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CIÊNCIA POLÍTICA Profa. Ma. Rândala Maria de Morais Nogueira y Rocha CIÊNCIA POLÍTICA Barra do Garças - MT UniCathedral 2018 BARRA DO GARÇAS - MT JANEIRO 2018 Autora Profa. Ma. Rândala Maria de Morais Nogueira y Rocha Leitura Crítica e Sugestões Rosimeire Cristina Andreotti Revisão Gramatical do Texto Roziner Aparecida Guimarães Gonçalves Projeto Gráfico Atila Cezar Rodrigues Lima e Coelho BARRA DO GARÇAS - MT JANEIRO 2018 UniCathedral - Centro Universitário Av. Antônio Francisco Cortes, 2501 Cidade Universitária - Barra do Garças / MT www.unicathedral.edu.br Copyright © by UniCathedral, 2018 Nenhuma parte desta publicação pode ser gravada, armazenada em sistemas eletrônicos, fotocopiada, reproduzida por meios mecânicos ou outros quaisquer sem autorização prévia do(s) autor(es). SUMÁRIO UNIDADE III ������������������������������������������������������������������������������������������������������ 9 POVO ........................................................................................................................ 11 Nação ................................................................................................................... 12 Nacionalidade ....................................................................................................... 13 Cidadania .............................................................................................................. 15 TERRITÓRIO ............................................................................................................. 19 Conceito ............................................................................................................... 19 Princípio da Territorialidade ................................................................................. 19 Limites Territoriais ................................................................................................ 20 PODER SOBERANO ................................................................................................. 23 Conceito de soberania .......................................................................................... 23 Características da soberania ................................................................................. 25 Teorias justificadoras do poder soberano ............................................................ 25 Limitações ............................................................................................................ 27 NATUREZA JURÍDICADO ESTADO .......................................................................... 29 PRINCIPAIS REGIMES DE GOVERNO ...................................................................... 31 U N ID AD E III Autor(a) da Unidade Profa. Ma. Rândala Maria de Morais Nogueira y Rocha Ao final da unidade, esperamos que você seja capaz de: • Assimilar os conceitos de povo, nação, nacionalidade e cida- dania. • Entender o conceito de território e seus limites territoriais. • Compreender o conceito de soberania e suas teorias que elucidam a sua legitimação na pessoa do seu titular. • Diferenciar teorias da natureza jurídica do Estado. • Identificar os regimes de governo. 11 O adequado emprego das palavras na construção textual é imprescindível para que o discurso seja compreendi- do em sua totalidade. Nesse sentido, empregar aleatoriamente palavras di- ferentes, considerando-as com o mes- mo significado, pode ocasionar um grave erro de comunicação. Por isso, quando o indivíduo emprega duas ou mais palavras, automaticamente, re- vezando-as no conteúdo de seu texto, por entender que são sinônimas, po- derá estar, na verdade, dizendo coisas diferentes e, em razão disso, maculan- do sua redação, ao mesmo tempo, em que denuncia sua imperícia técnica. Dessa maneira, indubitavelmen- te, a “troca entre estas palavras e seus sentidos leva a uma fatal confusão na formação política e na compreensão histórica do próprio poder social e se a confusão existe é também preciso conhecê-la” (SCALOPPE, 2012, p. 156). Por isso, necessário se faz, ao estudioso político, entender a respeito de povo, nação, nacionalidade e cidadania. Antes de trabalhar o conceito de povo, no enfoque político e jurídico, mister se faz esclarecermos o conceito de população. População “é mera expressão nu- mérica, demográfica ou econômica, que abrange conjunto das pessoas que vivem no território de um Estado ou mesmo que se acham nele tempora- riamente” (CAETANO, 1963, p. 103), ou seja, o conceito de população é compreendido apenas sob a ótica esta- tística do número completo de pesso- as, até mesmo os estrangeiros e apátri- das1, que habitam certo território em determinado tempo. Portanto, população, por ser um dado puramente quantitativo e inde- pende de qualquer laço jurídico de su- jeição ao poder estatal, tem seu estu- do científico realizado não pela Ciência Política, mas pela Demografia2, uma 2 “A Demografia é uma ciência que tem por fi- nalidade o estudo de populações humanas, enfocando POVO 12 de suas disciplinas auxiliares. E, assim como demonstramos na Unidade I, a Disciplina de Ciência Política será anali- sada de maneira interdisciplinar. Feitas essas observações, o con- ceito de povo, na vertente política, é novo, nasceu dos ideais da Revolução francesa, pois foi nesse período que a noção de povo se manifestou livre de qualquer discriminação na participação política do Estado. Assim, atualmente, seu conceito corresponde “ao quadro humano sufragante, que se politizou (quer dizer, que assumiu capacidade decisória), ou seja, o corpo eleitoral” (BONAVIDES, 2018, p. 90). Nesse mesmo sentido, temos ain- da que povo é um “conjunto dos indi- víduos que atuam como sujeitos do poder soberano, participando, mesmo que indiretamente, das decisões de Es- tado, visto que a ele cabe eleger os seus representantes. O povo identifica-se, nesse contexto, com o corpo eleitoral” (FABRIZ; FERREIRA, 2018, p. 7). Concernente à vertente jurídica, povo é “o conjunto dos indivíduos que, através de um momento jurídico, se unem para constituir o Estado, estabe- lecendo com este um vínculo jurídico aspectos tais como sua evolução no tempo, seu tamanho, sua distribuição espacial, sua composição e características gerais” (CERQUEIRA; GIVISIEZ, 2018, p. 1 – 2). de caráter permanente, participando da formação da vontade do Estado e do exercício do poder soberano” (DALLA- RI, 2011, p. 104). Seguindo essa vertente jurídica, cabe acrescentarmos que “fazem parte do povo tanto os que se acham no ter- ritório como fora deste, no estrangeiro, mas presos a um determinado sistema de poder ou ordenamento normativo, pelo vínculo de cidadania” (BONAVI- DES, 2018, p. 92). Podemos concluir que, como um dos elementos constitutivos do Estado, povo tem um conceito político-jurídico. Isso porque, ao mesmo tempo em que indica um grupo de pessoas com capa- cidade decisória no cenário político do Estado que integra, também, aponta para um conjunto de indivíduos que se encontra subordinado às leis desse mesmo Estado, mesmo que fisicamen- te esteja fora dele. NAÇÃO A expressão nação é a designação de um aglomerado humano que, “ao se fixar numa determinada área geográfi- ca e adquirir certo grau de organização 13 político-administrativa, mantém-se uni- do por uma história e cultura comuns e pela consciência de que constituem uma unidade cultural” (DIAS, 2005, p. 247). Trata-se, portanto, de um conjun- to de pessoas que está unido por laços comuns: históricos e culturais. Compartilhando dessa ideia, Dal- mo de Abreu Dallari aduz que o termo nação [...] se aplica a uma comunidade de base histórico-cultural, pertencendo a ela, em regra, os que nascem num certo am- biente cultural feito de tradições e costu- mes, geralmente expresso numa língua comum, tendo um conceito idêntico de vida e dinamizado pelas mesmas aspira- ções de futuro e os mesmos ideais coleti- vos (2011, p. 101).Desse modo, verificamos que o termo nação compreende um conjunto de indivíduos formado com as mesmas características históricas e culturais que fazem com que eles se identifiquem e se sintam parte de uma unidade. Nessa vertente, podemos falar em uma nação brasileira, uma nação indiana etc. Ocorre que Estado não pode ser confundido com Nação, pois enquanto esta tem relação com a história e a cul- tura de um conjunto de pessoas, aque- le se refere à concepção de organiza- ção jurídica desse mesmo conjunto de pessoa (sociedade política), ou seja, a nação satisfaz a necessidade de per- tencer a uma comunidade ampla para afirmar a identidade; Pertencer a uma nação é auto-identificar-se com uma cultura, uma forma de vida, com seus costumes e hábitos singulares. O Estado atende às necessidades de segurança e ordem; Pertencer a um Estado é aceitar e se submeter a uma autoridade e a um sistema de normas (DIAS, 2011, p. 98). NACIONALIDADE O povo está unificado pelo víncu- lo de nacionalidade, pois é ela que irá determinar quais são as pessoas que fazem parte de um Estado. A nacionalidade é, portanto, o “vínculo jurídico político, que faz da pessoa um dos elementos componentes da dimensão pessoal do Estado, capacitando-a a exigir sua proteção e sujeitando-a ao cumpri- mento dos deveres impostos” (PONTES DE MIRANDA, 1935, p. 18). A nacionalidade pode ser adquiri- da de maneira primária ou originária ou nata e secundária ou adquirida ou derivada. Sendo que a primeira manei- ra, primária ou originária, vincula-se ao nascimento da pessoa, por meio de cri- térios: a) sanguíneos ou b) territoriais. É dizer, a) o primeiro critério, ius sanguinis, outorga-se a nacionalidade do Estado ao descendente de nacionais, indepen- dentemente de seu local do nascimen- to – Exemplo Itália; b) pelo segundo critério, ius soli, terá direito à nacionali- dade do Estado, o indivíduo nascido no 14 território estatal, independentemente da nacionalidade de sua ascendência – Exemplo: Argentina (SOARES, 2011, p. 148). Vale consignar, por oportuno, que o Brasil adota o reconhecimento da na- cionalidade quando ocorre o nascimen- to no território, ou seja, ius soli, porém moderada, conforme aduz o Art. 12, da Constituição Federal de 1988, por exem- plo, o inciso I, “a” (critério territorial - os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país3); inciso I, “b” (critério san- guíneo - os nascidos no estrangeiro, de 3 BRASIL. Constituição Federal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/cons- tituicaocompilado.htm>. Acesso em 01 fev. 2018. pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil4). Já a segunda maneira, secundária ou adquirida ou derivada, é obtida “por vontade própria após o nascimento e, geralmente, pelo processo de naturali- zação” (SOARES, 2011, p. 148), poden- do ser requerida pelo estrangeiro, que “é todo aquele que não é tido por na- cional, em face de determinado Estado” (BASTOS, 2002, p. 84), ou ainda, pelo apátrida ou heimatlos, que é “aquele que não possui pátria” (BASTOS, 2002, p. 84). Insta mencionarmos que essa ma- 4 BRASIL. Constituição Federal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/cons- tituicaocompilado.htm>. Acesso em 01 fev. 2018. 15 neira de obter a nacionalidade está prevista no ordenamento jurídico brasileiro, no Art. 12, II, da Magna Carta de 1988, ao dispor dos naturalizados. Por exemplo: a ex- pressão “brasileiro naturalizado” significa que a pessoa não tem sua nacionalidade concebida pelo nascimento, mas por uma ato de vontade. Em suma, verificamos que a nacionalidade é o vínculo jurídico-político existente entre a pessoa o Estado, e que se dá por meio de um fato natural (o nascimento) ou um ato de vontade (a naturalização). CIDADANIA A expressão cidadania vem do latim, civitate, que designa cidade. Assim, “[...] cidadania designa aquele que possui ligação com a cidade. A palavra ciuitas signi- fica cidade, cidadania ou Estado. Por sua vez, ciuitas deriva de ciuis. “Ciuis é o ser humano livre e, por isso, ciuitas carrega a noção de liberdade em seu centro” (SI- QUEIRA Jr., 2016, p. 227). Se cidadania designa cidade e o ho- mem, por sua vez, é eminentemente social e político, logo o conceito de cida- dania não é estagnado, pelo contrário, refere-se a algo que se modifica de acordo com o tempo para atender às necessi- dades de cada época, cuja origem se remete à Antiguidade. “Outro momento de destaque desse conceito encontra-se nas Revoluções burguesas na Inglaterra (1688 e 1689), nos Estados Unidos da América (Independência, 1776) e na França (Revolu- ção Francesa, 1789)” (DALLARI, 2004, p. 19). Salientamos que foi, na Revolução Francesa, por meio da