Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CIÊNCIA POLÍTICA Profa. Ma. Rândala Maria de Morais Nogueira y Rocha CIÊNCIA POLÍTICA Barra do Garças - MT UniCathedral 2018 BARRA DO GARÇAS - MT JANEIRO 2018 Autora Profa. Ma. Rândala Maria de Morais Nogueira y Rocha Leitura Crítica e Sugestões Rosimeire Cristina Andreotti Revisão Gramatical do Texto Roziner Aparecida Guimarães Gonçalves Projeto Gráfico Atila Cezar Rodrigues Lima e Coelho BARRA DO GARÇAS - MT JANEIRO 2018 UniCathedral - Centro Universitário Av. Antônio Francisco Cortes, 2501 Cidade Universitária - Barra do Garças / MT www.unicathedral.edu.br Copyright © by UniCathedral, 2018 Nenhuma parte desta publicação pode ser gravada, armazenada em sistemas eletrônicos, fotocopiada, reproduzida por meios mecânicos ou outros quaisquer sem autorização prévia do(s) autor(es). SUMÁRIO UNIDADE II ������������������������������������������������������������������������������������������������������� 9 SOCIEDADE ............................................................................................................... 11 Tipos de Sociedade ............................................................................................... 16 ESTADO ....................................................................................................................... 8 Origem da Palavra ................................................................................................ 18 U N ID AD E II Autor(a) da Unidade Profa. Ma. Rândala Maria de Morais Nogueira y Rocha Ao final da unidade, esperamos que você seja capaz de: • Entender o surgimento da sociedade. • Correlacionar às teorias a respeito do conceito de Estado. • Conhecer a evolução histórica do Estado. • Identificar as funções, nascimento e extinção do Estado. 11 O homem, como mencionado, pela sua própria essência, é um animal político, mas, também, é um animal social, já que desde aurora, continua- mente, viveu em sociedade, ou seja, ele necessita se relacionar com outros homens para a concretização plena de sua natureza (BASTOS, 2002, p. 23). Essa concretização ocorrerá por meio da sociedade, pois é nela que ele en- contra a segurança e a proteção funda- mental para crescer. Logo, a sociedade se embaralha com a própria evolução humana (BASTOS, 2002, p. 23). Segundo Celso Ribeiro Bastos, a sociedade “vem a ser toda forma de coordenação das atividades humanas objetivando um determinado fim e re- gulada por um conjunto de normas1” (BASTOS, 2002, p. 24). Essa normati- vidade se faz necessária para que seja feita uma distinção entre a sociedade 1 “[...] Normas jurídicas – são os meios pelos quais as sociedades se organizam e disciplinam o comportamento dos seus associados. Pelas normas estabelecem-se os direitos e deveres dos associados para que, de tal sorte vinculados, com- ponham a forma necessária à convivência social superando os conflitos originados da vida comum” (SALVETTI NETO, 1979, p. 24). e determinados agrupamentos2 (BAS- TOS, 2002, p. 24). Para que o agrupamento humano seja considerado sociedade, de acordo com Alexandre Sanches Cunha, há a necessidade dos seguintes elementos: 1. Uma finalidade comum; 2. Manifestação de conjunto or- denada e 3. O poder social. 1. Trata-se de um objetivo co- mum a ser alcançado, cons- cientemente. Trata-se de uma organização consciente, com a submissão voluntária às nor- mas estabelecidas pelo grupo, bem como com o requisito de que todos os membros reúnem para o mesmo objetivo: o bem comum; 2. Não importa, neste caso, a 2 Exemplo: “Um público de uma conferência, ou de um espetáculo teatral ou cinematográfico. Embora irmanados por um interesse comum e por uma circunstância de fato pre- cisa, a de estarem presentes no mesmo momento e local, não constituem sociedade porque ainda não adotaram objetivos comuns a serem perseguidos de forma mais ou menos perma- nente” (BASTOS, 2002, p. 24-25). SOCIEDADE 12 quantidade de pessoas que integram o grupo, o importante é que a finalida- de seja comum, a mesma para todos; e 3. Trata-se da existência de um poder legítimo, com a anuência dos que a ele se submetem. Este poder age, necessariamente, conforme o Direito, colocando a coação como forma extrema de assegurar a existência e o bem-estar do grupo (CUNHA, 2013, p. 26-27). Portanto, a sociedade pode ser compreendida como homens que se associam ante a uma ordem normativa, objetivando o bem comum, com um poder que os unificam (CUNHA, 2013, p. 26) e, por isso, as relações humanas3 voltadas à consan- guinidade (família), à coabitação territorial (vizinhos) e à afinidade espiritual (amigos) não se caracterizam uma sociedade. ORIGEM Segundo Celso Ribeiro Bastos, “doutrinariamente não existe um consenso com relação ao surgimento da sociedade, pois existe a ideia de que a sociedade é fruto da própria natureza humana (sociedade natural). Há ainda uma outra ideia que sustenta que a sociedade é apenas a consequência de um ato da vontade humana (sociedade contratual). Atualmente, predomina-se a de que a sociedade é decorrente da ne- Adaptado de: https://pt.slideshare.net/lmeneguetti/aulas-de-direito-internacional-pblico 13 cessidade natural do homem, sem eli- minar a atuação da vontade humana” (2002, p. 25). SOCIEDADE NATURAL O homem é um animal político e social e, por isso, sente a necessidade de viver em sociedade, uma vez que o “homem é guiado pela necessidade de