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LIVRO - UNIDADE 02

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CIÊNCIA
POLÍTICA
Profa. Ma. Rândala Maria de Morais Nogueira y Rocha
CIÊNCIA POLÍTICA
Barra do Garças - MT
UniCathedral
2018
BARRA DO GARÇAS - MT
JANEIRO 2018
Autora
Profa. Ma. Rândala Maria de Morais Nogueira y Rocha
Leitura Crítica e Sugestões
Rosimeire Cristina Andreotti
Revisão Gramatical do Texto
Roziner Aparecida Guimarães Gonçalves
Projeto Gráfico
Atila Cezar Rodrigues Lima e Coelho
BARRA DO GARÇAS - MT
JANEIRO 2018
 
UniCathedral - Centro Universitário 
Av. Antônio Francisco Cortes, 2501 
Cidade Universitária - Barra do Garças / MT 
www.unicathedral.edu.br
Copyright © by UniCathedral, 2018 
Nenhuma parte desta publicação pode ser gravada,
armazenada em sistemas eletrônicos, fotocopiada,
reproduzida por meios mecânicos ou outros quaisquer
sem autorização prévia do(s) autor(es).
SUMÁRIO
UNIDADE II ������������������������������������������������������������������������������������������������������� 9
SOCIEDADE ............................................................................................................... 11
 Tipos de Sociedade ............................................................................................... 16
ESTADO ....................................................................................................................... 8
 Origem da Palavra ................................................................................................ 18
U
N
ID
AD
E 
II
Autor(a) da Unidade
Profa. Ma. Rândala Maria de Morais Nogueira y Rocha
 
Ao final da unidade, esperamos que você seja capaz de:
• Entender o surgimento da sociedade.
• Correlacionar às teorias a respeito do conceito de Estado.
• Conhecer a evolução histórica do Estado.
• Identificar as funções, nascimento e extinção do Estado.
11
O homem, como mencionado, 
pela sua própria essência, é um animal 
político, mas, também, é um animal 
social, já que desde aurora, continua-
mente, viveu em sociedade, ou seja, 
ele necessita se relacionar com outros 
homens para a concretização plena de 
sua natureza (BASTOS, 2002, p. 23). 
Essa concretização ocorrerá por meio 
da sociedade, pois é nela que ele en-
contra a segurança e a proteção funda-
mental para crescer. Logo, a sociedade 
se embaralha com a própria evolução 
humana (BASTOS, 2002, p. 23).
Segundo Celso Ribeiro Bastos, a 
sociedade “vem a ser toda forma de 
coordenação das atividades humanas 
objetivando um determinado fim e re-
gulada por um conjunto de normas1” 
(BASTOS, 2002, p. 24). Essa normati-
vidade se faz necessária para que seja 
feita uma distinção entre a sociedade 
1 “[...] Normas jurídicas – são os meios pelos quais as 
sociedades se organizam e disciplinam o comportamento dos 
seus associados. Pelas normas estabelecem-se os direitos e 
deveres dos associados para que, de tal sorte vinculados, com-
ponham a forma necessária à convivência social superando os 
conflitos originados da vida comum” (SALVETTI NETO, 1979, p. 
24).
e determinados agrupamentos2 (BAS-
TOS, 2002, p. 24).
Para que o agrupamento humano 
seja considerado sociedade, de acordo 
com Alexandre Sanches Cunha, há a 
necessidade dos seguintes elementos:
1. Uma finalidade comum;
2. Manifestação de conjunto or-
denada e
3. O poder social.
1. Trata-se de um objetivo co-
mum a ser alcançado, cons-
cientemente. Trata-se de uma 
organização consciente, com a 
submissão voluntária às nor-
mas estabelecidas pelo grupo, 
bem como com o requisito de 
que todos os membros reúnem 
para o mesmo objetivo: o bem 
comum;
2. Não importa, neste caso, a 
2 Exemplo: “Um público de uma conferência, ou de 
um espetáculo teatral ou cinematográfico. Embora irmanados 
por um interesse comum e por uma circunstância de fato pre-
cisa, a de estarem presentes no mesmo momento e local, não 
constituem sociedade porque ainda não adotaram objetivos 
comuns a serem perseguidos de forma mais ou menos perma-
nente” (BASTOS, 2002, p. 24-25).
SOCIEDADE
12
quantidade de pessoas que integram o grupo, o importante é que a finalida-
de seja comum, a mesma para todos; e
3. Trata-se da existência de um poder legítimo, com a anuência dos que a ele se 
submetem. Este poder age, necessariamente, conforme o Direito, colocando 
a coação como forma extrema de assegurar a existência e o bem-estar do 
grupo (CUNHA, 2013, p. 26-27).
Portanto, a sociedade pode ser compreendida como homens que se associam 
ante a uma ordem normativa, objetivando o bem comum, com um poder que os 
unificam (CUNHA, 2013, p. 26) e, por isso, as relações humanas3 voltadas à consan-
guinidade (família), à coabitação territorial (vizinhos) e à afinidade espiritual (amigos) 
não se caracterizam uma sociedade.
ORIGEM
Segundo Celso Ribeiro Bastos, “doutrinariamente não existe um consenso com 
relação ao surgimento da sociedade, pois existe a ideia de que a sociedade é fruto da 
própria natureza humana (sociedade natural). Há ainda uma outra ideia que sustenta 
que a sociedade é apenas a consequência de um ato da vontade humana (sociedade 
contratual). Atualmente, predomina-se a de que a sociedade é decorrente da ne-
Adaptado de: https://pt.slideshare.net/lmeneguetti/aulas-de-direito-internacional-pblico
13
cessidade natural do homem, sem eli-
minar a atuação da vontade humana” 
(2002, p. 25).