Declaração dos Direi- tos do Homem e do Cidadão (1789), que surgiu “o moderno conceito de cidadania, já que esse documento contemplava o ideal de liberdade, igualdade e fraternidade, eliminando, por conseguinte, qualquer privilégio entre os componentes do Estado” (DALLARI, 2004, p. 19). Dessa maneira, podemos dizer que, “no sentido moderno, cidadania é um conceito derivado da Re- volução Francesa (1789) para designar o conjunto de membros da sociedade que têm direitos e decidem o destino do Estado” (FUNARI, 2003, p. 49). Ainda, segundo a melhor doutrina, a palavra ci- dadania é provida de dois sentidos, sendo o primeiro, restrito e técnico, enquanto o segundo, amplo. No pri- meiro sentido, “está adstrita ao exercício dos direitos políticos. Os direitos políticos são aqueles inerentes ao cidadão do Estado. Nesse prisma, cidadania é a prerro- gativa de a pessoa exercer os direitos políticos. O sta- 16 tus de cidadão é alcançado com a condição de eleitor” (SIQUEIRA JR, 2016, p. 229). Já o segundo sentido, que é amplo, esclarece que cidadania “é o exercício de outras prerrogativas constitucionais que surgiram como consectário lógico do Estado De- mocrático e Social de Direito” (SIQUEIRA JR, 2016, p. 230). Assim, cidadania pode ser concebida como “estatuto que rege, de um lado, o respeito e a obediência que o cidadão deve ao Estado e, de outro lado, a proteção e os serviços que o Estado deve dispensar, pelos meios possíveis, ao cidadão” (FARAH, 2001, p. 1). Nesse sentido, “a cidadania é a quintessência da liberdade, o ápice das possibi- lidades do agir individual, o aspecto eminentemente político da liberdade” (GARCIA, p. 120 – 121). Maria Garcia ainda acrescenta que [...] a noção de uma liberdade puramente defensiva que se concebe, antes de tudo, como re- sistência ao poder que se supõe arbitrário, não mais convém à nossa época. A liberdade deve tornar-se mais e mais participação: o cidadão deve participar na formação das grandes deci- sões políticas, deve participar mais ativamente do que até agora na gestão dos assuntos locais, deve também participar na gestão dos serviços econômicos e sociais, tais como a Seguridade Social e, sobretudo, na concretização de medidas de proteção das liberdades, questão sempre polêmica (GARCIA, 1998, p. 120 – 121). Logo, a cidadania, atualmente, não está apenas adstrita à participação política do indivíduo perante o Estado, como votar e ser votado, mas também ao gerencia- mento de questões sociais e econômicas, tendo em vista que a política de um Estado não mais se restringe a aspecto eleitoral. Assim, vislumbramos que só se exerce a cidadania sendo cidadão, sendo este “aquele que desfruta dos direitos civis, políticos, sociais e econômicos [...]” (TOLFO, 2018, p. 38), ou seja, [...] ser cidadão é ter direito à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade perante a lei: é, em resumo, ter direitos civis. É também participar no destino da sociedade, votar, ser votado, ter direitos políticos. Os direitos civis e políticos não asseguram a democracia sem os direitos sociais, aquelesque garantem a participação do indivíduo na riqueza coletiva: o direito à edu- 17 cação, ao trabalho, ao salário justo, à saúde, a uma velhice tranquila (SIQUEIRA JR., 2016, p. 232). Por fim, é importante ressaltarmos que nacionalidade e cidadania estão relacionadas, mas não possuem o mesmo significado, pois, enquanto nacionalidade é o vínculo jurídico- -político que une a pessoa ao Estado, cidadania está ligada à situação de ser membro ativo desse Estado, determinada pela titularidade de participar do governo, o que determina sua condição de cidadão. 19 O território “é a parte imprescin- dível para a existência do próprio Esta- do” (FILOMENO, 2016, p. 87), uma vez que “não se pode falar na existência de uma dada sociedade política indepen- dente e autodeterminante, sem que soberanamente disponha de uma dada porção de terra para o desenvolvimen- to de suas atividades e consecução do bem comum de sua população” (FILO- MENO, 2016, p. 87). Logo, o território é elemento constitutivo do Estado, não sendo, pois, dispensável. Feitas essas observações, temos de esclarecer que existem divergên- cias doutrinárias com relação à con- cepção do território. Para Burdeau “o território apresenta-se como quadro natural dentro do qual os governantes exercem suas funções” (BASTOS, 2002, p. 71). Já para Hans Kelsen, o territó- rio “como sendo o âmbito de validade jurídica” (BASTOS, 2002, p. 71). No en- tanto, merece atenção a afirmação de Celso Ribeiro Bastos de que o territó- rio “deve ser visto sob o prisma de um conceito político-jurídico e não apenas geográfico” (BASTOS, 2002, p. 71). CONCEITO Conceitualmente, o território esta- tal “é a base espacial do poder jurisdi- cional do Estado, isto é, o “locus” onde se exerce o poder coercitivo estatal so- bre os indivíduos humanos” (SOARES, 2011, p. 125), sendo compreendido pelas seguintes partes, a saber: “terra firme, incluindo o subsolo e as águas internas (rios, lagos e mares internos), pelo mar territorial, pela plataforma continental e pelo espaço aéreo” (SO- ARES, 2011, p. 124). Seguindo essa linha conceitual, o território “se revela num elemento es- pacial do Estado. Trata-se da porção de terra sobre a qual o Estado exerce sua soberania (jurisdição, poder de man- do, império)” (CUNHA, 2013, p. 60). PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE Por ser base espacial do poder ju- risdicional do Estado, no território de cada Estado, vigora apenas sua ordem jurídica. Isso ocorre por meio do princí- pio da territorialidade das leis. Em ou- tras palavras, “o ordenamento jurídico do Estado só tem eficácia e exclusivida- de em seu próprio território” (SOARES, 2011, p. 129). TERRITÓRIO 20 Porém, existem duas exceções ao princípio da territorialidade, a saber: a) a extraterritorialidade; b) a imunidade dos agentes diplo- máticos; sendo que: a) Pressupõe que determinadas coisas, como um navio ou uma aerona- ve, independentemente de sua locali- zação geográfica, mesmo em águas ter- ritoriais estrangeiras, alto-mar e espaço aéreo, estão vinculados juridicamente ao seu Estado de origem, enquanto extensão do território estatal – Exem- plo: navios de guerra – (SOARES, 2011, p. 129); b) Os agentes diplomáticos, em ter- mos de