cooperação entre seus pares com a finalidade de garantir a sua existência (ou a sobrevivência do grupo, no caso de guerra, fome, etc.)” (CUNHA, 2013, p. 30). Os pensadores que admitem essa sociedade são: Aristóteles, São Tomaz de Aquino e Ranelleti. Aristóteles asseverava que o ho- mem necessita conviver com outros homens para poder crescer. Para ele, apenas um homem dotado de supe- rioridade poderia viver isolado dos de- mais sem que a isso fosse compelido (BASTOS, 2002, p. 25-26). Com relação aos animais irracionais, mesmo viven- do em constante associação, eles for- mam apenas uma associação, já que são agrupados em virtude do instinto e não da razão, do justo e do injusto, do sentimento do bem e do mal, como o homem o é (DALLARI, 2011, p. 22). Para São Tomaz de Aquino (1225 a 1274), apreciador das ideias de Aristó- teles, destaca que “a vida solitária se- ria umja exceção para o homem, pois somente um ser dotado de natureza vil teria dificuldades de (com) vivên- cia com seus pares. O normal na vida do homem é a (com) vivência, a asso- ciação” (CUNHA, 2013, p. 30). Para o frade italiano, que tanto influenciou o pensamento ocidental, só existem três situações que o homem solitário pode- ria encaixar-se: 1. excellentia naturae 2. corruptio naturae 3. mala fortuna 1. Quando se tratar de indivíduo notavelmente virtuoso, que vive em comunhão com a pró- pria divindade, como ocorria com os santos; 2. Referente aos casos de doen- ças mentais; 3. Quando só por acidente, como no caso de naufrágio ou outra situação que forçasse o indiví- duo a viver isolado de seus pa- res (CUNHA, 2013, p. 30). Finalizando, Oreste Ranelletti (1868 a 1956), renomado jurista italia- no, também sustentava que o homem, desde os primórdios, encontra-se em convivência e em cooperação com seus semelhantes, constituindo pequenos grupos (BASTOS, 2012, p. 26). Para Ranelletti, segundo nos ensina Celso Ribeiro Bastos, “a associação entre os homens é uma condição essencial da vida, pois só mediante a associação, e a consequente cooperação entre os indivíduos é que o homem consegue suprir todas as suas necessidades para deste modo atingir os fins de sua exis- tência” (2002, p. 26). SOCIEDADE CONTRATUAL De acordo com Alexandre Sanches 14 Cunha, “os homens, nos primórdio (no estado natural), viviam desprovidos de poder ou organização. Esses fatores passaram a existir depois que houve um pacto4 firmado entre os homens, Esse pacto estabeleceu regras de con- vívio e de subordinação política” (2013, p. 31). Os adeptosdessa sociedade são: Platão, Thomas Hobbes, John Locke e Jean Jacques Rousseau. Platão faz referência à sociedade como criação racional do homem, “e não em razão de um simples impulso natural. Portanto verifica-se em sua formação a presença do elemento von- tade” (BASTOS, 2002, p. 26). Vale ressaltarmos que, antes de ex- plicar as ideias de Hobbes, Locke e Rous- seau, necessário esclarecermos que esses pensadores comungavam do mesmo entendimento de que a sociedade sur- ge da vontade humana em celebrar um contrato social ou pacto social (DALLA- RI, 2011, p. 24). No entanto, discorda- vam com relação ao estado de natu- reza5 que os homens se encontravam antes de firmarem o acordo para a exis- tência da sociedade (OLIVEIRA, 2018, p. 1). Para o inglês Thomas Hobbes (1588 a 1679), o homem, em seu es- tado de natureza, encontrava-se numa verdadeira guerra de todos contra to- dos. Inteiramente dominado pelo ins- tinto e movido pela paixão, revelava- -se egoísta e agressivo (BASTOS, 2002, p. 27). Assim, o estado de natureza do homem hobbesiano, “é um estado de guerra uma vez que cada indivíduo se sente dono da razão, poderoso, temido ou ao contrário traído, desrespeitado – ‘o homem é lobo do próprio homem’” (BASTOS, 2002, p. 27). Diante dessa situação de temor, o homem sentia a necessidade de firmar um contrato social na busca de prote- ção, momento em ocorre a transferên- cia de direitos para um governante que iria agir ilimitadamente (tendência ab- solutista), cuja obrigação era assegurar a vida e o fim da guerra de todos contra todos (BASTOS, 2002, p. 28). Então, “o 15 homem sai do estado de natureza para o estado social, ou seja, abre mão de sua liberdade irrestrita, criando limi- tes. Há, portanto, uma cessão dos di- reitos de liberdade a um poder maior” (CUNHA, 2013, p. 33). Já para o também inglês John Lo- cke (1632 a 1704), o homem em seu estado de natureza era bom, vivia em liberdade e igualdade (BASTOS, 2012, p. 54). Os homens tinham a liberdade de conduzir suas ações e desfrutavam de seus bens, de acordo com o que achavam apropriado, em conformida- de com os limites da lei da natureza6, como, por exemplo, não prejudicar o seu semelhante na vida, na saúde, na liberdade ou nas suas posses (FERREI- RA NETO, 2018,p. 77). Ocorre que o homem percebe que suas paixões e valores de juízo não po- deriam julgar de maneira correta o seu transgressor e, com isso, acarretaria in- justiças (FERREIRA NETO, 2018, p. 80). Assim, cede sua liberdade e seu direito de executar a lei e pactua para o surgi- mento de que um governo civil7, “que 7 “O governo civil também oferece um juiz conhecido e imparcial, uma pessoa que conhece a norma positivada, e que por ser terceiro, poderá julgar sem estar influenciado pelo calor poderá dar solução adequada, justa e imparcial para decidir as eventuais di- ferenças que o convívio em socieda- de venha produzir” (FERREIRA