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Procedimento ordinario e sumario

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Procedimento ordinário
Previsão legal (art. 396 a 405, CPP)
Cabimento 
O procedimento ordinário tem cabimento para o julgamento dos crimes com pena máxima em abstrato igual ou superior a 4 anos, conforme art. 394, § 1º, I, CPP. 
Ex.: art. 155, CP
Art. 394. O procedimento SERÁ COMUM ou ESPECIAL. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). 
§ 1o O PROCEDIMENTO COMUM SERÁ ordinário, sumário ou
sumaríssimo: (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
I - ORDINÁRIO, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima
cominada FOR igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
II - SUMÁRIO, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada SEJA inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
III - SUMARÍSSIMO, para as infrações penais de menor potencial
ofensivo, na forma da lei. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
OBS: O procedimento será comum ou especial (art. 394, caput, CPP). O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo (art. 394, §1º, CPP). Comum é o “procedimento padrão” dos processos criminais, enquanto que especial é o procedimento diferenciado do procedimento comum em determinados pontos para se adequar à peculiaridade do crime tratado. Os
procedimentos ordinário e sumário, por sua vez, apresentam como diferenças (i) o prazo de designação de audiência: 60 dias no ordinário e 30 dias no sumário, (ii) o número de testemunhas que se pode arrolar: 8 no ordinário e 5 no sumário, (iii) alegações finais: orais ou escritas no ordinário, e orais no sumário, embora na prática também tenha sido admitida a alegação final escrita no procedimento sumário e (iv) a pena abstratamente cominada aos delitos: igual ou superior a 4 anos para o rito ordinário, e inferior a 4 anos para o sumário. O procedimento
sumaríssimo, por fim, é aquele que se destina à apuração de delitos de menor potencial ofensivo, aplicando-se, ainda, a Lei n. 9.099/95.
Atos do procedimento
I – Oferecimento da denúncia ou queixa 
II – Recebimento da denúncia ou queixa
III – Citação
IV – Resposta preliminar ou resposta à acusação
V – Absolvição sumária
Oferecimento de denúncia ou queixa
Denúncia é o nome da petição inicial que deflagra a ação penal pública. Queixa-crime é o nome da petição inicial que deflagra a ação penal privada. Ambas deverão conter o endereçamento, ou seja, o órgão jurisdicional para o qual a petição está sendo dirigida, após um espaço de 10 a 12 linhas para o juiz fazer o despacho inicial. Deve-se fazer a qualificação das partes, em seguida, descrever os fatos de forma pormenorizada, abordar o direito, formular os pedidos e fazer o fechamento. Não poderá faltar, sob pena de preclusão consumativa, o rol de testemunhas.
Obs.: As partes devem arrolar as testemunhas na primeira vez em que se manifestam nos autos, se não o fizerem, preclui. Salvo alguma testemunha que venha surgir supervenientemente.
Rejeição e recebimento da denúncia ou queixa
a. Rejeição
A rejeição da denúncia ou queixa é uma decisão interlocutória mista terminativa o juiz deve proferir quando verificar uma das hipóteses do artigo 395, CPP. A parte inconformada poderá interpor recurso em sentido estrito, artigo 581, inciso I, do CPP.
CPP, Art. 395. A DENÚNCIA ou QUEIXA SERÁ REJEITADA quando:(Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). 
I - FOR manifestamente INEPTA; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
II - FALTAR pressuposto processual ou condição para o exercício da
ação penal; ou (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
III - FALTAR justa causa para o exercício da ação penal. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
OBS: A inépcia da peça acusatória pode ser formal ou material. A inépcia formal ocorre quando não preenche os requisitos do art. 41 do CPP, dando ensejo à rejeição com base no art. 395, I, do CPP. Por outro lado, a inépcia material se dá quando não há justa causa, com fundamento no inciso III do art. 395 do CPP. Nesse sentido, Renato Brasileiro afirma que a rejeição da peça acusatória em fundamento no art. 395, inciso l, do CPP, só faz coisa julgada formal, na medida em que não há análise do mérito da imputação. Diante dela, a parte acusadora tem a opção de recorrer em sentido estrito (CPP, art. 581, I), ou oferecer nova peça acusatória, desta vez com fiel
observância dos requisitos do art. 41 do CPP.
