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Pensamentos Pensamento concreto: Não ocorre distinção entre dimensão abstrata e simbólica e dimensão concreta e imediata dos fatos; Não consegue entender/utilizar metáforas; Pensamento muito aderido ao nível sensorial da experiencia. Faltam aspectos do desenvolvimento do pensamento, como: ironia; subentendido; o duplo sentido, bem como categorias abstratas de modo geral. Presente em indivíduos com deficiência mental e esquizofrênicos graves Pensamento obsessivo Ideias e representações que, apesar do conteúdo absurdo ou repulsivo para o indivíduo, se impõe à consciência de modo persistente e incontrolável. ESTADO DE ANGÚSTIA CONSTANT E Ideias obsessivas, que voltam de forma recorrente à consciência X Individuo, que se esforça por bani-las de sua consciência Em pacientes gravemente obsessivos, aspectos do pensamento mágico também estão presentes. Memoria – Capacidade de registrar, manter e evocar as experiencias e os fatos já ocorrido. A capacidade de memorizar está intimamente ligado com o nível de consciência, com a atenção e com o interesse afetivo. Memoria de Trabalho – combinação das habilidades de atenção (capacidade de prestar atenção e de concentração) e da memória imediata (capacidade de reter o material imediatamente após ser percebido). Memória de trabalho é vista também como um gerenciador da memória, tendo como principal papel o de analisar e selecionar as informações que chegam constantemente e compará- las com as existentes nas demais memórias, de curta e longa duração. Valor diagnostico das alterações da memoria de trabalho De modo geral, todas as condições que afetam as regiões pré-frontais causam alteração da memória de trabalho. Ocorrem em distintas condições clínicas: Nas demências vasculares Demência de Alzheimer, Na DLC; Na esclerose múltipla No traumatismo craniano. Quadros psiquiátricos primários, como esquizofrenia, transtorno de déficit de atenção/hiperatividade e transtornos obsessivo-compulsivo; No envelhecimento normal, é possível notar dificuldades leves, eventualmente moderadas. Hipermnesia – As representações (elementos mnêmicos) afluem rapidamente, em tropel, ganhando em número, perdendo, porém, em clareza e precisão. A hipermnésia traduz mais a aceleração geral do ritmo psíquico que uma alteração propriamente da memória. Amnésia – de forma genérica, a perda da memória, seja a da capacidade de fixar ou a da capacidade de manter e evocar antigos conteúdos mnêmicos. Amnésia psicogênica – perda de elementos mnêmicos focais, os quais têm valor psicológico específico (simbólico, afetivo). O indivíduo esquece, por exemplo, um evento de sua vida (que teve um significado especial para ele), mas consegue lembrar de tudo que ocorreu ao seu “redor”. Tal amnésia pode ser superada por um estado hipnótico (na hipnose, o indivíduo consegue lembrar do que, em estado de consciência, não recorda). Amnésia orgânica – perde-se primeiramente a capacidade de fixação (memórias imediatas e recentes); em estados avançados da doença, o indivíduo começa a perder conteúdos antigos. Amnésia anterógrada e retrógrada Amnésia anterógrada – indivíduo não consegue mais fixar elementos mnêmicos a partir do evento que lhe causou o dano cerebral. Por exemplo, o indivíduo não lembra do que ocorreu nas semanas (ou meses) depois de um trauma cranioencefálico. É um distúrbio-chave e bastante frequente na maior parte dos distúrbios neurocognitivos. Amnésia retrógrada – indivíduo perde a memória para fatos ocorridos antes do início da doença (ou trauma). Sua ocorrência sem amnésia anterógrada pode ser observada em quadros dissociativos (psicogênicos), como a amnésia dissociativa e a fuga dissociativa. De modo geral, é comum, após trauma cranioencefálico, a ocorrência de amnésias retroanterógradas, ou seja, déficits de fixação para o que ocorreu dias, semanas ou meses antes e depois do evento patógeno. Fabulações (ou confabulações) Elementos da imaginação do doente ou mesmo lembranças isoladas que completam artificialmente as lacunas de memória, produzidas, não intencionalmente, em geral, por déficit da memória de fixação. Além do déficit de fixação, o doente não é capaz de reconhecer como falsas as imagens produzidas pela fantasia. As fabulações ocorrem frequentemente na síndrome de Korsakoff, secundária ao