NETO, 2018, p. 87). Logo, o homem muda do estado de natureza para o estado so- cial, alterando, desse modo, sua liber- dade e seu poder de fazer justiça com as próprias mãos, para um governo civil que grantirá sua vida, liberdade e bem (que é a propriedade privada) (tendência liberal) (FERREIRA NETO, 2018, p. 90). E, por fim, para o suíço Jean-Jac- ques Rousseau (1712 a 1778), o ho- mem em seu estado de natureza era um bom selvagem, “pois desconhecia lutas e comunicava-se por meio de uma linguagem primitiva e equilibra- da” (MARQUES, 2018, p. 1). Isto é, “‘estado de natureza’ era regido pela bondade e liberdades humanas onde a principal preocupação do homem residia apenas nos negócios materiais relativos a sua vida pastoral” (BASTOS, 2012, p. 56). No entanto, o homem tem vonta- de de defender a pessoa e os bens de cada integrante e, por isso, firma um contrato em que todos governariam juntos em busca do bem comum (BAS- TOS, 2012, p. 29-30). Nesse momento, o homem se desvencilha do seu estado de natureza e transpõe para o estado social. Desse modo, o homem despren- de do pensar em si e passa a considerar da relação litigiosa, aplicando a regra com justiça e equidade. O fato das pessoas saberem quem é o juiz e ele estar investido de autoridade pelo próprio pacto social traz segurança e um alen- to para ambas as partes de uma demanda, pois estarão cientes que o juiz não privilegiará ninguém a não ser pela imposição da lei” (FERREIRA NETO, 2018, p.88). 16 os outros, ou seja, “há a renúncia a toda liberddae e direitos por parte de todos os integrantes da sociedade, submetendo-se cada um a todos do grupo e a ninguém es- pecífico” sendo a vontade geral a síntese de todas as vontades individuais (tendên- cia democrática) (CUNHA, 2013, p. 36). TIPOS DE SOCIEDADE Como verificado anteriormente, a so- ciedade é fruto da natureza do homem as- sociada a integração de sua vontade e in- teligência. Segundo Celso Ribeiro Bastos, existem vários tipos de sociedade, como: 1. familiar; 2. a religiosa; 3. a contingente; 4. a política. 1. Sociedade mais antiga que conhecemos é a própria família, pois todo 17 homem nasce dentro de um núcleo familiar. A família, nada mais é que a sociedade natural, porque o nasce nesta ou naquela família não é um ato de vontade. A família, no mundo moderno, é a entidade em que se dá a socialização do homem pelo aprendizado dos seus valores e das suas regras fundamentais. 2. O homem busca na religião seu aperfeiçoamento e desenvolvimento espiritual. A sociedade religiosa persegue um fim determinado, todavia ela é uma sociedade involuntária, é dizer, seus integrantes participam dela por compulsão, é exatamente o que acontece na participação de uma igreja. 3. É aquela que não é permanente, pode deixar de existir a qualquer mo- mento. Alguns autores preferem denominá-la de mera associação (Ex: sociedades econômicas, filantrópicas, esportivas). Esta sociedade se ca- racteriza por nascer de um ato voluntário do homem, é dizer, é produto da vontade humana. 4. Aquela que tem em mira a realização dos fins daquelas organizações mais amplas que o homem teve necessidade de criar para enfrentar o desafio da natureza e de outras sociedades rivais. Essa sociedade sem- pre esteve circunscrita ao território sob sua jurisdição. São tidas por tais: as tribos, as cidades-estados gregas, o Império Romano, a sociedade feudal e o Estado. Os fins dessa sociedade são evolutivos a medida em que muda de acordo com as circunstâncias e necessidades de seus in- tegrantes, sem contudo perder a continuidade. É uma sociedade de fins gerais porque não tem como escopo apenas um único objetivo e tam- bém não se limita a um determinado ramo de atividade humana, pois ela visa a integrar todas as atividades sociais que ocorrem dentro de seu campo de atuação, em virtude de uma finalidade em comum. A socieda- de política de maior relevo, como não poderia deixar de ser, é o ESTADO (BASTOS, 2002, p. 35 a 38). 18 O Estado é um acontecimento in- trincado, pois possui várias facetas e para ser entendido, torna-se impres- cindível estudá-lo conjugando as ci- ências jurídicas e as sociais (a história, economia, a política e a sociologia), não havendo exclusivismo de uma ci- ência com relação à outra (BASTOS, 2002, p. 2). Isso porque o Estado é uma realidade jurídica “posto que toda or- ganização estatal está pautada em nor- mas jurídicas” (BASTOS, 2002, p. 2) e, também, é uma realidade sociológica “a partir do momento em que o analisa como uma evolução do homem para se chegar a uma sociedade política capaz de resolver suas necessidades” (BAS- TOS, 2002, p. 2). ORIGEM DA PALAVRA A palavra “Estado”, como forma de organização política, passou por diversidade de conceitos, tais como: “Na Grécia antiga usava-se a expressão “Pólis” que significava cidade, já os ro- manos utilizavam a palavra ‘civitas’. Na Idade Média e na Idade Moderna pas- sou-se a utilizar os termos: principado, reino, replública dentre outros para designar Estado. Os povos germâni-cos adotaram o termo ‘reich’ e ‘staat’“ (BASTOS, 2002, p. 49-50). O termo Estado deriva do latim “status”, que significa condição, posi- ção e ordem e foi utilizada, como si- nônimo de sociedade política, recen- temente, em 1531 – século XVI –, por Maquiavel, ao iniciar sua obra “O Prín- cipe” (BASTOS, 2002, p. 49-51): “Todos os Estados, todos os domínios que ti- verem e têm poder sobre os