Buscar

Conteudo Historia da comunicacao

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 116 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 116 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 116 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

História da 
Comunicação
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Wiliam Pianco dos Santos
Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos
Trânsitos e Comunicação
• Pela Terra e Pelo Mar;
• Pela Terra e Pelo Ar;
• O Telégrafo.
• Avaliar como o trânsito físico entre agentes da comunicação, facilitados pelos variados 
aprimoramentos tecnológicos, contribuiu para o enriquecimento das qualidades comuni-
cativas entre sociedades ao longo dos tempos.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Trânsitos e Comunicação
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de 
aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Trânsitos e Comunicação
Pela Terra e Pelo Mar
Muito cedo em sua história, o ser humano logo percebeu a grande importância 
da preservação grupal. Reunidos em conjuntos ainda precários, com sistemas de 
comunicação deficitários, homens e mulheres da Antiguidade desenvolveram for-
mas comunicacionais que, pouco a pouco, tornaram-se complexas e paulatinamen-
te mais dinâmicas. Esta síntese serve para rememorar toda a ampla trajetória da 
comunicação humana, que parte da fala até o advento da escrita.
Um fator determinante para o progresso dessa história também foi a capacidade 
humana de se estabelecer a partir da organização grupal sedentária, ou seja, a jun-
ção coletiva preservada em local determinado e, com isso, facilitadora da troca de 
informações e conhecimentos entre pares familiares.
O sedentarismo dessas coletividades originou comunidades como as aldeias – 
conjunto diferente, por exemplo, das comunidades de caçadores, conhecidos via-
jantes, transeuntes em busca de formas imediatas de sobrevivência. Diferentemente 
dos caçadores, os aldeões podiam ser sedentários, dando origem, dessa maneira, 
à divisão do trabalho e das funções. Conforme bem pontua Marshall McLuhan: “o 
simples fato de se congregarem já é uma forma de aceleração das atividades huma-
nas que cria as condições para a posterior separação e especialização das ações” 
(MCLUHAN, 2016: p. 117).
Esse processo pôde ser observado em diferentes localidades ao redor do mundo. 
Familiar em todos os casos foi a constante característica de aumento populacio-
nal do grupo previamente formado. Dessa maneira, passados séculos desde a sua 
constituição original, mais e mais aldeias se formaram, encontrando como conse-
quência a rivalidade grupal entre sociedades desconhecidas. Homens e mulheres 
se aglomeravam em aglutinações sempre maiores, a fim de resistir às atividades 
crescentes e aceleradas de outras comunidades.
É desse modo que as aldeias se convertem em cidades-estados: por meio da 
resistência e tendo em vista a segurança e a proteção como metas coletivas. Pas-
sando pela separação e especialização das ações internas ao grupo (preparar os 
alimentos, vigiar os mais novos e os mais velhos, organizar espaços determinados 
para dinâmicas coletivas e privadas, etc.), a tendência natural da comunidade (al-
deia), agora ampliada, é converter-se em cidade.
No âmbito desse processo, a História trata de promover o reencontro entre o 
caçador e o aldeão, ou seja, entre o viajante e o sedentário. A potencialidade dessa 
convivência promove a circulação do conhecimento e da informação de maneira 
até ali desconhecida. A partir disso, com o passar do tempo, a evolução para o 
serviço de correios é uma consequência natural, e a dinâmica das correspondências 
uma necessidade.
Primeiro aldeias, comunidades, cidades-estados, cidades e centros; depois na-
ções e continentes. Os rearranjos sociais tornam-se mais e mais imbricados. Com 
eles, complexificam-se os sistemas de comunicação. O mundo acelera, ganha 
8
9
velocidade, e as tecnologias são o motor dessa transformação. Escrita, prensa, 
imprensa, vapor e eletricidade – tudo isso fica conectado na linha imperturbável da 
História. E a Revolução Industrial é um dos marcos dessa trajetória. Suas consequ-
ências espalham-se pelo mundo.
Na Inglaterra, a forte influência da imprensa ocasionou as estradas pavimentadas 
já no século XVIII, com as consequentes modificações industriais e populacionais. 
Não é por acaso que, naquele país, as estradas postais de então fossem financiadas 
pelos jornais. Já o rápido aumento do tráfego trouxe a estrada de ferro – nova e 
mais acentuada especialização da roda (devemos notar aqui a substituição da força 
de tração animal pela força mecânica; portanto, destacando-se o acentuado uso da 
tecnologia para a obtenção do ganho da alta velocidade).
A Inglaterra liderou o desenvolvimento ferroviário, iniciado no princípio do sé-
culo XIX. Para os contemporâneos ao surgimento dos caminhos férreos ficou evi-
dente como tal advento tecnológico estabeleceu princípios tão inovadores que per-
mitiam comparações mesmo com a escrita e a imprensa, no sentido da amplitude 
e dinamismo da troca de informações e do acesso ao conhecimento humano (ver 
BURKE; BRIGGS, 2004). O desenvolvimento das ferrovias naquele contexto não 
revelou apenas uma velocidade impressionante, como também gerou uma enor-
me demanda por carvão e ferro, desenvolveu mercados, transformou a economia, 
criou empregos e promoveu novas comunidades, mas também prejudicou comuni-
dades antigas – o aumento da velocidade na troca de informação e conhecimento 
tornava-se insuportável para velhos modos de organização; aquelas “aldeias” já não 
poderiam suportar as pressões que vinham de fora, de um mundo agora industria-
lizado e acelerado.
Importante!
No Brasil, as primeiras iniciativas nacionais ligadas à construção das estradas de ferro tive-
ram início na década de 1820, portanto ainda sob o governo imperial. O propósito, já a essa 
altura, era a interligação entre as diferentes regiões do país. Motivo de resistência entre os 
empreendedores do período, o país demorou a assistir à inauguração dos primeiros trilhos 
em solo brasileiro. Coube a Barão de Mauá aceitar o desafio, que se concretizou em 30 de 
abril de 1854, com a presença de D. Pedro II, no estado do Rio de Janeiro.
Você Sabia?
A alta velocidade nos sistemas de comunicação via ferrovias espalhou-se pelas 
águas. A Inglaterra, berço da Revolução Industrial, uma vez mais é a precursora 
desse movimento. O ano que representou o apogeu da construção de novos navios 
naquele país foi 1864.
Esse períodoassistiu a transformações tecnológicas espantosas para a época, 
como é o caso, por exemplo, da passagem dos navios movidos à vela para aque-
les movidos a vapor. Mas outras conquistas também merecem destaque, como o 
primeiro navio construído a aço, em 1881 – o primeiro a possuir luz elétrica, um 
facilitador para as navegações noturnas, nova forma de economia de tempo. Ainda 
no âmbito dos feitos extraordinários, devemos nos lembrar da abertura do Canal 
9
UNIDADE Trânsitos e Comunicação
de Suez, em 1869, ligando o Mediterrâneo ao Mar Vermelho – um canal artificial 
aberto a braço humano para economizar o tempo das viagens e, assim, com a liga-
ção entre os mares, transformar a História por meio das indústrias, dos comércios 
e das comunicações.
Durante a década de 1880, houve grande percepção de uma expressiva explosão 
de invenções: a energia a vapor já dava espaço à energia elétrica; a imprensa e o prin-
cípio daquilo que futuramente seria entendido como “mídia” dominavam os centros 
das atenções sociais. O conceito de “tempo”, então, passava ali a ser transformado 
mais drasticamente do que havia sido em todos os séculos anteriores. As diferenças 
locais de temporalidade, pouco a pouco, deixavam de existir: lugares, formas de orga-
nização social e temas de debates começavam a conhecer a noção de padronização.
Talvez, mais impactante do que a padronização cultural e a aceleração tempo-
ral nas formas de trocas comerciais e comunicacionais seja a evidência daquilo que 
 Marshall McLuhan observou muitos anos depois, ou seja, o uso das tecnologias, como 
formas de extensão dos sentidos e do corpo humano, contorna o espaço e o tempo. 
É dessa maneira que a história da comunicação também narra a história da aceleração 
tecnológica sobre os homens, sobre a nossa percepção de tempo e de espaço, narra a 
transformação da vida humana afetada pelo desejo de expansão de si mesma.
Vejamos agora o rigor das palavras adotadas por McLuhan para expor as 
suas ideias:
O termo “comunicação” tem sido empregado extensivamente, em conexão 
com estradas e pontes, rotas marítimas, rios e canais, antes mesmo de se 
ver transformado em “movimento da informação”, na era da eletricidade. 
Talvez não haja modo mais adequado de definir a natureza da era da ele-
tricidade do que estudar, inicialmente, o surgimento da ideia de transporte 
como comunicação, e depois da transição da ideia de transporte para a 
ideia de informação, por meio da eletricidade. [Afinal] todas as tecnologias 
são extensões de nossos sistemas físico e nervoso, tendo em vista o aumen-
to da energia e da velocidade. (MACLUHAN, 2016: pp. 108-109)
Ainda que pese a recorrência do uso da palavra “eletricidade” como elemento 
maior da noção de alta tecnologia defendida pelo autor (lembremos, as ideias de 
McLuhan foram desenvolvidas ao longo da década de 1960), ainda hoje (já com o 
advento da Internet e suas consequências), as suas concepções continuam válidas.
Mais importante para os nossos estudos é verificar que o período histórico abor-
dado, mediante as transformações tecnológicas de então, nomeadamente a partir da 
evolução dos sistemas de transportes e seus impactos na comunicação humana, en-
contra correspondências futuras, ou seja, encontra eco no período contemporâneo.
