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Unidade II - Idade cronológica e biológica relação com o crescimento

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Prévia do material em texto

Crescimento e 
Desenvolvimento 
Aplicados à 
Educação Física
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Eric Leal Avigo
Revisão Textual:
Profa. Ms. Alessandra Fabiana Cavalcanti
Idade cronológica e biológica: relação com o crescimento
• Idade cronológica ou idade biológica?
• Maturação Esquelética
• Maturação Sexual
• Maturação Dental
• Maturação Morfológica (Somática)
• Avaliação do Crescimento Somático 
(Geral)
• Avaliação Somatotipológica
• Pré-natal
• Idade Materna
• Ingestão de drogas e álcool
• Alimentação e atividade física
• Radiação, infecções e doenças 
· Este módulo tem por objetivo permitir ao aluno dominar os principais con-
ceitos relacionados ao crescimento humano, conhecer os métodos comuns
para se avaliar crescimento, bem como compreender e relacionar idade
cronológica à idade biológica. Além disso, conhecer os principais aspectos
do processo de crescimento e de desenvolvimento do ser humano desde a
concepção até o nascimento.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Saiba que esta disciplina tem como propósito o estudo das alterações das 
estruturas e das funções dos sistemas orgânicos decorrentes do crescimento e 
das alterações do processo de maturação biológica, bem como os efeitos e a 
importância da atividade física para promoção destas alterações nas várias faixas 
etárias ao longo do ciclo vital, e isso lhe oferecendo contato com as discussões 
mais recentes dessa área; além de proporcionar momentos de leitura – textual e 
audiovisual – e reflexão sobre os temas que serão aqui discutidos, contribuindo 
com sua formação continuada e trajetória profissional.
ORIENTAÇÕES
Idade cronológica e biológica: relação 
com o crescimento
UNIDADE Idade cronológica e biológica: relação com o crescimento
Contextualização
Fonte: iStock/Getty Images
O que fazer para que crianças de uma mesma idade, possuam características tão 
diferentes? Crianças mais altas e mais baixas, mais altas e mais leves, com a cor 
dos olhos, cabelo, pele, umas aparentando mais idade, outras menos. Por que isso 
acontece? Diferenças como essas são observadas até mesmo entre irmãos (exceto 
em gêmeos idênticos). Como isso é possível, filhos de um mesmo pai e uma mesma 
mãe, e às vezes, apresentarem características tão distintas.
Será que a quantidade de anos de idade que uma criança possui pode nos dar 
indicativos de quais mudanças em termos de crescimento e de desenvolvimento 
pode ocorrer? Se as crianças apresentam características tão singulares, como se 
basear na idade para estimar quais mudanças podem ou não a vir ocorrer? Afinal, 
não é isso que fazemos diariamente, perguntamos quantos anos tal criança possui, 
e já tiramos conclusões sobre o porquê de sua altura, tom de voz, estrutura física, 
se já está prestes a se tornar um “mocinho” ou uma “mocinha”, por características 
como pelos na face dos meninos, desenvolvimento das mamas nas meninas.
Por que conseguimos pela idade elencar mudanças que já podem ou não ter 
ocorrido? No início dessa conversa não foi proposto que as crianças são tão 
diferentes, e agora, parece que queremos assumir que as mudanças que acontecem 
são iguais em todas. Essas perguntas são apenas para instigar você a buscar a 
resposta para todas elas enquanto estuda os conteúdos dessa unidade.
6
7
Idade cronológica ou idade biológica?
Você já aprendeu que crescimento e maturação são processos predominantemente 
biológicos, ao passo que desenvolvimento é um conceito mais amplo que envolve 
diversos domínios comportamentais, por exemplo, a aquisição de comportamentos 
esperados dentro do ambiente sociocultural em que o indivíduo se insere. Apesar 
disso, você também já sabe que o crescimento biológico e a maturação não ocorrem 
de forma isolada de outros aspectos comportamentais, ou seja, crescimento, 
maturação, desenvolvimento, estão em constante interação na formação do ser, 
podendo ocorrer ou não de acordo com o fator tempo.
É possível se medir ou se observar crescimento, maturação e desenvolvimento 
em um dado ponto de tempo ou em diversos pontos, além do tempo, tendo como 
ponto de referência a idade cronológica da criança. Entretanto, idade (tempo) 
biológica não necessariamente coincide com o calendário. (Trocando ideias) Você 
pode até questionar, como assim, tempo biológico, tempo cronológico, tempo não 
é tudo a mesma coisa? Se você buscar a definição de tempo no dicionário, uma das 
mais comuns a ser encontrada é que tempo é a duração relativa das coisas que cria 
no ser humano, a ideia de presente, passado e futuro; período contínuo no qual os 
eventos se sucedem. Sendo assim, tempo não se remete somente ao relógio ou a 
um calendário ou data específica, mas a uma sequência de eventos que nos permite 
perceber o que vem antes ou depois do que.
A partir dessa breve introdução, podemos começar a distinguir idade biológica 
de idade cronológica, a partir do seguinte exemplo: uma criança nascida em 1 
janeiro de 2006 completa cronologicamente 10 anos de idade em 1 de janeiro de 
2016. No entanto, processos biológicos possuem sua própria tabela de tempo, 
não celebram aniversário. Uma criança possui uma real data de nascimento, e 
todos seus aniversários são estabelecidos por um calendário. Já idade biológica 
não será definida com base em um calendário, sendo essa a razão de crianças 
da mesma idade cronológica, às vezes, diferirem consideralvelmente, por até 
diversos anos, em níveis de maturidade biológica. Algumas meninas aos 12 anos 
de idade já encontram-se sexualmente maduras, enquanto outras ainda iniciarão o 
processo de maturação sexual. Algo semelhante pode ser encontrato em meninos 
de mesma idade cronológica, por exemplo, 14 anos de idade, podendo estar ou 
não totalmente maduros não só sexualmente, como também podendo distinguir 
em níveis de maturação esquelétca, morfológica, dental e etc. Antes de discutirmos 
a repeito das formas de se observar e de mensurar idade biológica, vamos definir 
idade cronologica e apresentar algumas classificações pertinentes ao longo da vida.
7
UNIDADE Idade cronológica e biológica: relação com o crescimento
Idade cronológica
Importante!
Idade cronológica é a idade do indivíduo em dias, em meses e/ou em anos, as quais 
são medidas universais e constantes, calculada a partir da data de nascimento.
Importante!
A idade cronológica nos fornece uma estimativa aproximada do nível de 
crescimento e de desenvolvimento de um indivíduo, já que existem períodos 
ou faixas de idade nas quais algumas mudanças são comuns e esperadas de 
acontecerem. Pode-se dizer que nos primeiros anos de vida a idade cronológica é 
mais específica e pontual para apontar mudanças e comportamentos esperados, 
mas que no decorrer da vida, se torna algo mais generalizado, não sendo muito útil 
para inferir crescimento e desenvolvimento, principalmente pelas especificidades 
biológicas e ambientais que condicionam esse ser ao longo de sua vida.
Por exemplo, a maioria dos bebês com 12 meses de idade que vivem em 
condições consideradas normais para sua subsistência não diferem tanto em 
tamanho, peso, ou até mesmo nos movimentos possíveis de serem realizados, 
como sentar, engatinhar, ficar em pé ou até já dar os primeiros “passinhos”. 
Mas pense em indivíduos de mesma idade, só que um pouco mais velhos, como 
adolescentes, geralmente apresentam diferenças razoáveis de peso, estatura, 
composição corporal, bem como nos níveis de coordenação motora ao realizar 
determinados movimentos. Por que isso acontece mesmo? Lembre-se, você como 
futuro professor poderá ser questionado das razões de tais mudanças, e precisa 
entender claramente que mudanças não podem ser interpretadas exclusivamente 
por uma ótica biológica. Você precisa levar sempre em consideração que além 
de uma carga genética específica que carregamos, herdadas de “nossos pais”, 
existe um contexto e/ou ambiente que estamos inseridos que pode modular certas 
mudanças estruturais e, principalmente, comportamentais. Sendo assim, nos 
primeiros anos de vidafica fácil identificar mudanças somente a partir da idade 
cronológica da criança, entretanto, à medida que a mesma cresce, isso vai ficando 
cada vez mais impreciso.
Existem classificações e subclassificações etárias que agrupam os indivíduos 
de acordo com sua idade cronológica, a partir de mudanças e de características 
comuns aos respectivos períodos de idade. Da concepção até o nascimento atribui-
se o nome de período ou de idade pré-natal, a qual será, posteriormente, abordada 
com mais detalhes em um tópico específico dessa unidade. Após o nascimento 
inicia-se a vida pós-natal, a qual é comumente dividida em pelo menos três, quatro, 
até cinco períodos ou mais, de acordo com o foco do referencial teórico de estudo. 