SOCIEDADE NATURAL
O homem é um animal político e 
social e, por isso, sente a necessidade 
de viver em sociedade, uma vez que 
o “homem é guiado pela necessidade 
de cooperação entre seus pares com a 
finalidade de garantir a sua existência 
(ou a sobrevivência do grupo, no caso 
de guerra, fome, etc.)” (CUNHA, 2013, 
p. 30). Os pensadores que admitem 
essa sociedade são: Aristóteles, São 
Tomaz de Aquino e Ranelleti.
Aristóteles asseverava que o ho-
mem necessita conviver com outros 
homens para poder crescer. Para ele, 
apenas um homem dotado de supe-
rioridade poderia viver isolado dos de-
mais sem que a isso fosse compelido 
(BASTOS, 2002, p. 25-26). Com relação 
aos animais irracionais, mesmo viven-
do em constante associação, eles for-
mam apenas uma associação, já que 
são agrupados em virtude do instinto e 
não da razão, do justo e do injusto, do 
sentimento do bem e do mal, como o 
homem o é (DALLARI, 2011, p. 22).
Para São Tomaz de Aquino (1225 a 
1274), apreciador das ideias de Aristó-
teles, destaca que “a vida solitária se-
ria umja exceção para o homem, pois 
somente um ser dotado de natureza 
vil teria dificuldades de (com) vivên-
cia com seus pares. O normal na vida 
do homem é a (com) vivência, a asso-
ciação” (CUNHA, 2013, p. 30). Para o 
frade italiano, que tanto influenciou o 
pensamento ocidental, só existem três 
situações que o homem solitário pode-
ria encaixar-se:
1. excellentia naturae
2. corruptio naturae
3. mala fortuna
1. Quando se tratar de indivíduo 
notavelmente virtuoso, que 
vive em comunhão com a pró-
pria divindade, como ocorria 
com os santos;
2. Referente aos casos de doen-
ças mentais;
3. Quando só por acidente, como 
no caso de naufrágio ou outra 
situação que forçasse o indiví-
duo a viver isolado de seus pa-
res (CUNHA, 2013, p. 30).
Finalizando, Oreste Ranelletti 
(1868 a 1956), renomado jurista italia-
no, também sustentava que o homem, 
desde os primórdios, encontra-se em 
convivência e em cooperação com seus 
semelhantes, constituindo pequenos 
grupos (BASTOS, 2012, p. 26). Para 
Ranelletti, segundo nos ensina Celso 
Ribeiro Bastos, “a associação entre os 
homens é uma condição essencial da 
vida, pois só mediante a associação, 
e a consequente cooperação entre os 
indivíduos é que o homem consegue 
suprir todas as suas necessidades para 
deste modo atingir os fins de sua exis-
tência” (2002, p. 26).
SOCIEDADE CONTRATUAL
De acordo com Alexandre Sanches 
14
Cunha, “os homens, nos primórdio (no 
estado natural), viviam desprovidos de 
poder ou organização. Esses fatores 
passaram a existir depois que houve 
um pacto4 firmado entre os homens, 
Esse pacto estabeleceu regras de con-
vívio e de subordinação política” (2013, 
p. 31). Os adeptosdessa sociedade são: 
Platão, Thomas Hobbes, John Locke e 
Jean Jacques Rousseau.
Platão faz referência à sociedade 
como criação racional do homem, “e 
não em razão de um simples impulso 
natural. Portanto verifica-se em sua 
formação a presença do elemento von-
tade” (BASTOS, 2002, p. 26). 
Vale ressaltarmos que, antes de ex-
plicar as ideias de Hobbes, Locke e Rous-
seau, necessário esclarecermos que esses 
pensadores comungavam do mesmo 
entendimento de que a sociedade sur-
ge da vontade humana em celebrar um 
contrato social ou pacto social (DALLA-
RI, 2011, p. 24). No entanto, discorda-
vam com relação ao estado de natu-
reza5 que os homens se encontravam 
antes de firmarem o acordo para a exis-
tência da sociedade (OLIVEIRA, 2018, p. 
1).
Para o inglês Thomas Hobbes 
(1588 a 1679), o homem, em seu es-
tado de natureza, encontrava-se numa 
verdadeira guerra de todos contra to-
dos. Inteiramente dominado pelo ins-
tinto e movido pela paixão, revelava-
-se egoísta e agressivo (BASTOS, 2002, 
p. 27). Assim, o estado de natureza do 
homem hobbesiano, “é um estado de 
guerra uma vez que cada indivíduo se 
sente dono da razão, poderoso, temido 
ou ao contrário traído, desrespeitado – 
‘o homem é lobo do próprio homem’” 
(BASTOS, 2002, p. 27).
Diante dessa situação de temor, o 
homem sentia a necessidade de firmar 
um contrato social na busca de prote-
ção, momento em ocorre a transferên-
cia de direitos para um governante que 
iria agir ilimitadamente (tendência ab-
solutista), cuja obrigação era assegurar 
a vida e o fim da guerra de todos contra 
todos (BASTOS, 2002, p. 28). Então, “o 
15
homem sai do estado de natureza para 
o estado social, ou seja, abre mão de 
sua liberdade irrestrita, criando limi-
tes. Há, portanto, uma cessão dos di-
reitos de liberdade a um poder maior” 
(CUNHA, 2013, p. 33).
