Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Automação Industrial 1 CURSO DE FORMAÇÃO DE OPERADORES DE REFINARIA AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL 2 Automação Industrial Automação Industrial 3 CURITIBA 2002 Equipe Petrobras Petrobras / Abastecimento UN´s: Repar, Regap, Replan, Refap, RPBC, Recap, SIX, Revap AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL HÉLIO GUILL MORAES PAULO AFONSO RUOSO 4 Automação Industrial 338.26 Moares, Hélio Guill. M827 Curso de formação de operadores de refinaria: automação industrial / Hélio Guil Moares, Paulo Afonso Ruoso. – Curitiba : PETROBRAS : UnicenP, 2002. 20 p. : il. (algumas color.) ; 30 cm. Financiado pelas UN: REPAR, REGAP, REPLAN, REFAP, RPBC, RECAP, SIX, REVAP. 1. Automação industrial. 2. Segurança. 3. Produção. 4. Proteção ambiental. I. Ruoso, Paulo Afonso. II. Título. Automação Industrial 5 Apresentação É com grande prazer que a equipe da Petrobras recebe você. Para continuarmos buscando excelência em resultados, dife- renciação em serviços e competência tecnológica, precisamos de você e de seu perfil empreendedor. Este projeto foi realizado pela parceria estabelecida entre o Centro Universitário Positivo (UnicenP) e a Petrobras, representada pela UN-Repar, buscando a construção dos materiais pedagógicos que auxiliarão os Cursos de Formação de Operadores de Refinaria. Estes materiais – módulos didáticos, slides de apresentação, planos de aula, gabaritos de atividades – procuram integrar os saberes téc- nico-práticos dos operadores com as teorias; desta forma não po- dem ser tomados como algo pronto e definitivo, mas sim, como um processo contínuo e permanente de aprimoramento, caracterizado pela flexibilidade exigida pelo porte e diversidade das unidades da Petrobras. Contamos, portanto, com a sua disposição para buscar outras fontes, colocar questões aos instrutores e à turma, enfim, aprofundar seu conhecimento, capacitando-se para sua nova profissão na Petrobras. Nome: Cidade: Estado: Unidade: Escreva uma frase para acompanhá-lo durante todo o módulo. 6 Automação Industrial Sumário 1 OBJETIVOS DA AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL ............................................................... 7 1.1 Introdução ...................................................................................................................... 7 1.1.1 Segurança ............................................................................................................ 7 1.1.2 Produção ............................................................................................................. 7 1.1.3 Proteção ambiental .............................................................................................. 7 1.1.4 Restrições operacionais ....................................................................................... 7 1.1.5 Aspectos econômicos .......................................................................................... 7 1.2 Monitoramento e Controle de Plantas de Processo ....................................................... 7 1.3 SDCD (sistemas digitais de controle distribuído) e computadores de processo ........... 8 1.4 Principais malhas de controle ...................................................................................... 10 1.4.1 Características de malhas típicas .......................................................................11 1.4.2 Sistemas de Controle mais Complexos ............................................................. 12 1.5 Sistemas de Intertravamento ....................................................................................... 15 1.6 SCMD.......................................................................................................................... 16 1.6.1 Introdução ......................................................................................................... 16 1.6.2 Sistema de Controle e Monitoração Distribuído (para sistemas elétricos) ....... 17 Automação Industrial 7 1Objetivos da AutomaçãoIndustrial 1.1 Introdução Uma planta industrial é um arranjo de uni- dades de processos físico-químicos (reatores, trocadores de calor, bombas, colunas de desti- lação, tanques, etc.), integrados de maneira ra- cional e sistemática, cujo objetivo é converter matérias-primas em produtos desejados, usan- do diferentes fontes de energia, da maneira mais econômica. Durante sua operação, a planta precisa satisfazer a diversos requisitos, impostos tan- to pelo projeto e pela tecnologia adotada, quan- to por influências externas (perturbações) de natureza ambiental, econômica e social. 