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AULA-07-HISTÓRIA-DA-EDUCAÇÃO-1

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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO 
 
 
 
Olá, 
 
Nessa aula iremos analisar as políticas educacionais implementadas 
pelos governos populistas (1945-1964). O estudo é dividido em três partes: o 
contexto político desse período, as políticas educacionais dos governos 
populistas, com especial ênfase aos governos de Getúlio Vargas e Juscelino 
Kubitschek e o Manifesto dos Educadores Mais Uma Vez Convocados, que 
foi publicado pela primeira vez em 1959 após o seu início em 1956. A principal 
bandeira desse manifesto era a defesa do ensino público, obrigatório e laico. 
 
Bons estudos! 
 
AULA 7 – 
EDUCAÇÃO BRASILEIRA 
(1946 – 1964) 
 
 
Ao final dessa aula, você deve apresentar os seguintes aprendizados: 
• Conhecer os impactos da segunda guerra mundial na educação; 
• Identificar ações adotadas por Jango em apoio à classe trabalhadora; 
• Reconhecer as questões tratadas pelo Manifesto dos Educadores. 
 
 
7. PERÍODO POPULISTA BRASILEIRO 
 
Depois da segunda guerra mundial (1939-1945) iniciou-se a chamada 
república populista, ocorreu desde a revolução de Getúlio Vargas em 1945 até o 
início da ditadura militar em 1964. O fenômeno típico da América Latina, 
chamado populismo, apareceu com a ascensão das classes trabalhadoras 
urbanas como resultado da industrialização do período entre guerras, foi nesse 
período que o modelo agrário - exportador foi trocado por uma política de 
ampliação da indústria brasileira conhecida como nacional-desenvolvimentismo. 
O governo interveio na economia através da criação de numerosos grupos 
industriais. 
O domínio econômico norte americano cristalizou-se durante o pós-
guerra, quando seus interesses imperialistas colidiram com o modelo 
nacionalista do Brasil. No entanto, não demorou a se iniciar a invasão cultural e 
econômica da América do Norte, a seguir o governo de Juscelino Kubitschek 
(1956-1961), quando a indústria internacional começou a chegar ao Brasil. A 
expansão da presença do capital estrangeiro teve muitas faces, se por uma 
perspectiva o parque industrial se expandia e se diversificava, o imperialismo 
norte-americano também impactava as esferas econômica e política do país. 
(ARANHA, 2006). 
Posterior a Juscelino, surge a tendência populista que se expressou no 
governo de Quadros (1961), esse renunciou logo no começo do mandato. No 
decurso do governo de Goulart (1961-1964), sucessor político de Vargas, o 
populismo estava desgastado. O presidente foi afastado do cargo e uma ditadura 
militar foi instaurada por monarcas e anticomunistas que receavam o início de 
uma república socialista. 
Sobre a educação nesse período, é possível afirmar que a Carta Magna 
(CF) de 1946, após a queda de Vargas, refletiu o processo de redemocratização 
e proteção à educação reconhecendo com um direito de todos. Clemente 
Mariano, então Ministro da Educação, expôs um esboço da Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação em 1948. Além dos membros da nova escola, vários 
católicos participaram da discussão sobre o assunto. 
O andamento deste projeto foi tempestuoso e durou até 1961, ano em que 
foi promulgada, o que levou à formação de dois grupos. Um deles são os 
apoiadores da escola privada: empresários e principalmente a Igreja Católica. O 
outro grupo era formado pelos defensores da escola pública, esses eram os 
intelectuais como: Fernando de Azevedo, Anísio Teixeira, Florestan Fernandez 
e outros. Houve uma vigorosa campanha de proteção às escolas públicas, 
culminando no "Manifesto dos Educadores Mais Uma Vez Convocados" (1959), 
Fernando de Azevedo e outras 164 personalidades da vida cultural brasileira 
foram quem assinaram. Além disso, é notável como a legislação sempre mostrou 
apenas os interesses das classes representativas do poder (ARANHA, 2006). 
 