Já para o também inglês John Lo-
cke (1632 a 1704), o homem em seu 
estado de natureza era bom, vivia em 
liberdade e igualdade (BASTOS, 2012, 
p. 54). Os homens tinham a liberdade 
de conduzir suas ações e desfrutavam 
de seus bens, de acordo com o que 
achavam apropriado, em conformida-
de com os limites da lei da natureza6, 
como, por exemplo, não prejudicar o 
seu semelhante na vida, na saúde, na 
liberdade ou nas suas posses (FERREI-
RA NETO, 2018,p. 77).
Ocorre que o homem percebe que 
suas paixões e valores de juízo não po-
deriam julgar de maneira correta o seu 
transgressor e, com isso, acarretaria in-
justiças (FERREIRA NETO, 2018, p. 80). 
Assim, cede sua liberdade e seu direito 
de executar a lei e pactua para o surgi-
mento de que um governo civil7, “que 
7 “O governo civil também oferece um juiz conhecido 
e imparcial, uma pessoa que conhece a norma positivada, e que 
por ser terceiro, poderá julgar sem estar influenciado pelo calor 
poderá dar solução adequada, justa e 
imparcial para decidir as eventuais di-
ferenças que o convívio em socieda-
de venha produzir” (FERREIRA NETO, 
2018, p. 87). Logo, o homem muda do 
estado de natureza para o estado so-
cial, alterando, desse modo, sua liber-
dade e seu poder de fazer justiça com 
as próprias mãos, para um governo 
civil que grantirá sua vida, liberdade 
e bem (que é a propriedade privada) 
(tendência liberal) (FERREIRA NETO, 
2018, p. 90).
E, por fim, para o suíço Jean-Jac-
ques Rousseau (1712 a 1778), o ho-
mem em seu estado de natureza era 
um bom selvagem, “pois desconhecia 
lutas e comunicava-se por meio de 
uma linguagem primitiva e equilibra-
da” (MARQUES, 2018, p. 1). Isto é, 
“‘estado de natureza’ era regido pela 
bondade e liberdades humanas onde 
a principal preocupação do homem 
residia apenas nos negócios materiais 
relativos a sua vida pastoral” (BASTOS, 
2012, p. 56).
No entanto, o homem tem vonta-
de de defender a pessoa e os bens de 
cada integrante e, por isso, firma um 
contrato em que todos governariam 
juntos em busca do bem comum (BAS-
TOS, 2012, p. 29-30). Nesse momento, 
o homem se desvencilha do seu estado 
de natureza e transpõe para o estado 
social. Desse modo, o homem despren-
de do pensar em si e passa a considerar 
da relação litigiosa, aplicando a regra com justiça e equidade. O 
fato das pessoas saberem quem é o juiz e ele estar investido de 
autoridade pelo próprio pacto social traz segurança e um alen-
to para ambas as partes de uma demanda, pois estarão cientes 
que o juiz não privilegiará ninguém a não ser pela imposição da 
lei” (FERREIRA NETO, 2018, p.88).
16
os outros, ou seja, “há a renúncia a toda 
liberddae e direitos por parte de todos os 
integrantes da sociedade, submetendo-se 
cada um a todos do grupo e a ninguém es-
pecífico” sendo a vontade geral a síntese 
de todas as vontades individuais (tendên-
cia democrática) (CUNHA, 2013, p. 36).
TIPOS DE SOCIEDADE
Como verificado anteriormente, a so-
ciedade é fruto da natureza do homem as-
sociada a integração de sua vontade e in-
teligência. Segundo Celso Ribeiro Bastos, 
existem vários tipos de sociedade, como:
1. familiar;
2. a religiosa;
3. a contingente;
4. a política.
1. Sociedade mais antiga que conhecemos é a própria família, pois todo 
17
homem nasce dentro de um núcleo familiar. A família, nada mais é que 
a sociedade natural, porque o nasce nesta ou naquela família não é um 
ato de vontade. A família, no mundo moderno, é a entidade em que se 
dá a socialização do homem pelo aprendizado dos seus valores e das 
suas regras fundamentais.
2. O homem busca na religião seu aperfeiçoamento e desenvolvimento 
espiritual. A sociedade religiosa persegue um fim determinado, todavia 
ela é uma sociedade involuntária, é dizer, seus integrantes participam 
dela por compulsão, é exatamente o que acontece na participação de 
uma igreja.
3. É aquela que não é permanente, pode deixar de existir a qualquer mo-
mento. Alguns autores preferem denominá-la de mera associação (Ex: 
sociedades econômicas, filantrópicas, esportivas). Esta sociedade se ca-
racteriza por nascer de um ato voluntário do homem, é dizer, é produto 
da vontade humana.
4. Aquela que tem em mira a realização dos fins daquelas organizações 
mais amplas que o homem teve necessidade de criar para enfrentar o 
desafio da natureza e de outras sociedades rivais. Essa sociedade sem-
pre esteve circunscrita ao território sob sua jurisdição. São tidas por tais: 
as tribos, as cidades-estados gregas, o Império Romano, a sociedade 
feudal e o Estado. Os fins dessa sociedade são evolutivos a medida em 
que muda de acordo com as circunstâncias e necessidades de seus in-
tegrantes, sem contudo perder a continuidade. É uma sociedade de fins 
gerais porque não tem como escopo apenas um único objetivo e tam-
bém não se limita a um determinado ramo de atividade humana, pois 
ela visa a integrar todas as atividades sociais que ocorrem dentro de seu 
campo de atuação, em virtude de uma finalidade em comum. A socieda-
de política de maior relevo, como não poderia deixar de ser, é o ESTADO 
(BASTOS, 2002, p. 35 a 38).