1.1.1 Segurança A operação segura de um processo físico- químico é requisito primário para o bem-estar das pessoas envolvidas com a planta e a conti- nuidade operacional da mesma. Desse modo, variáveis de processo, como pressões, tempe- raturas e concentrações de produtos devem ser mantidas sempre dentro de limites aceitáveis, ditados pelo projeto, pelos materiais empre- gados ou mesmo pelo estado de conservação da planta. 1.1.2 Produção Uma unidade industrial deve ser contro- lada, segundo um planejamento de produção, de modo a gerar cada um de seus produtos fi- nais na quantidade desejada, no momento ade- quado e, ainda, satisfazendo as especificações de qualidade dos produtos. 1.1.3 Proteção ambiental As legislações ambientais têm sido cada vez mais restritivas com relação aos efluentes emitidos pelas indústrias. O correto manuseio de resíduos sólidos, a redução e o tratamento de gases e da água efluentes devem estar no mesmo nível de prioridade da segurança e da produção. 1.1.4 Restrições operacionais Os vários tipos de equipamentos usados nas plantas industriais têm restrições ineren- tes à operação de cada um deles, isto implica em manter variáveis operacionais dentro de li- mites. Por exemplo, alguns tipos de bomba ne- cessitam de pressão positiva na sucção, tan- ques podem transbordar, ou a temperatura de um reator catalítico não deve ultrapassar de- terminado limite superior para que o catalisa- dor não seja destruído. 1.1.5 Aspectos econômicos A produção de uma planta deve ser ade- quada às condições de mercado, isto é, à dis- ponibilidade de matéria-prima e à demanda de produtos finais. Assim, é requerido que as con- dições de operação sejam controladas em ní- veis ótimos, de mínimo custo operacional e máximo lucro. Todos os requisitos apresentados anterior- mente apontam para duas necessidades: a mo- nitoração contínua da operação da planta e in- tervenções externas (controle) para garantir o atendimento ao plano de produção e a outros objetivos operacionais. Neste cenário, pode-se compreender a Automação Industrial como um conjunto de disciplinas que implementam os sistemas de monitoração e de controle de plantas industriais. Tal implementação vai desde a concepção (pro- jeto de controle) e a instalação, até o acompa- nhamento do desempenho operacional e even- tuais reajustes “em linha”, ou seja, com a planta em operação. 1.2 Monitoramento e Controle de Plantas de Processo Os sistemas implementados pela automa- ção industrial precisam atender tanto necessi- dades de controle de equipamentos quanto de produção e logística. Assim, devem com- preender processos de produção em batelada e contínuos, e ainda, tratar variáveis discretas 8 Automação Industrial (estados) e contínuas (pressões, temperaturas, vazões etc), em ambientes integrados. Existem três classes de necessidades gerais a que os sistemas de controle devem atender: 1. Supressão de influências de perturbações externas Este é o objetivo mais comum de um con- trolador numa planta. Como as perturbações estão fora do alcance das ações operacionais, é necessário introduzir mecanismos de con- trole que cancelem os impactos negativos ex- ternos, através de ações apropriadas no pro- cesso. Um exemplo, dos mais antigos, é o con- trole de nível de reservatórios de água por bóia e válvula (comporta),cujas evidências de uso foram encontradas na cultura grega, alguns séculos antes de Cristo. 2. Garantia da estabilidade do processo Do ponto de vista de estabilidade, os pro- cessos podem ser auto-regulados ou instáveis. No primeiro caso, a variável de processo so- fre uma perturbação, mas volta ao seu valor inicial sem necessidade de qualquer ação ex- terna, ao contrário dos sistemas instáveis que precisam continuamente de ações de controle para manter sua integridade. Andar de bicicleta é um exemplo de esta- bilização de um sistema instável através de ações continuadas de controle. 3. Otimização do desempenho da planta Segurança e atendimento à produção con- forme programada, são os dois principais ob- jetivos operacionais de uma planta industrial. Uma vez atingidos, o próximo objetivo é como fazer a operação da planta mais lucrativa. Con- siderando que as condições que afetam a ope- ração de uma planta não permanecem cons- tantes ao longo do tempo, será sempre neces- sário promover mudanças em variáveis-cha- ves, de modo que os objetivos econômicos sejam constantemente alcançados. Hoje, esta é a tarefa que mais necessita do trabalho conjun- to operador-sistema automático de controle. A figura a seguir apresenta a hierarquia clássica das funções de automação industrial. A partir desta visão, no seu Plano Diretor de Automação Industrial (PDAI-2001), a Área de Refino da Petrobras dividiu as tarefas da auto- mação em seis eixos, em função de caracterís- ticas dos processos envolvidos e da natureza das soluções a serem adotadas: Eixo 1 – Controle e Otimização da Pro- dução – Controle regulatório e avançado para unidades de pro- cessos industriais. Eixo 2 – Gerenciamento de Movimenta- ções e Otimização de Misturas – Monitoração e controle de esto- ques, movimentações de produ- tos e preparo de produtos por mistura. Eixo 3 – Automatização de Procedimen- tos e Integração Operacional. Eixo 4 – Controle e Otimização de Ener- gia – Controle regulatório e avan- çado para a área de geração de energia (principalmente elétrica). Eixo 5 – Controle de Resíduos e Sistemas de Segurança. Eixo 6 – Atividades de Apoio e Sistemas de Informação. Figura 1 – Hierarquia da Automação. Como resultado desta divisão, os sistemas associados à automação podem ser separados em cinco grupos: 1. Sistemas Digitais de Controle Distri- buído (SDCD) e Computadores de Pro- cesso (CP); 2. Sistemas de Controle e Monitoração de Demanda Elétrica (SCMD); 3. Intertravamentos de Segurança; 4. Gerenciamento de Operações de Trans- porte e Armazenamento; 5. Bases de Dados e Sistemas de Apoio à Decisão. Neste treinamento, apenas os três primei- ros grupos serão abordados com mais detalhes. 1.3 SDCD (Sistemas Digitais de Controle Distribuído) e Computadores de Processo Os SDCD são constituídos por três tipos de componentes interligados por uma ou mais vias de comunicação de dados, conforme a fi- gura a seguir. Automação Industrial 9 Figura 2 – Arquitetura típica de um SDCD. a) Interface com o Processo – É forma- da por Estações de Controle onde são implementadas as estratégias ou algo- ritmos de controle regulatório bem como, seqüenciamento de operações e monitoração de variáveis. Ela recebe e envia dados para os elementos primá- rios e finais de controle do processo. b) Interface com a Operação – É com- posta por vídeos coloridos, teclados e impressoras. Através de telas dinâmi- cas, são trocadas informações com as estações de controle e com os compu- tadores de processo. c) Interface com Sistemas Externos – É um equipamento que permite o fluxo bidirecional de dados entre o SDCD e outro sistema. Este último pode ser um computador de processo, que executa cálculos avançados de controle, outro sistema de controle (como o SCMD), ou, ainda, uma plataforma de engenharia de onde se pode monitorar o desempenho dos sistemas e realizar ajustes de parâmetros em estratégias de controle. Atualmente, no refino, não se fala mais de SDCD operando de modo isolado dos com- putadores de processo. A operação conjunta SDCD-CP responde pela metade dos benefí- cios possíveis de serem obtidos com automa- ção, a outra metade fica por conta da Otimiza- ção da Produção e da Logística. Porém, a im- plantação de SDCD representa cerca de 70% dos custos (conforme figura a seguir). Assim, foi decidido que toda a implantação de SDCD nos órgãos operacionais seria seguida da ins- Figura 3 – Relação Custos/Benefícios da Automação. Os benefícios da implantação do SDCD são, basicamente, obtidos pela possibilidade de configuração de malhas de controle mais sofisticadas, maior facilidade de manutenção e ajuste de estratégias de controle, maior pre- cisão da instrumentação digital e melhor aná- lise do processo através da integração de in- formações que o sistema proporciona. O controle avançado irá passar pontos de ajuste para o SDCD (setpoints) visando me- lhor qualidade dos produtos, maior estabilida- de e fator operacional, aumento de rendimen- tos e economia de energia. Finalmente, a otimização da produção e a logística irão conduzir as unidades de proces- so, em conjunto, aos seus pontos ótimos de operação, considerando a disponibilidade de matéria-prima, a racionalização de estoques e as oportunidades de mercado. talação de computador de processo, rodando estratégias de controle avançado. 10 Automação Industrial 1.4 Principais malhas de controle As ferramentas de configuração do SDCD são do tipo CAD (Computer Aided Design), isto é, as malhas ou estratégias de controle são montadas a partir da ligação de blocos funcio- nais, sem necessidade de uma linguagem de programação tradicional. Os fabricantes for- necem bibliotecas com uma ampla variedade de blocos, o que permite a configuração tanto de estratégias clássicas (controle de vazão ou de temperatura) quanto de malhas relativamen- te complexas, como controle antecipatório ou de saída não linear. A figura seguinte, apresenta um exemplo de malha de controle clássico, juntamente com as definições de variáveis e nomenclatura ado- tadas em controle. É