reciprocidade, se acham isentos do poder de império do Estado onde quer que venham ser acreditados. Essa imunidade, de caráter pessoal, decorre da conveniência de afiançar ao diplo- mata condições mínimas necessárias ao bom desempenho de sua missão (BONAVIDES, 2018, p. 120). Assim, verificamos que princípio condutor do poder de império do Es- tado sobre o território é o da territo- rialidade, mas devem ser levadas em consideração a extraterritorialidade e a imunidade que são as exceções. LIMITES TERRITORIAIS Para evitar conflitos entre os Esta- dos, há a necessidade de demarcar o território, isto é, de estabelecer limites físico-geográficos ao exercício do po- der de império (soberania), que ocorre por meio de fronteiras. Essas fronteiras podem ser classificadas em: “naturais e artificiais. As primeiras são formadas por rios, montanhas, e outros aciden- tes geográficos. As segundas, estabe- lecidas pelo homem através de marcos divisórios” (PINTO, 2013, p. 46). Para que haja observância dessas fronteiras, imprescindível se faz enten- dermos que o território estatal, onde o Estado exercita sua soberania, é repre- sentado por quatro domínios: as terras e águas interiores, o mar territorial, a plataforma continental e o aéreo. No domínio das terras e águas in- teriores, o poder de império é exercido sobre o espaço sólido e as águas inte- riores, sendo a última compreendida por “portos, baias, rio, riachos, lagos, lagoas e mares interiores” (DIAS, 2011, p. 94). Já o domínio marítimo é compre- endido como 21 [...] aquela faixa variável de águas que banham as costas de um Estado e sobre as quais exerce ele direitos de soberania. Zona adjacente ou contígua ao territó- rio continental do Estado, alcança uma certa distância da costa, sujeita porém a variações impostas pelos critérios nem sempre uniformes de estabelecimento de seus limites, por parte dos diversos Estados (BONAVIDES, 2018, p. 109). Lembramos que existem variações acerca da demarcação do domínio das águas oceânicas, porque ainda não existe uma norma de Direito Interna- cional que estabelece o limite do mar territorial a ser seguido por todos os Estados, ficando, pois a cargo de cada Estado adotar o seu limite. Assim, exis- tem Estados que adotam o “limite de 3 milhas, outros com limite de 6 milhas, com 10 milhas, com 12 milhas e com 200 milhas. O Brasil utiliza o limite do mar territorial de 12 milhas de acordo com a Lei n. 8.617/93” (BONAVIDES, 2018, p. 112 – 109). A plataforma continental “é aquela porção de solo marinho que apresenta idêntica constituição geológica à ter- renos não cobertos pelas águas” (BAS- TOS, 2002, p. 75), sendo seu domínio compreendido “o leito do mar e o sub- solo além do mar territorial e até uma profundidade de 200 metros, ou além desse limite até a profundidade das águas permita a exploração dos recur- sos naturais dessa zona” (DIAS, 2011, p. 94). E, por fim, no domínio aéreo, a so- berania do Estado [...] alcança uma altitude que justifica um interesse público que possa reclamar a ação do poder político. Nesse sen tido, tal espaço compreende quatro camadas, bem determinadas: a troposfera, de 10 a 12 km de altitude; a estratosfera, com cerca de 100 km; a ionosfera, de 100 a 600 km, e a exosfera, zona de transição para o espaço cósmico (ACQUAVIVA, 2010, p. 33). Vale mencionarmos que, no domínio do espaço aéreo, o Estado exercita sua soberania de maneira plena, porém deve “admitir o direito de trânsito inofensivo de aeronaves em tempo de paz” (DIAS, 2011, p. 95), ou seja, sem objetivos bélicos. “Em relação à circulação de aeronaves sobre o 22 território de qualquer Estado, recomenda-se que o território sobrevoado obtenha notícia prévia da passagem e exerça controle no resguardo de seus interesses” (SOARES, 2011, p. 132). Assim, depreendemos que o território é a base geográfica do Estado onde ele exerce seu poder de império (soberania). O Território é demarcado por fronteiras naturais e artifi- ciais, e formado pelas terras e águas interiores, pelo mar territorial, pela plataforma conti- nental e pelo espaço aéreo. 23 Assim como foi dito, o poder é in- separável de qualquer forma de organi- zação social, pois exerce “uma função de coordenação e de coesão entre os integrantes de uma sociedade. Sem o poder não existiria ordem, organização dentro de uma sociedade e essa ruma- ria ao caos, pois o poder é natural em qualquer tipo de sociedade” (BASTOS, 2002, p. 89). Desse modo, designa-se como soberania o poder que age dian- te do corpo social. CONCEITO DE SOBERANIA Etimologicamente, o termo sobe- rania advém de “superanus, supremi- tas, ou super omnia, configurando-se definitivamente através da formação francesasouveraineté, que expressa- va, no conceito de Bodin, ‘o poder ab- soluto e perpétuo de uma República’” (MALUF, 1998, p. 44). Historicamente, o conceito de so- berania vem se modificando de acor- do com o tempo e o espaço. Segundo Sahid Maluf, No Estado grego antigo, como se nota na obra de Aristóteles, falava-se em au- tarquia, significando um poder moral e econômico, de auto suficiência do Es- tado. Já entre os romanos, o poder de imperium era um poder político trans- cendente que se refletia na majestade imperial incontrastável. Nas monarquias medievais era o poder de suserania de fundamento carismático e intocável. No absolutismo monárquico, que teve o seu climax em Luiz XIV, a soberania pas- sou a ser o poder pessoal exclusivo dos monarcas, sob a crença generalizada da origem divina do poder de Estado. Final- mente, no Estado moderno, a partir da Revolução Francesa, firmou-se o concei- to de poder político e jurídico, emanado da vontade geral da nação (1998, p. 44). Por ser um poder político1 e jurídi- co2, a soberania, segundo o professor Marcos Claudio Acquaviva, pode ser traduzida como um [...] atributo do poder do Estado que o torna independente no plano interno e 1 “[...] ela é considerada a “força do direito” por ser ilimitada na medida em que advém de um Poder Constituinte Originário, incondicional e preocupado em assegurar sua eficácia. Neste aspecto, ela expressa a ple- na eficácia do poder, como o poder incontrastável de que- rer coercitivamente e de fixar as competências” (CIÊNCIA POLÍTICA E TEORIA GERAL DO ESTADO, 2018, p. 1). 