18
O Estado é um acontecimento in-
trincado, pois possui várias facetas e 
para ser entendido, torna-se impres-
cindível estudá-lo conjugando as ci-
ências jurídicas e as sociais (a história, 
economia, a política e a sociologia), 
não havendo exclusivismo de uma ci-
ência com relação à outra (BASTOS, 
2002, p. 2). Isso porque o Estado é uma 
realidade jurídica “posto que toda or-
ganização estatal está pautada em nor-
mas jurídicas” (BASTOS, 2002, p. 2) e, 
também, é uma realidade sociológica 
“a partir do momento em que o analisa 
como uma evolução do homem para se 
chegar a uma sociedade política capaz 
de resolver suas necessidades” (BAS-
TOS, 2002, p. 2).
ORIGEM DA PALAVRA
A palavra “Estado”, como forma 
de organização política, passou por 
diversidade de conceitos, tais como: 
“Na Grécia antiga usava-se a expressão 
“Pólis” que significava cidade, já os ro-
manos utilizavam a palavra ‘civitas’. Na 
Idade Média e na Idade Moderna pas-
sou-se a utilizar os termos: principado, 
reino, replública dentre outros para 
designar Estado. Os povos germâni-cos adotaram o termo ‘reich’ e ‘staat’“ 
(BASTOS, 2002, p. 49-50).
O termo Estado deriva do latim 
“status”, que significa condição, posi-
ção e ordem e foi utilizada, como si-
nônimo de sociedade política, recen-
temente, em 1531 – século XVI –, por 
Maquiavel, ao iniciar sua obra “O Prín-
cipe” (BASTOS, 2002, p. 49-51): “Todos 
os Estados, todos os domínios que ti-
verem e têm poder sobre os homens, 
são Estados e são ou repúblicas ou 
principados” (MAQUIAVEL, 1935, p. 7).
ESTADO
19
CONCEITO
Como mencionado, há divergência 
conceitual com relação ao Estado, em 
razão da complexidade do tema. Segun-
do Celso Ribeiro Bastos, o Estado pode 
ser conceituado juridicamente (Hans 
Kelsen) e sociologicamente (Ferdinand 
Lassalle). No entanto, ele apresenta 
um conceito de Estado contemplando 
esses dois conceitos, como veremos 
(2002, p. 18).
Para o famoso jurista e filósofo 
austríaco, Hans Kelsen (1881 a 1973), 
deveos estudar o Estado levando em 
consideração apenas o aspecto jurídi-
co, pois a formação do Estado emanava 
não da realidade dos fatos, mas de dis-
posições normativas (BASTOS, 2002, p. 
14), ou seja, “o fenômeno estatal seria 
todo ele produzido pelo Direito e não 
pela realidade social” (BASTOS, 2002, 
p. 15), não cabendo, por conseguinte, 
qualquer aspecto sociológico dentro da 
norma jurídica (BASTOS, 2002, p. 14).
Já o economista polonês Ferdiand 
Lassalle (1825 a 1864) declara que o Es-
tado, para ser investigado, deve priori-
zar o aspecto sociológico em face do ju-
rídico, assim, a realidade dos fatos está 
em primeiro plano e, posteriormente, o 
Direito (BASTOS, 2002, p. 17), ou seja,
Parte-se do postulado da existência 
de uma relação de causalidade entre os 
fatos e o Estado, vale dizer, que os fatos 
seriam a causa, o fundamento do ente 
estatal. Seriam, pois, os fatos que cons-
tituíram o ordenamento jurídico do Es-
tado, de tal sorte que uma Constituição 
nada mais seria do que um reflexo, uma 
imagem fotográfica das estruturas só-
cio-econômicas dominantes, num dado 
momento (BASTOS, 2002, p. 16).
Tendo em vista as ideias aborda-
das, no ponto de vista de Celso Ribeiro 
Bastos o Estado é, concomitantemente, 
um fato social e, também, um fenô-
meno normativo(2002, p. 18). Desse 
modo, segundo ele nos ensina, o Estado 
“é uma organização política e caracteri-
za-se por ser a resultante de um povo 
vivendo sobre um território e governa-
do por leis que se fundam num poder 
não sobrepujado por nenhum outro ex-
ternamente e supremo internamente” 
(2002, p. 48).
BREVE ESBOÇO HISTÓRICO
O Estado passou por diferentes mo-
mentos durante a História, indo desde 
o Estado Antigo, Oriental ou Teocrático; 
passando pelo Grego; Romano; Medie-
val, até chegar à concepção de Estado 
Moderno que temos hoje.
Compreender a trajetória de de-
senvolvimento histórico do Estado 
contribui para o entendimento de que 
ele tem assumido, através dos séculos, 
uma estrutura cada vez mais relevante 
(BASTOS, 2002, p. 43). Motivo que leva 
a entender por que o homem nunca vi-
20
veu sob a égide do Estado como atual-
mente (BASTOS, 2002, p. 43).
ESTADO ANTIGO, ORIENTAL 
OU TEOCRÁTICO
Esse Estado foi delineado nas an-
tigas civilizações do Oriente ou do Me-
diterrâneo. “Havia, nesse Estado, uma 
confusão entre família, religião, Estado 
e organização econômica e, por con-
seguinte, não havia distinção entre o 
pensamento político, da moral, da fi-
losofia ou das doutrinas econômicas” 
(DALLARI, 2011, p. 70).