O advento da Revolução Industrial e seus processos aceleradores promoveram 
reflexos que se notam permanentemente. Mas atenção, pois tal revolução acelerou 
processos que sempre se desenvolveram na história humana, ela não foi a inventora 
deles. Assim, o essencial aqui é observar que não havendo aqueles acréscimos tecno-
lógicos, de força e velocidade, novas extensões dos seres humanos não aconteceriam . 
10
11
Nas palavras do autor: “a alteração dos agrupamentos sociais e a formação de no-
vas comunidades ocorre com a aceleração do movimento da informação, por meio 
das mensagens e do transporte” (MCLUHAN, 2016: p. 109).
Pela Terra e Pelo Ar
No mesmo sentido daquilo que debatemos acima, é relevante procedermos com al-
gumas considerações sobre a pertinência do uso da carroça como modo de transporte 
diretamente transformador das sociedades e, portanto, dos modos de comunicação.
Na Europa medieval, por exemplo, a carroça de quatro rodas, capaz de suportar 
cargas pesadas, tinha presença corriqueira nas estradas desde meados do século XIII. 
Posteriormente a esse período, com o desenvolvimento das tecnologias de transporte 
e o acréscimo dos centros urbanos (de acordo com o que abordamos anteriormente), 
os efeitos desse tipo de carro foram extraordinários sobre a vida nas cidades. A título 
de exemplo, basta notarmos que os homens do campo começaram a migrar para os 
centros urbanos, de modo a não mais precisarem dividir o espaço do lar com o local 
do trabalho. Vemos assim, um caso exemplar da junção entre o modo de vida do 
antigo aldeão com os resquícios advindos do viajante caçador de outrora.
Ainda obedecendo ao mesmo sistema de transporte, no qual grupos de pessoas 
podiam se deslocar conjuntamente, esses carros de tração animal facilitavam a cons-
tituição de ajuntamentos de moradias ao redor das estações ferroviárias. Comércios, 
atividades coletivas, espaços públicos de amplo interesse, tudo isso ao redor das es-
tações de caminho de ferro possibilitou o advento dos subúrbios. Assim, podemos, 
então, falar de novas centralidades interligadas, que se afetam e se transformam 
permanentemente via comunicação física dos seres e troca frequente de informações.
Por mais elementar que possa soar quando olhamos desde o contemporâneo 
em direção ao passado, fato é que as tecnologias aqui debatidas, as que tanto trans-
formaram as sociedades e seus sistemas de comunicação, dizem respeito também 
ao simples encontro da roda com a estrada. Isso porque a roda levou o homem 
à estrada e transportou mais depressa os produtos dos campos para os postos de 
troca. Essa aceleração, esse ganho de velocidade nos sistemas de comunicação co-
mercial e de informações (lembremos a grande importância das correspondências) 
colaborou para a criação de centros cada vez maiores.
Conforme pudemos debater a partir do pensamento de Marshall McLuhan, as 
tecnologias servem sempre como extensões do próprio corpo físico humano (atu-
almente, podemos verificar até mesmo as extensões da mente humana, via tecno-
logias sofisticadas ancoradas em sistemas computacionais). Sendo assim, a reunião 
de pessoas e suprimentos em núcleos centrais, provocada pelo advento da roda, da 
estrada e da evolução dos modos de transporte, passou a solicitar mais e inovado-
ras extensões de lado a lado. Em outras palavras, o surgimento de novos núcleos de 
concentração humana, provocados pelo desenvolvimento tecnológico, produziram 
a necessidade de sistemas tecnológicos ainda mais originais, que permitissem maior 
11
UNIDADE Trânsitos e Comunicação
aceleração dos deslocamentos humanos e, essencialmente, das trocas de conheci-
mento e de informações.
É por essa razão que afirma McLuhan: “A resposta à energia e à velocidade cres-
cente de nossos corpos prolongados gera sempre novas extensões. Toda tecnologia 
cria novas tensões e necessidades nos seres humanos que a criaram”. E mais: “A nova 
necessidade e a nova resposta tecnológica nascem do abrangimento da tecnologia já 
existente – e assim por diante, num processo incessante” (MCLUHAN, 2016: p. 209).
Portanto, não parece ocasional na história humana que o automóvel tenha en-
contrado o seu êxito apenas depois dos tempos áureos dos carros de tração animal 
e das locomotivas, ou seja, dos caminhos de ferro. Mesmo depois de muitas iniciati-
vas desenvolvidas séculos antes, somente nas décadas de 1860 e 1870, na Europa, 
novas experiências formataram veículos próximos ao que hoje compreendemos 
como automóvel. Em 1876 foi criado o primeiro motor baseado em explosão, 
alimentado por combustível, substituindo, assim, os motores a vapor utilizados nas 
experiências prévias de construção daquele tipo de veículo. Eis a extensão corpórea 
mais potentee livre que a tecnologia humana poderia ter criado até então (devemos 
aqui considerar, primeiro, o caráter minimamente autônomo dos cavalos, a força 
motora das carroças; e, segundo, que as locomotivas devem sempre seguir por 
caminhos previamente determinados e delimitados pelos trilhos). A percepção de 
tempo e espaço sofria, uma vez mais, radical transformação na vida humana.
E novo impacto tecnológico nos transportes é proporcionado à entrada do sé-
culo XX, quando, pela primeira vez na História, o ser humano foi capaz de realizar 
um voo controlado em máquina mais pesada que o ar. Esse feito é motivo de polê-
mica em todo o mundo, uma vez que a originalidade do ato é atribuída por alguns 
estudiosos aos irmãos Wright (dos Estados Unidos, em 1903), enquanto outros 
investigadores reconhecem que a grandiosa ação fora executada pelo brasileiro 
Santos Dumont, em 23 de outubro de 1906.
Contudo, para as reflexões de nosso estudo, o mais fundamental é notarmos que 
a extensão corpórea por meio da tecnologia alcançava ali, com o advento da avia-
ção, patamares que extrapolavam o próprio corpo humano. Em outras palavras, o 
prolongamento do corpo por meio do uso do avião era, muito mais do que qualquer 
outra coisa, a continuidade do desejo e da necessidade dos seres humanos por mais 
potência e velocidade no deslocamento e na troca de informações.
Importante!
O brasileiro Alberto Santos Dumont (1873-1932) foi a primeira pessoa a projetar, cons-
truir e voar nos primeiros balões dirigíveis com motor à gasolina. Em 1901, a bordo de 
seu dirigível “Número 6”, ele voou e contornou a Torre Eiffel, em Paris, na França. Com 
isso, Santos Dumont tornou-se um dos nomes mais importantes da história da aviação 
mundial e ajudou a transformar não apenas a história dos transportes, mas também a 
história da comunicação humana.
Você Sabia?
12
13
O Telégrafo
Todo o esforço do homem pela superação de barreiras que se colocavam diante 
do desejo (e da necessidade) de deslocamentos cada vez mais rápidos e precisos 
(fossem estes via terra, céu ou mar) foi também o estímulo para se alcançar formas 
de comunicação que não estivessem tão somente delimitadas pela fisicalidade do 
corpo humano. Isso porque a distância sempre representou um desafio às comuni-
cações humanas. E foram muitas as maneiras às quais homens e mulheres recor-
reram para superar tal obstáculo. Assim, podemos dizer que, já há muito tempo 
na história da comunicação, o ser humano foi idealizando soluções “telegráficas” 
(ou seja, soluções com o uso de comunicações a distância) para a problemática do 
espaço. São exemplos disso sinais sonoros ou visuais, tais como apitos, gritos, a 
luminosidade de fogueiras, lufadas de fumaça, os reflexos de espelhos, o som de 
tambores, o uso de bandeiras, a utilização de faróis, etc.
Mediante esse processo, surge na Europa o advento do telégrafo mecânico entre 
os finais do século XVIII e as primeiras décadas do XIX, tendo localidades de destino 
países como França (em 1793), Inglaterra (1796), Prússia (1830) e Áustria (1835).
O sistema de comunicação via telégrafo mecânico desenvolvido pelo francês 
Claude Chappe (1763-1805), no início da década de 1790, certamente é o que 
mais merece destaque. O engenhoso sistema consistia na instalação de uma haste 
angulosa posicionada horizontalmente (quase como um grande “S” deitado) sobre 
uma instalação que lhe servisse de base (um cômodo ou um pequeno imóvel). 
Dessa maneira, o “S” deveria manter-se sempre em elevada altura, facilitando o 
seu visionamento a longa distância. Esses postes, colocados a distâncias razoáveis, 
podiam ser avistados e, junto a cada poste, um operador reproduzia os sinais vistos 
no poste anterior, para que, por sua vez, fossem novamente reproduzidos no poste 
imediatamente seguinte, e assim sucessivamente em cadeia até o destino. Acontecia 
que cada um dos operadores movimentava a haste em “S” de maneira codificada, 
tendo cada movimento específico uma correspondência em letras. Dessa forma, 
mensagens complexas conseguiam “viajar” sem o imediato acompanhamento do 
corpo humano (ver Figura 1).
Exemplo do telégrafo mecânico desenvolvido por Claude Chappe
O sistema de Chappe era aproveitado em longuíssimas distâncias. Por exemplo, 
há registros de comunicações estabelecidas entre Paris e Estrasburgo, na França, 
ao longo de mais de 420 Km por terra. Nesse exemplo específico, apenas 49 esta-
ções foram necessárias para possibilitar o envio de mensagens entre as localidades, 
o que indica o intervalo médio de uma estação a cada 8,5 Km.
