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© 2000 by Antonio Teixeira de Matos, Demetrius David da Silva e Femando Falco Pruski 1ª edição: 2000 2ª edição: 2003 1ª reimpressão: 2004; 2ª reimpressão: 2006; 3' reimpressão: 2008; 4" reimpressão: 2009 1ª edição: 2012 - Série didática Direitos de edição reservados à Editora UFV. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, apropriada e estocada, por qualquer forma ou meio, sem autorização do detentor dos seus direitos de edição. Impresso no BrasilmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA Ficha catalográfica preparada pela Seção de C atalogação e C lassificação da Biblioteca C entral da U FV M433b 2012 Matos, Antonio Teixeira de, 1960- Barragens de terra de pequeno porte / Antonio Teixeira de Matos, Demetrius David da Silva, Femando Falco Pruski. - Viçosa, MG : Ed. UFV, 2012. 136p.: il. ; 22cm. (Didática) Inclui anexo. Bibliografia: p. 125-126. ISBN: 978-85-7269-420-9 l. Barragens de terra. I. Silva, Demetrius David da, 1966-.11. Pruski, Femando Falco, 1961-.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAm. Título. CDD 22.ed. 627.83 Capa: Miro Saraiva Revisão linguística: Ângelo José de Carvalho Editoração eletrônica: José Roberto da Silva Lana Impressão e acabamento: Divisão Gráfica da Editora UFV Editora UFV Pedidos Tel. (Oxx3l) 3899-2234 Tel./Fax (Oxx3l) 3899-3113 E-mail: edítoraorcamentotêufv.br editoravendas@ufv.br Livraria Virtual: www.editoraufv.com.br Edifício Francisco São José,s/n Universidade Federal de Viçosa 36570-000 Viçosa, MO, Brasil Caixa Postal 251 Tels. (Oxx3l) 3899-2220/3139 E-mail: editora@ufv.br Este livro foi impresso em papel offset 75 gJm ' (miolo) e canão supremo 250 gJm 2 (capa). •ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA S u m á r io Apresentação 7 Introdução 9 Caracterização da Bacia Hidrográfica 10 Levantamento planialtimétrico e localização da bacia 11 Forma 12 Relevo ; 13 Rede de drenagem , : 13 Geologia e solos 14 Cobertura vegetal, manejo e uso do solo 16 Estudos hidrológicos 16 Projeto de Barragens de Terra de Pequenas Dimensões 26 Objetivos 26 Estudos de localização da barragem 26 Levantamento planialtimétrico da área escolhida .46 Projeto estrutural 48 Ações Mitigadoras dos Impactos Ambientais da Formação do Reservatório 120 Referências 125 Anexo 127 ( •ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA A p re s e n ta ç ã o zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA Esta obra visa, essencialmente, atender estudantes das disciplinas Barragens de Terra (ENG 449) e Estruturas para Construções Rurais (ENG 450), oferecidas no curso de Engenharia Agrícola e Ambiental, e de Hidráulica, Irrigação e Drenagem (ENG 340), oferecida nos cursos de Agronomia e Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viçosa. No texto, abordaram-se apenas barragens de terra com menos de 10 m de altura. Em situações diferentes, o assunto torna-se mais complexo, exigindo maior aprofundamento do que os aqui apresentados. Neste caso, obras mais completas deverão ser consultadas. Os autores agradecem a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho, em especial aos professores Blanor Torres Loureiro e Wilson Denículi. .,zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA 10mlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAM atos, Silva e Pruski Barragens de terra de pequeno porteZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA II facilidade construtiva, não é de se estranhar que as mais antigas barragens conhecidas tenham sido feitas de terra. A título de informação, algumas das maiores barragens de terra dos EUA são as de Oroville (Califórnia), com 234,7 m; Navajo (Novo México), com 124,4 m; e Fort Peck (Montana), com 82,3 m de altura. A mais alta do mundo é a de Rongunsky (Rússia), com 352 m, e, do Brasil, a de Itumbiara (GO), com 110 m. C a ra c te r iz a ç ã o d a B a c ia H id ro g rá f ic a Bacias de contribuição, de drenagem, hidrológica, hidrográfica ou de recepção referem-se à área do terreno em que todo o escoamento superficial decorrente da precipitação pluviométrica se direciona para a seção de um único curso de água referência (Figura 1). Para a escolha de locais propícios à construção de reservatórios de água é necessário o levantamento de dados básicos, como: mapas diversos (cartográficos, divisão territoiial, rodoviários, ferroviários etc.); perfis dos rios; dados hidrométricos observados e estudos hidrológicos já realizados, além de histórico e fichas descritivas de estações fluviométricas e climatológicas; dados topográficos; e dados geológico-geotécnicos. Recomenda-se uma consulta a órgãos ou empresas como ANEEL, DNPM, INMET, CPRM, DNER, Ministério da Agricultura, órgãos dos governos estaduais, prefeituras, Serviço Geográfico do Exército, dentre outros, a fim de se verificar a disponibilidade de dados sobre a bacia em estudo. Como essas informações dificilmente estão disponibilizadas para pequenas bacias, coletas de dados feitas no campo são imprescindíveis. Na caracterização física da bacia hidrográfica estão incluídas as seguintes determinações: localização, área, forma, perímetro, relevo (altitude e declividade), rede de drenagem, solo, cobertura vegetal, formação geológica etc. Essa caracterização pode ser feita por fotogrametrialfotointerpretação, levantamento planialtimétrico e, ou, expedição a campo. Figura 1 - Croqui de bacias: A) de contribuição e B) de acumulação. L e v a n ta m e n to P la n ia lt im é tr ic o e L o c a liz a ç ã o d a B a c ia A bacia hidrográfica é limitada pelo chamado divisor de águas, linha imaginária que acompanha as maiores altitudes locais, topo de morros, e separa uma bacia de outra. De posse de mapas, pode-se determinar a área por planimetria ou pela utilização de Sistemas de Informações Geográficas (SIGs), sendo a unidade usual o km 2 ou o hectare (ha). A caracterização fisiográfica da bacia é fundamental para a definição do regime hidrológico de uma bacia hidrográfica. Entre as características físicas de maior importância no levantamento de. uma bacia estão a determinação da área de drenagem e, no caso de interesse de aproveitamento hidrelétrico, a declividade do curso d'água. 12mlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAM atos, Silva e Pruski A área de drenagem da bacia hidrográfica pode ser determinada com auxílio de mapas, restituições aerofotogramétricas, fotografias aéreas da região ou levantamentos topográficos. A delimitação da área será possível após serem traçadas as linhas de divisores de águas das bacias hidrográficas, podendo ser, posteriormente, calculada a área de drenagem no local de aproveitamento em estudo, por planimetria ou pelo uso de Sistemas de Informações Geográficas. A declividade média do rio também pode ser determinada com auxílio de mapas. Utilizando um curvímetro, determina-se o comprimento do curso d'água e, com base na diferença de cotas entre o ponto mais alto do rio e o ponto em estudo, calcula-se a sua declividade média. Por ser relativamente pouco comum a disponibilização de levantamentos fotogramétricos ou mapas em escala compatível com as necessidades, o levantamento planialtimétrico, obtido com expedição a campo, tem sido mais comum no caso de pequenas bacias hidrográficas. Na expedição a campo, além dos levantamentos planialtimétricos necessários, pode-se fazer a identificação das condiçõesgeomorfológicas da bacia; confirmar as condições dos locais barráveis; estimar os perfis dos rios, alturas máximas de barragem e de queda dos locais; relacionar novas limitações; avaliar as vazões empregando métodos expeditos; avaliar as condições geológicas e de solos; e analisar a cobertura e o uso do solo nas possíveis áreas de inundação.ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA F o rm a As bacias hidrográficas, quando representadas em um plano, são geralmente periformes (forma de pera ou leque); entretanto, dependendo da interação do clima e da geologia, outras formas podem existir. / A forma da bacia pode influenciar alguns processos e o seu comportamento hidrológico. Mantendo-se as outras variáveis constantes, o deflúvio resultantede determinada precipitação não se concentra tão rapidamente em uma bacia longa e estreita, tal como ocorre em bacias hidrográficas de forma mais circular. Além disso, dificilmente precipitações de grande intensidade podem atingir, Barragens de terra de pequeno portezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAI. integralmente, toda uma bacia longa e estreita, ao passo que, em bacias mais arredondadas, isso pode acontecer com maior frequência. Com base nessas considerações, pode-se afirmar que bacias com forma mais circular têm maiores chances de sofrer inundações que bacias longas e estreitas. R e le v o A declividade de uma bacia hidrográfica tem relação importante com vários processos hidrológicos, como infiltração, escoamento superficial, fluxo da água no solo e fluxo da água subterrânea, sendo um dos fatores de maior importância na regulagem do tempo de duração do escoamento superficial e de concentração da precipitação nos leitos do curso d'água. Além disso, bacias hidrográficas situadas em maiores altitudes estão sujeitas a ocorrência de precipitação média maior, temperaturas menores, menor evapotranspiração e, consequentemente, maior deflúvio. R e d e d e D re n a g e m A descrição dos sistemas de drenagem superficial de uma bacia reflete, de forma muitas vezes clara, a estrutura geológica local. Dentre os padrões mais comumente encontrados, podem-se citar o dendrítico, o treliça e o paralelo. O padrão de drenagem dendrítico, que lembra a configuração de uma árvore, é típico de regiões de rocha de resistência uniforme. Ocorre, com frequência, por exemplo, em áreas dominadas por rochas graníticas. O padrão treliça, no qual os rios principais correm paralelamente e seus afluentes fluem transversalmente em sua direção, evidencia desigual resistência das rochas locais. Essa situação é comum em locais onde ocorrem rochas sedimentares estratificadas. O padrão paralelo, também denominado de "cauda equina", ocorre em regiões de vertentes muito declivosas ou onde existam controles estruturais que favoreçam as correntes fluviais paralelas. Além do material geológico e das condições da pedoforma, uma análise da rede de drenagem da bacia pode dar indicativos importantes a respeito das características físicas ou texturais do solo da bacia. A 14mlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAM atos, Silva e Pruski ocorrência de cursos d'água trançados, por exemplo, indicam que a área drenada é, geralmente, constituída por material grosseiro (silte, areia e cascalho), enquanto cursos sinuosos, em vales extensos, estão associados com solos de textura fina (silte e argila).ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA G e o lo g ia e S o lo s Na caracterização da bacia hidrográfica, uma análise das condições geológicas, topográficas e de classes de solo predominantes torna-se essencial para que se possam avaliar a viabilidade técnica da construção do reservatório e os impactos ambientais, em decorrência da inundação da área a ser coberta por suas águas. Determinados materiais ou solos são, caracteristicamente, permeáveis, o que pode ser suficiente para tornar o local inadequado para construção da barragem, principalmente quando a vazão alimentadora do reservatório for insuficiente para cobrir as perdas por infiltração e evaporação na área. Torna-se importante lembrar que, com a construção da barragem, essas perdas tendem a aumentar e, se a vazão de alimentação não as superar, o reservatório de água nunca ficará plenamente cheio. A geologia e os solos têm influência sobre o armazenamento de água subterrânea e, como consequência, sobre o regime das nascentes dos cursos d'água, a redistribuição da água precipitada e a erodibilidade do material superficial. A rocha subjacente à área em estudo pode ser avaliada por sua condição estrutural (presença ou não de agentes cimentantes entre as partículas primárias), porosidade e permeabilidade. Os materiais nos quais há a presença de agentes cimentantes entre partículas primárias, denominados consolidados, apresentam grande variação na sua permeabilidade e, com isso, na sua capacidade de proporcionar fornecimento contínuo e sustentado de água para os cursos d'água superficiais. Rochas sedimentares (arenitos, calcários) apresentam, via de regra, as condições mais favoráveis ao armazenamento e fornecimento de água subterrânea para cursos d' água superficiais durante os períodos mais secos do ano. Rochas ígneas e mesmo graníticas, quando fraturadas e intemperizadas, podem, também, produzir fluxos permanentes durante esses períodos. • Barragens de terra de pequeno porte J 5 Áreas cársticas (calcárias), em virtude da possível presença de cavernas, podem ser inadequadas para construção de reservatórios, em vista dos riscos de não se conseguir acumular água devido às consideráveis perdas por escoamento subterrâneo. Tem sido verificado um relacionamento estreito entre as condições topográficas, ou pedoformas, e as características dos solos superficiais, o que pode auxiliar na localização de "áreas de empréstimo" e dar uma ideia das condições das fundações para sustentação do maciço da barragem. As classes de solos mais freqüentemente encontradas em baixadas próximas a cursos d'água são: Aluviais e Hidromórficos no leito menor e no maior· e Cambissolos e Argissolos, nos terraços. ' Os solos aluviais apresentam propriedades físicas que são afetadas, predominantemente, pela ação da água. Sua gênese reflete as condições climáticas em que foram formados. Em regiões áridas, onde o intemperismo físico é maior que o químico, o solo é constituído, de modo geral, por fragmentos de rocha, cascalho, areia e silte. Em regiões úmidas, onde as pedoformas são menos íngremes, o material tem muito mais areia, silte e argila. Conforme a velocidade da água, durante a deposição do material, o solo pode ter gênese de regime torrencial, intermediário e lacustre. Na formação do tipo torrencial, a pedoforma típica é constituída pelos cones aluviais e vales dissecados. O material mais grosseiro é depositado primeiramente, sendo encontrado nas inclinações mais íngremes do vale, enquanto o material mais fino é conduzido às bordas externas. Areia e cascalho desses depósitos são, geralmente, subarredondados a subangulares na forma, refletindo movimento em curtas distâncias. Esses depósitos são permeáveis ou semipermeáveis, não sendo, por isso, adequados para a formação do maciço, embora possam ser utilizados no fornecimento de areia e cascalho para composição do maciço de barragens de terra. O regime de formação intermediário, também chamado de "vales cheios" ou "vales entupidos", são depósitos de materiais finos, mais estratificados e mais bem separados que os encontrados na formação torrencial. A superfície desses depósitos é quase plana. Depósitos de vales cheios são, geralmente, adequados para constituir fundação para pequenas barragens de terra. • 16mlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAM atos, Silva e Pruski Barragens de terra de pequeno portezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAI / As formações lacustres são o resultado da sedimentação de partículas em águas tranquilas. Exceto próximo às bor~a~ dos depósitos, onde influências aluviais são importa?tes, os ma~enals q~e os constituem são impermeáveis, compressíveis e de baixa tensao cisalhante e, por isso, pouco indicados para fundações para estruturas. A principal utilidade desse material é a formação dos núcleos impermeáveis das barragens de terra. caracterização e a definição do regime fluviométrico d rio, '0111 determinação da vazão normal e, quando possível, da vazs ti ' enchente ou de cheia. Os cursos d'água são classificados em perenes, intermitentes e efêmeros. Os cursos perenes são abastecidos, durante todo o ano, pelos lençóis d'água subterrâneos, por meio das fontes ou nascentes. Nos rios ou nos riachos perenes, a tendência do nível do lençol freático é manter-se sempre acima do nível do escoamento fluvial (Figura 2A). Nos cursos intermitentes, as fontes, ou nascentes, são insuficientes para manter o cursod'água durante todo o ano. Neste caso, ocorrem, em geral, grandes vazões durante as estações chuvosas e cessamento do escoamento fluvial nas estações secas. O nível do lençol freático permanece acima do nível do escoamento fluvial na estação chuvosa e, abaixo deste, nas estações secas (Figura 2B). Os cursos d'água efêmeros apresentam escoamento superficial apenas durante ou imediatamente após as precipitações. Cessado o escoamento superficial, proporcionado pela precipitação, cessa-se também o escoamento no curso d'água. O lençol freático, quando existente, mantém-se sempre abaixo do leito do rio (Figura 2C). A vazão de enchente, que ocorre durante ou logo após as fortes chuvas, é de grande interesse no caso de construção de barragens, principalmente se tais obras são executadas nas seções de drenagem de pequenas bacias. Como chuvas de grande intensidade tendem a cair em pequenas áreas, a ocorrência de elevados picos de cheia nas seções de drenagem de pequenas bacias hidrográficas é maior. Como a construção de barragens de terra é realizada em cursos d'água de pequeno porte, a possibilidade de se dispor de séries de dados fluviométricos do curso d'água é muito pequena, daí tornar-se necessário o uso de outros meios para levantamento desses dados. Medições da vazão do curso d'água in loco são indispensáveis para a determinação da vazão normal. Informações locais, como marcas de níveis de cheias, valores extremos de descargas, frequência e época de inundações, dentre outras, são úteis para estimativa da vazão de enchente.ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA C o b e r tu ra V e g e ta l, M a n e jo e U s o d o S o lo A caracterização do tipo de cobertura vegetal e do uso do solo tem dois importantes aspectos: previsão de riscos de assor~am~?~o do reservatório e avaliação dos impactos da inundação ao meio biótico e da atividade econômica local. Áreas exploradas em solos de grande erodibilidade, sob cultivo intensivo de culturas anuais e sem utilização de práticas de controle da erosão, são potencialmente problemáticas para a construção de reservatórios de água. Os sedimentos trazidos com o escoamento superficial de águas de chuva concorrerão. para rápida diminuição _dO volume armazenável de água no reservatóno, podendo, por essa razao, tornar o impacto ambiental ainda maior devido ao represamento da água. Uma avaliação da vegetação, sua diversidade e os danos ambientais que poderão ser causados pela inundação da área em. que se encontram são, também, importantes na execução de um projeto. Locais de construção de barragens cujo represamento das águas venha causar grandes impactos ambientais ou nos quais a mitiga?ão do dano ambi ntal seja muito difícil e cara devem ser desconsiderados. A inundaçl de áreas de proteção à biota ou de refúgio da flora e fauna pod oncorrcr, por exemplo, para causar um impacto negativo tão zrand lU .onirapõe qualquer uso benéfico que o represamento possa trazer para u c munidade. E s tu d o s H id ro ló g ic o s Os estudos hidrológicos a serem realizados na bacia onde se deseja construir a barragem compreendem, basicamente, a 18mlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAM atos, Silva e PruskizyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA AFEDCBA ~------------------ B ------------- ------------------- --------------------------------------zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA c ------------------------------------ Figura 2 - Croqui de seções de cursos de água: A) perene, B) intermitente e C) efêmero.ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA M e d iç ã o d a v a z ã o Quando não se dispõe de dados fluviométricos da bacia hidrográfica, a determinação das vazões normal e de enchente torna-se necessária para dimensionamento da altura da barragem e projeto do extravaso r, respectivamente. Para que isso seja possível, recomendam- se s scguint s procedimentos: • Para det rmi nação da vazão normal: realizar uma ou mais medições da vazão durante o perfodo de estiagem, de forma a se determinar a vazão mínima do cur o d'água. Caso haja disponibilidade de tempo, equipamentos e recursos, realizar medições da vazão fora do período de estiagem com o intuito de se obter uma curva-chave (Figura 3). Numa análise de curvas-chave pode-se verificar que a vazão normal atinge um máximo, geralmente no fim do período • Barragens de terra de pequeno porte chuvoso, e um mínimo, no fim do período seco, fornecendo nesses períodos, respectivamente, as vazões normais máxima e mínima . • Para estimativa da vazão de enchente: por meio de informações e observações locais, levantar marcas de níveis de maiores cheias acontecidas na seção de medição. NA má>.obse.tvado NA medido NA . bZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA D ia g ra m a (a ) NA 1'lA~l!!2..__ (m) D ia g ra m a (b ) Figura 3 - Curva-chave. Existem vários métodos para determinação da vazão de cursos d'água. A escolha de um desses processos de medição é decorrente da vazão do rio. Assim, no caso de vazões menores, usualmente se empregam os métodos direto e do vertedor, enquanto, em maiores vazões, é necessário o uso do método do flutuador ou do molinete. • 20mlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAM atos, Silva e Pruski Barragens de terra de pequeno porte M étodo da m edição direta O método de medição direta é o processo mais simples, porém só aplicável para a medição de vazões de pequenos cursos d'água, entre 0,5 e 15 L s'. Para efetuar a medição, geralmente, torna-se necessária a construção de um dique, com o objetivo de proporcionar a afluência de toda a água do córrego para dentro de um recipiente de volume conhecido. A afluência da água ao recipiente é facilitada pelo uso de calhas (telhas, tubos, bambus etc.). Após a estabilização da vazão, determina-se, com o máximo de precisão, o tempo gasto para o enchimento do recipiente. A vazão pode, então, ser determinada, dividindo-se o volume do recipiente pelo tempo médio gasto para enchê-lo. Devem-se fazer no mínimo três repetições da medição, tomando a média das determinações como valor da vazão. considerada "indesejável, tendo em vista a frequente ad r nclu du lâmina vertente às paredes de jusante do vertedor, o que pr 'judizyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA'U us determinações. Com contração lateral: a largura da soleira (L) é menor que a largura do curso d'água. O vertedor pode possuir uma ou duas contrações laterais. No método de medição com vertedor (Figura 4), barra-se o curso d'água com painel de tábuas ou chapa de aço com as aberturas chanfradas normais à direção do fluxo d'água, tomando-se o cuidado de instalá-lo de forma que a soleira fique perfeitamente nivelada e que não haja vazamentos pelas laterais. A distância da soleira ao fundo deve ser superior ou igual a 3 H e a altura H, superior ou igual a 5 em, devendo haver livre circulação de ar abaixo da lâmina vertente. Depois de instalado o vertedor, crava-se, a montante deste, a uma distância mínima de 1,50 m, uma estaca cuja parte superior tangencie o nível d'água a montante. Espera-se que o escoamento da água se normalize e, então, apoia-se na estaca uma régua de pedreiro, nivelando-a e fazendo a medida da altura H, com o auxílio de uma régua graduada apoiada na soleira do vertedor. As fórmulas práticas para quantificação da vazão em vertedores retangulares são: M étodo do vertedor Vertedores são dispositi vos entalhadas em chapas metálicas ou passagem livre do fluido, de forma inferiores a 300 L S·l. As aberturas dos vertedores podem ser· retangulares, trian ulare , trapezoidais, circulares etc. O vertedor recebe o nome da forma om trica do entalhe. que apresentam aberturas, de madeira, que permitem a que se possam medir vazões Vertedores de paredes delgadas Q = 1,838 L H3/2 (Equação de Francis) Q = 1,77 L H3/2 (Equação de Poncelet) (1) (2) ItInto à spessura das paredes, os vertedores podem ser I'i ' I 10/01 im: I IZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA1 1 1 1 ( '« 1 ( \ d .lgaôa: aqueles cuja espessura da soleira (e) seja 1111 11111 1111 1\ 11 I IItUI'l'l da lâmina vertente H, medida sobrea soleira 111 II1 1111 li t 11po I vertedor é o mais utilizado na prática. Os 111 111111 I 1'11111 I 11) l li as e os de madeira cortados em biseI são di I I 1'", I » 1 1 1 1ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAI ,: I lU Ics em que a espessura da soleira é mulor ou UIII 1\ I \ ti I tlIIII'U da lâmina vertente H. Este vertedor é típic de burra IIN I ilvcnurla. Quanto à lar zuru r Iutlv Idu sol ira: Sem contração lateral: aqu '1 s rn que a largura da soleira é igual à do curso d'água. A aus ncia de contração lateral tem sido Vertedores de parede espessa Q = 1,71 L H3/2 (Equação de Bélanger) Q = 1,55 L H3/2 (Equação de Lesbrós) (3) (4) em que Q é a vazão (nr' S·l); L, a largura da soleira (m); e H, a altura da lâmina vertente (m). As equações de Francis e Bélanger foram deduzidas para vertedores sem contrações laterais. Para usá-Ias nos vertedores com contrações, deve-se corrigir a largura da soleira da seguinte forma: 22mlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA M atos, Silva e Pruski - para vertedores de uma contração lateral: L' =L-O,1 H - para vertedores de duas contrações laterais: L'=L-O,2 H sendo L' = largura da soleira (m) para efeito de cálculo. Figura 4 - Hidrometria expedita: medição com flutuador (a) e medição com vertedor retangular (b e c), sendo H a altura da lâmina vertente e e a espessura da soleira do vertedor. Barragens de terra de pequeno porteFEDCBA 23 A fórmula prática para quantificação da vazão em vertedores triangulares é:zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA Q = 1,40 tg aJ2 H5/2 (5) em que a. é o ângulo do vértice do triângulo entalhado na chapa. No caso de a = 90°, a equação passa a ser: Q = 1,40 H5/2 (Fórmula de Thompson) (6) M étodo do flutuado r Este método de medição da vazão é menos preciso que o método direto e o do vertedor, sendo normalmente usado em cursos d'água maiores, onde seja impraticável a medição direta e difícil a instalação de vertedores. Os flutuadores são dispositivos com características tais que Jhes permitam adquirir a mesma velocidade da água em que flutuam. Eles podem ser superficiais, subsuperficiais e submersos, sendo o primeiros os de mais simples utilização, pois permitem a determinação da velocidade da água corrente na superfície. O flutuador superficial pode ser uma pequena bola, uma garrafa vazia ou outro objeto de densidade menor que a da água. A inconveniência apresentada por este tipo de flutuador é o seu deslocamento ser muito influenciado pelo vento, pelas correntes secundárias e pelas ondas. Os flutuadores subsuperficiais e submersos não sofrem significativa interferência desses fenômenos, entretanto são de difícil visualização e podem proporcionar erros de medição em razão da difração da luz. Para determinação da vazão do curso d'água, tornam-se necessárias a determinação da velocidade e a seção transversal do curso d'água. A velocidade deve ser determinada em um trecho do curso d'água o mais reto e uniforme possível, num percurso de no mínimo 10 m. O trecho do curso d'água deve ser limpo nas margen c no fundo, sendo necessário colocar no início e final do percurso de avaliação marcas (vara, bambu ou qualquer outro objeto, transversal 24mlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAM atos, Silva e Pruski Barragens de terra de pequeno porte 25 ao curso d'água), para permitir uma observação com maior clareza da passagem do flutuador. Este deve ser solto a mais ou menos 5 m a montante do início do trecho de avaliação, a fim de proporcionar equilíbrio da velocidade do flutuador com a da água antes do início do trecho de avaliação. O tempo médio gasto para deslocamento do flutuador no trecho, obtido em pelo menos cinco repetições, deve ser utilizado para cálculo da velocidade da água. Como a velocidade superficial da água, onde o flutuador se desloca, é diferente da velocidade média do curso d'água, é necessário efetuar uma correção nos seus valores, em virtude da natureza das paredes do canal (Tabela 1). Para determinação da seção média do canal, deve-se dividir a seção transversal do curso d'água em subseções de larguras, preferencialmente iguais, estabelecer as profundidades nas extremidades de cada subseção e, com isso, calcular a área das subseções, baseando-se na figura geométrica mais próxima (triângulo, retângulo, trapézio etc.). A área da seção transversal do curso d'água será a soma das áreas das subseções consideradas. Para maior exatidão nas determinações, essa operação deverá ser feita em duas ou três seções escolhidas ao longo do trecho, adotando-se a média dos valores obtidos como área da seção transversal. em que Q é a vazãozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA(nr' S-I); A, a área da seção transversal média de escoamento (m"); e, a distância percorrida pelo flutuador (m); t, o tempo gasto pelo flutuador para percorrer o percurso marcado (s); e f, o fator de correção da velocidade superficial (adimensional). M étodo do m olinete O molinete é um aparelho usado para determinação da velocidade da água, que pode ser feita em diferentes pontos de várias verticais tomadas na seção transversal do curso d'água. Na ocasião da medição das velocidades, são determinadas simultaneamente as subáreas correspondentes, tal como especificado para o método do flutuador, permitindo, dessa forma, com uso da equação da continuidade, calcular a vazão na seção. Tabela 1 - Valores do fator de correção (f) da velocidade superficial da águaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA I n t e r p r e t a ç ã o d o s d a d o s h id r o ló g i c o s Usualmente, as medições de vazão do curso d'água servem para, conjuntamente com as correspondentes alturas alcançadas pela água, definir a curva-chave do posto fluviométrico. Plotando em um gráfico as vazões mensais no decorrer do ano e ligando os pontos, têm-se os chamados hidrogramas (ou hidrógrafas) de um rio. Uma vez que o objetivo é definir a vazão normal para dimensionamento da altura da barragem e a vazão de cheia para dimensionamento do extravasor, recomenda-se