As características desse Estado são:
1. a natureza unitária e
2. a religiosidade.
1. Verifica-se que o Estado Antigo 
sempre aparece como uma unida-
de geral, não admitindo qualquer 
divisão interior, nem territorial, 
nem de funções. A ideia de natu-
reza unitária é permanente, per-
sistindo durante toda a evolução 
política da Antiguidade.
2. Quanto à presença do fator reli-
gioso, é tão marcante que muitos 
autores entendem que o Estado 
desse período pode ser qualifica-
do como Estado Teocrático1. A in-
fluência prodominante foi religio-
sa, afirmando-se a autoridade dos 
governates e as normas de com-
portamento individual e coletiva 
como expressões da vontade de 
um poder divino (DALLARI, 2011, 
p. 70).
ESTADO GREGO
O Estado Grego era habitado pelos 
povos helênicos, e era caracterizado 
pela cidade-Estado, a Pólis, cujo ideal 
era a autossuficiência (DALLARI, 2011, 
p. 71). Essa noção de autossuficiên-
cia, para Aristóteles, era compreendi-
da como uma sociedade “constituída 
por diversos burgos que formam uma 
cidade completa, com todos os meios 
de se abastecer por si, tendo atingido, 
por assim dizer, o fim a que se propôs” 
(ARISTÓTELES, 1965, p. 8).
Nesse Estado, existia uma aristo-
cracia que constituía a classe política 
que, por sua vez, participava, de ma-
neira acentuada, nas decisões de na-
tureza pública, sendo limitada a auto-
nomia individual nas relações privadas 
(DALLARI, 2011, p. 72). Desse modo, 
“mesmo quando o governo era tido 
como democrático, isto significa que 
uma faixa restrita da população – os 
cidadãos – é que participava das deci-
sões políticas” (DALLARI, 2011, p. 72).
Logo, percebemos que, embora a 
base da democracia originasse do Es-
tado Grego, a democracia grega colidia 
1 “Essa teocracia significa, de maneira geral, que há 
uma estreita relação entre o Estado e a divindade” (DALLARI, 
2011, p. 70-71).
21
com a democracia atual, tendo em vista 
que não era admitido o sufrágio univer-
sal2, em detrimento “das mulheres, dos 
escravos e dos metecos (estrangeiros), 
ou seja, não havia observância do prin-
cípio de igualdade” (CARVALHO, 2018, 
p. 1).
 
ESTADO ROMANO
Essa cidade-Estado, a Civitas (as-
semelha-se com a Pólis grega), tinha 
como base de organização a família, 
uma vez que ela teve origem da junção 
de grupos familiares (as gens)3 e, por 
isso, aos descendentes dos fundadores 
3 “O primitivo Estado-cidade dos romanos, portanto, 
era uma reunião de gens. As gentes reunidas formavam a Curia; 
várias Curias formavam a Tribu; e diversas Tribus constituíam 
a Civitas. Esta possuía um Senado cujos membros eram os pa-
ter-famílias. Por isso mesmo, ainda no decorrer do Império, os 
senadores conservavam o título tradicional de pater” (MALUF, 
1998, p. 101).
da Civitas, famílias patrícias4, eram con-
cedidos privilégios especiais (DALLARI, 
2011, p. 72).
No Estado Romano, o povo parti-
cipava diretamente do governo. Entre-
tanto, a noção de povo era reduzida, 
atingindo uma pequena parte da po-
pulação. Ocorre que com o tempo, no-
vas classes sociais apareceram e, como 
consequência, conquistaram e expandi-
ram direitos (DALLARI, 2011, p. 72-73).
Com o aparecimento do Império, 
Roma almejou a inclusão dos povos do-
minados, conservando o poder político 
para garantir a unicidade e o prestígio 
da Cidade de Roma (DALLARI, 2011, p. 
73). No entanto, com a liberdade reli-
giosa, proporcionada pelo documen-
to denominado por Edito de Milão5, a 
noção de superioridade dos romanos 
foi dissipada em face do cristianismo 
(DALLARI, 2011, p. 73).
Assim, notamos que as Civitas se 
originaram do engrandecimento da 
família, e eram formadas pelo “pater, 
seus parentes e os parentes destes, os 
escravos e mais os estranhos que se as-
sociavam ao grupo (família), cabendo 
ao pater da família o poder absoluto, 
que era o pontífice sensor, juiz e senhor 
com poder de vida e morte sobre os 
componentes do grupo” (CLASSIFICA-
ÇÃO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO ESTA-
4 “Proprietários de terras, rebanhos e escravos. Essas 
famílias desfrutavam de direitos políticos e podiam desempe-
nhar funções públicas no exército, na religião, na justiça e na 
administração. Eram cidadãos romanos”(APONTAMENTOS DE 
HISTÓRIA, 2018, p. 1).
5 “Em 313 dC, o imperador romano do Ocidente, Cons-
tantino, e o imperador romano do Oriente, Licínio, se reuniram 
em Milão e num documento conhecido como “Edito de Milão”, 
dirigido ao governador da Bitínia, dispuseram uma nova política 
religiosa. Com a edição desse documento, marcou-se uma nova 
era para a Igreja cristãque, pouco tempo depois, conseguiu su-
plantar definitivamente o paganismo” (UNIVERSO CATÓLICO, 
2018, p. 1).
22
DO, 2018, p. 1).