Outro dado de interesse é a velocidade com a qual a mensagem circulava. Cada 
operador consumia 4 segundos para montar um sinal, que, em seguida, devia 
ser mantido por mais 16 segundos para ser interpretado pelo operador do poste 
seguinte. Assim, o sinal saltava de uma estação a outra em 20 segundos. Em um 
13
UNIDADE Trânsitos e Comunicação
cálculo aproximado, podemos deduzir que uma mensagem enviada de Paris a 
Estrasburgo demorava pouco mais de 16 minutos para alcançar o seu destino! (ver 
COSTELLA, 2002).
Seguindo um percurso previsível, mediante o próprio desenvolvimento tecnoló-
gico que se dá paralelamente ao progresso da comunicação humana, o telégrafo 
deixa de ser mecânico e passa a contar com a sua versão elétrica. Ou seja, mais 
rápido e seguro, o telégrafo elétrico sentenciou ao desaparecimento a telegrafia 
mecânica. Contudo, é importante salientar, tal substituição só foi possível graças ao 
mérito de a primeira modalidade ter concretizado a ideia de uma linha de comuni-
cação regular, permanente e dotada de infraestrutura necessária para a prestação 
de serviços contínuos.
O princípio elementar do telégrafo elétrico, conforme já podemos supor, é a 
existência de um fio por onde se possa percorrer a energia elétrica. Em suas inicia-
tivas preliminares, ainda mesmo antes do advento do telégrafo mecânico, por volta 
das décadas de 1770 e 1780, previa-se a existência de um sistema composto por 
dezenas de fios, em que, na ponta final de seu sistema comunicativo, cada fio fosse 
acionado sempre que se desejasse exprimir uma determinada letra.
Esse sistema, bastante limitado e de execução complicada, foi pouco a pouco 
aprimorado ao longo das décadas seguintes. Na França, por exemplo, André Marie 
Ampère (1775-1836), conhecido cientista, físico e matemático, desenvolveu, na 
década de 1820, um sistema parecido ao referido acima, mas contando agora 
com agulhas magnéticas em suas extremidades. Com o uso do eletromagnetismo, 
surgiram, ainda, soluções ancoradas em sistemáticas com emissão de sons e até o 
uso de estiletes que se moviam com o estímulo elétrico e, assim, marcavam pontos 
codificados em modelos de papel.
Em Londres, em 1837, William Fothergill Cooke (1806-1879) e Charles Wheatstone 
(1802-1875) desenvolveram um novo modelo de telégrafo elétrico, reduzindo a quan-
tidade de fios para apenas cinco. Esse modelo é uma vez mais aprimorado, necessi-
tando de apenas um único fio em experimento realizado em 1845. De acordo com 
Antonio Costella: “O sistema adotado obteve menor difusão porque, sendo a opera-
ção baseada na leitura de agulha magnética, não fornecia nenhuma ‘documentação 
escrita’ ao usuário. No entanto, funcionou muito bem” (COSTELLA, 1984: p. 116).
Obedecendo à mesma lógica de transmissão de sinais elétricos via cabo único, 
mas agora com a preocupação essencial do uso de uma “documentação escrita”, 
torna-se célebre o trabalho de Samuel Finley Breese Morse (1791-1872) nos EUA, 
elaborado durante as décadas de 1830 e 1840. Seu sistema foi o mais eficaz até 
então e acabou sendo utilizado em diferentes partes do mundo. Morse foi capaz 
de elaborar um mecanismo de transmissão elétrico que alcançava pontos mais 
distantes em comparação aos modelos anteriores, contudo com menor dispêndio 
de energia. Além disso, o conhecido “Código Morse” tornou-se universal, sendo 
aproveitado ainda hoje como “idioma” telegráfico.
14
15
Importante!
O “Código Morse” écomposto pela combinação de sinais elétricos mais intensos (longos) 
e menos intensos (curtos). Os primeiros representam-se graficamente por traço (---) e os 
segundos por ponto (.).
Você Sabia?
Figura 1 – Exemplo de alfabeto elaborado com o uso do Código Morse
Fo nte: Getty Images
Fato é que as linhas elétricas se espalharam por todo o mundo, tendo o sistema 
de Morse conquistado notoriedade em grande parte do planeta. O Brasil, por sua 
vez, conheceu sua primeira linha telegráfica instalada em 1852. Com o uso daquela 
tecnologia, uma complexa rede de fios elétricos cobriu todo o Velho Continente. 
Mas a ambição humana não poderia se contentar “apenas” com o espaço europeu. 
Desse modo, em 1866, é lançado o telégrafo transatlântico, ligando a Inglaterra 
aos EUA por uma enorme extensão de fio unindo os dois continentes através do 
Oceano Atlântico. Naquele momento, as transmissões telegráficas entre a Euro-
pa e a América principiaram para não mais cessar. E esse processo de conexão 
prolongou-se até o final do século XIX, quando todos os continentes do planeta já 
estavam ligados telegraficamente.
O advento do telégrafo elétrico vai ao encontro da efervescência da imprensa ao 
redor do mundo. Em diferentes localidades (das quais se destacam países europeus 
como a Inglaterra, mas também os EUA, na América), graças à contínua evolução 
dos meios tecnológicos, assistimos ao acelerar do ritmo de impressão de jornais e 
ao surgimento de veículos diversificados (heranças da Revolução Industrial). Diante 
desse quadro, em que a informação é transformada em “mercadoria” extremamen-
te consumida, é natural que a notícia jornalística passe a ser tratada, também ela, 
como um produto de escala industrial.
15
UNIDADE Trânsitos e Comunicação
É no âmbito desse movimento que o telégrafo encontra o jornalismo. As notí-
cias, então, passam a circular não apenas em alta velocidade, mas inclusive sem 
qualquer barreira física que seria imposta ao acompanhamento do corpo humano. 
Por exemplo, um dado evento de interesse público ocorrido durante a manhã em 
Londres já era de conhecimento amplo durante a tarde nos EUA, por meio de jor-
nais impressos por lá. Surgem, assim, as agências de notícias. A pioneira de todas, 
a agência “Havas”, tem sede em Paris, em 1835; a “Associated Press”, nos EUA, 
ganha vida em 1848; enquanto a “Reuter” será fundada em Londres, em 1849.
Contudo, as longas distâncias já conquistadas pelos sistemas de comunicação 
ainda eram dependentes de conexões físicas entre as extremidades comunicantes. 
Assim, o próximo passo natural para a ambição humana seria vencer a necessidade 
imperativa do uso do fio como condutor elétrico para o uso do telégrafo.
Para falarmos do telégrafo sem fio, devemos antes considerar as descobertas 
científicas do estadunidense Benjamin Franklin (1706-1790), o primeiro a observar 
que os raios são o resultado da diferença entre cargas positivas e negativas entre a 
atmosfera e a terra. Assim, considerando o raio como uma faísca elétrica, é possí-
vel admitir a propagação da eletricidade pelo ar, mesmo sem a necessidade de um 
condutor sólido. E esta última observação, cujo conceito foi denominado “indução”, 
coube a Michael Faraday (1791-1867), também dos EUA. Já o inglês James Clerk 
Maxwell (1831-1879), em sequência aos feitos de Faraday, anunciou ao mundo a 
existência das ondas eletromagnéticas – ondas essas que não podiam ser vistas nem 
tocadas, mas que se “propagavam” pelo ar, embora ele próprio não o tenha podido 
comprovar. Em 1888, o alemão Heinrich Hertz (1857-1894) criou um aparelho em 
que se comprovava, enfim, a existência das ondas eletromagnéticas, introduzidas 
na História como “ondas hertzianas”.
Esse longo percurso conduz a humanidade, finalmente, ao domínio prático das 
ondas eletromagnéticas. E o primeiro produto desse domínio foi justamente a tele-
grafia sem fio. Nessa forma de telégrafo, conforme já observamos, ficava dispensa-
do o condutor sólido das emissões elétricas. Em seu lugar, para operar a transmis-
são dos sinais, adotou-se a onda hertziana.
Os feitos mais célebres do início da história do telégrafo sem fio são da responsa-
bilidade do italiano Guglielmo Marconi (1874-1937), que, nos finais do século XIX e 
princípios do XX, procedeu com exibições até então inimagináveis para o período. 
Em 1899, Marconi conseguiu estabelecer uma comunicação com telégrafo sem fio 
entre França e Inglaterra. Mas sua grande façanha viria em 1901, quando conse-
gue vencer 3500 Km de distância e colocar em contato, sem o auxílio de fios, uma 
base de transmissão na Inglaterra e outra de recepção no Canadá. O Atlântico era 
uma vez mais atravessado, agora em fantástico salto elétrico. O mundo do início do 
século XX conectava-se por completo, e agora sem qualquer suporte físico de base.
16
17
Importante!
Roberto Landell de Moura (1861-1928), conhecido como Padre Landell de Moura, foi, 
além de padre católico, um cientista e inventor brasileiro. Entre 1893 e 1894, Landell de 
Moura foi capaz de realizar demonstrações de telefonia sem fio em São Paulo, vencen-
do oito quilômetros de distância, enquanto as experiências de Marconi ainda estavam 
em estágio embrionário. Esse grande homem realizou importantes feitos, tendo mesmo 
patenteado seus inventos (um telefone sem fio, um telégrafo sem fio e um transmissor 
de ondas) nos EUA em 1904. Ainda em vida, infelizmente, seus feitos nunca foram reco-
nhecidos em solo brasileiro, sendo o seu nome desprestigiado até pelo menos a década 
de 1960.
Você Sabia?
17
UNIDADE Trânsitos e Comunicação
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
O “incrível” Padre Landell de Moura: história triste de um inventor brasileiro
FORNARI, E. O “incrível” Padre Landell de Moura: história triste de um inventor 
brasileiro. 2ª ed. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1984.
