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ÉTICA E CIDADANIA 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 2 2 CONCEITO E ORIGEM DA ÉTICA ........................................................................... 4 2.1 Caráter, virtudes e vícios ...................................................................................... 6 2.2 Conceito de moral ............................................................................................... 10 3 CONCEITO DE CIDADANIA .................................................................................. 13 3.1 Ética e conduta ................................................................................................... 18 4 ÉTICA X MORAL DO PROFISSIONAL DA EDUCAÇÃO FÍSICA ......................... 20 4.1 Intervenção do profissional em Educação Física ................................................ 23 5 CÓDIGO DE ÉTICA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA ...................... 28 5.1 Responsabilidade civil do educador físico .......................................................... 34 6 PRINCÍPIOS ÉTICOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO FÍSICA ........................ 36 6.1 O papel do profissional de educação física......................................................... 42 7 A PRÁTICA FÍSICA E A PREVENÇÃO AO USO DE DROGAS LÍCITAS E ILÍCITAS 44 7.1 Consumo precoce de substâncias ilícitas ........................................................... 45 7.2 Os profissionais de educação física e a prevenção ao uso de drogas ............... 47 8 CONCEITO DE DOPING ........................................................................................ 52 8.1 Motivos para a utilização do doping .................................................................... 53 8.2 A contribuição da World Anti-Doping Agency - WADA para a defesa da integridade desportiva .................................................................................................................. 56 9 EDUCAÇÃO AMBIENTAL ..................................................................................... 59 9.1 Educação física e a educação ambiental ............................................................ 63 9.2 Educação física, saúde e meio ambiente............................................................ 66 9.3 Atividades na natureza: como possibilidade de conscientização ........................ 67 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 69 76 2 CONCEITO E ORIGEM DA ÉTICA A palavra ética se refere ao vocábulo grego éthos, sendo está compreendida de várias formas no decorrer dos séculos. Contudo, seu significado consistia de quem o estudava e do contexto em que seria inserido. No entanto, para outros, tratava-se de caráter que está relacionado a uma espécie de segunda natureza (MOORE, 1975). Dessa maneira, para que pudesse evitar conflitos infindáveis, levando em consideração o enorme progresso mundial onde reconheceu e difundiu-se o significado da ética grega, que foi baseada em um conjunto de hábitos tendo como objetivo as ações relacionadas ao bem comum da sociedade. A palavra ethos expressa a existência gregra, que permanece presente em nossa cultura. Esta palavra que deriva do grego ethos, nesta língua tem duas formas de grafia, são elas: ηθοζ (êthos) e εθοζ (éthos). Essa grafia dupla não é gratuita, pois, reúne uma variedade de significados que se afastaram de seu significado original ao longo do tempo (FIGUEIREDO, 2008). Considerando que os autores geralmente não colocam o significado na origem desses termos, antes de entrarmos no conceito de ética e moralidade, faremos uma breve introdução de sua origem, devido à polêmica sobre o significado de ética. Assim, devem-se, em grande parte, aos diversos significados da palavra primitiva ethos e à sua tradução para o latim mos (FIGUEIREDO, 2008). Essas duas palavras podem ser entendidas em três sentidos: morada ou abrigo, caráter ou índole e hábitos ou costumes. Conforme o termo grego ηθοζ (êthos), quando escrito com eta (η) inicial, tem dois significados: morada, caráter ou índole. O primeiro sentido é a proteção, é o significado mais antigo da palavra que representa morada, abrigo ou lugar onde se habita. Foi utilizado em uma primeira vez na poesia grega em referência aos animais que habitavam e se criavam. Mais tarde, aplicou-se aos povos e aos homens no sentido de seus países (FIGUEIREDO, 2008). Em seguida, estende-se à própria morada do homem que se refere a uma morada íntima e familiar é ‘casa’, um lugar onde o homem vive, pois, é o local que onde é mais favorável de se encontrar o eu real, através dele é representado tudo aquilo que uma pessoa faz, tais como: sua disposição, seus hábitos, seu comportamento e suas características. Neste contexto, cada pessoa tem sua própria ética. Dessa forma, isso é mais que os acidentes e incidentes da vida, que o diferencia de todos os demais (FIGUEIREDO, 2008). O segundo significado da palavra ethos faz referência as concepções de Aristóteles. Assim, tem seu significado voltado para o senso comum de acordo com a tradição filosófica do Ocidente. Essa representação interessa à ética, por estar mais próxima do que se pode começar a entender por ética. Êthos significa o modo de ser ou caráter. Mas a palavra tem um significado mais amplo do que a associação que atribuímos à palavra ética. A ética inclui primeiro as tendências de vida das pessoas, caráter, costumes e, naturalmente, também inclui a moralidade das pessoas. De fato, pode ser traduzido como um modo de vida no sentido preciso de que difere de um simples modo de ser (FIGUEIREDO, 2008). No entanto, é preciso usar a palavra ‘caráter’ com cautela, pois, pode ter conotações filosóficas, significados psicológicos e estritamente morais. É este último que interessa à ética. Segundo Heráclito de Éfeso (séculos VI-V aC), o caráter é um conjunto de traços comportamentais e emocionais que definem uma pessoa e são persistentes o suficiente para determinar seu destino. Para Kant (724-804), o caráter era entendido em termos de sua definição de causa, a lei da causalidade, sob a qual as ações estariam ligadas como um todo. Por outro lado, também pode referir-se a um conjunto de características psicológicas e/ou morais (positivas ou negativas) que caracterizam um indivíduo ou grupo (FIGUEIREDO, 2008). Do ponto de vista psicológico, caráter é uma série de qualidades psicológicas e emocionais que interferem no comportamento de uma pessoa e a tornam diferente das outras, também chamamos isso de personalidade. Refere-se a um conjunto específico de características, seu jeito de ser, sua natureza e temperamento. Traços que estão mais relacionados com a própria estrutura biológica, ou seja, traçosque são mais herdados pela natureza do que traços individuais adquiridos por adaptação ao meio social (páthos – do que é inato) (FIGUEIREDO, 2008). Mas não é esse sentido da palavra que importa para a ética. O caráter está interessado em seu significado moral estrito, ou seja, a disposição fundamental de uma pessoa para a vida, em termos de marcar seus hábitos morais (disposições, atitudes, virtudes e vícios), seu modo estável é sua marca registrada - são suas características - e conferem-lhe propriedades especiais que o distinguem de outros. Refere-se a um conjunto de qualidades, boas ou más, que um indivíduo desenvolve gradativamente na vida coletiva (FIGUEIREDO, 2008). É esse caráter, não no sentido biológico ou psicológico, senão no modo de ser ou forma de vida que se adquire, possui, incorpora ao longo de sua existência, que é relevante para a ética. Este modo de ser assume uma dupla dimensão de eternidade e dinamismo. No centro de nossa identidade pessoal, está o produto das escolhas morais que fazemos ao longo de nossas experiências de vida. Essas escolhas moldam nossa perspectiva moral a que classe pertencemos, nossa natureza moral, ou seja, a disposição de nos deixarmos mover por algumas razões e não por outras (FIGUEIREDO, 2008). Diante da dificuldade de interpretar o conteúdo semântico da palavra ethos, não é sem razão que os autores tendem a simplificar. Eles definiram a ética como uma palavra derivada do espírito grego que significa modo de ser ou caráter, um modo de vida adquirido ou conquistado pelos seres humanos. Ou então, a ética é derivada do grego ethikos aquilo que se relaciona com o ethos ou caráter (FIGUEIREDO, 2008). O segundo termo grego εθοζ (éthos), quando escrito com épsilon (ε) inicial, é traduzido por hábitos ou costumes. Este é o éthos social. Tem o significado voltado para hábitos, costumes, tradições e fazem referências aos atos concretos e particulares, através do qual as pessoas completam e se realizam sobre o projeto de vida. Esse significado também afeta a ética, pois, o caráter moral é formado justamente, por meio, das escolhas particulares que fazemos em nossa vida cotidiana. Assim, é a força da tradição que forma a identidade social. Os hábitos, por sua vez, constituem os princípios internos do comportamento. Como diz Aranguren (1972), parece haver um círculo êthos-hábitos-atos. Esta é a maneira necessária de resumir as duas variantes do significado usual de ethos, sendo a última o princípio da ação, a primeira o resultado da ação. Ethos é uma palavra cunhada (χαραҳτρη), cunhado, impresso na alma por hábitos. 