2 “[...] ela é o ‘direito da força’, limitada por tra- tar-se de um Poder Constituído (secundário, não originá- rio), nascido do direito e exercido exclusivamente para a consecução de fins jurídicos. Neste aspecto, ela expressa o poder de ratificar ou negar a juridicidade de uma norma e sua aplicabilidade em casa caso, em outras palavras, o poder de decidir em última instancia sobre a atributivida- de das normas” (CIÊNCIA POLÍTICA E TEORIA GERAL DO ESTADO, 2018, p. 1). PODER SOBERANO 24 interdependente no plano externo. No âmbito interno, o poder soberano reside nos órgãos dotados do poder de decidir em última instância; no âmbito externo, cada uma mantém, com os demais, uma relação em que a igualdade se faz pre- sente (2010, p. 51). Compartilhando a mesma ideia, o notório jurista Paulo Bonavides aduz que A soberania, que exprime o mais alto poder do Estado, a qualidade de poder supremo (suprema potestas), apresenta duas faces distintas: a interna e a exter- na. A soberania interna significa o impe- rium que o Estado tem sobre o território e a população, bem como a superiorida- de do poder político frente aos demais poderes sociais, que lhe ficam sujeitos, de forma mediata ou imediata. A sobe- rania externa é a manifestação indepen- dente do poder do Estado perante ou- tros Estados (2018, p. 138). Nesse sentido, verificamos que a so- berania é um atributo ou qualidade do Estado, bem como “o poder de mando de última instância numa Sociedade Política. Não existe, assim, nenhum poder igual nem superior ao seu, no âmbito interno, nem outro superior, no âmbito externo” (BASTOS, 2002, p. 94). No entanto, vale mencionar, que, em relação ao âmbito externo, há uma discus- são quanto à existência de um poder supe- rior à soberania de um Estado. Essa discus- são, que está começando a predominar, é resultante “do fenômeno da globalização e da mundialização do capital que impu- seram ao Estado a adoção e integração de normas jurídicas, oriundas do ordena- mento jurídico internacional” (NOGUEIRA Y ROCHA, 2018, p. 47). Esse debate surge, justamente, por- que aparecem “organizações como, por exemplo, Organização das Nações Unidas (ONU) e Comunidade Econômica Europeia (CEE). Essas organizações possuem pode- res que se sobrepõem aos poderes dos Es- tados” (NOGUEIRA Y ROCHA, 2018, p. 47). Em face dessa nova visão, emerge o conceito de soberania relativa que signifi- ca que essas organizações possuem “com- petências supranacionais para impor suas decisões de forma coativa, apelando inclu- sive para forças militares” (SOARES, 2011, p. 98). Lembrando que não haverá perda da soberania do Estado, mas delegações ao seu exercício, buscando o benefício co- mum3, pois ao “adotar a supranacionalida- de4 haverá apenas a transferência de par- 3 “[...] Assim, a transferência de poderes, ou a alienação (concessão ou delegação) de porções da sobe- rania a entes supranacionais não parece retirar do Esta- do o dever-poder de proteger seus súditos. Ao contrário, concede-lhes o direito de buscar uma proteção ampliada e mais afetiva de seus interesses e direitos, bem como lhes exige um comportamento adequado às suas relações com súditos de outros Estados. [...] Ocorre que a delegação não deve ser confundida com transferência. Quem transfere, dá. Quem delega, empresta” (FURLAN Apud NOGUEIRA Y ROCHA, 2018, p. 49). 4 “[...] podemos afirmar que la supranacionalidad presume la existencia de um sistema comunitario de órganos vinculados com um conjunto de países que integram uma comunidad para el cumplimiento de 25 celas de soberania e, concomitantemente, passando a atuar de modo conjunto com as organizações internacionais” (NOGUEI- RA Y ROCHA, 2018, p. 48). Já com o surgimento do Direito Co- munitário5, característico do processo de integração europeu6, desenvolveu-se o conceito de soberania compartilhada. Se- gundo esse conceito, “os Estados-mem- bros, quando buscam integrar, delegam parcelas de competências estatais a um ór- gão supranacional, denominando comuni- dade ou bloco econômico” (SOARES, 2011, p. 101), ou seja, “os Estados-membros não renunciam à sua soberania, tão somente passam a exercê-la, de forma compartilha- da, com os demais integrantes da Comu- nidade naquelas matérias expressamente previstas nos tratados comunitários” (SO- ARES, 2011, p. 101). determinados objetivos” (GARABELLI Apud NOGUEIRA Y ROCHA, 2018, p. 50). Tradução: Podemos afirmar que a supranacionalidade presume a existência de um sistema comunitário de órgãos vinculados com um conjunto de países que integram uma comunidade para o cumprimento de determinados objetivos. 5 “O Direito Comunitário se constitui, portanto, no conjunto normativo emanado por órgãos de caráter supranacional a quem os Estados membros delegaram parte de seus poderes. Está intimamente ligado ao processo de integração em seu estágio mais avançado. Entretanto, deve-se salientar que os Estados membros conservam sua soberania, havendo a delegação de poderes para órgãos previamente determinados, os quais contarão com estrutura, procedimentos e processualísticas delimitadas e de caráter permanente. As diretivas, regulamentos e decisões emanadas dos órgãos supranacionais são aplicáveis não somente aos Estados membros, mas também aos cidadãos europeus; tais normas têm como objetivo criar uma ordem jurídica comunitária necessária para o alcance dos objetivos aos quais se propõe o bloco regional” (BORGES, 2018, p. 1). 