ESTADO MEDIEVAL
O Estado Medieval era fragmen-
tado e, por isso, caracterizava-se por 
três fatores que operavam, simultane-
amente, para a sua formação (DALLA-
RI, 2011, p. 74): a) cristianismo, b) inva-
sões bárbaras e c) feudalismo:
a) O cristianismo foi a base da as-
piração à universalidade. A aspiração 
de que toda a humanidade fosse cris-
tã, a afirmação da igualdade entre os 
homens e o princípio da unidade da 
Igreja foram ideias que visavam a agre-
gar todos os homens em torno de um 
Estado universal que adotasse as nor-
mas cristãs. Em suma, o cristianismo 
buscava assegurar a igualdade entre os 
homens, de modo que estes não pode-
riam ser tratados como uns selvagens 
mais do que outros. Feitos à imagem e 
semelhança de Deus, todos têm o mes-
mo valor. Entres estes não pode haver 
distinção. No entanto, na vigência do 
cristianismo passou-se a fazer uma es-
pécie de distinção: a dos homens te-
mentes e não-tementes a Deus.
b) Os Bárbaros haviam invadido o 
Império Romano. A desordem era visí-
vel, pois não havia unidade de coman-
do. Os limites territoriais eram incertos 
e as guerras, constantes. As invasões 
dos Bárbaros introduziram novos cos-
tumes e, portanto, constituíram um fa-
tor de ameaça à ordem estabelecida. 
Essas invasões repercutiram de tal for-
ma no quadro político da época, que 
chegaram, inclusive, a estimular as re-
giões invadidas a se afirmarem comu-
nidades políticas independentes, que 
teve como resultado o aparecimento 
de muitos Estados.
c) O Feudalismo representa um 
quadro de descentralização política e 
de valorização da terra como fonte de 
riqueza. Regime resultante de um en-
fraquecimento do poder central, e que 
une estreitamente autoridade e pro-
priedade da terra, estabelecendo en-
tre vassalos e suseranos uma relação 
de dependência. O feudalismo carac-
teriza-se por três elementos jurídicos: 
1. Vassalagem: Proprietários menos 
poderosos colocavam-se a serviço do 
senhor feudal. O pacto vassálico obri-
gava o vassalo a dar apoio nas guerras 
e entregar ao senhor uma contribuição 
pecuniária em troca de proteção; 2. 
Benefício: Contrato entre o senhor feu-
dal e o chefe de família que não possu-
ísse patrimônio. O chefe recebia uma 
faixa de terra para cultivar e entregava 
23
ao senhor uma parte da produção. O senhor adqui-
ria sobre o servo (chefe de família) e sua família, o 
direito de vida e de morte, estabelecendo inclusive 
regras de comportamento social e privado; 3. Imuni-
dade: isenção de tributos às terras sujeitas ao Bene-
fício (DALLARI, 2011, p. 73 a 76).
Dessa forma, constatamos que, no Estado Me-
dieval, não havia unicidade de poder, ou seja, havia 
um poder superior desempenhado pelo Imperador 
(DALLARI, 2011, p. 76), “[...] uma infinita pluralida-
de de poderes menores, sem hierarquia definida, 
várias ordens jurídicas (norma Imperial, eclesiástica, 
monarquias inferiores, direito comunal desenvolvi-
do, ordenações dos feudos e as regras estabelecidas 
no fim da Idade Média pelas corporações de ofício” 
(BERTANI, 2018, p. 8). Essa instabilidade social, política e econômica, motiva a exis-
tência de ordem e de autoridade, dando início ao Estado Moderno (DALLARI, 2011, 
p. 77).
ESTADO MODERNO
Em decorrência da necessidade de uma ordem e de uma autoridade central, 
surge o Estado Moderno. Esse Estado veio de encontro “as duas peculiaridades me-
dievais: o regionalismo político e o universialismo religioso. O regionalismo político 
criava um verdadeiro emaranhado de reinos, cada um com suas próprias caracte-
rísticas e regras; o universalismo religioso impunha uma autoridade papal incontes-
tável a todos os seus súditos” (MORAIS, 
2018, p. 1).
Essa nova organização social e política 
caracterizava-se, segundo Marcelo Rebelo de 
Sousa, por possuir “um povo fixado num de-
terminado território que institui por autorida-
de própria, dentro desse território, um poder 
político relativamente autônomo”, sendo en-
contrado, nesse conceito, os elementos cons-
titutivos do Estado6: povo, território e poder 
soberano, que serão abordados, pormenorizadamente, na próxima Unidade (1978, p. 85).
TEORIAS SOBRE A ORIGEM DO ESTADO
6 “[...]. Os tratados de paz de Westfália tiveram o caráter de documentação da existência de um novo tipo de Estado, com a 
característica básica de unidade territorial dotada de um poder soberano” (DALLARI, 2011, p. 78).
24
Várias são as teorias que esclarecem a origem do Estado. As principais são: fa-
miliar, teleológica (religiosa), jusnatu-
ralista, contratualista e da violência ou 
da força. Vale lembrarmos, por opor-
tuno, que três ângulos devem ser pon-
derados ao analisarmos a origem do 
Estado, a saber: aspectos sociológico, 
histórico e filosófico7.
De acordo com a teoria familiar, o 
Estado emerge da família, “que se de-
senvolve e expande para facilitar o seu 
aparecimento como sociedade políti-
ca. Como para essa teoria o Estado tem a sua origem unicamente no desenvolvi-
mento da família, autoridade social será exercida pelo chefe da família, portanto es-
taremos diante de uma autoridade patriarcal. Ela cita como exemplos Grécia, Roma 
e Israel que teve sua origem na família de Jacó” (BASTOS, 2002, p. 59). 