o seguinte procedimento para obtenção da curva-chave: - realizar uma ou mais medições de vazão durante o período de estiagem, de forma a se estimar a vazão mínima do curso d'água; - realizar uma ou mais medições de vazão fora do período de estiagem, visando à obtenção do maior número de pontos possíveis para a curva-chave; e - por meio de informações e observações locais, levantar marcas de níveis de maiores secas e cheias acontecidas na seção de medição. Condições das paredes f Canais com paredes lisas (alvenaria ou concreto etc.) Canais com paredes pouco lisas (canais de terra para irrigação) Canais com paredes irregulares e, ou, com vegetação nas paredes 0,85-0,95 0,75-0,85 0,65-0,75 A vazão do curso d'água pode, então, ser determinada por: Q = A e fltFEDCBA (7) 26mlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAM atos, Silva e PruskiZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA P ro je to d e B a rra g e n s d e T e rra d e P e q u e n a s D im e n s õ e s zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA Apesar de ser a construção de barragens de terra uma obra relativamente simples, que se utiliza de materiais de baixo custo, torna-se imprescindível a observação das normas fundamentais de segurança que tal construção exige, evitando, assim, riscos desnecessários para a população e o meio ambiente. O b je t iv o s As barragens podem ser construídas para reter toda a água que atravessa determinada seção (no caso de retenção de deflúvio proveniente de precipitações), com formação de açudes, sem retenção de vazão ("a fio d'água"), ou para reter parte da vazão do curso d'água (segundo legislação atual para concessão e uso de água, apenas 1/3 da vazão de um curso d'água pode ser desviado para uso particular), sendo formada, nestes casos, uma represa. E s tu d o s d e L o c a liz a ç ã o d a B a rra g e m Na escolha do local para construção da barragem de terra, devem-se ponderar as vantagens e desvantagens de cada situação, de modo que o local selecionado satisfaça, da melhor maneira possível, a barragem, a represae o extravasor. Entre as avaliações que se fazem necessárias estão: estudos geológicos e geotécnicos, além de alguns aspectos topográficos da área de construção do maciço. s estudos geológicos e geotécnicos tratam, basicamente, de dois aspectos: a) o local da barragem e obras anexas, de modo a garantir uma escolha adequada e segura, sobretudo quanto às fundações, ombreiras e encostas naturais nas vizinhanças das obras; b) os materiais naturais de construção, necessários à realização das obras da barragem. Barragens de terra de pequeno porte I o local a ser escolhido para construção do maciço, ai 111zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAti possuir solo estável, deve estar em área não sujeita a deslizamentos grandes acomodações provocadas pelo aterro. Caso existam desbarrancamentos a montante do local de construção da barragem, estes devem ser, previamente, estabilizados. Locais que vêm sofrendo desmatamento intenso ou onde a vegetação seja muito rala ou inexistente, associados a encostas íngremes, podem sofrer forte processo erosivo na época de chuvas intensas e, ou, prolongadas. O reservatório formado pela barragem pode ficar, portanto, sujeito a grande deposição de material em pouco tempo, o que não é conveniente. Locais que apresentem recentes desmoronamentos ou rochas muito fraturadas não oferecem boas condições de suporte de obras. Trata-se de material pouco consolidado, geralmente de baixa resistência, alta permeabilidade e deformabilidade. Na escolha do local para implantação das obras, deve-se sempre procurar um apoio firme para as fundações da barragem. Sempre que possível, analisar muito bem zonas onde existam bancos de areia ou cascalho, pois eles são muito permeáveis, podendo ocasionar fugas excessivas de água pela fundação. No local da barragem, rochas que mostrem fraturas abertas no sentido do rio podem também trazer problemas de fuga de água.ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA E s t u d o s g e o ló g i c o s Na construção de pequenas barragens de terra, as investigações geológicas podem ser feitas de modo expedito, com uso de poucos instrumentos, baseando-se essencialmente em observações de campo, informações eventualmente existentes na área e no bom senso. Esses estudos são fundamentais para que se tenha estabilidade e confiabilidade nas fundações sob a barragem. Prospecções geológicas expeditas são realizadas por levantamento de características superficiais e subsuperficiais do material. Entre as avaliações superficiais podem-se citar a verificação do afloramento de rochas e ocorrência de locais sujeitos a potenciais desmoronamentos, ou que tenham tido recentes quedas de barreiras, ou, ainda, que apresentem rochas muito fraturadas. 28mlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAM atos, Silva e PruskizyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA Barragem de terra, preferivelmente, não deve ser assentada sobre lajeiros de pedra, aflorantes ou presentes em pequenas profundidades. A infiltração da água do reservatório proporciona a ocorrência de escoamento entre o aterro e o lajeiro de pedras, o que compromete, seriamente, a estabilidade da barragem. A tendência normal é ocorrer deslizamento do aterro, em razão de sua frágil soldadura às pedras lisas dos lajeiros. Caso não seja encontrado local melhor para construção do maciço de terra da barragem, deve-se avaliar, com o auxílio de uma picareta, a qualidade da rocha; a resistência ao impacto da ferramenta fornece uma ideia aproximada da sua dureza. Fraturas na rocha permitem passagem de água, o que, no caso particular das barragens de terra, pode ser problemático se ocorrerem aberturas na fundação. No caso de fraturas em pequena quantidade e com aberturas de pequenas dimensões, pode-se tentar o selamento do material rochoso com uma pasta ou calda de cimento e água. Se houver fraturas em grande quantidade, o problema merece maior atenção, devendo ser adotadas soluções de tamponamento das fraturas no local da obra e até a montante desta. A ocorrência de rochas compactas ou fraturadas sob o maciço de terra da barragem justifica a construção de uma cortina de concreto armado, geralmente no centro da barragem, ligando a fundação ao topo desta.ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA E s t u d o s g e o t é c n i c o s Quanto ao aspecto geotécnico, devem ser avaliados aspectos da qualidade do material no que se refere à sua capacidade de suporte da carga do maciço. Em princípio, toda obra deve ser construída com os mat riais naturais de suas vizinhanças. Isso quer dizer que o projeto d v rá ser adaptado aos materiais disponíveis, optando-se por um ou outro tipo d barragem, justamente em razão dessa disponibilidade.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA I 01" isso, () mat rial superficial e o subsuperficial devem ser avaliados com vistas ti sua qualificação físico-hídrica e de resistência mecânica. A barragem d ve ser assentada sobre um leito de terra estável, o que pode ser detectad p r meio de criteriosas sondagens, executadas no sentido transversal do local escolhido para a instalação do respectivo aterro, ao longo do eixo. • Barragens de terra de pequeno porte 29 A pesquisa de solo para barragem deve procurar definir os materiais em qualidade e quantidade. Com relação à qualidade, os solos deverão ser identificados e classificados de acordo com suas propriedades, por meio de análises expeditas, conforme características a serem discutidas no próximo subitem. A coleta de material para avaliação da qualidade e a estimativa da quantidade no local podem ser feitas por tradagem, trincheiras ou sondagem. Investigações com furos de trado constituem o processo mais simples, rápido e econômico para investigações preliminares das condições geológicas subsuperficiais, obtenção de amostras deformadas em pesquisas de áreas de empréstimo, determinação do nível de água e indicação de mudanças nos tipos de materiais atravessados. A perfuração é feita com operadores, girando-se a barra horizontal acoplada às hastes verticais, em cuja extremidade inferior encontra-se a broca. A cada cinco ou seis rotações, forçando-se o trado para baixo, é necessário retirá-l o para remover o material acumulado na broca, depositando-o sobre uma lona (ou plástico) estendida ao lado do furo. Os furos deverão ser identificados individualmente no campo, sendo anotados em boletim específico todos os dados relativos à perfuração, bem como as características da amostra, por meio da identificação táctil-visual do material, por ocasião da coleta. O material obtido na perfuração deve ser colocado em pequenos montes, correspondentes à escavação de cada metro perfurado. Ocorrendo mudanças no tipo de material ao longo de 1 m de perfuração, os materiais distintos devem ser separados por montes, sendo anotada a espessura anterior à mudança de camada. Acondicionam-se as amostras em sacos apropriados de 5 kg, convenientemente identificados por uma ou mais etiquetas onde constem nome da obra, nome do local, número do furo, profundidade da amostra, cota da boca do furo, profundidade do nível de água em relação à boca do furo (quando ocorrer) e profundidade de camada impenetrável. Os furos devem ser interrompidos quando se atingir o lençol freático, houver desmoronamento do furo ou for atingida uma camada impenetrável. As investigações com trincheiras têm por objetivo permitir urna exposição, vertical e longitudinal, contínua do subsolo, de 11 'osttls naturais, áreas de empréstimo, capeamento de pedreiras e outros locais de interesse. As trincheiras podem ser escavadas com pás, picaretas 30mlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAM atos, Silva e Pruski etc. ou, no caso de disponibilidade, por meio de equipamentos mecânicos (escavadeiras). A identificação e as avaliações das amostras devem seguir as mesmas recomendações feitas para o caso de furos de trado. As sondagens no local de construção da barragem devem ser feitas a cada quadrícula de 2 m x 2 m, sendo a determinação o resultado da resistência oferecida pelo solo à penetração de uma haste metálica(de ferro ou liga de aço de 11/z" ou %", com extensões de 1 a 3 m) até que seja encontrada a camada impermeável (material argiloso ou rocha compacta). Baixas resistências à penetração indicam solos de alta plasticidade, com elevada capacidade de deformação, os quais devem, portanto, ser evitados. Elevada resistência à penetração indica solos consistentes e, provavelmente, de baixa plasticidade (pouco deformáveis), sendo necessário ficar atento à facilidade de permitirem a passagem de água.ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA C a r a c t e r i z a ç ã o d o s m a t e r i a i s d i s p o n ív e i s p a r a c o n s t i t u í re m f u n d a ç ã o o u p a r a c o n s t r u ç ã o d o c o r p o d a b a r r a g e m O projeto estrutural de uma barragem de terra pode ser problemático para muitos solos, dada a dificuldade em se conseguir estabilidade do aterro e do terreno no local onde o maciço será implantado. Além disso, a percolação de água através ou abaixo do maciço pode inviabilizar a construção de barragens de acumulação. No caso de barragem cujo objetivo seja o controle de enchentes, a percolação através do maciço ou abaixo dele pode não ser um inconveniente sério se a estabilidade do maciço não for prejudicada. Avaliações da textura, consistência (plasticidade e pegajosidade) e resistência do material são fundamentais para caracterização do material a ser utilizado como base para as fundações e constituir o maciço de terra da barragem. A caracterizacão dos solos em laboratório pode ser feita por análise da distribuição das frações granulométricas, da porosidade, da permeabilidade, dos limites de Atterberg, da tensão cisalhante, da compressibilidade e dos ensaios de Proctor. Entretanto, no caso da construção de pequenas barragens de terra, que é de menor complexidade, apenas a determinação das frações granulométricas e da permeabilidade do material e o ensaio de Proctor (necessário Barragens de terra de pequeno portezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA. I na fase de construção do maciço de terra) têm sido considerados essenciais. A cor pode, considerando-se suas limitações, dar importantes indicati vos da mineralogia e das condições hídricas reinantes no solo. A caracterização do material inclui a pesquisa de solo para construção das obras de terra; areia para constituição de filtros, além de agregados e rocha para constituição de enrocamentos, transições e agregados de concreto, caso seja necessário. Textura A parte sólida do solo é constituída de partículas de diferentes tamanhos: argila, silte, areia, cascalho, calhaus e matacães. A textura refere-se à proporção das frações argila, silte e areia. As frações maiores que a areia são denominadas pedregosidade do solo. Como a textura é a proporção relativa entre as frações areia, silte e argila, são utilizados limites para sua classificação, separando-se as partículas em classes de tamanho. No fracionamento adotado pela Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS) e pela maioria dos laboratórios de análises de solo do Brasil, são estabelecidos os seguintes diâmetros de partículas para cada fração: 2 ,0 a 0 ,0 5 m m -7 areia (minerais primários individuais) 0 ,0 5 a 0 ,0 0 2 m m -7 silte (minerais primários individuais) < 0 ,0 0 2 m m -7 argila (minerais secundários, principalmente) Esta separação, apesar de arbitrária, procura se basear em critérios racionais, principalmente no comportamento de cada grupo de partículas. A textura do solo pode ser avaliada por métodos de laboratório ou métodos expeditos, baseados, principalmente, em percepção táctil e trabalho de amostras na mão. Para determinação da textura do solo em laboratório, a amostra é submetida ao pré-tratamento, para eliminação dos agentes agregadores (por exemplo, matéria orgânica e carbonatos); t dispersão, para individualização das partículas; e, por último, l separação. Nesta etapa é possível, por peneiramento, a separaçr () dus 32mlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAM atos, Silva e PruskizyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA partículas dezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA<1> ~ 0,05 mm (fração areia) das frações mais finas. Por sedimentação podem ser separadas as frações silte e argila. O método de campo é prático e se baseia na sensibilidade táctil para distinção das frações de predominância nas amostras de solo. As amostras devem ser totalmente destorroadas, umedecidas e amassadas intensivamente, para a realização do teste. As sensações e características de comportamento típicas de cada fração textural estão apresentadas na Tabela 2. Tabela 2 - Principais sensações que as diferentes frações texturais provocam ao tato Fração Características Areia Silte Argila Áspera, não plástica nem pegajosa Sedosa, ligeiramente plástica e não egajosa Lisa, plástica e pegajosa No campo, a textura do solo pode também ser avaliada, qualitativamente, por critérios visuais. As frações areia grossa e cascalho são reconhecidas facilmente por inspeção visual, tendo em vista que essas partículas podem ser identificadas a olho nu. As frações menores que a areia fina não podem ser distinguidas visualmente a olho nu. Assim, uma forma para verificar a presença de material fino é submeter a amostra (pequena porção de material destorroado) à agitação em recipiente transparente cheio de água. Após a agitação da mistura por alguns segundos, mantendo-se a suspensão em repouso, a areia fina rapidamente irá se sedimentar, a fração silte deverá permanecer em suspensão durante pelo menos um minuto, e a fração argila, por mais de uma hora. Na natureza, as frações texturais raramente ocorrem de forma isolada, mas geralmente na forma de misturas. A identificação e classificação estão baseadas no reconhecimento dos tipos básicos e nas características próprias das misturas. O triângulo textural (Figura 5) tem sido usado para classificação textural do solo. Barragens de terra de pequeno porte 33ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA F r a ç õ e s d e p e q u e n o d iâ m e t r o - A propriedade física típica de um material argiloso é a sua plasticidade, que vem a ser a capacidade de se deixar moldar quando submetido a esforços mecânicos. Por essa razão, materiais que apresentem alta plasticidade são ricos em argila, moldando-se com facilidade; entretanto, esse comportamento os torna de difícil trabalhabilidade, sendo de baixa capacidade de carga quando umedecidos. Desse modo, os materiais mais indicados para finalidades construtivas são aqueles entre baixa e média plasticidade. Materiais argilosos, quando compactados, apresentam baixa permeabilidade. Os materiais siltosos apresentam-se sedosos no contato com os dedos, e os materiais de granulometria fina, como a argila, as argilas siltosas, argilas silto-arenosas e os silte-argilosos, podem ser utilizados na construção de diques, do corpo das barragens de terra e do núcleo das barragens de terra/enrocamento, bem como em vedação de ensecadeiras. Figura 5 - Triângulo textural. 34mlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAM atos, Silva e PruskiZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA F r a ç õ e s d e m a io r d iâ m e t r o - Partículas mais grosseiras, como as areias, são empregadas na composição do concreto, além de serem utilizadas como filtros de água percolante no maciço da barragem. No caso de ser utilizada na composição de concreto ou constituinte de filtros, a areia deve estar isenta de materiais orgânicos (raízes, restos de folhas, galhos etc.) e frações mais finas ou agregados de argila. Caso seja constatada a presença dessas impurezas, a areia deve ser previamente lavada e peneirada antes do uso. Solos com maior proporção de partículas grosseiras são pouco plásticos, de baixa capacidade de retenção de água e baixa atividade química. Em contrapartida, são solos de mais fácil drenagem de água e de movimentação de ar. Os cascalhos ou britas são destinados à composição das camadas de transição entre os filtros e enrocamentos e composição de concretos. Essas frações devem ter coerência suficiente para não se desagregarempela ação da água, quando expostas ao tempo, e ter dureza suficiente para resistirem às ações de impacto mecânico. Os enrocamentos (matacães) devem ser utilizados nos maciços de barragens que levam seu nome e nas ensecadeiras, na proteção de taludes de barragens de terra e em concreto ciclópico. Deverão ter as mesmas propriedades dos cascalhos e britas e, quando compactados em maciços, apresentar franca permeabilidade. Geralmente, avalia-se a resistência do material ao impacto mecânico (cascalhos, britas ou matacões), desferindo-se nele golpes de martelo. A ABNT resumiu as características gerais dos materiais para utilização em construção, conforme apresentado na Tabela 3. A curva de distribuição de diâmetro das partículas é usada para obtenção da classificação granulométrica do solo. O solo pode ser de textura fina, média ou grosseira e, quando composto de partículas de maior granulometria, é denominado "cascalho", utilizando-se sempre o critério da fração granulométrica dominante. O solo é considerado "grosseiro" quando mais de 50% da massa do material não passa em peneira n° 200. Se mais de 50% da massa do material fica retida em peneira n'' 4, ele é denominado "cascalho"; caso contrário, é denominado "areia grossa". No solo de textura fina, menos de 50% do material deve ficar retido em peneira nº 200. Barragens de terra de pequeno porteFEDCBA 35 Tabela 3 - Identificação, classificação e usos preponderantes de materiais inorgânicos em construções civis Classificação Identificação e Faixa Usos na construção de descrição geral granulo métrica barragens (ABNT) Argila Partículas de pequenas dimensões não distinguíveis a olho nu Partículas Menor que 0,005 mm • Construção de diques, maciços de barragens de terra, núcleos de barragens de terra e enrocamento; e vedações de maciços • Composição de filtros para separação de material fino Silte Areia 0,005 a 0,05 mm 0,05 a4,8 mm Cascalho ou brita 4,8 a 19 mm 19 a 38 