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APOSTILA-COMPLETA-ÉTICA-E-CIDADANIA

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Prévia do material em texto

ÉTICA E CIDADANIA 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da 
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à 
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da 
semana e a hora que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 2 
2 CONCEITO E ORIGEM DA ÉTICA ........................................................................... 4 
2.1 Caráter, virtudes e vícios ...................................................................................... 6 
2.2 Conceito de moral ............................................................................................... 10 
3 CONCEITO DE CIDADANIA .................................................................................. 13 
3.1 Ética e conduta ................................................................................................... 18 
4 ÉTICA X MORAL DO PROFISSIONAL DA EDUCAÇÃO FÍSICA ......................... 20 
4.1 Intervenção do profissional em Educação Física ................................................ 23 
5 CÓDIGO DE ÉTICA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA ...................... 28 
5.1 Responsabilidade civil do educador físico .......................................................... 34 
6 PRINCÍPIOS ÉTICOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO FÍSICA ........................ 36 
6.1 O papel do profissional de educação física......................................................... 42 
7 A PRÁTICA FÍSICA E A PREVENÇÃO AO USO DE DROGAS LÍCITAS E ILÍCITAS
 44 
7.1 Consumo precoce de substâncias ilícitas ........................................................... 45 
7.2 Os profissionais de educação física e a prevenção ao uso de drogas ............... 47 
8 CONCEITO DE DOPING ........................................................................................ 52 
8.1 Motivos para a utilização do doping .................................................................... 53 
8.2 A contribuição da World Anti-Doping Agency - WADA para a defesa da integridade 
desportiva .................................................................................................................. 56 
9 EDUCAÇÃO AMBIENTAL ..................................................................................... 59 
9.1 Educação física e a educação ambiental ............................................................ 63 
9.2 Educação física, saúde e meio ambiente............................................................ 66 
9.3 Atividades na natureza: como possibilidade de conscientização ........................ 67 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 69 
 76 
 
 
 
2 CONCEITO E ORIGEM DA ÉTICA 
A palavra ética se refere ao vocábulo grego éthos, sendo está compreendida 
de várias formas no decorrer dos séculos. Contudo, seu significado consistia de quem 
o estudava e do contexto em que seria inserido. No entanto, para outros, tratava-se 
de caráter que está relacionado a uma espécie de segunda natureza (MOORE, 1975). 
Dessa maneira, para que pudesse evitar conflitos infindáveis, levando em 
consideração o enorme progresso mundial onde reconheceu e difundiu-se o 
significado da ética grega, que foi baseada em um conjunto de hábitos tendo como 
objetivo as ações relacionadas ao bem comum da sociedade. 
A palavra ethos expressa a existência gregra, que permanece presente em 
nossa cultura. Esta palavra que deriva do grego ethos, nesta língua tem duas formas 
de grafia, são elas: ηθοζ (êthos) e εθοζ (éthos). Essa grafia dupla não é gratuita, pois, 
reúne uma variedade de significados que se afastaram de seu significado original ao 
longo do tempo (FIGUEIREDO, 2008). 
Considerando que os autores geralmente não colocam o significado na origem 
desses termos, antes de entrarmos no conceito de ética e moralidade, faremos uma 
breve introdução de sua origem, devido à polêmica sobre o significado de ética. 
Assim, devem-se, em grande parte, aos diversos significados da palavra primitiva 
ethos e à sua tradução para o latim mos (FIGUEIREDO, 2008). 
Essas duas palavras podem ser entendidas em três sentidos: morada ou 
abrigo, caráter ou índole e hábitos ou costumes. Conforme o termo grego ηθοζ (êthos), 
quando escrito com eta (η) inicial, tem dois significados: morada, caráter ou índole. O 
primeiro sentido é a proteção, é o significado mais antigo da palavra que representa 
morada, abrigo ou lugar onde se habita. Foi utilizado em uma primeira vez na poesia 
grega em referência aos animais que habitavam e se criavam. Mais tarde, aplicou-se 
aos povos e aos homens no sentido de seus países (FIGUEIREDO, 2008). 
Em seguida, estende-se à própria morada do homem que se refere a uma 
morada íntima e familiar é ‘casa’, um lugar onde o homem vive, pois, é o local que 
onde é mais favorável de se encontrar o eu real, através dele é representado tudo 
aquilo que uma pessoa faz, tais como: sua disposição, seus hábitos, seu 
 
 
comportamento e suas características. Neste contexto, cada pessoa tem sua própria 
ética. Dessa forma, isso é mais que os acidentes e incidentes da vida, que o diferencia 
de todos os demais (FIGUEIREDO, 2008). 
O segundo significado da palavra ethos faz referência as concepções de 
Aristóteles. Assim, tem seu significado voltado para o senso comum de acordo com a 
tradição filosófica do Ocidente. Essa representação interessa à ética, por estar mais 
próxima do que se pode começar a entender por ética. Êthos significa o modo de ser 
ou caráter. Mas a palavra tem um significado mais amplo do que a associação que 
atribuímos à palavra ética. A ética inclui primeiro as tendências de vida das pessoas, 
caráter, costumes e, naturalmente, também inclui a moralidade das pessoas. De fato, 
pode ser traduzido como um modo de vida no sentido preciso de que difere de um 
simples modo de ser (FIGUEIREDO, 2008). 
No entanto, é preciso usar a palavra ‘caráter’ com cautela, pois, pode ter 
conotações filosóficas, significados psicológicos e estritamente morais. É este último 
que interessa à ética. Segundo Heráclito de Éfeso (séculos VI-V aC), o caráter é um 
conjunto de traços comportamentais e emocionais que definem uma pessoa e são 
persistentes o suficiente para determinar seu destino. Para Kant (724-804), o caráter 
era entendido em termos de sua definição de causa, a lei da causalidade, sob a qual 
as ações estariam ligadas como um todo. Por outro lado, também pode referir-se a 
um conjunto de características psicológicas e/ou morais (positivas ou negativas) que 
caracterizam um indivíduo ou grupo (FIGUEIREDO, 2008). 
Do ponto de vista psicológico, caráter é uma série de qualidades psicológicas 
e emocionais que interferem no comportamento de uma pessoa e a tornam diferente 
das outras, também chamamos isso de personalidade. Refere-se a um conjunto 
específico de características, seu jeito de ser, sua natureza e temperamento. Traços 
que estão mais relacionados com a própria estrutura biológica, ou seja, traçosque 
são mais herdados pela natureza do que traços individuais adquiridos por adaptação 
ao meio social (páthos – do que é inato) (FIGUEIREDO, 2008). 
Mas não é esse sentido da palavra que importa para a ética. O caráter está 
interessado em seu significado moral estrito, ou seja, a disposição fundamental de 
uma pessoa para a vida, em termos de marcar seus hábitos morais (disposições, 
atitudes, virtudes e vícios), seu modo estável é sua marca registrada - são suas 
características - e conferem-lhe propriedades especiais que o distinguem de outros. 
Refere-se a um conjunto de qualidades, boas ou más, que um indivíduo desenvolve 
 
 
gradativamente na vida coletiva (FIGUEIREDO, 2008). 
É esse caráter, não no sentido biológico ou psicológico, senão no modo de ser 
ou forma de vida que se adquire, possui, incorpora ao longo de sua existência, que é 
relevante para a ética. Este modo de ser assume uma dupla dimensão de eternidade 
e dinamismo. No centro de nossa identidade pessoal, está o produto das escolhas 
morais que fazemos ao longo de nossas experiências de vida. Essas escolhas 
moldam nossa perspectiva moral a que classe pertencemos, nossa natureza moral, 
ou seja, a disposição de nos deixarmos mover por algumas razões e não por outras 
(FIGUEIREDO, 2008). 
Diante da dificuldade de interpretar o conteúdo semântico da palavra ethos, não 
é sem razão que os autores tendem a simplificar. Eles definiram a ética como uma 
palavra derivada do espírito grego que significa modo de ser ou caráter, um modo de 
vida adquirido ou conquistado pelos seres humanos. Ou então, a ética é derivada do 
grego ethikos aquilo que se relaciona com o ethos ou caráter (FIGUEIREDO, 2008). 
O segundo termo grego εθοζ (éthos), quando escrito com épsilon (ε) inicial, é 
traduzido por hábitos ou costumes. Este é o éthos social. Tem o significado voltado 
para hábitos, costumes, tradições e fazem referências aos atos concretos e 
particulares, através do qual as pessoas completam e se realizam sobre o projeto de 
vida. Esse significado também afeta a ética, pois, o caráter moral é formado 
justamente, por meio, das escolhas particulares que fazemos em nossa vida cotidiana. 
Assim, é a força da tradição que forma a identidade social. Os hábitos, por sua 
vez, constituem os princípios internos do comportamento. Como diz Aranguren (1972), 
parece haver um círculo êthos-hábitos-atos. Esta é a maneira necessária de resumir 
as duas variantes do significado usual de ethos, sendo a última o princípio da ação, a 
primeira o resultado da ação. Ethos é uma palavra cunhada (χαραҳτρη), cunhado, 
impresso na alma por hábitos. 
2.1 Caráter, virtudes e vícios 
Segundo Aranguren (1972), essa tensão sem contradição entre o êthos caráter 
e o espírito como hábito, definiria o alcance conceitual da ideia central da ética. É por 
isso que, tanto no conceito clássico quanto no moderno, a ética sempre se preocupou 
com comportamentos e hábitos morais no sentido de virtudes e vícios. 
As virtudes podem ser classificadas de acordo com a forma como são 
 
