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ESTUDO DIRIGIDO – DEDUZINDO AS FÓRMULAS PARA DETERMINAR A HEMODINÂMICA RENAL APLICANDO E REVISANDO CONCEITOS DA AULA PASSADA 1. Nos rins entram 1200 ml de sangue por minuto. Desses 1200 ml de sangue, aproximadamente 600 ml corresponde à fração de plasma e os outros 600 ml correspondem às células sanguíneas. Desse total, apenas 120 ml de plasma são filtrados nos glomérulos. Quantos porcentos do plasma que entra nos rins é filtrado nos glomérulos? O sangue filtrado chega até o rim por meio da artéria renal, sendo filtrado apenas 20% do plasma nos glomérulos devido à pressão hidrostática desse sangue nos capilares glomerulares. 2. Sabendo que excretamos cerca de 1-2 ml de urina por minuto, quantos porcentos do filtrado glomerular eliminamos na forma de urina? O que tem que acontecer entre a filtração glomerular e a formação de urina para que isso seja possível? Somente uma média de 1,6% litros de filtrado glomerular é transformado em urina, dependendo da quantidade de líquido ingerido. O restante sofre processo de reabsorção depois do processamento e da filtração de quase 180 litros de sangue (98,4%) que passa pelos capilares renais por dia. O filtrado glomerular é semelhante ao plasma, porém possui ausência de elementos figurados do sangue e menor quantidade de macromoléculas e de proteínas. Após a filtração (1), esse líquido sofre os processos de reabsorção (2) para transportar as substâncias do interior tubular renal para o sangue que envolve o túbulo e de secreção tubular (3) no néfron e secretar essa urina formada através da uretra. FLUXO SANGUÍNEO RENAL (FSR) Os rins recebem um volume de sangue correspondente a 25% do débito cardíaco. Por peso de tecido, o FSR é 4 vezes maior que o fígado ou músculos em exercício e 8 vezes maior que o fluxo sanguíneo coronário. Portanto o FSR não se iguala a nenhum outro órgão. Dentro dos rins, o fluxo sanguíneo é diferente dependendo da região do órgão. No córtex, o FSR é mais rápido, correspondendo a 90% do total. Já o fluxo sanguíneo medular é mais lento e corresponde a 10% do fluxo total, chegando a apenas 2,5% do total na medula interna. 3. Com base nas funções das diferentes porções dos néfrons, sugira uma explicação para as diferenças entre o fluxo sanguíneo cortical e medular. Sinta-se livre para dar o palpite! Para medirmos o fluxo sanguíneo renal (FSR), podemos tomar como ponto de partida o princípio da conservação ou princípio de Fick: a quantidade de uma determinada substância retirada ou adicionada à circulação por um órgão equivale à quantidade que sai do órgão desde que essa substância não seja sintetizada ou metabolizada por ele. Os rins são divididos em duas zonas: a cortical é a região externa e a medular localiza-se internamente. Ambas as partes possuem os nefrons, os vasos sanguíneos e linfáticos e os nervos. Talvez a diferença do FSR depende da capacidade de condução da estrutura e o quanto ela pode sofrer adaptações celulares para a absorção do soluto, por exemplo. Isso porque a maior parte do fluxo sanguíneo renal acontece na região cortical, que é mais rápida. Os 10% que sobram vão para a região medular, onde o FSR é lento e as alças de Henle alcançam a fim de reabsorver a água e os eletrólitos, como sódio, potássio e cálcio, para concentrar a urina. 4. Observe a figura ao lado. Quais são as portas de saída e entrada de líquido nos rins? Os rins têm papel importante na regulação da pressão e da filtração sanguínea. O local indicado trata-se do hilo renal, onde entram e saem uma série de estruturas: a artéria renal (em vermelho), a veia renal (em azul), o ureter, os nervos renais e os vasos linfáticos renais. Nesse sentido, o sangue entra nos rins através das artérias renais, que originam-se na artéria aorta abdominal, para que volte ao coração sem as toxinas. Estas são eliminadas na forma de urina. Após circular pelos rins, o sangue retorna à veia cava abdominal através das veias renais e a urina formada sai pelo ureter até a bexiga, onde será secretada através dos ureteres e da uretra. 