mm 38 a 76mm • Composição de transições entre filtros de areia e enrocamentos para retenção de partículas mais grosseiras • Abas de proteção do maciço de terra e concreto Enrocamento Maior que 100 mm Adaptado do Ministério das Minas e Energia (s.d.). C onsistência Outra avaliação de importância na caracterização dos materiais é o estudo de sua consistência, a qual é a característica física que expressa a intensidade e natureza das forças de coesão e adesão e que é utilizada para descrever o comportamento mecânico da massa, em condições variáveis de umidade. Este termo tem sido mais utilizado para descrever as condições físicas de um solo com diferentes conteúdos de água, quando ele é submetido a um esforço mecânico. A coesão pode ser definida corno a força de atração entre partículas de mesmo estado físico (por exemplo, sólido-sólido). Solos arenosos apresentam baixa coesão, ocorrendo o contrário com solos 36mlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAM atos, Silva e Pruski argilosos. A coesão do solo diminui com o aumento no seu conteúdo de água. A adesão é a força de atração entre partículas de estados físicos diferentes (por exemplo, líquido-sólido). Proporciona comportamento mecânico diferenciado do solo, em razão da existência de películas de água envolvendo as partículas. Solos argilosos são mais aderentes que os arenosos. Nos solos de mesmo teor de argila, a aderência depende do tipo de argila presente. A descrição da consistência do solo inclui três estados padronizados de sua umidade: • Amostra de solo seca ao ar: serve para avaliar a força de coesão na amostra seca (Tabela 4). • Amostra de solo úmida: deve estar com umidade superior à do seco ao ar, porém abaixo da capacidade de campo. Serve para avaliar a força de coesão na amostra úmida (Tabela 5). • Amostra de solo molhada: deve ser devidamente amassada e apresentar umidade acima da capacidade de campo. Serve para avaliar as forças de adesão na amostra, sendo a prática subdividida em ensaio de plasticidade e de pegajosidade. TabelazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA4 - Comportamento do torrão de solo seco ao ar quando comprimido e classificação de sua consistência Classificação Forma de compressão/Resistência ao esboroamento Solta Esboroa sem compressão Entre o polegar e o indicadorlbaixa resistência Entre o polegar e o indicador/média resistência Macia Ligeiramente dura Dura Entre o polegar e o indicador/não esboroa; entre as mãos/baixa resistência Entre as mãos/média resistênciaMuito dura Extremamente Entre as mãos/não esboroa dura Barragens de terra de pequeno porte 37 A avaliação da coesão entre as partículas da amostra de solo indica a resistência oferecida pelo material a esforços que tendam a esboroar o torrão. A resistência do torrão deve ser avaliada com material seco (Tabela 4) e umedecido (Tabela 5). A avaliação da plasticidade/pegajosidade do material torna-se importante na medida em que é o principal indicador da adequabilidade do material para suporte da carga do maciço da barragem. Materiais muito plásticos, sob a ação do peso da barragem, poderão sofrer deformações consideráveis, tornando-se inadequados para uso como fundação. Em caso de materiais puramente granulares, as deformações sob a ação do peso são significativamente menores; entretanto, o material pode permitir a passagem de água com muita facilidade, o que requer soluções especiais na construção. A avaliação da plasticidade/pegajosidade do material pode ser feita de forma expedita, por meio de ensaios manuais, ou em laboratório, definidos por normas específicas da ABNT para ensaios de mecânica dos solos. Tabela 5 - Comportamento do torrão de solo úmido quando comprimido e classificação de sua consistência Classificação Forma de compressãolResistência ao esboroamentolFriabilidade* Solta Muito friável Esboroa sem compressão/não coerente Entre o polegar e o indicadorlbaixa resistência/agrega-se posteriormente Entreo polegar e o indicadorlbaixa resistência/agrega-se moderadamente Entre o polegar e o indicador/média resistência Entre o polegar e o indicador/alta resistência Entre o polegar e o indicador/não esboroa Friável Firme Muito firme Extremamen te firme * Capacidade do solo destorroado de se agregar novamente, sob leve compressão. 38mlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAM atos, Silva e PruskizyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA No ensaio da plasticidade, a amostra, após molhada, é amassada intensivamente. Com a massa tenta-se fazer um cilindro de diâmetro próximo ao de um lápis. Deve-se torcer o cilindro sobre o próprio eixo longitudinal, para avaliação de sua resistência ao esforço de torção (Tabela 6). No ensaio da pegajosidade, a amostra usada no ensaio de plasticidade é molhada ainda mais, até expressar o máximo de sua "liga". A amostra em forma esférica é comprimida entre o polegar e o indicador. Após a compressão, os dedos são forçados à separação, avaliando-se a resistência oferecida pela massa de solo a esse esforço de tração (Tabela 7). Tabela 6 - Comportamento da massa de solo quando submetida à torção e classificação de sua consistêncialplasticidade Plasticidade Classificação ComportamentolResistênciazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAà torção Não plástica Ligeiramente plástica Plástica Não forma cilindro Forma cilindro/não resiste à torção Muito plástica Forma cilindro/resiste à torção menor que meia-volta Forma cilindro/resiste à torção maior que meia-volta Tabela 7 - Comportamento da massa de solo quando submetida à tração e classificação de sua consistêncialpegajosidade Pegajosidade Classificação Comportamento/Resistência à tração Não pegajosa Ligeiramente pegajosa Pegajosa Não adere a nenhum dos dedos/nula Adere a apenas um dedo/nula Adere aos dois dedos/média resistência à tração Barragens de terra de pequeno porte 9 Resistência à com pressão A resistência do material à compressão pode ser avaliada in loco, com análise da resistência à penetração de uma haste, já descrita no item referentea estudos geotécnicos, por ensaios de avaliação manual do material ou utilizando-se equipamentos especiais de ensaios em laboratório. A compressibilidade é a percentagem de redução no volume inicial sob uma tensão verticalmente aplicada. O fenômeno da compressibilidade está associado a variações no volume de vazios e apenas em pequena extensão a mudanças no volume das partículas sólidas. Se os espaços vazios da amostra estiverem ocupados apenas por ar, a carga sobre a amostra deverá proporcionar sua compressão imediata. Se, por outro lado, os poros do material estiverem cheios de água, pequena ou nenhuma redução deverá ocorrer, imediatamente, no volume da amostra após a aplicação da carga. Sensíveis reduções no volume da amostra ocorrerão apenas quando a água intersticial drenar da massa de solo. Por essa razão, se o solo for muito impermeável e sua massa, muito grande, completa consolidação do maciço poderá requerer muitos anos para ocorrer. Quando a umidade do solo é aumentada, os filmes de água que passam a envolver as partículas enfraquecem as ligações entre elas (coesão) e, como consequência, haverá redução da fricção interna por "lubrificação" das partículas, tornando o solo mais compactável. Uma aproximação empírica para essa determinação pode ser obtida utilizando-se o teste de Proctor. Nesse teste, determina-se o conteúdo ótimo de água em uma amostra, com o qual se obtém mais efetiva compactação da amostra, a dado esforço de compressão. Existe, para todo material, uma massa específica máxima de Proctor, e o conteú- do de água associado a essa condição é denominado "umidade ótima". O ensaio de compactação de Proctor consiste em compactar uma porção de solo em um cilindro de 1.000 cnr' utilizando um soquete de 4,5 kg, liberado para queda livre de uma altura de 45 em. Aplicam-se sobre cada camada de solo colocada no cilindro 25 golpes do soquete. DeterminaJse a massa do corpo de prova completo pelo solo e retiram-se amostras para determinação do conteúdo de água pelo método-padrão de estufa (105 - 110°C, por 24 h). Obtem-H' diferentes valores de massa específica na amostra dependcnd d conteúdo de água que ela tem. 40mlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAM atos, Silva e PruskizyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA o efeito da compactação resulta na melhoria das qualidades mecânicas e hidráulicas do solo, entre elas aumento na resistência ao cisalhamento e redução na compressibilidade e permeabilidade. Na Tabela 8 estão apresentados valores básicos de resistência à compressão dos materiais mais comuns. O comportamento mecânico da amostra sob compressão pode proporcionar os seguintes indicativos de sua qualidade: • Baixa resistência: decorrente da presença de areia, silte ou areia misturada com silte, ou seja, materiais de muito baixa ou nenhuma plasticidade. A presença de areia é evidenciada quando a amostra é pulverizada, notando-se pelo tato a sensação de "aspereza" ao ser pressionada e deslocada entre os dedos. • Média resistência: decorrente da presença de argila, sem presença de matéria vegetal, apresentando o material plasticidade entre média e baixa. Para se conseguir pulverizar a amostra, torna-se necessário considerável pressão dos dedos. • Alta resistência: decorrente da presença de argila altamente plástica no material. Em decorrência de sua dureza, não se consegue a pulverização da amostra seca por simples pressão dos dedos. Locais onde haja a ocorrência de solos ricos em matéria orgânica, como as turfas, por serem pouco resistentes e muito compressíveis, devem ser evitados. Esses solos não servem para suporte do maciço nem como material de construção. Tabela 8 - Pressões admissíveis de diferentes tipos de materiais Ias e Tipo de material Valores básicos (kgf cm') 2 Rocha sã, maciça, sem laminações ou sinal de decomposição Rocha laminadas, com pequenas fissuras, estratificadas Solos concrecionados 15 8 50 35 3 4 Pedregulhos e solos pedregulhosos, mal graduados, compactos Continua ... Barragens de terra de pequeno porteZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA 4 1 Tabela 8 - Cont. Classe Tipo de material Valores básicos (kgf cm"2) Pedregulhos e solos pedregulhosos, mal graduados, fofos Areias grossas e areias pedregulhosas, bem graduadas, compactas Areias grossas e areias pedregulhosas, bem graduadas, fofas Areias finas e médias: • Muito compactas • Compactas • Medianamente compactas Argilas e solos argilosos: • Consistência dura • Consistência rija • Consistência média 10 Siltes e solos siltosos: 5 5zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA 6 8 7 4 8 6 4 2 9 4 2 1 • Muito compactos • Compactos • Medianamente compactos 4 2 1 Notas: a) No caso de materiais intermediários, entre as classes 4 e 5, interpolar entre 8 e 5 kgf em". b) Em materiais intermediários, entre as classes 6 e 7, interpolar entre 8 e 4 kgf em" . c) No caso de ca1cário ou qualquer outra rocha cárstica (terrenos com sumidouros naturais), devem ser feitos estudos especiais. d) Os valores constantes desta tabela têm origem na NB-51 de 1978, da ABNT. Fonte: Ministério das Minas e Energia (s.d.). P erm eabilidade A permeabilidade ou condutividade hidráulica em meio saturado pode ser determinada utilizando-se amostras indeformadas do material, que são acondicionadas em permeâmetros, geralmente de carga constante. Solos com permeabilidade menor que 1 x 10.6 em S-I são considerados impermeáveis; entre 1 x 10-6 e 1 x 10-4 em s', semipermeáveis; e, maior que 1 x 10-4em s', permeáveis. 42mlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAM atos, Silva e Pruski C or A cor pode ser uma ferramenta importante para auxiliar na caracterização do solo. A coloração escura dos solos está, na maioria das vezes, associadazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAà presença de matéria orgânica, embora se saiba que a presença de hernatita possa mascarar o efeito visual da presença de matéria orgânica no solo (apenas 1% de hematita no solo já é suficiente para lhe dar tonalidade avermelhada). Em geral, a influência da matéria orgânica no escurecimento é limitada aos horizontes superficiais do solo, onde se localiza a maior parte das raízes, folhas e outros resíduos vegetais e animais e se dá a deposição e decomposição desse material. Além da matéria orgânica, outros componentes, embora menos comuns, podem favorecer a presença de tonalidades escuras: óxidos de manganês, compostos de ferro etc. Tonalidades mais claras e até esbranquiçadas estão relacionadas à presença de argilas silicatadas (por exemplo, caulinita), do quartzo, de carbonatos etc. A coloração esbranquiçada é facilmente mascarada, em caso de presença de outros componentes de maior poder pigmentante. As colorações vermelha, amarela ou cinzenta estão associadas à presença de um tipo de componente muito importante na coloração de solos tropicais: os óxidos de ferro, não só pelas suas quantidades, mas também pela forma em que o ferro aparece combinado. Na ausência de oxigênio deve ocorrer a seguinte reação: Fe3+ + e- ~ Fe2+ A cor vermelha do solo está associada à presença do ferro oxidado ( < 3,,), na forma de hematita (Fe203); a cor amarela, ao ferro oxidado hi tratado (Fe3+.H20), na forma de goethita (FeOOH, ou, na forma didática, e203.H20); e a cor cinzenta, ao ferro reduzido (Fe2+). olos cinzentos ou azulados indicarão presença de ferro reduzido (Fe2+), que é favorecida por condições redutoras (locais de má drenagem ou de deficiente aeração, como baixadas úmidas ou alagadiços). O processo de acinzentamento, devido à redução do ferro no perfil do solo, é denominado "gleização", e os horizontes que apresentam marcadamente esta característica são conhecidos como "gleizados" Barragens de terra de pequeno porte ("tabatinga"). A cor cinza, porém, pode ser dada tanto pela presença de Fe reduzido quanto pela sua ausência no solo. Por outro lado, se as condições de drenagem forem boas, as reações de oxidação serão favorecidas e o ferro aparecerá oxidado. Os solos terão, neste caso, colorações amareladasou avermelhadas, dependendo da hidratação ou não dos óxidos. Podem-se associar as cores vermelhas à presença de hematita (Fe203) e as cores amarelas à presença de goethita (Fe203.H20), sem, contudo, fazer uma associação entre intensidade da cor e quantidade desses óxidos, pois existe grande variação no poder de pigmentação desses compostos. Em topossequências típicas de solos oxídicos, é comum observar uma distribuição de cores conforme apresentado na Figura 6. topo leito menorleito maior \ terraço \ amarelo cinzento cinzento Figura 6 - Distribuição típica de cores em solos oxídicos conforme a posição na paisagem. Em ambiente de redução não completa podem ser verificadas pontuações avermelhadas e, ou, amareladas no perfil do solo, indicativos da presença de ferro oxidado em meio ao material de cor cinza (ausência de ferro oxidado, podendo existir ou não ferro reduzido). A cor, neste caso, é chamada de "mosqueada" ou "variegada", ocorrendo a presença de manchas de pequeno diâmetro no perfil. A oscilação do lençol freático (mais elevado em época úmida e mais rebaixado em época seca) é a principal causa desse fenômeno, permanecendo, no primeiro caso, alguns agregados com oxigênio em quantidade suficiente para manter o Fe oxidado, ainda que o resto do ambiente esteja em condições de redução. Os vários ciclos de umedecimento e secagem proporcionam o 44mlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAM atos, Silva e PruskizyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA endurecimento dos mosqueados de cor vermelha e, ou, amarela, formando a "plintita".ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA A s p e c t o s t o p o g r á f i c o s e o u t r o s Na escolha do local para construção da barragem, alguns aspectos topográficos deverão ser, necessariamente, considerados: a) Locais onde o rio seja mais estreito (garganta do rio), com eixo longitudinal perpendicular às ombreiras, contribuem para diminuir o volume de material a ser gasto na construção da barragem e, consequentemente, o custo da obra. A diminuição do comprimento do eixo da barragem também concorre para que sejam minimizados os problemas de infiltração de água no maciço. b) A área do reservatório não deverá ter declividade a montante nem muito pequena nem muito grande. No primeiro caso, apesar de haver incremento da capacidade de armazenamento de água, para determinada altura de barragem, maior deverá ser a área a ser inundada pelo reservatório. Além disso, deverão existir locais de água muito rasos na represa, o que facilita o desenvolvimento de plantas aquáticas helófitas, proporcionando a proliferação de mosquitos e outros organismos, caso não haja um controle rigoroso do desenvolvimento delas. No segundo caso, encostas muito íngremes e constituídas de material pouco resistente, quando sujeitas ao molhamento e ao impacto de ondas, podem apresentar escorregamentos e queda de material no reservatório. c) No local não deve haver nascentes, uma vez que, após o enchimento da represa, elas tendem a aumentar suas vazões, chegando a afetar a estabilidade do aterro. Caso o local escolhido apresente este problema, o olho-d'água deve ser tratado do modo seguinte: - colocar tubos de concreto ou cerâmica verticalmente sobre a abertura, com diâmetro maior que o desta; - verificar a altura que a água atinge no interior do tubo; - preencher o tubo com brita até um metro acima do nível da água estabilizado; e - colocar uma pasta de cimento (mistura de solozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA+ cimento, na proporção de 10 a 15% em massa) sobre a brita, até cobri-Ia totalmente. Barragens de terra de pequeno porte d) Na área de inundação do reservatório não devem existir estratificações salinas, já que a presença de sais poderá proporcionar a salinização da água. e) Na área de inundação do reservatório não devem existir formigueiros, uma vez que a água poderá pereolar pelos canais formados pelas formigas. Este problema também poderá ser resolvido com a construção de trincheiras nas fundações. f) Sempre que possível, escolher locais de posicionamento da barragem que venham a possibilitar o uso da água por gravidade. O bombeamento ou a elevação mecânica da água só devem ser empregados quando for impossível o uso da gravidade. g) O local deve estar próximo ao ponto de extração de material a ser usado no aterro. Quanto maior a distância entre as áreas de empréstimo e o local do aterro, maior será o custo da obra. h) As condições topográficas do local devem ser tais que possibilitem o posicionamento do extravasor fora do corpo da barragem, podendo, dessa forma, direcionar as águas, lateralmente, para passarem por fora do maciço da barragem. i) O local não deverá proporcionar, por ocasião do enchimento do reservatório, inundação ou prejuízo a áreas cultivadas, benfeitorias urbanas e rurais; estradas e pontes; linhas de transmissão, subtransmissão, telegráficas e telefônicas; ou áreas de reserva ou de proteção ambiental, Q u a n t i f i c a ç ã o d o m a t e r i a l d a á r e a d e e m p r é s t im o A avaliação da quantidade de material disponível na área de empréstimo pode ser obtida por meio do processo de cubagem (cálculo de volume), que consiste na demarcação da área e na estimativa média das profundidades exploráveis de solo. Para tanto, é efetuada, no interior da área delimitada, uma "malha" de furos a trado, com espaçamento, geralmente arbitrado em razão das dimensões e da topografia da área, variando de 20 a 50 m. Durante a tradagem, o material recolhido em cada horizonte ou profundidade do solo deverá ser separado e espalhado sobre a superfície do solo, anotando-se a profundidade em que foi amostrado, para posterior avaliação das características dos materiais encontrados. M atos, Silva e PruskizyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA Determinada a área de exploração e a espessura média das camadas, calculam-se os volumes disponíveis para utilização, prevendo sempre que os volumes de exploração devam ser superiores aos volumes calculados para serem aplicados nas obras, em um percentual não inferior a 25%. Obtendo-se a certeza da disponibilidade de solo em qualidade e quantidade adequadas para utilização, procede-sezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAà definição da forma mais conveniente de exploração, por métodos manuais ou com o emprego de equipamentos mecânicos, como tratores com lâmina, pás carregadeiras, retroescavadeiras, dentre outros. As investigações a trado para avaliação dos volumes disponíveis de materiais são, em geral, dificultadas pela presença da água, já que os furos podem ficar alagados pela água freática. Nesse caso, recomenda-se avaliar a espessura do depósito com a cravação, sem impacto, de uma haste metálica lisa, por exemplo ferro de construção de Y2 a I", utilizando apenas o esforço de uma pessoa e anotando a profundidade atingida em cada ponto. A média das profundidades atingidas em cada sondagem, multiplicada pela superfície determinada da ocorrência, fornecerá o volume disponível de material. A pesquisa de áreas de empréstimo de areia deverá ser realizada nos depósitos situados nas margens e no leito dos cursos d'água existentes. Toma-se importante ressaltar que, sempre que possível, as áreas de empréstimos devem estar situadas dentro da área a ser alagada, de maneira a minimizar os impactos ambientais de sua retirada.ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA L e v a n ta m e n to P la n ia lt im é tr ic o d a Á re a E s c o lh id a Para a execução do projeto de uma barragem, serão necessários os levantamentos de perfis de seções transversais e longitudinais nas áreas de construção da barragem e de inundação do reservatório. Esses serviços poderão ser executados por meio de "levantamentos topográficos expeditos" ou "levantamentos topográficos com instrumentos", conforme descritos a seguir. Barragens de terra de pequeno porte 47ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA L e v a n t a m e n t o s t o p o g r á f i c o s e x p e d i t o s Para a execução de levantamentos topográficos expeditos, podem-seutilizar um nível de pedreiro e duas réguas de madeira bem aplainadas, sendo uma de 3 a 4 m e a outra de cerca de 2 m de comprimento (Figura 7b). Para facilitar a medição, a régua menor deverá ser dotada de escala métrica. Coloca-se a ponta inferior da régua menor no nível da água (ponto A da Figura 7a), de modo que ela fique em posição vertical. Coloca-se depois a régua maior no terreno e controla-se, pelo nível de pedreiro sobre ela, sua posição horizontal. Mede-se a seguir a altura h, e marca-se o ponto onde descansa a ponta da régua maior no terreno (ponto B). Repete-se essa operação entre os pontos B e C etc. e assim sucessivamente, determinando as diferenças de nível h., h2, h, etc., conforme apresentado na Figura 7a. O segundo método de determinação utiliza duas réguas de cerca de 2 m de comprimento e um tubo plástico (mangueira) flexível e transparente, cheio de água corada (Figura 7c). Determinam-se, em cada régua, pontos de igual nível, criando um plano horizontal de referência. A diferença entre os pontos E e F é a diferença de nível h, entre esses pontos. Desníveis 15 1'1----"--__~ Plano de referência ]:} E E (b) (c) Figura 7 - Topografia expedita (desníveis e perfis): a) levantamento ti um perfil, b) uso do nível de pedreiro e c) uso do nfvcl ti \ mangueira. 48mlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAM atos, Silva e PruskiZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA L e v a n t a m e n t o s t o p o g r á f i c o s c o m in s t r u m e n t o s Nos casos em que haja recursos financeiros e profissionais, poder-se-á lançar mão dos serviços topográficos executados por um profissional habilitado, com instrumentos do tipo teodolito, nível de precisão ou por meio de Sistema de Informação Geográfica. Recomenda-se que o levantamento topográfico na garganta onde será construída a barragem seja feito de metro em metro. Na área de inundação do reservatório, o levantamento pode ser de 5 x 5 m em pequenas áreas ou de 10 x 10 m em grandes áreas. Projeto Estrutural Embora a construção de pequenas barragens de terra seja considerada por muitos uma obra simples e, por isso, o uso de métodos empíricos seja suficiente para o desenvolvimento de projetos, muitos insucessos ocorridos indicam que essas obras exigem tanta competência da parte de engenheiros, em sua concepção e construção, como qualquer outro tipo de barragem. O projeto de barragem de terra consiste em dimensionar um maciço com baixa permeábilidade que satisfaça à finalidade visada e que possa ser construído com os materiais disponíveis, considerando- se um custo mínimo para a obra. T ip o s d e b a r r a g e n s d e t e r r a As barragens de terra são apropriadas para construção em vales abertos, em locais onde haja grande disponibilidade de solo argilosozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA li areno-argiloso e espaço suficiente para situar o extravasor sun radouro ou vertedouro) em uma das margens. ( !lI/lI rial escavado para a construção do canal de adução e do xtruv ISOI' nod ser utilizado para sua construção. Bus xm to-s nas características do material utilizado, nos !TI t dos d \ 'OIlHll'uçã e na natureza da fundação, as pequenas barragens d \ t 1'1'11 I,j ura 8) podem ser classificadas em: Barragens de terra de pequeno porte 49 a) Simples - de corpo homogêneo; e - de corpo heterogêneo. b) Com núcleo ou diafragma - central; - externo; e - misto. O tipo de barragem de terra é geralmente escolhido de acordo com o volume e a qualidade dos materiais existentes no local, com os processos construtivos a serem utilizados e com os solos que constituem as fundações no local da barragem. Se no local de construção existirem quantidades suficientes de solo argiloso ou solo areno- siltoso/argiloso e houver escassez de blocos de rocha, a barragem homogênea (Figura 8a) será a mais recomendada, por ser a mais simples e prática. As barragens homogêneas devem ser construídas de material que proporcione adequada barreira para a água, e os taludes de montante e jusante ter inclinação relativamente baixa para proporcionarem sua estabilidade. Em barragens completamente homogêneas é inevitável a percolação de água emergindo no talude de jusante, apesar da impermeabilidade do material do aterro, se o nível de água no reservatório for mantido elevado por longo período de tempo. Por isso, no talude de jusante, tem sido substituído o material homogêneo por material permeável para aumentar a declividade da linha de saturação. Outro método de prover a drenagem é a instalação de tubos drenos, entretanto não devem ser colocados apenas tubos de drenagem, haja vista o risco de seu entupimento. A drenagem sempre deve ser prevista caso o reservatório venha a ser mantido cheio por muito tempo. 50mlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAM atos, Silva e PruskizyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA (a)zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA Material impermeável (c) Material impermeável (e) Figura 8 - Barragens de terra material homogêneo (a), material heterogêneo (b), com núcleo central (c), d) com núcleo externo (d) e com núcleo misto (e). Barragens de terra de pequeno porteZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA 5 1 A barragem homogênea ou homogênea modificada (com drenos) é aplicável em localidades onde os solos apresentem pequena variação na sua permeabilidade. As barragens de diafragma são construídas quando, no maciço permeável (aterros de areia, cascalho ou rocha), uma barreira de material impermeável é instalada para minimizar a percolação de água. A posição do diafragma vai variar do talude de montante até a posição de núcleo central. O diafragma pode ser de terra, concreto, concreto betuminoso ou outro material. Em barragens de terra, um tipo de construção amplamente empregado tem sido o de constituir uma zona central (diafragma ou núcleo) feita com material argiloso selecionado, seguida de zonas de transição ao longo das duas faces do núcleo, necessárias para impedir a erosão tubular no caso do aparecimento de trincas no núcleo, e, a seguir, zonas externas construídas com material que pode ser mais permeável, capazes de conferir estabilidade ao conjunto.ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA D im e n s io n a m e n t o d o c o r p o d a b a r r a g e m Volum e de água a acum ular No projeto de uma barragem, a definição da altura necessária do aterro dependerá das condições topográficas da área a ser inundada pelo reservatório e, em última instância, do volume de água a ser armazenado. A confiabilidade na definição do volume de água a ser acumulado é dado fundamental no dimensionamento da barragem, sendo importante lembrar que qualquer modificação posterior na barragem visando aumentar o volume acumulado é muito difícil ou mesmo impossível de ser executada. O volume de água a armazenar depende das necessidades a serem atendidas e da vazão disponível do curso d'água (considerar o período mais crítico do ano). Para efetuar esse cálculo para um reservatório de múltiplo uso, alguns aspectos deverão ser considerados: a) Necessidades para abastecimento doméstico e de criatórios de animais: o volume de água a armazenar para fins de consum humano e, ou, de animais domésticos, viventes em regiões áridas c semiáridas, pode ser calculado, usando-se os dados apresentados nu Tabela 9. O cálculo do consumo total é feito com a soma d todas 52mlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAM atos, Silva e Pruski as vazões consumidas nos diferentes usos, Como segurança, o valor encontrado deve ser acrescido de, no mínimo, 25zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA% para que, com o volume acumulado, possam ser supridas as deficiências de água que porventura venham a ocorrer nos meses mais secos, b) Necessidades médias de água para irrigação: - aspersão: 2 a 3 mm dia-I; - superfície: 3 a 4 mm dia-I; e . d - 2 3 L h -I -I- mun açao: a as. c) Necessidades para a piscicultura: - para a manutenção das condições mínimas de sobrevivência dos cardumes, deve-se reservar pelo menos 1/3 da altura da lâmina de água no reservatório. d) Consideração
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