alcoolismo crônico, associado a déficit da tiamina (vitamina B1), traumatismo craniano, encefalite herpética, intoxicação pelo monóxido de carbono, etc. A síndrome de Korsakoff é caracterizada por déficit intenso de memória de fixação (sobretudo do tipo episódica), que geralmente vem acompanhado de fabulações e desorientação temporoespacial. Lembrança obsessiva – também denominada ideia fixa ou representação prevalente, manifesta-se como o surgimento espontâneo de imagens mnêmicas ou conteúdos ideativos do passado que, uma vez instalados na consciência, não podem ser repelidos voluntariamente pelo indivíduo. A imagem mnêmica, embora reconhecida como absurda e indesejável, reaparece de forma constante e permanece, como um incômodo, na consciência do paciente. Manifesta-se em indivíduos com transtornos do espectro obsessivo- compulsivo. Afetividade e suas alterações Afetividade é um termo genérico, que compreende várias modalidades de vivências afetivas, como o humor, as emoções e os sentimentos. ALTERAÇÕES DAS EMOÇÕES E DOS SENTIMENTOS Apatia – É a diminuição da excitabilidade emotiva e afetiva. Os pacientes queixam-se de não poderem sentir nem alegria, nem tristeza, nem raiva, nem nada... Na apatia, o indivíduo, apesar de saber da importância afetiva que determinada experiência deveria ter para ele, não consegue sentir nada. O paciente torna-se hiporreativo, é um “tanto faz quanto tanto fez” para tudo na vida. Trata-se de um estado afetivo próprio dos quadros depressivos, apesar de poder ocorrer de forma inespecífica em um grande número de transtornos mentais. Embotamento afetivo e devastação afetiva – Perda profunda de todo tipo de vivência afetiva. Ao contrário da apatia, que é basicamente subjetiva, o embotamento afetivo é observável, constatável por meio da mímica, da postura e da atitude do paciente. Ocorre tipicamente nas formas negativas, deficitárias de esquizofrenia. Vontade A vontade é uma dimensão complexa da vida mental, relacionada intimamente com as esferas instintiva, afetiva e intelectiva (que envolve avaliar, julgar, analisar, decidir), bem como com o conjunto de valores, princípios, hábitos e normas socioculturais do indivíduo. Hipobulia/abulia – Pacientes com hipobulia/abulia apresentam diminuição ou até abolição da atividade volitiva. O indivíduo refere que não tem vontade para nada, sente-se muito desanimado, sem forças, sem “pique”. Geralmente, a hipobulia/abulia encontra-se associada à apatia (indiferença afetiva), à fadiga fácil, à dificuldade de decisão, tão típicas dos depressivos graves. ATOS IMPULSIVOS E ATOS COMPULSIVOS Ato impulsivo – uma espécie de curto circuito do ato voluntário, da fase de intenção à fase de execução. O ato impulsivo abole abruptamente as fases de intenção, deliberação e decisão, em função tanto da intensidade dos desejos ou temores inconscientes como da fragilidade das instâncias psíquicas implicadas na reflexão, na análise, na ponderação e na contenção dos impulsos e dos desejos. Os impulsos patológicos são tipos de atos impulsivos, nos quais predominam as ações psicomotoras automáticas, sem reflexão, ponderação ou decisão prévias, de tipo instantâneo e explosivo. Eles também se caracterizam pela incoercibilidade, ou seja, são incontroláveis. O ato impulsivo apresenta as seguintes características: É realizado sem fase prévia de intenção, deliberação e decisão. De modo geral, o indivíduo não percebe tal ato como inadequado, não tenta evitá-lo ou adiá-lo, frequentemente nãoé contrário aos valores morais e desejos de quem o pratica. É geralmente associado a impulsos patológicos, de natureza inconsciente, ou à incapacidade de tolerância à frustração e necessária adaptação à realidade objetiva. Da mesma forma, o indivíduo dominado pelo ato impulsivo tende a desconsiderar os desejos e as necessidades das outras pessoas. Ato compulsivo, ou compulsão, difere do ato impulsivo por ser reconhecido pelo indivíduo como indesejável e inadequado, assim como pela tentativa de refreá-lo ou adiá-lo. A compulsão é geralmente uma ação motora complexa que pode envolver desde atos compulsivos relativamente simples, como coçar-se, picar-se, arranhar-se, até rituais compulsivos complexos, como tomar banho de forma repetida e muito ritualizada, lavar as mãos e secar-se de modo estereotipado, por inúmeras vezes seguidas, etc. Os