais adequado é o recurso de agravo em execução, haja vista o confronto entre a exigência de prova pré-constituída em habeas corpus e as especificidades de cada execução penal (datas, contagem de prazos, benefícios concedidos, situação do preso etc.).
Entretanto, em casos onde há uma flagrante ilegalidade na execução e desde que a exordial seja suficientemente instruída com documentos hábeis a ilustrar a questão e formar o livre convencimento motivado do magistrado, o habeas corpus poderá ser manejado em favor do reeducando, com o fim de fazer cessar a lesão ao seu direito de locomoção.
No caso ora proposto, verifica-se fazer jus a sentenciada à progressão ao regime prisional semiaberto e até mesmo aberto, haja vista o lapso temporal de cumprimento da pena, desde que preenchidos os requisitos legais de cunho objetivo e subjetivo.
Portanto, caso a exordial do habeas corpus seja instruída, por exemplo, com o prontuário da reeducanda, com todas as informações inerentes ao cumprimento da pena no estabelecimento prisional; o cálculo de pena realizado pela serventia do juízo a quo; e os documentos inerentes à condenação transitada em julgado e à execução penal em geral, poderá tal progressão, em tese, ser obtida por meio da referida ação constitucional, com a concessão da ordem de habeas corpus.
Nessa hipótese, será determinada a progressão ao regime prisional mais benéfico, direito subjetivo da reeducanda, com a consequente expedição de alvará de soltura.
Questão
É incorreto afirmar: 
· Não há falar em cabimento de habeas corpus para a discussão de pena de multa. (correto)
· É cabível a impetração de habeas corpus para discutir tema relativo à execução penal. (correto)
· O trancamento de ação penal em sede de habeas corpus não viola o princípio constitucional da soberania do júri. (correto)
· Em ação de alimentos, cabe tão somente a impetração de mandado de segurança. (incorreto)
Fundamentação: De acordo com o que estudamos na aula, o habeas corpus não é um instrumento exclusivamente penal. A prisão civil de devedor de alimentos relaciona-se diretamente com o direito de locomoção, podendo, portanto, ser discutida em sede de habeas corpus, cuja competência para julgamento será da autoridade judiciária civil."

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