Em nosso caso, utilizaremos uma classificação adaptada de Gallahue e Ozmun 
(2003), bem aceita no meio acadêmico, a qual possui seis períodos de idades 
cronológicas aproximadas.
8
9
Tabela 1: Classifi cação da idade cronológica.
Período Idade Aproximada
Vida pré-natal Concepção ao nascimento
Primeira infância Nascimento aos 24 meses
Infância 2-10 anos
Adolescência 10-20 anos
Idade adulta jovem 20-40 anos
Meia-idade 40-60 anos
Terceira idade Acima de 60 anos
Adaptada do Livro: Compreendendo o Desenvolvimento Motor: Bebês, Crianças, Adolescentes e Adultos. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2003.
É aceito universalmente, principalmente no contexto da saúde pública mundial, 
que a primeira década de vida é o período da Infância. Comumente, encontram-
se subclassificações de Primeira e Segunda Infância, sendo essas diferentes 
entre os países e os campos de estudo. Muitos lugares do mundo utilizam dessas 
subclassificações em conjunto com as divisões de idade do sistema educacional, 
por exemplo, no Brasil, pode ser considerado como Primeira Infância os anos pré-
escolares – até por volta dos 6 anos de idade; e como Segunda Infância o período 
no Ensino Fundamental I – por volta dos 6 aos 10 ou 11 anos de idade. O início da 
Infância também pode ser subdividido em período perinatal (em torno da hora de 
nascimento até a primeira semana), neonatal (o primeiro mês de vida) e pós-natal 
(o restante do primeiro ano). Apesar dessas diferentes subdivisões, nos ateremos 
à Primeira Infância como o período do nascimento até os 24 meses de vida (2 
anos de idade) – que é considerado um período de rápido crescimento na maioria 
dos sistemas e das dimensões corporais e de rápido desenvolvimento do sistema 
neuromuscular; e a Infância como do segundo ano de vida até por volta dos 10 
anos de idade – considerado um período de progresso relativamente estável em 
crescimento físico, maturação e desenvolvimento comportamental.
A adolescência é um período difícil de definir em termos de idade cronológica, 
justamente porque o início e o término da mesma ser definida pelo relógio 
biológico de cada ser. Apesar disso, a Organização Mundial da Saúde define, de 
maneira geral, a idade da adolescência entre 10 e 18 anos, mais especificamente 
as faixas etárias entre 10 e 19 anos para meninas; e 10 e 22 anos para meninos 
como limites para uma variação normal de início e de término da adolescência. 
Neste período, os principais sistemas corporais se tornam adultos estrutural e 
funcionalmente, ou seja, é quando alcançam a maturidade. Estruturalmente, tem-se 
como início da adolescência a aceleração na taxa de crescimento em estatura, que 
após o pico começa uma fase bem mais lenta, ou de desaceleração do crescimento, 
marcando o fim da adolescência e atingindo o que seria sua estatura adulta. Já 
funcionalmente, se refere principalmente à maturidade sexual, que se inicia com 
alterações neuroendócrinas que desencadeiam mudanças físicas notórias como o 
aumento no tamanho das mamas nas meninas e o aumento da quantidade dos 
pelos nos meninos, dentre outras alterações perceptíveis, se encerrando com o 
alcance da função reprodutiva madura.
9
UNIDADE Idade cronológica e biológica: relação com o crescimento
Mais detalhes acerca das mudanças que ocorrem nos períodos etários serão 
apresentados ao longo das unidades de estudos em Crescimento e Desenvolvimento 
Humano. Por agora, uma vez elucidado diversos aspectos referentes à idade 
cronológica, cabe aprofundarmos um pouco mais as discussões sobre o que se 
refere idade biológica.
Idade biológica
Importante!
Idade biológica é o índice de progressão do indivíduo em direção à maturidade.
Importante!
Pode-se dizer que maturação é um processo e maturidade é um estado. Sendo 
assim, a maturação implica um progresso em direção à maturidade, e quando 
buscasse medir, ainda que indiretamente, esse progresso, atribuísse uma idade 
biológica que é baseada no potencial de maturidade total de um indivíduo. A 
maturação ocorre naturalmente de acordo com o fator tempo e, a maturidade é 
eventualmente atingida em todos os tecidos, os órgãos e os sistemas do corpo. 
Cada indivíduo tem um relógio biológico único, já definido desde sua concepção, 
que regula seu progresso para o estado maduro. Portanto, idade biológica é uma 
idade variável, que não corresponde necessariamente à idade cronológica.
A duração do tempo de maturação biológica de uma criança não procede 
necessariamente em conjunto com o calendário ou com a idade cronológica da 
criança. Dentro de um grupo de crianças do mesmo sexo e da mesma idade 
cronológica, haverá variações na idade biológica, ou no nível de maturidade 
biológica atingido. Algumas crianças estão biologicamente avançadas com 
relação às suas idades cronológicas, outras se atrasam biologicamente com suas 
idades cronológicas.
Têm-se as definições de maturidade como operacionais, no sentido de que elas 
dependem do sistema em particular que estão sendo estudados. É um conceito 
operacional porque o processo não pode ser observado ou mensurado diretamente. 
Indivíduos variam no nível de maturidade atingida em um determinado período da 
vida, na velocidade, na progressão das mudanças e na duração de tempo para cada 
sistema específico. Por exemplo, a maturidade do sistema esquelético de um indivíduo 
pode ou não coincidir com a maturidade sexual do mesmo. Pessoas de mesma idade 
cronológica podem apresentar um estágio de maturação mais avançado ou atrasado 
em determinados sistemas, quando comparados um ao outro ou em relação ao 
esperado para sua idade cronológica. Sendo assim, apesar de cada indivíduo possuir 
um relógio biológico internalizado que influencia no progresso para o estado maduro, 
10
11
pode-se relacionar tempo biológico ao tempo de vida advindo do calendário, a partir 
de faixas de idades ou de períodos comuns para que algumas mudanças aconteçam. 
Isso só é possível a partir de alguns indicadores, que nada mais são do que formas 
indiretas de se mensurar a idade biológica de um individuo.
Os indicadores de idade biológica frequentemente utilizados por pesquisadores 
de crescimento são: maturação esquelética, maturação sexual e maturação 
somática ou morfológica. Esses três sistemas quase sempre estão relacionados em 
sua idade de progressão. O aparecimento e a calcificação dos dentes também são 
ocasionalmente usados como indicadores de maturidade. Vejamos alguns detalhes 
sobre a maturação de cada um desses sistemas, bem como sua função como 
indicadores de maturidade.
Maturação Esquelética
A maturidade esquelética é considerada um dos melhores métodos para a 
avaliação de idade biológica. Uma pessoa inicia a vida com um esqueleto com várias 
partes constituídas de cartilagem. Com o passar do tempo, ocorre o crescimento 
longitudinal (aumento do comprimento) e circunferencial (aumento do diâmetro) 
do osso, decorrente de processos específicos que desencadearão calcificação e/
ou mineralização do tecido ósseo. O esqueleto é composto por mineral, colágeno, 
substância intercelular, água, lipídio, e vasos sanguíneos. Basicamente, com o 
processo de crescimento e de maturação óssea, o modelo cartilaginoso (rico em 
colágeno) é substituído gradualmente por um tecido ósseo calcificado, algo que se 
iniciaainda na vida pré-natal e continua até por volta da segunda década de vida 
para alguns ossos longos. Sendo assim, tanto o ponto inicial quanto o ponto final 
do processo de maturidade são conhecidos, pois a estrutura do esqueleto de todos 
os indivíduos progride de cartilagem a osso.
O esqueleto pode ser considerado um indicador de maturidade ideal porque seus 
períodos de maturidade ocorrem durante todo processo de crescimento. A taxa 
com que os ossos progridem, a partir do modelo de cartilagem, até a formação 
óssea inicial, o formato dos ossos até a morfologia adulta, varia entre ossos de uma 
mesma pessoa e entre as pessoas.
Importante!
O progresso de maturação do esqueleto pode ser monitorado com o uso cuidadoso 
de radiografi as.
Importante!
11
UNIDADE Idade cronológica e biológica: relação com o crescimento
Observe exemplos de radiografias da estrutura da mão e do punho de crianças:
Figura 1: Radiografias da mão e do punho de pessoas com 8 meses, 30 meses, 4, 6, 7, 10, 15 e 18 anos de idade.
