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Tripanossomíase Pode ser chamada também de doença de Chagas, pertencente ao gênero Trypanosoma e da espécie Trypanosoma cruzi. Em hospedeiros vertebrados (homem e mamíferos) é a fase de multiplicação intracelular, onde as formas amastigotas e transformam em tripomastigotas dentro dos macrófagos. Hospedeiro invertebrado são os Triatomíneos, vetor onde acontece a fase de multiplicação extracelular. MORFOLOGIA HOSPEDEIRO VERTEBRADO (Macrófagos e Fibroblastos) • Amastigotas - Formas intracelulares; • Tripomastigotas - Formas extracelulares (sangue circulante). Estes são formas infectantes. HOSPEDEIRO INVERTEBRADO • Esferomastigotas - presentes no estômago e intestino; • Epimastigotas - presentes em todo o intestino; • Tripomastigotas - presentes no reto; • Tripomastigota metacíclico - infectante para hospedeiro vertebrado. CICLO BIOLÓGICO HOSPEDEIRO VERTEBRADO Amastiotas, epimastigotas e tripomastigotas interagem com células do hospedeiro vertebrado e apenas as epimastigotas não são capazes de nelas se desenvolver e multiplicar. Considerando o mecanismo natural de infecção pelo T. cruzi, os tripomastigotas metacíclicos eliminados nas fezes e urina do vetor, durante ou logo após o repasto sanguíneo, penetram pelo local da picada e interagem com células do SMF da pele ou mucosas. Neste local, ocorre a transformação dos tripomastigotas em amastigotas, que aí se multiplicam por divisão binária simples. A seguir, ocorre a diferenciação dos amastigotas em tripomastigotas, que são liberados da célula hospedeira caindo no interstício. Estes tripomastigotas caem na corrente circulatória, atingem outras células de qualquer tecido ou órgão para cumprir novo ciclo celular ou são destruídos por mecanismos imunológicos do hospedeiro. Podem ainda ser ingeridos por triatomíneos, onde cumprirão seu ciclo extracelular. AMASTIGOTA • São sempre intracelulares; • Encontrada nos tecidos dos mamíferos; • Multiplica-se por fissão binária. EPIMASTIGOTA • Forma intermediária encontrada no intestino médio dos triatomíneos; • Multiplicam-se abundantemente por fissão binária. No início da infecção do vertebrado (fase aguda), a parasitemia é mais elevada, podendo ocorrer morte do hospedeiro. Na espécie humana, a mortalidade nesta fase da infecção ocorre principalmente em crianças. Quando o hospedeiro desenvolve resposta imune eficaz, diminui a parasitemia e a infecção tende a se cronificar. Na fase crônica, o número de parasitas é pequeno na circulação, só sendo detectados por métodos especiais (xenodiagnóstico, hemocultura e inoculação em camundongos). A evolução e o desenvolvimento das diferentes formas clínicas da fase crônica da doença de Chagas ocorrem lentamente, após 10 a 15 anos de infecção ou mais. HOSPEDEIRO INVERTEBRADO • Os triatomíneos vetores se infectam ao ingerir as formas, tripomastigotas presentes na corrente circulatória do hospedeiro vertebrado durante o hematofagismo. • No estômago do inseto eles se transformam em formas arredondadas e epimastigotas. No intestino médio, os epimastigotas se multiplicam por divisão binária simples, sendo, portanto, responsáveis pela manutenção da infecção no vetor. • No reto, porção terminal do tubo digestivo, os epimastigotas se diferenciam em tripomastigotas (infectantes para os vertebrados), sendo eliminados nas fezes ou na urina. Esta é a descrição clássica adotada para o ciclo do T. cruzi no invertebrado. TRANSMISSÃO TRANSMISSÃO PELO VETOR • Maior importância epidemiológica; • Ocorre pela penetração de tripomastígotas metacíclicos. TRANSFUSÃO SANGUÍNEA • Já foi considerado o 2º mecanismo de importância epidemiológica; • Regiões onde é alta a prevalência da infecção. TRANSMISSÃO CONGÊNITA • Abortos, partos pré-maturos ou bebês com baixo peso ao nascimento; • Ocorre quando existem ninhos de amastigotas na placenta, que liberariam tripomastigotas que chegariam à circulação fetal; ACIDENTES DE LABORATÓRIO • Contato do parasito com a pele lesada, mucosa oral ou ocular ou auto inoculação. TRANSMISSÃO ORAL • Pode acontecer em várias situações, como na amamentação, animais ingerindo triatomíneos infectados ou pessoas ingerindo alimentos contaminados com fezes ou urina de triatomíneos infectados; •A penetração do parasito, em todos