 
adquiridas: intelectuais e morais. As virtudes intelectuais são fruto do ensino, são 
muito artificiais e por isso requerem experiência e tempo para formar o caráter. A 
virtude moral é adquirida por hábito, costume ou experiência. Eles não nascem, são 
adquiridos pela prática, pela interação social, ou seja, vontade de viver ou conviver 
com os outros. 
Com relação à distinção entre virtudes e vícios, explica Korte (1999) que as 
virtudes são pensamentos ou razões positivas que levam a melhores resultados, 
enquanto os vícios são veículos para o fracasso e resultados negativos. Quando 
agimos, seja pela virtude ou pelo vício, agimos moralmente. Porém, a base da 
explicação aqui é que se os costumes (mores) indicam praticar a virtude e praticamos 
o vício, estamos violando a moral, mas a rigor não estamos violando a moral e sim 
violando a ética contra as regras que nos são recomendadas pelos conhecimentos 
trazidos pela ética. 
A ética pode, assim, ser compreendida como a ciência do ordenamento 
adequado das ações humanas de acordo com o último princípio da razão (kathein). 
Estamos, portanto, lidando com uma ciência prática que lida com o comportamento 
real. Esta é a razão da filosofia prática. É a forma de configuração da matéria (ação 
humana). É importante, portanto, saber que a ética não se preocupa com a 
irracionalidade, como sugerem algumas explicações, mas com a razão prática, 
tentando compreender os pontos mais sutis da moralidade em sua racionalidade 
filosófica. Ou seja, os motivos da escolha de determinado comportamento e a base 
para a tomada de decisão (KORTE, 1999). 
A partir desse conceito, e do entendimento de que o comportamento humano 
pode ser estudado sob a ótica da psicologia, da biologia ou da filosofia, pode-se inferir 
que a ética é a reflexão filosófica sobre o comportamento humano em termos de 
comportamento moral. De acordo com a mesma será analisada a natureza dos valores 
morais e a possibilidade de demonstrar sua utilidade na apreciação e orientação de 
nossos comportamentos, vidas e instituições (KORTE, 1999). 
A ética é o estudo da relação entre os indivíduos e seu ambiente. Ou seja, entre 
a coisa individualizada e o mundo ao seu redor, o mundo moral. Ele tenta esclarecer 
e explicar as regras pelas quais o comportamento humano é baseado ou por que algo 
deve ser feito, normas, leis e princípios que regem os fenômenos éticos. Fenômenos 
éticos são todos os eventos que ocorrem na relação entre um indivíduo e seu contexto 
(KORTE, 1999). 
 
 
A ética filosófica, como Cubelles (2002) a entendia, é uma metalinguagem 
sobre a prática humana que tenta descobrir por que algo deve ser feito, levando em 
consideração os valores morais estabelecidos por cada sociedade. Assim, segundo 
Nalini (2014, p.30), a ética é conceituada como “a ciência do comportamento moral do 
homem em sociedade”, uma vez que a perda dos valores morais afeta diretamente a 
dignidade humana, que tem a sua integridade comprometida. 
O homem não pode abandonar a ética, pois, este princípio faz parte do 
comportamento e conduta da convivência humana e social. A moralidade é um dos 
aspectos do comportamento inerente ao homem, que tem a oportunidade de adotar 
esta ou aquela moral, mas nunca viver sem a colocar em prática. A base moral não 
está ligada apenas à experiência, mas é voltada para princípios racionais a 
apriorísticos (ARANHA; MARTINS, 2009). Deve-se notar que o objetivo fundamental 
da ética é a moralidade, já que a moral não é ciência, mas é seu objetivo. 
Antes da doutrina de Sócrates, conhecida como a "era dos pré-socráticos", 
tratava-se do naturalismo, ou seja, o estudo da natureza e do sujeito (MASIP, 2001, 
p.24). Assim, antes de Sócrates o pensamento grego tinha muitos ensinamentos e 
teorias com uma visão abrangente sobre o nascimento do mundo e a natureza da 
realidade. De acordo com isso, essas teorias são fundamentadas nos conhecimentos 
da física, matemática, astronomia e ciências naturais, caracterizadas de maneira 
esplêndida pelas escolas e por seus discípulos. 
Ainda em relação a era dos pré-socráticos, Mario Vitor Santos (2009) enfatiza: 
[...] costumamos reunir esses pensadores sob a denominação de pré-
socráticos; esse termo se deve ao fato de terem vivido em épocas anteriores 
a Sócrates (470 -399 a.C.) e porque formularam problemas fundamentais que 
seriam debatidos pelos grandes mestres da filosofia ateniense durante o ciclo 
posterior, que gerou os autores da República e da Ética, Platão e Aristóteles. 
(SANTOS, 2009, p.40-41). 
Já na época de Sócrates encontramos um deslocamento de interesses. A 
filosofia começa a se interessar pelo sujeito, considerando as suas dimensões éticas 
e políticas no âmbito da formação da pólis. Ensinava-se assim que o conhecimento 
sobre o homem era primordial para seu comportamento ético, nomeadamente a 
capacidade deconsciência moral das relações sociais. (SANTOS, 2009). 
Como nos ensina Mário Vitor Santos (2009), Sócrates enfatiza que o 
conhecimento é uma forma de libertação, sendo inseparável das atitudes morais e 
éticas. Trata-se de uma ética centrada na formação espiritual do sujeito, mas segundo 
 
 
a compreensão de que esse sujeito não tem a existência completa fora das instituições 
políticas e sociais que formam seu mundo circundante (NALINI, 2014, p.54). 
Atualmente, defende-se que a ética contemporânea surgiu em meados dos 
séculos XIX, com objetivo de encontrar o homem concreto, em detrimento do 
formalismo e do universalismo, reconhecimento do comportamento irracional do 
racionalismo absoluto, origem do ser humano em si mesmo, não em uma 
fundamentação transcendente da ética. Diante disso, os princípios atuais dessa ética 
são o existencialismo, pragmatismo, bem como, a psicanálise, marxismo, 
neopositivismo e a filosofia analítica (NALINI, 2014). 
Miguel Reale destaca as dificuldades que as conquistas científicas enfrentam 
em relação à ética, que ordena o comportamento, ou seja, a conduta como uma "teoria 
normativa da ação" (REALE, 1996, p. 385). A ética caracteriza um comportamento 
adotado a partir de um juízo de valor, que pode ser dissociado da realidade para não 
se tornar etéreo. A partir dessa análise, são determinadas as diretivas sobre as ações 
a serem tomadas, e essas diretivas são encontradas com a colaboração de regras e 
princípios que regem a humanidade. É aqui que se encontra o vínculo com a lei, no 
qual se encontram as normas jurídicas legais, representadas por ferramentas que 
regulam o comportamento social. 
É claro que as considerações éticas subjacentes a um pesquisador dependem 
de sua visão e compreensão do significado social de seu trabalho e, no entanto, não 
podem ser desassociados de seus compromissos ideológicos e políticos. Eugenio 
Carlos Callioli (1988) entende que "onde começa o manuseio da técnica pelo homem, 
entra em jogo a responsabilidade ética" (CALLIOLI, 1988, p.77). 
Segundo os ensinamentos de Baunhart (1971), o conceito geral de ética se 
caracteriza por ser "tudo aquilo que está de acordo com os princípios da conduta 
humana, conforme o seu uso em comum, voltado para os aspectos do termo mais ou 
menos utilizados como sinônimos da ética, tais como: moral, bom, certo, justo, 
honesto” (BAUMHART, 1971, p.39). 
Dessa forma, ética é caracterizada como a teoria, conhecimento ou ciência do 
comportamento relacionado a moral, que procura explicar, compreender, justificar e 
criticar a moral ou os costumes de uma sociedade, sendo uma questão filosófica e 
científica, a ética se desenvolve no meio social, portanto, é exatamente na 
convivência, nas relações sociais ao longo da vida e comunitária, que o homem se 
descobre e se realiza como ser moral e ético (CAVALCANTI, documento online). 
 
 
Portanto, até aqui você compreendeu que entender e discutir a ética é 
primordial para viver em sociedade. Visto que, a mesma surge conforme o homem se 
descobre como um ser racional e percebe que precisa assumir as suas 
responsabilidades para sobreviver em sociedade (ANDRADE, 2017). A partir disso, o 
ser humano consegue fazer as suas próprias escolhas, decisões, ações e 
comportamentos que requerem uma avaliação, julgamento, um juízo de valor entre o 
que socialmente é considerado bom ou ruim, justo ou injusto, certo ou errado de 
acordo com a moral vigente (CAVALCANTI, documento online). 
Para que você compreenda melhor sobre ética, no próximo tópico iremos 
abordar sobre a moral, pois, ambas caminham juntas desenvolvendo um conjunto de 
padrões e valores morais de um grupo ou indivíduo, buscando esclarecer a moralidade 
de ato ou ação e diferenciar as ações das imorais e amorais. 
2.2 Conceito de moral 
Como você compreendeu, a ética se associa com as relações morais, sendo 
está o pilar e o princípio da conceituação universal, como por exemplo, ‘ não pego 
aquilo que não é meu’. A moral, por outro lado, é a prática e muito relativa, exemplo 
disso seria, será que roubo ou não? Assim, uma depende da outra. Tendo em vista 
que ética, sempre será uma reflexão crítica sobre os valores presentes nas ações das 
pessoas na sociedade (CREMONESE, 2019). 
É importante que você saiba que a palavra moral é de origem latim moralis que 
está relacionada com a atitude de uma pessoa em relação ás normas, ou seja, as 
regras. Contudo, como a ética é a reflexão filosófica crítica sobre os valores associada 
a melhor forma de viver, por outro lado, a moral é sobre a ação, que sempre será uma 
reflexão que o ser humano faz em primeira pessoa, a partir disso, pode-se refletir 
como por exemplo, consigo mesmo, o que se escolhe para mim mesmo, ou o que se 
pensa para si mesmo. Por outro lado, moralizar é quando julgo a ação de um terceiro. 
O moralizador é aquele que trata da moralidade do próximo, ou seja, o moralismo é a 
avaliação do outro. (CREMONESE, 2019). 
 