História antiga
GUARINELLO, N. L. História antiga. São Paulo: Contexto, 2013 (e-book).
As lutas, a glória e o martírio de Santos Dumont
JORGE, F. As lutas, a glória e o martírio de Santos Dumont. 2ª ed. São Paulo: 
Nova Época Editorial Ltda, 1973.
A invenção da comunicação
MATTELART, A. A invenção da comunicação. São Paulo: Edição Instituto Piaget, 1996.
18
19
Referências
BURKE, P.; BRIGGS, A. Uma história social da mídia: de Gutenberg à Internet. 
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.
COSTELLA, A. F. Comunicação: do grito ao satélite. São Paulo: Editora Manti-
queira, 1984 (2ª edição); 2002 (5ª edição).
MCLUHAN, M. Os meios de comunicação como extensão do homem. São 
Paulo: Cultrix, 2016.
19
História da 
Comunicação
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Wiliam Pianco dos Santos
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Natalia Conti
A Era do Rádio
• Sobre a Era Telefônica;
• A Era da Radiodifusão;
• A Era do Rádio no Brasil.
• Compreender o processo histórico que está imediatamente correlacionado com o desen-
volvimento tecnológico que permitiu a ampla ingerência da radiodifusão nas sociedades, 
com ênfase ao contexto brasileiro do período. 
OBJETIVO DE APRENDIZADO
A Era do Rádio
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de 
aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE A Era do Rádio
Sobre a Era Telefônica
Para falarmos sobre “era telefônica”, vamos considerar o advento do telefone 
como uma importante etapa da evolução no quadro histórico dos engenhos elétri-
cos de comunicação. Conforme a História nos ensinou, isso fica evidente quando 
olhamos em retrospectiva para as conexões funcionais e sensoriais estabelecidas 
entre o telégrafo, a telegrafia sem fio, o rádio e a televisão, com a participação de 
outro elemento neste grupo: o aparelho telefônico. 
Afinal, vejamos: (1) quando o assunto é a transmissão de sinais com fios, obser-
vamos a criação do telégrafo elétrico; (2) por sua vez, o telefone lida com a trans-
missão de sons complexos, também com o auxílio de fios; (3) o telégrafo sem fio 
oferece a transmissão de sinais sem a conexão física de elementos condutores; (4) 
enquanto o rádio diz respeito à transmissão de sons complexos sem o auxílio de 
fios; (5) por fim, se falarmos sobre o envio de sons e imagens complexos, o tema 
de nossa fala deverá ser a televisão.
Com isso, temos que o telefone está para o telégrafo elétrico tal como o rádio 
está para o telégrafo sem fio, enquanto a televisão manifesta-se como herdeira (em 
parte) desses movimentos tecnológicos que a precederam.
Centrando as atenções sobre o nosso tema de abordagem, fato é que o telégrafo 
elétrico inevitavelmente convidava ao surgimento do telefone. Em outras palavras, 
mediante um aparelho especializado no envio de sinais codificados, era bastante 
natural que surgisse, a partir de então, o interesse por um novo mecanismo capaz 
de enviar e receber mensagens ancoradas na fala humana.
Com o desejo por um aparelho de comunicação como o telefone, estava em 
pauta algo que se revelou bastante distintamente das características presentes no 
rádio. Ou seja, estava em causa a aspiração humana pela comunicação à longa 
distância entendida como emissão e recepção de mensagens, e não somente pela 
transmissão unilateral (embora em larga escala), conforme notamos no caso do 
rádio. Isso porque o telefone é uma forma participante que exige, inevitavelmente, 
a existência de um respondente apoiado por toda uma intensidade tecnológica de 
polaridade elétrica.
Sendo assim, não é fato irrelevante, por exemplo, que o bocal do telefone tenha 
resultado diretamente de longas tentativas (iniciadas ainda no século XVII) de imitar 
a fisiologia humana por meios mecânicos; enquanto o receptor do aparelho tenha 
sido modelado sobre a estrutura do osso e do diafragma do ouvido humano. Assim, 
podemos concluir que é da própria natureza do telefone elétrico enveredar pelo 
aspecto orgânico do corpo. Em suma, trata-se essencialmente da manifesta ambi-
ção de estender a complexidade corpórea (voz e ouvido) para além de seu alcance 
original (MCLUHAN, 2016).
Os primeiros esforços que constituem a história propriamente dita do telefone 
datam de meados do século XIX, em diferentes localidades europeias, como é o 
caso de França, Itália e Alemanha. Contudo, foi nos Estados Unidos da América, 
8
9
em 1876, onde oficialmente nasceu o aparelho telefônico. O responsável por esse fei-
to foi o escocês Alexander Graham Bell (1847-1922), um professor de surdos-mudos 
preocupado em solucionar problemáticas da linguagem humana e, principalmente, 
interessado em perceber que a voz nada mais é do que um processo mecânico, em-
bora fisiológico – portanto, um processo passível de ser reproduzido artificialmente.
Importante!
Embora seja oficialmente considerado o inventor do telefone, o feito de Graham Bell não 
foi isolado. No mesmo dia em que Bell patenteou o seu invento no “Patente Office” dos 
EUA, em 7 de março de 1876, também o fez o engenheiro Elisha Gray (1835-1901). Con-
tudo, Gray realizou o depósito de seu invento duas horas depois de Bell. Essa “pequena” 
diferença condenou Gray ao quase esquecimento na História, enquanto o sistema telefô-
nico de Graham Bell espalhou-se pelo mercado de negócios mundo afora.
Você Sabia?
Para entendermos como funcionava o célebre mecanismo de Graham Bell, va-
mos recorrer às palavras de Antonio Costella:
Bell construiu um aparelho composto de um eletroímã, uma haste e um 
tambor. A haste, presa em uma das extremidades, tinha a outra ponta, 
livre, apoiada sobre a membrana do tambor. Falando-se junto ao tambor, 
a membrana vibrava e transmitia sua vibração à haste. Esta por sua vez 
influía no eletroímã, provocando o surgimento de uma corrente elétrica 
ondulatória. Levada por fios a um outro aparelho igual ao primeiro, nele 
produzia-se o inverso. O eletroímã, acionado pela corrente ondulatória, 
fazia vibrar a haste. Esta roçava sobre o tambor e, vibrando com inten-
sidades variáveis, ia provocando a reconstituição dos sons originais por 
meio da sensível membrana do tambor. O aparelho era igual, fosse para 
transmissão, fosse para recepção. (COSTELLA, 1984: pp. 137-138).
Figura 1 – Modelo do aparelho telefônico desenvolvido por Graham Bell, em 1876
Fonte: Wikimedia Commons
9
UNIDADE A Era do Rádio
Em novembro de 1876, teve inauguração a primeira linha interurbana de telefone 
do mundo. Na ocasião, vinte e cinco quilômetros de fios conectavam as cidades 
de Boston e Salem, nos EUA. Em 1877, a fundamental relação entre telefonia 
e jornalismo teve estreia. Naquele ano, no dia 13 de fevereiro, o jornal “Boston 
Globe” publicou, pela primeira vez na História, as primeiras notícias recebidas por 
via telefônica. Já em 1878, em New Haven, também nos EUA, inaugurou-se a 
primeira central telefônica, preparada para atender exclusivamente oito assinantes.
A expansão do telefone por todo o globo terrestre era, então, inevitável. Pas-
sados alguns anos com ajustes e aprimoramentos técnicos em torno do aparelho 
telefônico, na década de 1920, graças a longas conexões através dos mares, a co-
municação transcontinental por meio do sistema desenvolvido por Graham Bell já 
era uma realidade. A título de exemplo, é célebre o episódio em que, em 1927, os 
prefeitos de Nova York e Londres entretiveram animada conversa telefônica estan-
do cada um em sua base administrativa local.
No Brasil, a chegada do telefone não foi nada tardia. Já em 1877, ou seja, ape-
nas um ano depois do feito de Graham Bell, com o apoio empolgado do então 
imperador D. Pedro II, foram instalados os primeiros aparelhos e linhas no Rio de 
Janeiro. Naquele momento inicial, tanto os representantes do poder público quanto 
empresas particulares manifestavam grande interesse em estender linhas e redes 
de comunicação telefônica, uma vez que o tráfego comunicativo criado compen-
saria os investimentos em causa. Durante as décadas de 1880 e 1890, o Brasil 
assistiu a uma ampliação acelerada de empresas dedicadas ao comércio associado 
à telefonia. Em geral, essas empresas detinham sede no Rio de Janeiro e em São 
Paulo, mas também estavam presentes em estados como Rio Grande do Sul, Minas 
Gerais, Bahia e Pernambuco.
Apesar de um momento inicial fulgurante na história da telefonia no Brasil, 
um contexto que se prolongou até as primeiras décadas do Século XX,esse 
setor passaria a sofrer com as duras consequências da Segunda Guerra Mundial 
(1939-1945). Isso porque, desde aquele conflito bélico até a década de 1960, 
por falta de reinvestimentos, desatualizaram-se as telecomunicações no país a 
ponto de o segmento afundar-se em crise crônica, necessitando de mais longos 
anos para se reerguer. 