atos e os rituais compulsivos apresentam as seguintes características: Há a vivência freqüente de desconforto subjetivo por parte do indivíduo que realiza o ato compulsivo. São egodistônicos, isto é, experienciados como indesejáveis, contrários aos valores morais e anseios de quem os sofre. Há a tentativa de resistir (ou pelo menos adiar) à realização do ato compulsivo. Há a sensação de alívio ao realizar o ato compulsivo, alívio que logo é substituído pelo retorno do desconforto subjetivo e pela urgência em realizar novamente o ato compulsivo. Ocorrem freqüentemente associados a idéias obsessivas muito desagradáveis, representando, muitas vezes, tentativas de neutralizar tais pensamentos. O indivíduo tem um pensamento obsessivo desagradável, como a idéia de que é impuro ou contaminado, sente, então, a necessidade de lavar-se compulsivamente, e isso alivia de forma transitória os pensamentos de ser contaminado. Logo após o alívio, os pensamentos obsessivos retornam à consciência do indivíduo, e ele sente-se novamente forçado a realizar o ato compulsivo neutralizador. Esquizofrenia e outras psicoses As psicoses se caracterizam, geralmente, por sintomas típicos como alucinações, delírios, pensamentos desorganizados e comportamentos “bizarros” Perda de contato com a realidade: pouca interferência do princípio de realidade. Esquizofrenia A principal forma de psicose devido sua frequência e importância clínica. Sintomas significativos para diagnóstico de esquizofrenia: Sintomas negativos: embotamento afetivo, reclusão social, empobrecimento da linguagem e pensamento, autocuidado prejudicado, lentificação psicomotora Sintomas positivos: alucinações, ideias delirantes, comportamentos bizarros/atos impulsivos, agitação psicomotora, produções linguísticas (neologismos) Síndrome desorganizada: pensamento desorganizado, comportamentos sociais inadequados, ausência de crítica, afeto pueril. Subtipos da esquizofrenia: Paranoide: alucinações e ideias delirantes com predominância da persecutoriedade. Catatônica: alterações motoras, mutismo, crises de “ausência”, negativismo e impulsividade. Hebefrênica: pensamento desorganizado, comportamento bizarro e afeto pueril. Simples: Lento e progressivo empobrecimento simbólico, psíquico e comportamental, autocuidado prejudicado, embotamento afetivo e distanciamento social. Transtorno delirante (paranoia) e esquizofrenia tardia (parafrenia) A paranoia caracteriza-se por delírio geralmente organizado, bem construído e sistematizado temática delirante complexa e cristalizada na personalidade do sujeito. A parafrenia ocorre por aparecimento/desencadeamento tardio dos sintomas psicóticos (delírios e alucinações) mas, assim como a paranoia, há a preservação da personalidade do sujeito. Psicoses breves, reativas ou psicogênicas Quadros agudos de sintomas psicóticos ocorridos após episódios traumáticos. Os sintomas geralmente são de ordem delirante, alucinações visuais/auditivas, confusão mental, intensa perplexidade. Quadro transitório, passageiro. Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID- 10: F20 a F29: PSICOSES. Este agrupamento reúne a esquizofrenia, transtorno esquizotípico e os transtornos delirantes persistentes, além de um grupo maior de transtornos psicóticos agudos e transitórios F20: Esquizofrenia; F22: Transtorno delirante persistente; F23: Transtorno psicótico agudo e transitório. Transtornos do humor: depressivos e afetivo bipolar (TAB) SÍNDROMES DEPRESSIVAS: possui como elementos principais o humor rebaixado e o desânimo. Apresenta multiplicidade de sintomas afetivos, ideativos e cognitivos relacionados a psicomotricidade, autovaloração e vontade. Em quadros graves da depressão, sintomas psicóticos podem estar presentes. Sintomas afetivos do humor deprimido: Tristeza, sentimento de melancolia, choro fácil, apatia, tédio e aborrecimento crônico, irritabilidade aumentada, angústia ou ansiedade, desespero, desesperança. Alterações da esfera instintiva e neurovegativa: Anedonia, fadiga, desânimo, hipobulia, insônia ou hipersomnia, perda ou aumento do apetite, constipação e palidez, diminuição da libido, diminuição da resposta sexual. Alterações ideativas: pessimismo, culpabilidade, ruminação de mágoas do passado, ideias de morte e ideação suicida Alterações cognitivas: Déficit de atenção e