7.1 Processo Político 
 
Somente no contexto da crise política e do desenvolvimento econômico 
desencadeados pela revolução de 1930, o populismo pode ser entendido como 
uma forma de governo. Foi uma expressão do período de crise oligárquica e 
liberal, que sempre foi muito parecido na história brasileira, e do processo de 
expansão do país, que sempre teve que contar com alguma forma de 
autoritarismo, seja o institucional da ditadura de Vargas (1937-1945) ou o 
paternalista ou carismático dos líderes de massa da democracia do pós-guerra 
(1945-1964). 
De acordo com Barros (1999), “foi, sobretudo a expressão mais completa 
da emergência das classes populares no bojo do desenvolvimento urbano e 
industrial verificado nesses decênios e da necessidade, sentida por alguns dos 
novos grupos dominantes, de incorporação das massas ao jogo político”. 
(BARROS, 1999, p. 14). 
O que está evidente é que a expansão do poder estatal e o jogo populista 
foram fatores que afetaram a democracia brasileira, que era frágil, entre 1945 e 
1964. Esses fatores fizeram com que o país vivesse uma espécie de funil onde 
as frequentes tentativas de golpe eram frustradas principalmente porque as 
massas urbanas pressionavam, e eles tinham entrado recentemente na cena 
política, do que por qualquer entusiasta por parte dos agentes do poder do 
estado por formas democráticas (BARROS, 1999). 
O general Eurico Gaspar Dutra obteve vitória nas eleições de 1945, com 
o apoio de Vargas, e chega ao poder em 1946, ainda sob a Constituição de 1937, 
foi a continuação do domínio das forças sociais durante o Estado Novo. Mas a 
euforia havia morrido no início de 1947, e o governo Dutra começava a revelar 
seu lado mais cruel. Não existia mais a convocação das massas como 
justificadora do sistema político, o que deixou as portas abertas para uma aliança 
conservadora entre PSD e UDN. (BARROS, 1999). 
Vargas preparava o terreno para seu retorno enquanto várias fórmulas 
para deter a combinação de forças no poder eram testadas. Sua campanha foi 
baseada na defesa à industrialização e na necessidade de fortalecer as leis do 
trabalho. Getúlio Vargas venceu as eleições de 1950 por uma vitória 
esmagadora. No início desta década, o governo promoveu diversas iniciativas 
voltadas para a promoção do desenvolvimento econômico com foco na 
industrialização. 
Vargas fundou a Petrobras, o Plano do Carvão, o Banco Nacional de 
Desenvolvimento Econômico, o Banco do Nordeste do Brasil e outros projetos 
administrativos. A primeira metade de 1954 foi caracterizada por pressões cada 
vez mais severas sobre Vargas. Greves consecutivas, aumento de 100% do 
salário mínimo, o movimento sindical fortalecido e os trabalhadores cada vez 
mais ativos na vida política deixou os conservadores assustados. 
 Na madrugada de 5 de agosto, Carlos Lacerda, inimigo implacável do 
governo, foi baleado. A culpa recaiu sobre Getúlio. Vargas cometeu suicídio em 
1954. “Morrer foi, para Getúlio Vargas, uma continuação daquilo que fizera 
durante toda a vida: um grande ato político. A reação popular a seu suicídio foi 
fulminante e agitou todas as principais cidades do País”. (BARROS, 1999, p. 36-
37). 
Depois da morte de Getúlio, o PSD foi o 1º partido político a anunciar um 
candidato, foi Juscelino Kubitschek, que nesse período era governador de Minas 
Gerais. Comparados ao governo Vargas e aos meses posteriores ao suicídio do 
presidente, os anos JK podem ser considerados politicamente estáveis, períodos 
de otimismo, marcados por altos indicadores de crescimento econômico, foram 
vividos com a concretização do sonho da construção de Brasília. 
O Programa de Metas definiu a política econômica de Juscelino, continha 
31 metas, divididas em seis grandes categorias: energia, alimentação, 
transporte, indústria de base, educação e a construção do Brasília, também 
conhecida como meta -síntese. Os maiores problemas com o governo JK eram 
aqueles relacionados à economia externa e às finanças do governo. 
Conforme Ribeiro (1998, p. 154), " os anos de 1956 a 1961, constituíram 
o período áureo do desenvolvimento econômico, aumentando as possibilidadesde emprego, mas concentrando os lucros marcadamente em setores minoritários 
internos, e mais que tudo, externo”. Em suma, deve-se ressaltar que nos anos 
1955-1964 houve diversificação de atividades, novos empregos sendo criados, 
quantitativa e qualitativamente a preservação da exploração do método de 
trabalho como meio de acumulação e expansão do mercado intermediário agora 
integrado ao processo de desenvolvimento. 
Em 1960, Jânio Quadros venceu a eleição presidencial apoiado pelo 
maior partido de oposição de JK, a UDN, justamente por causa da expansão da 
dívida externa e, por consequência, da inflação. Pela primeira vez o presidente 
assumiu o cargo no Brasil e expressou esperança no futuro. 
Meses depois (1961), sete meses especificamente, essas esperanças 
foram destruídas com a secessão, que mergulhou o país em uma grave crise 
política. Quadros se envolveu em assuntos não condiziam à importância de seu 
cargo, como a proibição do lança-perfume, biquínis e briga de galos. Em 
iniciativas mais sérias, combinou iniciativas favoráveis à esquerda com 
iniciativas favoráveis aos conservadores. Dessa forma, Jânio, que já carecia da 
maioria no Congresso Nacional, perdeu o apoio da UDN e foi obrigado a 
renunciar. (RIBEIRO, 1998). 
Com essa renúncia o vice-presidente assumiu a presidência, conforme 
Fausto (2004, p. 447), “a posse de João Goulart na presidência significava a 
volta do esquema populista, em um contexto de mobilizações e pressões sociais 
muito maiores do que no período Vargas. Os ideólogos do governo e os 
dirigentes sindicais trataram de fortalecer o esquema”. O ideológico fundamental 
era o nacionalismo, e as reformas sociopolíticas conhecidas como reformas de 
base. Juntamente com a reforma agrária, preconizava-se a reforma urbana, cujo 
objetivo principal era criar condições para que os inquilinos se tornassem 
proprietários de moradias de aluguel. 
Todas essas ações adotadas por Jango em apoio à classe trabalhadora 
fizeram com que as forças conservadoras começassem a conspirar contra seu 
governo, como resultado o poder dos militares cresce. No final de 1964 estava 
definido o golpe militar, bastava apenas um impulso final. Muitos democratas se 
desesperaram enquanto esperavam mobilizações e ordens para resistir aos 
tanques nas ruas e ao fim do regime democrático. A esquerda fragmentada não 
conseguia levantar palavras de ordem e não tinha forças para combater a 
violência militar (FAUSTO, 2004). 
O colapso da democracia liberal em 1964 revelou a fragilidade do 
compromisso fundamental do governo. A derradeira covardia de Jango foi 
apenas mais um exemplo das limitações estruturais da chamada democracia 
populista. A administração militar rejeitou o nacionalismo e destruiu o sistema 
político construído durante a era democrática fazendo com que o Brasil fosse 
reprogramado. De 1964 a 1974, o país se beneficiou economicamente dessa 
modernização autoritária. 
7.2 Políticas Educacionais dos Governos Populistas 
 