Fonte: Adaptado de GILSANZ & RATIB, 2005
Ao observar a estrutura óssea da mão e do punho de bebês, percebe-se 
pequenos espaçamentos entre as falanges dos dedos e entre os ossos carpais 
e metacarpais do punho. As falanges fazem parte da categoria de ossos longos 
(fazem parte dessa categoria ossos como o úmero, o fêmur, a tíbia e etc.) e os 
ossos carpais e metacarpais fazem parte da categoria dos ossos curtos (como os 
ossos tarsais e metatarsais localizados nos pés). Cada osso longo inclui uma diáfise 
(corpo do osso) e uma epífise (extremidade do osso), que são separadas por uma 
placa de crescimento, também chamadas de “epífises abertas”, que nada mais são 
do que esses espaçamentos entre as extremidades ósseas. Note, nas radiografias, 
como essas epífises abertas, que são preenchidas por cartilagem, vão diminuindo 
consideravelmente ao longo da infância e da adolescência, estando quase que 
totalmente “fechadas” (calcificadas) por volta dos 18 anos de idade.
Os espaços aparentemente vazios entre os ossos carpais e metacarpais também 
desaparecerão com a calcificação das cartilagens. No caso desses ossos curtos 
e outros semelhantes no esqueleto, a ossificação começa a partir do centro que 
é meio arredondado, expandindo-se gradativamente até que o osso atinja seu 
formato geométrico específico, encaixando-se quase que perfeitamente, agora, 
totalmente calcificado.
12
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Observe agora uma radiografia da estrutura dos ossos ao redor do joelho de 
uma criança:
Figura 2: Radiografi a do joelho de uma criança com as placas epifi sárias do fêmur e da tíbia abertas (não calcifi cadas).
Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons
Perceba, nesse caso, a partir da radiografia do joelho de uma criança, que 
os ossos longos fêmur e tíbia possuem em sua extremidade medial um pequeno 
espaçamento, que aparece como uma linha mais escura na imagem, que na verdade 
não está vazia, mas preenchida por cartilagem. Essa linha epifisária, chamada 
de placa epifisária ou placa de crescimento, com o passar dos anos diminuirá 
progressivamente, ou seja, ocorrerá a calcificação gradativa do tecido ósseo, de 
forma que, entre os 14 e 16 anos de idade, se novamente radiografada, tende a 
nem mais aparecer.
As alterações pelas quais cada osso passa, desde a ossificação inicial até atingir 
a morfologia adulta, são bastante uniformes e, por isso, fornecem uma base 
para a avaliação da maturidade esquelética. Essas alterações são chamadas de 
indicadores de maturidade. Como já exemplificado não mão e no punho, suas 
características especificas de mudanças podem ser notadas e comparadas por 
meio de radiografias, uma vez que tais alterações ocorrem regularmente em uma 
ordem definida e irreversível. Sendo assim, torna-se possível, por exemplo, para os 
médicos pediatras solicitarem aos seus pacientes, no caso crianças, que realizem 
tal exame, possibilitando comparar suas radiografias com um referencial do que se 
espera em cada idade específica, e assim aponte se a criança está ou não dentro 
de uma maturidade esquelética esperada para sua idade cronológica. Em alguns 
casos alarmantes, um exame mais sofisticado como a Densitometria Óssea pode 
ser solicitado.
13
UNIDADE Idade cronológica e biológica: relação com o crescimento
Densitometria óssea: quem deve fazer este exame? Para que serve?
http://goo.gl/QBZW1UEx
pl
or
Densitometria Óssea
http://goo.gl/ItKBN4Ex
pl
or
Uma vez tendo sido identificado através desse e por outros indicadores de 
maturidade, por exemplo, um atraso muito grande na calcificação das placas de 
crescimento, o médico poderá intervir, por exemplo, com medicação do popular 
hormônio do crescimento “GH”.
Hormônio do Crescimento
http://goo.gl/AujdZnEx
pl
or
Maturação Sexual
Outro importante indicador de maturidade e que permite inferir idade biológica 
é a maturação sexual, pois trata-se de um processo contínuo que se inicia já na 
diferenciação sexual no embrião, ou seja, ainda na vida pré-natal, passando pela 
puberdade até a maturidade sexual completa tendo como consequência a fertilidade. 
De forma simplificada, a puberdade é o período de transição entre a pré-adolescência 
(fim da infância e início da adolescência) e a idade adulta, envolvendo principalmente 
a maturação do sistema reprodutivo e o crescimento adolescente acelerado.
Importante!
Sinais visíveis de maturação sexual aparecem em uma sequência ordenada, de 
forma que o estado de maturidade pode ser avaliado com base no aparecimento 
de algumas manifestações externas, que podem ser chamadas de características 
sexuais secundárias.
Importante!
14
15
Obviamente, a maturidade sexual é a capacidade de reproduzir. Nas meninas, 
envolve a capacidade de liberação de um óvulo maduro, bem como a possibilidade de 
sustentar uma gravidez produzindo um descendente saudável. Os sinais externos e/
ou características secundárias que antecedem essa capacidade reprodutora feminina 
aparecem geralmente na seguinte sequência: (1) rápido aumento de peso e de estatura; 
(2) mudanças nas mamas; (3) certo arredondamento ou aparecimento das curvaturas 
femininas, como o aumento da circunferência do quadril pelo alargamento da bacia; 
(4) crescimento de pelos pubianos seguido do aparecimento de pelos axilares; (5) 
primeira menarca ou menstruação; (6) encerra-se com uma diminuição abrupta do 
crescimento linear, ou seja, interrupção do crescimento perceptível.
Nos meninos a maturidade sexual envolve a capacidade produção de 
espermatozoide maduro capaz de fertilizar um óvulo. As características que 
antecedem essa capacidade de reprodução costumam se manifestar na seguinte 
ordem: (1) aumento de peso; (2) aumento dos testículos; (3) rápido aumento estatural; 
(4) crescimento dos pelos pubianos, aparecimento do pelos axilares, seguido pelo 
crescimento dos pelos faciais; (5) mudanças na laringe, alteração perceptível no 
timbre de voz e crescimento do pênis; (6) ejaculações noturnas, finalizando com 
uma brusca diminuição do crescimento linear.
Perceba que apesar de existir um relógio biológico, ditando o aparecimento de 
tantas mudanças, justamente por existir um ritmo de aparecimento razoavelmente 
comum entre indivíduos, torna-se possível avaliar a maturidade sexual com base 
nas características secundárias: desenvolvimento dos seios e menarca em meninas, 
desenvolvimento genital (pênis e testículos) em meninos e pelos pubianos em ambos 
os sexos. O uso dessas características como indicadores do progresso de maturidade 
é limitado à fase puberal (de puberdade) do crescimento e da maturidade, ou seja, 
possui aplicabilidade limitada durante o estirão de crescimento, diferente da maturação 
esquelética possível de ser monitorada, desde a infância até a idade adulta.
Importante!
No início da adolescência acontece o estirão de crescimento, que é caracterizado pelo 
crescimento corporal muito rápido, com mudanças rápidas no peso corporal e na 
estatura, sendo algo que ocorre antes nas meninas em relação aos meninos.
Você Sabia?O progresso de maturidade avaliado, a partir das características secundárias, se 
resume em uma escala dividida em 5 estágios de aparecimento dessas características. 
Os critérios utilizados para referenciar o progresso de maturação são os estágios 
de pelos púbicos, seios e órgãos genitais descritos por James Mourilyan Tanner, 
em 1962. O objeto dos mesmos é facilitar o entendimento entre as variações que 
acontecem com os adolescentes em relação à duração e à época em que alterações 
nessas características físicas acontecem. A seguir uma tabela que resume esses 
estágios é apresentada.
15
UNIDADE Idade cronológica e biológica: relação com o crescimento
Para mais informações, acesse o link e leia o artigo de revisão sobre avaliação de maturi- 
dade sexual.
http://goo.gl/dVm0rC
Ex
pl
or
Tabela 1: Características do adolescente de acordo com o sexo e o estágio de maturação sexual de Tanner (1962)
Sexo masculino Pelos pubianos (P) Genitália (G)
Estágio 1 Nenhum Características infantis sem alteração
Estágio 2 Presença de pelos finos e claros Aumento do pênis, pequeno ou ausente, aumento inicial do volume testicular
Estágio 3 Púbis coberto Crescimento peniano em comprimento: maior crescimento dos testículos e do escroto
Estágio 4 Tipo adulto: sem extensão para as coxas Crescimento peniano principalmente no diâmetro
Estágio 5 Tipo adulto: com extensão para as coxas Desenvolvimento completo da genitália
Sexo feminino Pelos pubianos (P) Mamas (M)
Estágio 1 Ausentes Sem modificação da fase infantil
Estágio 2 Pequenas quantidades: longos, finos e lisos
Brotos mamários; elevação da aréola e 
distribuídos ao longo dos grandes lábios 
papilas formando uma pequena saliência
Estágio 3 Aumento da quantidade e espessura, mais escuros e encaracolados
Maior aumento da mama e da aréola, 
mas sem separação dos contornos
Estágio 4
Pelos do tipo adulto: cobrindo mais 
densamente a região púbica, sem 
atingir as coxas
Maior crescimento da mama e da aréola, 
havendo separação dos contornos
Estágio 5 Pilosidade pubiana igual à do adulto, invadindo a parte interna das coxas
Mamas com aspecto adulto, o contorno 
areolar é incorporado novamente ao 
contorno da mama
Maturação Dental
Na maturação dental, o principal e mais utilizado meio para identificação da 
maturidade é o momento de erupção dental e de calcificação dos dentes permanentes. 