2.1 Caráter, virtudes e vícios Segundo Aranguren (1972), essa tensão sem contradição entre o êthos caráter e o espírito como hábito, definiria o alcance conceitual da ideia central da ética. É por isso que, tanto no conceito clássico quanto no moderno, a ética sempre se preocupou com comportamentos e hábitos morais no sentido de virtudes e vícios. As virtudes podem ser classificadas de acordo com a forma como são adquiridas: intelectuais e morais. As virtudes intelectuais são fruto do ensino, são muito artificiais e por isso requerem experiência e tempo para formar o caráter. A virtude moral é adquirida por hábito, costume ou experiência. Eles não nascem, são adquiridos pela prática, pela interação social, ou seja, vontade de viver ou conviver com os outros. Com relação à distinção entre virtudes e vícios, explica Korte (1999) que as virtudes são pensamentos ou razões positivas que levam a melhores resultados, enquanto os vícios são veículos para o fracasso e resultados negativos. Quando agimos, seja pela virtude ou pelo vício, agimos moralmente. Porém, a base da explicação aqui é que se os costumes (mores) indicam praticar a virtude e praticamos o vício, estamos violando a moral, mas a rigor não estamos violando a moral e sim violando a ética contra as regras que nos são recomendadas pelos conhecimentos trazidos pela ética. A ética pode, assim, ser compreendida como a ciência do ordenamento adequado das ações humanas de acordo com o último princípio da razão (kathein). Estamos, portanto, lidando com uma ciência prática que lida com o comportamento real. Esta é a razão da filosofia prática. É a forma de configuração da matéria (ação humana). É importante, portanto, saber que a ética não se preocupa com a irracionalidade, como sugerem algumas explicações, mas com a razão prática, tentando compreender os pontos mais sutis da moralidade em sua racionalidade filosófica. Ou seja, os motivos da escolha de determinado comportamento e a base para a tomada de decisão (KORTE, 1999). A partir desse conceito, e do entendimento de que o comportamento humano pode ser estudado sob a ótica da psicologia, da biologia ou da filosofia, pode-se inferir que a ética é a reflexão filosófica sobre o comportamento humano em termos de comportamento moral. De acordo com a mesma será analisada a natureza dos valores morais e a possibilidade de demonstrar sua utilidade na apreciação e orientação de nossos comportamentos, vidas e instituições (KORTE, 1999). A ética é o estudo da relação entre os indivíduos e seu ambiente. Ou seja, entre a coisa individualizada e o mundo ao seu redor, o mundo moral. Ele tenta esclarecer e explicar as regras pelas quais o comportamento humano é baseado ou por que algo deve ser feito, normas, leis e princípios que regem os fenômenos éticos. Fenômenos éticos são todos os eventos que ocorrem na relação entre um indivíduo e seu contexto (KORTE, 1999). A ética filosófica, como Cubelles (2002) a entendia, é uma metalinguagem sobre a prática humana que tenta descobrir por que algo deve ser feito, levando em consideração os valores morais estabelecidos por cada sociedade. Assim, segundo Nalini (2014, p.30), a ética é conceituada como “a ciência do comportamento moral do homem em sociedade”, uma vez que a perda dos valores morais afeta diretamente a dignidade humana, que tem a sua integridade comprometida. O homem não pode abandonar a ética, pois, este princípio faz parte do comportamento e conduta da convivência humana e social. A moralidade é um dos aspectos do comportamento inerente ao homem, que tem a oportunidade de adotar esta ou aquela moral, mas nunca viver sem a colocar em prática. A base moral não está ligada apenas à experiência, mas é voltada para princípios racionais a apriorísticos (ARANHA; MARTINS, 2009). Deve-se notar que o objetivo fundamental da ética é a moralidade, já que a moral não é ciência, mas é seu objetivo. Antes da doutrina de Sócrates, conhecida como a "era dos pré-socráticos", tratava-se do naturalismo, ou seja, o estudo da natureza e do sujeito (MASIP, 2001, p.24). Assim, antes de Sócrates o pensamento grego tinha muitos ensinamentos e teorias com uma visão abrangente sobre o nascimento do mundo e a natureza da realidade. De acordo com isso, essas teorias são fundamentadas nos conhecimentos da física, matemática, astronomia e ciências naturais, caracterizadas de maneira esplêndida pelas escolas e por seus discípulos. Ainda em relação a era dos pré-socráticos, Mario Vitor Santos (2009) enfatiza: [...] costumamos reunir esses pensadores sob a denominação de pré- socráticos; esse termo se deve ao fato de terem vivido em épocas anteriores a Sócrates (470 -399 a.C.) e porque formularam problemas fundamentais que seriam debatidos pelos grandes mestres da filosofia ateniense durante o ciclo posterior, que gerou os autores da República e da Ética, Platão e Aristóteles. (SANTOS, 2009, p.40-41). Já na época de Sócrates encontramos um deslocamento de interesses. A filosofia começa a se interessar pelo sujeito, considerando as suas dimensões éticas e políticas no âmbito da formação da pólis. Ensinava-se assim que o conhecimento sobre o homem era primordial para seu comportamento ético, nomeadamente a capacidade deconsciência moral das relações sociais. (SANTOS, 2009). Como nos ensina Mário Vitor Santos (2009), Sócrates enfatiza que o conhecimento é uma forma de libertação, sendo inseparável das atitudes morais e éticas. Trata-se de uma ética centrada na formação espiritual do sujeito, mas segundo a compreensão de que esse sujeito não tem a existência completa fora das instituições políticas e sociais que formam seu mundo circundante (NALINI, 2014, p.54). Atualmente, defende-se que a ética contemporânea surgiu em meados dos séculos XIX, com objetivo de encontrar o homem concreto, em detrimento do formalismo e do universalismo, reconhecimento do comportamento irracional do racionalismo absoluto, origem do ser humano em si mesmo, não em uma fundamentação transcendente da ética. Diante disso, os princípios atuais dessa ética são o existencialismo, pragmatismo, bem como, a psicanálise, marxismo, neopositivismo e a filosofia analítica (NALINI, 2014). Miguel Reale destaca as dificuldades que as conquistas científicas enfrentam em relação à ética, que ordena o comportamento, ou seja, a conduta como uma "teoria normativa da ação" (REALE, 1996, p. 385). A ética caracteriza um comportamento adotado a partir de um juízo de valor, que pode ser dissociado da realidade para não se tornar etéreo. A partir dessa análise, são determinadas as diretivas sobre as ações a serem tomadas, e essas diretivas são encontradas com a colaboração de regras e princípios que regem a humanidade. É aqui que se encontra o vínculo com a lei, no qual se encontram as normas jurídicas legais, representadas por ferramentas que regulam o comportamento social. É claro que as considerações éticas subjacentes a um pesquisador dependem de sua visão e compreensão do significado social de seu trabalho e, no entanto, não podem ser desassociados de seus compromissos ideológicos e políticos. Eugenio Carlos Callioli (1988) entende que "onde começa o manuseio da técnica pelo homem, entra em jogo a responsabilidade ética" (CALLIOLI, 1988, p.77). Segundo os ensinamentos de Baunhart (1971), o conceito geral de ética se caracteriza por ser "tudo aquilo que está de acordo com os princípios da conduta humana, conforme o seu uso em comum, voltado para os aspectos do termo mais ou menos utilizados como sinônimos da ética, tais como: moral, bom, certo, justo, honesto” (BAUMHART, 1971, p.39). Dessa forma, ética é caracterizada como a teoria, conhecimento ou ciência do comportamento relacionado a moral, que procura explicar, compreender, justificar e criticar a moral ou os costumes de uma sociedade, sendo uma questão filosófica e científica, a ética se desenvolve no meio social, portanto, é exatamente na convivência, nas relações sociais ao longo da vida e comunitária, que o homem se descobre e se realiza como ser moral e ético (CAVALCANTI, documento online). Portanto, até aqui você compreendeu que entender e discutir a ética é primordial para viver em sociedade. Visto que, a mesma surge conforme o homem se descobre como um ser racional e percebe que precisa assumir as suas responsabilidades para sobreviver em sociedade (ANDRADE, 2017). A partir disso, o ser humano consegue fazer as suas próprias escolhas, decisões, ações e comportamentos que requerem uma avaliação, julgamento, um juízo de valor entre o que socialmente é considerado bom ou ruim, justo ou injusto, certo ou errado de acordo com a moral vigente (CAVALCANTI, documento online). Para que você compreenda melhor sobre ética, no próximo tópico iremos abordar sobre a moral, pois, ambas caminham juntas desenvolvendo um conjunto de padrões e valores morais de um grupo ou indivíduo, buscando esclarecer a moralidade de ato ou ação e diferenciar as ações das imorais e amorais. 