Nas décadas de 1950 e 1960 tiveram obras de Paulo Freire que foram a 
base para a criação da Pedagogia Libertadora. “Tal concepção afirmava que o 
homem tinha vocação para ‘sujeito da história’, e não para objeto, mas que no 
caso brasileiro esta vocação não se explicitava, pois, o povo teria sido vítima do 
autoritarismo e do paternalismo correspondente à sociedade herdeira de uma 
tradição colonial e escravista”. (GHIRALDELLIJÚNIOR, 1991). A pedagogia 
deve criar uma nova forma de pensar, tentar aumentar a consciência do povo 
brasileiro para os problemas nacionais e envolvê-los na luta política. 
Conforme a Pedagogia Libertadora, a urbanização, a industrialização e o 
progresso levantaram preocupação com os migrantes –trabalhadores rurais que 
deixaram suas terras e migraram para as cidades onde ficaram à mercê da 
demagogia política e da manipulação midiática de massa. Essa pedagogia 
rotulou a educação convencional como "educação bancária", uma educação 
baseada em uma ideologia de opressão que considerava o aluno carente de 
conhecimento e, portanto, destinado a se tornar o guardião dos dogmas do 
professor. Enfatizou a ideia de que toda ação educativa é uma ação política, e o 
professor "humanista revolucionário" deveria usar sua ação política e 
educacional para mudar a sociedade e criar um novo tipo de ser humano. Ao 
contrário da educação bancária, esta aprendizagem deveria problematizar as 
situações vividas pelos alunos e favorecer a transição da consciência ingénua 
para a consciência crítica. (GHIRALDELLIJÚNIOR, 1991). 
A Constituição de 1946 restabelece a educação como um direito humano. 
Além de outras características que merecem ser destacadas no texto de 1946, 
é importante ter em mente a inovação da vinculação de recursos à educação. 
“Estabelecendo que a União deveria aplicar nunca menos de 10% e Estados, 
Municípios e Distrito Federal, nunca menos de 20% das receitas resultantes dos 
impostos na manutenção e desenvolvimento do ensino –Art. 169” (VIEIRA; 
FARIAS, 2007, p. 113). 
Com relação à organização do ensino escolar, permanece a instrução de 
que Estados e do Distrito Federal ordene seus respectivos sistemas 
educacionais (artigo 171), compete a União organizar o sistema federal de 
ensino e dos territórios tendo, o sistema federal, um caráter supletivo, 
estendendo-se a todo o país nos estritos limites das deficiências locais (Art. 170). 
Quanto à distribuição de matrículas, a situação em 1960 é a seguinte: 
 