A aprovação do Código Brasileiro de Telecomunicações, a instalação do Conse-
lho Nacional de Telecomunicações e a criação do Ministério das Comunicações, du-
rante os anos 1960, marcaram o fim da letargia e inauguraram uma política nacio-
nal de telecomunicações centralizada na União. Nas palavras de Antonio Costella, 
a “presença do Governo Federal se instrumentalizou com a criação, em 1965, da 
Embratel – Empresa Brasileira de Telecomunicações S. A., que expandiu moderna 
rede de micro-ondas”, interligando assim, “de modo eficiente todos os Estados da 
Federação” (COSTELLA, 1984: p. 145). Já no início da década de 1970, a cria-
ção da empresa estatal Telebrás – Telecomunicações Brasileiras S. A. serviu para 
gerir o vasto conglomerado deixado (em más condições) pelas empresas privadas. 
Assim, coube à Telebrás a missão de ser a executora geral da política de telecomu-
nicações no país.
10
11
A Era da Radiodifusão
À entrada do século XX, o mundo assistia ao pleno domínio da telegrafia sem fio 
nos meios de comunicação. A utilização da onda eletromagnética para a transmis-
são de telegramas via o célebre código criado por Samuel Morse foi predominante 
até a década de 1920. A radiodifusão (que aproveita do mesmo sistema de irradia-
ção de ondas, mas para a propagação de mensagens em larga escala) encontrou o 
seu ponto de eclosão a partir da terceira década do século passado.
Naquele princípio de século, já era tecnicamente possível proceder com a trans-
missão, a longas distâncias, de sons complexos, tais como músicas e voz humana. 
Muitos experimentos, durante o período, foram responsáveis por avanços técnicos 
em torno do uso das ondas hertzianas. Esses avanços diziam respeito não apenas à 
retificação dos sinais emitidos, mas fundamentalmente à ampliação daqueles sinais 
elétricos – uma condição determinante para o uso estável da comunicação radiofô-
nica, conforme comprovou-se alguns anos depois. Assim, com o desenvolvimento 
tecnológico de então, supondo a existência de uma emissão de sinal elétrico enfra-
quecida pela distância, esta poderia ser amplificada muitas vezes mais na ponta re-
ceptora do sistema, de modo a autorizar, por exemplo, a utilização de fones de ou-
vido semelhantes aos do telefone, bem como possibilitar o proveito de alto-falantes.
A potencialidade comunicativa do rádio fica bastante evidente a partir das pon-
derações de Marshall McLuhan. Para este teórico canadense, a radiodifusão viabi-
lizou a primeira experiência em larga escala de “implosão eletrônica”. Ou seja, “a 
reversão da direção e do sentido da civilização ocidental letrada” (2016: p. 337). 
Em outras palavras, para o autor, o caráter uniformizador das sociedades altamente 
letradas (tal como podemos observar desde o pleno uso dos correios, das corres-
pondências e da prensa como modos de transmissão de informações) é afetado in-
ternamente, sem que para isso fosse necessária uma revolução exterior ao próprio 
sistema comunicativo. Se por um lado a cultura letrada estimulou o individualismo 
exacerbado, por outro, o rádio atuou no sentido oposto, ao fazer reviver uma espé-
cie de antepassada experiência comunicacional amplamente coletiva.
O rádio afeta as pessoas, digamos, como que pessoalmente, oferecen-
do um mundo de comunicação não expressa entre o escritor-locutor e 
o ouvinte. Este é o aspecto mais imediato do rádio. Uma experiência 
particular. As profundidades subliminares do rádio estão carregadas da-
queles ecos ressoantes das trombetas tribais e dos tambores antigos. Isto 
é inerente à própria natureza deste meio, com seu poder de transformar 
a psique e a sociedade numa única câmara de eco (MACLUHAN, 2016: 
pp. 336-337).
Certamente, um dos nomes de maior relevância para o desenvolvimento tecno-
lógico do rádio foi o do estadunidense Lee De Forest (1873-1961). Além de ter sido 
um físico dedicado a pesquisas sobre o uso da eletricidade e propagação de ondas 
eletromagnéticas, ele também foi um visionário relativamente à aplicação criativa 
11
UNIDADE A Era do Rádio
do poder de comunicação daquele meio. Entre os anos 1906 e 1910, De Forest 
procedeu com diversas transmissões radiofônicas a partir de localidades emblemá-
ticas, como é o caso da Torre Eiffel, em Paris, e do Metropolitan Opera de Nova 
Iorque. Contudo, talvez um dos feitos mais inovadores e duradouros de Forest tenha 
sido a criação do primeiro jornal falado dos EUA, em 1916, quando transmitiu, 
desde sua estação experimental em Nova Iorque, os boletins do resultado da elei-
ção presidencial americana daquele ano. Sobre este tópico, cabe ainda lembrarmos 
que, do outro lado do Atlântico, na Bélgica, entre 1913 e 1914, o francês Raymond 
Braillard (1888-1945) também transmitiu programas falados e musicais a partir do 
Castelo de Laeken, a principal residência real belga.
Contudo, a iniciante vida da radiodifusão logo foi afetada pelo estouro da Primei-
ra Guerra Mundial (1914-1918). Com as prioridades impostas pelo conflito bélico, 
a utilização das ondas hertzianas prontamente ficou submetida aos interesses beli-
gerantes dos governos das potências envolvidas. Apesar de o conflito ter impedido, 
naquele momento, a instalação de emissoras para o público, fato é que as pesquisas 
e os experimentos desenvolvidos em função da guerra acabaram por se revelar 
úteis à radiodifusão. Foi a soma desses conhecimentos acumulados um dos fatores 
de facilitação ao florescimento das estações radiofônicas no pós-guerra.
Assim, do ano imediatamente posterior ao fim da Primeira Guerra Mundial até 
meados da década de 1920, diversos países europeus, e os EUA, assistiram ao 
nascer de inúmeras emissoras de rádio privadas e/ou experimentais, bem como 
o amadurecer das relações entre esse meio e o jornalismo. Com isso, a História 
nos ensina o quão espantosa foi a velocidade com a qual a radiodifusão abarcou o 
planeta. Em apenas uma década, as transmissões radiofônicas já estavam presentes 
em todas as regiões civilizadas do globo.
A popularidade e a rápida expansão do rádio pelo mundo levaram à necessidade 
de adoção de políticas governamentais e administrativas específicas para o meio. 
Por essa razão, na maioria dos países europeus, somente o Estado pode explorar 
a radiofonia, mesmo que para isso faça uso de pessoas jurídicas autônomas. Já no 
continente americano, a situação é inversa. Nessa região, foi a iniciativa privada 
quem, predominantemente, granjeou a maior participação no processo de aquisi-
ções de direito à transmissão radiofônica, embora o Estado sempre esteja presente 
enquanto controlador da criação e do comportamento das emissoras.
Com o fim da Primeira Guerra Mundial e a retomada das atividades civis em 
torno das transmissões radiofônicas, recupera-se também a forte relação entre o 
rádio e o jornalismo. Os EUA são os pioneiros nessa iniciativa, país em que diver-
sas emissoras surgem com programações específicas e/ou em parte dedicadas a 
coberturas jornalísticas, das quais se destacam as atenções com a meteorologia, a 
cobertura de eleições, mas também a recorrência de informações sobre o universo 
cultural e palestras de gêneros variados.
Outro aspecto interessante do vínculo jornalismo-rádio foi a adoção, por parte 
de empresas jornalísticas, da prática de inaugurar emissoras radiofônicas com o ob-
jetivo de aumentar a venda de jornais. A lógica com tal procedimento era bastante 
12
13
evidente: possuir uma estação radiodifusora era uma forma de valorizar a imagem 
do periódico junto ao público, pois isso demonstrava não somente como o jornal 
estava atento, mas também como este era, em si, um investidor nas vanguardas 
tecnológicas. Além disso, havia por partedos empresários da imprensa a compre-
ensão de que a notícia transmitida via radiodifusão seria superficial, provocando, 
dessa maneira, o interesse no ouvinte por buscar um aprofundamento na informa-
ção por meio da leitura atenta do impresso. Ou seja, estava em pauta o uso do rádio 
como veículo de promoção do jornal.
Dentro da perspectiva exclusiva das emissoras radiofônicas, a política adotada 
pelos empresários da imprensa era-lhe muito interessante. Embora a presença dos 
jornais pudesse implicar em algum tipo de restrição para a plena liberdade criativa 
e comunicativa das rádios, fato é que havia carência de ouvintes para as emissoras. 
Contudo, a principal razão da ausência de público naquele contexto era menos o 
desprestígio com qualquer programação radiofônica e muito mais o simples fato de 
não existirem aparelhos receptores em demasia.
Diante desse cenário, a Rádio RCA, a principal empresa estadunidense de ra-
diodifusão dos anos 1920, montou uma inovadora campanha publicitária com o 
objetivo de vender, em três anos, nada menos do que 75 milhões de dólares em 
aparelhos receptores de rádio. A campanha resultou maravilhosamente bem, de 
modo que, entre 1922 e 1924, superando todas as expectativas, foram vendidos 
85 milhões de dólares em receptores domésticos.
Outros resultados espantosos alcançados desde a campanha da RCA podem 
ser avaliados com os dados que seguem: em 1922, os EUA contavam com 50 mil 
receptores em seu território; este número saltou para 600 mil em 1923 e atingiu 4 
milhões em 1925. Já o número de emissoras, que em 1922 era de 30, passou para 
556 em meados de 1923; ou seja, mais de 500 emissoras inauguradas em um ano, 
um feito jamais obtido novamente em qualquer outro lugar do mundo.