2.2 Conceito de moral Como você compreendeu, a ética se associa com as relações morais, sendo está o pilar e o princípio da conceituação universal, como por exemplo, ‘ não pego aquilo que não é meu’. A moral, por outro lado, é a prática e muito relativa, exemplo disso seria, será que roubo ou não? Assim, uma depende da outra. Tendo em vista que ética, sempre será uma reflexão crítica sobre os valores presentes nas ações das pessoas na sociedade (CREMONESE, 2019). É importante que você saiba que a palavra moral é de origem latim moralis que está relacionada com a atitude de uma pessoa em relação ás normas, ou seja, as regras. Contudo, como a ética é a reflexão filosófica crítica sobre os valores associada a melhor forma de viver, por outro lado, a moral é sobre a ação, que sempre será uma reflexão que o ser humano faz em primeira pessoa, a partir disso, pode-se refletir como por exemplo, consigo mesmo, o que se escolhe para mim mesmo, ou o que se pensa para si mesmo. Por outro lado, moralizar é quando julgo a ação de um terceiro. O moralizador é aquele que trata da moralidade do próximo, ou seja, o moralismo é a avaliação do outro. (CREMONESE, 2019). Portanto, a moralidade é vista como um mandamento que norteia a nossa vida social em relação ao convívio em sociedade. O meus atos e ações precisam ser baseados pela ética, porque isso é para o nosso bem. Assim, iremos fazer uma breve demonstração sobre a ética, por exemplo, o que as pessoas diferentes de mim, vão dizer? De fato, devemos considerar a ética e a moral, considerando que não existiríamos sem a presença e relacionamento com os outros (CREMONESE, 2019). Se a ética ensina a não ‘roubar’ ou não ‘pegar o que não me pertence’, a moral torna-se uma determinação individual, sobre as condutas do cotidiano, como por exemplo, quando encontro uma carteira com dinheiro dentro, devolvo ou não? Mesmo assim existem dilemas de como saber se uma ação é boa ou ruim. Segundo o filósofo André Comte-Sponville (2002, p. 22), pergunte-se o que aconteceria se todos os seres humanos se comportassem como você: “Se todo mentisse, se todos praticassem o ato de matar ou torturar, como será que viveria a humanidade? Para Comte-Sponville (2002, p. 22), a moral cristã chega talvez mais perto do privilégio que a precedeu, “não façais ao outro o que não gostaríeis que o outro vos fizesse”. Neste contexto, a moral vai além da frase proferida pela personagem de Dostoiévski em "Os irmãos Karamázov" (2012) em que diz: “se Deus não existisse, tudo seria permitido”. Portanto, nem tudo é permitido ainda que seja descrente. Assim, a moral torna-se independente de uma crença religiosa, porque vai além disso. Quando uma pessoa faz o bem pelo temor do castigo eterno ou, ao contrário, só fizesse o bem à espera de uma recompensa eterna, passa a ser vista como um indivíduo medíocre, pois, seria apenas uma situação de egoísmo e prudência. O filósofo Kant (2007) interpretou de forma diferente, dizendo que ações moralmente boas são feitas sem esperar nada em troca. Portanto, mesmo que Deus não exista, mesmo que não haja nada depois da morte, ela não nos isenta de nossas ações e obrigações, ou seja, das ações humanas. Então, em outras palavras, nosso único trabalho é ser humano (COMTE-SPONVILLE, 2002). A moral sempre nos faz perguntar: posso ou não posso? Dessa forma, quando se vive moralmente conseguimos agir de maneira honesta, com dignidade e justiça se estivéssemos vivendo de forma invisível, como por exemplo, na história narrada por Platão (1999) sobre o anel de Giges, um bom exemplo do agir moral. Conta Platão (1999): Ele [Giges] um pastor que servia ao então soberano da Lídia. Devido a uma grande tempestade e tremor de terra, rasgou-se o solo e abriu-se uma fenda no local onde ele apascentava o rebanho. Admirado ao ver tal coisa, desceu por lá e contemplou, entre outras maravilhas, um cavalo de bronze, oco, com umas aberturas, espreitando através das quais viu lá dentro um cadáver, aparentemente maior do que um homem, e que não tinha mais nada senão um anel de ouro na mão. Arrancou-lhe o aneldo dedo e saiu. Ora, como os pastores se tivessem reunido, da maneira habitual, a fim de comunicarem ao rei, todos os meses, o que dizia respeito aos rebanhos, Giges foi lá também, com o seu anel. Estando ele, pois, sentado no meio dos outros, deu por acaso uma volta ao engaste do anel para dentro, em direção à parte interna da mão, e, ao fazer isso, tornou-se invisível para os que estavam ao lado, os quais falavam dele como se se tivesse ido embora. Admirado, passou de novo a mão pelo anel e virou para fora o engaste. Assim que o fez, tornou-se visível. Tendo observado esses fatos, experimentou a ver se o anel tinha aquele poder, e verificou que, se voltasse o engaste para dentro, se tornava invisível; se o voltasse para fora, ficava visível. Assim, senhor de si, logo tratou de ser um dos delegados que iam junto do rei. Uma vez lá chegado, seduziu a mulher do soberano e, com o auxílio dela, atacou-o e matou-o, e assim se assenhoreou do poder (PLATÃO, República, Livro II, 1999). Vamos imaginar que assim como Giges, ficamos invisíveis de uma hora para outra: como você acha que agiria? Ficaria bem ou mal? Você buscaria o prazer, a riqueza e os interesses egoístas? Com esse poder em suas mãos da invisibilidade, você continuaria respeitando o seu semelhante, a sua propriedade, intimidade e a liberdade? A resposta seria de acordo com o agir moral, tendo em vista que mesmo sendo uma pessoa invisível, continuaríamos obrigados e proibido, não por interesse a algo, mas por ser dever a não praticar o mal e isso se chama moral (CREMONESE,2019). Moralidade é o que você exige de si mesmo, não por causa dos olhos de outras pessoas, por ser vigiado por câmeras ou por ameaças externas de um tipo ou de outro (lei ou prisão), mas em nome de algum conceito de bem e mal, do que é certo ou errado, ou seja, do dever e do interdito, do inaceitável ou aceitável, enfim, da humanidade e de ti (CREMONESE,2019). Como caracteriza Comte-Sponville (2002), a moralidade é um conjunto de coisas que um indivíduo é obrigado ou se proíbe de fazer, não para aumentar sua felicidade ou bem-estar, que nada mais é do que egoísmo, mas para levar em conta os interesses ou direitos do outro, ao invés de ser uma pessoa má, para permanecer fiel a uma certa ideia de humanidade e de si. A moralidade, então, está associada à maneira como nos comportamos, independentemente do julgamento do outro. Por fim, a moralidade, ainda segundo Comte-Sponville (2002, 2009), uma lei que imponho a mim mesmo, ou como diz Taylor (2011, p. 35), “ em certo sentido, a moralidade tem uma voz interior. Enfim, como você pôde compreender a ética e a moral estão associadas a valores considerados nobres, valores que um ser humano deve sempre ser colocado em alto nível, pois o tornam cada vez mais humano em sua relação com outro ser humano. 3 CONCEITO DE CIDADANIA Antes de começarmos a falar sobre o conceito de cidadania é importante que você saiba que ela é uma condição social que engloba três tipos diferentes de direitos primordiais em relação ao Estado, são eles: ➢ Direitos civis: o direito à liberdade de expressão, de ser informado sobre os acontecimentos, de se reunir, de se organizar, de circular sem restrições indevidas e de receber igual tratamento perante a Lei. ➢ Direitos políticos: direitos de votar e disputar cargo em eleição. ➢ Direitos socioeconômicos: incluem o direito a benefícios e segurança social, o direito aos sindicatos, o direito à negociação coletiva com os empregadores e até mesmo o direito ao trabalho (BENEDETTI, 2016). Contudo, o nascimento da cidadania é associado à pólis grega. Os gregos, que eram pastores nômades, aos poucos se instalaram em vários lugares e começaram a aprimorar suas técnicas agrícolas e de criação de animais, dando origem a cidades chamadas pólis (cidades-estados na Grécia antiga), cada cidade tinha autonomia política, então cada um era como um país, fazendo suas próprias leis, porém, as leis criadas só eram consideradas válidas só em determinada polis (THOMAZ, 2008). A política para eles significava a participação de indivíduos na administração das pólis, que eles chamavam de monarquia se apenas uma pessoa governasse e se era um grupo, chamavam de aristocracia. No ano 500 a.C., o legislador ateniense Clístenes reformou a forma de administração, dividindo a cidade em unidades que chamou de ‘demos’, para que todos os cidadãos pudessem se reunir em conselhos para aprovar leis (THOMAZ, 2008). Dessa forma, todos conseguiam ter a sua participação na administração da pólis. A partir disso, se deu a origem da democracia, ou seja, o que chamavam de governo dos ‘demos’. Conforme as decisões que eram tomadas em assembleias, eram necessários que os homens exercessem os poderes de persuasão e de convencimento, assim, todos eram iguais, pois, quem tivesse vontade de falar poderia falar para a pólis. Á vista disso, no meio público havia a atuação de homens livres com participação política, cuja vida coletiva passaram a ser baseada em direitos e deveres. Essa forma de governança é a democracia direta ou participativa, isto é, há a participação direta do cidadão na administração (THOMAZ, 2008). Segundo Manzini-Covre (1996), mulheres, crianças, escravos e estrangeiros não pertenciam aos homens livres, que não tinham direito à participação política, apesar de ser sua maioria de noventa por cento da população. No entanto, a cidadania era exercida, porque as decisões eram tomadas visando o bem da comunidade e coletividade. No período compreendido entre os séculos V e XII, surgiu uma sociedade feudal, de carácter rural, onde servos e camponeses, não podiam escolher o seu destino, viviam apesar de algumas liberdades sujeitas à vontade do senhor. Naquela época, havia um retrocesso nas questões ligadas a cidadania. Magazine-Covre (1996) argumenta que com o desenvolvimento da sociedade capitalista, no século XV, com a ascensão da burguesia na luta contra o feudalismo, o exercício dos direitos civis foi restabelecido, e a ruptura com os direitos foi devido à sociedade feudal ser adquirida por nascimento, ou seja, nesta sociedade a classe social não tinha a possibilidade de mudança, quem nascia servo, seria a vida toda servo. Junto com a revolução burguesa, foi anunciada a Carta Constitucional que estabelecia direitos iguais para todos, eliminando a desigualdade e, consequentemente, a dignidade dos cidadãos. Depois que a burguesia assumiu o poder, ela estabeleceu os três poderes do poder, tais como: executivo, legislativo e o poder