Portanto, a moralidade é vista como um mandamento que norteia a nossa vida 
social em relação ao convívio em sociedade. O meus atos e ações precisam ser 
baseados pela ética, porque isso é para o nosso bem. Assim, iremos fazer uma breve 
 
 
demonstração sobre a ética, por exemplo, o que as pessoas diferentes de mim, vão 
dizer? De fato, devemos considerar a ética e a moral, considerando que não 
existiríamos sem a presença e relacionamento com os outros (CREMONESE, 2019). 
Se a ética ensina a não ‘roubar’ ou não ‘pegar o que não me pertence’, a moral 
torna-se uma determinação individual, sobre as condutas do cotidiano, como por 
exemplo, quando encontro uma carteira com dinheiro dentro, devolvo ou não? Mesmo 
assim existem dilemas de como saber se uma ação é boa ou ruim. 
Segundo o filósofo André Comte-Sponville (2002, p. 22), pergunte-se o que 
aconteceria se todos os seres humanos se comportassem como você: “Se todo 
mentisse, se todos praticassem o ato de matar ou torturar, como será que viveria a 
humanidade? Para Comte-Sponville (2002, p. 22), a moral cristã chega talvez mais 
perto do privilégio que a precedeu, “não façais ao outro o que não gostaríeis que o 
outro vos fizesse”. 
Neste contexto, a moral vai além da frase proferida pela personagem de 
Dostoiévski em "Os irmãos Karamázov" (2012) em que diz: “se Deus não existisse, 
tudo seria permitido”. Portanto, nem tudo é permitido ainda que seja descrente. Assim, 
a moral torna-se independente de uma crença religiosa, porque vai além disso. 
Quando uma pessoa faz o bem pelo temor do castigo eterno ou, ao contrário, só 
fizesse o bem à espera de uma recompensa eterna, passa a ser vista como um 
indivíduo medíocre, pois, seria apenas uma situação de egoísmo e prudência. 
 O filósofo Kant (2007) interpretou de forma diferente, dizendo que ações 
moralmente boas são feitas sem esperar nada em troca. Portanto, mesmo que Deus 
não exista, mesmo que não haja nada depois da morte, ela não nos isenta de nossas 
ações e obrigações, ou seja, das ações humanas. Então, em outras palavras, nosso 
único trabalho é ser humano (COMTE-SPONVILLE, 2002). 
A moral sempre nos faz perguntar: posso ou não posso? Dessa forma, quando 
se vive moralmente conseguimos agir de maneira honesta, com dignidade e justiça se 
estivéssemos vivendo de forma invisível, como por exemplo, na história narrada por 
Platão (1999) sobre o anel de Giges, um bom exemplo do agir moral. 
Conta Platão (1999): 
Ele [Giges] um pastor que servia ao então soberano da Lídia. Devido a uma 
grande tempestade e tremor de terra, rasgou-se o solo e abriu-se uma fenda 
no local onde ele apascentava o rebanho. Admirado ao ver tal coisa, desceu 
por lá e contemplou, entre outras maravilhas, um cavalo de bronze, oco, com 
umas aberturas, espreitando através das quais viu lá dentro um cadáver, 
 
 
aparentemente maior do que um homem, e que não tinha mais nada senão 
um anel de ouro na mão. Arrancou-lhe o aneldo dedo e saiu. Ora, como os 
pastores se tivessem reunido, da maneira habitual, a fim de comunicarem ao 
rei, todos os meses, o que dizia respeito aos rebanhos, Giges foi lá também, 
com o seu anel. Estando ele, pois, sentado no meio dos outros, deu por acaso 
uma volta ao engaste do anel para dentro, em direção à parte interna da mão, 
e, ao fazer isso, tornou-se invisível para os que estavam ao lado, os quais 
falavam dele como se se tivesse ido embora. Admirado, passou de novo a 
mão pelo anel e virou para fora o engaste. Assim que o fez, tornou-se visível. 
Tendo observado esses fatos, experimentou a ver se o anel tinha aquele 
poder, e verificou que, se voltasse o engaste para dentro, se tornava invisível; 
se o voltasse para fora, ficava visível. Assim, senhor de si, logo tratou de ser 
um dos delegados que iam junto do rei. Uma vez lá chegado, seduziu a 
mulher do soberano e, com o auxílio dela, atacou-o e matou-o, e assim se 
assenhoreou do poder (PLATÃO, República, Livro II, 1999). 
Vamos imaginar que assim como Giges, ficamos invisíveis de uma hora para 
outra: como você acha que agiria? Ficaria bem ou mal? Você buscaria o prazer, a 
riqueza e os interesses egoístas? Com esse poder em suas mãos da invisibilidade, 
você continuaria respeitando o seu semelhante, a sua propriedade, intimidade e a 
liberdade? A resposta seria de acordo com o agir moral, tendo em vista que mesmo 
sendo uma pessoa invisível, continuaríamos obrigados e proibido, não por interesse 
a algo, mas por ser dever a não praticar o mal e isso se chama moral 
(CREMONESE,2019). 
Moralidade é o que você exige de si mesmo, não por causa dos olhos de outras 
pessoas, por ser vigiado por câmeras ou por ameaças externas de um tipo ou de outro 
(lei ou prisão), mas em nome de algum conceito de bem e mal, do que é certo ou 
errado, ou seja, do dever e do interdito, do inaceitável ou aceitável, enfim, da 
humanidade e de ti (CREMONESE,2019). 
Como caracteriza Comte-Sponville (2002), a moralidade é um conjunto de 
coisas que um indivíduo é obrigado ou se proíbe de fazer, não para aumentar sua 
felicidade ou bem-estar, que nada mais é do que egoísmo, mas para levar em conta 
os interesses ou direitos do outro, ao invés de ser uma pessoa má, para permanecer 
fiel a uma certa ideia de humanidade e de si. 
A moralidade, então, está associada à maneira como nos comportamos, 
independentemente do julgamento do outro. Por fim, a moralidade, ainda segundo 
Comte-Sponville (2002, 2009), uma lei que imponho a mim mesmo, ou como diz 
Taylor (2011, p. 35), “ em certo sentido, a moralidade tem uma voz interior. Enfim, 
como você pôde compreender a ética e a moral estão associadas a valores 
considerados nobres, valores que um ser humano deve sempre ser colocado em alto 
nível, pois o tornam cada vez mais humano em sua relação com outro ser humano. 
 
 
3 CONCEITO DE CIDADANIA 
Antes de começarmos a falar sobre o conceito de cidadania é importante que 
você saiba que ela é uma condição social que engloba três tipos diferentes de direitos 
primordiais em relação ao Estado, são eles: 
 
➢ Direitos civis: o direito à liberdade de expressão, de ser 
informado sobre os acontecimentos, de se reunir, de se organizar, de 
circular sem restrições indevidas e de receber igual tratamento perante 
a Lei. 
➢ Direitos políticos: direitos de votar e disputar cargo em eleição. 
➢ Direitos socioeconômicos: incluem o direito a benefícios e segurança 
social, o direito aos sindicatos, o direito à negociação coletiva com os 
empregadores e até mesmo o direito ao trabalho (BENEDETTI, 2016). 
 
Contudo, o nascimento da cidadania é associado à pólis grega. Os gregos, que 
eram pastores nômades, aos poucos se instalaram em vários lugares e começaram a 
aprimorar suas técnicas agrícolas e de criação de animais, dando origem a cidades 
chamadas pólis (cidades-estados na Grécia antiga), cada cidade tinha autonomia 
política, então cada um era como um país, fazendo suas próprias leis, porém, as leis 
criadas só eram consideradas válidas só em determinada polis (THOMAZ, 2008). 
A política para eles significava a participação de indivíduos na administração 
das pólis, que eles chamavam de monarquia se apenas uma pessoa governasse e se 
era um grupo, chamavam de aristocracia. No ano 500 a.C., o legislador ateniense 
Clístenes reformou a forma de administração, dividindo a cidade em unidades que 
chamou de ‘demos’, para que todos os cidadãos pudessem se reunir em conselhos 
para aprovar leis (THOMAZ, 2008). 
Dessa forma, todos conseguiam ter a sua participação na administração da 
pólis. A partir disso, se deu a origem da democracia, ou seja, o que chamavam de 
governo dos ‘demos’. Conforme as decisões que eram tomadas em assembleias, 
eram necessários que os homens exercessem os poderes de persuasão e de 
convencimento, assim, todos eram iguais, pois, quem tivesse vontade de falar poderia 
falar para a pólis. Á vista disso, no meio público havia a atuação de homens livres com 
participação política, cuja vida coletiva passaram a ser baseada em direitos e deveres. 
 