Com relação a teoria teleológica (religiosa), o Estado “foi criado por Deus, assim 
como todas as outras coisas que existiam no mundo. Encontram-se como expoentes 
dessa doutrina São Tomás de Aquino, Santo Agostinho e Jaques Bousset” (BASTOS, 
2002, p. 51).
Essa teoria é dividida em Teoria pura do direito divino sobrenatural (“o Estado 
era obra imediata de Deus, e que ele próprio designaria o homem ou a família que 
deveria exercer a autoridade estatal. Essa ideia contribuiu de maneira significativa 
para aumentar a tendência absolutista existente nas monarquias da Idade Média”) 
e a Teoria do direito divino providencial (“o Estado foi instituido pela providência 
divina, que o dirigia de maneira indireta atrasvés da direção providencial dos acon-
tecimentos e das vontades humanas (livre-arbítrio)”) (BASTOS, 2002, p. 51-52).
Para a teoria jusnaturalista, o Estado “encontra fundamento nas próprias exi-
gências da natureza humana [...]. Para os jusnaturalistas o homem vivia num estado 
de natureza que antecedia o estado social [...]. O Estado é uma entidade de origem 
natural, uma realidade necessária, ou melhor dizendo, a busca da sociedade huma-
na para encontrar a sua formação jurídica perfeita, enfim, o Estado perfeito” (BAS-
TOS, 2002, p. 52-53).
Já a teoria contratualista, o Estado “teve sua origem através da celebração de 
um pacto entre os homens, onde estes cedem parte de seus direitos individuais 
em prol de todo um grupo de pessoas, é dizer, do interesse coletivo. Nesse sentido 
fica claro que o Estado nasce de um pacto de vontade entre os homens. Portanto 
o pacto social justifica todo o seu poder no mútuo consentimento de todos os seus 
7 “O aspecto sociológico que diz respeito à verificação dos elementos constitutivos primitivos da sociedade política criada pelo 
homem; o aspecto histórico que encara o Estado como um fator social em permanente evolução, é dizer, com um produto social decor-
rente da própria evolução da sociedade; o aspecto doutrinário que analisa o Estado do ponto e vista filosófico” (BASTOS, 2002, p. 51).
25
integrantes” (BASTOS, 2002, p. 53).
E, para a última teoria, a da violência ou da força, dizer que o Estado nasce da 
violência “é dizer, da supremacia dos mais 
fortes sobre os mais fracos. Portanto, o Es-
tado tem origem a partir da desigualdade 
existente entre os homens em seu estado 
de natureza. O Estado não passa, portan-
to, de um instrumento de domínio dos 
mais fortes sobre os mais fracos” (BAS-
TOS, 2002, p. 58).
FUNÇÕES DO ESTADO
Na Antiguidade clássica, por meio de Aristóteles8, já se falava nas três funções 
do Estado. Nos séculos XVII e XVIII, essas funções foram retomadas por Locke, Bo-
linbrokee Montesquieu, sendo que o último explanou com mais nitidez e maestria 
sobre a doutrina da separação dos poderes (BASTOS, 2002, p. 179-180).
Vale mencionarmos que, num primeiro momento de sua retomada, essa dou-
trina “não tinha nada de inovador limitando-se a retomar as constatações aristoté-
licas para afirmar que em todo Estado há três funções: a legislativa, a executiva e a 
judiciária” (BASTOS, 2002, p. 180). No entanto, posteriormente, foi somada a essa 
ideia uma nova, “a de que cada uma dessas funções deveria corresponder um órgão 
próprio que, de forma autônoma e independente, o levaria a efeito” (BASTOS, 2002, 
p. 181).
Ocorre que o poder político é uno, indivisível e indelegável, por isso, não se 
poderia dizer em “separação de poderes” (BASTOS, 2002, p. 181), mas em “diferen-
8 “Aristóteles falava em uma função consultiva que se pronunciava acerca da guerra e da paz e acerca das leis; uma função 
judiciária e um magistrado incumbido dos restantes assuntos da administração” (BASTOS, 2002, p. 179).
26
ciação de funções ou ramificação funcional de poder” (ABREU, 2018, p. 43). Assim, 
surge a função:
1. legislativa
2. executiva
3. judiciária
1. O Estado tem o poder de editar normas, ou seja, legislar. Ao legislar o 
Estado dita normas de comportamento aos seus integrantes com vistas 
a harmonia e a convivência pacífica de seus integrantes.
2. O Estado tem a função de executar essas normas, é dizer fazer com 
que elas sejam cumpridas em todo o território.
3. Cabe ao Estado julgar as infrações a essas normas. O Estado visa a 
manter sua ordem interna e o faz através do poder judiciário que tem 
o objetivo de julgar as infrações às normas exercendo assim um poder 
coercitivo sobre a sociedade (BASTOS, 2002, p. 65).
Por fim, vale dizermos que o cerne das funções do Estado “consiste em estabele-
cer um mecanismo de equilíbrio e de recíproco controle a presidir o relacionamento 
entre os três órgãos supremos do Estado” (BASTOS, 2002, p. 181) competentes para 
legislar (Poder Legislativo), executar (Poder Executivo) e julgar (Poder Judiciário).
NASCIMENTO E EXTINÇÃO
Existem três modos por meio dos quais podem ocorrer o nascimento do Estado, 
a saber: originário, secundário e derivado.