ilustrado um processo em que o líquido contido em um tanque é aqueci- do por meio de vapor. Suponha, por exemplo, que se deseje manter a temperatura do líquido em 80oC. Figura 4 – Tanque com aquecimento a vapor. Para obter a ação de controle desejada, o instrumento é dotado de um contato elétrico, que é fechado quando a temperatura está abai- xo de 80oC e aberto quando a mesma está aci- ma desse valor. O contato elétrico, por sua vez, Figura 5 – Diagrama de blocos da malha. liga uma válvula solenóide, que permitirá a passagem de vapor se a temperatura estiver abaixo dos 80oC, fechando-se ao ser ultrapas- sada essa temperatura. No processo descrito, a variável controla- da é a temperatura do líquido, e o controle é obtido por meio da ação sobre a vazão de va- por, a variável manipulada. A variável controlada é uma grandeza fí- sica que pode ser medida, tal como tempera- tura, pressão, nível, vazão, etc. Em processos de refino, a variável manipulada é, em geral, uma vazão. Em sistemas elétricos/eletrônicos, a variável manipulada pode ser uma corrente ou uma potência elétrica. O sinal do sensor é comparado com o pon- to de ajuste, ou setpoint (SP), o resultado de tal comparação será o desvio ou erro – dife- rença entre o valor medido e o setpoint. O controlador recebe o desvio e deve tomar uma ação compatível com esta infor- mação recebida, gerando um sinal de saída para o elemento final de controle, neste caso a vál- vula solenóide. Este tipo de malha de controle é também conhecido por malha de controle com realimentação ou em feedback. É importante familiarizar-se com a repre- sentação em diagrama de blocos, como o da figura a seguir, uma vez que esta é largamente utilizada na literatura de controle. São diagra- mas relativamente simples, cujos retângulos correspondem a elementos que transformam um sinal em outro. Assim, por exemplo, o re- tângulo “controlador” corresponde a um ele- mento que transforma o sinal de erro em sinal desaída para a válvula solenóide. Automação Industrial 11 A figura a seguir mostra uma possível implementação da malha de controle num SDCD. Figura 6 – Configuração da malha no CAD do SDCD. 1.4.1 Características de malhas típicas Malha de Controle de Vazão Nesse caso, a variável manipulada é a própria variável controlada. A figura abaixo apresenta esta malha e sua representação em diagrama de blocos. Figura 7 – Malha típica de controle de Vazão. Figura 8a – Controle “direto”. Para líquidos, a dinâmica da tubulação (“processo”) está associada com a inércia do líquido e com o comprimento da tubulação. Para gases, além da inércia tem-se o efeito da compressão ou expansão do gás com a pres- são, entretanto, de um modo geral, as malhas de vazão apresentam respostas rápidas. Além da velocidade de resposta, estas malhas têm também como característica a pre- sença de ruídos. Assim, não se recomenda ajus- te muito agressivo na sintonia de malha de vazão, primeiro porque a malha já é rápida e segundo porque a amplificação de ruídos pode fazer a válvula oscilar violentamente. Malha de Controle de Temperatura Está sempre associada ao controle da transferência de energia no sistema, ou seja, a variável controlada é uma temperatura e a manipulada pode ser uma vazão de combustí- vel, de fluido de aquecimento/resfriamento ou uma corrente elétrica. As características de resposta da malha de controle dependem prin- cipalmente do sistema em que a temperatura está sendo controlada. Normalmente as ma- lhas de temperatura são mais lentas que as demais (devido a atrasos no sensor e na trans- ferência de calor no processo) e não apresen- tam ruídos significativos. Malha de Controle de Pressão As malhas de controle de pressão podem variar desde muito rápidas (Fig. 8a) até muito lentas (Fig. 8b). No primeiro caso, valem apro- ximadamente as regras das malhas de vazão. No outro, valem as regras das malhas de tem- peratura. 12 Automação Industrial Figura 8b – Controle “indireto”. Pressão de Líquido O controle de pressão de líquidos é exata- mente igual ao controle de vazão. A única con- tribuição do processo corresponde à inércia do líquido. Pressão de Gás (não em equilíbrio com o líquido) Neste caso, o controle é relativamente sim- ples. A entalpia (e, conseqüentemente, a tem- peratura) praticamente não depende da pres- são, assim não existe interação entre tempera- tura e pressão. O sistema apresenta caracterís- ticas de auto-regulação. Um aumento de pres- são de um recipiente tende a impedir que mais gás entre e a forçar que mais gás saia. Pressão de Vapor (equilíbrio líquido-vapor) Neste sistema, a pressão do gás não é fun- ção apenas das vazões (balanço de massa), mas