 
Essa forma de governança é a democracia direta ou participativa, isto é, há a 
participação direta do cidadão na administração (THOMAZ, 2008). 
Segundo Manzini-Covre (1996), mulheres, crianças, escravos e estrangeiros 
não pertenciam aos homens livres, que não tinham direito à participação política, 
apesar de ser sua maioria de noventa por cento da população. No entanto, a cidadania 
era exercida, porque as decisões eram tomadas visando o bem da comunidade e 
coletividade. No período compreendido entre os séculos V e XII, surgiu uma sociedade 
feudal, de carácter rural, onde servos e camponeses, não podiam escolher o seu 
destino, viviam apesar de algumas liberdades sujeitas à vontade do senhor. Naquela 
época, havia um retrocesso nas questões ligadas a cidadania. 
Magazine-Covre (1996) argumenta que com o desenvolvimento da sociedade 
capitalista, no século XV, com a ascensão da burguesia na luta contra o feudalismo, 
o exercício dos direitos civis foi restabelecido, e a ruptura com os direitos foi devido à 
sociedade feudal ser adquirida por nascimento, ou seja, nesta sociedade a classe 
social não tinha a possibilidade de mudança, quem nascia servo, seria a vida toda 
servo. Junto com a revolução burguesa, foi anunciada a Carta Constitucional que 
estabelecia direitos iguais para todos, eliminando a desigualdade e, 
consequentemente, a dignidade dos cidadãos. 
Depois que a burguesia assumiu o poder, ela estabeleceu os três poderes do 
poder, tais como: executivo, legislativo e o poder judiciário, sendo que a maior 
autoridade era do poder legislativo, assim, o Estado passou a ser governado dentro 
dos limites estabelecidos pelas leis dos direitos e deveres do cidadão. Tendo em vista, 
sobre os direitos e deveres a democracia tornou-se representativa, ou seja, as 
pessoas começaram a eleger outras para que pudesse representar seus interesses 
na administração de sua cidade, estado ou país (MAGAZINE-COVRE, 1996). 
Houve muitos avanços e retrocessos na construção da cidadania em toda a 
sociedade capitalista ao longo do tempo, mas é sabido que as leis são importantes e 
fundamentais para a efetivação dos direitos, o que às vezes só acontece por causa 
de depressões sociais que provocam neles mudanças para as necessidades do 
homem de acordo com seu tempo e espaço. Foi nesse caminho que os direitos 
políticos foram consolidados, e esses direitos apareceram na Declaração dos Direitos 
do Homem. É a partir daí, com o surgimento dos sindicatos e grupos organizados, que 
a classe trabalhadora ganhou espaço para suas reivindicações (MAGAZINE-COVRE, 
1996). 
 
 
 Assim, conforme Maria de Lourdes Manzini-Covre (1996), 
[...] cidadania é o próprio direito à vida no sentido pleno. Trata-se de um direito 
que precisa ser construído coletivamente, não só em termos de atendimento 
às necessidades básicas, mas de acessoa todos os níveis de existência, 
incluindo o mais abrangente, o papel do (s) homem (s) no Universo (COVRE, 
1996, p.11). 
O que a cidadania garante é o direito à vida, não apenas a vida física, mas na 
esfera da vida, o ato de submissão humana, que envolve direitos civis, políticos e 
sociais, que na prática se inter-relacionam. Uma vez que os direitos civis são: 
• os direitos que as pessoas têm sobre seus próprios corpos; 
• o direito de acesso; 
• direito à liberdade pessoal, liberdade de movimento; 
• direito propriedade, segurança, acesso à justiça; 
• direito a opinião e expressão, integridade pessoal. 
 
 Os direitos sociais são: o direito de satisfazer as necessidades básicas das 
pessoas, tais como, alimentação, habitação, saúde, educação e lazer, os direitos 
políticos são aqueles permitem às pessoas planejar suas próprias vidas, o direito à 
liberdade de expressão e escolhas políticas e religiosas. Esses direitos devem ser 
aplicados à comunidade do Estado, da nação e do mundo em geral, e só assim a 
cidadania pode ser consolidada na realidade e na legislação (MAGAZINE-COVRE, 
1996). 
Assim para Gilberto Dimenstein (1999) a cidadania é a condição política dos 
direitos e deveres das pessoas coletivamente e com o convívio social. Permite a 
reflexão sobre ações que têm uma consequência social. A cidadania só existe por 
causa da lei, ela viabiliza o direito de ter as próprias ideias e poder expressá-las, o 
direito de votar em que quiser sem interferência. Se caso algo aconteça e ofereça 
algum risco ou importunação, ou até mesmo como por exemplo, um médico cometer 
um erro, o cidadão tem por direito procurar por seus direitos ou até mesmo processar, 
ou em outro exemplo, comprar um produto estragado e receber o dinheiro de volta, 
bem como, não cometer discriminação e nem ser perseguido por ser parte de uma 
determinada religião (DIMENSTEIN, 1999). 
A cidadania reside nas pequenas coisas do quotidiano que nos permitem 
perceber as etapas da cidadania de um povo muitas vezes considerado insignificante, 
mas hoje o ser humano tem esses direitos, e ao longo da história muita gente lutou e 
 
 
até morreu. Os direitos conquistados devem ser constantemente verificados e as 
pessoas não podem ficar caladas se não forem respeitadas. Assim, é viver em uma 
sociedade livre de preconceitos, com dignidade e sem medo de mostrar quem você é 
e no que acredita. 
Para Dermeval Saviani (2002) ser cidadão implica direitos e deveres. Por isso, 
exercer a cidadania exige que as pessoas devem conhecer os seus direitos e os 
deveres, pois, só assim poderão exercer o seu papel de cidadãos, colaborando para 
o seu bem-estar, bem como o da sociedade como um todo. 
Como termo político, “cidadania significa engajamento ativo, responsabilidade. 
Significa fazer a diferença em sua comunidade, sociedade e em seu país" (OLIVEIRA, 
2002, p. 58). Cidadania neste conceito significa que um cidadão não pode esperar que 
outros façam as coisas por ele, ele deve participar de todas as situações da vida social 
e não pode e não deve ser uma pessoa passiva. Se não concordar com algo, ele 
proporá e buscará soluções para melhorar o coletivo ao qual pertence. 
Para Jaime Pinsky (2005): 
Cidadania não é uma definição estanque, mas um conceito histórico, o que 
significa que seu sentido varia no tempo e no espaço. É muito diferente ser 
cidadão na Alemanha, nos Estados Unidos ou no Brasil (para não falar dos 
países em que a palavra é tabu), não apenas pelas regras que define quem 
é ou não titular da cidadania (por direito territorial ou de sangue), mas também 
pelos direitos e deveres distintos que caracterizam o cidadão em cada um 
dos Estados-nacionais contemporâneos (PINSKY, 2005, p.9). 
Nessa definição, Pinsky (2005) mostra que a ação de cidadania tem 
conotações diferentes, dependendo da época e do país. Cada povo constrói a sua 
cidadania, com seus próprios direitos e obrigações. A cidadania não vem de graça e 
é preciso muito esforço para chegar perto do ideal. A cidadania hoje é muito diferente 
do que era no século passado, dado o enorme progresso que foi feito ao longo da 
história da humanidade, onde a cidadania está mudando ocasionalmente devido ao 
avanço tecnológico. 
Portanto, a cidadania é uma das questões mais importantes da atualidade. 
Após um longo período de escuridão no século XX, o fenômeno do “retorno do 
cidadão” se manifestou na década de 1980. Trata-se de preservar sua relevância 
política e teórica em relação a questões que afetam a democracia e os direitos 
humanos (KYMLICKA, NORMAN, 1997, p. 05-06). Seus conceitos básicos são os de 
"cidadania ativa" e "cidadania passiva". Enquanto a primeira designa a participação 
ativa e direta dos cidadãos nas políticas comunitárias, a segunda defende a 
 
 
titularidade (status) dos direitos e obrigações dos cidadãos e sua proteção perante o 
poder público (WALZER, 2001, p. 153-166). 
Nos tempos modernos, prevalecem noções passivas da cidadania. 
Originalmente tipificado pelo modelo de cidadania liberal, que defende um status 
jurídico e vincula a cidadania um Estado nacional que implica a transformação dos 
indivíduos de súditos em cidadãos ao garantir que os direitos civis, sejam protegidos 
por lei, de acordo com seu status no processo produtivo (SANTOS, 2003). 
Segundo Milaré (2004), a compreensão contemporânea da cidadania pode ser 
definida como: 
Simultaneamente individual e social, passiva, como condição legal de 
proteção de direitos à igualdade e à diferença, e ativa como prática desejante 
participativa e deliberativa nas decisões comuns, cujo exercício abrange 
espaços locais, nacionais, transnacionais e global, de modo tal que assegure 
aos cidadãos a condição de membro pleno das comunidades políticas às 
quais pertencem (sejam elas infra estatais, estatais ou supre estatais 
(MILARÉ, 2004, p. 342-343). 
Deste modo, sabendo que através dos interesses coletivos a sociedade se 
torna fortalecida, faz com que as pessoas e as gerações futuras passem a ser vistas 
como pessoas de direito, promovendo o respeito entre elas e a sua valorização como 
cidadãos. Enfim, é necessário que você saiba que a cidadania não vem só com 
direitos, o seu exercício implica também no cumprimento de deveres, cujo objetivo é 
que uns não prejudiquem ou impeçam outros de exercer os seus direitos, e que o não 
coloque em risco as liberdades individuais e coletivas. Por outro lado, não há 
cidadania se houver apenas deveres a serem cumpridos que atentem contra 
liberdades e sufoquem direitos. 
Até aqui você compreendeu um pouco sobre o conceito de cidadania, contudo, 
a cidadania também quer dizer respeitar e obedecer às leis e as normas que se 
relacionam com a vida em sociedade e o bem comum. Deste modo, iremos tratar 
sobre a ética e conduta. 
 