A época ou idade de surgimento dos dentes de leite (primeira dentição) – por volta 
dos 6 aos 24 meses de idade; e dos dentes permanentes – entre 6 a 13 ou 14 anos 
de idade; são importantes indicadores de maturidade. A calcificação dos dentes 
permanentes tem sido utilizada para estimar o estágio de maturidade dental de 
maneira semelhante à avaliação de maturidade esquelética.
16
17
O procedimento mais comum para avaliação da maturidade dental requer 
um raio-X dos sete dentes em um quadrante da boca (dois incisivos, o canino, 
dois pré-molares e o primeiro e o segundo molares). Os critérios utilizados para 
análise das radiografias são baseados nas características comuns a um dente. Cada 
dente possui uma coroa com cúspide e uma raiz. Existem critérios específicos 
descritos para cada dente, à medida que passa do início da calcificação das 
pontas (os primeiros indicadores de formação da coroa) para a formação da raiz e 
consequente fechamento da mesma no ápice do dente. Uma análise desse quadro 
permite atribuir uma pontuação a cada estágio de maturação e a somatória dos 
pontos permite estimar uma idade dentária, num processo semelhante à análise de 
radiografias para estimar uma idade esquelética.
Figura 3: Substituição dos dentes de leite pelos dentes permanentes.
Fonte: Wikimedia Commons
Maturação Morfológica (Somática)
A maturação morfológica ou, também denominada, maturação somática, é 
outro exemplo de indicador de maturidade, muito importante e mais próxima à 
atuação do professor de educação física, se comparado aos outros indicadores 
discutidos até então. Avaliar a maturação morfológica implica a tentativa de estimar 
o quanto um indivíduo evoluiu em seu potencial total de crescimento. Para tanto, 
utiliza-se de medidas antropométricas, que nada mais são do que as diferentes 
possibilidades de medidas corporais de um ser, tais como estatura, massa corporal, 
comprimento e circunferência dos segmentos, dobras cutâneas, diâmetros ósseos, 
dentre outras. Através dessas medidas, se torna possível avaliar o crescimento geral 
e/ou somático (soma das partes) de um ser em crescimento e até comparar com 
um referencial para se indicar maturidade de crescimento.
17
UNIDADE Idade cronológica e biológica: relação com o crescimento
É importante destacar que não é possível avaliar a maturidade somente pela 
utilização de medições corporais, o tamanho do corpo de um indivíduo, como 
um todo ou em parte específicas, não corresponde necessariamente a um grau 
de maturidade comum atingido para pessoas do mesmo tamanho ou idade. 
Como já discutido anteriormente, duas crianças podem ter a mesma estatura em 
certa idade, mas uma delas já ter atingido uma porcentagem maior de tamanho 
adulto do que a outra. Apesar de medidas corporais não serem suficientes para 
indicar maturidade, as mesmas podem ser associadas a dados normativos ou 
referenciais de determinada população, possibilitando assim fazer considerações 
sobre o progresso de maturidade. Dados normativos ou de referência podem ser 
entendidos, simplificadamente, como valores adquiridos de determinada quantidade 
de indivíduos que estatisticamente, podem representar ou estimar um todo, como a 
população de uma cidade, região ou país.
Importante!
Peso (massa corporal) e estatura são as medidas mais comumente em estudos de 
crescimento. Ambas as grandezas são frequentemente medidas em crianças, seja em 
hospitais, escolas ou clubes esportivos, na busca de monitorar o status ou a progressão 
de crescimento ao longo do tempo, seja na comparação da criança com ela mesma ou 
com a média de seus pares de idade (dados normativos). Esse status de crescimento 
também é denominado de evolução pôndero-estatural.
Importante!
Ao observar graficamente os padrões de alteração em estatura e em peso de 
diferentes pessoas, até por volta dos 18 anos de idade, percebe-se o desenho de 
curvas muito semelhantes. O padrão de alterações em cada idade é normalmente 
semelhante em todas as crianças, apesar disso, o tamanho atingido em cada idade 
específica varia consideravelmente de criança para criança. Sabendo-se disso, 
tabelas pôndero-estaturais baseadas em curvas de distância ou de crescimento 
(caminho percorrido para se atingir o potencial de maturidade para cada idade). 
Essas curvas representam os valores médios e as variações de um grande número 
de indivíduos em cada nível de idade, sendo ótimos indicadores do estado de 
crescimento de um indivíduo.
Do nascimento até o início da vida adulta, tanto estatura quanto peso corporal 
seguem um padrão de crescimento que pode ser agrupado em quatro fases: (1) 
ganho rápido na infância e no início da pré-adolescência; (2) ganho ligeiramente 
fixo (proporcional) durante o meio da pré-adolescência; (3) rápido ganho durante 
o estirão de crescimento adolescente; e (4) aumento lento até cessar o crescimento 
com o alcance do potencial de estatura adulta (o peso permanece variável após 
isso, mas não por conta da maturação, mas sim por outras influências, sejam 
biológicas ou comportamentais, por exemplo, desequilíbrio hormonal, desnutrição, 
sedentarismo, obesidade, dentre outros). Meninos e meninas seguem essa mesma 
trajetória de crescimento. Apesar disso, existem pequenas (mas consistentes) 
diferenças entre os sexos antes do estirão de crescimento, sendo os meninos 
levemente mais altos e pesados que meninas. Também se observa diferenças logo 
18
19
com o início do estirão, meninas são temporariamente mais altas e pesadas, por 
iniciarem essa fase de crescimento acelerado antes. Essa vantagem em tamanho 
acaba com o início do estirão de crescimento dosmeninos, que logo ultrapassam 
as meninas, permanecendo, na maioria dos casos, mais altos e mais pesados.
A seguir são apresentadas as tabelas pôndero-estaturais com as curvas de distância 
utilizadas mundialmente para avaliação de crescimento em meninos e meninas dos 
2 aos 20 anos de idade, especificamente para peso (massa corporal) e estatura. 
Procure identificar todos os padrões de alterações no crescimento descritos, bem 
como as diferenças entre meninas e meninos discutidas no parágrafo anterior.
3º
5º
10º
25º
50º
75º
90º
95º
97º
Grá�co de percentuais peso/idade
Meninos de 2 a 20 anos
Idade (anos)
Figura 4: Percentual de peso por idade de meninos americanos dos 2 aos 20 anos de 
idade. Gráfi cos de Crescimento dos Centros para Controle de Doenças (2000).
Fonte: CDC (Centers for Disease Control and Prevention)
19
UNIDADE Idade cronológica e biológica: relação com o crescimento
Grá�co de percentuais peso/idade
Meninas de 2 a 20 anos
3º
5º
10º
25º
50º
75º
90º
95º
97º
Idade (anos)
Figura 5: Percentual de peso por idade de meninas americanas dos 2 aos 20 anos de 
idade. Gráficos de Crescimento dos Centros para Controle de Doenças (2000).
Fonte: CDC (Centers for Disease Control and Prevention)
20
21
Grá�co de percentuais altura/idade
Meninos de 2 a 20 anos
3º
5º
10º
25º
50º
75º
90º
95º
97º
Idade (anos)
Figura 6: Percentual de estatura por idade de meninos americanos dos 2 aos 20 anos de 
idade. Gráfi cos de Crescimento dos Centros para Controle de Doenças (2000).
Fonte: CDC (Centers for Disease Control and Prevention)
21
UNIDADE Idade cronológica e biológica: relação com o crescimento
Grá�co de percentuais altura/idade
Meninas de 2 a 20 anos
3º
5º
10º
25º
50º
75º
90º
95º
97º
Idade (anos)
Figura 7: Percentual de estatura por idade de meninas americanas dos 2 aos 20 anos de idade. 
Gráficos de Crescimento dos Centros para Controle de Doenças (2000).
Para a utilização correta das tabelas pôndero-estaturais, identifique com 
atenção: (1) qual a idade da criança ou do adolescente a ser avaliada, encontre a 
mesma no eixo X do gráfico (parte mais inferior na horizontal); (2) qual a altura 
ou o peso corporal medido, encontre agora no eixo Y do gráfico (linha vertical à 
esquerda), utilize a escala em centímetros (cm); (3) cruze as linhas correspondentes 
22
23
da idade (eixo X) e da medida corporal (eixo Y), o ponto de intersecção refere-se 
ao percentil correspondente para criança que está sendo avaliada. Percentil é um 
ponto específico em uma distribuição onde existe uma determinada porcentagem 
de casos acima e abaixo destes pontos, por exemplo, no percentil 50° identificamos 
que 50% da população está acima, e 50% está abaixo, ou seja, uma criança que 
seja avaliada e identificada nesse valor de percentil encontra-se justamente na 
média (curva da média é identificada com uma linha mais escura nas tabelas). As 
curvas de crescimento mais comuns incluem percentis nos valores de: 5°, 10°, 25°, 
50°, 75°, 90° e 95°.