judiciário, sendo que a maior autoridade era do poder legislativo, assim, o Estado passou a ser governado dentro dos limites estabelecidos pelas leis dos direitos e deveres do cidadão. Tendo em vista, sobre os direitos e deveres a democracia tornou-se representativa, ou seja, as pessoas começaram a eleger outras para que pudesse representar seus interesses na administração de sua cidade, estado ou país (MAGAZINE-COVRE, 1996). Houve muitos avanços e retrocessos na construção da cidadania em toda a sociedade capitalista ao longo do tempo, mas é sabido que as leis são importantes e fundamentais para a efetivação dos direitos, o que às vezes só acontece por causa de depressões sociais que provocam neles mudanças para as necessidades do homem de acordo com seu tempo e espaço. Foi nesse caminho que os direitos políticos foram consolidados, e esses direitos apareceram na Declaração dos Direitos do Homem. É a partir daí, com o surgimento dos sindicatos e grupos organizados, que a classe trabalhadora ganhou espaço para suas reivindicações (MAGAZINE-COVRE, 1996). Assim, conforme Maria de Lourdes Manzini-Covre (1996), [...] cidadania é o próprio direito à vida no sentido pleno. Trata-se de um direito que precisa ser construído coletivamente, não só em termos de atendimento às necessidades básicas, mas de acessoa todos os níveis de existência, incluindo o mais abrangente, o papel do (s) homem (s) no Universo (COVRE, 1996, p.11). O que a cidadania garante é o direito à vida, não apenas a vida física, mas na esfera da vida, o ato de submissão humana, que envolve direitos civis, políticos e sociais, que na prática se inter-relacionam. Uma vez que os direitos civis são: • os direitos que as pessoas têm sobre seus próprios corpos; • o direito de acesso; • direito à liberdade pessoal, liberdade de movimento; • direito propriedade, segurança, acesso à justiça; • direito a opinião e expressão, integridade pessoal. Os direitos sociais são: o direito de satisfazer as necessidades básicas das pessoas, tais como, alimentação, habitação, saúde, educação e lazer, os direitos políticos são aqueles permitem às pessoas planejar suas próprias vidas, o direito à liberdade de expressão e escolhas políticas e religiosas. Esses direitos devem ser aplicados à comunidade do Estado, da nação e do mundo em geral, e só assim a cidadania pode ser consolidada na realidade e na legislação (MAGAZINE-COVRE, 1996). Assim para Gilberto Dimenstein (1999) a cidadania é a condição política dos direitos e deveres das pessoas coletivamente e com o convívio social. Permite a reflexão sobre ações que têm uma consequência social. A cidadania só existe por causa da lei, ela viabiliza o direito de ter as próprias ideias e poder expressá-las, o direito de votar em que quiser sem interferência. Se caso algo aconteça e ofereça algum risco ou importunação, ou até mesmo como por exemplo, um médico cometer um erro, o cidadão tem por direito procurar por seus direitos ou até mesmo processar, ou em outro exemplo, comprar um produto estragado e receber o dinheiro de volta, bem como, não cometer discriminação e nem ser perseguido por ser parte de uma determinada religião (DIMENSTEIN, 1999). A cidadania reside nas pequenas coisas do quotidiano que nos permitem perceber as etapas da cidadania de um povo muitas vezes considerado insignificante, mas hoje o ser humano tem esses direitos, e ao longo da história muita gente lutou e até morreu. Os direitos conquistados devem ser constantemente verificados e as pessoas não podem ficar caladas se não forem respeitadas. Assim, é viver em uma sociedade livre de preconceitos, com dignidade e sem medo de mostrar quem você é e no que acredita. Para Dermeval Saviani (2002) ser cidadão implica direitos e deveres. Por isso, exercer a cidadania exige que as pessoas devem conhecer os seus direitos e os deveres, pois, só assim poderão exercer o seu papel de cidadãos, colaborando para o seu bem-estar, bem como o da sociedade como um todo. Como termo político, “cidadania significa engajamento ativo, responsabilidade. Significa fazer a diferença em sua comunidade, sociedade e em seu país" (OLIVEIRA, 2002, p. 58). Cidadania neste conceito significa que um cidadão não pode esperar que outros façam as coisas por ele, ele deve participar de todas as situações da vida social e não pode e não deve ser uma pessoa passiva. Se não concordar com algo, ele proporá e buscará soluções para melhorar o coletivo ao qual pertence. Para Jaime Pinsky (2005): Cidadania não é uma definição estanque, mas um conceito histórico, o que significa que seu sentido varia no tempo e no espaço. É muito diferente ser cidadão na Alemanha, nos Estados Unidos ou no Brasil (para não falar dos países em que a palavra é tabu), não apenas pelas regras que define quem é ou não titular da cidadania (por direito territorial ou de sangue), mas também pelos direitos e deveres distintos que caracterizam o cidadão em cada um dos Estados-nacionais contemporâneos (PINSKY, 2005, p.9). Nessa definição, Pinsky (2005) mostra que a ação de cidadania tem conotações diferentes, dependendo da época e do país. Cada povo constrói a sua cidadania, com seus próprios direitos e obrigações. A cidadania não vem de graça e é preciso muito esforço para chegar perto do ideal. A cidadania hoje é muito diferente do que era no século passado, dado o enorme progresso que foi feito ao longo da história da humanidade, onde a cidadania está mudando ocasionalmente devido ao avanço tecnológico. Portanto, a cidadania é uma das questões mais importantes da atualidade. Após um longo período de escuridão no século XX, o fenômeno do “retorno do cidadão” se manifestou na década de 1980. Trata-se de preservar sua relevância política e teórica em relação a questões que afetam a democracia e os direitos humanos (KYMLICKA, NORMAN, 1997, p. 05-06). Seus conceitos básicos são os de "cidadania ativa" e "cidadania passiva". Enquanto a primeira designa a participação ativa e direta dos cidadãos nas políticas comunitárias, a segunda defende a titularidade (status) dos direitos e obrigações dos cidadãos e sua proteção perante o poder público (WALZER, 2001, p. 153-166). Nos tempos modernos, prevalecem noções passivas da cidadania. Originalmente tipificado pelo modelo de cidadania liberal, que defende um status jurídico e vincula a cidadania um Estado nacional que implica a transformação dos indivíduos de súditos em cidadãos ao garantir que os direitos civis, sejam protegidos por lei, de acordo com seu status no processo produtivo (SANTOS, 2003). Segundo Milaré (2004), a compreensão contemporânea da cidadania pode ser definida como: Simultaneamente individual e social, passiva, como condição legal de proteção de direitos à igualdade e à diferença, e ativa como prática desejante participativa e deliberativa nas decisões comuns, cujo exercício abrange espaços locais, nacionais, transnacionais e global, de modo tal que assegure aos cidadãos a condição de membro pleno das comunidades políticas às quais pertencem (sejam elas infra estatais, estatais ou supre estatais (MILARÉ, 2004, p. 342-343). Deste modo, sabendo que através dos interesses coletivos a sociedade se torna fortalecida, faz com que as pessoas e as gerações futuras passem a ser vistas como pessoas de direito, promovendo o respeito entre elas e a sua valorização como cidadãos. Enfim, é necessário que você saiba que a cidadania não vem só com direitos, o seu exercício implica também no cumprimento de deveres, cujo objetivo é que uns não prejudiquem ou impeçam outros de exercer os seus direitos, e que o não coloque em risco as liberdades individuais e coletivas. Por outro lado, não há cidadania se houver apenas deveres a serem cumpridos que atentem contra liberdades e sufoquem direitos. Até aqui você compreendeu um pouco sobre o conceito de cidadania, contudo, a cidadania também quer dizer respeitar e obedecer às leis e as normas que se relacionam com a vida em sociedade e o bem comum. Deste modo, iremos tratar sobre a ética e conduta. 3.1 Ética e conduta A conduta ou um comportamento pode ser pensado como a maneira como as pessoas se expressam em um sentido amplo e geral. De acordo com Antônio Lopes Sá (1998), a conduta de uma pessoa é sua resposta a estímulos mentais, ou seja, é uma ação que segue as ordens do cérebro. Este fenômeno não deve ser confundido com comportamento simples. O comportamento também é uma resposta a um estímulo no cérebro, por mais persistente que seja, sempre ocorre da mesma forma, diferente da conduta que está sujeito há variabilidade de efeitos. Nesse sentido, a ética é o estudo das ações variáveis, observáveis e dirigidas pelo cérebro que representam a conduta humana, (SÁ, 1998). A conduta ética exige do ser humano um estado de consciência, ou seja, uma pessoa que saiba a diferença entre o bem e o mal, certo e errado, sobre o que é permitido, virtude e vício (SÁ, 1998). Como já mencionamos na aula anterior, a conduta do ser humano se relaciona com a moral, portanto, o caráter do sujeito determina a origem da moral, Singer (2002, p.42), pode ser compreendida como “ um conjunto de práticas históricas esociais”. A moral é definida como um sistema de normas, princípios e valores. E de acordo com tais regras, regulam-se as relações mútuas entre indivíduos ou entre indivíduos e comunidades, de modo que essas normas históricas e sociais, sejam observadas livre e conscientemente, com uma crença íntima e não mecânica, externa ou impessoal. Caráter, então, refere-se às qualidades pessoais de cada um que determinam quais virtudes e quais vícios são capazes de praticar. Portanto, dizem respeito ao senso