 
3.1 Ética e conduta 
A conduta ou um comportamento pode ser pensado como a maneira como as 
pessoas se expressam em um sentido amplo e geral. De acordo com Antônio Lopes 
Sá (1998), a conduta de uma pessoa é sua resposta a estímulos mentais, ou seja, é 
uma ação que segue as ordens do cérebro. Este fenômeno não deve ser confundido 
com comportamento simples. 
O comportamento também é uma resposta a um estímulo no cérebro, por mais 
persistente que seja, sempre ocorre da mesma forma, diferente da conduta que está 
sujeito há variabilidade de efeitos. Nesse sentido, a ética é o estudo das ações 
variáveis, observáveis e dirigidas pelo cérebro que representam a conduta humana, 
(SÁ, 1998). 
A conduta ética exige do ser humano um estado de consciência, ou seja, uma 
pessoa que saiba a diferença entre o bem e o mal, certo e errado, sobre o que é 
permitido, virtude e vício (SÁ, 1998). 
Como já mencionamos na aula anterior, a conduta do ser humano se relaciona 
com a moral, portanto, o caráter do sujeito determina a origem da moral, Singer (2002, 
p.42), pode ser compreendida como “ um conjunto de práticas históricas esociais”. A 
moral é definida como um sistema de normas, princípios e valores. E de acordo com 
tais regras, regulam-se as relações mútuas entre indivíduos ou entre indivíduos e 
comunidades, de modo que essas normas históricas e sociais, sejam observadas livre 
e conscientemente, com uma crença íntima e não mecânica, externa ou impessoal. 
Caráter, então, refere-se às qualidades pessoais de cada um que determinam 
quais virtudes e quais vícios são capazes de praticar. Portanto, dizem respeito ao 
senso moral e à consciência ética do indivíduo (CHAUÍ, 1999). 
A moral em relação ao conflito social surge da subjetividade, porque se 
desenvolve profundamente dentro de cada indivíduo, e é formada na aceitação 
coletiva de grupos de indivíduos que vivem em sociedade em um determinado período 
histórico, e não há totalidade moral absoluta, para todos os homens, uma vez que a 
moral absoluta depende da aceitação de todos os indivíduos onde não há desacordo 
e aceitação de conceitos morais (BARROCO, 2001). 
 
Os homens não só agem moralmente (isto é, enfrentam determinados 
problemas nas suas relações mútuas, tomam decisões e realizam certos atos 
para resolvê-los e, ao mesmo tempo, julgam ou avaliam de uma ou de outra 
 
 
maneira estas decisões e estes atos), mas também refletem sobre esse 
comportamento prático e o tomam como objeto da sua reflexão e do seu 
pensamento. Dá-se assim a passagem do plano da prática moral para o da 
teoria moral; ou, em outras palavras, da moral efetiva, vivida, para a moral 
reflexa. Quando se verifica esta passagem, que coincide com os inícios do 
pensamento filosófico, já estamos propriamente na esfera dos problemas 
teórico-morais ou éticos. (VÁSQUEZ, 199, p. 17). 
A conduta moral não tem que se referir apenas à subjetividade do pensamento 
e comportamento humano, conforme Chauí (1999) é preciso também levar em 
conta a capacidade de racionalizar e analisar os efeitos das ações praticadas, 
incluindo assim a conexão subjetiva ao racional. Assim, a conduta ética moral é 
praticada pelo indivíduo que é capaz de autodeterminar-se e agir de forma consciente. 
Nas palavras da autora: 
Ser consciente de si e dos outros, isto é, ser capaz de reflexão e de 
reconhecer a existência dos outros como sujeitos éticos iguais a ele; Ser 
dotado de vontade, isto é, de capacidade para controlar e orientar desejos, 
impulsos, tendências, sentimentos (para que estejam em conformidade com 
a consciência) e de capacidade para deliberar e decidir entre várias 
alternativas possíveis; Ser responsável, isto é, reconhecer-se como autor da 
ação, avaliar os efeitos e consequências dela sobre si e sobre os outros, 
assumi-la bem como às suas consequências, respondendo por elas; Ser livre, 
isto é, ser capaz de oferecer-se como causa interna de seus sentimentos 
atitudes e ações, por não estar submetido a poderes externos que o forcem 
e o constranjam a sentir, a querer e fazer alguma coisa. A liberdade não é 
tanto o poder para escolher entre vários possíveis, mas o poder para o 
autodeterminar-se, dando a si mesmo as regras de conduta (CHAUÍ, 1999, 
p.337-338). 
Portanto, podemos dizer que um indivíduo é ético moral quando sabe o que 
está fazendo e que conhece as causas e finalidades praticadas por suas próprias 
ações, bem como, o significado de suas intenções e de suas atitudes e a essência 
dos valores morais. 
Atingimos assim o limiar do conceito de ética, que segundo Vásquez (1995), 
ética é a teoria, investigação ou interpretação de uma forma de experiência ou 
comportamento humano, nomeadamente a moralidade, tendo em conta, porém, 
totalidade, variedade e diversidade. Ainda segundo Vásquez (1995), a ética torna-se, 
assim, a legisladora da conduta moral dos indivíduos ou das comunidades. Tendo em 
vista que a função básica da ética é igual a qualquer teoria, explicar, esclarecer ou 
investigar uma dada realidade, formulando conceitos correspondentes. 
Segundo Cortella (2007), a ética determina nossa capacidade de tomar 
decisões, julgar e avaliar, assim se relaciona com a nossa conduta ou comportamento, 
bem como as nossas ações. A ética, portanto, pressupõe a capacidade de decidir, 
 
 
julgar e avaliar com autonomia, e assim só podemos falar de ética quando falamos de 
pessoas. 
A ética faz parte do cotidiano das pessoas e das sociedades e está enraizada, 
praticada e desenvolvida nas relações humanas à medida que a sociedade cresce e 
amadurece. A consciência moral e ética é baseada na conduta ética por parte dos 
sujeitos, que pode ser escrito em códigos e regras, expresso ou não em documentos, 
ou um meio de consciência coletiva, e é a premissa da existência e observação 
usando seus membros (VÁSQUEZ,1995). 
Como você pode compreender, a ética encontra-se com a experiência social 
histórica da moral, a partir da prática moral existente, ou seja, através da conduta ela 
se empenha em determinar a essência da moralidade em relação as condições 
objetivas e subjetivas do ato moral, como por exemplo, as condições objetivas e 
subjetivas do comportamento moral, fontes, natureza e papel da avaliação moral 
Julgamentos morais, os critérios pelos quais esses julgamentos são justificados e os 
princípios que regem a mudança e a sucessão de diferentes sistemas morais 
(VÁSQUEZ, 1995). 
Até aqui você pôde compreender a relação entre a ética e conduta, na qual, 
podemos observar que os comportamentos dos seres humanos, podem culminar em 
diversos níveis em uma sociedade. Portanto, os estudos sobre a ética ou conduta 
ética deverá ser amplamente analisados no âmbito das instituições públicas e 
estendido às cadeiras acadêmicas, às escolas de base, à formação do cidadão. 
4 ÉTICA X MORAL DO PROFISSIONAL DA EDUCAÇÃO FÍSICA 
Para que o profissional de Educação Física possa falar e agir de forma ética e 
moral, é preciso diferenciar o certo de errado na qual se relaciona a um fato, visto que 
a honestidade do ser humano é o atalho a ser escolhido por ele para organizar sua 
vida na sociedade, e isso é considerado o pilar contribuindo para a formação da 
personalidade (CREFSP, 2001). 
Portanto, como caracteriza Figueiredo (2008), a ética é definida como a 
conduta que um profissional deve agir em uma situação que ele pode avaliar como 
boa ou ruim, agindo a favor do bem ou do mal. Como já abordado nas aulas anteriores, 
de acordo com Figueiredo (2008), o nascimento da palavra ethos vem do grego ethos, 
 
 
que seu significado para as características como, caráter, costume, hábito, que quer 
dizer o modo de ser. E para os romanos, a palavra grega ethos traduzida para o latim 
mos (ou mores no plural) era a palavra moral, relacionada aos costumes. Portanto, as 
duas palavras são sinônimas. 
Desse jeito, a ética é considerada por Feza, Rome e Roma (2002) um conjunto 
de regras, princípios ou formas de pensar que contribuem para a forma como os 
profissionais agem individual ou coletivamente. A utilização do termo ética acontece 
em situações em que o profissional, por meio de contrato firmado, deve apresentar 
um comportamento ou uma conduta responsável, assim este profissional segue com 
responsabilidade a um conjunto de regras estabelecidas pela profissão, caso contrário 
se não houver respeito com o que foi combinado de acordo com a ética, torna-se uma 
questão antiética. 
Em relação a essa perspectiva, Bragagnolo (2010) afirma que os valores 
morais e éticos estão diretamente relacionados à cultura, independentemente de seus 
costumes ou tradições. Por outro lado, para Barros (2001), a moral refere-se ao 
comportamento humano e são os princípios existentes que escolhem, regulam e 
regem a vida humana. 
 Ramos, Oliveira e França (2013) indicam que desde os primórdios do homem 
existem conceitos de moral e ética, necessários para uma boa convivência nas 
sociedades, estabelecendo um código de valores entre indivíduos. 
 
 
A moral, é vista como um conjunto de normas e regras da vida cotidianaque 
determinam o que um indivíduo deve ou não fazer, fazendo com o que ser humano 
haja imediatamente em suas atitudes (BARROS, 2001). 
Segundo Figueiredo (2008), a moral denota o bom caráter e boa conduta de 
acordo com as regras estabelecidas pela sociedade ou por determinado grupo social. 
Assim, a ética profissional na Educação Física Escolar, tem origem no comportamento 
do professor. Manifesta-se, por meio de características básicas da vida diária, através 
da assiduidade, cumprimento das atividades que são propostas pelo ambiente de 
trabalho, comportamento moral e sócio educativo. 
Segundo Lioi (2010), ser ético não é uma obrigação, mas uma atitude de bom 
caráter, significa ter um comportamento disciplinado que pode ser usado em qualquer 
ambiente social. Um profissional dedicado desenvolve hábitos saudáveis que a 
 
 
maioria das pessoas ao seu redor segue. No entanto, quando falta ética, os 
professores podem criar um desequilíbrio emocional em seus alunos, reprimindo-os 
ou tornando-os agressivos e incontroláveis. Para o autor, ser ético é um compromisso 
que cada indivíduo tem para com a sociedade, e os afetam em quais quer convívios 
que os demonstre, seja profissional, familiar, social ou cognitivo. 
Portanto, um professor com conhecimento específico dentro de sua 
competência deve passar para o aluno com dignidade. Do contrário, ao se descuidar, 
deixa de ser responsável e torna-se um mau exemplo, degrada a si mesmo e a sua 
categoria profissional e contribui para o caos no ambiente escolar (SÁ, 2001). 
Atualmente vivemos uma realidade sem hábitos de vida saudáveis presentes 
na vida dos alunos. Darido (2004) e outros autores apontam que esse quadro da 
realidade atual esclarece aos professores de educação física, que eles devem 
assumir conscientemente a responsabilidade de intervir para reduzir essas 
estatísticas negativas, por meio de discussões nas aulas de educação física, fazendo 
perguntas sobre saúde e bem-estar físico e mental, mostrando aos alunos a 
importância da prática regular de atividade física para uma melhor qualidade de vida, 
ajudando-os a desfrutar da atividade física em vez de exigi-la, formando cidadãos 
críticos, praticando a ética e tornando–os conscientes e prontos para aplicar seus 
conhecimentos dentro e fora da escola . 
 