também das condições de equilíbrio e da tem- peratura (balanço de energia). Existe, portan- to uma interação com o líquido, fazendo com que o controle de pressão tenha característi- cas semelhantes ao de temperatura. Malha de Controle de Nível de Líquido Existem duas categorias de controle de nível de líquidos: a) o nível é a variável importante do pro- cesso e deve ser mantido constante, como no exemplo da figura 9a, em que a reação depende do volume de líquido. b) o nível é variável secundária, portanto deve ser mantido entre um valor máxi- mo e um mínimo, absorvendo variações do processo (estratégia conhecida como averaging control). O tambor de topo da figura 9b é um exemplo deste tipo de controle, em que se deseja manter a vazão de destilado a mais estável pos- sível. Figura 9a – Reator de mistura. Figura 9b – Vaso de Topo de Coluna. Na indústria do petróleo, quase que a to- talidade dos casos são deste segundo tipo, as- sim o volume de líquido é simplesmente um “capacitor” para estabilizar o processo. Não importa muito onde o nível esteja, desde que se mantenha entre um máximo e um mínimo seguros. A velocidade de resposta da malha depende principalmente das dimensões do re- cipiente. O método de medição empregado pode introduzir oscilações no sistema. 1.4.2 Sistemas de Controle mais Complexos Split Range ou Ação Dividida Utilizado para os casos onde há a neces- sidade de mover duas válvulas a partir de um único controlador. Desse modo, a faixa de atua- ção do controlador é dividida entre dois ele- mentos finais de controle, como por exemplo, no controle da pressão no vaso mostrado na figura a seguir. Figura 10 – Controle Split Range de Pressão em Vaso de Topo. Automação Industrial 13 Controle em Cascata Ao contrário da estratégia anterior, neste caso, há dois controladores para apenas um elemento final de controle. A saída do contro- lador primário é usada para ajustar o setpoint do controlador secundário, e este último é quem envia o sinal de controle para a válvula. O controle em cascata pode reduzir erros em mais de dez vezes quando comparado a um controlador único. Um exemplo típico é o sis- tema apresentado na figura ao lado. Figura 11 – Controle da Temperatura de Topo de Coluna. Controle Override Sistema que também emprega mais de um controlador para um mesmo elemento final de controle. É utilizado quando duas (ou mais) condições anormais podem existir em um processo. O comando do elemento final é feito pela condição anormal que estiver ativa. Como exemplo de emprego desta estratégia, pode-se citar um modelo de conversor de Craquea- mento Catalítico (Fig. 12a) ou um sistema de proteção de bombas colocadas em oleodutos (Fig. 12b). Figura 12a – Controle Override em Conversor de FCC. Figura 12b – Controle Override, proteção da bomba. Controle de Razão Em muitos processos, há a necessidade de manter a vazão de um produto em proporção exata em relação à vazão de um outro. Um sistema de controle de razão permite obter esse efeito. Uma aplicação tradicional desta estratégia é o controle de Vazão de vapor de retificação em torres de destilação (conforme figura a seguir). Outro exemplo de aplicação é o controle da relação ar-gás ácido em unidades de recuperação de enxofre. Figura 13 – Controle de Vapor de Retificação em Coluna. 14 Automação Industrial Controle Antecipatório ou Feedforward Alguns sistemas podem apresentar atrasos significativos entre perturbações na entrada e o aparecimento dos efeitos na variável controla- da. Nestes casos, o controle convencional res- ponde muito tarde à perturbação, tornando a malha de controle muito mais instável. Em con- troladores programáveis (SDCD), podem ser implementadas estratégias de controle de modo a antecipar os efeitos desses atrasos, que são, por isso, chamadas de antecipatórias. Só é possível o emprego de estratégias de controle antecipatório se as principais fontes de perturbação de um sistema puderem ser medidas e seus efeitos serem modelados, como no exemplo do Forno apresentado na figura ao lado. Figura 14 – Controle antecipatório para pertubações na vazão e na temperatura de entrada de um forno de processo. Controle com Limites Cruzados Este tipo de controle é usado quando se precisa garantir que ao corrigir uma variável contro- lada, as variáveis manipuladas recebam sinal de controle sempre numa seqüência segura. A estratégia fica mais clara quando se analisa sua aplicação mais típica, o controle de combustão em caldeiras e fornos (conforme figura a seguir). Variações na entrada deste forno são perce- bidas pelo controlador de temperatura de saída somente após alguns minutos, porém o mode- lo instalado envia para a malha