5. Você quer saber o fluxo (mg/min) de entrada de determinada substância (substância X) pelos rins. Se pudéssemos dosar a concentração dessa substância (mg/ml) na artéria renal (logo antes de entrar nos rins) e se soubéssemos o fluxo sanguíneo (ml/min) por essa artéria, qual seria a fórmula para calcular o fluxo de entrada da substância X pelos rins? Poderia multiplicar o Fluxo Renal Sanguíneo (FSR) com a dosagem da concentração da substância na artéria renal para verificar o fluxo de entrada dela, o qual a fórmula seria algo assim: Fluxo de entrada da substância X (mg/min)= FSR (ml/min) . CSubstância X (mg/ml) 6. Você quer saber o fluxo (mg/min) de saída de determinada substância (substância X) pelos rins. Se pudéssemos dosar a concentração dessa substância (mg/ml) na veia renal (logo após sair dos rins) e na urina e se soubéssemos o fluxo de sangue (ml/min) que sai por essa veia e pela urina, qual seria a fórmula para calcular o fluxo de saída da substância X pelos rins? (Dica: o raciocínio é semelhante ao da questão anterior). Pode ser aplicada a fórmula de clearance renal/plasmática, o qual é possível calcular o quanto essa substância foi filtrada do plasma, transformada em filtrado glomerular e depois excretada como urina: Fluxo urinário= Concentração de subs. X na urina . Concentração de subs. X no sangue 7. Agora proponha uma fórmula para representar a relação entre a entrada da substância X pelos rins e sua saída desse órgão considerando o princípio da conservação ou princípio de Fick. A lei de Fick determina que a quantidade de uma substância adicionada é proporcional ao volume de entrada e de saída no órgão. Sendo assim, a fórmula seria: Fluxo sanguíneo renal (FSR). Concentração de saída da subst. Qntd. de saída da urina . Concentração de subst. X na urina. 8. O fluxo sanguíneo na veia renal é ligeiramente menor do que na artéria renal (cerca de 1/1200). Portanto, essa diferença pode ser ignorada. Se você considerar esses valores como sendo iguais, sendo que ambos então corresponderiam ao fluxo sanguíneo renal (FSR), como ficaria a fórmula que você representou na questão anterior? Isole o FSR na fórmula. Fluxo sanguíneo renal (FSR)= Concentração de saída da subst. Qntd. de saída da urina . Concentração de subst. X na urina. 9. Doenças que afetam a função renal podem alterar os fluxos sanguíneos renais (entrada e/ou saída), a taxa de filtração glomerular (ou ritmo de filtração glomerular – ml de plasma filtrado / min) e, consequentemente, a excreção de substâncias pelos rins. Você foi convidado a participar de um estudo clínico para estudar uma disfunção renal. Os cientistas pretendem avaliar o funcionamento dos seus rins medindo os fluxos sanguíneos de entrada utilizando um aparelho de medição ultrassônico como mostrado acima. Eles também pretendem canular a artéria e veia de um dos seus rins para dosar os níveis de substâncias que passam por ele. Sabendo disso, você se candidataria como voluntário para esse estudo? Você acha que esse tipo de medida seria viável de ser aplicado na clínica? Dá para elaborar uma forma indireta, mas não invasiva, de se avaliar a função renal nos pacientes? Imagine que a substância X é uma molécula que é livremente filtrada nos glomérulos, mas não é reabsorvida nem secretada na região tubular dos néfrons. Dessa forma, sua depuração (ou clearance), que corresponde ao quociente entre a carga excretada e sua concentração plasmática, seria numericamente igual à taxa de filtração glomerular (TFG, ml de plasma filtrado/minuto) dos rins, pois todas as moléculas X filtradas nos glomérulos acabam indo para a urina. Como praticamente toda molécula X que passa pela artéria renal é filtrada nos glomérulos, nada flui da substância X pela veia renal. Essa forma de excreção pode ocorrer principalmente com moléculas exógenas (que não existem no organismo). Pensando nisso, a injeção sanguínea de compostos como opara-aminohipurato de sódio (PAH), que possui as mesmas características da substância X, acaba sendo uma estratégia não invasiva para calcular a TFG uma vez que podemos assumir que o fluxo de saída de PAH da veia renal é nula. Talvez, pois é uma estratégia pouco invasiva. Isso porque o medidor ultrassônico mede a velocidade de um fluido com ultrassom para calcular a vazão do líquido, mas não é aplicado na clínica. Sobre a canulação venosa, esse é um método de difícil obtenção sanguínea. No caso do para-aminohipurato de sódio (PAH), que é uma substância exógena, pode ser uma tentativa de avaliar o fluxo sanguíneo renal cortical sem haver necessidade do conhecimento de sua concentração no sangue venoso renal, tornando-se pois uma técnica não invasiva por estar no plasma. Normalmente, usa‑se o sangue venoso para o exame de clearance de creatinina (CrCl) a fim de quantificar a TFG na prática clínica. Por ser um valor constante, a queda na TFG pode ser o primeiro e único sinal clínico de doença renal. Porém, mais testes em modelos animais seriam necessários para que a técnica seja empregada na clínica, pelo custo financeiro. 