 
 
Assim, de acordo com Nahas (2003), o professor de educação física é mais um 
promotor de saúde escolar, tem a responsabilidade de incluir os princípios da 
alimentação saudável, prevenção de doenças cardiovasculares e gestão do stress, 
sensibilizar os alunos para a importância de ter um estilo de vida ativo, com 
responsabilidade individual de conhecer, querer e agir de forma ética para alcançar 
os resultados das conexões orgânicas e psicossociais. 
Portanto, independente das diferenças, é dever do profissional da educação 
física estimular o desenvolvimento de valores morais, para que o exercício da 
cidadania seja continuamente legitimado. A colocação da escola nesse contexto 
social também mostra que ela participa desse processo, embora suas ações sejam 
limitadas, pois sabe-se que muitas são as instituições sociais envolvidas ou que 
deveriam estar envolvidas na formação moral do indivíduo (GUÉBER, 2014). 
 
 
Tendo em vista o papel da escolar, neste quesito, podemos dizer que pensar 
em deixar o papel da escola de fora desse processo, pode desenvolver a ideia de 
negação, opondo-se às considerações dos (PCNs - Parâmetros Curriculares 
Nacionais) na qual, mostram que valores e regras são definidos por professores, livros 
didáticos, Organização institucional, ficha de avaliação, comportamento próprio dos 
alunos, entre outros (GUÉBER, 2014). 
Neste contexto, é importante que você saiba que o profissional de educação 
física com seus valores éticos e morais, podem proporcionar aos seus alunos a 
oportunidade de vivenciar diferentes formas de organização, tais como, a criação e 
vivencia de normas e regulamentações de atividades de desempenho de tarefas, além 
de explorar formas cooperativas de participação, permitindo a transformação desses 
indivíduos através da pratica desses valores e das atividades que são realizadas, 
assim, consegue até mudar o meio em que se vive (GUÉBER, 2014). 
Por fim, essas questões que foram apresentadas acima mostra a importância 
de agregar conceitos e discussões relacionadas a ética em relação aos conteúdos da 
disciplina da Educação Física e da pratica, para a construção e o desenvolvimento de 
indivíduos socialmente equilibrados (GUÉBER, 2014). Dessa forma, o próximo tópico 
iremos tratar brevemente sobre a intervenção do profissional em educação física. 
 
 
4.1 Intervenção do profissional em Educação Física 
A princípio, pode-se afirmar que a educação física caracteriza um campo de 
saberes e práticas em contínuo processo de consolidação, reconstrução e 
requalificação. Assim, torna-se cada vez mais necessário objetivar os temas centrais 
da educação física, as formas de abordá-los e a quem abordá-los. Da mesma forma, 
é importante melhorar continuamente o ensino superior em Educação Física para 
qualificar a intervenção profissional e a produção de informações, bem como a 
articulação técnica e política para ratificar e ampliar o mercado de trabalho da 
Educação Física (MARTINS, 2015). 
Tendo em conta uma vasta gama de intervenções por parte dos profissionais 
da Educação Física e as exigências de uma intervenção de qualidade, é fundamental 
que adquiram métodos, meios, procedimentos, normas necessárias, atitudes e 
 
 
comportamentos éticos e conhecê-los e aplicá-los para intervir nas especificidades do 
seu campo de atuação de maneira autônoma, integrando-os ou até mesmo com as 
equipes multidisciplinares, nas especificidades da sua área de atuação. Para tanto, 
esses profissionais também devem possuir conhecimentos técnicos, humanísticos, 
ambientais e histórico-sociais, para que tenham habilidades para compreender, 
interpretar e intervir na realidade e controlar o uso de métodos, técnicas, instrumentos 
e recursos que permitem praticar habilidades profissionais. 
O educador físico licenciado como professor, deve estar pronto para identificar, 
planejar, programar, organizar, dirigir, coordenar, monitorar, desenvolver, avaliar e 
ministrar esta disciplina em nível de conteúdo de formação, também pode atuar na 
educação superior, observada a legislação específica em termos de titulação 
acadêmica. Na perspectiva da intervenção do bacharel em Educação Física, 
argumenta-se que os conhecimentos e práticas de atividade física, movimento, 
esportes, dança e luta atendem aos requisitos decorrentes da alta articulação. Assim, 
os eixos existentes dessa formação são: educação, saúde, esporte e lazer (MARTINS, 
2015). 
Portanto, ainda que o documento arrisque a repetição e o excesso de 
detalhamento, vale ressaltar que os egressos do curso de bacharelado em Educação 
Física, que devem demonstrar, entre outras coisas, aqueles conhecimentos 
necessários, como as seguintes intervenções: 
➢ Monitorar e fazer uma análise dos resultados de pressão arterial, bem 
como, a frequência cardíaca; 
➢ Recolher e interpretar informação relacionada com a atividade física, 
fatores de risco, qualidade de vida e nível de atividade física, fazer 
intervenções aplicando escalas de percepção subjetiva de esforço; 
➢ Prescrever atividade física em uma intensidade pautada, entre outras 
coisas, na percepção subjetiva do esforço, na frequência cardíaca de um 
teste ergométrico ou ergoespirométrico (limiares respiratórios) ou 
mesmo nos limiares metabólicos, (MARTINS, 2015). 
 
Nesta mesma forma de raciocínio sobre as intervenções mencionadas acima, 
é esperado que esse profissional também tenha a capacidade de: 
 
➢ Estabelecer exercícios; 
 
 
➢ Manejar ferramentas utilizadas em programas voltadas para atividades 
físicas; 
➢ Introduzir e interpretar os testes de laboratório e de campousados nas 
avaliações físicas; 
➢ Realizar e interpretar a avaliação de medidas antropométricas e 
trabalhar em equipes multidisciplinares; 
➢ Apresentação da área de conhecimento sobre protocolos de testes, 
fisiologia do exercício e respostas hemodinâmicas ao exercício, entre 
outros conhecimentos relacionados, (MARTINS, 2015). 
 
Este conhecimento, embora não seja o único, é necessário no contexto técnico-
científico deste campo, tendo em vista a real necessidade de utilização deste 
conhecimento em diversas áreas profissionais do bacharel em Educação Física, como 
por exemplo, treinamento esportivo, da preparação física, da avaliação física, da 
orientação de atividades físicas individuais e coletivas, da gestão do esporte, e do 
lazer. Nesse contexto, trata-se da prática voluntária e lúdica de atividades/exercícios 
físicos, esportes, dança e combate, que visam promover, aprimorar e restaurar 
aspectos de lazer ativo e bem-estar psicossocial, relações socioculturais da população 
e meio ambiente, para definir e caracterizar a atuação profissional na área do bacharel 
de Educação Física na área do lazer (MARTINS, 2015). 
Fique agora com os aspectos gerais da formação e da intervenção do bacharel 
em Educação Física que serão apresentadas no quadro 1, a seguir: 
 
 
 
 
 
 
Quadro 1 - Bacharel em Educação Física. 
 
 
 
 
Fonte: confef.org.br 
Na educação física no curso de licenciatura, a matriz curricular assenta em 
saberes da educação, das escolas e da prática docente pedagógica e a sua estrutura 
contempla conteúdos teóricos e práticos da educação física, os quais articulam as 
dimensões do conhecimento definidas nas Diretrizes Curriculares Nacionais. Para 
participar, nesta formação, os licenciados devem explorar temas transversais e 
questões importantes para a sua formação geral, tais como ética, gênero, cidadania, 
saúde e ambiente, violência, diversidade cultural, entre outros (MARTINS, 2015). 
O projeto pedagógico do curso de licenciatura em educação física precisa ser 
integralizado em, no mínimo, quatro anos letivos, sendo o foco maior desta formação 
a preparação para a docência e a prática pedagógica referenciais dessa formação. 
Além disto, são confirmados os conhecimentos e práticas da docência e do processo 
de ensino-aprendizagem, como estruturação do conhecimento geral para a 
compreensão do conhecimento específico da área (MARTINS, 2015). 
No âmbito da graduação em educação física e suas possibilidades de 
formação, seus cursos de licenciatura são entendidos como preparação para a 
profissão docente segundo uma matriz curricular formada pelo corpo de saberes da 
 