6 “O Direito da Integração tem como objeto principal a integração de natureza eminentemente comercial e econômica, visando ao incentivo do comércio internacional de uma região” (DIREITO DA INTEGRAÇÃO E DIREITO COMUNITÁRIO (OU DIREITO DA UNIÃO, p. 2018, p. 1). Exemplo: MERCOSUL. CARACTERÍSTICAS DA SOBERANIA A soberania, como atributo do Es- tado, possui as seguintes característi- cas: a) unicidade; b) indivisível; c) inalienável e d) imprescritível; a) por não haver mais de uma auto- ridade soberana em um dado território; b) como corolário do primeiro atri- buto, a soberania apresenta-se como um todo, podendo repartir competên- cias e dividir as funções políticas em três (Executivo, Legislativo e Judiciário) sem que importe numa cisão da mes- ma; c) a soberania não pode ser trans- ferida a outrem, é personalíssima; d) a soberania eterniza-se no tem- po, não sofrendo limitações de ordemtemporal (BASTOS, 2002, p. 97). TEORIAS JUSTIFICADORAS DO PODER SOBERANO Existem teorias que elucidam a le- gitimação da soberania na pessoa do seu titular, bem como a origem do po- der soberano, a saber: as teorias teo- cráticas e as teorias democráticas. As teorias teocráticas compreen- dem que [...] questão da fonte ou origem do po- der e seu exercício é dogmática, ou seja, emprega determinada crença espiritual em relação à titularidade do poder, sua origem e seu exercício. Assim, a justifica- ção em relação à legitimidade do exer- 26 cício desse poder deve ser aceita sem nenhum questionamento, seja de que ordem for (PINTO, 2013, p. 67). Essas teorias possuem um ponto em comum: “a base divina que empres- tam ao poder” (BONAVIDES, 2018, p. 161), porém divergem em relação ao papel dos governantes na atuação do poder, de acordo com as seguintes dou- trinas: 1. A doutrina da natureza divina dos governantes fundava-se nos atributos e caráter de divin- dade dos titulares de poder, que deviam ser objeto de culto e ve- neração, podendo ser exempli- ficada nos faraós do Egito, nos imperadores romanos ou nos príncipes orientais; 2. A doutrina da investidura divina dos reis, essencialmente cristã, exigia a ingerência dos papas, os quais outorgavam aos mo- narcas a condição de delegados diretos e imediatos de Deus, isto é, agentes executores de sua vontade; 3. A doutrina da investidura pro- videncial ou teoria ortodoxa da Igreja se lastreia na submissão ao bem comum, de acordo com a concepção teológica católi- ca. Tomás de Aquino, ao elu- cidar o princípio do poder di- vino, enunciado pelo apóstolo Paulo, demonstrou a exigência do bem comum, que seria um reflexo da autoridade divina, como substrato da forma de aquisição e de atuação do prín- cipe em relação ao poder (SOA- RES, 2011, p. 101). Já as teorias democráticas admi- tem [...] uma racionalização do poder, quer no que se refira à sua origem, quer no que diga respeito ao seu exercício. A ló- gica é simples. Quanto mais racional for a teoria que procura explicar o poder, sua origem e exercício, mais adequada e aceitável se torna a realidade e, por- tanto, mais fáceis e tranquilos se tornam o exercício do poder e sua manutenção (PINTO, 2013, p. 67). Essas teorias são diferentes em re- lação “aos efeitos da faculdade de par- ticipação política do eleitorado” (BONA- VIDES, 2018, p. 167), pois, na doutrina da soberania nacional, “tal participação é limitada, circunscrita àqueles que a nação investir na escolha de seus go- vernantes” (SOARES, 2011, p. 110). Na doutrina da soberania popular, “há a busca da universalização da participa- ção popular, ao atribuir ao cidadão os direitos políticos que lhe cabem por ser portador ou titular de uma parcela da soberania” (SOARES, 2011, p. 110), ou seja, A doutrina da soberania nacional preco- niza que a capacidade suprema de domi- nação pertence à nação, enquanto pes- soa moral, distinta dos indivíduos que a compõem. Este tipo de soberania, indi- visível e inalienável, manifesta-se pelos representantes eleitos que atuam livre- mente, não se vinculando aos grupos ou indivíduos, mas a toda nação. A doutrina da soberania popular concebe a titulari- 27 dade da soberania como pertencendo a todos os componentes do povo, ao atribuir a cada cidadão uma parcela do poder soberano (SOARES, 2011, p. 109). LIMITAÇÕES A soberania é limitada pelos: 1. Princípios de direito natural; 2. Pelo direito grupal, isto é, pelos direitos dos grupos particulares que com- põem o Estado; 3. Imperativos da coexistência pacífica dos povos na órbita internacional” (MA- LUF, 1998, p. 51), revelando 1. Porque o Estado é apenas instrumento de coordenação do direito, e porque o direito positivo, que do Estado emana, só encontra legitimidade quando se conforma com as leis eternas e imutáveis da natureza. Como afirmou São To- más de Aquino, uma lei humana não é verdadeiramente lei senão enquanto deriva da lei natural; se, em certo ponto, se afasta da lei natural, não é mais lei e sim uma violação da lei. E acrescenta que nem mesmo Deus pode alte- rar a lei natural sem alterar a matéria; 2. Porque sendo o fim do Estado a segurança do bem comum, compete-lhe co- ordenar a atividade e respeitar a natureza de cada um dos grupos menores que integram a sociedade civil. A família, a escola, a corporação econômica ou sindicato profissional, o município ou a comuna e a igreja são grupos in- termediários entre o indivíduo e o Estado, alguns anteriores ao Estado, como é a família, todos eles com sua finalidade própria e um direito natural à exis- tência e aos meios necessários para a realização dos seus fins e 3. Notadamente no plano internacional, a soberania é limitada pelos imperati- vos da coexistência de Estados soberanos, não podendo invadir a esfera de ação das outras soberanias [...]. Atualmente, as nações integram uma ordem continental, e, dentro dessa ordem superior, o poder de autodeterminação de cada uma limita-se pelos imperativos da preservação e da sobrevivência das demais soberanias. Na ordem internacional, essas limitações decorrem das participações dos Estados em organizações internacionais, são justifica- das pelas necessidades de coexistência pacífica, segurança e desenvolvimen- to e são alavancadas pela globalização (MALUF, 1998, p. 52 – 53). 29 Por meio da natureza jurídica, há o reconhecimento da existência do Es- tado pelo Direito, ou seja, o Estado é reconhecido pela ordem jurídica como sujeito de direitos e obrigações1, parti- cipando, assim, das relações jurídicas, sendo seus atos considerados como válidos. A origem e os fundamentos do Estado como pessoa jurídica podem ser conferidos aos contratualistas, por meio da ideia de “coletividade ou povo como unidade, dotada de interesses diversos dos de cada um de seus com- ponentes, bem como de uma vontade própria, também diversa das vontades de seus membros isoladamente consi- derados” (DALLARI, 2011, p. 123), isto é, ocorre a separação entre os direitos e deveres de uns e outros. Posteriormente, várias doutrinas foram surgindo a respeito da natureza jurídica do Estado, sendo elas: teorias ficcionistas e teorias realistas. As teorias ficcionistas “aceitam a ideia do Estado-pessoa jurídica, mas como produto de uma convenção, de um artifício, que só se justifica por mo- tivos de conveniência” (DALLARI, 2011, 1 “Pessoas jurídicas são entidades a quem a lei empresta personalidade, isto é, são seres que atuam na vida jurídica, com personalidade própria, diversa da dos indivíduos que as compõem, capazes de serem sujeitos de direitos e obrigações na ordem civil. Explicando melhor: além das pessoas naturais, o direito atribui personalidade jurídica a determinadas entidades abstratas, criadas pelo ser humano, possibilitando assim que elas possam ter vida negocial independente daqueles que as organizaram” (MELO, 2015, p. 81-82). p. 124). São defensores dessa ideia, se- gundo Dallari, Saving e Hans Kelsen. Para o Saving a “personalidade ju- rídica é concebida como ficção [...] em- bora dotados de personalidade jurídica própria, que não se confunde com a de seus componentes, as pessoas jurídi- cas são sujeitos artificiais, criados pela lei” (DALLARI, 2011, p. 123 – 124). Por- tanto, para Saving, o Estado faz parte das pessoas jurídicas, sendo sua perso- nalidade resultado da ficção. Já na concepção normativista de Hans Kelsen, o “Estado é também do- tado de personalidade jurídica, mas é igualmente um sujeito artificial, enten- dendo Kelsen que o Estado é a perso- nificação da ordem jurídica” (DALLARI, 2011, p. 124). Assim, “essa posição é coerente com sua concepção de um direito puro, que afirma ser a norma a única realidade jurídica, não havendo como sustentar, dentro dessa perspec- tiva, que possa existir uma pessoa jurí- dica real” (DALLARI, 2011, p. 124). Com relação às teorias realistas, a personalidade jurídica é uma reali- dade e, por isso,defendem um orga- nicismo físico, ou seja, “pretenderam ver o Estado como organismo físico, sustentando o chamado organicis- mo biológico, comparando o Estado a uma pessoa grande e explicando des- sa forma sua personalidade” (DALLARI, 2011, p. 124). De acordo com Dallari, são favoráveis a esse pensamento Ger- NATUREZA JURÍDICA DO ESTADO 30 ber e Jellinek . Geber admite que o Estado é “um organismo moral [...] existente por si e não como simples criação conceitual [...]. O Estado-pessoa jurídica é um or- ganismo, e através de órgãos próprios atua sua vontade. Esta se forma por meio de pessoas físicas que agem como órgãos do Estado” (DALLARI, 2011, p. 125). Para Jellinek se o Estado “é uma unidade coletiva, uma associação, e esta unidade não é uma ficção, mas uma forma necessária de síntese de nossa consciência [...], então tais uni- dades coletivas não são capazes de ad- quirir subjetividade jurídica que os in- divíduos humanos” (GEORG JELLINEK, 1954, Apud DALLARI, 2011, p. 125). Entretanto, de acordo com Dalla- ri, existem doutrinadores que negam a personalidade jurídica do Estado, tais como Max Seydel e Duguit. Max Seydel aduz que o Estado “não é unidade, nem organismo, nem todo vivo, nem sujeito de direitos, mas, tão-só, homens, ou, quando muito, terra e gente dominada por uma vontade superior” (DALLARI, 2011, p. 126). Perfilhando a mesma ideia, Duguit entende o Estado “apenas como uma relação de subordinação, entre os que mandam e os que são mandados, ou, então, como uma cooperação de ser- viços públicos organizados e dirigidos pelos governantes” (DALLARI, 2011, p. 126). Em que pesem as teorias que admi- tem a personalidade jurídica do Estado (teorias ficcionistas e teorias realistas) e as que negam a personalidade jurídi- ca do Estado, fato é que não há porque se deva recusar a personalidade do Es- tado, pois [...] se, de um lado, é inevitável que o Es- tado se torne titular de direitos que ele próprio cria por meio de seus órgãos, há, de outro, a possibilidade de que os cida- dãos possam fazer valer contra ele suas pretensões jurídicas, o que só é concebí- vel numa relação entre pessoas jurídicas (DALLARI, 2011, p. 17). 31 A partir da Antiguidade, houve a preocupação do homem em unir as diferentes formas de sociedade em variados tipos, como foi, por exemplo, demonstrado na Unidade I, com Aristó- teles. Ocorre que isso não é fácil, tendo em vista as várias facetas que o exer- cício do poder pode assumir, ou seja, “conforme a feição por ele assumida, dará lugar a uma forma corresponden- te de organização política” (BASTOS, 2002, p. 125). Assim, os regimes de governo, por revelarem a forma verdadeira de es- truturação do poder, podem ser dividi- dos, como veremos, em: monocracia, oligarquia, democracia, tirania e dita- dura. A monocracia se caracteriza por [...] significar o governo de uma só pes- soa, reunindo em suas mãos poderes absolutos. As monocracias apresentam duas variantes: a monarquia absolu- ta e a ditadura. Ambas se caracterizam pelo fato de o governante não dispensar muita atenção aos outros órgãos esta- tais, cujas vontades deverão sempre ce- der ao conflitarem com a sua (BASTOS, 2002, p. 127). Na oligarquia, o governo é “exer- cido por uma classe dirigente. É dizer um grupo de pessoas. [...]. Basta, tão- -somente, que haja uma casta ou uma classe que tenha avocado para si o exercício do poder com exclusão dos demais” (BASTOS, 2002, p. 129). Por democracia, compreende-se “um processo de convivência social em que o poder emana do povo, há de ser exercido, direta ou indiretamente, pelo povo em proveito do povo” (SILVA, 2016, p. 128). Insta salientarmos que, doutrinariamente, existem três manei- ras de expressão do regime democráti- co, a saber: a democracia direta, a de- mocracia indireta ou representativa e a democracia semidireta ou mista. Na democracia direta, “o povo di- PRINCIPAIS REGIMES DE GOVERNO 32 retamente exerce o poder soberano e, portanto, as atividades de administra- ção do Estado” (PINTO, 2013, p. 168). Essa era a forma de democracia na Grécia Antiga, “onde o povo debatida e decidida questões importantes da Po- lis em assembleias realizadas em praça pública. Atualmente, esse tipo de de- mocracia só é praticado em pequenos cantões da Suíça, onde os cidadãos se reúnem para votar as questões políti- cas” (MARUM, 2018, p. 1). Já na democracia indireta ou re- presentativa, “[...] o povo exerce as funções soberanas de administração do Estado através de representantes eleitos em mandatos com prazo prees- tabelecido. Preservadas, portanto, as características da República, vale dizer, eletividade e temporariedade” (PINTO, 2013, p. 168). E, por fim, na democracia mista ou semidireta, [...] o povo em regra exerce o poder soberano de administração do Estado através de representantes eleitos para mandatos de prazo certo (democracia indireta ou representativa), entretanto, o sistema reserva a possibilidade de o povo, exercendo diretamente seu poder soberano, participar efetivamente das decisões administrativas do Estado (PIN- TO, 2013, p. 168). Nessa democracia, existem alguns instrumentos que permitem o exercício de poder soberano por parte do povo: a) o plebiscito; b) o referendo; c) a ini- ciativa popular; d) o veto popular; e) o recall, sendo que a) O plebiscito1 é um instrumento de consulta popular em que determi- nada decisão é submetida à vontade da nação. É a própria nação que decide diretamente o que entende por melhor para o Estado; b) O referendo2, do mes- 1 “Assim ocorreu, por exemplo, em abril de 1993 no Brasil. Conforme comando do art. 3º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias,18 regulamentado pela Lei n.