moral e à consciência ética do indivíduo (CHAUÍ, 1999). A moral em relação ao conflito social surge da subjetividade, porque se desenvolve profundamente dentro de cada indivíduo, e é formada na aceitação coletiva de grupos de indivíduos que vivem em sociedade em um determinado período histórico, e não há totalidade moral absoluta, para todos os homens, uma vez que a moral absoluta depende da aceitação de todos os indivíduos onde não há desacordo e aceitação de conceitos morais (BARROCO, 2001). Os homens não só agem moralmente (isto é, enfrentam determinados problemas nas suas relações mútuas, tomam decisões e realizam certos atos para resolvê-los e, ao mesmo tempo, julgam ou avaliam de uma ou de outra maneira estas decisões e estes atos), mas também refletem sobre esse comportamento prático e o tomam como objeto da sua reflexão e do seu pensamento. Dá-se assim a passagem do plano da prática moral para o da teoria moral; ou, em outras palavras, da moral efetiva, vivida, para a moral reflexa. Quando se verifica esta passagem, que coincide com os inícios do pensamento filosófico, já estamos propriamente na esfera dos problemas teórico-morais ou éticos. (VÁSQUEZ, 199, p. 17). A conduta moral não tem que se referir apenas à subjetividade do pensamento e comportamento humano, conforme Chauí (1999) é preciso também levar em conta a capacidade de racionalizar e analisar os efeitos das ações praticadas, incluindo assim a conexão subjetiva ao racional. Assim, a conduta ética moral é praticada pelo indivíduo que é capaz de autodeterminar-se e agir de forma consciente. Nas palavras da autora: Ser consciente de si e dos outros, isto é, ser capaz de reflexão e de reconhecer a existência dos outros como sujeitos éticos iguais a ele; Ser dotado de vontade, isto é, de capacidade para controlar e orientar desejos, impulsos, tendências, sentimentos (para que estejam em conformidade com a consciência) e de capacidade para deliberar e decidir entre várias alternativas possíveis; Ser responsável, isto é, reconhecer-se como autor da ação, avaliar os efeitos e consequências dela sobre si e sobre os outros, assumi-la bem como às suas consequências, respondendo por elas; Ser livre, isto é, ser capaz de oferecer-se como causa interna de seus sentimentos atitudes e ações, por não estar submetido a poderes externos que o forcem e o constranjam a sentir, a querer e fazer alguma coisa. A liberdade não é tanto o poder para escolher entre vários possíveis, mas o poder para o autodeterminar-se, dando a si mesmo as regras de conduta (CHAUÍ, 1999, p.337-338). Portanto, podemos dizer que um indivíduo é ético moral quando sabe o que está fazendo e que conhece as causas e finalidades praticadas por suas próprias ações, bem como, o significado de suas intenções e de suas atitudes e a essência dos valores morais. Atingimos assim o limiar do conceito de ética, que segundo Vásquez (1995), ética é a teoria, investigação ou interpretação de uma forma de experiência ou comportamento humano, nomeadamente a moralidade, tendo em conta, porém, totalidade, variedade e diversidade. Ainda segundo Vásquez (1995), a ética torna-se, assim, a legisladora da conduta moral dos indivíduos ou das comunidades. Tendo em vista que a função básica da ética é igual a qualquer teoria, explicar, esclarecer ou investigar uma dada realidade, formulando conceitos correspondentes. Segundo Cortella (2007), a ética determina nossa capacidade de tomar decisões, julgar e avaliar, assim se relaciona com a nossa conduta ou comportamento, bem como as nossas ações. A ética, portanto, pressupõe a capacidade de decidir, julgar e avaliar com autonomia, e assim só podemos falar de ética quando falamos de pessoas. A ética faz parte do cotidiano das pessoas e das sociedades e está enraizada, praticada e desenvolvida nas relações humanas à medida que a sociedade cresce e amadurece. A consciência moral e ética é baseada na conduta ética por parte dos sujeitos, que pode ser escrito em códigos e regras, expresso ou não em documentos, ou um meio de consciência coletiva, e é a premissa da existência e observação usando seus membros (VÁSQUEZ,1995). Como você pode compreender, a ética encontra-se com a experiência social histórica da moral, a partir da prática moral existente, ou seja, através da conduta ela se empenha em determinar a essência da moralidade em relação as condições objetivas e subjetivas do ato moral, como por exemplo, as condições objetivas e subjetivas do comportamento moral, fontes, natureza e papel da avaliação moral Julgamentos morais, os critérios pelos quais esses julgamentos são justificados e os princípios que regem a mudança e a sucessão de diferentes sistemas morais (VÁSQUEZ, 1995). Até aqui você pôde compreender a relação entre a ética e conduta, na qual, podemos observar que os comportamentos dos seres humanos, podem culminar em diversos níveis em uma sociedade. Portanto, os estudos sobre a ética ou conduta ética deverá ser amplamente analisados no âmbito das instituições públicas e estendido às cadeiras acadêmicas, às escolas de base, à formação do cidadão. 4 ÉTICA X MORAL DO PROFISSIONAL DA EDUCAÇÃO FÍSICA Para que o profissional de Educação Física possa falar e agir de forma ética e moral, é preciso diferenciar o certo de errado na qual se relaciona a um fato, visto que a honestidade do ser humano é o atalho a ser escolhido por ele para organizar sua vida na sociedade, e isso é considerado o pilar contribuindo para a formação da personalidade (CREFSP, 2001). Portanto, como caracteriza Figueiredo (2008), a ética é definida como a conduta que um profissional deve agir em uma situação que ele pode avaliar como boa ou ruim, agindo a favor do bem ou do mal. Como já abordado nas aulas anteriores, de acordo com Figueiredo (2008), o nascimento da palavra ethos vem do grego ethos, que seu significado para as características como, caráter, costume, hábito, que quer dizer o modo de ser. E para os romanos, a palavra grega ethos traduzida para o latim mos (ou mores no plural) era a palavra moral, relacionada aos costumes. Portanto, as duas palavras são sinônimas. Desse jeito, a ética é considerada por Feza, Rome e Roma (2002) um conjunto de regras, princípios ou formas de pensar que contribuem para a forma como os profissionais agem individual ou coletivamente. A utilização do termo ética acontece em situações em que o profissional, por meio de contrato firmado, deve apresentar um comportamento ou uma conduta responsável, assim este profissional segue com responsabilidade a um conjunto de regras estabelecidas pela profissão, caso contrário se não houver respeito com o que foi combinado de acordo com a ética, torna-se uma questão antiética. Em relação a essa perspectiva, Bragagnolo (2010) afirma que os valores morais e éticos estão diretamente relacionados à cultura, independentemente de seus costumes ou tradições. Por outro lado, para Barros (2001), a moral refere-se ao comportamento humano e são os princípios existentes que escolhem, regulam e regem a vida humana. Ramos, Oliveira e França (2013) indicam que desde os primórdios do homem existem conceitos de moral e ética, necessários para uma boa convivência nas sociedades, estabelecendo um código de valores entre indivíduos. A moral, é vista como um conjunto de normas e regras da vida cotidianaque determinam o que um indivíduo deve ou não fazer, fazendo com o que ser humano haja imediatamente em suas atitudes (BARROS, 2001). Segundo Figueiredo (2008), a moral denota o bom caráter e boa conduta de acordo com as regras estabelecidas pela sociedade ou por determinado grupo social. Assim, a ética profissional na Educação Física Escolar, tem origem no comportamento do professor. Manifesta-se, por meio de características básicas da vida diária, através da assiduidade, cumprimento das atividades que são propostas pelo ambiente de trabalho, comportamento moral e sócio educativo. Segundo Lioi (2010), ser ético não é uma obrigação, mas uma atitude de bom caráter, significa ter um comportamento disciplinado que pode ser usado em qualquer ambiente social. Um profissional dedicado desenvolve hábitos saudáveis que a maioria das pessoas ao seu redor segue. No entanto, quando falta ética, os professores podem criar um desequilíbrio emocional em seus alunos, reprimindo-os ou tornando-os agressivos e incontroláveis. Para o autor, ser ético é um compromisso que cada indivíduo tem para com a sociedade, e os afetam em quais quer convívios que os demonstre, seja profissional, familiar, social ou cognitivo. Portanto, um professor com conhecimento específico dentro de sua competência deve passar para o aluno com dignidade. Do contrário, ao se descuidar, deixa de ser responsável e torna-se um mau exemplo, degrada a si mesmo e a sua categoria profissional e contribui para o caos no ambiente escolar (SÁ, 2001). Atualmente vivemos uma realidade sem hábitos de vida saudáveis presentes na vida dos alunos. Darido (2004) e outros autores apontam que esse quadro da realidade atual esclarece aos professores de educação física, que eles devem assumir conscientemente a responsabilidade de intervir para reduzir essas estatísticas negativas, por meio de discussões nas aulas de educação física, fazendo perguntas sobre saúde e bem-estar físico e mental, mostrando aos alunos a importância da prática regular de atividade física para uma melhor qualidade de vida, ajudando-os a desfrutar da atividade física em vez de exigi-la, formando cidadãos críticos, praticando a ética e tornando–os conscientes e prontos para aplicar seus conhecimentos dentro e fora da escola . Assim, de acordo com Nahas (2003), o professor