estes casos, pode ocorrer pela mucosa da boca íntegra ou lesada. PATOGENIA FASE AGUDA Sistema imune reconhece e manda células para atacar e diminuir a proliferação, então a forma tripomastigota se fecha porque se sente ameaçada e para de se reproduzir. • Pode ser sintomática ou assintomática (mais frequente); • Estão relacionadas com o estado imunológico do hospedeiro; • Há predomínio da forma aguda sintomática na infância, levando a morte em cerca de 10% dos casos por meningoencefalite; • Manifestações locais: Sinal de Romaña (conjuntiva) ou Chagoma de inoculação (pele); Estas lesões aparecem em 50% dos casos agudos dentro de 4-10 dias após a picada do barbeiro, regredindo em um ou dois meses. Concomitantemente, os linfonodos são comprometidos (linfadenite) onde há formação do complexo cutâneo e/ou conjuntivo linfonodal; • Manifestações gerais: febre, edema localizado e generalizado, linfonodomegalia, hepatomegalia, esplenomeglia e, às vezes, insuficiência cardíaca e perturbações neurológicas; • Perturbações neurológicas são raras e consequência da meningoencefalite que ocorre apenas em crianças muito jovens e em pacientes imunossuprimidos. FASE CRÔNICA ASSINTOMÁTICA Logo após a fase aguda (de 10 a 30 anos), replicação baixa, positividade de sorologia para doença. • Fase indeterminada (latente); • Cerca de 50% dos pacientes chagásicos apresentam esta forma da doença; • Caracterizada pelos seguintes parâmetros: 1. Positividade de exames sorológicos e/ou parasitológicos; 2. Ausência de sintomas e/ou sinais da doença; 3. Eletrocardiograma convencional normal; 4. Coração, esôfago e cólon normais. FASE CRÔNICA SINTOMÁTICA Muito indivíduos chagásicos permanecem assintomáticos por vários anos mas, caso haja sintomas há modificações nos sistemas cardiovascular, digestivo e cardiodigestiva ou mista. Com o decorrer do tempo podem apresentar: • Forma Cardíaca (sistema cardiocirculatório); • Forma Digestiva (sistema digestivo); •Forma Cardiodigestiva ou Mista (sistema cardiocirculatório e digestivo); •Há mudanças na fisionomia anatômica do miocárdio e do tubo digestivo (esôfago e cólon, principalmente); •Observa-se reativação intensa do processo inflamatório, com dano destes órgãos. FORMA CARDÍACA O coração não consegue mais fazer seu trabalho, o parasita entra na musculatura cardíaca e destrói a massa muscular, onde se formará depois disso tecido fibroso afim de resolver o problema. • Atinge cerca de 20% a 40% dos pacientes; • Insuficiência cardíaca congestiva (ICC): • Diminuição da massa muscular que se encontra muito destruída devido a substituição por áreas de fibrose; • Destruição do SNA simpático e parassimpático; • Exsudato inflamatório. • Lesão ventricular; Além da insuficiência cardíaca, devido ao retardamento da circulação e da hipóxia, são frequentes os fenômenos tromboembólicos; • Trombos cardíacos são frequentes (76% dos casos que desenvolvem insuficiência cardíaca); • A partir destes trombos, desprendem-se êmbolos que podem originar infartos no coração, pulmões, rins, baço, encéfalo, etc., causando assim a morte súbita. Comprometimento do sistema autônomo regulador das contrações cardíacas perturbações na formação dos estímulos e na sua propagação; • Mecanismos de compensação cardíacos tornam-se incapazes de superar as deficiências de sua força de contração surge o quadro de ICC dispneia de esforço, edemados membros inferiores, dispneia continua, anasarca e morte; • Pacientes com este quadro apresentam cardiomegalia intensa. FORMA DIGESTIVA • Atinge cerca de 7% a 11% dos casos; • Megaesôfago e megacólon alterações morfológicas e funcionais; • Incoordenação motora aperistalse esofágica (discinesia); • Megaesôfago: • Pode surgir em qualquer idade; • A maioria dos casos é observada entre 20 e 40 anos; • Aparece mais no sexo masculino do que no feminino. • Sintomas: disfagia, odinofagia, dor retroesternal, regurgitação, pirose, soluço, tosse e sialose Megacólon: • Compreende as dilatações dos cólons (sigmoide e reto); • É mais frequente no adulto entre 30 e 60 anos e mais no homem do que na mulher; • É frequente a associação com o megaesôfago e este fato agrava em muito a desnutrição; • As complicações mais graves do megacólon são a obstrução intestinal e a perfuração, esta levando à peritonite. FASE