Leia com atenção o seguinte exemplo que ilustra a interpretação de um percentil 
qualquer encontrado na tabela para uma criança em determinada idade: Suponha 
que um menino de 10 anos de idade possua uma estatura de 131 cm e uma massa 
corporal de 29 kg. Ao olhar para as tabelas e encontrar o ponto específico, onde 
os eixos X e Y se cruzam de acordo com essas informações coletadas da criança 
avaliada, você encontrará que esse menino possui uma estatura no percentil 10° 
e um peso corporal no percentil 25°. O que isso significa? Pode-se dizer para 
estatura, somente 10% dos meninos da mesma idade são mais baixos que a criança 
avaliada ou, ainda, que 90% dos meninos da mesma idade são mais altos que ele. 
Já no caso do peso corporal, pode-se assumir que 25% dos meninos de mesma 
idade são mais leves e 75% dos meninos de mesma idade são mais pesados do 
que ele. Independente da idade, percentis acima ou abaixo de 50° indicam que a 
criança está acima ou abaixo, respectivamente, da estatura e do peso corporal, 
neste caso, a criança avaliada estaria abaixo da média esperada para sua idade.
E no que esses valores do exemplo acima implicam? Nesse caso específico, não 
há muito que se preocupar, essa criança provavelmente é um pouco mais baixa e 
mais leve que a maioria das crianças, e isso pode ser monitorado ao longo dos anos, 
verificando a progressão da maturidade de crescimento, se essa relação com seus 
pares de idade aumenta ou diminui, comparando a evolução desse menino com ele 
mesmo. Algo considerado muito importante para se monitorar nesse caso, é se ao 
longo da idade esse menino venha estar abaixo do menor percentil da tabela (3°). 
Caso isso aconteça, algumas medidas podem ser tomadas, como por exemplo, a 
realização de alguns exames que verifiquem os níveis do hormônio do crescimento 
(GH), a comparação com outros indicadores de maturidade como o raio-x, para 
verificação da maturidade esquelética, investigação dos hábitos alimentares que 
possam ter ocasionado desnutrição, investigação de doenças, dentre outras medidas 
possíveis. O quadro oposto segue a mesma regra, crianças acima do percentil 97° 
carecem de certa atenção, em que também cabe uma investigação mais aprofundada, 
podendo identificar casos de sobrepeso, obesidade, ou ainda, doenças como o 
gigantismo que é uma enfermidade hormonal causada pela excessiva secreção do 
hormônio do crescimento que pode vir até a desencadear a morte.
23
UNIDADE Idade cronológica e biológica: relação com o crescimento
Importante!
Você pode se perguntar: até onde a atuação do professor de educação física pode ser 
importante em um possível quadro de necessidade de intervenção? O professor, por 
estar próximo às crianças, e muitas vezes, por possuir essas medidas de peso e de 
estatura, pode ser o primeiro a identificar algum quadro de anormalidade, a partir 
de valores extremos de percentis (muito abaixo ou muito acima da média), e a partir 
disso, fazer a indicação aos responsáveis de alguma criança nessas condições, para que 
procurem ajuda especializada, como um médico, para investigação se essa criança está 
enfrentando algum problema mais grave que possa prejudicar sua saúde.
Trocando ideias...
Sendo assim, podemos concluir acerca de dados de referência: curvas de 
crescimento servem para comparação, classificação individual ou de grupos de 
crianças. Os valores indicados nas curvas não são necessariamente ideais, normais, 
desejáveis ou padrão: eles apenas indicam as médias (valores esperados) dos 
indivíduos em diferentes idades, ou seja, mostram como estão em sua maturidade 
morfológica e não necessariamente como deveriam estar. Esses dados de referência 
podem ser usados para identificar os indivíduos como “anormais” se suas medidas 
estiverem fora dos valores de corte (abaixo dos percentis 3° e 5° ou acima dos 
percentis 95° e 97).
Até então, foram predominantemente discutidas as principais formas de inferir 
ou até mesmo de classificar a idade biológica de um indivíduo em crescimento.
Importante!
Das formas apresentadas para se avaliar maturidade, fica evidente que a que mais se 
aproxima da atuação do professor de educação física é a maturação morfológica. Não 
que as outras formas devam ser menosprezadas por esse profissional, pelo contrário, 
apesar de não atuar diretamente na avaliação de maturidade esquelética, sexual e 
dental, cabe ao professor o mínimo de conhecimento acerca dos processos que envolvem 
a maturação e o crescimento do ser ao longo da vida.
Em Síntese
A seguir, é apresentada uma tabela que resume e classifica essas 4 formas de se 
indicar a maturidade.
Tabela 3: Classificação da idade biológica: indicadores de maturidade
Classificação da Idade Biológica
Maturação Descrição Exemplos
Morfológica Medidas corporais comparadas a padrões normativos; Massa e estatura corporal comparadas as tabelas pôndero-estaturais;
Esquelética Registro do esqueleto em desenvolvimento; Raio X dos ossos da mão e do punho;
24
25
Classifi caçãoda Idade Biológica
Maturação Descrição Exemplos
Dental Calcificação dos dentes permanentes, idade de erupção, características específicas de cada dente; Raio X e exames dentários de rotina;
Sexual Baseado no desenvolvimento das características sexuais secundárias;
Desenvolvimento das mamas e menarca (meninas); 
Desenvolvimento do pênis e dos testículos 
(meninos); Aparecimento dos pelos pubianos 
(meninos e meninas); Escala de Tanner; Outros 
indicadores comuns: pelos axilares, mudanças na voz, 
pelos faciais, entre outros.
Avaliação do Crescimento Somático (Geral)
Conforme previamente discutido, peso e estatura são ótimos indicadores 
de crescimento somático (geral). Dentre os aspectos facilitadores, encontra-se 
a facilidade na obtenção dessas medidas, por exemplo, na escola, pelo caráter 
não invasivo nem na necessidade de equipamentos tão sofisticados. Um outro 
aspecto facilitador em se trabalhar com essas medidas é a disponibilidade de dados 
normativos acessíveis, encontrados facilmente em livros da área ou gratuitamente 
na internet. Sendo assim, pode-se considerar essas grandezas, massa corporal e 
estatura como ferramentas úteis para o professor acompanhar o crescimento, e por 
que não dizer, a maturação dos seus alunos. Apesar disso, em alguns casos, apenas 
essas medidas antropométricas não são suficientes para fornecer as informações 
necessárias para se entender de forma mais precisa o processo de crescimento 
somático. Uma forma de aumentar a quantidade de informações é a utilização 
de alguns índices disponíveis na literatura, que são decorrentes da combinação de 
algumas medidas antropométricas, a partir de cálculos matemáticos, referenciados 
e normatizados para diferentes populações. O Índice de Massa Corporal (IMC) e o 
Índice de Relação Cintura e Quadril (IRCQ) são exemplos de índices mundialmente 
utilizados e que serão brevemente abordados a partir de agora.
Importante!
Simplifi cadamente, o IMC indica o grau de obesidade de uma pessoa.
Importante!
Para tanto, o cálculo que precisa ser realizado envolve as medidas de peso 
corporal em Quilogramas (Kg) e a estatura em metros (m) do indivíduo, conforme 
na fórmula a seguir:
IMC
Peso
Altura altura altura
=
×( )2
25
UNIDADE Idade cronológica e biológica: relação com o crescimento
Um indivíduo com um peso corporal de 66 Kg e uma estatura de 1,65m 
apresentaria o seguinte valor de IMC:
IMC
Kg
m m
Kg m=
×
=
66
1 65 1 65
24 2 2
, ,
, /
A partir do valor de IMC obtido, você deve então acessar os dados normativos 
equivalentes à população e à idade avaliada para encontrar uma classificação. 