de educação física é mais um promotor de saúde escolar, tem a responsabilidade de incluir os princípios da alimentação saudável, prevenção de doenças cardiovasculares e gestão do stress, sensibilizar os alunos para a importância de ter um estilo de vida ativo, com responsabilidade individual de conhecer, querer e agir de forma ética para alcançar os resultados das conexões orgânicas e psicossociais. Portanto, independente das diferenças, é dever do profissional da educação física estimular o desenvolvimento de valores morais, para que o exercício da cidadania seja continuamente legitimado. A colocação da escola nesse contexto social também mostra que ela participa desse processo, embora suas ações sejam limitadas, pois sabe-se que muitas são as instituições sociais envolvidas ou que deveriam estar envolvidas na formação moral do indivíduo (GUÉBER, 2014). Tendo em vista o papel da escolar, neste quesito, podemos dizer que pensar em deixar o papel da escola de fora desse processo, pode desenvolver a ideia de negação, opondo-se às considerações dos (PCNs - Parâmetros Curriculares Nacionais) na qual, mostram que valores e regras são definidos por professores, livros didáticos, Organização institucional, ficha de avaliação, comportamento próprio dos alunos, entre outros (GUÉBER, 2014). Neste contexto, é importante que você saiba que o profissional de educação física com seus valores éticos e morais, podem proporcionar aos seus alunos a oportunidade de vivenciar diferentes formas de organização, tais como, a criação e vivencia de normas e regulamentações de atividades de desempenho de tarefas, além de explorar formas cooperativas de participação, permitindo a transformação desses indivíduos através da pratica desses valores e das atividades que são realizadas, assim, consegue até mudar o meio em que se vive (GUÉBER, 2014). Por fim, essas questões que foram apresentadas acima mostra a importância de agregar conceitos e discussões relacionadas a ética em relação aos conteúdos da disciplina da Educação Física e da pratica, para a construção e o desenvolvimento de indivíduos socialmente equilibrados (GUÉBER, 2014). Dessa forma, o próximo tópico iremos tratar brevemente sobre a intervenção do profissional em educação física. 4.1 Intervenção do profissional em Educação Física A princípio, pode-se afirmar que a educação física caracteriza um campo de saberes e práticas em contínuo processo de consolidação, reconstrução e requalificação. Assim, torna-se cada vez mais necessário objetivar os temas centrais da educação física, as formas de abordá-los e a quem abordá-los. Da mesma forma, é importante melhorar continuamente o ensino superior em Educação Física para qualificar a intervenção profissional e a produção de informações, bem como a articulação técnica e política para ratificar e ampliar o mercado de trabalho da Educação Física (MARTINS, 2015). Tendo em conta uma vasta gama de intervenções por parte dos profissionais da Educação Física e as exigências de uma intervenção de qualidade, é fundamental que adquiram métodos, meios, procedimentos, normas necessárias, atitudes e comportamentos éticos e conhecê-los e aplicá-los para intervir nas especificidades do seu campo de atuação de maneira autônoma, integrando-os ou até mesmo com as equipes multidisciplinares, nas especificidades da sua área de atuação. Para tanto, esses profissionais também devem possuir conhecimentos técnicos, humanísticos, ambientais e histórico-sociais, para que tenham habilidades para compreender, interpretar e intervir na realidade e controlar o uso de métodos, técnicas, instrumentos e recursos que permitem praticar habilidades profissionais. O educador físico licenciado como professor, deve estar pronto para identificar, planejar, programar, organizar, dirigir, coordenar, monitorar, desenvolver, avaliar e ministrar esta disciplina em nível de conteúdo de formação, também pode atuar na educação superior, observada a legislação específica em termos de titulação acadêmica. Na perspectiva da intervenção do bacharel em Educação Física, argumenta-se que os conhecimentos e práticas de atividade física, movimento, esportes, dança e luta atendem aos requisitos decorrentes da alta articulação. Assim, os eixos existentes dessa formação são: educação, saúde, esporte e lazer (MARTINS, 2015). Portanto, ainda que o documento arrisque a repetição e o excesso de detalhamento, vale ressaltar que os egressos do curso de bacharelado em Educação Física, que devem demonstrar, entre outras coisas, aqueles conhecimentos necessários, como as seguintes intervenções: ➢ Monitorar e fazer uma análise dos resultados de pressão arterial, bem como, a frequência cardíaca; ➢ Recolher e interpretar informação relacionada com a atividade física, fatores de risco, qualidade de vida e nível de atividade física, fazer intervenções aplicando escalas de percepção subjetiva de esforço; ➢ Prescrever atividade física em uma intensidade pautada, entre outras coisas, na percepção subjetiva do esforço, na frequência cardíaca de um teste ergométrico ou ergoespirométrico (limiares respiratórios) ou mesmo nos limiares metabólicos, (MARTINS, 2015). Nesta mesma forma de raciocínio sobre as intervenções mencionadas acima, é esperado que esse profissional também tenha a capacidade de: ➢ Estabelecer exercícios; ➢ Manejar ferramentas utilizadas em programas voltadas para atividades físicas; ➢ Introduzir e interpretar os testes de laboratório e de campousados nas avaliações físicas; ➢ Realizar e interpretar a avaliação de medidas antropométricas e trabalhar em equipes multidisciplinares; ➢ Apresentação da área de conhecimento sobre protocolos de testes, fisiologia do exercício e respostas hemodinâmicas ao exercício, entre outros conhecimentos relacionados, (MARTINS, 2015). Este conhecimento, embora não seja o único, é necessário no contexto técnico- científico deste campo, tendo em vista a real necessidade de utilização deste conhecimento em diversas áreas profissionais do bacharel em Educação Física, como por exemplo, treinamento esportivo, da preparação física, da avaliação física, da orientação de atividades físicas individuais e coletivas, da gestão do esporte, e do lazer. Nesse contexto, trata-se da prática voluntária e lúdica de atividades/exercícios físicos, esportes, dança e combate, que visam promover, aprimorar e restaurar aspectos de lazer ativo e bem-estar psicossocial, relações socioculturais da população e meio ambiente, para definir e caracterizar a atuação profissional na área do bacharel de Educação Física na área do lazer (MARTINS, 2015). Fique agora com os aspectos gerais da formação e da intervenção do bacharel em Educação Física que serão apresentadas no quadro 1, a seguir: Quadro 1 - Bacharel em Educação Física. Fonte: confef.org.br Na educação física no curso de licenciatura, a matriz curricular assenta em saberes da educação, das escolas e da prática docente pedagógica e a sua estrutura contempla conteúdos teóricos e práticos da educação física, os quais articulam as dimensões do conhecimento definidas nas Diretrizes Curriculares Nacionais. Para participar, nesta formação, os licenciados devem explorar temas transversais e questões importantes para a sua formação geral, tais como ética, gênero, cidadania, saúde e ambiente, violência, diversidade cultural, entre outros (MARTINS, 2015). O projeto pedagógico do curso de licenciatura em educação física precisa ser integralizado em, no mínimo, quatro anos letivos, sendo o foco maior desta formação a preparação para a docência e a prática pedagógica referenciais dessa formação. Além disto, são confirmados os conhecimentos e práticas da docência e do processo de ensino-aprendizagem, como estruturação do conhecimento geral para a compreensão do conhecimento específico da área (MARTINS, 2015). No âmbito da graduação em educação física e suas possibilidades de formação, seus cursos de licenciatura são entendidos como preparação para a profissão docente segundo uma matriz curricular formada pelo corpo de saberes da educação, das escolas, do ensino e da prática docente. No entanto, a base formativa está ligada a um conjunto de saberes e práticas em educação física para garantir o domínio das teorias, práticas, procedimentos, atitudes típicas do ensino nesta área articuladas nos aspetos biológicos, culturais, didático-pedagógica e técnicos-das ferramentas de movimento humano. Sendo assim, os conhecimentos gerais e específicos se complementam, mas deixam claro a diferença no sentido amplo da educação em relação aos seus objetivos e as finalidades, bem como os sentidos, objetivos e finalidades da educação física, que são desenvolvidas neste contexto da educação básica. Ao assegurar a presença do professor de educação física em toda a educação básica, tais como, (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio) assim, o profissional deve assegurar a integração e a continuidade que deve estar presente no aprendizado da profissão desta disciplina, o que contribuirá com a visão sistêmica que integra o currículo e que também é necessário para a formação dos profissionais que irão lecionar (MARTINS, 2015). No entanto, a intervenção do professor de educação física na educação conforme a educação básica ainda é considerada um desafio, pois, em muitos municípios brasileiros essas atividades não são de sua responsabilidade. Essa realidade estimula os líderes educacionais brasileiros a entender, definir e abraçar o verdadeiro significado da educação física na educação básica. Portanto, o curso de licenciatura em educação física, destina-se a formar professores com autonomia