Os números da radiofonia americana não assustaram os jornais. Embora 
alguns críticos já percebessem a ameaça do rádio sobre os valores publicitários 
da imprensa, verdade é que a maioria dos empresários envolvidos não enxergou 
qualquer risco nessa relação. Desse modo, em 1927, 48 jornais estadunidenses 
eram proprietários de emissoras radiofônicas; 69 deles patrocinavam programas no 
rádio; e 97 veículos impressos mantinham noticiário falado. Metade das estações 
existentes na altura mantinham algum tipo de vínculo com periódicos impressos 
(COSTELLA, 1984: p. 174). Essa foi a lua-de-mel daquela relação.
E a lua-de-mel chegou ao fim com a Grande Crise de 1929. Nos EUA, apesar 
da recessão econômica local e mundial naquele momento, entre o estouro da crise 
e 1933, os jornais perderam metade de seus anunciantes, enquanto o rádio dobrou 
os seus. Essa tendência jamais se reverteu e o rádio, definitivamente, superou os 
veículos impressos em termos de incremento publicitário. Dados da época indicam 
que os investimentos em publicidade no rádio saltaram da ordem dos 4%, em 1929, 
para mais de 25% uma década depois.
13
UNIDADE A Era do Rádio
Importante!
Para a devida apreciação dos dados apresentados sobre a publicidade no rádio durante 
e depois da chamada Crise de 1929, também conhecida como a Grande Depressão, é 
importante termos em mente que aquele momento se tratou de um período de enor-
me recessão econômica em quase todo o mundo. Os seus efeitos implicaram em grande 
crescimento nas taxas de desemprego e quedas drásticas na produção industrial, bem 
como em todos os efeitos traumáticos que esses fatores provocaram. A título de exem-
plo, entre 1929 e 1932, o PIB mundial recuou cerca de 15%! Os efeitos dessa crise, em 
maior ou menor medida, puderam ser sentidos no triste desfecho da Segunda Guerra 
Mundial (1939-1945).
Importante!
Assim, em atitude reflexa, jornais e revistas procuraram boicotar o poder de 
alcance e influência das rádios. Uma das decisões nesse sentido foi negar a venda 
de notícias às emissoras radiodifusoras. Além disso, também deixaram de noticiar 
a programação diária das emissoras nos meios impressos. Mas nada disso resultou. 
No final dos anos 1930, as grandes agências de notícias não suportavam mais a 
perda de mercado publicitário e, diante desse cenário, decidiram retomar as rela-
ções com as rádios e fornecer material noticioso para estas. Aquele contexto era, 
pois, inevitável. O predomínio do rádio como grande veículo de comunicação só 
seria ameaçado anos depois, com o advento da televisão.
A Era do Rádio no Brasil
Em 1922, ano de celebração do primeiro centenário da independência do Brasil, 
o rádio tornou-se de conhecimento público no país. Ainda não se tratou nessa 
oportunidade da inauguração comercial do veículo no contexto brasileiro, mas 
sim da apresentação de uma transmissão por parte da empresa estadunidense 
Westinghouse, com a finalidade de promoção das qualidades radiofônicas para 
o público local. No 7 de setembro daquele ano, um transmissor de 500 watts 
instalado no alto do Corcovado pela Westinghouse emitiu músicas e locuções para 
80 receptores espalhados estrategicamente pela cidade do Rio de Janeiro.
A estreia oficial do rádio no país, no sentido de uma permanência histórica con-
tinuada, teve vez em 20 de abril de 1923, com a criação da Rádio Sociedade do Rio 
de Janeiro. A emissora, cuja sede encontrava-se na Academia Brasileira de Ciên-
cias, e que teve como fundadores os cientistas Henry Charles Morize (1860-1930) 
e Roquette-Pinto (1884-1954), detinha missão eminentemente educativa, inclusive 
sob o lema “Levar a cada canto um pouco de educação, de ensino e de alegria”.
14
15
Importante!
O médico, professor, escritor e antropólogo, membro da Academia Brasileira de Letras, 
Edgard Roquette-Pinto, um dos pais da radiodifusão no Brasil, foi também um dos maio-
res entusiastas brasileiros pelo uso dos meios de comunicação de massa como ferra-
menta educativa popular. Em 1936, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, que ele ajudou 
a fundar, foi doada ao governo brasileiro, especificamente ao Ministério da Educação, 
convertendo-se assim na conhecida Rádio MEC.
Você Sabia?
Conforme bem pontua Doris Fagundes Haussen, o aparecimento do rádio no 
Brasil insere-se num contexto de emergência e difusão de “uma nova linguagem e 
de um novo discurso social: o popular massivo”. Ou seja, o advento de uma tecno-
logia como o rádio, naquele momento nacional, foi ao encontro de uma “cultura 
mediada por um projeto estatal político e cultural de modernização” (2004: p. 51). 
Estava em pauta, dessa maneira, o interesse em forjar uma cultura nacional ancora-
da no princípio de uma identidade particular. Iniciativa para a qual o rádio poderia 
servir como importante ferramenta de transformação interna.
O papel do rádio, portanto, precisa ser analisado sob o ponto de vista do 
contexto da época em que está inserido. As décadas de 1930 e 1940, por 
exemplo, são de grandes transformações em toda a sociedade brasileira, 
com o aumento da população, o crescimento dos centros urbanos e o 
desenvolvimento da indústria e dos serviços. No início, a coordenação do 
setor de divulgação e propaganda do governo esteve sob a responsabili-
dade do Ministério da Educação. O projeto cultural e educativo, de uma 
maneira ampla, tinha uma visão nacionalista e buscava a mobilização e a 
participação cívicas, assim como as reformas educacionais (HAUSSEN, 
2004: p. 52).
Ainda na década de 1920, inauguram-se por todo o território nacional, literalmente 
de norte a sul, diversas emissoras de radiodifusão. Não raramente, essas primeiras 
radiodifusoras nasceram como clubes ou associações de aficionados pela nova 
tecnologia de comunicação. Como a publicidade no rádio não era permitida nos 
primeiros anos de sua história no Brasil, o mais comum era que as transmissões 
desses grupos sobrevivessem graças às doações ou cotas pagas por seus integrantes.
O perfil amador do rádio brasileiro começa a se alterar a partir de 1932, 
no momento em que é autorizado pela Legislação o pagamento de inserções 
publicitárias comerciais nas transmissões radiofônicas. Aos poucos, o seu escopo 
educativo foi sendo substituído por novos interesses mercantis. Essaé a transição 
para as rádios comerciais.
15
UNIDADE A Era do Rádio
Não é de surpreender que a passagem do perfil amador do rádio brasileiro ocor-
ra em direção aos interesses comerciais da época. Durante a década de 1930, o 
Brasil atravessou transformações significativas. A partir de então, sobretudo desde 
a Revolução de 1930, a própria estrutura administrativa, centralizada no executivo 
forte de Getúlio Vargas, passa a adquirir dimensões condizentes com o tamanho 
próprio do território brasileiro – algo que atendeu em muito ao crescimento da in-
dústria interna.
Porém, embora em avanço contínuo, a indústria no Brasil crescia em ritmo pro-
gressivo (e não explosivo) desde o início do século XX. É nesse âmbito que o rádio 
surge como importante colaborador para a eficiência no crescimento dos pontos 
de venda ao consumidor final que, por sua vez, alimentavam a indústria crescente. 
Portanto, a radiodifusão nesse cenário só poderia mesmo crescer conjuntamente 
com o comércio. Esse quadro, aliás, facilita o nosso entendimento do porquê o rá-
dio no Brasil não conheceu a mesma explosão assistida nos EUA: naquele país, o 
rádio encontrou um mercado interno pronto, que o adotou; já por aqui, as emisso-
ras tiveram de contribuir para a própria formação do mercado, pois ganharam vida 
justamente em um momento de intensa transição social, política e econômica – o 
Brasil passava do rural para o urbano.
Importante!
Getúlio Dornelles Vargas (1882-1954) foi um dos mais emblemáticos políticos brasileiros. 
Líder da Revolução de 1930, que colocou fim à chamada República Velha, Vargas foi pre-
sidente do Brasil em dois períodos: de 1930 a 1945, em uma administração que transitou 
para a ditadura; e depois de 1951 a 1954, dentro do regime democrático. Conhecido por 
seus simpatizantes como “pai dos pobres”, em razão de políticas sociais e trabalhistas 
adotadas em seu governo, Getúlio Vargas suicidou-se em 1954 com um tiro no coração, 
no Palácio do Catete, na então capital federal, Rio de Janeiro.
Você Sabia?
Enfim, o rádio brasileiro profissionaliza-se. Surgem as estrelas radiofônicas, bem 
como os técnicos especializados e a programação segmentada. Um importante 
episódio dessa passagem fica a cargo da Revolução de 1932, quando a curiosidade 
nacional em torno das eventualidades paulistas permitiram o amadurecimento pro-
fissional de uma rádio especialmente, a Rádio Record de São Paulo, cujo modelo 
de cobertura jornalística mais tarde se estendeu pelo país.
Mas o marco do amadurecimento profissional do rádio brasileiro acontece no 
Rio de Janeiro, em 1936, com o surgimento da Rádio Nacional. Ali foram imple-
mentados departamentos administrativos e conselhos consultivos; a contratação de 
dezenas de maestros, músicos, locutores, radioatores, cantores, produtores, repór-
teres, redatores, secretários de redação; além da construção de seis estúdios e da 
inserção de todo um aparato tecnológico que permitia o alcance de sua programa-
ção na América do Norte, na Europa e na África.
16
17
A década de 1940 assiste ao crescimento da concorrência entre as rádios nacio-
nais. Estima-se que, em 1942, havia cerca de 75 emissoras no Brasil. A condição 
ainda frágil do mercado publicitário exigia a busca cada vez mais frenética pelos 
ouvintes e, daí talvez, o maior apelo por uma audiência interessada em programa-
ção de baixa qualidade.