 
educação, das escolas, do ensino e da prática docente. No entanto, a base formativa 
está ligada a um conjunto de saberes e práticas em educação física para garantir o 
domínio das teorias, práticas, procedimentos, atitudes típicas do ensino nesta área 
articuladas nos aspetos biológicos, culturais, didático-pedagógica e técnicos-das 
ferramentas de movimento humano. 
Sendo assim, os conhecimentos gerais e específicos se complementam, mas 
deixam claro a diferença no sentido amplo da educação em relação aos seus objetivos 
e as finalidades, bem como os sentidos, objetivos e finalidades da educação física, 
que são desenvolvidas neste contexto da educação básica. Ao assegurar a presença 
do professor de educação física em toda a educação básica, tais como, (educação 
infantil, ensino fundamental e ensino médio) assim, o profissional deve assegurar a 
integração e a continuidade que deve estar presente no aprendizado da profissão 
desta disciplina, o que contribuirá com a visão sistêmica que integra o currículo e que 
também é necessário para a formação dos profissionais que irão lecionar (MARTINS, 
2015). 
No entanto, a intervenção do professor de educação física na educação 
conforme a educação básica ainda é considerada um desafio, pois, em muitos 
municípios brasileiros essas atividades não são de sua responsabilidade. Essa 
realidade estimula os líderes educacionais brasileiros a entender, definir e abraçar o 
verdadeiro significado da educação física na educação básica. 
Portanto, o curso de licenciatura em educação física, destina-se a formar 
professores com autonomia intelectual, especialistas no domínio da intervenção 
profissional, com um papel transformador da ética e do compromisso com a educação. 
Para tanto, esses profissionais também devem possuir conhecimento técnico, 
aspectos humanísticos, ambientais e sociais históricos, para garantir que tenham 
habilidades para entender, interpretar e intervir na realidade, além de dominar o uso 
de métodos, técnicas, ferramentas e recursos que possibilitem a prática profissional 
com responsabilidade (MARTINS, 2015). 
As intenções almejadas e as responsabilidades esperadas dos licenciados em 
Educação Física, são suas importantes contribuições para a educação geral de 
crianças e jovens, proporcionando a aquisição de habilidades motoras e seu 
desenvolvimento, o hábito da atividade física regular, além de entender que os alunos 
precisam dessa atividade como parte de um estilo de vida saudável e atitudes 
relacionadas à manutenção da saúde (MARTINS, 2015). 
 
 
No âmbito da intervenção do professor de educação física, o esporte é utilizado 
como uma ferramenta de treino privilegiada para o desenvolvimento das capacidades 
físicas, motoras, cooperação, respeito pelas regras e socialização, mas também para 
assegurar a disponibilização de informação e valores culturais produzidos pela 
humanidade no âmbito do esporte. Esse entendimento é baseado em aspectos gerais 
do fenômeno esportivo, que identificam os esportes de treinamento ou formações 
como praticas na educação escolar, evitando a seletividade, a competitividade 
excessiva dos entusiastas com o objetivo de alcançar o desenvolvimento integral do 
esporte para o exercício da cidadania e a prática do lazer (MARTINS, 2015). 
Para tanto, alguns princípios devem nortear as intervenções dos professores 
ao ensinar educação física no contexto da educação física no ensino básico, a saber: 
ênfase na participação, satisfação, sucesso e desenvolvimento da autoestima, utilizar 
o esporte como forma de desenvolver a cooperação, autonomia e a associação, levar 
em conta as limitações físicas, motoras e mentais dos alunos e retirar o jogo escolar 
dos modelos esportivos de alto rendimento. Portanto, é necessário entender a 
importância educacional do esporte escolar e os objetivos do projeto político-
pedagógico de cada instituição de ensino, o que garante uma abordagem adequada 
ao utilizar o como conteúdo esportivo. 
Assim, reitera-se que cabe às instituições formadoras especificar esses 
conhecimentos, sempre sendo pautado nas Diretrizes Curriculares Nacionais, além 
de garantir a sinergia entre os objetivos dos currículos e as habilidades e 
competências determinadas para o profissional a ser formado. Contudo, compreende-
se que o processo de preparação para o exercício profissional exige uma atenção 
constante relacionadas a ética e as normas gerais e orientações complementares dos 
diferentes setores e organizações com representatividade no contexto nacional da 
educação superior, bem como as diretrizes que da permissão e regulam as profissões. 
Levando em consideração que essas normas se apresentam, muitas vezes, múltiplas 
e complexas (MARTINS, 2015). 
 
5 CÓDIGO DE ÉTICA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA 
 
 
 
A Educação Física pode ser considerada talvez uma das profissões mais 
antigas do mundo, no entanto, a regulamentação da mesma aconteceu a pouco tempo 
com a lei n. º 9.696, de 1 de setembro de 1998. Os profissionais de Educação Física 
trabalham em uma variedade de campos, com possibilidades cada vez mais 
crescentes de atividades (CAMARGO, 1999). 
Hoje em dia, em um mercado altamente competitivo, discute-se o valor da ética 
e as razões de ser ético. De fato, espera-sede todos, tanto ao nível pessoal como 
profissional, que sejam éticos e que o seu comportamento seja um exemplo de bem. É 
assim que surgem os temas morais na educação física, até porque é uma daquelas 
profissões que exige contato físico (CAMARGO, 1999). 
Assim, face ao novo interesse pela Ética na Educação Física, surgiu a 
necessidade da inserção de um Código de Ética para a profissão, o que ocorreu em 
1 de setembro de 1998. Embora o Código seja um documento muito importante para 
os profissionais deste campo e tenha sido aprovado há mais de vinte e cinco anos, a 
maioria dos Profissionais ainda não tem consciência disso. 
De acordo com isso, a principal razão para a existência de um código de ética 
não é apenas no campo da Educação Física, mas como em outros campos, 
principalmente no campo da saúde, há a necessidade de desenvolver um consenso 
mínimo entre os profissionais sobre o nível pessoal, individual e subjetivo da prática 
ética (SADI, 2000). 
Tendo como suporte a sua estrutura nas Declarações Universais de Direitos 
Humanos e da Cultura, a Agenda 21, considera a proteção do meio ambiente em 
relação ao contexto das ligações entre os homens em sociedade, assim como os 
indicativos da Carta Brasileira de Educação Física e também a legislação referente à 
Educação Física e a seus profissionais no campo federal, estadual e municipal, esses 
documentos compõem o alicerce de aplicação da função mediadora do sistema 
CONFEF - Conselho Federal de Educação Física / CREFs - Conselho Regional de 
Educação Física no que diz respeito ao Código de Ética (MEIRELLES, 2003). 
 
 
 
Quanto à construção do código de ética desta área, podemos dizer que foi 
desenvolvido a partir do estudo da história da existência da profissão, da experiência 
de profissionais brasileiros e da fundamentação de um grupo específico de 
 
 
profissionais que usam esse conhecimento no país. 
Assim, foram estabelecidos princípios orientadores para a aplicação do Código 
de Ética, como instrumento de legitimação e regulamentação do exercício da 
profissão. Segundo o documento, o profissional de educação física inscrito no 
CONFEF- Conselho Federal de Educação Física, deve ser um mediador social 
comprometido com a promoção da saúde e com o compromisso ético com a 
sociedade; bem como considerar as diretrizes, os direitos e as obrigações 
estabelecidos pelo sistema CONFEF/CREFs - Conselho Regional de Educação 
Física, zelando, assim, pela atualização científica, moral e ética da capacidade e 
competência técnica dos profissionais. 
Assim, o Código serve como documento de referência para os profissionais que 
tratam dos princípios e diretrizes para o exercício da profissão e dos direitos e 
obrigações dos beneficiários e destinatários garantindo a aplicação dos princípios dos 
direitos universais, respeitando os valores profissionais e pessoais em relação aos 
valores sociais e ambientais e protegendo a saúde dos beneficiários, fazendo com 
que os profissionais de Educação Física, sempre estejam conscientes a assumirem 
suas responsabilidades (MEIRELLES, 2003). 
Portanto, em virtude da eminência considerável da Educação Física e a 
preocupação em relação à qualidade dos profissionais que atuam nessa área, foi 
promulgada a Lei n. 9.696, datada de 1º de setembro de 1998, que dispõe sobre a 
regulamentação da profissão de educação física e cria os respectivos conselhos 
federal e conselhos regionais de educação física. Portanto, através da fiscalização 
dos conselhos observa-se se a conduta do profissional e os procedimentos utilizados 
estão em acordo com as exigências estabelecidas (MEIRELLES, 2003). 
Dessa forma, o CONFEF visa oferecer um código de ética humana que 
contenha regras e princípios que devem ser seguidos pelos profissionais de Educação 
Física devidamente cadastrados no sistema CONFEF/CREF e que, mediante 
consentimento, expressem sua plena aceitação dos princípios nele contidos. 
Conforme Almeida (2004, p. 195), “a ética profissional é um conjunto de 
princípios que orientam as atividades funcionais de uma profissão”. Essa afirmação 
sugere que cada profissão possua seu próprio código de conduta, pautado por 
princípios que devem ser rigorosamente observados sob pena de serem julgados. 
Neste contexto, qualquer profissão deve ser pautada na técnica, no desenvolvimento 
profissional e na ética, que pode ser entendida como “um conjunto de valores morais 
 
 
que se aplicam especificamente aplicados à prática de um ofício/atividade” 
(DRUMOND, 2004, p. 64). 
No entanto, os educadores preocupam-se sobretudo com as questões da ética 
profissional porque “a relação entre ética e educação tem dois aspetos distintos, mas 
complementares: por um lado, a questão dos valores éticos na educação e, por outro 
lado, o da educação em relação a ética" (WEIL, 2002, p. 81). 
Nessa mesma linha de pensamento, “a universidade tem o dever de formar a 
consciência ética dos profissionais que prestam serviços à comunidade”, que introduz 
alternadamente “nos currículos acadêmicos, uma cadeira de Ética Geral e outra 
cadeira complementar de Ética profissional” (HERKENHOFF, 1996, p. 17). 
Assim, de acordo com a lei e pretendendo garantir a população brasileira 
buscando um serviço de qualidade, instaurou-se o Conselho Federal de Educação 
Física (CONFEF) e os Conselhos Regionais de Educação Física (CREF’s) a criação 
de tais conselhos visam dá suporte para a sociedade, como por exemplo, proporcionar 
a proteção da sociedade, através do exercício profissional, assim a mesma estará 
equipada com mecanismos de defesa para prevenir a prática profissional leiga e 
irresponsável (FABIANI, 2009). 
Todos os profissionais devem ter uma compreensão clara do papel 
desempenhado pelos comitês profissionais e suas responsabilidades sociais. Na 
verdade, os conselhos profissionais são instituições que defendem a sociedade pelo 
seu caráter disciplinar que promove o controle moral e, quando necessário a punição, 
portanto, buscamos garantir a dignidade e o respeito profissional e exigimos que 
esses profissionais respeitem a sociedade. Conselho é o órgão fiscalizador e 
mantenedor da qualidade profissional (FABIANI, 2009). 
O Conselho Federal de Educação Física (CONFEF) foi instituído pela Lei n. 
9.696/98 com seu foco voltado para regular a pratica profissional, assegurar exercício 
de qualidade e constituir-se em conformidade com órgão de defesa do consumidor no 
que se refere à área da Educação Física. Assim, De acordo com a Carta Brasileira de 
Educação Física, o CONFEF e os CREFs, derivam sua influência legal, como 
compromisso com a lei diante da Educação Física no Brasil, a atuação da Educação 
Física, acontecerá essencialmente de forma qualificada, e para isso devem intervir 
aprimorando e valorizando seus profissionais, inclusive seguindo o código de ética 
estabelecido, completando a sua intervenção com as ações vigorosas e consistentes, 
como a construção e difusão desta carta brasileira de educação física, para que a 
 