Deve-se ter cuidado, principalmente, com idade avaliada, pois crianças e adultos 
possuem tabelas de classificação para IMC específicas, assim como a maioria das 
populações possuem seus próprios dados normativos. No caso de crianças e de 
adolescentes, as tabelas são separadas especificamente para meninos e meninas.
http://goo.gl/YYgypr
http://goo.gl/s11eaKEx
pl
or
 
No exemplo calculado, para um brasileiro adulto, com um IMC de 24,2 kg/m2, 
tem-se uma classificação como “Peso normal”, já que esse valor encontra-se na faixa 
de valores aceitáveis para normalidade (entre 18,5 e 24,9), conforme indicado na 
tabela para adultos elaborada pela Associação Brasileira para Estudo da Obesidade:
Tabela 4: Classificação para IMC
IMC Situação
< 18,5 Abaixo do peso
18,5 – 24,9 Peso Normal
25 – 29,9 Sobrepeso
30 – 34,9 Obesidade Grau I
35 – 39,9 Obesidade Grau II
40 – acima Obesidade Grau III
O IRCQ permite inferir, de maneira simplificada, a quantidade de gordura 
depositada na região da cintura (barriga), possibilitando quantificar o risco à saúde 
de homens e de mulheres com relação ao depósito de gordura visceral. Para tanto, o 
cálculo que precisa ser realizado envolve dividir o valor da medida da circunferência 
da cintura (medição na altura do umbigo) pela medida da circunferência do quadril 
(medição na maior circunferência glútea), ambas expressas em centímetros (cm). 
Um homem de 30 anos de idade, com medida de circunferência da cintura de 88 cm 
e do quadril de 97 cm possui um valor calculado de IRCQ de 0,90 (faixa entre 0,84 
e 0,91 para homens entre 30 e 39 anos de idade), o que indica um risco moderado 
para desenvolver problemas de saúde decorrentes do excesso de gordura visceral, 
como por exemplo, doenças cardiovasculares. Mais uma vez, deve haver o cuidado 
na seleção da tabela com valores normativos para classificação, no caso do IRCQ, 
26
27
existem tabelas separadas para homens e mulheres. Existem algumas tabelas para 
crianças também, mas o uso desse índice em crianças não é tão comum. O cálculo 
utilizado para o exemplo acima, bem como a tabela de classificação para homens 
e mulheres é apresentado a seguir:
RCQ
cm
cm
= =
88
97
0 90,
Tabela 5: Classifi cação do IRCQ para homens
Classifi cação de Riscos para Homens
Idade Baixo Moderado Alto Muito Alto
20 a 29 < 0,83 0,83 a 0,88 0,89 a 0,94 > 0,94
30 a 39 < 0,84 0,84 a 0,91 0,92 a 0,96 > 0,96
40 a 49 < 0,88 0,88 a 0,95 0,96 a 1,00 > 1,00
50 a 59 < 0,90 0,90 a 0,96 0,97 a 1,02 > 1,02
60 a 69 0,91 a 0,98 0,99 a 1,03 > 1,03
Tabela 6: Classifi cação do IRCQ para mulheres
Classifi cação de Riscos para Mulheres
Idade Baixo Moderado Alto Muito Alto
20 a 29 < 0,71 0,71 a 0,77 0,78 a 0,82 > 0,82
30 a 39 < 0,72 0,72 a 0,78 0,79 a 0,84 > 0,84
40 a 49 < 0,73 0,73 a 0,79 0,80 a 0,87 > 0,87
50 a 59 < 0,74 0,74 a 0,81 0,82 a 0,88 > 0,88
60 a 69 < 0,76 0,76 a 0,83 0,84 a 0,90 > 0,90
Em avaliação morfológica, existem diferentes métodos, medidas, índices, dados 
e padrões normativos que possam ser utilizados. Avaliações mais precisas requerem 
medidas mais precisas, o que podem envolver maiores custos com equipamentos 
mais específicos. Por exemplo, para avaliações mais precisas sobre a quantidade de 
gordura corporal, um método antropométrico que pode ser utilizado é o de dobras 
cutâneas, o que exige um aparelho específico chamado adipômetro, além de alguns 
cuidados para a avaliação que é um pouco mais invasiva, complexa e demorada que 
uma simples medição de peso e de estatura. Apesar disso, as informações advindas 
desse método são mais precisas que o IMC, que pode em alguns casos específicos 
incorrer em erros de diagnóstico, como no caso da utilização desse índice em atletas 
ou em pessoas que possuam maior quantidade de massa muscular pela prática de 
atividade física. Nestes casos, não é indicado na utilização do IMC, já que o mesmo 
não leva em consideração a composição corporal. Baterias com combinações de 
medidas antropométricas, tais como dobras cutâneas, comprimento e circunferência 
dos segmentos corporais e diâmetros ósseos são mais indicadas e mais sensíveis 
para um diagnóstico mais preciso na avaliação da composição corporal.
27
UNIDADE Idade cronológica e biológica: relação com o crescimento
Para mais informações sobre métodos de avaliação, índices, dados normativos, ou mais 
detalhes para a realização das medidas aqui abordadas, acesse os links abaixo:
http://goo.gl/uJwjTA
http://goo.gl/X4xbc6
http://goo.gl/KmtmlK
Ex
pl
or
As medidas antropométricas são frequentemente utilizadas para a realização de 
inferências sobre a formação corporal como um todo. Por exemplo, ao se deparar 
com valores de uma avaliação morfológica de peso e de estatura a partir das tabelas 
pôndero-estaturais, uma criança que está no percentil 50 de peso e no percentil 25 
de estatura pode ser descrita como “baixa e robusta”. Já uma criança no percentil 
75 de estatura e no percentil 25 de peso pode ser descrita como “delgada” ou 
“linear” em sua estrutura corporal. Pessoas frequentemente descrevem umas as 
outras como tendo relativamente “pernas curtas” ou ombros “largos”, braços finos, 
pescoço largo, entre outras. Essas são afirmações gerais costumeiras sobre o físico 
de um indivíduo a partir de valores, ou de impressões que nem sempre condizem 
exatamente com a realidade. Embora as proporções e os índices produzidos a 
partir de várias combinaçõesde dimensões antropométricas forneçam significantes 
informações sobre o físico, elas têm limitações. Utilizadas isoladamente, não são 
adequadas nem exatas para indicar a estrutura física corporal. Uma criança com 
um elevado peso em relação à estatura não é necessariamente “baixa ou robusta”, 
a criança pode simplesmente ser obesa. Da mesma forma, uma criança com baixo 
peso para a estatura pode estar cronicamente subnutrida, em vez de simplesmente 
ter uma estrutura corporal linear.
Avaliação Somatotipológica
Uma das formas de se classificar as mudanças na estrutura física do ser que 
ocorrem com os processos de crescimento e de maturação é a avaliação do 
Somatotipo. William Sheldon foi o precursor de um método de avaliação e de 
classificação da constituição física e/ou biotipo de uma pessoa em três condições 
diferenciadas, a partir de características específicas comuns entre as pessoas. É bem 
verdade que esse método criado, ainda em 1940, já foi modificado e aperfeiçoado 
por outros pesquisadores. Entretanto, a base dessa técnica para avaliação estrutural 
se remete às primeiras ideias de Sheldon, classificando o tipo físico, a soma das 
características estruturais agrupadas em três classificações gerais: Ectomorfia, 
Mesomorfia e Endomorfia.
Inicialmente o método de avaliação do Somatotipo consistia basicamente na 
análise de três fotografias padronizadas das partes anteriores, laterais e posteriores 
de um indivíduo em frente a uma grade calibrada. A partir de uma observação 
minuciosa dessas fotografias, e com o auxilio das medidas de massa e de estatura, 
o indivíduo avaliado poderia ser classificado como Ectomorfo, Mesomorfo ou 
28
29
Endomoformo (de acordo com a predominância de outra condição). Não é nosso 
intuito de estudo entender, detalhadamente, o processo para análise do somatotipo, 
a qual foi aperfeiçoado por Heath e Carter, ainda na década de 60, com a inclusão 
de uma análise antropométrica mais específica, método que passou a ser utilizado 
e inclusive é usado até hoje. Para atender nossos objetivos de estudo acerca desse 
assunto dentro da unidade, trataremos apenas das diferenças entre essas três 
condições usadas para classificar indivíduos de acordo com a predominância de 
certas características.
Ectomorfo Mesomorfo Endomorfo
Figura 8: Classifi cações de Somatotipo.
Observe a figura 8, que ilustra o que principalmente diferencia as três classificações 
somatotipológicas. A Ectomorfia, identificada principalmente pela magreza de um 
indivíduo, refere-se a uma estrutura corporal frágil, delicada, com segmentos finos, 
nariz e pescoço finos, tórax aplainado e longo, ombros arredondados, braços longos 
e finos, dentre outros aspectos, podem ser classificados também como indivíduos 
longilíneos, pois seus ossos longos costumam ser mais compridos. Como extremo da 
Ectomorfia se tem a Endomorfia, identificada principalmente pela maior presença 
de adiposidade (gordura corporal). A Endormofia refere-se a indivíduos com maior 
arredondamento das curvas corporais, cabeça larga e arredondada, pescoço mais 
curto e grosso, tórax mais alargado e grosso, braços curtos, abdômen largo, cintura 
ampla, nádegas e pernas grossas e largas. Podem também ser classificados como 
indivíduos brevilíneos, pois seus ossos longos costumam ser menores, indivíduos 
baixos e obesos, são exemplos de Endomorfismo. Entre o Ectomorfo e o Endomorfo, 
classifica-se o Mesomorfo, caracterizado, principalmente, pelo porte atlético e uma 
musculatura mais aparente. A Mesomorfia é caracterizada pelo baixo percentual 
de tecido adiposo, a presença de maior volume de massa muscular é aparente, 
geralmente com contornos mais predominantes na região do trapézio, deltoide e 
abdominal, com um volume torácico mais acentuado do que o abdômen.