homens, são Estados e são ou repúblicas ou principados” (MAQUIAVEL, 1935, p. 7). ESTADO 19 CONCEITO Como mencionado, há divergência conceitual com relação ao Estado, em razão da complexidade do tema. Segun- do Celso Ribeiro Bastos, o Estado pode ser conceituado juridicamente (Hans Kelsen) e sociologicamente (Ferdinand Lassalle). No entanto, ele apresenta um conceito de Estado contemplando esses dois conceitos, como veremos (2002, p. 18). Para o famoso jurista e filósofo austríaco, Hans Kelsen (1881 a 1973), deveos estudar o Estado levando em consideração apenas o aspecto jurídi- co, pois a formação do Estado emanava não da realidade dos fatos, mas de dis- posições normativas (BASTOS, 2002, p. 14), ou seja, “o fenômeno estatal seria todo ele produzido pelo Direito e não pela realidade social” (BASTOS, 2002, p. 15), não cabendo, por conseguinte, qualquer aspecto sociológico dentro da norma jurídica (BASTOS, 2002, p. 14). Já o economista polonês Ferdiand Lassalle (1825 a 1864) declara que o Es- tado, para ser investigado, deve priori- zar o aspecto sociológico em face do ju- rídico, assim, a realidade dos fatos está em primeiro plano e, posteriormente, o Direito (BASTOS, 2002, p. 17), ou seja, Parte-se do postulado da existência de uma relação de causalidade entre os fatos e o Estado, vale dizer, que os fatos seriam a causa, o fundamento do ente estatal. Seriam, pois, os fatos que cons- tituíram o ordenamento jurídico do Es- tado, de tal sorte que uma Constituição nada mais seria do que um reflexo, uma imagem fotográfica das estruturas só- cio-econômicas dominantes, num dado momento (BASTOS, 2002, p. 16). Tendo em vista as ideias aborda- das, no ponto de vista de Celso Ribeiro Bastos o Estado é, concomitantemente, um fato social e, também, um fenô- meno normativo(2002, p. 18). Desse modo, segundo ele nos ensina, o Estado “é uma organização política e caracteri- za-se por ser a resultante de um povo vivendo sobre um território e governa- do por leis que se fundam num poder não sobrepujado por nenhum outro ex- ternamente e supremo internamente” (2002, p. 48). BREVE ESBOÇO HISTÓRICO O Estado passou por diferentes mo- mentos durante a História, indo desde o Estado Antigo, Oriental ou Teocrático; passando pelo Grego; Romano; Medie- val, até chegar à concepção de Estado Moderno que temos hoje. Compreender a trajetória de de- senvolvimento histórico do Estado contribui para o entendimento de que ele tem assumido, através dos séculos, uma estrutura cada vez mais relevante (BASTOS, 2002, p. 43). Motivo que leva a entender por que o homem nunca vi- 20 veu sob a égide do Estado como atual- mente (BASTOS, 2002, p. 43). ESTADO ANTIGO, ORIENTAL OU TEOCRÁTICO Esse Estado foi delineado nas an- tigas civilizações do Oriente ou do Me- diterrâneo. “Havia, nesse Estado, uma confusão entre família, religião, Estado e organização econômica e, por con- seguinte, não havia distinção entre o pensamento político, da moral, da fi- losofia ou das doutrinas econômicas” (DALLARI, 2011, p. 70). As características desse Estado são: 1. a natureza unitária e 2. a religiosidade. 1. Verifica-se que o Estado Antigo sempre aparece como uma unida- de geral, não admitindo qualquer divisão interior, nem territorial, nem de funções. A ideia de natu- reza unitária é permanente, per- sistindo durante toda a evolução política da Antiguidade. 2. Quanto à presença do fator reli- gioso, é tão marcante que muitos autores entendem que o Estado desse período pode ser qualifica- do como Estado Teocrático1. A in- fluência prodominante foi religio- sa, afirmando-se a autoridade dos governates e as normas de com- portamento individual e coletiva como expressões da vontade de um poder divino (DALLARI, 2011, p. 70). ESTADO GREGO O Estado Grego era habitado pelos povos helênicos, e era caracterizado pela cidade-Estado, a Pólis, cujo ideal era a autossuficiência (DALLARI, 2011, p. 71). Essa noção de autossuficiên- cia, para Aristóteles, era compreendi- da como uma sociedade “constituída por diversos burgos que formam uma cidade completa, com todos os meios de se abastecer por si, tendo atingido, por assim dizer, o fim a que se propôs” (ARISTÓTELES, 1965, p. 8). Nesse Estado, existia uma aristo- cracia que constituía a classe política que, por sua vez, participava, de ma- neira acentuada, nas decisões de na- tureza pública, sendo limitada a auto- nomia individual nas relações privadas (DALLARI, 2011, p. 72). Desse modo, “mesmo quando o governo era tido como democrático, isto significa que uma faixa restrita da população – os cidadãos – é que participava das deci- sões políticas” (DALLARI, 2011, p. 72). Logo, percebemos que, embora a base da democracia originasse do Es- tado Grego, a democracia grega colidia 1 “Essa teocracia significa, de maneira geral, que há uma estreita relação entre o Estado e a divindade” (DALLARI, 2011, p. 70-71). 