Já a década de 1950 trouxe a televisão, e com ela a necessidade de que o rádio, 
uma vez mais, passasse por uma revisão em suas bases estruturais. Assim, pouco 
a pouco, as programações radiofônicas começaram a migrar para uma tendência 
maior de atendimento das necessidades de informações locais ou regionais, bem 
como para a especialização segmentada nos grandes centros: jovens, adultos, es-
portistas, donas de casa, empresários, etc.
Com a disseminação do transistor, na década de 1960, surge o rádio portátil, e 
com ele a libertação do então espaço fixo do veículo, destinado usualmente à sala 
de jantar ou à sala de estar das residências de classe média. A FM, Frequência Mo-
derada, surge na década de 1970 no país. Essa modificação permitiu a ampliação 
do número de canais, até então limitados à amplitude modulada e ondas curtas.
A partir da década de 1980, atravessando a década de 1990 e adentrando ao 
século XXI, a rapidez do desenvolvimento tecnológico conduziu-nos à possibilidade 
da transmissão via satélite e pela internet, bem como a digitalização do rádio, faci-
litando assim a formação de redes e pontuando o nosso estágio atual. Essa caracte-
rística é sintomática de um mundo globalizado e conectado por novos suportes em 
redes de interação permanente.
17
UNIDADE A Era do Rádio
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
A Crise Econômica de 1929
GALBRAITH, J. K. A crise econômica de 1929. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1972.
História do Rádio no Brasil
LIVRO: PRADO, M. História do rádio no Brasil. São Paulo: Editora Da Boa Prosa, 2012.
 Leitura
Roquette-Pinto, o Rádio e o Cinema Educativos
ARTIGO: ROQUETTE-PINTO, V. R. Roquette-Pinto, o rádio e o cinema educativos. 
In: Revista USP, n. 56, p. 10-15, dez. 2002/fev. 2003. São Paulo: Universidade de 
São Paulo. 
http://bit.ly/2IPXpp1
A Combinação de Fatores que levaram Graham Bell a Inventar o Telefone
https://glo.bo/2IBFZwa
18
19
Referências
BURKE, P.; BRIGGS, A. Uma história social da mídia: de Gutenberg à internet. 
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.
COSTELLA, A. F. Comunicação: do grito ao satélite. São Paulo: Editora Manti-
queira, 1984 (2 edição); 2002 (5 edição).
HAUSSEN, D. F. Rádio brasileiro: uma história de cultura, política e integração. 
In.: BARBOSA F.; PIOVESAN; BENETON (Org.). Rádio: sintonia do futuro. São 
Paulo: Paulinas, 2004, p. 51-62.
MCLUHAN, M. Os meios de comunicação como extensão do homem. São 
Paulo: Cultrix, 2016.
19
História da 
Comunicação
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Wiliam Pianco dos Santos
Revisão Textual:
 Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Velhas Tecnologias a Serviço da Comunicação
• O Correio como Comunicação;
• O Vapor e a Eletricidade na Comunicação;
• A Imprensa a Serviço 
do Progresso no Brasil.
• Verifi car como o desenvolvimento tecnológico esteve, ao longo da história, a serviço da 
comunicação humana, nomeadamente a partir da capacidade de transmissão e circula-
ção de ideias e notícias.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Velhas Tecnologias a Serviço 
da Comunicação
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas:
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de 
aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratarquando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Velhas Tecnologias a Serviço da Comunicação
O Correio como Comunicação
Para a própria conservação da espécie, ainda nos primórdios de sua história, o 
ser humano logo percebeu a fundamental relevância da preservação e troca de co-
nhecimentos adquiridos. A manutenção de uma sabedoria acumulada entre gerações, 
primeiro, manifestou-se via gestos, fala e registros figurativos, até alcançar o advento 
da escrita e da leitura. Todo esse processo obedeceu a uma ordem de eventualidades 
naturais e progressivas. Assim, embora não seja possível indicar com rigor o seu 
marco de fundação, a história da troca de informações certamente remonta aos mo-
mentos iniciais das sociedades organizadas.
A abrangente troca de saberes, no princípio de sua trajetória, contudo, não ocor-
reu em decorrência de atitudes plenamente conscientes por parte de seus execu-
tores. O mérito originário do conhecimento amplamente partilhado, por exemplo, 
fica a cargo de caçadores comprometidos com longos deslocamentos; guerreiros 
espalhados com companheiros de guerra por territórios inóspitos; ou ainda merca-
dores, viajantes por excelência, responsáveis por aprender e dar a conhecer sobre 
os mais variados produtos em suas longas itinerâncias.
Contudo, a nenhuma dessas experiências seria possível atribuir a nomenclatura 
“correio”. Embora frequentes e habituais, as tais trocas de informação sempre carece-
ram de um aspecto fundamental para aquele modo de comunicação: a regularidade.
Mas como podemos delimitar o que é correio? Correio é “a linha regular de troca de 
informações, a qual, para manter sua regularidade, é dotada de infraestrutura perma-
nente” (COSTELLA, 1984, p. 65). Ou seja, ainda que pese a sua enorme importância 
para as consequências da comunicação humana, as experiências iniciais de troca de 
saberes não eram dotadas de planejamento, de uma organização prévia que ambicio-
nasse feitos mais amplos a partir do justo câmbio de conhecimentos.
Apenas a título de exemplificação, são impressionantes os casos de correios bem 
montados já na Antiguidade. A esse respeito, deixaram registros notáveis de seus feitos 
as populações do Egito, da China, da Pérsia e de Roma. Vejamos: mais de 2400 anos 
antes de Cristo, os egípcios já contavam com a profissão de mensageiro; podemos 
encontrar, por volta do mesmo período, registros do correio chinês; já o correio dos 
persas atuava na velocidade máxima a que o deslocamento por terra era possível em 
seu período: a velocidade de um cavalo de corrida. Mas nenhum desses superou a 
engenhosidade dos romanos, donos de um sistema complexo de comunicação entre 
seus agentes, além de possuidores de toda uma infraestrutura dedicada à construção de 
estradas (historiadores afirmam que, no século II d.C., o Império contava com 80 mil 
quilômetros de vias construídas) e à valorização desses trabalhadores à época, elevados 
à condição de grande prestígio social (normalmente, integrados à carreira militar).
Fato é que a troca de informações se renova como uma necessidade humana ao 
longo de séculos. Se, num primeiro momento, ela obedece a estratégias políticas, 
de guerra ou de comércio, posteriormente, já à entrada do século XVI, tal câmbio 
comunicativo será plenamente integrado no cotidiano das sociedades (com ênfase 
8
9
no contexto europeu). Careciam de informações atualizadas todos os já citados e 
ainda diplomatas, nobres, intelectuais, artistas, filósofos etc.
Diante de tal cenário, à vista da inexistência de outros meios de comunicação, 
era através das cartas que se realizavam os intercâmbios de notícias. Não por aca-
so, surgem ali escritores profissionais de cartas – indivíduos que transformaram em 
atividade profissional o ato de escrever correspondências. Mas essa habilidade não 
se resumia tão somente à competência técnica da escrita, mas contava ainda com 
a capacidade de se perceber aquilo que era de interesse social. Assim, falamos aqui 
de um verdadeiro “faro jornalístico” para se divulgar o que era de apelo público, já 
que muitos desses caçadores de informação estavam alocados em cargos de relevo, 
dos quais bem sabiam se posicionar e tirar proveito para interesses privados. 
É notável a influência que esses profissionais exerceram na Europa ao longo de mui-
tos séculos (entre o XV e o XVIII, mais precisa e profundamente). Adotando uma per-
cepção moderna do termo, poderíamos mesmo atribuir-lhes o mérito de terem sido os 
precursores daquilo que contemporaneamente chamamos “agências de notícias”. Não 
por acaso, é essa desenvoltura com a escrita e com o divulgar de notícias que conduzirá 
as sociedades ao advento das conhecidas “gazetas manuscritas”.
Por sua vez, escapando de considerações simplesmente descritivas da história da 
comunicação, e focando suas atenções e apontamentos sobre aspectos mais subjeti-
vos das sociedades então em processo de afirmação, Marshall McLuhan (1911-1980), 
importantíssimo intelectual canadense, famoso teórico da comunicação, observará 
que “a continuidade do espaço e do tempo e a uniformidade dos códigos são as 
primeiras marcas das sociedades letradas e civilizadas” (MCLUHAN, 2016, p. 103). 
É justamente essa padronização de códigos (de escrita, mas também comportamen-
tais, sociais e culturais) aliada ao início da supressão contínua do tempo e do espaço 
(as redes de comunicação via correio diminuíram as distâncias e ampliaram as velo-
cidades) as duas das características fundamentais das sociedades ocidentais pautadas 
nos serviços de correios e suas trocas de correspondências. 
Em outra passagem de grande lucidez, McLuhan deixa mais claro o seu pensa-
mento quando afirma que: “As culturas sentem a ‘mensagem’ do alfabeto em seu 
poder de projetar estruturas de uniformidade e continuidade” (MCLUHAN, 2016, 
p. 103). Isso porque somente as “culturas letradas dominaram as sequências linea-
res concatenadas como formas de organização psíquica e social. [...] Este processo, 
manifesto inclusive na fase greco-romana, intensificou-se com a uniformidade e a 
repetibilidade da descoberta de Gutenberg” (MCLUHAN, 2016, p. 105).