29
UNIDADE Idade cronológica e biológica: relação com o crescimento
É bem verdade que o ser humano possui uma tendência natural de ser mais baixo 
ou mais alto, mais robusto ou mais magro, com as pernas e os braços mais compridos 
ou mais curtos, justamente em decorrência da hereditariedade. Entretanto, sabe-se 
que o comportamento do ser, ao longo da vida, dentro de um ambiente que estimule 
mais ou menos um ou outro componente pode alterar a dominância de uma ou 
outra característica. Por exemplo, pessoas obesas caminham para o endomorfismo 
independente de sua genética para ectomorfismo, assim como o oposto, pessoas 
desnutridas com uma hereditariedade para endomorfismo caminham para o 
ectomorfismo. Na verdade, nem sempre as pessoas apresentam exclusivamente 
as características para uma ou outra classificação de somatotipo, o que ocorre 
é que podemos encontrar um Ectomorfo dominante, Mesomorfo dominante 
ou Endomorfo dominante. É por isso que para avaliação do somatipo utiliza-se 
uma classificação em uma escala de 1 a 7 para cada um dos três componentes 
especificamente, onde quanto mais alto o valor atribuído a um determinado 
componente, significa maior predominância do mesmo, assim como um valor 
baixo, a ausência ou um valor próximo de quatro como presença moderada.
Para mais informações a respeito desse tipo de avaliação leia o capítulo do livro: MALINA, 
R. M. Atividade Física do Atleta Jovem: Do Crescimento à Maturação. São Paulo: Roca, 2002 
(material complementar da disciplina).
Ex
pl
or
Até aqui abordamos essencialmente aspetos relacionados à idade biológica, à 
maturidade, à avaliação do crescimento somático e à classificação somatotipológica. 
Depois de abordados esses temas, podemos retornar as classificações etárias que 
agrupam os indivíduos de acordo com sua idade cronológica, já introduzidas no início 
dessa unidade. Cabe-nos discutir acerca de algumas mudanças em crescimento, 
maturação e desenvolvimento funcional que ocorrem ainda no primeiro período de 
classificação da idade cronológica, o período pré-natal. Os demais períodos serão 
abordados ao longo de outras unidades de estudo.
Pré-natal
O período pré-natal inicia-se na concepção da vida e termina no nascimento. 
Diz respeito a toda vida intrauterina (na barriga da mãe) que, na maioria das 
vezes, dura em torno de 40 semanas, ou mais popularmente 9 meses em nosso 
calendário, em condições normais de gestação. Como nasce uma vida? A ideia 
aqui será responder a essa pergunta que engloba algo tão cheio de detalhes e 
espetacular, com poucas palavras e de forma sucinta e direta. Cerca de 500 milhões 
de espermatozoides produzidos pelo órgão reprodutor masculino são liberados 
pelo pênis, no momento da ejaculação, no sistema reprodutor feminino, através 
da vagina. Esses espermatozoides procuram o óvulo, já liberado anteriormente por 
um dos ovários, que no período fértil avança pelas Tubas Uterinas. Na maioria das 
vezes um único espermatozoide alcança tal objetivo da fecundação em um óvulo, 
dando assim origem a uma vida.
30
31
Gestação Semana a Semana. http://goo.gl/bNhdrC
Ex
pl
or
Algo um pouco mais raro, e ainda mais formidável, é a concepção de duas 
vidas dando origem a gêmeos. Em casos ainda mais raros, mais de duas vidas 
são concebidas: trigêmeos, quadrigêmeos, quíntuplos, sêxtuplos; não faltam 
explicações para essas raridades, que não serão possíveis de serem abordadas em 
nossos estudos. Há dois tipos de gêmeos: univitelinos ou idênticos (monozigóticos), 
e os bivitelinos ou fraternos (dizigóticos) que não são idênticos. Gêmeos bivitelinos 
são formados quando dois gametas femininos (óvulos) são fertilizados por dois 
gametas masculinos (espermatozoides), a cada três casos de gêmeos dois são desse 
tipo. Os dois óvulos ou os zigotos formados (por isso dizigóticos) podem ser ou 
não do mesmo sexo, possuem carga genética diferente, por isso são como irmãos 
que nascem em diferentes datas. Já os gêmeos univitelinos são produtos de um 
fenômeno mais complexo, que apesar de muito discutido não pode ser totalmente 
explicado. Imediatamente após a fertilização, ocorre uma divisão celular, em que o 
óvulo se divide em dois zigotos idênticos (por isso, monozigóticos)sob a influência 
de fatores desconhecidos. Esse tipo de gêmeos ocorre em apenas um terço dos 
casos, por possuírem a mesma carga genética, são cópias perfeitas um do outro. 
VIDA NO VENTRE GÊMEOS - National Geographic. http://goo.gl/nqXp5v
Ex
pl
or
O crescimento pré-natal pode ser dividido em três estágios distintos: zigótico, 
embrionário e fetal. O estagio zigótico ou germinativo perdura da fecundação até a 
segunda semana de vida. Com 24 horas após a fecundação o óvulo germinado se 
divide e os genes, nesse momento, já ficam determinados para o resto da vida, ou 
seja, o componente biológico do ser já é estabelecido. Essa fase é caracterizada por 
rápida divisão celular (entre 24 e 36 horas após fecundação). Ao fim da primeira 
semana, é formado o blastocisto, que durante a segunda semana já começa a 
se implantar na parede do útero com diversas camadas celulares se tornando 
diferenciadas. Ao final da segunda semana o embrião é claramente diferenciado, 
a placenta é formada, encerrando-se esse estágio com o embrião implantado com 
sucesso na parede uterina.
O estágio embrionário acontece entre a segunda e a oitava semana (segundo 
mês) de vida pré natal. Nesse período ocorre um rápido crescimento e diferenciação 
celular, com a organização de células em tecidos, órgãos e sistemas. No fim do 
primeiro mês, ocorre a formação de três camadas de células: (1) Ectoderme, que 
diz respeito à formação da pele, do cabelo, das unhas, do cérebro, dos nervos, 
dos olhos, dos ouvidos, dos dentes, dentre outros; (2) Mesoderme, responsável 
pela formação dos músculos e dos ossos; e (3) Endoderme, se remete à formação 
dos órgãos como pulmões, vísceras, estômago, intestinos, etc. Ao término desse 
período, as características estruturais e funcionais básicas do indivíduo já estão 
estabelecidas: olhos, orelhas, boca que se abre e fecha, nariz, fígado que secreta 
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UNIDADE Idade cronológica e biológica: relação com o crescimento
bílis, coração que bate, braços com cotovelo e pernas com joelho, distinguem-se os 
dedos, a medula espinhal, a cartilagem que se tornarão ossos, entre outras funções. 
De forma geral, as alterações subsequentes ocorrem principalmente nas dimensões 
e no refinamento gradativo das funções.
No início do terceiro mês, agora no estágio fetal, o embrião que agora deve 
ser chamado de feto tem entre 3 e 4 cm. No fim do terceiro mês esse tamanho 
dobra, chegando a cerca dos 8 cm. Esse período compreende todo restante 
da gestação, entre a nona e a quadragésima semana, sendo caracterizado pelo 
rápido crescimento em tamanho e em massa, por mudanças nas proporções e 
pelo desenvolvimento da função dos tecidos, dos órgãos e dos sistemas. Ainda 
no começo do terceiro mês, já ocorre a diferenciação sexual, os órgãos como 
estômago e rim já passam a funcionar, pés e mãos apresentam dedos. No quarto 
mês o ritmo de crescimento fica ainda mais rápido (o feto mede entre 15 e 20 cm), 
os ossos começam a se desenvolver rapidamente próximo-distalmente (do centro 
do corpo para as extremidades). Entre o quinto e sexto mês, o feto que media entre 
20 e 26 cm e pesava cerca de 280 g passa a medir cerca de 36 cm e pesar em tono 
de 900 g. Nesse intervalo, surgem alguns movimentos reflexivos, unhas, olhos, 
glândulas sudoríparas e papilas gustativas estão formadas, o corpo fica coberto 
com pelo fino (lanugem), ocorre crescimento dos cabelos e o aparecimento da 
vérnix caseosa, uma substância branca e oleosa (como um sebo) que protege a pele 
que é extremamente sensível de micro-organismos contidos no líquido amniótico.