intelectual, especialistas no domínio da intervenção profissional, com um papel transformador da ética e do compromisso com a educação. Para tanto, esses profissionais também devem possuir conhecimento técnico, aspectos humanísticos, ambientais e sociais históricos, para garantir que tenham habilidades para entender, interpretar e intervir na realidade, além de dominar o uso de métodos, técnicas, ferramentas e recursos que possibilitem a prática profissional com responsabilidade (MARTINS, 2015). As intenções almejadas e as responsabilidades esperadas dos licenciados em Educação Física, são suas importantes contribuições para a educação geral de crianças e jovens, proporcionando a aquisição de habilidades motoras e seu desenvolvimento, o hábito da atividade física regular, além de entender que os alunos precisam dessa atividade como parte de um estilo de vida saudável e atitudes relacionadas à manutenção da saúde (MARTINS, 2015). No âmbito da intervenção do professor de educação física, o esporte é utilizado como uma ferramenta de treino privilegiada para o desenvolvimento das capacidades físicas, motoras, cooperação, respeito pelas regras e socialização, mas também para assegurar a disponibilização de informação e valores culturais produzidos pela humanidade no âmbito do esporte. Esse entendimento é baseado em aspectos gerais do fenômeno esportivo, que identificam os esportes de treinamento ou formações como praticas na educação escolar, evitando a seletividade, a competitividade excessiva dos entusiastas com o objetivo de alcançar o desenvolvimento integral do esporte para o exercício da cidadania e a prática do lazer (MARTINS, 2015). Para tanto, alguns princípios devem nortear as intervenções dos professores ao ensinar educação física no contexto da educação física no ensino básico, a saber: ênfase na participação, satisfação, sucesso e desenvolvimento da autoestima, utilizar o esporte como forma de desenvolver a cooperação, autonomia e a associação, levar em conta as limitações físicas, motoras e mentais dos alunos e retirar o jogo escolar dos modelos esportivos de alto rendimento. Portanto, é necessário entender a importância educacional do esporte escolar e os objetivos do projeto político- pedagógico de cada instituição de ensino, o que garante uma abordagem adequada ao utilizar o como conteúdo esportivo. Assim, reitera-se que cabe às instituições formadoras especificar esses conhecimentos, sempre sendo pautado nas Diretrizes Curriculares Nacionais, além de garantir a sinergia entre os objetivos dos currículos e as habilidades e competências determinadas para o profissional a ser formado. Contudo, compreende- se que o processo de preparação para o exercício profissional exige uma atenção constante relacionadas a ética e as normas gerais e orientações complementares dos diferentes setores e organizações com representatividade no contexto nacional da educação superior, bem como as diretrizes que da permissão e regulam as profissões. Levando em consideração que essas normas se apresentam, muitas vezes, múltiplas e complexas (MARTINS, 2015). 5 CÓDIGO DE ÉTICA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA A Educação Física pode ser considerada talvez uma das profissões mais antigas do mundo, no entanto, a regulamentação da mesma aconteceu a pouco tempo com a lei n. º 9.696, de 1 de setembro de 1998. Os profissionais de Educação Física trabalham em uma variedade de campos, com possibilidades cada vez mais crescentes de atividades (CAMARGO, 1999). Hoje em dia, em um mercado altamente competitivo, discute-se o valor da ética e as razões de ser ético. De fato, espera-sede todos, tanto ao nível pessoal como profissional, que sejam éticos e que o seu comportamento seja um exemplo de bem. É assim que surgem os temas morais na educação física, até porque é uma daquelas profissões que exige contato físico (CAMARGO, 1999). Assim, face ao novo interesse pela Ética na Educação Física, surgiu a necessidade da inserção de um Código de Ética para a profissão, o que ocorreu em 1 de setembro de 1998. Embora o Código seja um documento muito importante para os profissionais deste campo e tenha sido aprovado há mais de vinte e cinco anos, a maioria dos Profissionais ainda não tem consciência disso. De acordo com isso, a principal razão para a existência de um código de ética não é apenas no campo da Educação Física, mas como em outros campos, principalmente no campo da saúde, há a necessidade de desenvolver um consenso mínimo entre os profissionais sobre o nível pessoal, individual e subjetivo da prática ética (SADI, 2000). Tendo como suporte a sua estrutura nas Declarações Universais de Direitos Humanos e da Cultura, a Agenda 21, considera a proteção do meio ambiente em relação ao contexto das ligações entre os homens em sociedade, assim como os indicativos da Carta Brasileira de Educação Física e também a legislação referente à Educação Física e a seus profissionais no campo federal, estadual e municipal, esses documentos compõem o alicerce de aplicação da função mediadora do sistema CONFEF - Conselho Federal de Educação Física / CREFs - Conselho Regional de Educação Física no que diz respeito ao Código de Ética (MEIRELLES, 2003). Quanto à construção do código de ética desta área, podemos dizer que foi desenvolvido a partir do estudo da história da existência da profissão, da experiência de profissionais brasileiros e da fundamentação de um grupo específico de profissionais que usam esse conhecimento no país. Assim, foram estabelecidos princípios orientadores para a aplicação do Código de Ética, como instrumento de legitimação e regulamentação do exercício da profissão. Segundo o documento, o profissional de educação física inscrito no CONFEF- Conselho Federal de Educação Física, deve ser um mediador social comprometido com a promoção da saúde e com o compromisso ético com a sociedade; bem como considerar as diretrizes, os direitos e as obrigações estabelecidos pelo sistema CONFEF/CREFs - Conselho Regional de Educação Física, zelando, assim, pela atualização científica, moral e ética da capacidade e competência técnica dos profissionais. Assim, o Código serve como documento de referência para os profissionais que tratam dos princípios e diretrizes para o exercício da profissão e dos direitos e obrigações dos beneficiários e destinatários garantindo a aplicação dos princípios dos direitos universais, respeitando os valores profissionais e pessoais em relação aos valores sociais e ambientais e protegendo a saúde dos beneficiários, fazendo com que os profissionais de Educação Física, sempre estejam conscientes a assumirem suas responsabilidades (MEIRELLES, 2003). Portanto, em virtude da eminência considerável da Educação Física e a preocupação em relação à qualidade dos profissionais que atuam nessa área, foi promulgada a Lei n. 9.696, datada de 1º de setembro de 1998, que dispõe sobre a regulamentação da profissão de educação física e cria os respectivos conselhos federal e conselhos regionais de educação física. Portanto, através da fiscalização dos conselhos observa-se se a conduta do profissional e os procedimentos utilizados estão em acordo com as exigências estabelecidas (MEIRELLES, 2003). Dessa forma, o CONFEF visa oferecer um código de ética humana que contenha regras e princípios que devem ser seguidos pelos profissionais de Educação Física devidamente cadastrados no sistema CONFEF/CREF e que, mediante consentimento, expressem sua plena aceitação dos princípios nele contidos. Conforme Almeida (2004, p. 195), “a ética profissional é um conjunto de princípios que orientam as atividades funcionais de uma profissão”. Essa afirmação sugere que cada profissão possua seu próprio código de conduta, pautado por princípios que devem ser rigorosamente observados sob pena de serem julgados. Neste contexto, qualquer profissão deve ser pautada na técnica, no desenvolvimento profissional e na ética, que pode ser entendida como “um conjunto de valores morais que se aplicam especificamente aplicados à prática de um ofício/atividade” (DRUMOND, 2004, p. 64). No entanto, os educadores preocupam-se sobretudo com as questões da ética profissional porque “a relação entre ética e educação tem dois aspetos distintos, mas complementares: por um lado, a questão dos valores éticos na educação e, por outro lado, o da educação em relação a ética" (WEIL, 2002, p. 81). Nessa mesma linha de pensamento, “a universidade tem o dever de formar a consciência ética dos profissionais que prestam serviços à comunidade”, que introduz alternadamente “nos currículos acadêmicos, uma cadeira de Ética Geral e outra cadeira complementar de Ética profissional” (HERKENHOFF, 1996, p. 17). Assim, de acordo com a lei e pretendendo garantir a população brasileira buscando um serviço de qualidade, instaurou-se o Conselho Federal de Educação Física (CONFEF) e os Conselhos Regionais de Educação Física (CREF’s) a criação de tais conselhos visam dá suporte para a sociedade, como por exemplo, proporcionar a proteção da sociedade, através do exercício profissional, assim a mesma estará equipada com mecanismos de defesa para prevenir a prática profissional leiga e irresponsável (FABIANI, 2009). Todos os profissionais devem ter uma compreensão clara do papel desempenhado pelos comitês profissionais e suas responsabilidades sociais. Na verdade, os conselhos profissionais são instituições que defendem a sociedade pelo seu caráter disciplinar que promove o controle moral e, quando necessário a punição, portanto, buscamos garantir a dignidade e o respeito profissional e exigimos que esses profissionais respeitem a