O pensamento de Marshall Mcluhan é fundamental para refletirmos não apenas acerca da história 
da comunicação, mas inclusive para um debate em torno dos desdobramentos de suas teorias na 
contemporaneidade. Para além da consulta aos livros de sua autoria, recomenda-se a leitura de 
“Marshall McLuhan 40 anos depois: a mídia como a lógica de dois tempos”, artigo assinado por José 
Salvador Faro. Disponível em: http://bit.ly/31XCSYn
Ex
pl
or
9
UNIDADE Velhas Tecnologias a Serviço da Comunicação
O Vapor e a Eletricidade na Comunicação
Apesar da manifesta padronização, ou “uniformidade”, nos hábitos de consumo 
e trocas de informações e notícias no seio das sociedades (sobretudo ocidentais), 
conforme anunciado anteriormente, o progresso humano revelou-se sempre em 
contínua intensidade. Assim, cada conquista e celebração de qualquer suposta esta-
bilidade comunicacional humana foram seguidas de novos e surpreendentes feitos.
É nesse contexto que, a partir do último terço do século XVIII, o advento da Revolu-
ção Industrial abala todas as estruturas até então dadas como imutáveis nas sociedades 
– inclusive, no tocante à comunicação. Esse processo, que durou aproximadamente 
entre 1760 e 1840 (embora haja, por parte dos historiadores, divergências na deter-
minação exata de seu recorte temporal), pontua efetivamente a transição de métodos 
artesanais de produção para a fabricação realizada por inovadoras máquinas oriundas 
de fontes de energia pouco ou nada aproveitadas até ali, como é o caso da energia a 
vapor, por exemplo.
A Revolução Industrial, que teve iníciona Inglaterra, mas que logo se espalhou por 
outros países da Europa (chegando também aos Estados Unidos), significou ainda um 
crescimento em ritmo acelerado e sustentado das economias dos países capitalistas 
mais desenvolvidos, bem como o ganho de velocidade nos modos comunicacionais 
então vigentes. 
Vejamos, portanto, o caso da energia a vapor. Esse tipo de energia, embora com 
uma longa história, tendo suas origens ainda na Antiguidade, foi aproveitado em 
minas durante vários anos antes de movimentar as máquinas. Nos anos 1800, o 
maquinário criado a partir de seu princípio, ou seja, a máquina a vapor, estabele-
ceu-se como uma das mais importantes invenções da época, aquela da qual muitas 
outras dependeriam. A qualidade técnica e a velocidade produzida por esse tipo de 
equipamento superavam em muitas vezes a da então predominante força a cavalo.
Assim, se tal processo de industrialização provocou a efetiva substituição das 
habilidades do indivíduo por aparelhos mecânicos, na troca das forças humana e 
animal pela energia inanimada e na marcante melhoria na obtenção e manipulação 
da matéria-prima (BRIGGS; BURKE, 2006), podemos aceitar um tipo de “revolu-
ção da comunicação” como consequência processual e imediata da indispensável 
Revolução Industrial. A título de exemplo acerca de tão impactantes transforma-
ções nos modos de comunicação, podemos contrastar as já ultrapassadas “gazetas 
mercantis” com os jornais dos primeiros anos do século XIX. 
Nessa etapa da história, um pouco por toda a Europa, enormes prensas a vapor 
eram instaladas em oficinas especializadas. A partir de então, não estava mais em 
causa o simples poupar de mão de obra, mas fundamentalmente o aumento de 
produção dos impressos. Dali em diante, as oficinas de imprensa poderiam traba-
lhar na ordem dos milhares de exemplares por hora. O jornal, com tão relevante 
modificação em sua concepção material, poderia ser impresso mais tardiamente, já 
no final do turno de cada dia, e trazer notícias mais recentes, ainda aquecidas pelo 
fervor de suas consequências mais imediatas. E isso não é pouco!
10
11
Figura 1 – Exemplo de Máquina a Vapor
Fonte: Pixabay.com
O motor a vapor (ou máquina a vapor) tem sua base de funcionamento no princípio do calor 
como uma forma de energia. O funcionamento desse tipo de maquinário consiste na geração 
de força de trabalho a partir do vapor de água sob alta pressão e em elevada temperatura. 
Mesmo com a invenção do motor de combustão interna, no início do século XIX até os 
dias correntes, o motor a vapor continua sendo aproveitado, por exemplo, em diferentes 
contextos de geração de eletricidade.
Ex
pl
or
Conforme pudemos observar, à preocupação primordial do ser humano em tor-
no da conservação e da transmissão de saberes e notícias junta-se a quase obsessão 
pela velocidade. Desse modo, dos primeiros registros do pensamento humano em 
formas de desenhos, passando pela prensa móvel e pelas cartas manuscritas até 
chegar ao advento do motor a vapor, à sequência dessas eventualidades, devemos 
unir ainda a relevância fundamental da eletricidade para o acelerar das mudanças 
no curso da história da comunicação.
É nesse sentido que o estudo acerca da história da comunicação humana implica 
também uma abordagem sobre a história da eletricidade (ou, pelo menos, sobre a his-
tória do conhecimento humano a respeito da eletricidade). Em outras palavras, não 
considerar o impacto dos desenvolvimentos tecnológicos sobre a comunicação, em 
variados sentidos, pode impossibilitar o entendimento da cronologia dos engenhos 
técnicos e científicos, no limite, transformadores da própria cultura da humanidade.
Centrando atenções no percurso da eletricidade ao longo da história, nosso 
ponto de partida surge com os chamados “homens das cavernas”. Isso porque o 
primeiro despertar da humanidade para o fenômeno elétrico é proveniente do ins-
tante em que homens e mulheres, olhando para o céu, presenciaram o serpentear 
de um raio. Aliás, esse contato foi ainda mais fantástico para a história da humani-
dade por outra razão: o apropriado proveito que as civilizações da altura fizeram do 
fogo, originado por aquela primeira manifestação da natureza.
11
UNIDADE Velhas Tecnologias a Serviço da Comunicação
Embora o aprimoramento científico da área remonte aos séculos XVII e XVIII, os 
fenômenos elétricos têm sido estudados desde a Antiguidade. Um nome incontorná-
vel nesse processo é o de Tales, proveniente da cidade grega de Mileto. Os historiado-
res defendem que foi Tales de Mileto quem, pela primeira vez, provocou artificialmen-
te um fenômeno elétrico, no século VI a.C. O seu feito é bastante conhecido e trata 
da experiência realizada com o âmbar amarelo. Na oportunidade em questão, Tales 
observou que o âmbar, quando friccionado, adquire a curiosa característica de atrair, 
por exemplo, pequenos fragmentos de palha ou fios de lã. O grego, assim, estava 
provocando o surgimento de eletricidade estática.
E não foi apenas a eletricidade estática que despertou o espanto de homens e 
mulheres do passado longínquo. Também foi motivo de curiosidade o contato humano 
com imãs naturais de óxido de ferro, capazes de imantar cajados de pastores na Idade 
Antiga; ou a popularização da bússola, utilizada desde o século VIII pelos chineses, 
elemento ingressante no Ocidente apenas no século XII.
Fenômenos inexplicáveis ao longo de séculos, a eletricidade e o magnetismo ape-
nas foram esclarecidos enquanto atributos individuais no final do século XVI, quando 
o globo terrestre fora finalmente concebido como um gigantesco imã, revelando-se 
assim o campo magnético da Terra e oferecendo-se uma explicação teórica para o 
funcionamento da bússola. Tais constatações foram apresentadas pelo inglês William 
Gilbert (1544-1603). A esse estudioso coube ainda notar que a eletricidade estática 
não é uma propriedade exclusiva do âmbar, mas que está igualmente presente em 
outros materiais, como o vidro e o enxofre, por exemplo. Essas descobertas foram 
de importância fundamental, pois, desde então, a eletricidade passou a ser encarada 
como um fenômeno geral e não exclusivo de um tipo de elemento. Foi Gilbert quem 
primeiro percebeu que a eletricidade penetra e percorre os corpos.
Uma vez compreendido o fenômeno, os homens notaram a necessidade de pro-
duzir e armazenar energia elétrica. Isso porque a pesquisa de laboratório, bem como 
a posterior utilização prática da eletricidade demandavam fontes de energia mais 
abundantes. Tal carência passou a ser sanada no século XVII, quando surgiram as 
primeiras máquinas elétricas, ou seja, máquinas capazes de gerar eletricidade. 
Já no fim do século XVIII, um famoso físico, o italiano Alessandro Volta (1745-1827), 
demonstrou que o contato de dois metais com determinadas soluções ácidas poderia 
gerar eletricidade. Esse físico italiano é o responsável pela invenção da primeira bateria 
elétrica, a chamada “pilha de Volta”, uma inteligente combinação de discos de cobre e 
zinco superpostos, intercalados por panos embebidos em água e ácido sulfúrico.
Os geradores químicos de eletricidade foram a principal fonte de energia elétrica 
até o surgimento e posterior predomínio dos geradores baseados no eletromag-
netismo. Atualmente, há muitas outras formas de geração de energia, das quais 
podemos destacar os geradores nucleares, as hidroelétricas ou os sistemas eólicos, 
que são dependentes do vento.
Assim, uma vez estabelecido o princípio básico do armazenamento e da condu-
ção da energia elétrica por entre diferentes corpos, o passo seguinte da genialidade 
12
13
humana foi dedicar-se a esse empenho por distâncias cada vez maiores – via o ca-
beamento elétrico, por exemplo. Novos equipamentos surgiram e foram testados, 
de modo que a condução da eletricidade por fio tornou-se fato corriqueiro.
Todo esse longo histórico da eletricidade, em sua relação com os seres humanos 
ao longo de séculos, é essencial para o entendimento da história da comunicação 
humana.

Continue navegando