21 com a democracia atual, tendo em vista que não era admitido o sufrágio univer- sal2, em detrimento “das mulheres, dos escravos e dos metecos (estrangeiros), ou seja, não havia observância do prin- cípio de igualdade” (CARVALHO, 2018, p. 1). ESTADO ROMANO Essa cidade-Estado, a Civitas (as- semelha-se com a Pólis grega), tinha como base de organização a família, uma vez que ela teve origem da junção de grupos familiares (as gens)3 e, por isso, aos descendentes dos fundadores 3 “O primitivo Estado-cidade dos romanos, portanto, era uma reunião de gens. As gentes reunidas formavam a Curia; várias Curias formavam a Tribu; e diversas Tribus constituíam a Civitas. Esta possuía um Senado cujos membros eram os pa- ter-famílias. Por isso mesmo, ainda no decorrer do Império, os senadores conservavam o título tradicional de pater” (MALUF, 1998, p. 101). da Civitas, famílias patrícias4, eram con- cedidos privilégios especiais (DALLARI, 2011, p. 72). No Estado Romano, o povo parti- cipava diretamente do governo. Entre- tanto, a noção de povo era reduzida, atingindo uma pequena parte da po- pulação. Ocorre que com o tempo, no- vas classes sociais apareceram e, como consequência, conquistaram e expandi- ram direitos (DALLARI, 2011, p. 72-73). Com o aparecimento do Império, Roma almejou a inclusão dos povos do- minados, conservando o poder político para garantir a unicidade e o prestígio da Cidade de Roma (DALLARI, 2011, p. 73). No entanto, com a liberdade reli- giosa, proporcionada pelo documen- to denominado por Edito de Milão5, a noção de superioridade dos romanos foi dissipada em face do cristianismo (DALLARI, 2011, p. 73). Assim, notamos que as Civitas se originaram do engrandecimento da família, e eram formadas pelo “pater, seus parentes e os parentes destes, os escravos e mais os estranhos que se as- sociavam ao grupo (família), cabendo ao pater da família o poder absoluto, que era o pontífice sensor, juiz e senhor com poder de vida e morte sobre os componentes do grupo” (CLASSIFICA- ÇÃO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO ESTA- 4 “Proprietários de terras, rebanhos e escravos. Essas famílias desfrutavam de direitos políticos e podiam desempe- nhar funções públicas no exército, na religião, na justiça e na administração. Eram cidadãos romanos”(APONTAMENTOS DE HISTÓRIA, 2018, p. 1). 5 “Em 313 dC, o imperador romano do Ocidente, Cons- tantino, e o imperador romano do Oriente, Licínio, se reuniram em Milão e num documento conhecido como “Edito de Milão”, dirigido ao governador da Bitínia, dispuseram uma nova política religiosa. Com a edição desse documento, marcou-se uma nova era para a Igreja cristãque, pouco tempo depois, conseguiu su- plantar definitivamente o paganismo” (UNIVERSO CATÓLICO, 2018, p. 1). 22 DO, 2018, p. 1). ESTADO MEDIEVAL O Estado Medieval era fragmen- tado e, por isso, caracterizava-se por três fatores que operavam, simultane- amente, para a sua formação (DALLA- RI, 2011, p. 74): a) cristianismo, b) inva- sões bárbaras e c) feudalismo: a) O cristianismo foi a base da as- piração à universalidade. A aspiração de que toda a humanidade fosse cris- tã, a afirmação da igualdade entre os homens e o princípio da unidade da Igreja foram ideias que visavam a agre- gar todos os homens em torno de um Estado universal que adotasse as nor- mas cristãs. Em suma, o cristianismo buscava assegurar a igualdade entre os homens, de modo que estes não pode- riam ser tratados como uns selvagens mais do que outros. Feitos à imagem e semelhança de Deus, todos têm o mes- mo valor. Entres estes não pode haver distinção. No entanto, na vigência do cristianismo passou-se a fazer uma es- pécie de distinção: a dos homens te- mentes e não-tementes a Deus. b) Os Bárbaros haviam invadido o Império Romano. A desordem era visí- vel, pois não havia unidade de coman- do. Os limites territoriais eram incertos e as guerras, constantes. As invasões dos Bárbaros introduziram novos cos- tumes e, portanto, constituíram um fa- tor de ameaça à ordem estabelecida. Essas invasões repercutiram de tal for- ma no quadro político da época, que chegaram, inclusive, a estimular as re- giões invadidas a se afirmarem comu- nidades políticas independentes, que teve como resultado o aparecimento de muitos Estados. c) O Feudalismo representa um quadro de descentralização política e de valorização da terra como fonte de riqueza. Regime resultante de um en- fraquecimento do poder central, e que une estreitamente autoridade e pro- priedade da terra, estabelecendo en- tre vassalos e suseranos uma relação de dependência. O feudalismo carac- teriza-se por três elementos jurídicos: 1. Vassalagem: Proprietários menos poderosos colocavam-se a serviço do senhor feudal. O pacto vassálico obri- gava o vassalo a dar apoio nas guerras e entregar ao senhor uma contribuição pecuniária em troca de proteção; 2. Benefício: Contrato entre o senhor feu- dal e o chefe de família que não possu- ísse patrimônio. O chefe recebia uma faixa de terra para cultivar e entregava 23 ao senhor uma parte da produção. O senhor adqui- ria sobre o servo (chefe de família) e sua família, o direito de vida e de morte, estabelecendo inclusive regras de comportamento social e privado; 3. Imuni- dade: isenção de tributos às terras sujeitas ao Bene- fício (DALLARI, 2011, p. 73 a 76). Dessa forma, constatamos que, no Estado Me- dieval, não havia unicidade de poder, ou seja, havia um poder superior desempenhado pelo Imperador (DALLARI, 2011, p. 76), “[...] uma infinita pluralida- de de poderes menores, sem hierarquia definida, várias ordens jurídicas (norma Imperial, eclesiástica, monarquias inferiores, direito comunal desenvolvi- do, ordenações dos feudos e as regras estabelecidas no fim da Idade Média pelas corporações de ofício” (BERTANI, 2018, p. 8). Essa instabilidade social, política e econômica, motiva a exis- tência de ordem e de autoridade, dando início ao Estado Moderno (DALLARI, 2011, p. 