Art. 581. CABERÁ RECURSO, NO SENTIDO ESTRITO, da decisão, despacho ou sentença: 
I - que NÃO RECEBER a denúncia ou a queixa;
A petição é inepta quando faltam os elementos essenciais.
b. Recebimento
O recebimento da denúncia ou queixa é uma decisão interlocutória simples devendo, portanto, estar fundamentada. A decisão que recebe a denúncia ou queixa é irrecorrível, podendo ser combatida pela via da ação autônoma de impugnação, o habeas corpus para trancar a ação penal. 
Citação
Resposta preliminar ou Resposta à acusação
Citado o réu, ele tem 10 dias para apresentar a resposta preliminar, conforme artigo 396 do CPP. Na resposta preliminar, deve-se alegar as nulidades e questões ou matérias objetivando a absolvição sumária. Não poderá faltar sob pena de preclusão consumativa o rol de testemunhas.
CPP, Art. 396. Nos procedimentos ORDINÁRIO e SUMÁRIO, OFERECIDA a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, RECEBÊ-LA-Á e ORDENARÁ a citação do acusado para RESPONDER À ACUSAÇÃO, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). 
Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo para a defesa
começará a fluir a partir do comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituído. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
Obs.: a resposta preliminar é um ato obrigatório quando o réu é citado por oficial de justiça, pelo correio ou por hora certa. Se ele não comparecer nem constituir advogado, o juiz deverá nomear um defensor dativo para apresentar a resposta, conforme artigo 396-A, parágrafo 2º do CPP.
Art. 396-A. Na RESPOSTA, o acusado PODERÁ ARGÜIR preliminares e ALEGAR tudo o que interesse à sua defesa, OFERECER documentos e justificações, ESPECIFICAR as provas pretendidas e ARROLAR testemunhas, QUALIFICANDO-AS e REQUERENDO sua intimação, quando necessário. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 1o A exceção será processada em apartado, nos termos dos arts. 95 a 112 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
§ 2o NÃO APRESENTADA A RESPOSTA no prazo legal, ou se o acusado, citado, NÃO CONSTITUIR DEFENSOR, o juiz NOMEARÁ defensor para oferecê-la, CONCEDENDO-LHE vista dos autos por 10 (dez) dias.
Absolvição Sumária
Trata-se de uma sentença absolutória própria que o juiz deverá proferir quando verificar uma das hipóteses do artigo 397, do CPP. A parte inconformada deve interpor recurso de apelação. 
CPP, Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz DEVERÁ ABSOLVER SUMARIAMENTE o acusado QUANDO VERIFICAR: (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). 
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do
fato; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do
agente, SALVO INIMPUTABILIDADE; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou (Incluído
pela Lei nº 11.719, de 2008). 
IV - extinta a punibilidade do agente. (Incluído pela Lei nº 11.719, de
2008)
AIJ
No rito ordinário, a audiência de instrução e julgamento deve ocorrer no prazo de 60 dias, conforme artigo 400 do CPP.
CPP, Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a SER REALIZADA no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, PROCEDER-SE-Á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas ARROLADAS pela acusação e pela defesa, NESTA ORDEM, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, INTERROGANDO-SE, EM SEGUIDA, o acusado. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
a. Oitivas da vítimaTrata-se das declarações do ofendido.
b. Oitivas das Testemunhas
No processo penal, via de regra, primeiro são ouvidas as testemunhas arroladas pela acusação e depois as testemunhas arroladas pela defesa. No procedimento ordinário, cada parte pode arrolar no máximo 8 testemunhas, conforme artigo 401, do CPP.