de combustão, antecipadamente, um sinal de correção e as perturbações são absorvidas antes mesmo de chegarem ao sensor de temperatura de saída. Figura 15 – Controle de Combustão em Fornos e Caldeiras. A variável controlada é a pressão do va- por produzido. O sinal de saída do controla- dor de pressão é levado a dois seletores que também recebem sinais de vazão de combus- tível e ar. O objetivo é garantir sempre ar para a queima, assim, nos casos de subida de pres- são, o controlador cortará primeiramente o combustível para depois reduzir a vazão do ar, enquanto que, nas quedas de pressão, o ar subirá antes do aumentode combustível. Controle Adaptativo e Controle Inferencial Ambas as estratégias dependem de siste- mas de controle com capacidade de progra- mação e, normalmente são programas de al- guma complexidade. No Controle Adaptativo, os parâmetros do controlador são ajustados automaticamente de modo a compensar variações nas característi- cas do processo. Existem dois casos principais para se utilizar este tipo de controle: o compor- tamento fortemente não-linear de alguns pro- cessos, em que o ajuste de um controlador para um valor médio não atenderá às necessidades de controle num outro patamar e a os processos que se alteram bastante ao longo do tempo, por exemplo, incrustações sérias em permutadores ou perda rápida de atividade de catalisadores. Automação Industrial 15 O Controle Inferencial é aplicado a pro- cessos em que exista um distúrbio que não pode ou não se quer medir, porém pode ser calculado (inferido) a partir de variáveis me- didas. Atualmente está bastante difundido o controle inferencial como substituto de Ana- lisadores em Linha, pois os mesmos apresen- tam altos custos iniciais e de manutenção. As figuras a seguir são os diagramas de blocos destes controles. Figura 16 – Diagrama de blocos de um Sistema de Controle Adaptativo. Figura 17 – Diagrama de blocos de um Sistema de Controle Inferencial. Controle Multivariável Até este ponto foram apresentadas estra- tégias de controle que possuem apenas uma variável controlada pela atuação em uma va- riável manipulada de cada vez. Como os pro- cessos químicos apresentam muitas variáveis a serem controladas e dispõem de muitas variá- veis para atuar, e ainda, como sempre, exis- Figura 18 – Interações entre malhas de controle num sistema. As estratégias de controle multivariável podem ser agrupadas em dois tipos básicos, de acordo com a metodologia adotada para se eliminar as interferências entre malhas: as es- tratégias com desacoplamento externo, em que os efeitos das interações são modelados e so- mados externamente ao sinal de controle, de modo a compensar as interferências que sur- girão no processo; e as estratégias com desa- coplamento interno, que são programas de controle em que cada sinal de saída é uma com- binação das ações de cada uma das variáveis monitoradas para aquele elemento final de controle (um exemplo clássico é a estratégia Matriz Dinâmica de Controle, DMC, de C.R. Cutler). A figura seguinte apresenta estes dois ti- pos de estratégia. tem interferências entre todas estas variáveis (conforme figura a seguir); mais recentemen- te, vêm sendo desenvolvidos sistemas de con- trole que atuam ao mesmo tempo sobre um conjunto de variáveis, a fim de buscar a esta- bilidade de todo o elenco. Sistemas desse tipo são conhecidos por Controles Multivariáveis. Figura 19 – Métodos de desacoplamento de interações entre malhas de controle. 1.5 Sistemas de Intertravamento Na indústria de petróleo, um grande nú- mero de variáveis de processo e de parâme- tros de equipamentos deve ser monitorado para detecção de possíveis situações anormais. Qualquer condição fora do normal deve ser avisada ao pessoal de operação, através de anunciadores de alarme, para que sejam tomadas as providências que conduzam o processo ao seu estado normal de operação. Em casos extre- mos, devem ser acionados, de modo manual ou automático, sistemas de proteção para elimi- nar condições potencialmente perigosas, an- tes que causem danos às pessoas e aos equipa- mentos ou agressões ao ambiente. São os Sis- temas de Intertravamento de Segurança. 