CRÔNICA SINTOMÁTICA IMUNIDADE A infecção por T. cruzi mobiliza vários mecanismos humorais e celulares da resposta imune inata e adquirida; • Em consequência, o parasita passa a ser continuamente combatido, tendo sua multiplicação reduzida; • Entretanto, ele persiste indefinidamente no hospedeiro, assim como a resposta imune. Lesões teciduais resultantes desta atividade imunológica prolongada acumulam-se, podendo desencadear as diversas formas clínicas da doença. IMUNIDADE INATA • Lise celular mediada pelo sistema complemento (via alternativa), independente da ação de anticorpos; • As células natural killer (NK) limitam a multiplicação do parasita, através da liberação de citocina (IFN-y); • Ativação de macrófagos que destroem os parasitas por liberação de óxido nítrico (NO) e do ânions superóxidos (O2-). IMUNIDADE ADQUIRIDA • Exerce um papel fundamental no controle da infecção; • A ativação ocorre durante a fase aguda da doença de Chagas; • No primeiro estágio da doença é observada uma grande mobilização do sistema imune com o objetivo de conter o parasito e os danos da infecção; • O parasito promove a ativação inespecífica de macrófagos e células natural killer, acompanhado de ativação de linfócitos T e B, resultando em produção de imunoglobulinas (imunidade humoral). Surgimento de IgM e IgG são precoces (7 a 15 dias após infecção); • Atingem níveis elevados a partir da quinta semana de infecção coincidindo com o aumento da parasitemia detectável ao exame a fresco; • Alguns meses após a infecção (três ou mais) e depois da queda da parasitemia, os níveis de IgM diminuem progressivamente até desaparecerem; • São raros os casos de IgM positiva durante a fase crônica da infecção; por outro lado, anticorpos IgG aumentam por mais alguns meses e depois decrescem lentamente estabilizando-se em níveis variáveis de hospedeiro para hospedeiro podendo ser facilmente detectáveis pelo testes sorológicos ao longo da infecção; DIAGNÓSTICO CLÍNICO Fase aguda: origem do paciente, a presença dos sinais de porta de entrada (sinal de Romaña e/ou Chagoma de inoculação), acompanhadas de febre irregular ou ausente, adenopatia, hepatoesplenomegalia, taquicardia e edema; Fase crônica: alterações cardíacas acompanhados de sinais de insuficiência cardíaca confirmadas pelo eletrocardiograma e as alterações digestivas e do esôfago e do cólon (reveladas pelos raios X); Em ambos os casos há necessidade de confirmação do diagnóstico por métodos laboratoriais. Pode ser aplicado na fase aguda ou crônica da infecção. Apresentam diferentes resultados dependendo a fase que o paciente se encontra. FASE AGUDA: • Alta parasitemia e início de formação de anticorpos específicos (IgM e IgG) que podem atingir níveis elevados; • Recomenda-se pesquisa direta e, se necessário, pesquisa indireta do parasito. FASE CRÔNICA: • Baixíssima parasitemia e presença de anticorpos específicos (IgG); • A presença de anticorpos IgM é discutida, só sendo detectada esporadicamente em baixos títulos; • Métodos sorológicos: imunofluorescência indireta, ELISA ou hemaglutinação indireta; • Pesquisa do parasito por métodos indiretos: xenodiagnóstico ou inoculação em animais de laboratório. EXAMES PARASITOLÓGICOS • Gota espessa; • Esfregaço sanguíneo corado pelo Giemsa; •Xenodiagnóstico usado para detectar a presença do parasito causador da doença pela exposição de material infectado a um vetor e então examina-lo para a detecção do parasito. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL EXAMES SOROLÓGICOS • Atualmente os métodos sorológicos apresentam alta sensibilidade e podem detectar anticorpos da classe IgM ou IgG; Pode-se utilizar as seguintes técnicas: • Reação de imunofluorescência indireta (RIFI); • Enzime linked immunosorbent assay (ELISA); • Hemaglutinação. TRATAMENTO Nenhuma droga consegue suprimir a infecção pelo T. cruzi e promover a cura definitiva; • Diversidade genética do parasito; • Drogas são mais eficientes quando aplicadas em esquemas terapêuticos prolongados (eliminar formas sanguíneas até à exaustão das formas teciduais). PROFILAXIA • Melhoria das habitações rurais; • Combate ao barbeiro; • Controle do doador de sangue; • Controle de transmissão congênita; • Vacinação (fase de estudos);
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