º 8.624, de fevereiro de 1993, fomos chamados às urnas para decidir se desejávamos a monarquia ou a república, o parlamentarismo ou o presidencialismo. Efetivamente, decidimos continuar na forma republicana de governo e preservar o sistema presidencialista” (PINTO, 2013, p. 169). 33 mo modo, é uma consulta popular que reflete uma participação efetiva do povo nas atividades ou funções soberanas do Estado. Difere-se do plebiscito porque, neste, o povo é chamado a decidir, en- quanto no referendo o povo acata – ou não – uma decisão soberana anterior- mente tomada. Daí que tradicional- mente na cédula do referendo constem as opções sim e não; c) A iniciativa po- pular constitui3, da mesma forma, um instrumento de participação efetiva do cidadão integrante do corpo social na atividade legislativa [...]. Assim, o povo pode propor projetos de lei para a ela- boração de novos mandamentos legais ou mesmo alterar aqueles já existentes; d) O veto popular4 significa que o cida- dão pode vetar qualquer projeto de lei, mesmo que este tenha passado por to- das as suas fases do processo legislati- vo e e) O recall5 significa que qualquer decisão judicial, até da Suprema Corte, pode ser anulada pelo voto popular (PINTO, 2013, p. 169 – 170). A título de informação, o Brasil, de acordo com o Artigo 1º, parágrafo úni- co, da Carta Magna de 1988, admite a soberania popular6 que será exercida 3 “Alguns exemplos se tornaram famosos no Brasil, até mesmo por envolver meios de comunicação. A Lei n.º 8.072/90 foi alterada em 1994, através de iniciativa popular, a primeira da história do Brasil. Encabeçada pela novelista Glória Perez, depois do assassinato de sua filha Daniela Perez, o objetivo da alteração era incluir o homicídio qualificado como crime hediondo, regulado pela referida legislação” (PINTO, 2013, p. 170). 4 “[...] não é utilizado no sistema nacional, entretanto, também constitui valioso instrumento de participação democrática nas atividades soberanas do Estado” (PINTO, 2013, p. 170). 5 “[...] existente no sistema americano, da mesma maneira, vem a constituir um valioso instrumento da democracia semidireta” (PINTO, 2013, p. 170). 6 “Art. 1º A República Federativa do Brasil, formadapela união indissolúvel dos Estados e Municípios pelo sufrágio universal e pelo voto di- reto e secreto, com igual valor para to- dos, por meio do plebiscito, referendo e iniciativa popular, conforme o Art. 14, incisos I, II e III7. Assim, depreendemos que o Brasil adotou, como regime de governo, a democracia mista ou semi- direta. A tirania é entendida como sendo [...] um governo que não respeita os princípios constitucionais e, portanto, também não respeita os direitos indivi- duais. O povo dela não participa, ficando à margem das decisões políticas. Carac- teriza-se ainda, por ser um governo em que vigora o princípio da hereditarieda- de e por constituir-se à margem da lega- lidade. A tirania surge geralmente quan- do o Estado passa por algum tipo de crise em seu sistema de governo. Em última análise, a tirania é oriunda dos anseios de uma burguesia ascendente em detri- mento das massas e, evidentemente, da ousadia de indivíduos sedentos por po- der e decididos a tudo para triunfar. Na tirania o poder encontra-se concentrado nas mãos de uma só pessoa que dele dis- põe como bem aprouver (BASTOS, 2002, p. 141 – 142). e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: [...]. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição” (BRASIL, 2018, p. 1). 34 E, finalizando, a ditadura se caracteriza como [...] o poder extraconstitucional, que normalmente ocorre por golpe de Estado. É entendida como o governo de um só ou de um grupo de pessoas, partido político, que tomam o poder e passam a exercê-lo sem limites. A finalidade essencial da ditadura é fazer com que seja pos- sível uma autuação política ao mesmo tempo rápida e rigorosa, por meio da transferência de todo poder a um único governante, o qual terá como missão superar determinada crise po- lítica, seja ela externa ou interna. Na ditadura parte-se do pressuposto que uma pessoa teria mais condições de resolver e superar tal situação do que um órgão colegiado, que é formado por uma multiplicidade de opiniões. Normalmente o povo permanece à margem da vida polí- tica. A ditadura, pela sua feição autoritária e centralizadora do poder executivo, suprime todas as liberdades individuais e acaba por deixar também os demais poderes em sua dependência (BASTOS, 2002, p. 142 – 143). Insta lembramos de que tivemos no Brasil um período ditatorial (1964–1985) que deixou chagas incuráveis em nossa memória e influenciou decisivamente na evolução histórica do Estado brasileiro, configurando nosso atual cenário político. REFERÊNCIAS ACQUAVIVA, Marcos Cláudio. Teoria Geral do Estado. Barueri, SP: Manole, 2010. ACNUR� Disponível em: <http://www.acnur.org/portugues/quem-ajudamos/apatri- das/o-que-e-a-apatridia/>. Acesso em: 24 fev. 2014. BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Teoria do Estado e Ciência Política. São Paulo: Sa- raiva, 2002. BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. Disponível em: <http://unifra.br/professores/ 14104/Paulo%20Bonavides-Ciencia%20Politica%5B1%5D.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2018. BORGES, Antonio Carlos Pontes. Direito Comunitário Europeu. 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