77). ESTADO MODERNO Em decorrência da necessidade de uma ordem e de uma autoridade central, surge o Estado Moderno. Esse Estado veio de encontro “as duas peculiaridades me- dievais: o regionalismo político e o universialismo religioso. O regionalismo político criava um verdadeiro emaranhado de reinos, cada um com suas próprias caracte- rísticas e regras; o universalismo religioso impunha uma autoridade papal incontes- tável a todos os seus súditos” (MORAIS, 2018, p. 1). Essa nova organização social e política caracterizava-se, segundo Marcelo Rebelo de Sousa, por possuir “um povo fixado num de- terminado território que institui por autorida- de própria, dentro desse território, um poder político relativamente autônomo”, sendo en- contrado, nesse conceito, os elementos cons- titutivos do Estado6: povo, território e poder soberano, que serão abordados, pormenorizadamente, na próxima Unidade (1978, p. 85). TEORIAS SOBRE A ORIGEM DO ESTADO 6 “[...]. Os tratados de paz de Westfália tiveram o caráter de documentação da existência de um novo tipo de Estado, com a característica básica de unidade territorial dotada de um poder soberano” (DALLARI, 2011, p. 78). 24 Várias são as teorias que esclarecem a origem do Estado. As principais são: fa- miliar, teleológica (religiosa), jusnatu- ralista, contratualista e da violência ou da força. Vale lembrarmos, por opor- tuno, que três ângulos devem ser pon- derados ao analisarmos a origem do Estado, a saber: aspectos sociológico, histórico e filosófico7. De acordo com a teoria familiar, o Estado emerge da família, “que se de- senvolve e expande para facilitar o seu aparecimento como sociedade políti- ca. Como para essa teoria o Estado tem a sua origem unicamente no desenvolvi- mento da família, autoridade social será exercida pelo chefe da família, portanto es- taremos diante de uma autoridade patriarcal. Ela cita como exemplos Grécia, Roma e Israel que teve sua origem na família de Jacó” (BASTOS, 2002, p. 59). Com relação a teoria teleológica (religiosa), o Estado “foi criado por Deus, assim como todas as outras coisas que existiam no mundo. Encontram-se como expoentes dessa doutrina São Tomás de Aquino, Santo Agostinho e Jaques Bousset” (BASTOS, 2002, p. 51). Essa teoria é dividida em Teoria pura do direito divino sobrenatural (“o Estado era obra imediata de Deus, e que ele próprio designaria o homem ou a família que deveria exercer a autoridade estatal. Essa ideia contribuiu de maneira significativa para aumentar a tendência absolutista existente nas monarquias da Idade Média”) e a Teoria do direito divino providencial (“o Estado foi instituido pela providência divina, que o dirigia de maneira indireta atrasvés da direção providencial dos acon- tecimentos e das vontades humanas (livre-arbítrio)”) (BASTOS, 2002, p. 51-52). Para a teoria jusnaturalista, o Estado “encontra fundamento nas próprias exi- gências da natureza humana [...]. Para os jusnaturalistas o homem vivia num estado de natureza que antecedia o estado social [...]. O Estado é uma entidade de origem natural, uma realidade necessária, ou melhor dizendo, a busca da sociedade huma- na para encontrar a sua formação jurídica perfeita, enfim, o Estado perfeito” (BAS- TOS, 2002, p. 52-53). Já a teoria contratualista, o Estado “teve sua origem através da celebração de um pacto entre os homens, onde estes cedem parte de seus direitos individuais em prol de todo um grupo de pessoas, é dizer, do interesse coletivo. Nesse sentido fica claro que o Estado nasce de um pacto de vontade entre os homens. Portanto o pacto social justifica todo o seu poder no mútuo consentimento de todos os seus 7 “O aspecto sociológico que diz respeito à verificação dos elementos constitutivos primitivos da sociedade política criada pelo homem; o aspecto histórico que encara o Estado como um fator social em permanente evolução, é dizer, com um produto social decor- rente da própria evolução da sociedade; o aspecto doutrinário que analisa o Estado do ponto e vista filosófico” (BASTOS, 2002, p. 51). 25 integrantes” (BASTOS, 2002, p. 53). E, para a última teoria, a da violência ou da força, dizer que o Estado nasce da violência “é dizer, da supremacia dos mais fortes sobre os mais fracos. Portanto, o Es- tado tem origem a partir da desigualdade existente entre os homens em seu estado de natureza. O Estado não passa, portan- to, de um instrumento de domínio dos mais fortes sobre os mais fracos” (BAS- TOS, 2002, p. 58). FUNÇÕES DO ESTADO Na Antiguidade clássica, por meio de Aristóteles8, já se falava nas três funções do Estado. Nos séculos XVII e XVIII, essas funções foram retomadas por Locke, Bo- linbrokee Montesquieu, sendo que o último explanou com mais nitidez e maestria sobre a doutrina da separação dos poderes (BASTOS, 2002, p. 179-180). Vale mencionarmos que, num primeiro momento de sua retomada, essa dou- trina “não tinha nada de inovador limitando-se a retomar as constatações aristoté- licas para afirmar que em todo Estado há três funções: a legislativa, a executiva e a judiciária” (BASTOS, 2002, p. 180). No entanto, posteriormente, foi somada a essa ideia uma nova, “a de que cada uma dessas funções deveria corresponder um órgão próprio que, de forma autônoma e independente, o levaria a efeito” (BASTOS, 2002, p. 181). Ocorre que o poder político é uno, indivisível e indelegável, por isso, não se poderia dizer em “separação de poderes” (BASTOS, 2002, p. 181), mas em “diferen- 8 “Aristóteles falava em uma função consultiva que se pronunciava acerca da guerra e da paz e acerca das leis; uma função judiciária e um magistrado incumbido dos restantes assuntos da administração” (BASTOS, 2002, p. 179). 