No final do estágio fetal, entre o sétimo e nono mês de gestação a lanugem e 
vérnix caem e as unhas crescem além dos dedos, forma-se uma camada de tecido 
adiposo sob a pele (formação de um depósito desse tecido), ocorrendo rápido 
ganho de peso. Existe um controle crescente sobre os sistemas corporais, do oitavo 
mês em diante ocorrem frequentes mudanças de posição, chutes e alongamentos 
reflexos do feto. O nascimento de uma criança, geralmente, ocorre próximo às 40 
semanas de gestação, variando normalmente entre 38 e 42 semanas (gestação a 
termo). No nascimento, o bebê mede de 48 a 53 cm, pesando cerca de 3 a 4 kg.
A formação de um bebê. http://goo.gl/6rRuOQ
Ex
pl
or
Algumas características individuais do bebê, tais como a cor dos olhos e do 
cabelo, a pigmentação da pele, entre outras características, são determinadas 
geneticamente, logo após a fecundação. Outras são atribuídas como tendências, 
ou seja, possuem pré-disposição para ocorrer, mas podem não necessariamente 
vir a acontecer, por exemplo, a estatura e o peso corporal. O peso ao nascer está 
relacionado a uma variedade de fatores, alguns determinados geneticamente como 
o sexo do bebê, outros decorrentes de uma variedade de características maternas, 
tais como: peso, altura e constituição corporal da mãe; ganho de peso durante 
a gestação; estado nutricional; hábitos de fumar, beber, praticar atividade física; 
estado socioeconômico, etc.
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Os fatores que influenciam o desenvolvimento/crescimento do indivíduo, 
adquirido durante a vida intrauterina, mas não através dos genes, são denominados 
de congênitos. Já aqueles que o indivíduo recebe através dos genes (hereditário) 
são chamados de fatores genéticos. Por exemplo, Sífilis é uma doença congênita, 
pois pode ser adquirida durante a vida-uterina, mas não é transmitida através dos 
genes. Já a síndrome de Down é um transtorno genético, pois decorre de uma 
divisão celular irregular que resulta em material genético extra no cromossomo 21.
http://goo.gl/HWRAd0
http://goo.gl/Urr9MYEx
pl
or
É denominado de Agente Teratogênico qualquer substância, organismo, agente 
físico ou estado de deficiência que, estando presente durante a vida embrionária 
ou fetal, produz alteração na estrutura ou na função da descendência. De forma 
simplificada, agentes teratogênicos são qualquer coisa que provoque alguma 
alteração durante a gestação, sendo assim considerados como fatores congênitos. 
Vários fatores podem influenciar o curso de crescimento e de desenvolvimento de 
uma vida na gestação. Alguns deles serão brevemente abordados a seguir.
Idade Materna
Sabe-se que o aparelho reprodutor feminino já não é o mesmo com o passar 
dos anos, comparado ao período de maior fertilidade que tem seu pico na segunda 
década de vida. Com a idade, os ovários já não são tão eficientes na produção 
óvulos férteis, o sistema reprodutor como um todo declina sutilmente até os 30 
anos, algo que se intensifica após os 35 anos de idade, idade considerada como um 
marco desse declínio na capacidade de reprodução. Gestantes com mais de 35 anos 
de idade precisam realizar um planejamento diagnóstico pré-natal específico, já que 
com o aumento da idade materna, aumenta a incidência de anomalias congênitas. 
A tabela a seguir ilustra as chances de incidência de problemas congênitos.
http://goo.gl/U7aO6H
Ex
pl
or
Tabela 7: Chances de incidência de problemas congênitos de acordo com 
a idade materna (válido para mulheres sem outros fatores de risco)
Idade Incidência de Síndrome de Down Incidência de Qualquer Anomalia
20 1/1650 1/525
25 1/1250 1/475
30 1/900 1/385
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UNIDADE Idade cronológica e biológica: relação com o crescimento
Idade Incidência de Síndrome de Down Incidência de Qualquer Anomalia
35 1/375 1/212
40 1/100 1/65
45 1/20 1/21
Ingestão de drogas e álcool
Alguns medicamentos são proibidos de serem ingeridos durante a gravidez. 
Qualquer medicamento só pode ser utilizado sob prescrição médica; é totalmente 
contraindicado o uso de inibidores de apetite, tranquilizantes e ansiolíticos. A 
ingestão de drogas como maconha e cocaína são altamente perigosas, a maconha 
provoca dificuldades no desenvolvimento fetal, aumenta a possibilidade de defeitos 
congênitos e de distúrbios de comportamento nos primeiros anos de vida da 
criança. A cocaína desencadeia os mesmos efeitos tóxicos causados à mãe, além 
de poder acarretar em problemas cardíacos e de oxigenação.Fumar é contraindicado para gestantes. Um dos problemas mais sérios é o efeito 
da nicotina do cigarro, causando a diminuição do volume dos vasos sanguíneos 
no cordão umbilical, por onde o bebê se alimenta. Com as artérias e as veias do 
cordão umbilical diminuídas, há menos sangue, menos oxigênio e menos alimento 
para o bebê, o que normalmente ocasiona aos bebês nascerem com baixo peso, 
a partir de parto prematuro ou, ainda, não de sobreviverem. Da mesma forma, 
qualquer bebida alcoólica é desaconselhável de se ingerir em qualquer quantidade 
durante a gestação. O álcool pode afetar o desenvolvimento físico e neurológico 
(mental) do bebê.
Alimentação e atividade física
Em gestações de risco, como no caso de mães de idade avançada, uma dieta 
supervisionada pode tanto contribuir para o desenvolvimento sadio do feto como 
afetar negativamente. Por exemplo, o ácido fólico, vitamina pertencente ao complexo 
B (presente em alimentos como brócolis, couve e o feijão) é recomendado no início 
da gravidez para prevenir alguma má formação, podendo auxiliar na formação do 
sistema nervoso do feto. Já altas doses de vitamina A (presente em alimentos como 
fígado e a gema do ovo) devem ser evitadas, pois podem ser prejudiciais. Quanto 
à cafeína é aconselhável restringir a ingestão, quantidades pequenas parecem não 
apresentar nenhum risco. Os adoçantes, desde que consumidos de forma moderada 
também parecem não causar nenhum efeito ao bebê.
Assim como na dieta, a prática de atividade física pela mãe pode trazer benefícios 
ou malefícios. As melhores atividades na gravidez incluem caminhada, hidroginástica, 
natação, ioga, bicicleta ergométrica, exercícios de alongamento, dentre outras. 
Atividades como essas trazem efeitos positivos tanto para mãe quanto para o bebê, 
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sendo praticada de forma relaxante, leve ou até moderada, desde que adequada 
ao nível de condicionamento físico da mãe. Qualquer tipo de atividade física pode 
ser realizada, uma vez que seja bem orientada por um profissional competente 
em prescrever exercícios para gestantes, respeitando os limites da mulher, sendo 
àquelas já praticantes antes de engravidar com mais opções de práticas do que as 
sedentárias. Evidente que o contrário, como treinos intensos, devem ser evitados 
porque podem ser prejudiciais ao desenvolvimento fetal.
Radiação, infecções e doenças
O cuidado com exames que envolvem radiação é importante. Exames como 
o raio-X devem ser evitados, apesar de a radiação em exames simples para 
diagnóstico ser pequena e praticamente não apresentar riscos. Deve haver 
precaução, a gestante deve sempre informar sobre sua gravidez, e na necessidade 
de se expor a qualquer quantidade de radiação, usar avental de chumbo sobre 
a barriga. Doenças e infecções diversas devem ser tratadas como risco inerente 
ao feto em desenvolvimento. Diabetes mellitus é um exemplo na ocorrência de 
perdas fetais e malformações. A Rubéola congênita pode desencadear retardo de 
crescimento e encefalite; a Toxoplasmose congênita se não tratada pode causar 
problemas graves, HIV, AIDS, Sífilis, deve haver atenção, pois todas essas doenças 
podem afetar a gestação.
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UNIDADE Idade cronológica e biológica: relação com o crescimento
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Filmes
A Gravidez do Começo ao Fim
Parte 1: http://goo.gl/f72LOD
Parte 2: http://goo.gl/3hIZo7
Parte 3: http://goo.gl/D1s2K6
Parte 4: http://goo.gl/l0Y9mB
Parte 5: http://goo.gl/CAEg32
 Leitura
Avaliação Clínica da Maturação Sexual na Adolescência
http://goo.gl/YuYTd7
Avaliação Nutricional da Criança e do adolescente: Manual de Orientação
http://goo.gl/F6qrvx
36
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Referências
MALINA, R. M.; BOUCHARD, C. Growth, Maturation, And Physical Activity. 
2. ed. Champaign: Human Kinetics, 2004.
MALINA, R. M. Atividade Física do Atleta Jovem: Do Crescimento à Maturação. 
São Paulo: Roca, 2002.
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