Art. 401. Na INSTRUÇÃO PODERÃO SER INQUIRIDAS até 8 (oito) testemunhas arroladas pela acusação e 8 (oito) pela defesa. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
Obs.: a inversão na ordem da oitiva das testemunhas para uma parte da doutrina seria mera irregularidade. Outros autores entendem que a nulidade seria absoluta, porém predomina o entendimento de que a nulidade é relativa. Devendo haver prejuízo para a parte. 
c. esclarecimento dos peritos
d. acareações
e. reconhecimento de pessoas ou coisas
Obs.: os esclarecimentos dos peritos, as acareações e o reconhecimento de pessoas ou coisas poderão ocorrer ou não durante a AIJ. E não necessariamente na ordem do artigo 400 do CPP. 
f) interrogatório
g. alegações Finais 
As alegações finais no rito ordinário via de regra são orais. Primeiro fala a acusação por vinte minutos prorrogáveis por mais dez depois fala a defesa por vinte minutos prorrogáveis por mais dez, conforme o artigo 403, do CPP. As partes devem esgotar todas as teses de interesse.
Art. 403. Não havendo requerimento de diligências, ou sendo indeferido, SERÃO OFERECIDAS ALEGAÇÕES FINAIS ORAIS por 20 (vinte) minutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa, PRORROGÁVEIS por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008)
Nas hipóteses em que faz-se necessária a realização de diligências durante a AIJ ou sendo a causa de grande complexidade ou ainda com grande número de réus, o juiz poderá determinar a apresentação das alegações finais por memoriais, ou seja, por escrito. Concedendo um prazo de cinco dias, primeiro para a acusação e depois para a defesa, conforme artigos 403, §3º e 404, §único do CPP.
§ 1o Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a defesa de cada um será individual. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 2o Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação desse, SERÃO CONCEDIDOS 10 (dez) minutos, prorrogando-se por igual período tempo de manifestação da defesa. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
§ 3o O juiz PODERÁ, considerada a COMPLEXIDADE DO CASO ou o NÚMERO DE ACUSADOS, CONCEDER às partes o prazo de 5 (cinco) dias sucessivamente para a apresentação de MEMORIAIS. Nesse caso, TERÁ o prazo de 10 (dez) dias para PROFERIR a SENTENÇA. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 404. Ordenado diligência considerada imprescindível, de ofício ou a requerimento da parte, a audiência será concluída sem as alegações
finais. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). 
Parágrafo único. Realizada, em seguida, a diligência determinada, as partes apresentarão, no prazo sucessivo de 5 (cinco) dias, suas alegações finais, por memorial, e, no prazo de 10 (dez) dias, o juiz proferirá a sentença. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
h. Sentença
i. Recurso
O recurso para impugnar sentença condenatória ou absolutória no rito ordinário é o recurso de apelação, com fundamento no artigo 593, inciso I, do CPP.
Art. 593. CABERÁ APELAÇÃO no prazo de 5 (CINCO) DIAS: (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas
por juiz singular; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
Tribunal do Júri, artigo 593, inciso III, CPP.
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando: (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
a) OCORRER nulidade posterior à pronúncia; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) 
c) HOUVER ERRO ou INJUSTIÇA no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
d) FOR a decisão dos jurados MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA à prova dos autos. (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
Procedimento Sumário
1. Previsão Legal art. 531 a 540, CPP.
2. Cabimento
O procedimento sumário tem cabimento para o julgamento dos crimes com pena máximo em abstrato inferior a quatro anos, conforme artigo 394, §1º, inciso II, do CPP.
3. Atos do Procedimento
Os atos do procedimento sumário são iguais aos atos do procedimento ordinário. A diferença está no prazo para a AIJ, 30 dias, conforma artigo 531, do CPP. E no número máximo de testemunhas que cada parte pode arrolar, que são 5, conforme artigo 532, CPP.
CPP, Art. 531. Na audiência de instrução e julgamento, a SER REALIZADA no prazo máximo de 30 (trinta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, se possível, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado e procedendo-se, finalmente, ao debate. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 532. Na INSTRUÇÃO, PODERÃO SER INQUIRIDAS até 5 (cinco) testemunhas ARROLADAS pela acusação e 5 (cinco) pela defesa. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
VI - AIJ
audiência de instrução e julgamento
Oitiva da vítima
Oitiva das testemunhas arroladas pela acusação
Oitiva das testemunhas arroladas pela defesa
Esclarecimentos dos peritos
Acareações
Reconhecimento de pessoas ou coisas
iInterrogatório
Alegações finais
Sentença

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