26 ciação de funções ou ramificação funcional de poder” (ABREU, 2018, p. 43). Assim, surge a função: 1. legislativa 2. executiva 3. judiciária 1. O Estado tem o poder de editar normas, ou seja, legislar. Ao legislar o Estado dita normas de comportamento aos seus integrantes com vistas a harmonia e a convivência pacífica de seus integrantes. 2. O Estado tem a função de executar essas normas, é dizer fazer com que elas sejam cumpridas em todo o território. 3. Cabe ao Estado julgar as infrações a essas normas. O Estado visa a manter sua ordem interna e o faz através do poder judiciário que tem o objetivo de julgar as infrações às normas exercendo assim um poder coercitivo sobre a sociedade (BASTOS, 2002, p. 65). Por fim, vale dizermos que o cerne das funções do Estado “consiste em estabele- cer um mecanismo de equilíbrio e de recíproco controle a presidir o relacionamento entre os três órgãos supremos do Estado” (BASTOS, 2002, p. 181) competentes para legislar (Poder Legislativo), executar (Poder Executivo) e julgar (Poder Judiciário). NASCIMENTO E EXTINÇÃO Existem três modos por meio dos quais podem ocorrer o nascimento do Estado, a saber: originário, secundário e derivado. No modo Originário, o Estado “nasce do próprio meio onde se estabelece a sociedade, nasce diretamente do povo. É dizer, o Estado nasce como uma conse- quência da evolução e do desenvolvimento natural da própria sociedade. Exemplo: Atenas e Roma” (BASTOS, 2002, p. 66). Já no Modo Secundário, o Estado tem sua origem em decorrência da divisão ou da união (BASTOS, 2002, p. 66). Quanto a divisão, dar-se-á de maneira: 1. nacional 2. sucessoral 1. Acontece quando uma determinada região integrante de um Estado consegue a sua independência se desvinculando por completo de seu Estado-origem. 2. Ocorre quando o Estado, que era propriedade do monarca, é divido entre seus parentes, formando-se assim Estados autônomos. Esse tipo 27 de divisão era bastante comum na Idade Média, durante o feudalismo (BASTOS, 2002, p. 67). Com relação à união, esta pode ocorrer por: união pessoal, da união real, da confederação e da federação. A União Pessoal ocorre “quando dois ou mais Estados são governados por um só monarca. Essa união decorre, na maioria das vezes, em razão do princípio de sucessão hereditária dos reis ou de princípios convencionais (através de acordo in- ternacional) de um determinado monarca” (BASTOS, 2002, p. 66). Na união pessoal, os Estados “continuam a autonomia interna e externa. Exemplo: o reino de Castela e Aragão” (BASTOS, 2002, p. 66). Na União Real, ocorre “a união de dois países formando um só Estado para efei- tos externos, todavia, internamente ambos conservam a sua autonomia” (BASTOS, 2002, p. 66), sendo o novo “Estado governado por uma única autoridade e caracte- rizado por sua situação permanente. Exemplo o Império Austro-Húngaro. (BASTOS, 2002, p. 66).” Agora, na Confederação, o Estado surge “da união permanente entre Estados in- dependentes e soberanos com vistas a realização de empreendimentos de interesse comum, quais sejam, a defesa exterior e manutenção da paz interna. A confederação tem por objetivo, na maioria das vezes, o fortalecimento da defesa desses Estados contra um inimigo comum externo. Porém a confederação não tem o condão de extinguir com a soberania dos Estados que a compõem. Exemplo a Antiga Confede- ração Helvética foi a precursora da moderna Suíça” (BASTOS, 2002, p. 66). Em seguida, na Federação, os Estados “passam a constituir uma só pessoa jurídi- ca de direito público internacional, ou seja, um só Estado soberano” (BASTOS, 2002, p. 66). Assim, “uma característica central do Estado Federal reside no fato de que sobre um mesmo território e povo incidem harmonicamente duas ordens políticas: a estadual e a federal” (BASTOS, 2002, p. 66). Exemplos o Brasil e os Estados Unidos da América. E, por último, no modo derivado, o Estado se origina de outro, sob suas influên- cias, quais sejam: 1. colonização; 2. concessão de direitos de soberania; 3. ação de um governo estrangeiro. 1. É uma forma utilizada para se povoar e proteger as terras descobertas de possíveis invasores. Há dois tipos de colonização a de: povoamento que tem por objetivo povoar as terras; exploração que tem como intuito extrair as riquezas das colônias. Ex. Brasil colônia de Portugal. 2. Consiste na outorga de direitos do monarca aos seus principados. Ela 28 era muito comum na Idade Média e 3. Criação de um Estado por vontade de um eventual conquistador ou de um governante. Exemplo: Napoleão e suas diversas conquistas (BASTOS, 2002, p. 67). Com relação à extinção do Estado, esta pode ocorrer de dois modos: por causas gerais ou causas específicas. No que se refere às causas gerais, “ocorre a extinção do Estado, como unidade de direito público, quando faltar um de seus elementos constitutivos: ou povo, ou território, ou soberania, não importando qual” (DREBES, 2018, p. 1). As causas específicas podem ocorrer por meio de: 1. conquista; 2. emigração; 3. expulsão e 4. renúncia. 