[...] no sistema público concentra-se 88,4% da oferta de ensino 
fundamental, 34,5% da oferta de ensino médio e 55,7% de ensino 
superior. O ensino público primário passa de 89%, em 1955, para 
90,34% em 1960. Convém lembrar que nesse nível de ensino o setor 
privado tinha 23,65% das unidades, em 1935, chegando a 6,37% em 
1960. No ensino secundário a oferta pública também se amplia: esta 
representa 32,86% da oferta, em 1955, passando para 33,83% em 
1960 (VIEIRA; FARIAS, 2007, p. 119). 
 
O fortalecimento da classe média nos centros urbanos, o início do 
processo de industrialização e a expansão do setor de serviços apontam para 
um paradigma no qual se esperava que a educação desempenhasse um novo 
papel. O nacionalismo e o laboralismo getuliano que prometiam o progresso 
social junto com o desenvolvimento do capitalismo no Brasil deveriam ter tornado 
o Estado mais responsável pela distribuição da educação às classes populares. 
No esforço de concretizar essa tese, o governo Vargas buscou aumentar os 
gastos públicos com educação. Mas a educação secundária era mais 
considerada do que a educação primária. 
No segundo governo Vargas, a alfabetização aumentou apenas 1,79%. 
As falhas na educação pública permaneceram claras, e a exclusão permaneceu 
um princípio fundamental do sistema educacional. A gana a favor da educação 
pelo desenvolvimento fez com que JK não deixasse faltar em suas falas a 
valorização do ensino técnico-profissional. Segundo Kubitschek, a escola 
primária também seria necessária para preparar os discentes para o mercado de 
trabalho 
A filosofia do desenvolvimento subverteu o papel da educação pública ao 
colocar as escolas sob os auspícios diretos do mercado de trabalho. Com mais 
fracassos do que sucessos no campo educacional, o governo Juscelino não 
conseguiu superar os 6,10% de recursos retirados do orçamento da União 
destinados à educação. (VIEIRA; FARIAS, 2007) 
Segundo Ghiraldelli Júnior (1991, p. 132), “em 1960, JK entregou ao seu 
sucessor um sistema de ensino tão elitista e antidemocrático quanto fora com 
Dutra e Vargas. Apenas 23% dos alunos que ingressavam no curso primário 
chegavam ao quarto ano, e somente 3,5% usufruíam o último ano do curso 
médio”. Mesmo governando o país sob o fogo cruzado de setores conservadores 
e vendo as instituições democráticas desaparecerem, o presidente Jango 
conseguiu desenvolver meios importantes para avançar nas questões sociais. 
Entre1961 e 1964, o governo federal aumentou seus gastos com educação em 
5,93%. 
Em janeiro de 1964, o governo João Goulart propôs o Plano Nacional de 
Alfabetização, que foi modelado a partir do "método que alfabetizava em 40 
horas" de Paulo Freire e tinha como meta alfabetizar 5 milhões de brasileiros até 
1965. O Plano, porém, teve uma existência breve, assim como a discussão das 
reformas: uma das primeiras iniciativas do governo, ordenado por um golpe 
militar em abril de 1964, foi exterminá-lo. (GHIRALDELLIJÚNIOR, 1991). 
 