concentração; Alterações da memória; Dificuldade de tomar decisões Alterações da autovaloração: Diminuição da autoestima; Sentimento de insuficiência e incapacidade; Sentimento de vergonha e autodepreciação Alterações da psicomotricidade: Tendência a permanecer na cama por todo o dia, isolamento social; Lentificação psicomotora Diminuição da fala, redução da voz, fala lentificada; Mutismo e negativismo: recusa verbal, à interação pessoal e à alimentação. Sintomas psicóticos: Ideias delirantes de conteúdo negativo: ruína, culpa, hipocondria, paranoide Alucinações, geralmente auditivas com conteúdos depreciativos Ilusões auditivas ou visuais Marcadores biológicos como alterações do sono REM, ausência de resposta do hormônio cortisol no organismo, redução do volume do hipocampo e alterações vasculares podem ser causas da depressão orgânica. Fator psicológico importante como uma das causas poder ser contextos de perdas significativas na vida do sujeito: perda de amores, emprego, moradia, status socioeconômico ou qualquer perda simbólica. Os principais subtipos de síndromes e Transtornos Depressivos: Episódio depressivo e transtorno depressivo recorrente Distimia///Depressão orgânica///Depressão psicótica///Depressão ansiosa SÍNDROMES MANÍACAS: A euforia e alegria patológica constituem a base da síndrome maníaca, além da aceleração de todas as funções psíquicas – pensamento acelerado, logorreia, agitação psicomotora, vivência de êxtase, insônia, heteroagressividade, desinibição social e sexual (perda da crítica), ideias ou delírios de grandeza e de poder (megalomania), alucinações (auditivas com conteúdo de grandeza), tendência exagerada a comprar objetos e presentear o outro. Subtipos de síndromes maníacas: Mania grave: Forma mais intensa do quadro da mania. Apresenta sinais como taquipsiquismo acentuado, importante agitação psicomotora, heteroagressividade, fuga de ideias e delírios de grandeza. Mania disfórica: predominância da irritabilidade, mau humor, hostilidade em relação ao outro, podendo ocorrer heteroagressividade e destruição de objetos. Mania mista: sintomas da mania (agitação, irritabilidade, logorreia, êxtase e etc) mas também sintomas depressivos (ideias de culpa, desânimo, tristeza, ideação suicida) - ocorrendo simultaneamente ou alterando com muita rapidez. Diagnóstico difícil de realizar. Subtipos de síndromes maníacas: Hipomania: Forma atenuada, leve de episódio maníaco. O sujeito se apresenta mais disposto que o normal, fala muito, faz muitos planos desproporcionais ao seu contexto atual, pensamento um pouco mais acelerado e indiferente com os limites da vida. Pode causardiminuição do sono e mesmo assim o sujeito não se sente cansado, sensação de “cabeça cheia”. Apesar dos sintomas, não há prejuízo social importante e não há sintomas psicóticos. Ciclotimia: Alternância entre hipomania e depressão leve. SUBTIPOS DE TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR: Os transtornos afetivos bipolares caracterizam-se por seu caráter fásico e episódico. Episódios de mania e depressão ocorrem de modo relativamente delimitado no tempo e com frequência, de acordo com cada sujeito. Há períodos de remissão (humor estável) com viradas posteriores para fase depressiva ou maníaca. Transtorno Afetivo Bipolar tipo I: Episódios depressivos leves a graves, intercalados com fase de estabilidade das funções psíquicas e fases maníacas bem caracterizadas. Transtorno Afetivo Bipolar tipo II: Episódios depressivos leves a graves, intercalados com fase de estabilidade das funções psíquicas e fases hipomaníacas. Transtorno afetivo bipolar, tipo “ciclador” rápido: Ocorrência de diversas fases depressivas, maníacas ou mistas em curto período de tempo, com apenas breves momentos de remissão dos sintomas. Para este diagnóstico, é necessário que o paciente tenha apresentado, nos últimos 12 meses, pelo menos 4 episódios bem caracterizados e distintos de mania (ou hipomania) e/ou depressão. Para dois episódios da mesma polaridade, deve-se verificar intervalos de dois meses de humor estável. Para polaridades distintas, guinada para a polaridade oposta (da depressão para mania, por exemplo). TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE Conceito – O psiquiatra alemão Kurt Schneider (1974) definiu os transtornos da personalidade de forma muito oportuna; para ele, o