No modo Originário, o Estado “nasce do próprio meio onde se estabelece a 
sociedade, nasce diretamente do povo. É dizer, o Estado nasce como uma conse-
quência da evolução e do desenvolvimento natural da própria sociedade. Exemplo: 
Atenas e Roma” (BASTOS, 2002, p. 66).
Já no Modo Secundário, o Estado tem sua origem em decorrência da divisão ou 
da união (BASTOS, 2002, p. 66). Quanto a divisão, dar-se-á de maneira:
1. nacional
2. sucessoral
1. Acontece quando uma determinada região integrante de um Estado 
consegue a sua independência se desvinculando por completo de seu 
Estado-origem.
2. Ocorre quando o Estado, que era propriedade do monarca, é divido 
entre seus parentes, formando-se assim Estados autônomos. Esse tipo 
27
de divisão era bastante comum na Idade Média, durante o feudalismo 
(BASTOS, 2002, p. 67).
Com relação à união, esta pode ocorrer por: união pessoal, da união real, da 
confederação e da federação.
A União Pessoal ocorre “quando dois ou mais Estados são governados por um 
só monarca. Essa união decorre, na maioria das vezes, em razão do princípio de 
sucessão hereditária dos reis ou de princípios convencionais (através de acordo in-
ternacional) de um determinado monarca” (BASTOS, 2002, p. 66). Na união pessoal, 
os Estados “continuam a autonomia interna e externa. Exemplo: o reino de Castela e 
Aragão” (BASTOS, 2002, p. 66).
Na União Real, ocorre “a união de dois países formando um só Estado para efei-
tos externos, todavia, internamente ambos conservam a sua autonomia” (BASTOS, 
2002, p. 66), sendo o novo “Estado governado por uma única autoridade e caracte-
rizado por sua situação permanente. Exemplo o Império Austro-Húngaro. (BASTOS, 
2002, p. 66).”
Agora, na Confederação, o Estado surge “da união permanente entre Estados in-
dependentes e soberanos com vistas a realização de empreendimentos de interesse 
comum, quais sejam, a defesa exterior e manutenção da paz interna. A confederação 
tem por objetivo, na maioria das vezes, o fortalecimento da defesa desses Estados 
contra um inimigo comum externo. Porém a confederação não tem o condão de 
extinguir com a soberania dos Estados que a compõem. Exemplo a Antiga Confede-
ração Helvética foi a precursora da moderna Suíça” (BASTOS, 2002, p. 66).
Em seguida, na Federação, os Estados “passam a constituir uma só pessoa jurídi-
ca de direito público internacional, ou seja, um só Estado soberano” (BASTOS, 2002, 
p. 66). Assim, “uma característica central do Estado Federal reside no fato de que 
sobre um mesmo território e povo incidem harmonicamente duas ordens políticas: 
a estadual e a federal” (BASTOS, 2002, p. 66). Exemplos o Brasil e os Estados Unidos 
da América.
E, por último, no modo derivado, o Estado se origina de outro, sob suas influên-
cias, quais sejam:
1. colonização;
2. concessão de direitos de soberania;
3. ação de um governo estrangeiro.
1. É uma forma utilizada para se povoar e proteger as terras descobertas 
de possíveis invasores. Há dois tipos de colonização a de: povoamento 
que tem por objetivo povoar as terras; exploração que tem como intuito 
extrair as riquezas das colônias. Ex. Brasil colônia de Portugal.
2. Consiste na outorga de direitos do monarca aos seus principados. Ela 
28
era muito comum na Idade Média e
3. Criação de um Estado por vontade de um eventual conquistador ou de 
um governante. Exemplo: Napoleão e suas diversas conquistas (BASTOS, 
2002, p. 67).
Com relação à extinção do Estado, esta pode ocorrer de dois modos: por causas 
gerais ou causas específicas. No que se refere às causas gerais, “ocorre a extinção 
do Estado, como unidade de direito público, quando faltar um de seus elementos 
constitutivos: ou povo, ou território, ou soberania, não importando qual” (DREBES, 
2018, p. 1).
As causas específicas podem ocorrer por meio de: 
1. conquista;
2. emigração;
3. expulsão e 
4. renúncia. 
1. Nela ocorre a ocupação do território e conquista da população por um outro 
Estado. Isso acontece porque na maioria das vezes o Estado já se encontrava 
enfraquecido e desorganizado, portanto vulnerável às forças estrangeiras. 
Exemplo: A Idade Antiga.
2. Quando um povo emigra totalmente do seu território, devido a uma varie-
dade de fatores, como clima, falta de alimentos, religião. Exemplo: os hevél-
ticos (no tempo de César).
3. Quando o Estado é invadido e os conquistadores exigem a expulsão dos 
povos primitivos. Os bárbaros eram conhecidos na Europa por esse tipo de 
invasão, pois ao conquistarem um Estado expulsavam a sua polulação.
4. É uma maneira de desaparecimento espontâneo, isso se dá quando uma 
sociedade renuncia aos seus direitos de autodeterminação em benefício de 
outro Estado mais forte. É dizer, esse Estado renuncia a sua soberania e se 
incorpora um novo Estado. Como exemplo desse tipo de extinção podemos 
citar o Estado Mexicano do Texas, que se uniu aos Estados Unidos da Améri-
ca. Nesse caso o Estado entende que lhe é oportuno perder a sua soberania 
para entrar em uma composição estatal (BASTOS, 2002, p. 67-68).
29
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	unidade iI
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	Tipos de Sociedade
	ESTADO
	Origem da Palavra

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