 
Educação Física possa, de fato, alcançar a qualidade objetivada e assim contribuir 
para uma sociedade cada vez melhor (FABIANI, 2009). 
Dessa forma, é seguro afirmar que a principal responsabilidade do sistema 
CONFEF/CREF é buscar e manter a qualidade da educação física, qualificar e avaliar 
a profissão e fazer com que o disposto no código de ética profissional, que regulam a 
categoria, sejam colocados em prática. 
Na lição de Motta (1984), em um dos primeiros trabalhos produzidos sobre o 
tema no Brasil, um código de ética profissional funciona como um instrumento 
normativo que reúne as relações de valor existentes entre os ideais éticos delineados 
e as diversas áreas do comportamento humano. É um contrato de classe e os órgãos 
de fiscalização do exercício da profissão, que visam o controle desta, baseia-se nas 
virtudes que devem ser exigidas e respeitadas noexercício da profissão, abrangendo 
as relações com utentes, colegas, profissões, classes e sociedade. 
No entanto, o interesse em seguir as orientações acima passa a ser de 
responsabilidade de cada um, o que tem sido um processo de construção que tem 
atravessado por décadas a sociedade brasileira, como pode ser constatado pela 
literatura produzida sobre o tema, que remonta a década 80 e o período de 
democratização no Brasil. 
Segundo Almeida (2004, p. 190): “[...] Em 1984, já se podia observar a 
necessidade de um Código de Ética Profissional de Educação Física no Brasil”. Ainda 
segundo a indicação da autora, a Carta de Belo Horizonte, documento elaborado por 
ocasião do II Congresso Brasileiro de Esporte Para Todos é um dos primeiros 
documentos que expressa essa necessidade. 
É importante afirmar que documentos como o Código de Ética são mais 
recentes do que as profissões, pela necessidade de fazer valer os valores coletivos e 
profissionais frente aos valores pessoais citados. Sua principal função é orientar o 
comportamento dos profissionais em suas atividades laborais (CAMARGO, 1999). 
Conforme Camargo (1999), a partir das reflexões anteriores, o código de ética 
profissional adquire significado. Em primeiro lugar, porque enquadram e sistematizam 
requisitos éticos em níveis triplos de instrução, disciplina e supervisão. Em segundo 
lugar, estabelecem parâmetros variáveis e relativos que delineiam os limites inferior e 
superior de qual comportamento pode ou deve ser considerado normal do ponto de 
vista ético. Enquanto qualquer profissão visa os interesses de outras pessoas ou 
clientes, estes códigos visam também os seus interesses, apoiando as suas relações 
 
 
com os profissionais. No entanto, as normas não esgotam o conteúdo e as exigências 
do comportamento moral na vida, nem sempre expressam o comportamento mais 
adequado em uma situação particular. 
O Código é sempre definido, revisto e promulgado de acordo com as realidades 
sociais de cada época e de cada país, no entanto, seus contornos são traçados a 
partir de princípios universais e atemporais. O código refere-se à conduta da profissão, 
a menos que reflita também outro comportamento, por exemplo, se o gerente vier à 
empresa bêbado. Afinal, os códigos morais por si só não tornam os profissionais 
melhores, mas servem de luz e guia para o seu comportamento, não apenas seguir 
as regras cara a cara, mas entender as causas profundas das regras e viver de acordo 
com elas (CAMARGO, 1999). 
De acordo com isso, uma vez estabelecido um código de ética para uma classe, 
todos passam a ser subordinados a ela, punidos por infrações e punidos pelo corpo 
diretivo encarregado de fiscalizar o exercício profissional. Tal como acontece com o 
direito penal, os tribunais de moralidade julgam casos que são levados a eles ou que 
eles ou dos quais tomaram conhecimento através da fiscalização que as 
instituições promovem (SÁ, 2001). 
É importante ressaltar que a partir do momento em que houve a implementação 
do Código de Ética dentro da classe, cada um deve cumprir seu dever, pois as 
infrações que cometer serão punidas. Para ser claro, um código de ética em si não 
torna um profissional melhor ou pior em seu campo, serve apenas para orientar o 
caminho a seguir. Isso significa que o comportamento ético deve ser seguido não só 
porque está escrito, mas também porque deve ser entendido e seguido para que os 
profissionais sejam respeitados e bem vistos (SÁ, 2001). 
Como tal, o código de ética profissional da Educação Física tem como filosofia 
as discussões dos valores éticos e da formação profissional. Portanto, simplesmente 
combinar prática e tecnologia não é suficiente. E não é só isso, é preciso se esforçar 
para ser um grande profissional o mais perfeito possível, tanto técnica quanto 
eticamente. Ao atuar nas fronteiras entre saúde, educação e humanidade, é 
fundamental que a profissão de Educação Física, que integre uma ética destas 
dimensões que defina a ocorrência única e indivisível de saberes e competências no 
âmbito de uma determinada competência profissional, independentemente do objeto, 
função, espaço, situação e localização da sua intervenção (FABIANI, 2009). 
Os profissionais de educação física devem, assim, demonstrar uma dimensão 
 
 
política e uma dimensão técnica, que embora distintas e nitidamente binárias, devem 
estar sempre articuladas, na base de serem sempre éticos enquanto interventores 
sociais. Por outro lado, é inegável a necessidade de os profissionais se manterem 
informados. Os profissionais, devem sempre buscar informações para que não ocorra 
a exclusão natural (profissional) da sociedade (GERALDES, 1993). 
Assim, conforme consta no Código de Ética, é dever do profissional estar 
informado, o que não significa que o CREF tenha a incumbência de acompanhar tal 
situação mesmo na sua ausência, mas sim uma obrigação do profissional fazê-lo por 
sua própria consciência Ética. Portanto, é muito importante que você saiba da 
importância do código de ética do profissional de Educação Física, pois, através dele 
obtém-se a consciência sobre como o profissional deve agir baseando –se em seu 
conhecimento teórico e prático, tendo em vista que a ética não é apenas uma norma 
formal, mas sim uma efetiva realidade (GERALDES, 1993). 
Como você compreendeu, o código de ética é essencialmente um código que 
se normatiza conforme os princípios que determina cada profissão, assim, o 
profissional tem que ter a consciência de suas responsabilidades, deveres e direitos 
para que possa harmonizar as relações sociais entre as pessoas. Desse modo, os 
códigos de ética são feitos para enfatizarem os valores que devem ser praticados 
pelos profissionais. Contudo, no próximo tópico vamos abordar sobre a 
responsabilidade civil do profissional de educação física. 
5.1 Responsabilidade civil do educador físico 
Hoje em dia, os meios de comunicação ressaltam frequentemente a relevância 
e os benefícios da atividade física diária, como resultado, as pessoas estão cada vez 
mais buscando melhorar sua qualidade de vida, o resultado dessa busca por uma vida 
ativa e saudável é um número crescente de pessoas que iniciam a prática de atividade 
física, com intuito de melhorar primeiramente a saúde, performance, aparência física 
e ao mesmo tempo ter um momento de lazer (GOULARTE, 2019). 
Dessa forma, um profissional de educação física é responsável por prescrever, 
orientar e supervisionar todos que buscam por uma atividade física, seja, em 
academias, escolas ou em casos particulares, independente do serviço contratado ou 
entre outros. Diante das referidas responsabilidades relacionadas aos educadores 
físicos, decidiu-se que era necessário levantar a questão de sua responsabilidade 
 
 
perante o ordenamento jurídico brasileiro, uma vez que motivaram a justiça a reparar 
as lesões corporais devido aos tipos de atividades físicas, morais e até mesmo 
estéticos causados pela negligência e/ou imperícia por parte do profissional durante o 
desenvolvimento do seu trabalho (GOULARTE, 2019). 
Como vimos, a educação física engloba um amplo leque de atividades e 
exercícios físicos, não só os esportes, pois existe todo um conjunto de ciências por 
trás de todo movimento humano, então vemos que essa profissão é vital por ser 
considerada a principal responsável para orientação, prática e esportes, bem como, 
atividade física em todas as formas de esporte. 
Baseia-se então no fato de que o profissional de Educação Física, é defensor 
de um estilo de vida saudável, sendo da sua responsabilidade proporcionar um estilo 
de vida ativo as pessoas beneficiárias, zelando para que os serviços profissionais 
prestados sejam sempre seguros e atualizados ao máximo de suas habilidades, para 
melhor capacidade, experiência e conhecimento de seu trabalho. Assim, dada a 
abrangência da atuação dos profissionais de educação

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