sociedade. Conselho é o órgão fiscalizador e mantenedor da qualidade profissional (FABIANI, 2009). O Conselho Federal de Educação Física (CONFEF) foi instituído pela Lei n. 9.696/98 com seu foco voltado para regular a pratica profissional, assegurar exercício de qualidade e constituir-se em conformidade com órgão de defesa do consumidor no que se refere à área da Educação Física. Assim, De acordo com a Carta Brasileira de Educação Física, o CONFEF e os CREFs, derivam sua influência legal, como compromisso com a lei diante da Educação Física no Brasil, a atuação da Educação Física, acontecerá essencialmente de forma qualificada, e para isso devem intervir aprimorando e valorizando seus profissionais, inclusive seguindo o código de ética estabelecido, completando a sua intervenção com as ações vigorosas e consistentes, como a construção e difusão desta carta brasileira de educação física, para que a Educação Física possa, de fato, alcançar a qualidade objetivada e assim contribuir para uma sociedade cada vez melhor (FABIANI, 2009). Dessa forma, é seguro afirmar que a principal responsabilidade do sistema CONFEF/CREF é buscar e manter a qualidade da educação física, qualificar e avaliar a profissão e fazer com que o disposto no código de ética profissional, que regulam a categoria, sejam colocados em prática. Na lição de Motta (1984), em um dos primeiros trabalhos produzidos sobre o tema no Brasil, um código de ética profissional funciona como um instrumento normativo que reúne as relações de valor existentes entre os ideais éticos delineados e as diversas áreas do comportamento humano. É um contrato de classe e os órgãos de fiscalização do exercício da profissão, que visam o controle desta, baseia-se nas virtudes que devem ser exigidas e respeitadas noexercício da profissão, abrangendo as relações com utentes, colegas, profissões, classes e sociedade. No entanto, o interesse em seguir as orientações acima passa a ser de responsabilidade de cada um, o que tem sido um processo de construção que tem atravessado por décadas a sociedade brasileira, como pode ser constatado pela literatura produzida sobre o tema, que remonta a década 80 e o período de democratização no Brasil. Segundo Almeida (2004, p. 190): “[...] Em 1984, já se podia observar a necessidade de um Código de Ética Profissional de Educação Física no Brasil”. Ainda segundo a indicação da autora, a Carta de Belo Horizonte, documento elaborado por ocasião do II Congresso Brasileiro de Esporte Para Todos é um dos primeiros documentos que expressa essa necessidade. É importante afirmar que documentos como o Código de Ética são mais recentes do que as profissões, pela necessidade de fazer valer os valores coletivos e profissionais frente aos valores pessoais citados. Sua principal função é orientar o comportamento dos profissionais em suas atividades laborais (CAMARGO, 1999). Conforme Camargo (1999), a partir das reflexões anteriores, o código de ética profissional adquire significado. Em primeiro lugar, porque enquadram e sistematizam requisitos éticos em níveis triplos de instrução, disciplina e supervisão. Em segundo lugar, estabelecem parâmetros variáveis e relativos que delineiam os limites inferior e superior de qual comportamento pode ou deve ser considerado normal do ponto de vista ético. Enquanto qualquer profissão visa os interesses de outras pessoas ou clientes, estes códigos visam também os seus interesses, apoiando as suas relações com os profissionais. No entanto, as normas não esgotam o conteúdo e as exigências do comportamento moral na vida, nem sempre expressam o comportamento mais adequado em uma situação particular. O Código é sempre definido, revisto e promulgado de acordo com as realidades sociais de cada época e de cada país, no entanto, seus contornos são traçados a partir de princípios universais e atemporais. O código refere-se à conduta da profissão, a menos que reflita também outro comportamento, por exemplo, se o gerente vier à empresa bêbado. Afinal, os códigos morais por si só não tornam os profissionais melhores, mas servem de luz e guia para o seu comportamento, não apenas seguir as regras cara a cara, mas entender as causas profundas das regras e viver de acordo com elas (CAMARGO, 1999). De acordo com isso, uma vez estabelecido um código de ética para uma classe, todos passam a ser subordinados a ela, punidos por infrações e punidos pelo corpo diretivo encarregado de fiscalizar o exercício profissional. Tal como acontece com o direito penal, os tribunais de moralidade julgam casos que são levados a eles ou que eles ou dos quais tomaram conhecimento através da fiscalização que as instituições promovem (SÁ, 2001). É importante ressaltar que a partir do momento em que houve a implementação do Código de Ética dentro da classe, cada um deve cumprir seu dever, pois as infrações que cometer serão punidas. Para ser claro, um código de ética em si não torna um profissional melhor ou pior em seu campo, serve apenas para orientar o caminho a seguir. Isso significa que o comportamento ético deve ser seguido não só porque está escrito, mas também porque deve ser entendido e seguido para que os profissionais sejam respeitados e bem vistos (SÁ, 2001). Como tal, o código de ética profissional da Educação Física tem como filosofia as discussões dos valores éticos e da formação profissional. Portanto, simplesmente combinar prática e tecnologia não é suficiente. E não é só isso, é preciso se esforçar para ser um grande profissional o mais perfeito possível, tanto técnica quanto eticamente. Ao atuar nas fronteiras entre saúde, educação e humanidade, é fundamental que a profissão de Educação Física, que integre uma ética destas dimensões que defina a ocorrência única e indivisível de saberes e competências no âmbito de uma determinada competência profissional, independentemente do objeto, função, espaço, situação e localização da sua intervenção (FABIANI, 2009). Os profissionais de educação física devem, assim, demonstrar uma dimensão política e uma dimensão técnica, que embora distintas e nitidamente binárias, devem estar sempre articuladas, na base de serem sempre éticos enquanto interventores sociais. Por outro lado, é inegável a necessidade de os profissionais se manterem informados. Os profissionais, devem sempre buscar informações para que não ocorra a exclusão natural (profissional) da sociedade (GERALDES, 1993). Assim, conforme consta no Código de Ética, é dever do profissional estar informado, o que não significa que o CREF tenha a incumbência de acompanhar tal situação mesmo na sua ausência, mas sim uma obrigação do profissional fazê-lo por sua própria consciência Ética. Portanto, é muito importante que você saiba da importância do código de ética do profissional de Educação Física, pois, através dele obtém-se a consciência sobre como o profissional deve agir baseando –se em seu conhecimento teórico e prático, tendo em vista que a ética não é apenas uma norma formal, mas sim uma efetiva realidade (GERALDES, 1993). Como você compreendeu, o código de ética é essencialmente um código que se normatiza conforme os princípios que determina cada profissão, assim, o profissional tem que ter a consciência de suas responsabilidades, deveres e direitos para que possa harmonizar as relações sociais entre as pessoas. Desse modo, os códigos de ética são feitos para enfatizarem os valores que devem ser praticados pelos profissionais. Contudo, no próximo tópico vamos abordar sobre a responsabilidade civil do profissional de educação física. 5.1 Responsabilidade civil do educador físico Hoje em dia, os meios de comunicação ressaltam frequentemente a relevância e os benefícios da atividade física diária, como resultado, as pessoas estão cada vez mais buscando melhorar sua qualidade de vida, o resultado dessa busca por uma vida ativa e saudável é um número crescente de pessoas que iniciam a prática de atividade física, com intuito de melhorar primeiramente a saúde, performance, aparência física e ao mesmo tempo ter um momento de lazer (GOULARTE, 2019). Dessa forma, um profissional de educação física é responsável por prescrever, orientar e supervisionar todos que buscam por uma atividade física, seja, em academias, escolas ou em casos particulares, independente do serviço contratado ou entre outros. Diante das referidas responsabilidades relacionadas aos educadores físicos, decidiu-se que era necessário levantar a questão de sua responsabilidade perante o ordenamento jurídico brasileiro, uma vez que motivaram a justiça a reparar as lesões corporais devido aos tipos de atividades físicas, morais e até mesmo estéticos causados pela negligência e/ou imperícia por parte do profissional durante o desenvolvimento do seu trabalho (GOULARTE, 2019). Como vimos, a educação física engloba um amplo leque de atividades e exercícios físicos, não só os esportes, pois existe todo um conjunto de ciências por trás de todo movimento humano, então vemos que essa profissão é vital por ser considerada a principal responsável para orientação, prática e esportes, bem como, atividade física em todas as formas de esporte. Baseia-se então no fato de que o profissional de Educação Física, é defensor de um estilo de vida saudável, sendo da sua responsabilidade proporcionar um estilo de vida ativo as pessoas beneficiárias, zelando para que os serviços profissionais prestados sejam sempre seguros e atualizados ao máximo de suas habilidades, para melhor capacidade, experiência e conhecimento de seu trabalho. Assim, dada a abrangência da atuação dos profissionais de educação
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