elemento central desses transtornos (por ele denominados de personalidades psicopáticas) é que o indivíduo apresenta as seguintes características básicas: “[...] sofre e faz sofrer a sociedade”, assim como “[...] não aprende com a experiência”. Isso quer dizer que, no transtorno da personalidade, há uma marcante desarmonia que se reflete tanto no plano intrapsíquico como no das relações interpessoais. Os transtornos da personalidade, embora de modo geral produzam conseqüências muito penosas para o indivíduo, familiares e pessoas próximas, não são facilmente modificáveis por meio das experiências da vida; tendem, antes, a permanecer estáveis ao longo de toda a vida. Segundo a classificação atual de transtornos mentais da OMS (1993), a CID-10, os transtornos da personalidade são definidos pelas seguintes características: 1. Geralmente surgem na infância ou adolescência e tendem a permanecer relativamente estáveis ao longo da vida do indivíduo (“O menino é o pai do homem”). 2. Manifestam um conjunto de comportamentos e reações afetivas claramente desarmônicos, envolvendo vários aspectos da vida do indivíduo, como a afetividade, o controle de impulsos, o modo e o estilo de relacionamento interpessoais, etc. 3. O padrão anormal de comportamento e de respostas afetivas e volitivas é permanente, de longa duração e não limitado ao episódio de doença mental associada (como uma fase maníaca ou depressiva, um surto esquizofrênico, etc.). 4. O padrão anormal de comportamento inclui muitos aspectos do psiquismo e da vida social do indivíduo, não sendo restrito a apenas um tipo de reação ou uma área do psiquismo. 5. O padrão comportamental é mal-adaptativo, produz uma série de dificuldades para o indivíduo e/ ou para as pessoas que com ele convivem. 6. São condições não relacionadas diretamente à lesão cerebral evidente ou a outro transtorno psiquiátrico (embora haja alterações de personalidade secundárias à lesão cerebral). 7. O transtorno da personalidade leva a algum grau de sofrimento (angústia, solidão, sensação de fracasso pessoal, dificuldades no relacionamento vividas com amargura, etc.); entretanto, salienta a CID-10, tal sofrimento pode se tornar aparente para o indivíduo apenas tardiamente em sua vida. 8. Em geral, o transtorno da personalidade contribui para o mau desempenho ocupacional (no trabalho, estudos, etc.) e social (com familiares, amigos, colegas de trabalho ou estudo). Entretanto, tal desempenho precário não é condição obrigatória. Transtornos da personalidade segundo as classificações oficiais Segundo a CID-10 e o DSM-IV (com ligeiras modificações do autor), os transtornos da personalidade podem ser agrupados em três grandes subgrupos, que são: Grupo B: instabilidade e/ou manipulação TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ANTI-SOCIAL (SOCIOPATIA) Segundo a tradição psicopatológica, os sociopatas são pessoas incapazes de uma interação afetiva verdadeira e amorosa. Não têm consideração ou compaixão pelas outras pessoas, mentem, enganam, trapaceiam, prejudicam os outros, mesmo a quem nunca lhes fez nada. São popularmente conhecidos como “mau caráter”, “tranqueira”, “canalha”, etc. Eis aqui como a CID-10 os descreve: 1. Indiferença e insensibilidade pelos sentimentos alheios 2. Irresponsabilidade e desrespeito por normas, regras e obrigações sociais 3. Incapacidade de manter relacionamentos, embora não haja dificuldade em estabelecê-los 4. Muito baixa tolerância a frustrações e baixo limiar para descarga de agressão, inclusive violência 5. Incapacidade de experimentar culpa e de aprender com a experiência, particularmente com a punição 6. Propensão marcante para culpar os outros ou para oferecer racionalizações plausíveis para o comportamento que gerou seu conflito com a sociedade 7. Crueldade e sadismo são freqüentes nesse tipo de personalidade TRANSTORNO DA PERSONALIDADE BORDERLINE (OU “EMOCIONALMENTE INSTÁVEL”) 1. Instabilidade emocional intensa 2. Sentimentos crônicos de vazio 3. Relacionamentos pessoais intensos, mas muito instáveis, oscilando em curtos períodos de uma grande “paixão” ou “amizade” para “ódio” e “rancor” profundos 4. Esforços excessivos para evitar abandono 5. Dificuldades sérias e instabilidade com relação à autoimagem, aos objetivos e às preferências pessoais (inclusive a sexual) 6. Atos repetitivos de