1. Nela ocorre a ocupação do território e conquista da população por um outro Estado. Isso acontece porque na maioria das vezes o Estado já se encontrava enfraquecido e desorganizado, portanto vulnerável às forças estrangeiras. Exemplo: A Idade Antiga. 2. Quando um povo emigra totalmente do seu território, devido a uma varie- dade de fatores, como clima, falta de alimentos, religião. Exemplo: os hevél- ticos (no tempo de César). 3. Quando o Estado é invadido e os conquistadores exigem a expulsão dos povos primitivos. Os bárbaros eram conhecidos na Europa por esse tipo de invasão, pois ao conquistarem um Estado expulsavam a sua polulação. 4. É uma maneira de desaparecimento espontâneo, isso se dá quando uma sociedade renuncia aos seus direitos de autodeterminação em benefício de outro Estado mais forte. É dizer, esse Estado renuncia a sua soberania e se incorpora um novo Estado. Como exemplo desse tipo de extinção podemos citar o Estado Mexicano do Texas, que se uniu aos Estados Unidos da Améri- ca. Nesse caso o Estado entende que lhe é oportuno perder a sua soberania para entrar em uma composição estatal (BASTOS, 2002, p. 67-68). 29 REFERÊNCIAS ABREU, JOÃO PAULO PIRÔPO. A autonomia financeira do poder judiciário: Limites Traçados pelo Princípio da Independência e Harmonia dos Poderes. Disponível em: <https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/11310/1/JO%C3%83O%20PAULO%20 PIR%C3%94PO%20DE%20ABREU.pdf>. Acesso em: 27 jan. 2018. ACADEMIA DE DIREITO. Disponível em: <https://academiadedireito.yolasite.com/ resources/constitucional.pdf>. Acesso em: 27 jan. 2018. APONTAMENTOS DE HISTÓRIA. Disponível em: <https://antoniocv.wordpress. com/2015/10/08/a-sociedade-romana/>. Acesso em: 27 jan. 2018. ARISTÓTELES. A política. Rio de Janeiro: Ed. de Ouro, 1965. BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Teoria do Estado e Ciência Política. São Paulo: Sa- raiva, 2002. BERTANI, Silvia.Estado: conceito, teorias e elementos, características e finali- dades, nação e governo. Disponível em: <https://silviabertani.files.wordpress. com/2014/08/estado-sociedade-e-poder.pdf>. Acesso em: 27 jan. 2018. BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. Disponível em: <http://unifra.br/professo- res/14104/Paulo%20Bonavides-Ciencia%20Politica%5B1%5D.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2018. CARVALHO, Leandro. Sociedade ateniense. Disponível em: <http://alunosonline. uol.com.br/historia/sociedade-ateniense.html>. Acesso em: 27 jan. 2018. CLASSIFICAÇÃO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO ESTADO. Disponível em: <https://ce- sinha27a.wordpress.com/2010/07/09/classificacao-e-evolucao-historica-do-esta- do/>. Acesso em: 27 jan. 2018. CUNHA, Alexandre Sanches. Teoria Geral do Estado. São Paulo: Saraiva, 2013. DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado. São Paulo: Saraiva, 2011. REFERÊNCIAS DREBES, Josué Scheer. O estado no direito internacional público: formação e ex- tinção. Disponível em: <https://www.conteudojuridico.com.br/pdf/cj038578.pdf>. Acesso em: 19 jan. 2018. FERREIRA NETO, Adyr Garcia. Do estado de natureza ao governo civil em John Lo- cke. Disponível em: <https://www.uel.br/revistas/uel/index.php/direitopub/arti- cle/viewFile/11457/10193>. Acesso em: 19 jan. 2018. MALUF, Sahid. Teoria Geral do Estado. São Paulo, 1998. MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. Coimbra: Atlântica-Livraria Editora, 1935. MARQUES, José Roberto. História da comunicação humana. Disponível em: < http://www.jrmcoaching.com.br/blog/historia-da-comunicacao-humana/>. Acesso em: 27 jan. 2018. MOCELLIM, Alan Delazeri. A comunidade: da sociologia clássica à sociologia con- temporânea. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/plural/article/downlo- ad/74542/78151>. Acesso em: 15 jan. 2018. MORAIS, Márcio Eduardo da Silva Pedrosa. Sobre a evolução do Estado: do Estado Absolutista ao Estado Democrático de Direito. Disponível em: <https://us.com.br/ artigos/18831/sobre-a-evolucao-do-estado>. Acesso em: 19 jan. 2018. OLIVEIRA, Victor. O estado de natureza em Hobbes e Rousseau: o homem, a liberda- de e o Estado. Disponível em: <https://medium.com/@victoroliver/o-estado-de-na- tureza-em-hobbes-e-rousseau-o-homem-a-liberdade-e-o-estado-28e67487027a>. Acesso em: 19 jan. 2018. OURIQUES, Aline. Filosofia do Direito. Disponível em: <https://unipdireito2017. files.wordpress.com/.../filosofia-do-direito-roteiro-de-aula-pro...>. Acesso em: 15 jan. 2018. SALVETTI NETO, Pedro. Curso de Teoria do Estado. São Paulo: Saraiva, 1979. SOUSA, Marcelo Rebelo de. Direito Constitucional I – Introdução à teoria da Cons- tituição. Braga: Livraria Cruz, 1978. UNIVERSO CATÓLICO. Disponível em: <http://www.universocatolico.com.br/index. php?/o-edito-de-milao.html>. Acesso em: 19 jan. 2018. INDICAÇÃO DE LEITURA ILÁRIO, Camila Rodrigues. Hobbes, Locke e Rousseau. Disponível em: <http://www. ceap.br/material/MAT24092009100106.pdf>. Acesso em: 16 jan. 2018. MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. Coimbra: Atântica-Livraria Editora, 1935. MOCELLIM, Alan Delazeri. A comunidade: da sociologia clássica à sociologia con- temporânea. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/plural/article/downlo- ad/74542/78151>. Acesso em: 15 jan. 2018. WEFFORT, Francisco C. (Org.). Os clássicos da política: Maquiavel, Hobbes, Locke, Montesquieu, Rousseau, “o Federalista”. v. 1. São Paulo: Ática, 2002. unidade iI SOCIEDADE Tipos de Sociedade ESTADO Origem da Palavra
Compartilhar