10. Considerando o exposto acima e sua resposta na questão 8, proponha uma fórmula para calcular a TFG utilizando dados de fluxo urinário e das concentrações urinária e plasmática de PAH de indivíduos que receberam injeção intravenosa de PAH. Dessa forma, ao calcular a depuração de PAH, você determinará a TGF dos rins do paciente. A fórmula que você deduziu baseando na depuração de substâncias como o PAH é útil para medir a TFG de forma experimentalmente viável e não invasiva. Porém, a TFG corresponde apenas ao fluxo de plasma que é filtrado no córtex renal (fluxo plasmático renal cortical). A partir dessa fórmula ainda não é possível inferirmos o valor do fluxo sanguíneo renal. Este é possível de ser medido se soubermos o volume de plasma/minuto que passa pelos glomérulos, ou seja, o fluxo sanguíneo cortical (FSRC). Como vimos no início deste estudo dirigido, o FSRC corresponde a 90% do total do fluxo sanguíneo renal. Logo, o FSRC pode ser usado para estimar o fluxo sanguíneo renal total (FSR). Agora estamos mais perto de conseguir obter o valor do FSR! Mas como conseguiremos calcular o FSRC de forma não invasiva? Uma forma de se medir isso é utilizando o dado do hematócrito dos pacientes que receberam PAH para determinar a proporção de células sanguíneas e plasma do sangue total. Para medirmos o hematócrito, uma pequena amostra do sangue fresco de um paciente é colocada em um tubo capilar. Ao centrifugarmos esse tubo, conseguimos medir a proporção de plasma em relação à fração celular do sangue do paciente (vide figura ao lado). É importante ressaltar que o valor do hematócrito corresponde à fração de células sanguíneas (principalmente eritrócitos) em relação ao volume total de sangue. Como o material biológico é o sangue, é possível fazer o cálculo usando o valor do clearance renal. Considerando o PAH, a fórmula para medir a filtração glomerular seria: TFG= Clearance renal de PAH Concentração plasmática de PAH. 11. Você concorda que o fluxo de sangue que entra no córtex renal (FSR), ou seja, que entra nos glomérulos, é igual à TFG (volume de plasma filtrado por minuto nos glomérulos) mais o volume de sangue retido nos glomérulos (contendo as células sanguíneas)? Como então o valor do hematócrito pode ser útil para determinar o FSR a partir do hematócrito? Como injetar compostos exógenos como o PAH em pacientes ainda é uma abordagem invasiva (nada comparado a canular a artéria renal, mas sim, injetar uma substância no corpo é invasivo), na prática clínica os médicos usam a creatinina para estimar a TFG. A creatinina é um produto de degradação do fosfato de creatinina, um composto que armazena energia para uso imediato principalmente nos músculos. Sendo a creatinina constantemente produzida no corpo, sua concentração plasmática não varia muito. Além disso, ela é facilmente dosada em fluidos biológicos por ensaios bioquímicos. Embora uma pequena fração da creatinina seja excretada na urina, uma estimativa de sua depuração é suficiente para estimar alterações na função renal na maioria dos casos. Acredito que não, pois o fluxo renal sanguíneo trata-se da quantidade de sangue que passa pelos rins e o TFG indica o volume de líquido que é filtrado para dentro da cápsula de Bowman por tempo. Assim, o hematócrito indica a porcentagem de eritrócitos no sangue e também se o paciente sofre com alguma doença renal por causa da eritropoetina (EPO), uma proteína produzida nos rins a fim de produzir mais eritrócitos. Se o paciente é renal, a produção de EPO será prejudicada e o hematócrito estará baixo. 12. Se a concentração de creatinina no plasma de um paciente é de 1,8 mg/100 ml de plasma, a creatinina na urina =1,5 mg/ml e o volume de urina excretado em 24h é de 1100 ml, qual seria a depuração da creatinina (em L/dia) nesse indivíduo? E a TFG? Esse valor está dentro das faixas normais em humanos? (Pesquise na literatura ou na internet os valores de referência) Considerando a fórmula de Clearance de creatinina, o valor estimado é de 91,6 L/dia. Também considerando que este é um paciente adulto, a taxa de filtração glomerular do paciente em questão estaria no valor de 63,67 ml/min., abaixo do recomendado pelo valor de referência para a faixa etária do mesmo, podendo ser um indício de que há insuficiência das funções renais.
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