16 Automação Industrial As lógicas dos sistemas de intertravamento podem ser implementadas através de compo- nentes discretos (por exemplo: relés, tempori- zadores e chaves elétricas), bem como por meio de equipamentos micro-processados (controladores lógicos programáveis – CLP ou equipamentos dedicados). Independente da tecnologia utilizada na implantação, para se garantir a confiabilidade de um sistema de proteção é fundamental que o mesmo seja instalado em equipamento dife- rente dos sistemas de controle e, ainda, que possua alimentação elétrica exclusiva e confiá- vel (UPS ou No breaks). Quase sempre, a parada de um equipamen- to pelo sistema de proteção causa outras para- das na unidade, assim, é muito importante que os operadores e, particularmente, os consolis- tas conheçam as ações que serão tomadas por um sistema de proteção e as interações entre Figura 20 – Sistema de Proteção de Compressor. este e outros sistemas da planta. Todos devem estar preparados para acompanhar o procedi- mento de parada, de maneira segura, atuando nos momentos adequados. Sistemas de intertravamento podem ficar inativos durante longos períodos de tempo, durante os quais pode ocorrer corrosão de con- tatos, rompimento de ligações ou vazamentos mecânicos que comprometam sua funcionali- dade. Isto significa que os sistemas devem ser testados e inspecionados o mais completamen- te possível. Os intertravamentos que são im- possíveis ou difíceis de testar durante a opera- ção normal da planta devem ter seus testes in- cluídos como parte de uma parada programa- da, garantindo a operabilidade dos mesmos. Como ilustração, apresenta-se a seguir um exemplo de sistema de intertravamento, den- tre os mais comuns na indústria do petróleo. 1.6 SCMD 1.6.1 Introdução O sistema de descarte elétrico é um sistema desenvolvido de modo a assegurar a disponibi- lidade de carga elétrica para sistemas essenciais e as cargas mais críticas dentro do processo da refinaria. Isto é realizado desligando os circuitos das cargas não essenciais para o processo, em caso de uma falta dentro do sistema de geração de energia elétrica, ou parte do sistema elétrico da refinaria. Uma falta dentro do sistema elétrico pode ser causada por abertura da linha da Concessionária de Energia Elétrica, perda da capacidade de geração, ou quando parte do sistema elétrico é desligado do fornecimento da Concessionária de Energia Elétrica. O sistema de des- carte elétrico está preparado para ser capaz de enfrentar as condições acima mencionadas. Ou- tros requisitos que o sistema de descarte elétrico deve desempenhar, mas que têm uma baixa prioridade, é o fato que esse descarte pode provocar perturbação no processo de produção o mínimo possível, o propósito é descartar somente a soma da potência realmente necessária com a menor prioridade possível. Além disso o sistema de descarte não deve operar a não ser por situações obrigatórias dentro do sistema elétrico. Deste modo, o sistema deve ser muito seguro e o número de operações espúrias deve ser restrito durante a vida útil do sistema. Automação Industrial 17 1.6.2 Sistema de Controle e Monitoração Distri- buído (para Sistemas Elétricos) O SCMD é um conjunto de hardware (HW) e software (SW), que são conectados aos equipamentos da área elétrica (motores, gera- dores, transformadores, disjuntores, etc.), que se comunicam, entre si e com as estações de operação (IHM), através de uma via de comu- nicação de dados (VCD). O hardware de um SCMD é muito pareci- do com o do SDCD, alguns fabricantes inclusi- ve usam o mesmo equipamento para ambas as funções. As diferenças são que as funções de controle configuradas no SCMD operam em tempos muito curtos. Existem funções de cál- culo em que o tempo entre o evento inicializa- dor e saída deve ser menor que 150 ms. Com relação às malhas de controle, o SDCD carac- teriza-se pela existência de muitas malhas lo- cais, já para o SCMD, as malhas das funções principais atuam em todos os controladores ao mesmo tempo exigindo grande tráfego de da- dos pela rede de comunicação.Os demais com- ponentes, tais como entradas analógicas, en- tradas digitais e saídas analógicas e digitais são exatamente iguais a um SDCD. Diferenças entre SDCD e SCMD – Tipos de “malha de controle”. – Distribuído por toda refinaria. – Tráfego na VCD. – Tempos envolvidos muito pequenos (I/O). – Ciclicidade dos programas mais alta. – Variações de carga de CPU. Observação: no caso ABB, o HW é o mesmo. Objetivosdo SCMD – Controlar e monitorar a geração, rece- bimento e distribuição de energia elétri- ca, de forma integrada e centralizada. – Otimizar produção e compra de ener- gia elétrica. Aumento da confiabilida- de no suprimento de energia elétrica (fator operacional). – Melhor análise de ocorrências anormais. Monitoração de variáveis do sistema elétrico A disponibilização de uma base de dados digitais, quando da implantação de um SCMD, traz grandes vantagens para quem opera o sis- tema elétrico. Há disponível uma infinidade de alarmes e variáveis que com os sistemas convencionais era impossível existir. Os equi- pamentos têm suas anomalias detectadas ins- tantaneamente, permitindo que