autolesão, envolvendo-se em atuações perigosas (como guiar muito embriagado e velozmente, intoxicar-se com substâncias, etc.) 7. Atos suicidas repetitivos TRANSTORNO DA PERSONALIDADE TIPO IMPULSIVO 1. Tendência marcante a agir impulsivamente, sem considerar as conseqüências 2. Instabilidade afetiva intensa 3. Acessos de raiva intensa 4. Explosões comportamentais TRANSTORNO DA PERSONALIDADE HISTRIÔNICA 1. Dramatização, teatralidade, expressão exagerada das emoções 2. Sugestionabilidade aumentada, facilmente influenciado por outros ou pelas circunstâncias 3. Afetividade superficial, pueril e lábil 4. Busca contínua de atenção e apreciação pelos outros, quer ser o centro das atenções 5. Sedução inapropriada em aparência (vestimenta, maquiagem, etc.) e comportamento 6. Erotização de situações não estritamente eróticas (consulta ao dentista, audiência com o juiz, etc.) 7. Infantilidade, tendência a reações infantis, pouca tolerância à frustração Também em relação a CID-10, o sistema norte-americano de classificação dos transtornos mentais, DSM-IV, acrescenta, nesse subgrupo, mais um transtorno da personalidade: TRANSTORNO DA PERSONALIDADE NARCISISTA 1. O indivíduo apresenta senso grandioso (e irreal) da importância de sua pessoa. Julga ter talentos especiais, espera ser reconhecido como superior, sem que tenha feito algo concreto para isso 2. Muito voltado para fantasias de grande sucesso pessoal, de poder, brilho, beleza ou de um amor ideal 3. Acha-se excepcionalmente “especial” e “único”, acreditando que só pessoas ou instituições também excepcionalmente especiais ou únicas podem estar à sua altura 4. Requer admiração excessiva 5. Tende a ser “explorador” nas relações interpessoais, buscando vantagens sobre os outros para atingir o seu fim ou sucesso pessoal 6. Sem empatia pelas pessoas comuns 7. Freqüentemente invejoso dos outros ou do sucesso alheio; acha sempre que os outrostêm inveja dele 8. Freqüentemente arrogante Grupo C: ansiedade e/ou controle TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ANANCÁSTICA OU OBSESSIVA 1. Preocupação excessiva com detalhes, regras, listas, ordem, organização ou esquemas 2. Perfeccionismo que interfere na conclusão de tarefas 3. Dúvidas excessivas sobre assuntos irrelevantes 4. Cautela demasiada 5. Rigidez e teimosia 6. Insistência incomum para que os outros submetam-se exatamente à sua maneira de fazer as coisas 7. Excesso e escrúpulos e preocupação indevida com detalhes da vida 8. A rigidez impede ou anula o prazer nas relações interpessoais 9. Adesão excessiva às convenções sociais e certo pedantismo TRANSTORNO DA PERSONALIDADE ANSIOSA OU DE EVITAÇÃO 1. Estado constante de tensão e apreensão 2. Crença de ser socialmente incapaz, desinteressante ou inferior aos outros 3. Preocupação ou medo excessivo em ser criticado ou rejeitado 4. Restrições na vida diária devido à necessidade de segurança física ou psíquica 5. Evitação de atividades sociais e ocupacionais que envolvam contato interpessoal significativo, principalmente por medo de críticas, desaprovação ou rejeição TRANSTORNO DA PERSONALIDADE DEPENDENTE 1. Subordinação das próprias necessidades e desejos àqueles dos outros dos quais é dependente 2. Solicitação constante de que outros (dos quais depende) tomem as decisões importantes em sua vida pessoal 3. Sentimento de desamparo quando sozinho por causa de medo exagerado de ser incapaz de se cuidar 4. Preocupação e/ou medo exagerado de ser abandonado pela(s) pessoa(s) da(s) qual(is) depende 5. Capacidade limitada de tomar decisões cotidianas sem excesso de conselhos e reasseguramento pelos outros 6. Relutância em fazer exigências ainda que razoáveis à(s) pessoa(s) da(s) qual(is) depende Independentemente dos três subgrupos mencionados, descreve-se ainda os seguintes tipos específicos de transtorno da personalidade não incluídos nos sistemas DSM e CID: SEMIOTÉCNICA DA PERSONALIDADE Verifica-se, por meio de observação cuidadosa e prolongada do paciente e pelo relato de familiares e conhecidos, quais dos traços a seguir são mais claramente presentes no paciente. Pede-se aos familiares que descrevam como ele(a) é no dia-a-dia, como é seu jeito de ser, seu estilo pessoal, seu modo de reagir, de sentir e de atuar ao longo dos anos, nas diversas situações de vida
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