7.3 Manifesto dos Educadores 
 
Dois anos antes de aparecer o substituto de Lacerda, em 1956, já havia 
começado um debate entre os defensores das escolas públicas gratuitas e os 
defensores das instituições privadas. Esse conflito teve início quando o padre 
deputado Fonseca e Silva conflitou Anísio Teixeira e Almeida Júnior em discurso 
no Congresso Nacional, acusando-os de querer destruir as escolas religiosas. 
Diversas instituições, incluindo a Igreja Católica e os meios de comunicação, 
participaram do conflito e tiveram uma posição forte. 
Uma campanha para proteger as escolas públicas foi lançada em 1959 , 
e foi contestada pelo jornal conservador “O Estado de S. Paulo” aos professores 
mais democráticos e até mesmo socialistas .Segundo Ghiraldelli Júnior (1991, p. 
99) , “diante do substitutivo Lacerda, vários setores sentiram que a aprovação 
de uma peça excessivamente privatista seria uma ameaça à escola pública, 
escola que vários grupos, independente de filiação ideológica, viam como um 
patrimônio necessário para demandas sociais da época”. 
O Manifesto foi reintroduzido na sociedade em 1959 com o sugestivo título 
"Mais Uma Vez Convocados". A variedade da primeira versão foi eliminada, e a 
discussão de vários temas que haviam sido deixados de lado foi retomada em 
grupos menores porque a própria escola pública estava sob uma nuvem de 
fumaça. A escola pública foi alvo de ataques significativos daqueles que 
defendiam o financiamento público para instituições educacionais específicas, 
particularmente Instituições religiosas. Com a chegada da década de 60 
aproximava-se o contexto em que nasceu a Campanha de Defesa da Escola 
Pública (BUFFA, 1979). 
Ao contrário de 1932, o manifesto de 1959 não tratou de questões 
pedagógico-didáticas e não apoiava o monopólio estatal da educação, como a 
opinião pública e os defensores da educação privada querem que você acredite. 
Diferente disso, defendeu a existência de duas redes, pública e privada; mas 
sugeriu que os recursos públicos atendessem apenas à rede pública e que as 
escolas particulares estivessem sob controle oficial. Uma campanha para 
proteger as escolas públicas foi organizada durante a primeira Assembleia 
Nacional, realizada em São Paulo em maio de 1960. 
De outra forma, a voz da Igreja Católica, a Revista Vozes, expressava e 
defendia interesses privatistas. Sob a ideia da educação gratuita, Evaristo Arns 
enfatizou em diversos artigos que a educação não é tarefa do Estado, mas sim 
da família, que era um grupo natural antes do Estado. Além disso, o padre era 
uma proteção para os empresários educacionais que usavam os argumentos da 
Igreja Católica porque não tinham base e passagens para minar a campanha da 
Escola Pública. 
 
Como a escola tem essencialmente uma função educativa, escolher 
uma determinada escola significa preferir certa forma de educação 
escolar, informada de especiais princípios pedagógicos, morais e 
religiosos. Decorre daí um primeiro e fundamental aspecto da liberdade 
escolar: a livre escolha da escola por parte dos pais (BUFFA, 1979, p. 
30). 
 
A batalha travada no Brasil entre os defensores das escolas públicas e 
das escolas particulares é essencialmente a mesma entre as escolas religiosas 
de um lado e as escolas públicas de outro. O argumento que escola pública 
afirmava é que a educação pública era a única simpatizante do espírito 
democrático e das instituições cujo progresso acompanhava e refletia, e cujo 
desenvolvimento competia a ela fortalecer e ampliar. 
O sistema educacional, e as escolas públicas, principalmente, tendem a 
apoiar e contribuir para os processos de urbanização e industrialização do país. 
Com relação às verbas públicas para a educação pública que tanto 
incomodavam Florestan Fernandes, segundo Anísio Teixeira, o que havia de ser 
comemorado era o fato de a estrutura empresarial do estado ter sido de fato 
abandonada. 
Anísio Teixeira, que havia passado por um revés pessoal com o advento 
do Estado Novo (1937-1945), tinha motivos para comemorar o fim da estrutura 
vertical e engessada que caracterizava a educação brasileira até então. 
Florestan Fernandes pensava no futuro do ensino público tendo em vista a 
possibilidade que ela teria de disputar verbas com a escola particular (BUFFA, 
1979). 
Finalmente, como já foi apontado várias vezes, as ideologias conflitantes 
provinham de correntes conservadoras e progressistas, esta última defendendo 
a preservação da educação como um privilégio de classe e a segunda 
democratizando a educação. O primeiro defendia a intervenção do Estado em 
matéria educacional, e o segundo afirmava que o Estado deve cumprir sua 
função educativa como base para garantir a preservação do sistema 
democrático. O contínuo atraso da escola em relação à ordem econômica era 
consequência da estrutura de poder do Brasil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
ARANHA, M. L. História da educação e pedagogia: geral e Brasil. 3. ed. São 
Paulo: Moderna, 2006 
BARROS, E. O Brasil de 1945 a 1964. São Paulo: Contexto, 1999. 
BUFFA, E. Ideologias em conflito: escola pública e escola privada. São Paulo: 
Cortez e Moraes, 1979. 
FAUSTO, B. História do Brasil. 12. ed. São Paulo: Editora da Universidade de 
São Paulo, 2004. 
RIBEIRO, M. História da educação brasileira: a organização escolar. 15. ed. 
Campinas: Autores Associados, 1998. 
GHIRALDELLI, P. História da educação. São Paulo: Cortez, 1991. 
VIEIRA, S.; FARIAS, I. M. Política educacional no Brasil: introdução histórica. 
Brasília: Líber Livro Editora, 2007.

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