providências preventivas possam ser tomadas melhorando a confiabilidade do sistema elétrico da planta como um todo. Para citar apenas um exemplo, opôs à implantação do SCMD, em que os siste- mas de corrente contínua, críticos, passaram a ser monitorados, as ocorrências graves de perda de corrente contínua ou carregadores de bateria deixaram de existir. Se um banco de baterias entrar em regime de descarga, imediatamente 18 Automação Industrial é gerado um alarme para o operador e este toma as providências necessárias antes que a situação agrave-se. Controle do sistema de geração e distribuição de energia elétrica da Refinaria A Função de controle da geração e distri- buição de energia em uma refinaria é sempre feita na UTR (unidade terminal remota) da Casa de Força. Esta UTR é chamada de máster do sistema pois é nela que rodam os progra- mas de controle principais. O controle da geração permite ao opera- dor alterar a carga ativa e reativa das máqui- nas, sincronizar fontes, fixar setpoint para fa- tor de potência ou potência ativa gerada, alte- rar ajustes de proteção para situações de com- pra e/ou venda de energia e comandar todas as subestações da refinaria a partir do console de operação. Descarte de cargas elétricas em casos de distúrbios operacionais É o programa de controle que desempe- nha a função de desligar as cargas dos gerado- res quando ocorre a perda de capacidade de geração, seja por perda de um gerador ou por perda de produção de vapor (descarte térmi- co). O sistema fica monitorando pontos pre- definidos como disjuntores de saída dos gera- dores, disjuntores das linhas da concessioná- ria e sinais de trip de caldeiras. Quando um destes sinais torna-se “verdadeiro”, o progra- ma de descarte roda automaticamente o cál- culo do balanço entre a capacidade de geração e a carga e, se o resultado for negativo, execu- ta um descarte até o nível de prioridade suficien- te para equilibrar a capacidade de geração com a carga consumida naquele momento. Para que este cálculo seja feito existe uma tabela de prioridades predefinida em que cada motor é classificado pela sua importância den- tro do processo de refino. Esta prioridade va- ria de um a vinte, de acordo com ordem cres- cente de prioridade. Reaceleração de motores Esta função visa recolocar em operação os motores que desligaram após uma ocorrên- cia de subtensão, ocasionada por queda de alimentador, ou após reset do descarte elétri- co. Funciona utilizando uma tabela de priori- dades de um a vinte, a partir do que os mais importantes são reacelerados primeiro. Na re- aceleração, é também considerado o tempo que se passou após o desligamento, caso seja mui- to longo, o motor deixa de ser candidato a reacelerar (por exemplo uma bomba de carga de unidade só pode ser reacelerada se a unida- de não estiver parada, isso significa tempos não maiores que 5 segundos.) Para tanto, ajus- ta-se outro parâmetro chamado RAT (reacele- ration timeout). Anotações Automação Industrial 19 20 Automação Industrial Principios Éticos da Petrobras A honestidade, a dignidade, o respeito, a lealdade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios éticos são os valores maiores que orientam a relação da Petrobras com seus empregados, clientes, concorrentes, parceiros, fornecedores, acionistas, Governo e demais segmentos da sociedade. A atuação da Companhia busca atingir níveis crescentes de competitividade e lucratividade, sem descuidar da busca do bem comum, que é traduzido pela valorização de seus empregados enquanto seres humanos, pelo respeito ao meio ambiente, pela observância às normas de segurança e por sua contribuição ao desenvolvimento nacional. As informações veiculadas interna ou externamente pela Companhia devem ser verdadeiras, visando a uma relação de respeito e transparência com seus empregados e a sociedade. A Petrobras considera que a vida particular dos empregados é um assunto pessoal, desde que as atividades deles não prejudiquem a imagem ou os interesses da Companhia. Na Petrobras, as decisões são pautadas no resultado do julgamento, considerando a justiça, legalidade, competência e honestidade. Sumário 1.1 Introdução 1.1.1 Segurança 1.1.2 Produção 1.1.3 Proteção ambiental 1.1.4 Restrições operacionais 1.1.5 Aspectos econômicos 1.2 Monitoramento e Controle de Plantas de Processo 1.3 SDCD (sistemas digitais de controle distribuído) e computadores de processo 1.4 Principais malhas de controle 1.4.1 Características de malhas típicas 1.4.2 Sistemas de Controle mais Complexos 1.5 Sistemas de Intertravamento 1.6 SCMD 1.6.1 Introdução 1.6.2 Sistema de Controle e Monitoração Distribuído (para sistemas elétricos)
Compartilhar